Download - FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA
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Margaret Regina de Assis Isaac
Mestre em Educação na área de concentração Formação de Professores, Instituições e
História da Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2018). Especialista em
Gestão Escolar pela Universidade Federal de Ouro Preto (2016). Graduada em Pedagogia
pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2008). Atua como Professora formadora do
Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e na área de pesquisa em Educação, ênfase
em Formação Docente, Práticas Pedagógicas e Saberes Docentes.
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
1ª edição
Ipatinga – MG
2021
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FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério
Diretor Executivo: William José Ferreira
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Carla Jordânia G. de Souza
Rubens Henrique L. de Oliveira
Design: Brayan Lazarino Santos
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Luiza Filgueiras
© 2021, Faculdade Única.
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
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aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
São sugestões de links para vídeos, documentos
científico (artigos, monografias, dissertações e teses),
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e
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abordado.
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações
importantes nas quais você deve ter um maior grau de
atenção!
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em
cada unidade do livro.
São para o esclarecimento do significado de
determinados termos/palavras mostradas ao longo do
livro.
Este espaço é destinado para a reflexão sobre
questões citadas em cada unidade, associando-o a
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu
cotidiano.
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SUMÁRIO
DOS PRIMÓRDIOS À ANTIGUIDADE OCIDENTAL ..................................... 8
1.1 A EDUCAÇÃO DIFUSA NAS SOCIEDADES TRIBAIS ................................................ 9
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL ....................................................... 10
1.3 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL .................................. 14
1.4 A EDUCAÇÃO ESPARTANA .................................................................................. 16
1.5 A EDUCAÇÃO ATENIENSE .................................................................................... 16
1.6 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL: ROMA ..................... 18
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 26
A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA ............................................................ 28
2.1 AS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL ............................................. 28
2.2 A EDUCAÇÃO FEUDAL ......................................................................................... 31
2.3 A EDUCAÇÃO URBANA ....................................................................................... 33
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 42
A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA ..................................................... 43
3.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESCOLA ............................................................... 43
3.2 O DIÁLOGO ENTRE O ANTIGO E O MODERNO .................................................. 44
3.3 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO ............................... 45
3.4 A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA ......................................................... 47
3.5 O BRASIL: A CATEQUESE À SERVIÇO DA EDUCAÇÃO NA COLÔNIA – SÉCULO
XVI 49
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 56
EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .............................................. 57
4.1 O MOVIMENTO NATURALISTA DE ROUSSEAU ..................................................... 59
4.2 KANT E O IDEALISMO ........................................................................................... 61
4.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA CONTEMPORANEIDADE: UM BREVE
HISTÓRICO ............................................................................................................ 62
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 73
A EDUCAÇÃO PÓS-CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX .......................... 74
5.1 CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS NO SÉCULO XX ................................................ 74
5.2 CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA ............................................................................. 75
5.3 CONCEPÇÃO PSICOLÓGICA .............................................................................. 77
5.4 CONCEPÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................. 80
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 87
A EDUCAÇÃO NO ANO DE 2020 EM MEIO À CRISE DE UMA PANDEMIA
................................................................................................................. 88
6.1 AS DIFICULDADES DAS ESCOLAS PELA ADOÇÃO EMERGENCIAL DO ENSINO
REMOTO NO BRASIL ............................................................................................. 89
6.2 A NOVA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ................................................................. 91
6.3 ENSINO HÍBRIDO: UMA NOVA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO? ........................ 92
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 107
UNIDADE
02
UNIDADE
03
UNIDADE
04
UNIDADE
05
UNIDADE
06
UNIDADE
01
6
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 108
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 109
7
CONFIRA NO LIVRO
Nesta unidade serão abordados os aspectos do período paleolítico
e neolítico, primórdios da humanidade. As características da
educação difusa nas sociedades tribais serão apresentadas, bem
como a educação na antiguidade clássica, mais especificamente
na Grécia e Roma.
A abordagem sobre os ideais da educação na Idade Média,
ressaltará as características da Educação Medieval (influência da
igreja católica na educação), a Educação Feudal (surgimento da
classe burguesa) e a Educação Urbana (educação difundida por
meio da linguagem oral e artística).
A Idade Moderna apresenta a institucionalização da escola, o
diálogo entre o antigo e o moderno para o resgate de uma
educação humanista e a influência da revolução francesa na vida
do cidadão. Fará, também, uma breve abordagem sobre a
educação no Brasil a partir do século XVI.
A Unidade 4 aborda o Iluminismo que marca o início do século XVIII
iniciando a contemporaneidade, marcada por revoluções
importantes que alteraram significativamente a vida do cidadão do
mundo.
A Unidade 5 faz uma breve abordagem das concepções
pedagógicas que têm norteado o trabalho educacional em todo o
mundo. No entanto, o assunto será mais bem detalhado e
aprofundado na disciplina de Didática.
A Unidade 6 apresentará o Ensino Remoto, fruto de uma educação
que se constituiu emergencial devido à pandemia do Coronavírus.
A nova relação famíia/escola será abordada, apresentando uma
pequena abordagem acerca do Ensino Híbrido que já vem sendo
discutido e experimentado há mais de 20 anos e que agora tem a
oportunidade de se firmar à nova realidade do século XXI.
8
DOS PRIMÓRDIOS À ANTIGUIDADE
OCIDENTAL
Para que se entenda a evolução do homem que o inseriu em sociedade e,
para tanto, necessitando de uma vida organizada que transfere às próximas
gerações seu modo de vida para a sobrevivência, faz-se necessária uma abordagem
que situe o ser humano na pré-história: o período Paleolítico e o Neolítico, conhecidos
como idade da pedra e que marcam o primeiro período da história da humanidade
de aproximadamente 5.000.000 a 5.000 a.C.
O período Paleolítico, também conhecido como idade da pedra lascada, era
dividido em paleolítico inferior e superior. Tem características que apontam que o
homem vivia em grupos, era nômade e lutava por sua sobrevivência. Os primeiros
hominídeos viviam da caça e da coleta. Já possuíam o controle do fogo e
confeccionavam seus próprios instrumentos de trabalho como a faca e o machado,
utilizando-se de materiais como a pedra lascada, madeiras e ossos. Posteriormente,
foram aperfeiçoando as suas ferramentas, a partir de marfim e ossos para a
confecção de arco e flecha, lançador de dardos, anzol e linha, o que comprova que
desenvolviam o hábito da caça e da pesca. As pesquisas mostram, a partir dos
historiadores e antropólogos, que nessa época já desenvolviam a pintura e a
arquitetura.
Já o período Neolítico é dividido em dois momentos: idade da pedra polida e
idade dos metais. Na primeira fase, inicia-se o cultivo dos campos, o que contavam
com o auxílio de ferramentas como a enxada e passaram a desenvolver o artesanato
que consistia na confecção da cerâmica e dos tecidos, a partir do tear inventado
por eles. Surge, agora, os primeiros arquitetos, que utilizavam as pedras para a
edificação de suas moradias. A segunda fase é marcada por invenções que alteram,
radicalmente, a vida do ser humano na face da terra: a roda, a escrita, a metalurgia
e o arado de bois. Surgem as primeiras cidades e a metalurgia.
UNIDADE
01
9
1.1 A EDUCAÇÃO DIFUSA NAS SOCIEDADES TRIBAIS
Falar em educação em uma época quando a escola ainda não se
institucionalizava em um ambiente fechado e organizado, num tempo em que não
se imaginava adotar métodos educacionais, a responsabilidade pelo ensino era
atribuída aos adultos a partir das influências de conduta e comportamento,
conforme ilustrou tão bem Aranha (1996, p. 56):
O homem não possui aparelhamento instintivo como o dos animais, e
por isso precisa ser socializado para sobreviver, o que é feito mediante
a educação recebida das pessoas que o circundam, a partir dos
modelos sociais do grupo a que pertence. De fato, desde que nasce,
o homem é submetido a um intenso processo de aprendizagem que
não termina senão com a morte.
A vida tribal era pautada no sagrado que perpetuava os mitos e ritos por meio
da oralidade, mantendo-se os costumes e as crenças de uma geração a outra. Não
há nessa sociedade uma hierarquia, o trabalho é coletivo, existindo a figura do chefe
guerreiro que transmitia os anseios da comunidade que, embora demonstrassem
respeito e prestígio não lhe deviam obediência, uma vez que não exercia um papel
de soberano. A educação visava o desenvolvimento de habilidades, capacitando o
homem à integração social, onde a criança imitava o adulto em sua conduta a partir
das atividades cotidianas, aprendendo e acumulando conhecimento de tradições
como as artes, os ofícios, os ritos, os cultos e outras manifestações culturais:
A formação é integral — abrange todo o saber da tribo — e universal,
porque todos podem ter acesso ao saber e ao fazer apropriados pela
comunidade. É bem verdade que alguns se destacam, detendo um
conhecimento mais amplo ou especial — como no caso do feiticeiro
10
— o que, no entanto, não resulta em privilégio, mas apenas em
prestígio, como já foi dito. O conhecimento mítico imprime uma
tonalidade especial à educação, pois os relatos aprendidos não são
propriamente históricos, no sentido da revelação do passado da tribo.
Diferentemente, o mito é atemporal e conta o ocorrido no “início dos
tempos”, nos primórdios. Daí os diversos ritos que marcam as
passagens, como o nascimento e a morte ou ainda a iniciação à vida
adulta (ARANHA, 2006, p. 35).
A figura, a seguir, organiza as características do modelo de educação
praticado nas sociedades primitivas tribais:
Figura 1: Principais característica do modelo de educação na sociedade primitiva
Fonte: Adaptado de Aranha (2006)
Quando a escrita se torna necessária para registro e controle (em decorrência
das produções e da vida social, alterada pelo surgimento das classes sociais e
relação de trabalho escravista), o saber que era acessível a todos, fica agora restrito
às classes dominantes.
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL
As civilizações antigas procuravam se instalar em regiões atravessadas por rios,
o que garantiria condições necessárias à sobrevivência de suas famílias.
Organizavam-se em castas que não se misturavam, tendo a influência da religião em
seus costumes e modo de viver. Cambi (1999) faz uma abordagem interessante para
caracterizar as sociedades da época, o qual intitulou de Sociedades Hidráulicas que
nascem no Extremo Oriente com a China e a Índia:
11
As grandes sociedades hidráulicas nascem no Extremo Oriente com a
China e a Índia, as quais, sulcadas por grandes rios, acolhem
populações numerosas e diversas e organizam sua vida de modo
unitário por meio da religião e do papel do Estado. São sociedades
ligadas à cultura dos vegetais” (Braudel): o milho, a cevada, a ervilha,
o sorgo; onde a carne escasseia. São sociedades ligadas ao problema
da irrigação. Aspectos centrais também nas sociedades hidráulicas
mais ocidentais: da Mesopotâmia e do Egito, que se modelam
segundo a mesma estrutura das asiáticas e manifestam as mesmas
características tanto sociais como técnicas e um forte
desenvolvimento destes dois aspectos (CAMBI, 1999, p. 60-61).
Origina-se, portanto, o Estado, as classes sociais e a educação informal que,
de uma geração a outra consistia na transmissão dos valores e do estilo de vida
praticados por cada casta/comunidade. De acordo com Monroe (1970) a
educação era teórica e prática, uma vez que a experiência dos adultos se transmitia
oralmente às crianças para que se ajustassem ao meio natural em que viviam e aos
costumes de sua comunidade. Bittar (2009) atribui esta prática a um binômio entre
“falar bem” e “o fazer”. Na educação prática, acontecia o treino para obtenção de
alimentos, abrigo e vestuário, treinamento este que acontecia através da imitação
que a criança fazia do adulto: os meninos aprendiam o ofício dos homens e as
meninas, por sua vez, os trabalhos domésticos realizados pelas mulheres mais velhas.
A função educativa pela teoria consistia na instrução dos jovens pelos mais velhos,
preservando as tradições e a cultura da sociedade.
Na Índia, a educação era fortemente influenciada pela religião hinduísta e
posteriormente pelo budismo. Os sacerdotes, mais conhecidos como Brâmanes
recebiam uma educação privilegiada, estudando, além da religião, disciplinas como
a filosofia, literatura, gramática, matemática, astronomia, direito e medicina. Os
demais indivíduos das outras castas recebiam uma educação voltada para a
prática, ou seja, precisavam ser formados para o trabalho. No entanto, os Sudras e
os Pários eram excluídos de acesso a qualquer tipo de educação. Com os ideais
budistas, a educação sofre forte influência pelos ensinamentos espirituais do mestre,
no sentido de desenvolver a personalidade por meio da autoconscientização e senso
crítico, a partir de uma postura proativa de seus discípulos. Os alunos aprendiam a ler
e a escrever, por meio das escrituras sagradas hindus, como os Vedas, focando no
desenvolvimento espiritual, sem prejuízo da estimulação intelectual que acontecia
através da instrução da lógica e da poesia. O ideal educativo consistia no
desenvolvimento do ser humano integral: físico, espiritual e intelectual. No entanto,
a educação não tinha caráter universal devido ao sistema de castas que
12
diferenciava a educação de acordo com a classe, já que indivíduos de uma casta
não poderiam migrar para a outra. A imagem aponta o funcionamento da
sociedade em castas:
Figura 2: Sistema de castas na Índia
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3vhPF5o. Acesso em: 14 fev. 2021
A educação na China favorecia mais as classes abastadas como os
mandarins, conhecidos como “funcionários literatos” que recebiam instrução em
escolas especializadas e intelectualizadas, influenciadas pelo Confucionismo
(religião mais sofisticada que o Budismo e que ensinava Filosofia e Ética) e pelo
Taoísmo que pregava o misticismo e a salvação. O mesmo não acontecia com os
cidadãos de castas inferiores como os camponeses, mercadores e artesãos que, não
tendo uma cultura organicamente definida, permaneciam subordinados aos
governantes e contavam com uma formação elementar que, pela limitação da
difícil língua chinesa (ARANHA, 2006; CAMBI, 1999), memorizavam conteúdos como o
cálculo e a alfabetização. Há relatos, na história da antiguidade, de que o
Confucionismo influenciou, positivamente, a educação formal tendo como método
a promoção de valores sociais. A cultura chinesa teve suas raízes no Confucionismo
13
(entrar no mundo humano), Budismo e Taoísmo (transcender o mundo humano). No
entanto foi o Confucionismo que impactou a sociedade humana com seus
ensinamentos. Os textos de Confúcio eram indicados para memorização e os alunos
se submetiam a exames que avaliavam a Língua escrita (ideográfica), a Literatura e
a Matemática.
No JAPÃO a educação segue o modelo da China, tendo características
dualista e literária, nada pragmática em uma sociedade fortemente dividida por
classes sociais (CAMBI, 1999). As religiões predominantes eram o Xintoísmo, primeira
religião do Japão e o Budismo. De acordo com Piletti e Piletti (2012, p. 20) a educação
formal no Japão começava entre 13 e 16 anos, tendo como base dois livros: o Kotio
que ensinava os deveres familiares e o Rongo que disseminava a filosofia de
Confúcio:
[...] À semelhança da China, o sistema de exames era muito
importante. Os mestres eram escolhidos pela monarquia, mas havia,
também, mestres particulares. [...] No início do século VII d.C., surgiu a
Universidade de Tóquio, onde se ensinava Ciência Política,
Jurisprudência, Matemática, Medicina, Astronomia e os clássicos
chineses. Mais tarde, a Universidade foi substituída pelo Colégio de
Confúcio, que chegou a ter até três mil alunos. As mulheres recebiam
uma educação limitada.
Ainda de acordo com Piletti e Piletti (2012) no ano de 270 d.C., um chinês
letrado levou a escrita chinesa para o Japão sendo que, na ocasião, muitos
japoneses desconheciam a arte de escrever.
14
1.3 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL
A Grécia Antiga compreende o período clássico dos séculos V a IV a.C, época
em que não existia monarquia central e sim cidades-estados, surgindo daí o conceito
de cidadania.
Como bem explica Cambi (1999), há uma mudança drástica na forma como
a cultura é difundida, agora com caráter autônomo que abraça todos os saberes de
forma racional, contemplando mais a teoria do que a prática, o que passa de
educação à pedagogia, a partir da qual emergem modelos que fogem à tradição.
O termo que irá expressar a mudança na formação/educação do cidadão grego é
a paideia, termo cunhado por volta do século V a.C. e que, de acordo com Werner
Jaeger citado por (ARANHA, 2006) transcende as expressões como civilização,
cultura, tradição, literatura ou educação: todas fundem-se no conceito global de
paideia.
De acordo com vários teóricos a Grécia é o berço da civilização, deixando
características importantes que se assemelham com a educação dos séculos XIX e
XX. “Nenhum outro período há, até o século XVIII, tão cheio de sugestões para o
educador do presente” (MONROE, 1970, p. 27). A educação não está mais a serviço
da teologia, tampouco é restrita ao sacerdote. Os gregos viam na educação formal,
o ideal de preparar os indivíduos para a cidadania, por meio do desenvolvimento
intelectual da personalidade, a partir do estudo do homem, da natureza e do
sobrenatural. Pensadores importantes como Sócrates deixaram-nos muitos
ensinamentos acerca da natureza racional do homem que deveria desenvolvê-la,
para a vida, por meio de disciplinas como a ciência, a arte, a filosofia e a religião.
A educação na Grécia antiga foi dividida em dois períodos: o período antigo
e o período novo. O período antigo compreende o homérico e o histórico. O período
antigo homérico é apresentado a partir de Homero, provável autor das epopeias
Ilíada e Odisseia, conforme apresenta Aranha (2006) que retratava os
acontecimentos da época. A figura abaixo nos proporciona uma visão privilegiada
Mas, seus ensinamentos, que correspondem a uma revolução humanista, influíram e
continuam influindo na cultura oriental quanto na ocidental” (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 22-
23).
15
de como ocorria a educação no período mencionado, exatamente porque suas
obras poéticas (epopeias) eram lidas e estudadas, visando à educação militar do
nobre grego:
Figura 3: Educação no Período Antigo Homérico
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
Observe que o modelo de educação apresentado na figura acima aborda a
formação para a guerra/ação (Ájax), a formação para a arte de falar bem/retórica
(Ulisses) e, por fim, para a formação integral, representada por Aquiles, onde deverá
acontecer a junção dos dois propósitos de educação. Fica patente, pela
representação da imagem, a partir da influência de Homero, que a educação
escolarizada/formal não foi planejada para a alfabetização de crianças, no período
compreendido entre o ano de 900 a 750 a.C, mas visando o investimento na
educação dos jovens, tendo característica política que intencionava a formação
para o exercício do poder.
Outro período antigo é o histórico que apresenta o tipo de educação
praticado nas cidades de Esparta e Atenas, visando também a formação dos jovens
gregos:
16
Figura 4: Modelos de Educação no Período Antigo Histórico
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
1.4 A EDUCAÇÃO ESPARTANA
A educação que se pretendia desenvolver na cidade-estado Esparta
valorizada as atividades bélicas, ou seja, os jovens eram treinados para as guerras, a
partir de uma formação militar. A criança, a partir dos 7 anos de idade, recebia
educação púbica (pelos mais velhos) que era obrigatória e contemplava o ensino
de música, canto e dança coletiva, sendo que a partir dos 12 anos, as atividades
voltavam-se para a ginástica que praticava o treino militar. O ideal de vida do
homem espartano consistia na luta e defesa pelos interesses do Estado.
1.5 A EDUCAÇÃO ATENIENSE
Em Atenas, além da educação voltada para a força física, formavam-se o
cidadão para o intelecto, por meio da iniciativa privada. A partir dos 7 anos de idade,
17
as meninas permaneciam em companhia das mulheres, dedicando-se ao trabalho
doméstico, ao passo que os meninos recebiam, fora do ambiente doméstico, ensino
de alfabetização, educação física (ginástica) e musical. Surge aí a figura do
Pedagogo, escravo designado a acompanhar a criança do sexo masculino para
participar das atividades educativas. Importante ressaltar que, de acordo com
Aranha (2006), o ensino de leitura e escrita merecia, na ocasião, menor importância
em detrimento das práticas esportivas e musicais, cujos professores tinham maior
prestígio. Vale destacar ainda que durante o período grego existiam dois tipos de
ginásios públicos: a Academia (para os filhos de sangue puro) e o Cinosargo (para os
filhos de sangue misto).
No período Helenístico, de acordo com Aranha (2006), a Paideia torna-se
enciclopédia, significando conhecimento geral que toda pessoa culta precisava
adquirir, a partir do aprofundamento de estudos teóricos, que acabava restringindo
as práticas da ginástica. As disciplinas ficaram então divididas entre humanísticas
(gramática, retórica e dialética) e científicas (aritmética, música, geometria e
astronomia). A filosofia é aperfeiçoada e posteriormente, introduz-se o estudo de
teologia com o advento do cristianismo.
18
1.6 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL: ROMA
A educação na Roma antiga sofreu forte influência da conquistada Grécia,
no entanto os romanos eram considerados um povo mais prático, objetivo e prezava
pela eficácia e utilidade (MONROE, 1970). Os processos educativos começavam no
lar, onde o caráter moral era formado pelo pai, sendo que a mulher tinha um papel
muito importante para a vida familiar, diferente das mulheres gregas que não
delegavam a função de criar os filhos às amas. Outra característica importante da
educação em Roma diz respeito à paideia dos filósofos gregos Platão, Isócrates e
Aristóteles que influenciou o que os romanos denominaram de Humanitas, termo que
abrange a formação integral do homem (ARANHA, 2006).
A história da educação romana pode ser dividida em três períodos: educação
primitiva (século V a III a.C.), helênica (século III a I a.C.) e imperial (século I a V d.C.).
Na fase da Roma arcaica que, conforme Cambi (1999) era o período em que
governaram sete reis, de Rômulo a Tarquínio, acontecia a educação dita primitiva
ou como Aranha (2006) denominou de “heroico-patrícia”. As famílias tinham pátrios
poderes sobre os filhos e os educavam: os meninos aprendiam a ler, escrever, contar,
conhecimentos de agricultura, guerra e política. Já as meninas aprendiam os
trabalhos domésticos. Após os 17 anos, os meninos aprendiam tarefas militares e
questões da vida pública. Desenvolviam, também, habilidades como nadar, equitar
e manejar armas. Praticavam exercícios físicos visando à preparação para as guerras.
Importante ressaltar que o modelo de educação adotado nesse período foi o
das Doze Tábuas, texto-base que foi escrito no bronze, no ano de 451 a.C., que
discorria sobre a dignidade, a coragem e a firmeza como valores máximos (virtudes)
a serem desenvolvidos no cidadão, juntamente com a parcimônia e a piedade
(CAMBI, 1999). A publicação da lei das Doze Tábuas, segundo Aranha (2006) constitui
o primeiro código escrito romano. O método de aprendizagem prática era de
imitação do pai e seus antepassados. As escolas elementares, na ocasião, ensinavam
https://bit.ly/3sLm4zJ. Acesso em: 15 fev. 2021.
19
a ler, escrever e a contar, a partir do lúdico, pela prática dos jogos.
No período de educação helênica, influenciado pela cultura grega,
aprendiam o latim, o grego, os clássicos, principalmente a partir de Homero. Os jovens
de famílias mais ricas aprendiam a retórica para oratória política e jurídica. Esse
período foi marcado pelas escolas dos letrados que posteriormente passaram a se
chamar escolas de gramática, época em que a Odisseia foi traduzida para o latim e
introduzida como conteúdo literário para os jovens estudantes: “com o tempo, a
humanitas degenerou, restringindo-se ao estudo das letras e descuidando-se das
ciências...” (ARANHA, 2006, p. 89).
Enfim, no período imperial a educação já era patrocinada pelo Estado e tinha
o objetivo de difundir a cultura greco-romana. Quintiliano (40 a 118 d.C.) foi um
pensador importante dessa época, influenciando a educação com a obra “A
educação do orador”. A educação precisava seguir quatro etapas: na família –
primeira infância, elementar: sobre os cuidados de um professor; secundária: música,
literatura, geometria e oratória; superior: retórica para formação do orador.
20
Dialética: arte do diálogo; arte de, através do diálogo, fazer a demonstração de um
tema, argumentando para definir e distinguir com clareza os assuntos e conceitos
debatidos nessa discussão.
Poleis: comunidade cujo governo era desenvolvido pelos próprios cidadãos (homens
livres, em grego: politikos), separando claramente o espaço público, do privado;
regida por normas gerais, preceitos e um poder por eles guiado, realizava comércio
com outras cidades, durante a Antiguidade Grega (século VIII, a.C.): Pólis Grega.
Fonte: Dicionário Online de Língua Portuguesa. Disponível em: https://bit.ly/3n0A3R8.
Acesso em: 10 abr. 2021.
21
1. (ENADE, 2011) Não brota do individual, mas da ideia. Acima do homem como ser
gregário ou como suposto eu autônomo, ergue-se o Homem como ideia. A ela
aspiram os educadores gregos, bem como os poetas, artistas e filósofos. Ora, o
Homem, considerando na sua ideia, significa a imagem do Homem genérico na
sua validade universal e normativa. Como vimos, a essência da educação consiste
na modelagem dos indivíduos pela norma da comunidade. Os gregos foram
adquirindo gradualmente consciência clara do significado desse processo
mediante aquela imagem do Homem, e chegaram por fim, através de um esforço
continuado, a uma fundamentação, mais segura e mais profunda que a de
nenhum povo da Terra, do problema da educação.
JAEGER, W. W. Paideia: a formação do homem grego. Tradução: Artur M. Pareira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 10-11.
Considerando o tema abordado no texto, avalie as afirmações seguintes:
I. A educação grega se distinguia da educação da maioria dos povos que a
antecederam por considerar a razão como instrumento a serviço do próprio
homem.
II. A filosofia era ensinada na Grécia e abrangia os mais diversos tipos de
conhecimento, que se estendiam pela matemática, astronomia, física, biologia,
ética, entre outros.
III. A Grécia possuía diferentes cidades-estado com processos de ensino
semelhantes e caracterizados pela igualdade de oportunidades aos diferentes
segmentos da população.
IV. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes pensamentos
filosóficos como os de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que
compartilhavam dos mesmos ideais e processo de ensino.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV
d) I, II e III.
22
e) I, III e IV.
2. (CONCURSO PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA - PI) Na Grécia Antiga, várias
cidades estados se revezaram no poder, mas apenas duas obtiveram grandes
conquistas e importância política, social e econômica durante muito tempo. Por
conta disso, a educação em ambas era bastante diferenciada, inclusive a
maneira pela qual os exercícios físicos eram encarados e desenvolvidos. Uma
pensava o desenvolvimento holístico do indivíduo, valorizando os exercícios como
complemento, mas sem muito apelo bélico, a outra percebia os exercícios como
a única maneira de se conseguir preparar o indivíduo para o conflito e para a vida.
As características referem-se respectivamente, à:
a) Atenas e Esparta.
b) Esparta e Atenas.
c) Esparta e Jônios.
d) Esparta e Minus.
e) Jônios e Esparta.
3. (CESPE. 2006 - ADAPTADA) A história da Antiguidade Clássica é marcada por
continuidades e descontinuidades em relação ao mundo diversificado da
Antiguidade Oriental. Povos da Mesopotâmia e do Nilo demonstraram que o
processo histórico que unia o Oriente e a África ao Mediterrâneo europeu não era
estanque, isolado e sem comunicação com o que viria a ser a pujança de Grécia
e Roma. A propósito da riqueza dos povos da Antiguidade Clássica e de suas
heranças, assinale a opção correta:
a) Roma e Grécia construíram suas histórias de costas para as heranças das
sociedades hidráulicas da Mesopotâmia e do Egito.
b) O escravismo, inexistente em experiências históricas até então, era um sistema
secundário de utilização da força de trabalho nas duas grandes civilizações da
Antiguidade Clássica.
c) As formas mais avançadas de manifestações filosóficas e científicas que
apareceram na sociedade grega, como também em Roma, eram inéditas, mas
23
continham aspectos herdados de tradições que vinham de sociedades do Oriente
Próximo.
d) As condições da vida e do trabalho, no mundo clássico antigo, foram marcadas
por formas assalariadas de remuneração do trabalho muito próximas às do mundo
contemporâneo.
e) Todas as respostas estão corretas.
4. Podemos dizer que a Grécia é o berço da Pedagogia por sua trajetória, aparição
dos filósofos e seus questionamentos relacionados à educação, concebemos três
principais filósofos, identifique qual dos filósofos tinha como ideal de educação,
diante da frase que representa o seu pensamento. “A educação não serve
apenas para alcançarmos o conhecimento de fora para dentro, mas para
despertar no indivíduo o que ele já sabe”.
a) A citação refere-se ao pensamento de Sócrates.
b) Alexandre o grande, tinha esse ideal de educação.
c) A citação refere-se ao pensamento dos sofistas
d) Platão acreditava nesse ideal como educação.
e) O pensamento é de Aristóteles.
5. Leia o texto e responda a questão
História da Educação
Lucila C. Pereira
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como a fonte principal sobre a
qual a civilização ocidental se ergueu, o legado deixado pelas principais cidades estados
da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como princípio de organização social e
educativa que serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos.
Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o modelo de educação espartano
baseava-se na disciplina rígida, no autoritarismo, no ensino de artes militares e códigos de
conduta, no estímulo da competitividade entre os alunos e nas exigências extremas de
desempenho. Por outro lado, Atenas tinha os logos (conhecimento) seu ideal educativo
mais importante. O exercício da palavra, assim como a retórica e a polêmica, era
valorizado em função da prática da democracia entre iguais. Como herança da
educação ateniense surgiram os sofistas, considerados mestres da retórica e da oratória,
24
eles ensinavam a arte das palavras para que seus alunos fossem capazes de construir
argumentos vitoriosos na arena política. Fruto da mesma matriz intelectual, porém em
oposição ao pensamento sofista, o filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do
que ensinar a falar - através de perguntas cujas respostas dependiam de uma análise
lógica e não simplesmente da mera retórica.
[...] (Adaptado).
Ainda que existam concepções opostas, tanto o pensamento sofista quanto o
socrático contribuíram para a educação contemporânea por meio da (s)/do(s):
a) experiências do passado e das reflexões retóricas com base em uma disciplina
rígida, no diálogo e nas exigências de desempenho pelo código de conduta.
b) valorização da experiência e do conhecimento prévio do estudante enquanto
estratégias que se tornaram muito importantes para o sucesso na aprendizagem
desse aluno.
c) processo de educação do indivíduo no qual é considerado o desenvolvimento
dos grupos sociais e das sociedades como principal motivo para a efetivação do
ensino/aprendizagem.
d) princípios de organização das sociedades visando a prática da democracia, o
incentivo à capacidade de polemizar e argumentar por meio da palavra.
e) Todas as alternativas estão corretas.
6. Texto para a questão.
Por que o legado do sábio chinês Confúcio atravessou milênios?
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante
que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o produto de uma
variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma
tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por mais de dois milênios: as ideias
do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.).
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em
vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um mosaico
de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu
horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em reino tentando
persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de
um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um grupo de seguidores
25
dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes.
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o
confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião
como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo espiritual, ele
afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele.
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito
fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais
e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem fosse imposta
pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser
encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem aproveitar ao máximo
sua posição.
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua
posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons camponeses
ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O
pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento moderno, na medida
em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse
Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada uma "idade de ouro" perdida
por gerações de governantes chineses.
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos
governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do povo
perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente derrubados. Confúcio nunca
deu aos governantes uma licença para a opressão.
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade
significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser civilizados,
independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de
integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era fundamental.
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio
provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas por
governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira
de governar um país, os governantes chineses também garantiram o monopólio do uso da
força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song
(960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma revolução comercial, e no final do
período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro.
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No
entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até meados do
século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e
26
missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do pensamento
confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do
nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo progresso, em
vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do
antigo mundo confucionista.
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea,
o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está buscando a
tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número
um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores de ordem, hierarquia
e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C.
(Rana Mitter. Revista BBC History. 31/12/2018, com adaptações)
A respeito das ideias do texto, analise as afirmativas a seguir:
I. O confucionismo, em sua forma original, perdurou até o século XIX, quando se
mesclou ao budismo, ao taoísmo e ao marxismo.
II. A noção de identidade chinesa se modificou no século XX, em função do
impacto do nacionalismo e do comunismo. Entretanto, há uma retomada dos
princípios de Confúcio no século XXI.
III. Segundo Confúcio, estado moral e posição social não se interdependiam,
diferentemente da obrigatoriedade de cooperação mútua entre governantes
e governados.
Assinale:
a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) Se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) Se todas as afirmativas estiverem corretas.
e) Se nenhuma afirmativa estiver correta.
7. Na civilização indiana, a estrutura social passou a ser organizada por meio do
sistema de castas. Sobre esse sistema, é correto dizer que:
27
a) Os indivíduos passavam a pertencer a determinada casta a partir do momento
em que era iniciado em rituais de purificação religiosa.
b) Os indivíduos estavam associados a castas de acordo com o seu nascimento.
c) As castas eram definidas de acordo com o desempenho militar.
d) As castas não tinham nenhuma relação com o sistema religioso hindu.
e) Nenhuma casta se considerava superior à outra.
8. O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico,
originário da região da Índia, que foi criado por:
a) Mahatma Gandhi;
b) Bhagavad-Gita;
c) Mao Tse-Tung;
d) Siddhartha Gautama;
e) Confúcio.
28
A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA
2.1 AS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL
O período denominado Idade Média compreende a Alta Idade Média que
começou com a queda do Império Romano no período dos séculos V até meados
do século IX e a Baixa Idade Média que vai do final do século IX até o século XV,
quando os turcos tomam Constantinopla (1453).
De acordo com Monroe (1970) a educação, sob o domínio do cristianismo,
recebe um caráter totalmente novo: a instrução da Igreja, pela doutrina, e a prática
do culto, substituem uma educação intelectual praticada por meio de treino físico e
retórico. Para que se entenda melhor a educação na idade média será dividida em
dois momentos como alguns teóricos denominam: a educação cristã e a educação
medieval.
Segundo Cambi (1999) na Alta Idade Média a vida era organizada pelas
relações de vassalagem e dos princípios do feudo. Uma época em que foi marcada
pelas invasões bárbaras, pelo fortalecimento da igreja católica e a formação do
império carolíngio. Na Baixa Idade Média a burguesia, nova classe social, surge
revolucionando a cultura. A educação passa por transformação como discorre
Cambi:
Nessa época tão complexa e dinâmica, tão inquieta e dramática, a
educação/instrução também sofre uma profunda transformação:
institucionaliza-se no nível superior numa organização totalmente
nova como a universitas studiorum, livre agregação de docentes e
estudantes que acolhe as diversas especializações do saber e forma
os profissionais necessários para uma sociedade em transformação.
[...] Todo o universo da educação sofre uma transformação no sentido
burguês: especializa-se, articula-se, socializa-se e, gradativamente,
também se laiciza, se separa do predomínio eclesiástico, pondo em
ação os primeiros germes da Idade Média (CAMBI, 1999, p. 15).
Aranha (2006) cita a educação, na idade Média, em três abordagens: a
educação bizantina, a educação islâmica e a Paideia cristianizada:
1. A educação bizantina (Império Romano do Oriente ou Império Bizantino – de
UNIDADE
02
29
395 a 1453): Tem ênfase na vida cristã, no entanto, embora zelosos pela
religiosidade, ainda se sentiam fortemente ligados ao humanismo. O ensino
religioso não predominava nos níveis primário e secundário, no entanto, os
clássicos pagãos eram bastante estudados, visando à formação humana e a
preparação para o ofício da Administração do Estado. Destaca-se a
Universidade de Constantinopla no período de 425 a 1453 que acolheu as
obras antigas e orientou os estudos de filosofia e ciências, preservando o direito
romano.
2. A educação Islâmica – No século VIII há um renascer cultural pelos árabes que
se estende até o século IX com a criação da “Casa de Sabedoria”. Os árabes
se interessavam por pesquisa e experimentação, os quais se destacavam nas
áreas de matemática (algarismos, álgebra, logaritmos), medicina, geografia,
astronomia e cartografia. Várias escolas primárias são criadas com o intuito do
ensino de leitura e escrita. O Alcorão era ensinado para que os ensinamentos
de Alá influenciassem a vida moral. Nessa época existiam preceptores
particulares.
3. A Paideia cristianizada - Com as reformas de Alcuíno no século IX, o conteúdo
do ensino se constituiu em trivium (gramática, retórica e dialética) para o
ensino médio e quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) para
o ensino superior. Com a liberação do Mediterrâneo, desenvolve-se o
comércio e renascem as cidades, surgindo a classe burguesa. A partir daí
modifica-se o sistema educacional e como consequência, o surgimento das
escolas seculares que objetivavam uma educação para a vida prática.
Disciplinas como a história, geografia e ciências naturais substituíram os
tradicionais trivium e quadrivium
A Pedagogia na Idade Média - Embora os monges temessem a influência da
produção intelectual sobre os fiéis, não poderiam abrir mão da herança cultural, o
que passaram a contar com os monges copistas, a fim de traduzir os textos,
selecionados da literatura e filosofia gregas, para o latim. Os bibliotecários eram
instruídos a controlar o acesso a leituras permitidas ou proibidas, preservando a fé a
todo custo. Outra medida para combater as ideias pagãs foi a criação da filosofia
cristã que não ignorava a razão, mas fazia dela um instrumento para a fé, em dois
períodos denominados de Patrística (filosofia dos padres da igreja do século II ao V –
30
ainda na Antiguidade) e Escolástica (filosofia das escolas cristãs ou dos doutores da
igreja, do século IX ao XIV).
As teorias cristãs, no ocidente, influenciaram a pedagogia na idade média,
conforme podemos verificar no quadro a seguir:
Figura 5: Características da Pedagogia na Idade Média
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
A análise do quadro acima, que aborda influências na educação da Idade
Média, aponta dois grandes filósofos: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
A educação cristã – De acordo com Cambi (1999) o cristianismo provocou
uma revolução educativa/cultural no mundo antigo:
Trata-se da afirmação de um novo “tipo” de homem (igualitário,
solidário, caracterizado pela virtude da humanidade, do amor
universal, da dedicação pessoal, como ainda pela castidade e pela
pobreza), que do âmbito religioso vem modelar toda a visão da
sociedade e também os comportamentos coletivos, reinventando a
família (baseada no amor e não apenas e sobretudo na autoridade e
no domínio), o mundo do trabalho (abolindo qualquer desprezo pelos
trabalhos “baixos”, manuais, e colocando num plano de colaboração
recíproca os patrões e escravos, os serviçais, os empregadores e os
dependentes) e o da política (que deve inspirar-se nos valores ético-
sociais de igualdade e solidariedade, devendo ver o soberano agir
como um pai e um guia do povo, para dar vida a uma res publica
christiana) (CAMBI, 1999, p. 121).
O autor acrescenta que o cristianismo provoca uma revolução pedagógica e
31
educativa, marcando por muito tempo a vida no Ocidente. Aranha (2006) faz uma
abordagem interessante a partir da Paideia que intitula de “Paideia cristianizada”.
Foram mil anos, marcados pela influência da igreja católica na vida de toda a
sociedade.
Por volta do século VI, há uma necessidade de transmissão dos ensinamentos
morais aos novos irmãos monges, o que faz surgir as escolas monacais, a partir das
quais ensinavam o latim e as humanidades, sendo os melhores alunos premiados com
o estudo da filosofia e teologia. Com a queda do império, as escolas continuaram a
existir de forma muito precária, onde lutavam pela manutenção das sete artes liberais
(lógica, gramática, retórica, aritmética, música, geometria e astronomia).
A partir do século VIII com mudanças bruscas no comércio pela invasão do
Islã, o povo perde o interesse pela escola, no entanto o Estado buscava pessoas
religiosas e cultas para as tarefas administrativas. Entre o século VIII e IX, o imperador
Carlos Magno influencia a educação quando reúne em sua corte, na Alemanha,
grandes intelectuais com o intuito de reformar a vida eclesiástica e o sistema de
ensino, o que dá origem às escolas palatina (ao lado do palácio) responsável por
difundir estudos para restruturação e fundação de escolas monacais e catedrais,
bem como das escolas paroquias, responsável pelo nível de ensino elementar.
2.2 A EDUCAÇÃO FEUDAL
Para que se entenda como ocorreu a educação na sociedade feudal, no
período compreendido entre 476 e 1492 (aproximadamente), importante é perceber
como se comportava a sociedade na época. A figura, a seguir, apresenta as classes,
bem como o papel desempenhado por elas:
32
Figura 6: A sociedade Feudal
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ulVGND. Acesso em: 04 fev. 2021.
A sociedade estava organizada em torno do feudo. Cambi (1999, p. 155)
descreve o feudo de forma que consigamos entender o que a pirâmide representa:
O feudo é uma unidade territorial, governada por um senhor que age
dentro dele como fonte de direito, que se empenha na sua defesa
militar, que impõe aos habitantes do feudo a obrigação à fidelidade
e à submissão, em troca de proteção. A economia do feudo é, em
geral, de subsistência, produzindo e consumindo in loco as
mercadorias de que tem necessidade, reduzindo ao mínimo o
intercâmbio e apresentando-se predominantemente agrícola. A
cultura, no feudo, desenvolve-se somente no castelo do feudatário ou
nas igrejas e, sobretudo, nos mosteiros: ela também se caracteriza por
poucos intercâmbios e é toda devotada à fé cristã, aos seus dogmas,
aos seus mitos.
Na sociedade feudal a estrutura era estática, não havia possibilidade de
migração de um nível para o outro. Quem nascia nobre gozava de seus privilégios
até à morte, ao passo que aqueles que nasciam servos ou à margem da sociedade,
não encontravam meios de ter sua sorte alterada.
A economia feudal nasce com a invasão, no mar mediterrâneo, dos
mulçumanos (Islã), dos húngaros e escandinavos. A religião, também, influenciava a
sociedade que procurava se distanciar dos prazeres da carne, amedrontada, pelo
juízo final (Apocalipse), voltando a atenção, sobretudo para o trabalho.
33
A igreja monopolizava o ensino formal, difundindo o modelo cristão de
educação. As escolas abaciais e catedrais foram organizadas pela igreja e
transmitiam o saber às elites. O ensino agora volta-se para os valores cristãos, o que
diferencia, consideravelmente, do ensino de Grécia e Roma que intencionavam a
formação do cidadão para a vida política. Nas escolas catedrais ensinavam-se a
leitura e a memorização, o cálculo e o canto, sendo o público alvo os noviços, ou
seja, os meninos-monge (CAMBI, 1999). As escolas catedrais cultivavam o ensino do
trívio (gramática, retórica e dialética) e sobretudo de quadrívio (aritmética, retórica
e dialética). Tanto as escolas abaciais quanto as catedrais eram ligadas ao estudo
dos textos canônicos, dedicadas à formação espiritual. Por outro lado, as escolas
palacianas, que ensinavam a gramática e a retórica, tinham um ideal laico que
objetivava formar a nobreza e os administradores do império. Carlos Magno (742-814)
tinha um ideal pela fusão de igreja e estado, formando uma sociedade cristã, cuja
bíblia seria a norteadora da formação cultural e espiritual dos indivíduos.
2.3 A EDUCAÇÃO URBANA
Por volta do ano 1000, com o surgimento das cidades, uma nova classe social
se forma: a burguesia, totalmente urbana com ideais de empreendedorismo,
individualidade, liberdade, laicidade e produtividade. Há a partir de agora um
distanciamento do Feudalismo e o mundo é renovado pelas novas formas de
produção que exigem saberes especializados. Surgem movimentos de lutas sociais
que se expressam através das produções artísticas e literárias.
As famílias encaravam as crianças como adultos em miniatura, não
dispensando aos pequenos os devidos cuidados com a saúde física e psicológica,
permitindo, inclusive, a sua participação, sem censuras, em festas religiosas e outros
eventos da vida adulta. A educação voltava-se para a formação moral (igreja) e
técnicas (oficinas) para o trabalho.
O povo era analfabeto e aprendia a partir da linguagem oral e imagens, por
meio da cultura que era propagada, também, pelo teatro:
Mas a palavra age também através do teatro, que potencializa ainda
mais as palavras com a imagem. Já o teatro que nasce nos adros das
igrejas com representações sacras é um teatro explicitamente
educativo: confirma a fé, que ele dramatiza, elementariza e reduz aos
princípios essenciais, tornando-os facilmente perceptíveis e
comunicativos. O combate entre a alma e o corpo, uma das peças
34
mais difundidas na Idade Média, exacerba e confirma o dualismo
dramático da antropologia cristã e a sua visão da vida como
sublimação heroica. Ao lado do teatro sacro, existe também o teatro
popular: a comédia, a farsa, a sotie (ou farsa dos loucos), que
encontram espaço sobretudo no Carnaval, que exaltam os temas
censurados pela cultura oficial (o ventre, o sexo, a fome, o engano,
etc) e os potencializam de forma paródica (CAMBI, 1999, p. 179).
Percebe-se pela citação de Cambi que a sociedade e a igreja utilizavam-se
do teatro para transmitir os seus ensinamentos ao povo, mas também através das
imagens de obras artísticas, como representaram bem os artistas Giotto, Gaddi,
Ambrogio Lorenzetti, dentre outros:
Figura 7: Quadro da morte de São Francisco de Giotto de Bandone
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oVEUnA. Acesso em: 04 fev. 2021.
Cita-se o teatro, as imagens pela arte, no entanto, as festas também tinham o
poder de alimentar o imaginário do povo pelo povo, configurando-se em uma
espécie de educação informal, que conforme Cambi (1999), exerce um papel
fundamental para uma sociedade analfabeta.
Por outro lado, a alfabetização (ensino formal) ocorria para as classes altas, a
partir da igreja (religiosa) ou da cavalheiresca (laica). A igreja, por meio de seus
representantes ensinavam a interpretar os valores cristãos através de textos e obras
que contribuíam com a formação espiritual, como aconteceu por meio da
Escolástica e Teologia ensinadas nas universidades. Por outro lado, a educação para
35
uma sociedade laica ocorria por meio da epopeia cavalheiresca, mitos, poesias
trovadorescas que promoviam visões simbólicas e alegóricas de amor e
espiritualidade pelas virtudes cristãs.
https://bit.ly/3dKCq7z.
https://ytube.io/3H5K.
37
1. (UFU,2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do
platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo
sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas
resistências (de tornar-se cristão). (PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística
ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar
Editores: 1983, p.77.)
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de
Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado
ao pensamento de Platão.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças:
a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro,
enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser
humano.
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto
para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que
vivemos.
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já
que é apenas a forma do corpo.
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece
as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o
conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe
em cada um.
e) Todas as alternativas estão corretas.
2. (CESPE, 2006 - Adaptada) O feudalismo era, na Idade Média, um sistema não
apenas econômico, mas também social, marcado por forte ressonância na
formulação do poder político de quase toda a Europa Ocidental. Com relação
a esse sistema, assinale a opção correta.
38
a) O feudalismo, sustentado na escravidão, dominou a Europa Ocidental desde a
crise do Império Romano até praticamente à Revolução Francesa.
b) Sustentada pela noção de estamento, a sociedade feudal apresentava taxas
baixíssimas, ou quase inexpressivas, de mobilidade interna.
c) Na Idade Média, as mulheres detinham poderes adicionais associados ao sistema
de reprodução da cultura religiosa.
d) A força da religião, embora fundamental na construção das instituições feudais,
não influenciava o poder político.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
3. Temos um olhar marcado para o período da Idade Média, já que foi um longo
tempo cerca de mil anos de predominância da religião, principalmente do
aspecto referente à educação.
De acordo com o trecho a seguir, identifique qual era a posição da Companhia
de Jesus diante da educação burguesa.
“Repetições em casa. Todos os dias, exceto os sábados, os dias feriados e os
festivos, designe uma hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim se
exercitem as inteligências e melhor se esclareçam as dificuldades ocorrentes".
a) A educação burguesa não era prioridade na Idade Média.
b) A educação estava centrada em formar cidadãos.
c) O ensino era voltado para formação de monges.
d) A educação priorizava a formação dos padres.
e) A educação era pensava somente nos plebeus.
4. Para São Tomás de Aquino a educação é:
a) Uma atividade que jamais se revelará como potência.
b) Uma potencialidade que torna irreal o ato potencial.
c) Uma atividade que torna realidade o embrutecimento potencial.
d) Uma atividade que evita a realidade no que é potencial.
e) Uma atividade que torna realidade aquilo que é potencial.
39
5. (UFU, 2003) A teoria da iluminação divina, contribuição original de Agostinho à
filosofia da cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão, porém,
diferencia-se dela em seu aspecto central.
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta diferença.
a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia platônica do dualismo, tal cmo
este foi definido por Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da
iluminação está situada no plano suprassensível e só é alcançada na
transcendência da existência terrena para a vida eterna.
b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está fundamentada na luz de
Deus, luz interior dada ao homem interior na busca da verdade das coisas que
não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo, que ensina e habita no
homem interior.
c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, recebendo os
ensinamentos de Arcesilau e Carnéades, o que resultou na posição dogmática
do filósofo cristão quanto à impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo
o conhecimento humano apenas verossímil.
d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento nela repousa. Assim, a
posição de Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir que a alma
possui uma existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, de modo que o
conhecimento de Deus é anterior à existência.
e) Todas as alternativas estão corretas.
6. Leia os textos e responda a seguir:
TEXTO I
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser
lendo, com um amor sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães,
grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para eles
irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará entregue ao
seu estudo.
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
40
TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir
dos modernos. Por isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la
pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi fulano de tal que o disse, não sou eu.
E para que acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: — O inventor foi
fulano de tal, não sou eu.
BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais
ocorridas no século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem
o(a):
a) Produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade
da Igreja.
b) Caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos
religiosos.
c) Surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã.
d) Desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.
e) Construção de um saber teológico científico.
7. (ENEM 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no
Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções
comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu,
como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se
impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de
preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem
uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só
aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto
evidencia o(a):
a) Apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
41
b) Relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) Importância organizacional das corporações de ofício.
d) Progressiva expansão da educação escolar.
e) Acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
8. Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade
Média”, eles não teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens
de todos os períodos históricos, eles viam-se na época contemporânea. De fato,
falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma
satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do
que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou
melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado em
relação aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século
XVI. Este se via como o renascimento da civilização greco-latina, e portanto, tudo
que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio
ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um
tempo intermediário, de uma idade média.
(Hilário Franco Junior. A Idade Média: Nascimento do Ocidente, p.9)
O “desprezo indisfarçado” de que fala o texto acabou dando origem a uma visão
retrospectiva da Europa medieval como a “idade das trevas”. Essa visão, originada
no mundo moderno:
a) Estava baseada nas práticas bastante disseminadas à época de feitiçaria e
bruxaria, marcas da sociedade medieval, enquanto entre as autoridades da Igreja
predominava o analfabetismo.
b) Contraria a ideia de que o conceito de “feudalismo” confere uma lógica ao
desenvolvimento histórico da Europa, fazendo-se necessária a superação do
atraso feudal para o desenvolvimento europeu.
c) Teve pouca repercussão, e o olhar que predomina hoje no senso comum ressalta
a Idade Média como o período em que se formaram os contornos políticos e
culturais do continente europeu.
d) Tem como referência o obscurantismo religioso, a ausência de universidades e a
falta de leituras até mesmo no interior da Igreja Católica, características marcantes
do período medieval.
e) Esteve condicionada por uma perspectiva racionalista, num momento em que ser
43
A EDUCAÇÃO NA IDADE
MODERNA
Nesta unidade será abordado o Renascimento ou a Renascença: período
compreendido entre os séculos XV e XVI que marcará o retorno aos valores greco-
romanos e a busca pelos valores antropocêntricos em oposição ao teocentrismo que
marcou a Idade Média. A influência dos aspectos religiosos para a educação será
discorrida a partir da Reforma e Contrarreforma. Por fim, uma pequena abordagem
acerca da Revolução Burguesa, iniciando o século XVII/XVIII.
3.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESCOLA
A modernidade altera a vida familiar que passa a ser nuclear e adquire
uma característica mais afetiva, empenhada pelos cuidados com as peculiaridades
da infância e de suas necessidades. As crianças que antes eram envolvidas na vida
dos adultos, têm agora o seu próprio lugar de proteção no seio familiar que, por sua
vez, emana esforços de cuidados e planejamento no sentido de prepará-las para a
vida adulta. Da mesma forma a escola se altera, caminhando junto à família,
buscando formas de munir os alunos de conhecimentos científicos, mas também de
valores essenciais à formação humana. Há agora a preocupação em separar as
crianças por faixas etárias – “classes de idade” segundo Cambi (1999), bem como a
organização dos níveis de ensino que atendam a públicos específicos (século XVI):
Duas Instituições educativas, em particular, sofrem uma profunda
redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a escola,
que se tornam cada vez mais centrais na experiência formativa dos
indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica e profissional)
da sociedade. A ambas é delegado um papel cada vez mais definido
e mais incisivo, de tal modo que elas se carregam cada vez mais de
uma identidade educativa, de uma função não só ligada ao cuidado
e ao crescimento do sujeito em idade evolutiva ou à instrução formal,
mas também à formação pessoal e social ao mesmo tempo (CAMBI,
1999, p. 203).
A Burguesia, classe emergente da sociedade medieval, percebia a
necessidade da formação de seus herdeiros para a administração de seus negócios,
UNIDADE
03
44
bem como para a vida política. Surge, a partir do século XVI os colégios que tinham
como meta a formação moral, no entanto, ainda muito ligados à igreja, o que
frustrava os ideais humanistas renascentistas.
Assim, por iniciativa de particulares, criam-se as primeiras escolas na Europa
que passam a ver a criança como um ser com características diferentes dos adultos,
as quais necessitavam receber uma educação voltada para suas peculiaridades
físicas, emocionais e psicológicas. Personalidades como Martinho Lutero (1483-1546)
e Melanchthon (1497-1560) batalhavam pela fundação de escolas primárias para
todas as crianças (Aranha, 2006). Lutero defendia a escola pública, atribuindo ao
Estado a competência de promover o ensino universal gratuito a todos. A proposta
luterana se contrapunha ao rigor de castigos, bem como do verbalismo proposto
pela Escolástica, defendendo a introdução de jogos, exercícios físicos e música no
currículo escolar.
3.2 O DIÁLOGO ENTRE O ANTIGO E O MODERNO
Aranha (2006) aponta um possível resgate de uma cultura que desperta o ser
humano para a sua essência, desvinculada da imposição de influências religiosas:
O retorno às fontes da cultura greco-latina, sem a intermediação dos
comentadores medievais, foi um procedimento que visava também à
secularização do saber, isto é, a desvesti-lo da parcialidade religiosa,
para torná-lo mais humano. Procurava-se com isso formar o espírito do
indivíduo culto mundano, “cortês” [...]. (ARANHA, 2006, p. 124).
Assim como Aranha, Cambi (1999) fala sobre os novos elementos da
educação do Renascimento que dialogam com o período clássico: o físico para a
formação do caráter a partir da cavalaria e literatura, sendo conteúdo cívico para
a prática cotidiana dessa nova era antes reservada à formulação religiosa e
teológica. Outro elemento, ainda, é o estético, o qual inspirou a nova educação no
estudo da literatura, trabalhada no cotidiano escolar através da gramática e da
retórica, expressado na perfeição da língua ensinada, bem como no caráter e
conduta formados a partir da educação por ela intencionada. O historiador
acrescenta, ainda, que o conteúdo da nova educação, expresso pelas línguas e
literaturas clássicas dos gregos e romanos designa-se humanidades, ressaltando que
a finalidade da educação passa para o domínio da literatura, abordando a partir de
então as questões antropocêntricas, o que diverge da ênfase que era dada aos
45
aspectos da espiritualidade na vida cotidiana que separava o santo do profano. O
humanismo busca, então, a individualidade desvinculada da teologia autoritária
própria da Idade Média. A ênfase do saber volta-se para a racionalidade.
3.3 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO
A Reforma protestante foi um movimento originado por reação contra abusos
da igreja católica, sendo a venda de indulgências um episódio importante
promovido pelo papa Leão X que perdoava os pecados a partir da contribuição
financeira para a igreja católica. Martinho Lutero foi um dos reformadores que mais
influenciou o movimento – nascido na Alemanha (1483-1546) – membro da ordem
dos agostinianos e, mais tarde, professor da universidade de Wittenberg. Lutero foi o
autor das 95 teses, manifesto elaborado e redigido por ele e afixado na porta da
igreja de Wittenberg que culminou em sua excomunhão da igreja católica em 1520.
Ele defendia que o relacionamento do ser humano com Deus não necessitava da
mediação da igreja com exigências de sacrifício e contribuição financeira, mas pela
fé. Defendia que a Bíblia deveria ser traduzida em todas as línguas e fosse acessível
a todos os interessados.
A doutrina luterana influenciou a educação em sua época, a qual defendia a
educação pública mantida pelo Estado e que foi se institucionalizando ao longo do
tempo:
Escola primária: alfabetização (textos bíblicos), matemática, atividades
musicais (cantos e hinos cristãos);
Educação secundária: reservada aos filhos da alta burguesia: caráter religioso,
ensino do latim, obras clássicas greco-romanas, preparação para as profissões
liberais;
Escolas superiores e universidades – despreza a Escolástica medieval e valoriza
a interpretação da bíblia.
Vale ressaltar aqui que Lutero, Calvino e posteriormente Comenius buscavam
uma escola que atendesse a todas as crianças.
46
Figura 8: Lutero e as 95 teses
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oTXFrv. Acesso em: 04 fev. 2021.
Por outro lado, a Contrarreforma foi uma reação da igreja católica para
reverter os efeitos da reforma que desmoralizava o clero. Através do Concílio de
Trento, a igreja reafirma os seus dogmas e estabelece os tribunais da Inquisição. A
Companhia de Jesus, ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Inácio de Loyola,
criou escolas religiosas e a partir delas, catequizou povos de continentes recém
descobertos, sobretudo no Brasil. O método aplicado por eles era o Ratio Studiorum
que funcionava da seguinte forma:
Figura 9: Funcionamento do método Ratio Studiorum
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
47
3.4 A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA
A partir do século XVII a classe burguesa (França) torna-se dominante e o
capitalismo se consolida. Os ideais educacionais, a partir da revolução da burguesia,
pregavam a universalidade, a gratuidade, a laicidade e a estatalidade. Nasce,
então, o sistema nacional de educação subordinado ao Estado em um ambiente de
muitas contradições pelos movimentos do proletariado, classe menos favorecida que
necessitava do trabalho fabril e que, muitas vezes, deixava de enviar a criança para
a escola a fim que ela trabalhasse e contribuísse com o sustento da família. A
educação agora vai se desvinculando dos ideais da igreja católica que perde o seu
poder para o Estado.
Destaca-se aqui uma grande personalidade que ficou conhecida como o pai
da Didática Moderna: John Amos Comenius (1592-1670), autor da obra “Didática
Magna” escrita em 1632. A máxima de Comênio, nome conhecido no Brasil era:
“Ensinar tudo a todos”. O método proposto por esse grande pensador educacional
consistia na transmissão do conhecimento pelo professor, cujos alunos
permaneceriam obedientes e receptivos aos ensinamentos do mestre. Comênio
comparava a educação a uma máquina, o que remete à mecanização do ensino
ou a uma educação mecanizada, conforme expressa o pensamento de Comênio
citado no livro História da Educação de Piletti e Piletti (2012, p. 137) que referencia
Munford:
Não é uma coisa na verdade maravilhosa que uma máquina, um
objeto sem alma, possa se mover de maneira tão semelhante à vida,
tão contínua, tão regular? Antes da invenção dos relógios, a
existência dessas coisas não parecia tão impossível como o fato de
que as árvores pudessem andar, ou as pedras falar?
48
Figura 10: Ideais educativos por Comenius
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3wHiNnD. Acesso em: 04 fev. 2021.
De acordo com Terra (2014) Comênio afirmava que não há como dissociar a
fé religiosa da filosofia orientada pela razão e o empirismo da ciência. O educador
tinha uma visão de totalidade, defendia a adoção da pansofia. Defendia escolas
maternais para que as crianças se desenvolvessem tendo acesso ao saber desde a
tenra idade.
https://ytube.io/3H5N
49
3.5 O BRASIL: A CATEQUESE À SERVIÇO DA EDUCAÇÃO NA COLÔNIA –
SÉCULO XVI
Por mais de 200 anos, os índios, os filhos dos colonos e os futuros sacerdotes
foram catequisados pelos jesuítas, missionários originados da Companhia de Jesus na
cidade de Lisboa, em Portugal e que foram enviados ao Brasil para ensinar, a
princípio, os nativos a ler e escrever, por meio dos valores cristãos católicos, conforme
afirma Monroe (1970, p. 183): “A companhia de Jesus, organizada em 1540, tornou-
se o principal instrumento da Contrarreforma. Os meios adotados pela Ordem para
consecução de seus propósitos foram a pregação, a confissão e o ensino”.
As estruturas do ensino foram organizadas pelo padre português Manuel de
Nóbrega é o primeiro jesuíta a aprender a língua dos nativos brasileiros (tupi-guarani)
foi Aspilcueta Navarro.
A Ordem dos Jesuítas dispensava maior interesse pelas escolas secundárias e
superiores que as denominavam como Colégios inferiores (ginásios) e superiores
(universidades seculares e teológicas), etapas da Ratio Studiorum.
50
Figura 11: Os Jesuítas no Brasil
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3yEkSlY. Acesso em: 04 fev. 2021.
52
1. Observamos que dentro do período que compreende a Reforma e a Contra-
Reforma, houve uma manifestação religiosa, tanto no aspecto espiritual quanto
político relacionado ao domínio da sociedade de acordo aos seus interesses,
porém houve uma manifestação no que se refere à educação nos dois períodos.
Diante dos aspectos positivos e negativos trazidos para a educação, assinale a
alternativa correta.
a) No período da Reforma podemos observar que a educação priorizava o preparo
rigoroso com a mente e na Contra-Reforma a educação está baseada nos jogos
e nos exercícios físicos.
b) Era recomendado dentro do contexto educacional o estudo da matemática e
literatura na Contra-Reforma, enquanto na Reforma a educação estava
baseada aos manuais de instrução e organização (Radio Studiorum).
c) O objetivo da Contra-Reforma era o trabalho de alfabetização voltado para a
leitura do livro sagrado e na Reforma a formação estava voltada à formação dos
padres.
d) A Reforma foi propagada através de ordens religiosas espalhadas pelo mundo
com o único objetivo de catequizar as pessoas enquanto a Contra-Reforma tinha
como líder Martinho Lutero priorizando o estudo dos monges.
e) A educação na Reforma propunha uma educação contemplada entre jogos,
música, matemática e história e a proposta educacional da Contra-Reforma era
a formação para o magistério através de manuais, normas e informações
bibliográficas.
2. (CONC, 2010) “O que são os ricos sem sabedoria, senão os porcos engordados
com farelo? Os pobres sem o conhecimento das coisas o que são, senão burros
de carga? Um homem de bom aspecto, mas ignorante o que é, senão um
papagaio de bela plumagem? Ou então, como disse alguém, uma bainha de
ouro com um punhal de chumbo?”.
Comenius J.A. – trad. Benedetti, Ivone Castilho – Didática Magna, Ed. Martins Fontes, 3ª Ed. 2006, S.Paulo, pags. 75/76.
Das indagações acima podemos concluir que Comenius tece elogios:
53
a) Ao conhecimento;
b) A sabedoria e ao conhecimento;
c) Ao seu método de ensino;
d) À Didática Magna;
e) N.d.a.
3. (CONC, 2013) Segundo Comenius, a arte de ensinar exige:
I. Disposição tecnicamente bem feita do tempo.
II. Dedicação exaustiva do mestre.
III. Organização de todas as coisas necessárias.
IV. Escolha do método adequado.
V. Aptidão dos alunos.
Está CORRETO o que se afirma apenas em:
a) I, II e III.
b) II, IV e V.
c) I, III e IV.
d) I, IV e V.
e) I, II e IV.
4. (CONC, 20130) Classifique as afirmações a seguir como (V) verdadeiras ou (F)
falsas, tendo por base os princípios elencados por Comenius na Didática Magna,
que garantem a facilidade de ensinar.
I. Iniciar pelas coisas mais gerais em direção às mais particulares.
II. Começar pelas coisas mais fáceis e só depois incluir as mais difíceis.
III. Proceder de maneira rápida e dinâmica, sem perder tempo.
IV. Ensinar apenas o que apresentar utilidade imediata.
V. Ensinar tudo por meio de hipóteses e abstração.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
a) V, F, V, V, F.
b) V, V, F, V, F.
54
c) F, V, V, F, V.
d) F, F, V, V, V.
e) V, F, V, F, V.
5. (CONC, 2018) A Companhia de Jesus foi fundada no contexto da Reforma Católica
(também chamada de Contra reforma). A Companhia de Jesus, cujos membros
são conhecidos como jesuítas é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um
grupo de estudantes da Universidade de Paris. Os padres jesuítas tiveram um
importante papel na Reforma Católica. Foi deles a responsabilidade de catequisar
e de recatequisar povos e nações inteiras. São expoentes dessa Companhia:
a) Pedro Álvarez Cabral, Rui Barbosa, Padre José Agostinho.
b) Inácio de Loyola, Padre Manuel da Nóbrega, José de Anchieta.
c) Tomé de Mendes Sá, Raul Vieira de Santos, Diogo Pinto de Azevedo.
d) Santo Agostinho, Bartolomeu Dias, Antonio Vieira.
e) Gutierre Oliveira, Cristóvão Colombo, Augusto dos Reis.
6. (SEDUC, 2018): Sobre a Contra-Reforma é CORRETO afirmar:
I. O movimento não teve o apoio do papa e dos bispos católicos, pois acreditavam
que não havia nada o que fazer para evitar o avanço do protestantismo na Europa.
II. Conseguiu eliminar todas as religiões protestantes já no século XVI.
III. Provocou guerras religiosas na Europa, suscitando um clima de perseguições e
conflito religioso.
IV. O movimento promoveu o retorno do Tribunal do Santo Oficio, determinou a
catequização de indígenas nas terras descobertas e criou o Índice de Livros
Proibidos.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I, II.
c) Apenas I, III.
d) Apenas II, IV.
e) Apenas III, IV.
55
7. (FUNDATEC 2020) A Reforma foi colocada em movimento no início do século XVI,
quando Martinho Lutero afixou suas 95 teses às portas da Igreja do Castelo da
cidade, e logo se espalhou pela Europa e outros continentes. No entanto, apesar
de ter sensibilizado muitos, muitas de suas propostas chocaram com práticas
multisseculares, cujas raízes estavam presas na consciência religiosa das pessoas,
como os rituais e missas e o culto aos santos. A respeito das implicações da Reforma
e do conflito entre a Igreja tradicional e o movimento de reforma, assinale a
alternativa correta.
a) O Santo Ofício passou a designar seus tribunais à condenação de sábios, cujas
ideias eram consideradas ameaçadoras ao poder multissecular da Igreja sobre a
produção e circulação de conhecimento, alterando a preferência dos alvos, que
eram as pessoas consideradas feiticeiras.
b) A força da Igreja, acumulada durante séculos, fazia dela a principal, senão a
única, instituição para onde acorriam as poucas pessoas que desejavam e tinham
condições de obter alguma espécie de formação intelectual, o que garantiu que
o privilégio do conhecimento dessa instituição não fosse ameaçado.
c) O movimento de laicização do conhecimento significou que os livros das
impenetráveis bibliotecas conventuais se abriram à curiosidade e à crítica de uma
população sedenta de saber.
d) O culto aos santos de devoção, as peregrinações e procissões, os rituais das missas
foram abandonados pelos fiéis, a partir da adoção de mecanismos de
introspecção e regeneração interior propostos pelos reformistas.
e) A Reforma foi um movimento essencialmente religioso, com consequências
apenas na vida social e religiosa das pessoas, visto que o objetivo era propor novos
modos de se comportar em relação ao metafísico.
8. (SEDUC, 2006) Durante o período colonial no Brasil (1530-1822), os Jesuítas
dominaram plenamente a educação da colônia. Sobre a sua atuação na
educação, é correto afirmar que:
a) Instauraram uma eficiente educação pública, mas foram expulsos do Brasil e só
retornaram depois da Revolução de 1964, através da intervenção militar.
56
b) Os Jesuítas seguiam o método de estudo conhecido como Ratio Studiorum,
inspirado do modelo medieval escolástico.
c) Foram os primeiros a falar de "educação democrática" e, por isso, foram expulsos
pelo Marquês de Rabicó, mais tarde ironizado num personagem de Monteiro
Lobato.
d) Eles foram os responsáveis pela criação, ainda durante a Colônia, dos primeiros
cursos jurídicos do Brasil, no Recife
e) Na verdade, a presença jesuítica na Colônia foi sem importância e só depois de
instaurado o Império é que eles passaram a dominar a educação.
57
EDUCAÇÃO NA
CONTEMPORANEIDADE
A contemporaneidade é marcada a partir do século XVIII pela influência do
Iluminismo, ou como muitos teóricos intitulam “século das luzes”, que reflete o poder
da razão humana para interpretar e reorganizar o mundo (ARANHA, 2006).
Importante destacar também que o Liberalismo influenciou a Pedagogia de
forma a difundir os ideais de liberdade e laicidade. Aranha (2010), aborda a situação
em que a Burguesia reage contra o poder absoluto da Nobreza que tinha muitas
regalias a partir do recebimento de impostos pagos pelos súditos. Tal classe de
comerciantes desejava autonomia para administrar os seus próprios negócios sem a
interferência do Estado Mercantilista. Na ocasião Adam Smith (1723-1790 - filósofo e
economista) foi um dos teóricos a defender os princípios da lei natural de distribuição
de riquezas: “laissez faire, laissez passer, le monde va de há même” = “Deixe fazer,
deixe passar, o mundo caminha por si mesmo”.
A educação, a partir de então, ganha um ideal de estar desvinculada da
religião e dos interesses das classes dominantes, devendo ser neutra de influências
religiosas e oferecida a todos, conforme expressa o lema da burguesia “Igualdade,
liberdade e fraternidade”.
No quadro a seguir, destacam-se características da época contemporânea,
o que permite uma visão mais ampliada acerca do modo de vida dos cidadãos nos
aspectos políticos, sociais e, sobretudo, educacionais:
UNIDADE
04
58
Figura 12: Características da contemporaneidade
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
Como indicado no quadro foi uma época em que estava acontecendo uma
mudança no estilo de vida a partir da Revolução Industrial que obrigou a migração
do campo para as cidades e em decorrência o movimento de massas em busca dos
seus direitos que se expressavam pela educação.
59
4.1 O MOVIMENTO NATURALISTA DE ROUSSEAU
Monroe (1970) pontua que o “Movimento Naturalista”, ou movimento das
massas pelos direitos dos homens, embora seja distinto do “Movimento Iluminista”,
considerado por este teórico como protesto dos intelectuais à repressão da época,
marca, também a era contemporânea. O quadro, a seguir, aponta as características
dos referidos movimentos:
Figura 13: Movimentos Século XIII
Fonte: Monroe (1970)
O movimento naturalista foi tão importante como marco para a
contemporaneidade quanto o movimento iluminista. De acordo com Piletti e Piletti
(2012), Rousseau, considerado um romântico e naturalista, pregava que o homem
era naturalmente bom e que sociedade e civilização é quem o corrompe. A filosofia
romântica de Rousseau influenciou a educação, até então, permeada pela religião:
Na educação, o movimento naturalista representou uma revolução. É
que, na última parte do século XVII e maior parte do século XVIII, o
formalismo estéril e sem vida que dominou a religião se refletiu,
também, na educação. A filosofia romântica e do sentimento reage
contra esse formalismo e, em seu lugar, propõe uma concepção
racionalista do mundo e da vida e defendem a importância do
sentimento, da fantasia, da intuição, do desejo e das forças irracionais
da vida (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 82).
O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) liderou o movimento naturalista
no início do século XVIII. Foi influenciador de grandes acontecimentos como a
Revolução Francesa.
Suas obras importantes:
Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (Política).
60
O Contrato Social (Política).
Emílio (Educação).
Contribuição para a Educação:
De acordo com Aranha (2006), o pensamento de Rousseau marca a Pedagogia
Contemporânea: o foco da educação passa do professor para o aluno que deixa
de ser visto como um adulto em miniatura. O ideal educativo de Rousseau consistia
em educar para uma vida natural e plena, a partir da experiência da criança pela
sua própria curiosidade e ação, o que dispensava a interferência por meio da
imposição e transmissão de conhecimento.
Cambi (1999, p. 354-355) resume a grande contribuição de Rousseau para a
pedagogia contemporânea:
A visão da infância, o papel do educador, a própria consciência por
parte do pedagogo das estruturas e da função (até social e política)
do próprio discurso mudaram profundamente através das lições de
Rousseau, enquanto a pedagogia no seu conjunto adquiriu uma
dimensão mais francamente antropológica e filosófica, distanciando-
se de um tradicional vínculo quase subalterno em relação às
instituições pedagógicas e às práticas didáticas. Ao lado de
Comenius, mas com posições nitidamente diferentes, Rousseau é de
fato uma chave mestra do pensamento pedagógico e, além disso, é
o primeiro artífice do seu mais inquieto e contraditório percurso
contemporâneo.
O autor pontua que depois de Rousseau, a pedagogia se direciona para um
olhar mais sensível às questões consideradas marginais naquela época. Rousseau foi
visto como o “pai” da pedagogia moderna, o qual revolucionou a nova concepção
de infância. De acordo com Terra (2014) foi o precursor dos ideais de John Dewey,
Maria Montessori e dos movimentos da Escola Nova. Para Rousseau o professor
deveria interferir o mínimo possível no processo de aprendizagem do aluno até os 12
anos de idade, devendo estar a criança livre para aprender naturalmente pelos
sentidos e experiência prática, uma vez que acreditava que o homem nascia e era
naturalmente bom, no entanto era corrompido pela sociedade.
61
Embora as ideias de Rousseau tivessem sido preteridas por muitos estudiosos,
destaca-se três nomes de seus seguidores que deixaram marcas na história da
educação.
4.2 KANT E O IDEALISMO
Outros movimentos deram origem a pedagogias mais novas e radicais como
pontua Cambi (1999) quando cita que, à exemplo de Rousseau, adeptos do
materialismo, Vico e Kant esboçaram projetos educativos, influenciados pela filosofia
da época que lutavam por uma educação laica, estatal e igualitária.
Immanuel Kant (1724-1804) teve sua formação influenciada por Rousseau e
suas ideias pedagógicas que, em forma de lições, foram publicadas em 1803,
dialogando e influenciando Hebart e Pestalozzi:
O objetivo da educação, para Kant, é “transformar a animalidade em
humanidade” pelo desenvolvimento da “razão”; tal objetivo, porém,
não se atinge “por instinto”, mas somente pela “ajuda de outrem”. Daí
a importância dos adultos (já que “uma geração educa a outra”) e
da disciplina (que “impede o homem de desviar, por causa de suas
inclinações animais, da sua finalidade”). É justamente a disciplina que,
ao lado da educação ética como formação da consciência do
dever, adquire um peso determinante na pedagogia de Kant, a ponto
de imprimir-lhe um caráter por vezes quase oposto ao naturalismo e à
reivindicação da autonomia da infância típicos de Rousseau, mas
também de Locke e de um amplo setor da pedagogia setecentista.
Mais alinhado com as reivindicações pedagógicas do iluminismo está
o outro princípio da pedagogia kantiana, o da necessidade da
62
educação, que é exposto no pequeno tratado com vigor e clareza
(CAMBI, 1999, p. 362).
Terra (2014) aponta que Kant defendia que o educando necessita ser capaz
de construir o seu próprio conhecimento, pensando por si mesmo. Apostava na
educação leiga que forma o homem através da cultura, da moral, da disciplina e
civilidade. Acreditava, ao contrário de Rousseau que o homem não nasce bom, mas
também não nasce mau, devendo a educação transformá-lo pela disciplina. Terra
cita dois tipos de disciplina que são indispensáveis para a formação do homem: a
autodisciplina e a disciplina autoritária. A autora segue afirmando que para Kant
disciplina e autonomia andam juntas: “disciplina e autonomia não são coisas opostas.
Pelo contrário, a disciplina é necessária para que o homem aprenda a guiar sua
vontade pela razão e assim possa ser autônomo” (TERRA, 2014, p. 64).
4.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA CONTEMPORANEIDADE: UM BREVE
HISTÓRICO
A partir da independência do Brasil, em 07 de setembro de 1822 quando,
organizando a nação como Estado, foi promulgada constituição própria, através de
Assembleia Nacional Constituinte e Legislativa, a partir da qual, D. Pedro assinalou a
necessidade de uma legislação especial sobre a instrução pública como bem
https://bityl.co/6Vem
63
descreve (SAVIANI, 2006, p. 11, 12):
A tarefa de fixar os parâmetros constitucionais para essa legislação
especial cabia à Comissão de Instrução Pública da Assembleia
Nacional Constituinte. E o caminho encontrado por essa comissão foi
instituir um prêmio para quem apresentasse a melhor proposta de um
“Tratado Completo de Educação da Mocidade Brasileira”. Embora os
parlamentares tenham se perdido em discussões adjetivas relativas ao
prêmio, o enunciado da questão é indicador do tema que foi posto
na ordem do dia, requerendo solução urgente e prioritária: a
organização de um sistema de escolas públicas, segundo um plano
comum, a ser implantado em todo o território do novo Estado. Essa
aspiração esteve presente reiteradamente nos discursos das
autoridades, de modo geral, assim como dos parlamentos, refletindo-
se na Comissão de Instrução Pública que, entretanto, não conseguia
objetivar num projeto a necessidade proclamada de um plano geral
para a organização da instrução pública.
Ao analisar esta citação, percebe-se que a instrução pública sempre foi
preocupação dos governantes brasileiros que desafiavam os estudiosos e
pesquisadores a idealizarem um projeto para educação das crianças e jovens, no
entanto, pontua-se a dificuldade do atingimento de tal objetivo até os dias atuais,
principalmente por não priorizarem os recursos financeiros para tal finalidade. No
entanto, ainda segundo Saviani:
Um outro legado do século XIX, cujo marco legal visível foi o Ato
Adicional de 1834, expressa-se no descompromisso do governo central
com a manutenção da instrução popular. Durante os 49 anos
correspondentes ao Segundo Império, entre 1840 e 1888, a média
anual dos recursos financeiros investidos em educação foi de 1,80% do
orçamento do governo imperial, destinando-se, para a instrução
primária e secundária, a média de 0,47%. O ano de menor
investimento foi o de 1844, com 1,23% para o conjunto da educação
e 0,11% para a instrução primária; e o ano de maior investimento foi o
de 1888, com 2,55% para a educação e 0,73% para a instrução
primária e secundária [...] E Rui Barbosa constatava em 1882: “O
Estado, no Brasil, consagra a esse serviço apenas 1,99% do orçamento
geral, enquanto as despesas militares nos devoram 20,86%” [...] O
reflexo desse descompromisso manifesta-se ainda hoje (SAVIANI, 2006,
p. 28, 29).
O descompromisso do governo central com a manutenção da instrução
popular relatada na citação foi considerado por Saviani como um legado negativo
que perdura até os dias atuais, no entanto, faz-se relevante citar, de acordo com o
mesmo autor, o projeto de Januário da Cunha Barbosa (1827-1854) que pretendia
regular todo o arcabouço do ensino distribuído em quatro graus, como demonstra o
quadro a seguir, sendo considerado legado positivo para a educação brasileira.
64
Quadro 1: Projeto Januário da Cunha Barbosa
PRIMEIRO GRAU
SEGUNDO GRAU TERCEIRO GRAU QUARTO GRAU
PEDAGOGIAS
LICEUS GINÁSIOS ACADEMIAS
Abrangeria os
conhecimentos
elementares
necessários a todos,
independentemente
da sua situação
social ou profissão
Voltaria para a
formação
profissional,
compreendendo os
conhecimentos
relativos à
agricultura, à arte e
ao comércio
Compreenderia os
conhecimentos
científicos gerais,
como introdução ao
estudo aprofundado
das ciências e de
“todo gênero de
erudição”
Destinaria ao ensino
das ciências
abstratas e de
observação;
Estudo das ciências
morais e políticas
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
Ao traçar um histórico sobre a trajetória da educação no Brasil é interessante
entender acerca de sua periodização, a partir de breves e longos séculos,
constituídos em marcos importantes que possibilitam uma visão da trajetória da
educação, a presença e o significado da pedagogia ao longo do tempo, cujo
legado, segundo Saviani, foi transferido para o século XX:
Quadro 2: Sucessão de séculos na Educação Brasileira
1º período 2º período 3º período 4º período 5º período
Século XVI
(breve)
Século XVII
(longo)
Século XVIII
(Breve)
Século XIX
(Breve)
Século XX
(Longo)
(1549 – 1599)
Pedagogia
Brasílica
(chegada dos
primeiros
jesuítas
(1599 -1759)
Organização
dos estudos
segundo as
regras do “Ratio
Studiorum”
vigência até a
expulsão dos
Jesuítas
(1759 – 1834)
Século da
Pedagogia
Pombalina,
com a
implantação
das aulas
régias.
(1827 – 1890)
Promulgação
da Lei das
Escolas de
Primeiras Letras
até a
implantação
dos grupos
escolares.
(1890 -2001)
Aprovação do
Plano Nacional
de Educação
completou o
ciclo das
reformas
educativas dos
anos de 1990
no Brasil
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
A partir do projeto de Januário da Cunha Barbosa, o termo “Pedagogia”
recebe conotação positiva, referente à educação de crianças. De acordo com
(SAVIANI, 2006), o termo não era contemplado em projetos anteriores, o que é
explicado por estudiosos que mencionam que, embora o termo seja cunhado em
1495, com o significado de ciência da educação das crianças, não foi citado por
65
Condorcet, que preferia os termos “método de ensinar”, “arte de ensinar”,
“instrução”, “ordem didática”. Saviani explica que à época de Condorcet, o termo
“pedagogo” assumia significado depreciativo de “mestre pedante, autoritário e
pobre de espírito”.
Em 1867 é publicado o livro “A Instrução pública no Brasil”, cujo autor é Liberato
Barroso, o novo ministro do Império, de acordo com Saviani (2006), e inaugurando a
fase final do Império, período fértil, de acordo com o autor, em propostas e projetos
que intencionavam solucionar o problema da educação nacional, contudo, sem
êxito prático. Em 1879, através do Decreto 7.247, de autoria de Leôncio de Carvalho,
reforma-se o Ensino primário, secundário e superior no município da Corte. O referido
documento prevê, também, a obrigatoriedade do ensino primário dos 7 aos 14 anos
de idade a todo os cidadãos brasileiros.
Rompendo-se com a Reforma anterior, a nova Reforma prevê a criação de
Jardins de Infância para as crianças de 3 a 7 anos, Caixa Escolar, Bibliotecas e museus
escolares, subvenção a instituições particulares, equiparação de escolas normais
particulares às oficiais e de escolas secundárias privadas ao Colégio Pedro II, criação
de escolas profissionais, de bibliotecas populares e de bibliotecas e museus
pedagógicos onde houver escola normal; e a regulamentação do ensino superior
abrangendo a associação de particulares para a fundação de cursos livres em salas
dos edifícios das escolas ou faculdades do Estado, as faculdades de direito e as
faculdades de medicina.
Relevante mencionar que a Constituição de 1824 dedicou algumas poucas
linhas à educação, sem capítulo específico, ao contrário do que acontece na
Constituição de 1988 que vigora até os dias atuais. A Constituição de 1891 nada
menciona ao longo de seu texto. De acordo com o decreto nº 19.402, em 14 de
novembro de 1930, foi criado o Ministério da Educação com o nome de Ministério
dos Negócios da Educação e Saúde Pública, pelo então presidente Getúlio Vargas.
A partir da constituição de 1934, o tema Educação, é colocado sob a
responsabilidade da União, que previa, no Capítulo I, artigo 5º “traçar as diretrizes da
educação nacional” e no Capítulo II, artigo 150º “ficar o plano nacional de
educação, compreensivo do ensino em todos os graus e ramos, comuns e
especializados” para “coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território do
país”. Na ocasião estudiosos e pesquisadores da Educação já haviam apresentado
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito em 1932 por Fernando de
66
Azevedo, subscrito por 26 signatários, dentre eles Anísio Teixeira.
Com a Constituição de 1946, são restabelecidos elementos que integraram o
programa de reconstrução educacional dos pioneiros da Educação Nova, tais
como: exigência do concurso de títulos e provas para o exercício do Magistério
(artigo 168, inciso VI, pag. 281) e a competência da União para legislar sobre diretrizes
e bases da educação nacional (artigo 5º, inciso XV, alínea d). Para atender a esse
último dispositivo constitucional, o ministro da educação e saúde, Clemente Mariani,
constituiu uma Comissão para elaborar o anteprojeto da LDB.
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB que regulamenta o
ensino no país foi sancionada e homologada através da Lei nº 4024/1961, pelo então
presidente João Goulart, prevista na Constituição de 1934 e publicada em 20 de
dezembro de 1961. Foram quase 30 anos para a elaboração de uma lei criada para
definir e regularizar a organização da educação com base nos princípios da
constituição.
Uma década após a promulgação da Lei 4024/61, é instituída a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, inspirada nessa mesma Constituição, a Lei 5.692,
sancionada pelo então presidente Sr. Emílio Garrastazu Médici. A LDB de 1971
voltava-se para a formação profissional e adaptação do ensino às demandas da
produção industrial. A legislação contemplava a formação de técnicos para o
atendimento do mercado de trabalho, sendo proposta uma pedagogia tecnicista
para formação de técnicos e profissionais aptos às demandas da produção industrial.
Somente com a Constituição de 1988, houve grande mudança da legislação
brasileira para a área educacional com a nova LDB, Lei nº 9.394/96, sancionada pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso, que ao contrário da anterior, apresenta até
os dias de hoje, características mais sociais.
Importante para a compreensão do processo educacional brasileiro, destacar
nesta unidade, os aspectos positivos e negativos deixados como legado pelo século
XIX à Educação Brasileira até os dias atuais:
Em suma, o legado educacional do breve século XIX comporta alguns
aspectos positivos como a institucionalização da escola e da
formação de professores; mas contém, também, aspectos negativos
entre os quais avulta a tendência a desonerar o Estado de seus
compromissos com a educação, gerando um discurso contraditório
com a prática corrente, com consequências funestas que perduram
até os dias de hoje (SAVIANI, 2006, p. 29).
Os dois enfoques citados mostram que os aspectos positivos, deixados como
67
legado, embora tenham se concretizado no século XX, tornam-se obsoletos e
precários para o público do século XXI. Por outro lado, os aspectos negativos
perduram até os dias atuais, podendo ter responsabilidade pelo retrocesso de um
legado que poderia mudar os rumos da educação de nosso país.
68
MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA
Documento importante, elaborado no século XX por educadores e intelectuais do Brasil,
o qual nos situa no contexto educacional da época: fazem propostas pautadas em uma
educação de qualidade baseada em princípios como gratuidade, laicidade,
obrigatoriedade.
O vídeo de um dos manifestos mais importantes da história, “Os pioneiros, entusiastas
da educação nova” está disponível em: https://ytube.io/3H5R. Acesso em: 01 fev. 2021
A Universidade Virtual de São Paulo também disponibiliza uma aula muito interessante
sobre a “Legislação do Ensino” e está disponível em: https://ytube.io/3H5S. Acesso em:
01 fev.2021
Acesse também o documento referente a “Educação Nova” que está disponível em
formato PDF em: https://bityl.co/6VfE. Acesso em: 01 fev. 2021.
69
1. (ENADE) Sobre as distintas concepções de educação ao longo da história, numere
a coluna da direita de acordo com sua correspondência com a coluna da
esquerda:
João Amos Comenius As instituições educacionais corrompem o homem e tiram
a liberdade. Para a construção do homem e da nova
sociedade, é preciso educar a criança de acordo com os
princípios da natureza, formando seus sentidos e a
racionalidade para a liberdade e capacidade de
discernimento.
Jean Jacques
Rousseau
A escola deve incentivar a discussão de temas sociais a
partir dos quais o professor e os alunos agem em conjunto,
sustentada em uma concepção dialética em que o
docente e o discente aprendem juntos dinamicamente,
por meio de uma prática orientada pela teoria e de
processos constantes de troca de ideias entre professor e
aluno.
Johan F. Herbart A prática escolar deve imitar os processos da natureza. Nas
relações entre docente e discente, os interesses da criança
devem ser considerados. A organização do tempo e do
currículo deve considerar os limites do corpo e a
necessidade, das crianças e dos adultos, de ter outras
atividades.
Paulo Freire O objetivo maior da educação é a moralidade, em um
processo no qual o professor é o arquiteto da mente dos
alunos.
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de
cima para baixo:
a) 4 – 3 – 2 – 1.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 2 – 4 – 3.
d) 4 – 3 – 1 – 2.
70
e) 2 – 4 – 3 – 1.
2. O pensamento filosófico-educacional fundamenta-se em teorias sobre a
sociedade e o papel da escola. Um de seus grandes representantes foi Jean-
Jacques Rousseau, que influenciou as ideias pedagógicas iluministas e inaugurou
uma nova forma de pensar a educação, segundo a qual a(o):
a) A transformação educativa deve ocorrer paralelamente à revolução social.
b) A mente nasce desprovida de conteúdos, nada se aprende, não há ideias inatas.
c) Aversão pelo tédio deve ser evitada, devendo-se despertar a capacidade de
admirar e perguntar como início de autêntico ensino.
d) O homem nasce bom e a sociedade o perverte, cabendo à educação formá-lo
como ser humano e como cidadão.
e) O impulso para a busca pessoal e a verdade deve ser despertado e estimulado,
sendo o autoconhecimento o início do caminho para o verdadeiro saber.
3. Sua filosofia da educação foi determinante para que a Escola Nova se propagasse
por quase todo o mundo:
a) Paulo Freire.
b) John Dewey.
c) Carl Rogers.
d) Pestalozzi.
e) Maria Montessouri.
4. (ENADE, 2008) O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi publicado em 1932
e assinado por 26 educadores brasileiros, entre eles Anísio Teixeira, Fernando de
Azevedo e Lourenço Filho. Nos trechos a seguir, aparecem algumas de suas
principais ideias. Mas, do direito de cada indivíduo à sua educação integral,
decorre logicamente para o Estado que o reconhece e o proclama, o dever de
considerar a educação, na variedade de seus graus e manifestações, como uma
função social e eminentemente pública, que ele é chamado a realizar, com a
cooperação de todas as instituições sociais. A consciência desses princípios
fundamentais da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade, consagrados na
71
legislação universal, já penetrou profundamente os espíritos, como condições
essenciais à organização de um regime escolar, lançado, em harmonia com os
direitos do indivíduo, sobre as bases da unificação do ensino, com todas as suas
consequências.
Com base nesses trechos, conclui-se que, em seu contexto histórico, o Manifesto
era:
a) Libertário, pois pregava o fim do Estado.
b) Autoritário, já que defendia a obrigatoriedade escolar.
c) Elitista, porque pregava a dualidade do sistema de ensino.
d) Inovador, pois compreendia a educação como um direito social.
e) Conservador, na medida em que entendia a educação pública como privilégio.
5. As transformações sócio-político-econômicas ocorridas no Brasil nos anos 1920 e
1930, gerou a mobilização de diversos segmentos da intelectualidade com
objetivo de propor algo novo para a educação brasileira. Deste movimento surgiu
a Escola Nova, uma proposta educacional que defendia:
a) A observação da educação como um problema social, que deve ter atenção e
prioridade da sociedade e do Estado. Pregando uma educação escolástica
baseada nos princípios tradicionais da educação brasileira concebida pelos
Jesuítas sem influências externas.
b) O ensino público, laico e gratuito, de caráter obrigatório e com responsabilidade
dividida entre o Estado e a família. Ao Estado cabia garantir a oferta de vagas em
uma escola autônoma e à família cabia garantir a frequência escolar dos
educandos
c) A ampliação da rede de ensino privada e pública, garantindo o caráter laico do
ensino oferecido e estabelecendo faixas de pagamento de anuidades de acordo
com o poder aquisitivo da família do educando.
d) A co-educação entre Estado e família, cabendo ao Estado a oferta de ensino
público, obrigatório e focalizado nas necessidades do aluno e da sociedade, e à
família cabia o custeio da formação dos seus filhos.
e) Um ensino autônomo, que garantia independência em relação aos interesses
estatais, mas tendo como referência a linha adotada nas escolas católicas
72
existentes a época.
6. Em se tratando de história da educação brasileira, em 1879 houve a reforma de
Leôncio de Carvalho, que entre outros aspectos:
a) Apontar que no período da exploração inicial, os esforços educacionais foram
dirigidos aos indígenas, submetidos à chamada "catequese" promovida pelos
missionários jesuítas que vinham ao novo país difundir a crença cristã entre os
nativos.
b) Houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas), passando a ser instituído o
ensino laico e público através das aulas régias, e os conteúdos baseiam-se nas
Cartas Régias, a partir de 1772, data da implantação do ensino público oficial no
Brasil (que manteve o Ensino Religioso nas escolas).
c) Propunha também o fim da proibição da matrícula para escravos mas que
vigorou por pouco tempo.
d) Confirmou que o padre Manuel de Nóbrega chefiou a primeira missão da ordem
religiosa.
e) Fundou-se a Universidade Federal do Amazonas, considerada a mais antiga
universidade brasileira.
7. Tendo em vista os estudos históricos sobre a relação entre a educação escolar
e a formação profissional no Brasil, é verdade que:
a) Na época dos jesuítas a dimensão prática foi colocada de lado, não
havendo preocupação com a preparação para o trabalho.
b) A partir da Lei Nº 5692, aprovada em 1971, o ensino de Segundo Grau tornou-
se obrigatoriamente profissionalizante.
c) Com a vinda da Família Real a escola afastou-se da tarefa de suprir as
necessidades de mão-de-obra, priorizando a formação política.
d) No Império nenhuma iniciativa de formação profissional foi tomada, mas foi
priorizado o atendimento destinado aos escravos alforriados.
e) Com a Lei de Diretrizes e Bases Nº 9394, aprovada em 1996, a educação
profissional deixa de ter um capítulo especial e perde importância.
73
8. “A questão da periodização é, sem dúvida, uma das mais relevantes e
também das mais complexas e, por isso mesmo, das mais controvertidas no
campo dos estudos históricos. Em verdade, a periodização não é um dado
empírico, isto é, não está inscrita no próprio movimento objetivo dos
fenômenos históricos investigados. A periodização, enquanto uma exigência
de compreensão do objeto, é, antes, uma questão teórica que se põe para o
historiador ao enfrentar a tarefa de organizar os dados visando a explicar o
fenômeno que se propôs investigar”. (SAVIANI, 2008, p. 12).
Ao realizar a periodização das ideias pedagógicas no Brasil, Saviani (2008) aponta
quatro períodos que vão de 1549 a 2001. Assinale a alternativa que apresenta
corretamente a característica geral das ideias pedagógicas no 4° período.
a) Predominância da pedagogia nova.
b) Monopólio da vertente religiosa da pedagogia tradicional.
c) Configuração da concepção pedagógica produtivista.
d) Coexistência entre as vertentes religiosas e leigas da pedagogia tradicional.
e) Todas as alternativas estão corretas
74
A EDUCAÇÃO PÓS-
CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX
O século XX foi marcado por grandes acontecimentos como as grandes
guerras mundiais: a primeira (1914-1918) e segunda (1939-1945), a fundação da URSS
– União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922, bem como a grande depressão
econômica ocasionada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929,
fatos que influenciaram o mundo inteiro. Trata-se de um período da história mundial
onde ocorreram grandes mudanças no estilo de vida dos cidadãos, fortemente
influenciado, inclusive, pelo desenvolvimento científico e tecnológico. A educação
já estava sendo impactada com movimentos na sociologia, psicologia e pedagogia,
conforme discorre:
O século XX foi um período marcado por rápidas transformações em
todos os setores do conhecimento humano, impulsionadas pelo
avanço da ciência e tecnologia. Entretanto, muitas dessas mudanças
tiveram sua origem nas formulações teóricas desenvolvidas no século
anterior. No campo das relações entre capital e trabalho, as teses
divulgadas em 1848 por Marx e Engels em seu Manifesto Comunista
encontraram aplicação prática em 1917, com a revolução que em
1922 criou a União Soviética. Passando do coletivo para o individual,
o estudo dos processos mentais iniciados em 1879 só viria a
revolucionar as relações humanas mais tarde, quando Freud
desvendou o inconsciente e criou a psicanálise. De forma semelhante
as reformas educacionais implementadas pelas escolas novas devem
muito à educação progressista de John Dewey e os conceitos da
psicologia (TERRA, 2014, p. 68, 69).
Esta Unidade fará uma breve apresentação das concepções pedagógicas
que marcaram e ainda influenciam a educação, as quais serão aprofundadas na
disciplina de Didática. Apresentará alguns teóricos e seus ideais que vêm
contribuindo com a evolução da educação, até os dias atuais, seja de forma positiva
ou negativa.
5.1 CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS NO SÉCULO XX
As correntes educacionais seguem evoluindo ou retrocedendo, de acordo
com o contexto histórico vivenciado. A partir do século XX, concepções
UNIDADE
05
75
pedagógicas se evidenciam nas áreas da sociologia, da tecnologia, da psicologia,
dentre outras. Tais concepções são tratadas especificamente por teóricos como
Libâneo (1985) em sua obra Tendências Pedagógicas, Abordagens Do Processo de
Mizukami (1992) e Teorias Pedagógicas de Saviani (1985) conforme apresenta o
quadro abaixo:
Quadro 3: Concepções Pedagógicas, segundo Libâneo, Saviani e Mizukami
CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS SEGUNDO TEÓRICOS
LIBÂNEO (1985) TENDÊNCIAS SAVIANI (1985) - IDEIAS/TEORIAS MIZUKAMI (1992)
ABORDAGENS
Pedagogias
Liberais
Pedagogias
Progressistas
Teorias não
críticas
Teorias crítico-
reprodutivistas
Tradicional
Tradicional Libertadora Tradicional
Do sistema de
ensino como
violência simbólica
Comportamentalista
Renovada
Progressista Libertária Nova
Da escola como
Aparelho
ideológico do
Estado
Humana
Renovada
não diretiva
Crítico-social
dos
conteúdos
Tecnicista Da escola dualista Cognitivista
Tecnicismo Histórico-crítica Sociocultural
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
5.2 CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA
A partir de movimentos operários iniciados por Lenin (1917), na Rússia, que
derrubou Nicolau II em que, na ocasião a população vivia em total miséria, a classe
operária era explorada e não contava com mínimas condições dignas para o
trabalho. Pode se dizer que os movimentos sofreram influência de filósofos ativistas
como Karl Marx e Georg Wilhelm Hegel. A concepção sociológica considera o
problema social como o foco principal da educação. Defende que as questões
sociais influenciam o processo educativo de uma sociedade. A educação, portanto,
cumpre determinado papel, dependendo da realidade vivenciada em seu contexto
histórico, no qual a sociedade está inserida, seja para a mudança ou para a
reprodução social (Bourdieu, Passeron). De acordo com (ARANHA, 2006) as ideias
socialistas provocaram grandes alterações nas concepções pedagógicas.
Destacam-se nomes como Karl Marx, Anton Makarenco, Gramsci e Hegel que
partiam da concepção histórica e dialética.
76
Georg Wilhelm Hegel (1770-1831) – desenvolveu a filosofia do devir (movimento do
“vir a ser”) e a dialética idealista. Sua obra “O método” exerceu influência sobre
outros teóricos e filósofos como Karl Marx.
Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, ativista político alemão, um dos fundadores
do socialismo científico e da sociologia. Pregava que a educação deveria ser para
todos e para uma formação capaz de tornar o homem agente de transformação
da realidade, mas ao mesmo tempo produto do meio, deixando patente que ele
abordava a educação partindo-se de críticas à sociedade capitalista:
Nessa visão crítica, a ideia de que a escola é um local de
“democratização do saber” encobre a contradição fundamental da
sociedade capitalista. Na verdade, a escola classista é mais um dos
espaços destinados à reprodução da hierarquia econômica, entre
proprietários e não proprietários; da hierarquia social entre burgueses
e proletários; e da hierarquia política entre governantes e governados.
[...] A educação voltada para o atendimento das demandas da
divisão do trabalho capitalista difunde uma consciência social
deformada, que aceita como natural a divisão entre o trabalho
intelectual (concepção) e braçal (execução). O trabalhador é visto
apenas como uma engrenagem da desumana máquina, reduzido a
sua ocupação funcional e impedido de realizar suas potencialidades
humanas. Essa educação alienada e alienante forma os futuros
trabalhadores como seres especializados, desinteressados dos
resultados do seu trabalho para a sociedade, preocupados apenas
com o salário no fim do mês. Uma educação voltada para a
produção, e o trabalho como um fim em si mesmo, mero meio de
subsistência. (TERRA, 2014, p. 70).
Antônio Gramsci (1871 a 1937) – filósofo e jornalista – Para Gramsci a educação
intelectual é direito de todos e não somente para os filhos da classe dominante. O
modelo de escola para Gramsci idealizava um ensino público, gratuito,
humanístico que pudesse contemplar tanto a instrução técnica/profissional
quanto a formação propedêutica que abrange a instrução científica, literária e
filosófica. Opunha-se aos modelos de escolas elitistas e utilitaristas, uma vez que a
primeira privilegiava a classe dominante, enquanto a segunda formava as massas
para o trabalho braçal.
Anton Makarenko (1888 a 1939) – seu ideal era que a escola fosse uma
coletividade igualitária, participativa e solidária. Trabalhava com crianças e jovens
recolhidos das ruas e acreditava que, ao mesmo tempo em que a escola deveria
permitir a liberdade e individualidade dos internos, deveria exercer uma disciplina
rígida. A escola tinha um projeto: a construção do Socialismo na União Soviética
István Mészáros (1930-2017) – Para o filósofo a educação precisa estar a serviço
77
do desenvolvimento da consciência socialista. Cita dois conceitos (utilizados em
prol do capitalismo) que são centrais e necessários para a compreensão de seu
projeto às críticas contra o capitalismo: a doutrinação e a internalização. A
doutrinação, na concepção do autor, é a tentativa da educação pelo olhar do
“capital” para fazer-se acreditar que o capitalismo é o único regime possível,
ainda que alienante. Já a internalização, segundo o filósofo, atua nos indivíduos,
no sentido não só da aceitação do capitalismo (como regime vigente), mas para
legitimá-lo, incorporando-o ao cotidiano, o que conta com os aparelhos
ideológicos do Estado, sobretudo das instituições que promovem o ensino formal
(a escola), para a reprodução do discurso da classe dominante.
5.3 CONCEPÇÃO PSICOLÓGICA
Foi citado, nesta Unidade, a “Reprodução Social” em virtude da abordagem da
Concepção Pedagógica Socialista. Para que você, aluno, entenda melhor, consulte o
livro: Bourdieu & a Educação dos autores Maria Alice Nogueira e Cláudio M. Martins
Nogueira (2009) no capítulo IV – “A escola e o processo de reprodução das
desigualdades sociais” . Disponível em: https://bityl.co/6Vfj. Acesso em: 20 fev. 2021.
A mecanização da educação foi um ideal difundido pelo educador Comenius como
abordado na unidade anterior, mas também tratado na presente unidade como “a
educação voltada para o atendimento das demandas da divisão do trabalho
capitalista”. Para que você, aluno, compreenda melhor a mecanização, sugere-se o
filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin.
Acesso em: 15 fev. 2021.
78
Defende a criança como o centro do processo educacional, a partir do qual
devem ser consideradas as etapas de seu desenvolvimento físico e psicológico.
Dentro dessa concepção, destacam-se correntes como a Escola Nova originada a
partir do movimento escolanovismo que buscava a superação do modelo
tradicionalista de educação (que tem como método a memorização dos
conteúdos, a passividade do estudante que recebe os ensinamentos do professor,
sendo este o detentor do saber, que apresenta os conteúdos a partir de aulas
expositivas).
1. A Escola Nova - tinha o objetivo de promover uma educação liberal que
contemplava o desenvolvimento da personalidade do estudante, por meio de sua
participação efetiva no processo de Ensino e de Aprendizagem. Alguns teóricos
contribuíram para a propagação das novas ideias pedagógicas:
John Dewey (1859-1952) – Filósofo e Pedagogo: autor das ideias pedagógicas que
originaram o movimento da Escola Nova. A partir de sua tese de doutorado que
contou com referências como Kant e Hegel, defende que o ensino precisa aliar
teoria à prática, ideia concebida a partir do pragmatismo. Atualmente o teórico
é referência para a Pedagogia de Projetos que enfatiza o “Aprender fazendo”
como desenvolvimento de competências no cotidiano escolar. A partir desse
pensamento dizia que a escola não prepara o aluno para a vida, mas ela é a
própria vida, a partir da qual as vivências devem ser valorizadas para o
desenvolvimento da capacidade prática. De acordo com (TERRA, 2014), vale
destacar que Dewey vivencia grandes mudanças na sociedade dos Estados
Unidos, a partir da guerra civil entre1861 a 1865: as cidades se modificam pela
industrialização acelerada e a chegada de trabalhadores que migram do campo
em busca de uma vida melhor. Esta época foi marcada, também, pelo fim da
escravidão.
Jean-Ovide Decroly (1871 a 1932); ênfase no “Aprender a aprender” através de
centros de interesse.
Maria Montessori (1870-1952) na Itália - destaca-se o ambiente que deve ser
apropriado à criança, prestigiando a educação dos sentidos.
2. Pedagogia Não Diretivas. A função desta pedagogia é a de facilitar a
aprendizagem sem a direção do professor, mero facilitador, que permite ao aluno
79
vivenciar a sua própria experiência:
Alexander Neill (1883-1973) - fundador da escola Summerhill na Inglaterra – a escola
não seguia os parâmetros exigidos por lei: as crianças são livres para vivenciarem
suas emoções e instintos.
Carl Rogers (1902-1987) – defende a relação entre as pessoas para que se
desenvolvam, uma vez que o ato educativo é relacional.
3. Pedagogia Cognitiva. Grandes teóricos pesquisadores deram importância a três
dimensões importantíssimas para o entendimento do desenvolvimento da criança
em suas diversas fases da vida e de como ela aprende: a motora, a afetiva e a
cognitiva. Citamos alguns teóricos e suas contribuições para esta concepção de
educação.
Jean Piaget (1896-1980) - Epistemologia Genética: que investiga o desenvolvimento
cognitivo do indivíduo desde o nascimento até a adolescência.
Para a efetiva aprendizagem devem ser considerados:
As fases do desenvolvimento da criança;
Os pré requisitos de conteúdos a serem trabalhados;
O conhecimento prévio do estudante;
Máxima: “O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os
resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver
e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola”.
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) – Avaliar a criança a partir da Zona de
Desenvolvimento Proximal – ZDP, ou seja, considerar a zona real e a zona potencial
de aprendizagem.
Máxima: “Para compreender a linguagem dos demais não é suficiente
compreender as palavras, é necessário entender seu pensamento”.
Henri Wallon (1879-1962) – valorizou a afetividade no processo de aprendizagem.
Máxima: “A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos
dirigidos a elas”.
David Paul Ausubel (1918 – 2008) – Aprendizagem significativa.
Máxima: Se eu pudesse reduzir toda a psicologia educacional a uma só frase,
80
eu diria isto: o fator mais importante que influencia a aprendizagem é o que o
estudante já sabe. Verifique isso e ensine de acordo.
5.4 CONCEPÇÃO TECNOLÓGICA
Defende os meios e os métodos do trabalho educativo. O teórico que se
destacou foi:
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) – elaborou uma teoria do condicionamento e
da aprendizagem, a partir de estudos e experimentos sobre o comportamento
humano, estabelecendo meios de torná-lo previsível. Para este pesquisador, a
função do professor na sala de aula é conduzir um adequado programa de
estudo, de modo que o comportamento desejável do aluno seja
convenientemente reforçado. A proposta é que o controle do comportamento
educacional do aluno será feito por meio de uma forma de ensino, a partir da qual
o aluno recebe recompensas imediatas a cada resposta desejada. Skinner
recebeu críticas devido ao caráter mecanicista da pedagogia proposta, uma vez
que a educação se reduz à mera aquisição de ensinamentos preestabelecidos, o
que não promove o desenvolvimento da capacidade crítica do aluno,
desfavorecendo, também, as relações afetivas entre professor e aluno.
83
1. Diversas são as possibilidades de se reconhecer e categorizar as concepções
pedagógicas que pautaram e ainda pautam o fazer escolar no Brasil. Mas há
vários pontos de confluência nas classificações feitas pela literatura especializada.
Acerca dessa temática é correto afirmar que:
a) A Escola Nova no Brasil teve seu início após a aprovação da Constituição Federal
de 1988, que consagrou novos direitos e ampliou o papel da educação em nosso
país, e tem por foco a educação para a democracia.
b) A pedagogia tradicional, também conhecida por reprodutivista, tem por escopo
a manutenção das tradições culturais, com forte ênfase no ensino das
linguagens.
c) As pedagogias liberais têm a liberdade em sua essência, incentivando a escola
a se libertar de currículos oficiais e a produzir, autonomamente, suas próprias
diretrizes para o processo de ensino-aprendizagem.
d) A pedagogia tecnicista privilegia excessivamente a tecnologia educacional e
compreende os professores e os alunos como executores e receptores da
proposta educativa, normalmente elaborada com pouco vínculo com o
contexto social a que se destina.
e) A pedagogia histórico-crítica parte da história como a base de todo o
conhecimento e, por isso, centraliza o currículo a partir do ensino da história em
cada um dos campos de conhecimento e das diversas disciplinas.
2. (CONCURSO, 2016) A partir das décadas de 60 e 70, diversos teóricos, por
diferentes caminhos, chegam à conclusão que a escola está de tal forma
condicionada pela sociedade, dividida em classes, que, ao invés de
democratizar, reproduz as diferenças sociais, perpetuando o status
quo. (ARANHA,1996, p. 176).
Essa teoria está representada na concepção:
a) Socialista.
b) Capitalista.
84
c) Não diretiva.
d) Crítico-reprodutivista.
e) Tecnicista.
3. Sobre as distintas concepções de educação ao longo da história, numere a
coluna da direita de acordo com sua correspondência com a coluna da
esquerda:
1) João Amos Comenius.
2) Jean Jacques Rousseau.
3) Johan F. Herbart.
4) Paulo Freire.
I. As instituições educacionais corrompem o homem e tiram a liberdade. Para a
construção do homem e da nova sociedade, é preciso educar a criança de
acordo com os princípios da natureza, formando seus sentidos e a racionalidade
para a liberdade e capacidade de discernimento.
II. A escola deve incentivar a discussão de temas sociais a partir dos quais o professor
e os alunos agem em conjunto, sustentada em uma concepção dialética em que
o docente e o discente aprendem juntos dinamicamente, por meio de uma
prática orientada pela teoria e de processos constantes de troca de ideias entre
professor e aluno.
III. A prática escolar deve imitar os processos da natureza. Nas relações entre
docente e discente, os interesses da criança devem ser considerados. A
organização do tempo e do currículo deve considerar os limites do corpo e a
necessidade, das crianças e dos adultos, de ter outras atividades.
IV. O objetivo maior da educação é a moralidade, em um processo no qual o
professor é o arquiteto da mente dos alunos. Assinale a alternativa que apresenta
a numeração correta da coluna da direita, de cima para baixo.
a) 4 – 3 – 2 – 1.
b) 2 – 4 – 1 – 3.
c) 1 – 2 – 4 – 3.
d) 4 – 3 – 1 – 2.
e) 2 – 4 – 3 – 1.
85
4. (ENADE) Você e seus colegas de escola estão discutindo as contribuições de
alguns filósofos para a educação, entre as quais a teoria educacional de Dewey,
que destaca a noção de que:
a) A educação é um processo que deve romper com os limites que a ordem
institucional impõe à escola.
b) A brutalidade presente no homem é causada por sua inclinação para a
liberdade, e isto requer polimento.
c) O ensino e, por conseguinte, o aprendizado, deve partir dos conceitos morais
e intelectuais.
d) O homem tem necessidade de cuidados e formação, sendo que esta
compreende, além da disciplina, a instrução.
e) O importante para a criança e para o adulto é o aprendizado de como lidar
com a mudança constante.
5. (CONCURSO UFCG 2019) No percurso da educação brasileira, na década de
1970, junto à presença da tendência tecnicista, surgiram estudos empenhados
em fazer a crítica da educação dominante, pondo em evidência as funções
reais da política educacional que, entretanto, eram acobertadas pelo
discurso político pedagógico-oficial. Esses estudos podem ser agrupados sob
a égide de uma:
a) Tendência tradicional.
b) Tendência escolanovista.
c) Tendência crítico-reprodutivista.
d) Tendência construtivista.
e) Tendência positivista.
6. (IBGE – 2016 - Pedagogo) Marque a alternativa referente ao teórico que
defendeu a ideia de que “a escola, como todas as outras instituições sociais,
atua no cotidiano dos homens, e é a partir da dicotomia `mudanças versus
conservação` que ela deve ser analisada; além disso, a alienação e os
preconceitos também se destacam como dois elementos básicos que
contribuem para reprodução da sociedade capitalista no cotidiano”.
86
a) Karl Marx.
b) Auguste Comte.
c) Max Weber.
d) Émile Durkheim.
e) Karl Mannheim.
7. Dalben e Castro (2010), na obra A relação pedagógica no processo escolar:
sentidos e significados, realizam uma contextualização histórica da relação
pedagógica na escola.
No que se refere à relação pedagógica no contexto da Escola Nova, é correto
afirmar que a(o):
a) Objetivo maior da relação pedagógica escolar é repassar os conhecimentos
considerados verdadeiros e corretos e controlar os significados e os valores sociais
e culturais das pessoas.
b) Relação pedagógica inspirada na interação entre os sujeitos e destes com o
mundo é apontada como base da produção do conhecimento escolar, e a
ação do professor se fundamenta nas experiências pessoais e subjetivas dos
alunos.
c) Sistema educacional como um todo e a relação pedagógica escolar são
impregnados pela racionalidade técnica do trabalho produtivo. A questão
educativa é enfocada como um ajustamento individual e harmônico dos sujeitos.
d) Relação pedagógica defendida por essa proposta situa o conceito de diferença
como fundamental para sua compreensão; desse modo, o principal foco da
relação pedagógica torna-se o reconhecimento de cada um na sua
individualidade.
e) Todas as alternativas estão corretas.
8. No que se refere ao Quarto Período (1969 a 2001) da História das Ideias
Pedagógicas no Brasil, Dermeval Saviani o considera como aquele em que se
configurou a concepção pedagógica produtivista. Nessa perspectiva de análise,
o autor caracteriza as concepções pedagógicas de acordo com o contexto
histórico. Diante disso, qual assertiva a seguir corresponde à análise de Saviani
87
(2008)?
a) Com base no pressuposto da neutralidade científica e distante dos princípios
da racionalidade, a pedagogia produtivista advoga a reordenação do
processo educativo de maneira que o torne subjetivo.
b) Enquanto na pedagogia tradicional o elemento principal passava a ser a
organização racional dos meios; na pedagogia tecnicista, a iniciativa cabia
ao professor, que era o sujeito do processo.
c) Com a aprovação da Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971, buscou-se
estender essa tendência produtivista por meio da pedagogia tecnicista, na
qual a organização do processo converte-se na garantia da eficiência.
d) Do ponto de vista pedagógico, conclui-se que, se para a pedagogia
tradicional, a questão central é aprender a fazer; na pedagogia nova, o que
importa é aprender; e ainda, na pedagogia tecnicista, o que prevalece é o
aprender a aprender.
e) Todas as alternativas estão corretas.
88
A EDUCAÇÃO NO ANO DE 2020
EM MEIO À CRISE DE UMA
PANDEMIA
Nesta unidade será discorrido sobre o Ensino Remoto, fruto de uma educação
que se constituiu emergencial devido à pandemia do Coronavírus. Será apresentada
uma pequena abordagem acerca do Ensino Híbrido que já vem sendo discutido e
experimentado há mais de 20 anos e que agora tem a oportunidade de se adequar
à nova realidade do século XXI:
No início do ano de 2020 o mundo foi surpreendido por uma pandemia de um
vírus altamente contagioso e letal, o covid-19, o que obrigou a sociedade à
mudança brusca de conduta e comportamento. O primeiro caso de contágio pelo
vírus SARS-CoV2, foi identificado em Wuhan, na China, no final de dezembro do ano
de 2019. Desde então, os casos começaram a se espalhar rapidamente pelo mundo
a partir do continente asiático, espalhando-se para os demais.
Em fevereiro de 2020 identificou-se o primeiro caso no Brasil, mais
especificamente no estado de São Paulo. Então, pela propagação rápida do vírus à
toda população mundial, em março do mesmo ano, definiu-se o surto da doença
como pandemia pela OMS - Organização Mundial da Saúde.
A pandemia influenciou, negativamente, todos os setores da vida dos
cidadãos do mundo que, contra a sua vontade, viram-se obrigados ao confinamento
no interior de seus lares, impedidos da vivência em sociedade até mesmo para o
trabalho. As relações sociais se alteraram, muitas empresas encerraram as suas
atividades por não conseguirem se autosustentarem diante do cenário que a
pandemia causou. As escolas tiveram que suspender as suas atividades presenciais
e a educação precisava, a partir de então, mudar a sua modalidade de ensino para
alcançar o seu público, agora ausente das dependências físicas das instituições
escolares.
No Brasil, os esforços foram empreendidos por parte dos entes federados,
estados e municípios, em busca de soluções tecnológicas. Reguladas por decretos e
resoluções, as secretarias de educação adotaram o caráter de ensino remoto, a
partir do qual as escolas se organizaram de forma emergencial para a capacitação
UNIDADE
06
89
do corpo administrativo e docente, no sentido de prestar todo o apoio necessário às
famílias dos alunos.
6.1 AS DIFICULDADES DAS ESCOLAS PELA ADOÇÃO EMERGENCIAL DO
ENSINO REMOTO NO BRASIL
A proposta de ensino remoto, a princípio, demonstra ser uma solução eficaz
para o problema, tendo em vista que o aluno terá toda a assistência necessária, uma
vez que os responsáveis se encontram confinados, também em casa, muitos
trabalhando em regime home office. No entanto, dificuldades são evidenciadas,
principalmente para os alunos das instituições públicas que se esbarram na falta de
infraestrutura para a adequação ao novo formato de ensino. Os desafios são
incontáveis, começando pela própria escola que tem a missão emergencial de
readequar a sua proposta pedagógica a partir de reuniões e planejamentos diários
e ou semanais. Outra dificuldade identificada diz respeito ao corpo docente, muitos
professores ainda não têm afinidade com as ferramentas digitais, necessitando,
portanto, de capacitação pela própria escola que se desdobra para dar conta de
toda demanda que ainda é desconhecida para todos: um grande desafio para
“aprender a aprender” em caráter emergencial.
O momento obriga a se pensar em um ensino remoto emergencial: remoto
porque acontecerá à distância e necessitará de replanejamento das ações de
Ensino e de Aprendizagem para que os objetivos educacionais sejam alcançados;
emergencial porque o ano letivo não pode ser interrompido, quando há um
calendário a ser cumprido. O que precisa ficar claro para todos os envolvidos nesse
processo (escola, família, alunos) é que a nova modalidade de ensino e de
aprendizagem, ainda que à distância, não significa a adoção da EaD nas escolas,
sendo esta modalidade de ensino regida por legislação própria.
O momento é de desafio extremo em um país que ainda não superou os
problemas decorrentes do analfabetismo funcional, vê-se agora obrigado a ter que
exigir habilidades digitais e recursos próprios de alunos que, em sua maioria, não
contam com celulares e computadores para as novas demandas educacionais. O
trabalho em regime home office em alguns espaços escolares, alterou,
significativamente, a vida dos profissionais da educação, sobretudo do professor que
teve a sua carga horária “ampliada informalmente” em permanecer por importante
90
tempo participando de reuniões pedagógicas, planejando as suas aulas, entrando
nas salas virtuais, orientando e esclarecendo as dúvidas dos discentes que agora,
contam com outras formas de comunicação para as finalidades educacionais,
dentre elas, o whats app, sem contar com as tarefas que já faziam parte de sua rotina
diária: correção de atividades e avaliações, preenchimento de diários de classes,
participação em Conselho de Classe, dentre outras . Uma minoria de docentes pode
contar com capacitações e treinamentos elaborados pela própria rede de ensino,
no entanto, a grande maioria viu-se obrigada a desempenhar o seu papel,
cumprindo todas as exigências impostas, sem sequer receber orientações e diretrizes
claras: muitas vezes o próprio corpo diretivo não detinha as informações a serem
repassadas: a situação é nova para todos que tentam se adequar a um “novo
normal”, imposto pela pandemia.
As escolas particulares com seus recursos próprios e empenho possível dos
familiares adequam-se com maior facilidade, promovendo aulas efetivas em salas
virtuais com a participação ativa do corpo docente: é uma oportunidade ímpar para
o que a BNCC preconiza acerca do protagonismo discente: o aluno agora tem a
oportunidade de exercer a sua autonomia no sentido de organizar os seus horários
para assistir as aulas on line, seja para as aulas síncronas ou assíncronas, buscando os
estudos complementares e realizando as tarefas propostas.
Por outro lado, as escolas públicas, sobretudo das regiões mais carentes,
padecem da falta de recursos materiais e tecnológicos por parte das famílias, mas
também da própria escola. Ressalta-se que, se para o público das escolas
particulares faz-se necessária a adequação à nova realidade (porque ainda que
dispõem de todo o aparato tecnológico e suporte necessário à participação nas
salas virtuais, tudo é muito novo), o que dizer de alunos das escolas públicas que além
de não disponibilizarem dos materiais necessários, têm dificuldades que muitas vezes
não são sanadas pelos próprios familiares?
Importante ressaltar que, ainda que precários, esforços conjuntos foram
empreendidos na tentativa da não interrupção total das atividades educativas nas
instituições escolares, desde as séries iniciais até o ensino superior. Com relação à
Educação Infantil o ensino remoto torna-se complicado, uma vez que nem todas as
famílias dispõem de tempo e condições materiais para a dedicação às atividades
lúdicas propostas, sem contar que o desenvolvimento da criança na fase infantil
depende da interação com seus pares da mesma faixa etária, aliada às atividades
91
lúdicas que garantem o desenvolvimento psicomotor.
6.2 A NOVA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
A relação da família com a escola sempre mereceu o olhar investigativo por
parte de teóricos e pesquisadores, uma vez que se trata de uma relação de parceria,
no entanto bem delicada que precisa ser pautada no respeito e sobretudo na ética.
Os papéis necessitam estar bem definidos, uma vez que cobranças são feitas de
forma equivocada: à família compete o papel de criar/educar a criança e à escola
o papel de ensinar/instruir. Com o ensino remoto devido à pandemia do Covid-19, as
relações se estreitaram, uma vez que o seio familiar passa a ser também a sala de
aula, onde todos os membros da família precisam contribuir com o processo
educativo do estudante, ajudando a sanar as dificuldades apresentadas.
A experiência que o ensino remoto proporciona às famílias, de certa forma,
permite um melhor entendimento do papel que o professor exerce na sala de aula,
uma vez que não há mais a divisão de casa/escola, ou seja, o processo de Ensino e
de Aprendizagem está ocorrendo no espaço do lar, adaptado como sala de aula,
necessitando, também, da mediação de algum responsável. Tal mudança pode
alterar a forma como a família enxerga e se relaciona com a escola, estando, agora,
mais consciente do papel exercido pelo professor.
O pesquisador Henrique Ueyda do Amaral, menciona em um artigo intitulado
“Relação das escolas com as famílias durante a pandemia” realizada pelo Instituto
de Pesquisa Datafolha que, segundo o autor do referido artigo, foi contratada pela
Fundação Lemman e Itaú Social. Amaral acrescenta que o público entrevistado
foram os pais, mães ou os responsáveis pelos alunos das redes públicas de todas as
Para aprofundar seus conhecimentos em Ensino a Distância, verifique o livro “História da
Educação” da organizadora Márcia de Lima Elias Terra, aborda sobre o assunto na
Unidade 4, página 157. Disponível em: https://bityl.co/6VhX. Acesso em 26 fev. 20.21
A Lei 9.394 de 1996 – Artigo 80, é o regulamentador do Ensino a Distância no Brasil.
Disponível em: https://bityl.co/6Vhi. Acesso em 27 fev.2021
E o Decreto 9.057 de 2017 respalda o exposto no artigo 80 da Lei 9.394/96. Disponível
em: https://bityl.co/6Vho. Acesso em 27 fev.2021
92
regiões do Brasil. O artigo data de 11 de agosto de 2020 e está publicado no site
Camadas Educacionais, cujo acesso foi realizado em 26 de fevereiro de 2021. O
resultado da pesquisa foi representado em gráfico de pizza, o qual apresenta o
resultado que revelou, segundo os professores entrevistados, aumento da
participação da família durante determinado período do Ensino Remoto:
Figura 14: Relação escola família pandemia
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ukX82Y. Acesso em: 26 fev. 2021.
Pela análise do gráfico o relacionamento entre a família e a escola teve uma
melhora considerável, no entanto o pesquisador alerta para o fato de que a pesquisa
revelou também que 44% dos pais queixavam-se por não ter recebido orientações
suficientes para acompanharem os seus filhos.
6.3 ENSINO HÍBRIDO: UMA NOVA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO?
A educação bancária, característica da tendência tradicional de educação
foi e ainda é criticada por muitos teóricos e pesquisadores da educação, dentre eles
Leia o artigo: Estratégias educacionais durante a pandemia no Brasil do professor e
pesquisador Henrique Ueyda do Amaral, o qual aborda aspectos importantes e relevantes
acerca da educação na pandemia. Disponível em: https://bit.ly/3ukX82Y. Acesso em 26
fev. 2021.
93
Paulo Freire, conforme deixa claro na afirmação: “Saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção” (FREIRE, 1996). Assim como Paulo Freire, muitos pesquisadores, ao longo
da história da educação no mundo, contribuíram para o entendimento da
necessidade da interação e do protagonismo do estudante para que a educação
aconteça de forma efetiva e significativa. A imagem, a seguir, mostra o estudante
como a peça principal de uma engrenagem, representada aqui, pela educação:
todos os esforços precisam se direcionar ao estudante que é a razão da existência
da instituição escola.
Figura 15: Engrenagens do Processo Educativo
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ur1Jka. Acesso em: 26 fev. 2021.
Diante das transformações ocasionadas pela pandemia do Covid-19, a
educação tem conseguido permanecer ativa, em muitas redes de ensino, graças ao
uso das tecnologias digitais que tornaram possível a implantação do Ensino Remoto,
ainda que precariamente. É patente que a educação sofrerá mudanças na forma
como a escola se constituiu. Pesquisas disponibilizadas por algumas instituições
pesquisadoras que promovem estudos na área educacional já comprovam a
tendência do novo modelo de educação, a saber: o Ensino Híbrido. No entanto a
realidade socioeconômica brasileira pode acentuar ainda mais as desigualdades
socioeducativas. Se por um lado a educação está ganhando com o rompimento do
modelo tradicional que insiste em permanecer, mesmo diante de tantas teorias e
pesquisas que comprovam a sua não eficácia, sabe-se muito bem que a maioria da
população brasileira carece de recursos materiais e financeiros para adequação ao
novo modelo híbrido de educação. A proposta é resultado de pesquisas e
94
experimentações há pelo menos uns 20 anos, modelo que já vem sendo implantado
nos Estados Unidos, Europa e alguns países da América Latina.
A área educacional apesar de adotar o modelo tradicional de ensino,
contemplando prioritariamente as aulas expositivas, vem revendo as suas práticas
através de professores pesquisadores que defendem e propõem métodos mais
dinâmicos, capazes de possibilitar uma participação mais ativa dos alunos. Para que
o Ensino Híbrido se torne uma realidade no retorno às aulas presenciais, o corpo
docente precisa estar familiarizado com o que propunham os teóricos já conhecidos
como Paulo Freire em suas obras acerca do combate à educação bancária, John
Dewey que defendia o “aprender fazendo” a partir de projetos de Zabala (1998), que
propõe uma educação pautada no desenvolvimento de habilidades e
competências.
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC que foi homologada pelo então
ministro da educação Mendonça Filho em 20 de dezembro de 2017, indicador de
que esforços estão sendo investidos para uma proposta de educação que adote
uma educação contextualizada, significativa, capaz de contribuir para a formação
integral do estudante, propõe as metodologias ativas, tornando o aluno o
protagonista de suas próprias iniciativas. Desta forma, as metodologias ativas
intencionam dar ao estudante possibilidades diversas para que seu aprendizado
aconteça de forma efetiva. As Metodologias Ativas preconizadas pelo documento
legal visam formar estudantes proativos, protagonistas de seu próprio aprendizado a
partir do desenvolvimento de competências e habilidades tais como a
argumentação, comunicação, cultura digital, empatia, cooperação, pensamento
científico, crítico e criativo, repertório cultural, responsabilidade e cidadania, trabalho
e projeto de vida. Alguns exemplos de metodologias ativas são a Rotação por
Estações, a Rotação Individual, o Laboratório Rotacional e a Sala de Aula Invertida
que pode ser o próprio Ensino Híbrido.
Para os educadores atentos às mudanças que vêm acontecendo ao longo
dos anos e com o advento da Era da Informação, a pandemia proporciona uma
oportunidade de reflexão para entender o que o momento requer: utilizar as
tecnologias em favor da educação em um momento em que existe muita dispersão
a partir de tanta mídia disponibilizada ao público discente e que necessita de
direcionamento com relação ao uso correto das ferramentas digitais:
95
[...] hoje, sofre-se por saturação e por dispersão, pois todo o aparato
sensorial está ocupado e foram entupidas as brechas capazes de
catalisar a experiência. [...] Por isso, assim como acontece com o
aluno no colégio, o usuário midiático atual costuma estar
potencialmente entediado e desatento, não exatamente oprimido
nem reprimido. Não deixa de ser curioso que essa busca incessante
por diversão termine engendrando uma mescla de fastio e ansiedade,
que desemboca numa insatisfação impossível de saciar. “Ver
televisão fragmenta, fissura, não por causa dos valores ruins, mas pelo
tédio que produz; fragmenta porque satura, porque tudo se torna
igual, como acontece no zapping, e não se sabe como sair disso”.
Ademais em contato com tais dispositivos, constrói-se um tipo de
subjetividade bem diferente daquela que germinava na sala de aula.
Assim como a demanda de diversão gera tédio, a hiperconexão
produz desconcentração, como uma reação defensiva ante a
avalanche de informações e contatos. No entanto, o grande
problema surge quando esse efeito – que é também um requisito – do
estilo de vida contemporâneo entra em colisão com as exigências do
dispositivo escolar (SIBÍLIA, 2012, p. 88-89).
Desta forma, o que Paula Sibília aponta nos faz refletir que embora haja o
acesso a todo tipo de informação por meio das mídias, cabe aos educadores
pensarem em utilizar todo o aparato midiático possível para o direcionamento e
filtragem das informações com vistas à formação do alunato, o que tornará as aulas
mais interessantes e motivantes, resultando em uma aprendizagem realmente
significativa, aplicável na vida do cidadão, onde todos saem ganhando. O
estudante da presente era pós contemporânea é considerado o nativo digital (Marc
Prensky, 2001), familiarizado e inserido em um universo midiático que agora, mais do
que nunca necessita do professor mediador para apontar o caminho que o levará à
aquisição do conhecimento pretendido.
96
Sassaki (2020, online) publicou um artigo intitulado “O ensino híbrido será o
legado da pandemia para a educação?” o qual menciona uma análise feita a partir
do Fórum Econômico Mundial trazendo uma reflexão importante acerca da situação
das escolas pós pandemia:
A análise do Fórum Econômico Mundial sobre os possíveis impactos da
pandemia na educação, revela uma mudança imediata: milhões de
pessoas no planeta estão sendo educadas graças à brecha digital
que trouxe novas abordagens pedagógicas via uso de tecnologias.
Implementada como alternativa às salas de aula fechadas, essa via
tecnológica conferiu inovação educacional a um setor que sempre
resistiu aos ventos da mudança; sempre investiu em um modelo de
aulas expositivas. A outra face dessa moeda – sobretudo em um
contexto nacional –, é a possibilidade do aumento do gap digital, ou
seja, a desigualdade socioeconômica pode ser exacerbada,
tornando o acesso educacional de qualidade mais distante no Brasil.
Por isso, é fundamental a atuação do poder público e de
organizações da sociedade civil no combate a essa distorção.
97
O termo Nativo Digital foi cunhado pelo pesquisador Marc Prensky em 2001. Para que
você entenda melhor a análise feita pelo pesquisador que aborda as características
do Nativo Digital e Imigrante Digital, segue o link de seu artigo “Digital natives, digital
immigrants". Disponível em: https://bityl.co/6ViI. Acesso em: 13 fev. 2021.
O artigo “Imigrantes e nativos digitais: um dilema ou desafio na educação?” está
disponível em: https://bityl.co/6ViZ. Acesso em : 13 fev. 2021
98
Como surgiram as metodologias ativas?
Em uma sociedade que evolui tão rápido, cujo mercado de trabalho demanda
profissionais que não possuem apenas competências técnicas (hard skills), como também
as comportamentais (soft skills), o modelo tradicional já não se mostra como o mais
apropriado em todos os casos.
De acordo com o artigo “History & Context for Active Learning”, o termo “aprendizado
ativo” e a ideia correlata de um ensino centrado no aluno, não mais no professor,
começou a atrair interesse entre os educadores entre o final da década de 1970 e o início
da década de 1980.
Curiosamente, porém, cabe aqui um parêntese: Reginald “Reg” William Revans, um
professor acadêmico, pode ser considerado como um pioneiro da aprendizagem ativa,
conceito desenvolvido por ele na década de 1940 de acordo com a Action Learning
Associates.
Embora já sejam debatidas há um bom tempo, as metodologias ativas ganharam
bastante destaque recentemente. Afinal, colocar os alunos na posição de protagonistas
é algo bem mais próximo das exigências do mercado de trabalho e da própria vida
estudantil atual. Isso fica evidente com o Ensino Híbrido como uma solução para o retorno
às aulas presenciais e certamente se manterá como uma grande força mesmo depois que
a situação se normalizar, dada a maior responsabilidade que o aluno passa a ter em sua
aprendizagem.
Em uma situação nova, em que encontros assíncronos, conteúdos disponibilizados em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) e diferentes métodos avaliativos passaram a
fazer parte da rotina, as metodologias ativas são simplesmente indispensáveis.
Os professores, por sua vez, atuam como facilitadores do conhecimento, não como
protagonistas. Eles orientam os alunos com questões e incentivos para colocar os
estudantes, realmente, como os personagens principais do processo de aprendizagem.
99
A unidade discorreu sobre o “Ensino Híbrido Metodologias Ativas”, tendência para a
Educação na era pós-contemporânea. Para que você, caro aluno, entenda melhor sobre
o tema, sugerimos o vídeo a seguir:: https://bityl.co/6Viq https://ytube.io/3H5o
https://ytube.io/3H5p
O mundo inteiro tem investido esforços para que a vacinação contra a Covid-19
aconteça o mais rápido possível para a volta à normalidade, sobretudo as escolas. Ao
chegar no final da Unidade 6, e com base em tudo o que você aprendeu durante a
disciplina História da Educação, reflita: A educação, após o retorno às aulas presenciais
continuará com o mesmo formato pré pandemia?
100
1. Conforme abordado na Unidade 6, a pandemia do Covid-19 alterou a rotina do
cidadão mundial. Empresas, comércios e instituições escolares tiveram que
estudar, em tempo record o replanejamento de seu funcionamento. Sabemos que
a escola tem um caráter peculiar cuja dinâmica afeta a vida de crianças,
adolescentes e jovens. Para que este público não sofresse a ruptura em seu
percurso educacional, secretarias de educação demandaram esforços para a
garantia da continuidade das atividades, ainda que de forma remota.
FONTE: http://www.andes.sindoif.org.br/2020/04/02/ifrs-lanca-regulamento-sobre-trabalho-remoto/
Observe atentamente a imagem, acima, e responda a questão que julgar a
mais correta para o contexto apresentado:
a) O professor nada sofreu com a pandemia do coronavírus, uma vez que sempre
contou com a tecnologia como recursos didáticos para o planejamento de suas
aulas.
b) Com o Ensino Remoto os professores estão com o tempo favorável à pesquisa e
formação continuada autônoma, o que tornarão suas aulas mais ricas e
interessantes.
101
c) O ensino remoto chegou para ficar, foi muito bem assimilado por todas as redes
de ensino público, uma vez que as escolas sempre receberam os recursos materiais
necessários à nova realidade, o que foi essencial para o atendimento aos
professores e às famílias mais carentes.
d) Com o processo de Ensino e de Aprendizagem acontecendo de forma remota, o
professor está mais atento à participação dos alunos que interagem bem, uma vez
que são nativos digitais e possuem habilidades e acesso às tecnologias.
e) O Ensino Remoto tem ressignificado as práticas pedagógicas, impactando não
só as crianças, adolescentes e jovens, mas sobretudo o professor que vê-se
duramente afetado com o excesso de trabalho para além da carga horária
contratada para a realização de seu ofício.
2. “Na perspectiva desse processo eficiente e personalizado de aprender, o Ensino
Híbrido funciona como um motor que alimenta a inovação e aquisição de
conhecimento dentro e fora da escola”. Sassaki, 2020
Fonte: https://educaethos.com.br/
ensino-hibrido-quais-os-beneficios-e-desafios-desse-modelo/
A frase acima, citada por Sassaki, pesquisador da área de Educação Inovadora,
faz referência ao Ensino Híbrido, modalidade de educação tão discutida durante
o ano de 2020. Sobre o Ensino Híbrido é correto afirmar:
a) Trata-se de uma nova modalidade de ensino, sendo obrigatória a sua
102
implantação nas escolas, a partir do ano de 2021.
b) O Ensino Híbrido propõe aulas totalmente à distância nos moldes da EaD;
c) As metodologias ativas podem contar com o Ensino Híbrido como forma de
planejar o trabalho pedagógico diário: o aluno conta agora com aulas síncronas
e assíncronas.
d) No Ensino Híbrido o professor continua sendo o detentor do saber que dá aulas
expositivas, todos os dias, enviando atividades extra escolares através dos meios
digitais, onde o aluno as realiza on line, facilitando as correções pelo professor.
e) O Ensino Híbrido irá promover o escalonamento dos estudantes nas escolas, o que
facilitará o trabalho do professor, podendo dar maior atenção em uma classe
com menor número de alunos.
3. Analise a imagem abaixo:
Fonte: https://www.edifyeducation.com.br/blog/
o-papel-da-familia-e-sua-relacao-com-a-escola-no-ensino-remoto/
“Ao contrário dos professores que acreditam que os pais é que devem ir à escola mostrando-
se interessados pelo desenvolvimento de seus filhos e pela relação entre família e escola,
Tancredi e Reali (2001), Reali e Tancredi (2002), Caetano (2004) acreditam que a construção
da parceria entre escola e família é função inicial dos professores, pois eles são elementos-
chave no processo de aprendizagem. Dada a formação profissional específica que têm, as
tentativas de aproximação e de melhoria das relações estabelecidas com as famílias devem
partir, preferencialmente, da escola, pois ´transferir essa função à família somente reforça
sentimentos de ansiedade, vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os
especialistas em educação’ (Caetano, 2004, p. 58).” (Oliveira e Araújo-Marinho, 2010) Consulta em: https://bityl.co/6Vk8. Acesso em: 16 jan.2021.
103
Com base no que você aprendeu na Unidade 6 e de acordo com o texto acima,
marque a alternativa correta:
a) A família sempre esteve presente na escola, participando ativamente da vida
escolar de seus filhos, acompanhando o seu desenvolvimento e estabelecendo
um diálogo saudável com a direção da escola e seu corpo docente;
b) A relação família-escola enfrenta algumas dificuldades no entendimento de seu
papel com relação ao aluno, cuja família delega, muitas vezes, o ato de educar
aos professores;
c) A situação vivenciada pela pandemia do covid-19 aproximou a família da escola
alterando, significativamente, as relações que eram excelentes pelas atribuições
já bem delimitadas;
d) A família, a partir do ensino remoto adquire um papel relevante na vida do
estudante pois assume o papel do professor, ensinando os conteúdos enviados
pela escola, passando o professor a exercer o papel de tutor.
e) A situação vivenciada pela pandemia esclareceu definitivamente um equívoco
que persistia desde a institucionalização da escola: a família reconhece e assume
o seu papel de criar os filhos, formando o seu caráter a partir da ética para uma
vida em sociedade.
4. A pandemia do Coronavírus pegou todo mundo de surpresa, obrigando as
escolas a se adequarem a uma nova modalidade de educação: o Ensino
Remoto. Tal iniciativa foi uma emergência para tentar manter as crianças, os
adolescentes e os jovens ligados às escolas, buscando alternativas para que o
ano letivo acontecesse sem interrupção. No entanto, sabemos que, embora
muitos profissionais da educação já estejam considerando tal iniciativa como
Ensino Híbrido, as realidades são bem diferentes, sendo que o Ensino Remoto pode
ser o marco para que o Ensino Híbrido seja implantado definitivamente nas
instituições educacionais de ensino formal.
104
Fonte: google
Com base no que você aprendeu na Unidade 6 e estudos complementares,
assinale a alternativa correta com relação ao Ensino Híbrido, tendência da
educação pós pandemia.:
a) Segue a mesma metodologia e legislação do Ensino a Distância - EaD
b) Consiste somente em planejar aulas on line para que o aluno assista em casa e
faça as atividades enviadas pelo professor.
c) O Ensino Híbrido faz parte das metodologias ativas que requerem a formação
continuada dos professores para lidarem com as tecnologias digitais a fim de
proporcionarem alternativas de aprendizagem, a partir das quais acontecerão
aulas síncronas e assíncronas.
d) É o Ensino Remoto que foi implantado no ano de 2020, nova modalidade de
ensino, onde o estudante está vinculado a uma escola, conta com todo o
acompanhamento da equipe pedagógica e docente, mas permanece
estudando somente em casa.
e) Todas as instituições escolares deverão adotar o Ensino Híbrido ainda no ano de
2021.
5. (ENADE, 2017) A identidade e o papel docente têm se alterado ao longo dos anos.
O entimema que concebe o professor como aquele ser que seduz, que encanta
105
pelo conhecimento, tem ficado apenas na memória dos professores. Na Idade
Média, o entimema que se consolidou foi o do professor sacerdote, que professava
uma fé. Na Idade Moderna, o entimema que identificava o professor como aquele
que tinha o poder de interferir na mobilidade social de seus alunos e era capaz de
possibilitar ascensão para aqueles que dispunham a dedicar-se ao trabalho
acadêmico. Na Idade Mídia, o papel do professor está subsumido de valor e, na
grande maioria das vezes, o professor aparece retratado de forma caricaturada.
O fracasso dos alunos é estampado nos meios de comunicação e aponta que os
professores não conseguem cumprir o seu papel social.
Com base no texto, avalie as afirmações a seguir:
I. O trabalho do professor foi modificado ao longo da história, bem como seu status
profissional.
II. Na Idade Média predominou a laicidade do magistério
III. O trabalho do professor na Idade Moderna foi marcado pelo entimema da
doação ao outro, visando à salvação dos alunos.
IV. O trabalho do professor na Idade Mídia é pautado na inserção das tecnologias e
nas relações da sociedade.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II, III.
e) I, II e IV.
6. Em relação ao uso de tecnologias digitais no processo ensino e aprendizagem, leia
as afirmações a seguir e marque (V) (para as VERDADEIRAS) ou (F) (para as
FALSAS).
I. Com a utilização de tecnologia em sala de aula o professor assume um papel
secundário no processo de ensino e aprendizagem.
II. A Internet é muito útil para a realização de pesquisas acadêmicas, de onde o
aluno pode copiar livremente qualquer conteúdo sem citar autoria ou fonte.
106
III. O uso de recursos multimídia, como imagens, sons e vídeos, quando bem
aplicados, fornecem um meio mais atraente de aprendizagem.
IV. A simples utilização de um computador pelo professor, por si só, já garante a
melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
a) F, V, F, V.
b) V, F, V, F.
c) F, V, V, V.
d) V, V, F, F.
e) F, F, V, F.
7. Quando o assunto é informática educativa, podemos tratar de materiais
educacionais que permitem a interação do aluno com conteúdos e exercícios
disponíveis em meio digital de modo a complementar uma situação de
aprendizagem, vinculando, para sua utilização, uma avaliação prévia para verificar
se está adequado ao conteúdo pretendido, bem como ao público-alvo.
Marque a alternativa CORRETA que corresponde à nomenclatura do tipo de material
educacional definido:
a) Portal.
b) Hardware.
c) Ensino híbrido.
d) Ambiente virtual de ensino e aprendizagem.
e) Objetos de aprendizagem.
8. Nos cursos presenciais da educação profissional tecnológica e mesmo no ensino
superior, muitas instituições fazem uso de um ambiente virtual de ensino e
aprendizagem para auxiliar na mediação docente. Nesse momento temos
vinculado à educação presencial, ferramentas e potencialidades do ensino a
distância. As ferramentas de comunicação, disponibilizadas no referido ambiente
virtual podem ser classificadas de duas formas (síncronas e assíncronas Coluna A), e
possuem vários exemplos (Coluna B).
107
Coluna A
I) Síncronas.
II) Asssíncronas.
Coluna B
( ) E-mail.
( ) Fórum.
( ) Chat.
( ) Lista de discussão.
( ) Webconferência.
( ) Blog.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação, de cima
para baixo.
a) II, II, I, II, I, II.
b) I, I, II, I, II, I.
c) II, I, II, I, II, II.
d) I, II, II, II, I, II.
e) II, I, I, II, I, I.
108
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01
UNIDADE 02
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E
UNIDADE 03
UNIDADE 04
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 C
UNIDADE 05
UNIDADE 06
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 A
109
REFERÊNCIAS
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Moderna, 2010.
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Legado educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2006. p.
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TERRA, M. D. L. E. História da Educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da F. Rosa. Porto
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