FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
FRANCISCO JOSÉ DE ARAÚJO PEREIRA
CRIME PASSIONAL: ELEMENTOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA
CABEDELO - PB 2017
FRANCISCO JOSÉ DE ARAÚJO PEREIRA
CRIME PASSIONAL: ELEMENTOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA
Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo Científico apresentado a Coordenação do Curso de Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Área: Direito Penal. Orientador: Profº Ms. Arnaldo Sobrinho de Morais Neto
CABEDELO - PB 2017
FRANCISCO JOSÉ DE ARAÚJO PEREIRA
CRIME PASSIONAL: ELEMENTOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA
Artigo Científico apresentado a Coordenação do Curso de Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.
APROVADO EM ___/___/ 2017.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________ Profº Ms. Arnaldo Sobrinho de Morais Neto
ORIENTADOR -FESP
________________________________________________ Profª Ms. Maria do Socorro da S. Menezes
MEMBRO-FESP
________________________________________________ Profº Ms. Rafael Pontes Vital
MEMBRO-FESP
AGRADECIMENTOS
Primeirissimamente à Deus, por me conceder forças para seguir em frente,
mesmo diante de inúmeros obstáculos, por me abençoar por essa conquista.
À minha ilustríssima e bondosa mãe Maria José de Araújo Pereira e ao meu
amado e saudoso pai Francisco das Chagas Pereira (in memoriam) por me
ensinarem que o estudo é a maior herança que eles poderiam oferecer, que eu só
alcançaria meus sonhos através de muito esforço.
À minha esposa Denise Coriolano de Oliveira Pereira e meus filhos Francisco
José de Araújo Pereira Filho, Fernanda Maria de Oliveira Pereira e Amusa Helena de
Lima Pereira, pela paciência das ausências e em especial a essa última que tanto
me incentivou e compartilhou momentos difíceis no curso acadêmico, o seu apoio
juntamente com o de minha mãe incondicionalmente me propiciou ânimo e força
para vencer e superar todos os obstáculos do bacharelado em direito.
Aos familiares e amigos que de alguma forma me ajudaram nessa jornada,
acreditando no meu potencial.
Ao meu professor, orientador e agora amigo Ms. Arnaldo Sobrinho de Morais
Neto, por ter aceito me ajudar com o pouco tempo que tínhamos.
À todos os professores que me acompanharam durante a graduação, em
especial a professora Ms. Maria do Socorro da Silva Menezes, responsável pela
realização deste trabalho na sua concepção científica e metodológica.
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SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................06
2 O HOMICIDA PASSIONAL AO LONGO DA HISTÓRIA...................................08
3 CRIMINOLOGIA................................................................................................11
3.1 LEI N° 11.340/2006 – LEI MARIA DA PENHA...................................................12
3.2 FEMINICÍDIO.....................................................................................................13
4 ÍNDICES DE CRIMES PASSIONAIS NO BRASIL............................................15
5 ELEMENTOS SUBJETIVOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA..............17
5.1 PAIXÃO E CIÚME..............................................................................................18
5.2 ÓDIO E DEFESA DA HONRA............................................................................19
6 CRIMES PASSIONAIS DE GRANDE REPERCUSSÃO...................................21
6.1 CASO DANIELLA PEREZ..................................................................................21
6.2 CASO PATRICIA AGGIO....................................................................................22
6.3 CASO SANDRA GOMIDE..................................................................................22
6.4 CASO ELOÁ PIMENTEL....................................................................................23
6.5 CASO BRÍGGIDA ROSELY................................................................................23
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................24
REFERÊNCIAS..................................................................................................26
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CRIME PASSIONAL: ELEMENTOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA
FRANCISCO JOSÉ DE ARAÚJO PEREIRA
ARNALDO SOBRINHO DE MORAIS NETO
RESUMO
O trabalho em apreço tem como objetivo o estudo do fenômeno do crime passional à luz do direito penal, sendo analisado os elementos que desencadeiam a violência, através dos elementos subjetivos como a paixão, o ciúme, o ódio e a defesa da honra e sua influência na prática do crime. O estudo utilizará o método descritivo de natureza qualitativa, tendo como base doutrinária, jurisprudencial e normativa. Os parâmetros utilizados da metodologia aplicada foram baseados através de revisão bibliográfica, artigos, tendo como base Lei nº 11.340/2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que abriu caminho para a Lei nº 13.104/2015 que tipifica o feminicídio como qualificadora do homicídio, incluindo-o no rol dos crimes contra a vida previstos no art. 121 do Código Penal Brasileiro. Foram abordados os crimes passionais ao longo da história e a evolução de seus dispositivos legais, bem como os índices de crimes passionais no Brasil e os crimes passionais de grande repercussão como os casos: Daniella Perez, Patrícia Aggio, Sandra Gomide, Eloá Pimentel e Bríggida Rosely. O estudo conclui que, o criminoso passional não mata por amor, e sim, por ódio, ciúme patológico, vingança, sentimento de rejeição, dentre outros sentimentos distorcidos, devendo a legislação estar cada vez mais adequada ao devido tratamento, na aplicação de sanções mais rigorosas, no combate a injustiça praticada há tempos, em especial contra a desigualdade de gênero. PALAVRAS-CHAVE: Crime Passional. Cultura Patriarcal. Conduta Homicida. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente trabalho tem como escopo, o estudo do crime passional e os
elementos de desencadeiam a violência como a paixão, o ciúme, o ódio e a defesa
da honra, elencando seus aspectos gerais, analisando o perfil do criminoso passio-
nal ao longo da história. A prática de crime passional sempre esteve presente na
sociedade, onde em épocas remotas, o adultério era considerado crime passível de
Aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - Fesp, semestre 2017.1. E-mail: [email protected]. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais – Direito. Pós-Graduado em Segurança Pública e Direitos Humanos. Doutorando e mestre em Direito Econômico. Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado da Paraíba. Diretor e Secretário Geral da International Law Association - Brasil. Instrutor de Direitos Humanos e Direito Humanitário pela InternationalRed Cross. Especialista em Técnicas Avançadas de Combate Urbano. Instrutor dos Programas de Capacitação em Polícia Comunitária. Professor das disciplinas Direito da Informática e Direito Constitucional (IESP), Direito Penal (FESP e ASPER), instrutor das disciplinas Gestão de Atividades de Comando e Estado Maior, no Bacharelado em Segurança Pública da PMPB e da disciplina Temas Fundamentais de Segurança Pública, na Pós Graduação da Academia de Polícia Militar do Cabo Branco.
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morte aquelas que fossem flagradas em adultério, por outro lado, a conduta mascu-
lina era protegida, legitimado pela defesa da honra. Devido a predominância patriar-
cal, as mulheres eram completamente submissas aos maridos, onde prevalecia a
figura masculina na autoria da maioria dos casos, sendo seus agentes julgados com
certa benevolência da justiça.
O estudo foi subdividido em cinco seções inter-relacionadas, que buscará
mostrar a conduta do homicida passional ao longo da história, descrevendo o crime,
suas peculiaridades e sentimentos nele envolvidos, apontando as possíveis causas
e circunstâncias que acometem a conduta homicida criminosa, bem como
apresentar a Lei Maria da Penha; o feminicídio; os índices de crimes passionais no
Brasil e os crimes passionais de grande repercussão.
A primeira seção foca a banalidade dos crimes passionais ao longo da história,
apontando que dispositivos como as Ordenações Filipinas legitimava o assassinato
de esposas adúlteras pelo seu próprio cônjuge, reforçando modelo herdado desde a
antiguidade patriarcal, onde o homem sempre teve o domínio integral sobre a mulher,
configurando uma postura de superioridade, discriminação e de violência.
A segunda seção trata do conceito e objetivos do estudo na criminologia
enfatizando a necessidade constante de adaptação as novas ciências, fazendo com
que o crime seja analisado de outra forma, diferente do dogma do direito penal. Será
analisada a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que foi
considerada um avanço significativo na luta das mulheres vítimas de violência
doméstica, que deu inspiração para a criação da Lei 13.104/2015, que passou a
tipificar o feminicídio como qualificadora do homicídio, incluindo-o no rol dos crimes
contra a vida dentro do Código Penal Brasileiro.
O objeto de estudo na terceira seção, são os registros dos assassinatos de
mulheres no Brasil nos últimos anos, onde apenas no ano de 2013, 4.762 foram
assassinadas, destes, 33,2% correspondem a crimes praticados por companheiros
ou ex-companheiros, sendo considerada a cidade João Pessoa a terceira capital do
país com maior incidência de homicídios passionais contra mulheres.
A quarta seção apresenta uma breve síntese sobre os elementos subjetivos
que desencadeiam a violência e a complexidade de traçar o perfil do criminoso
passional, uma vez que cada indivíduo possui um modo de pensar e agir meio a
situações extremas, podendo por influência do meio, estar susceptível a cometer um
crime passional. Será analisada a relação da paixão, o ciúme, o ódio e a defesa da
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honra como elementos opostos que podem ofuscar a razão e o equilíbrio psicológico
do agente.
Na quinta e última seção, são relembrados os crimes passionais de grande
repercussão nacional, dentre eles os seguintes casos: Daniella Perez, Patrícia Aggio,
Sandra Gomide, Eloá Pimentel e Briggida Rosely, observando que as principais
motivações alegadas pelos criminosos, foram o ciúme, influenciado pela suspeita de
traição ou não aceitação do fim do relacionamento.
As considerações finais deixam claro que, a violência contra a mulher é fruto
de um sistema social e cultural de subserviência de gênero, comportamento herdado
desde a antiguidade, onde o homem tinha pleno domínio sobre a mulher,
configurando uma postura opressão e superioridade. O criminoso passional não
mata por amor, e sim, por ódio, ciúme patológico, dentre outros sentimentos
distorcidos, devendo a legislação estar cada vez mais adequada ao devido
tratamento, na aplicação de sanções mais rigorosas, no combate a injustiça
praticada há tanto tempo, principalmente contra as mulheres.
2 O HOMICIDA PASSIONAL AO LONGO DA HISTÓRIA
Ceifar a vida do companheiro(a) ou ex-companheiro(a) movido a sentimento
incontrolável de paixão, originou a nomenclatura homicida passional, agente
presente desde sempre na sociedade. Prática bastante praticada no Brasil, desde a
época colonial, até nos primórdios da República, onde a esposa era subserviente
do cônjuge.
Após a descoberta do Brasil, foram criadas as Ordenações Afonsinas,
elaboradas no reinado de D. Duarte Afonso V, tendo como referência o Direito
Romano e Canônico através do Ordenamento Manuelinas de 1521, que vigorava
no reinado de D. Manuel. Em 1603, Felipe I rei de Portugal, ordena a
reestruturação dos antigos códigos, tendo em 1603 a publicação das Ordenações
Filipinas, posteriormente revalidadas com a restauração na monarquia portuguesa
em 1643 (HISTÓRIA..., 2012).
Após algumas reformas, as Ordenações Filipinas passaram a ser referência
no legal no ordenamento brasileiro, onde em um dos seus dispositivos, legitimava o
assassinato de esposas adúlteras pelo seu próprio cônjuge, sendo defeso nos casos
em que o adúltero fosse mais abastado que o marido, como dispunha o Livro V,
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Título XXXVIII do referido diploma:
Livro V das Ordenações Filipinas- Título XXXVIII: Achando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar assi a ella, como adultério, salvo se o marido for peão, e o adultério Fidalgo ou nosso Dezembargador, ou pessoa de maior qualidade. Porém, quando matasse alguma das sobreditas pessoas, achando-a com sua mulher em adultério, não morrera por isso mas será degradado para África com pregão na audiência pelo tempo, que aos julgadores bem parecer, segundo a pessoa que matar, não passar de três anos. E continua E não somente poderá o marido matar sua mulher e o adultero, que achar com ella em adultério, mas ainda os póde licitamente matar, sendo certo que cometerão adultério, e entendendo assim provar, e provando depois do adultério per prova lícita e bastante conforme o Direito, será livre sem pena alguma, salvo nos casos sobreditos, onde serão punido segundo acima dito (ORDENAÇÕES..., 1998).
Durante longos anos, o adultério foi considerado crime e como as esposas
eram totalmente submissas ao marido, recaia sobre elas a pena de morte no caso
de deflagrante em adultério, por outro lado, a conduta masculina era protegida,
legitimado pela defesa da honra.Este modelo opressor não deixou de existir, mesmo
com as mudanças trazidas após a proclamação da independência, quando o Brasil
deixa de ser colônia de Portugal para nação independente, onde o primeiro
Imperador D. Pedro, outorga em 1824 a Constituição Política do Império do Brasil
ordenando em seu art. 179 reza:
Art. 179 [...] 2°) Nenhuma lei será estabelecida em utilidade pública. 3°) A sua disposição não terá efeito retroativo [...]. 11°) Ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, por virtude de lei anterior [...]. 18°) Organizar-se-á quanto antes, um código civil e criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e equidade (BRASIL, 1824).
Posteriormente, o Código Penal de 1890, considerado o pior da história, foi
duramente criticado por legitimar como causa de explosão do crime, a legitima
defesa da honra, sendo este dispositivo bastante utilizado por advogados nos
tribunais como artifício para inocentar os maridos que assassinavam suas esposas,
quando tivessem o conhecimento que a mesma teria cometido o adultério, tendo
como referência o art. artigo 32 que afirmava “Não serão também criminosos [..] § 2º
Os que praticarem em defesa legítima, própria ou a outrem” (BRASIL, 1890).
Além da legítima defesa da honra, o referido diploma detalhava como crime o
adultério cometido pela mulher, apresentando desigualdade de gênero, como art.
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279 e seguintes desse Código:
Art. 279. A mulher casada que cometer adultério será punida com a pena de prisão celular por um a três anos. § 1º Em igual pena incorrerá: 1º O marido que tiver concubina teuda e manteúda; 2º A concubina; 3º Ocorre o adultero. § 2º A acusação deste crime é licita somente aos cônjuges, que ficarão privados do exercício desse direito, si por qualquer modo houverem consentido no adultério. Art. 280. Contra o co-réo adultero não serão admissíveis outras provas sinão o flagrante delicto, e a resultante de documentos escriptos por ele. Art. 281. Ação de adultério prescreve no fim de três meses, contados da data do crime. Paragrapho único. O perdão de qualquer dos cônjuges, ou sua reconciliação, extingue todos os efeitos da acusação e condenação (BRASIL, 1890, grifou-se).
Já no atual Código Penal de 1940, não livra, mas atenua a pena dos
criminosos que atuam “sob o domínio de violenta emoção” (BRASIL, 1940). Apesar
do direito de ceifar a vida da mulher legitimado nas Ordenações Filipinas ter sido
abolido, o benefício de atenuar a pena em casos de domínio de violenta emoção,
ainda fere a dignidade da vítima, uma vez que em muitos casos, os criminosos são
julgados com certa benevolência.
A emoção e a paixão não são argumentos para exclusão de culpabilidade no
Código Penal de 1940, porém, como está presente no texto o termo “violenta
emoção”, tornou-se o argumento da defesa desses homicidas, conseguindo, assim,
atenuantes, como no caso, o homicídio privilegiado, conforme art. 121, §1° que diz:
Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (BRASIL, 1940, grifou-se ).
Como o referido instituto jurídico não estava sendo aceito pela sociedade,
em especial pela classe feminina da década de 80, em 1984, correu a reforma na
parte geral do código. A partir daí, o homicídio passional, na ausência de
atenuantes, passou a ser considerado por motivo fútil ou torpe. Delmanto etal (2010,
11
p. 447) caracteriza o motivo fútil como insignificante, totalmente desproporcional em
relação ao crime, em vista de sua banalidade, como por exemplo o ciúme. Já o
motivo torpe atinge mais profundamente o sentimento ético-social da coletividade,
motivo repugnante, abjeto, vil, indigno.
Como pode-se observar no entendimento de Waiselfisz (2015, p.7):
A violência contra a mulher não é um fato novo. Pelo contrário, é tão antigo quanto a humanidade. O que é novo, e muito recente, é a preocupação com a superação dessa violência como condição necessária para a construção de nossa humanidade. E mais novo ainda é a judicialização do problema, entendendo a judicialização como a criminalização da violência contra as mulheres, não só pela letra das normas ou leis, mas também, e fundamentalmente, pela consolidação de estruturas específicas, mediante as quais o aparelho policial e/ou jurídico pode ser mobilizado para proteger as vítimas e/ou punir os agressores.
A violência contra a mulher é fruto de um sistema social e cultural de
subserviência do gênero, conduta herdada desde a antiguidade patriarcal, onde o
homem sempre teve o domínio integral sobre a mulher, configurando uma postura
de superioridade, discriminação e de violência. O homicida passional não mata por
amor, mas sim por vingança, ódio, ciúme patológico, intolerância, sentimento de
posse, dentre outros sentimentos distorcidos.
3 CRIMINOLOGIA A criminologia é a ciência que estuda o crime a partir do infrator, vítima e
controle social, preocupa-se em conhecer a realidade para poder explicá-la e
desvendar através de pesquisas e demais disciplinas como a medicina legal,
psicanálise, estatística criminal, entre outras, que auxiliem a entender qual a
finalidade do determinado crime. Adaptando-se constantemente as novas ciências,
fazendo com que o crime seja analisado de outra forma, diferente do dogma do
direito penal, em outras palavras “ciência que estuda o crime e os criminosos como
fenômenos sociais; conjunto de teorias sobre o direito penal” (MICHAELIS, 2017).
O direito penal atua como regulador das condutas humanas, no combate os
criminosos e suas ações. A personalidade do homicida passional demonstra
sentimentos, extremos, capazes de lesar a si próprio e aos outros. Por carregarem
uma criação patriarcal, não aceitam serem contrariados, e reagem de maneira
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brusca as emoções, não admitindo, jamais, nenhum tipo de traição. Tanto a
criminologia quanto o direito penal, possuem o delito como um dos objetos de
estudo, sem confundir os objetivos das pesquisas.
3.1 LEI N° 11.340/2006 – LEI MARIA DA PENHA
Prestes a completar onze anos, a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria
da Penha, foi considerada um avanço significativo na luta das mulheres vítimas de
violência doméstica. A introdução do texto aprovado “cria mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para prevenir,
punir e erradicar a violência contra a mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de
violência doméstica e familiar contra a mulher; altera o Código de Processo Penal, o
Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências” (BRASIL, 2006).
A referida nomenclatura se deu pela luta de Maria da Penha Maia Fernandes,
vítima de agressões constantes e tentativas de homicídio que sofria do próprio
marido, onde em 1983, foi atingida com um disparo de arma de fogo enquanto
dormia e em razão dele, ficou paraplégica. Posteriormente, a mesma vítima sofreu
um novo atentado, recebendo uma forte descarga elétrica(BIANCHINI, 2013, p. 196).
O agressor, Marcos Antônio Heredia Viveiros foi denunciado ao Ministério
Público, indo a julgamento e condenado a 15 anos de reclusão, em seguida tendo a
pena reduzida para 10 anos e 6 meses, porém, apenas foi efetivamente preso após
quase 20 anos devido a várias apelações da defesa. A vítima apresentou denúncia
junto a Comissão Internacional de Direitos Humanos, que publicou, em 2001, o
Relatório 54/2001, que trata de documento para o entendimento da violência contra
a mulher no Brasil, o que provocou os debates que deram origem a Lei 11.340/2006.
Visando combater a violência doméstica no Brasil, o presente diploma
apresenta-se como um marco, como anuncia em seu artigo 1°, "in verbis":
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição federal, da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e erradicar a Violência contra a mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre
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a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar (BRASIL, 2006).
A leitura do art. 5º da lei supra, traz o conceito de violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos seguintes termos:
Art. 5º Para os efeitos dessa Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive esporadicamente agregadas; _ no âmbito da família compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer ralação intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (BRASIL, 2006).
Visando proteção específica contra atos de violência masculina, outro
benefício trazido pela Lei Maria da Penha, para execução das causas de violência
doméstica e familiar, está previsto no art. 14 a criação de:
[...] Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária (BRASIL, 2006).
Em suma, a Lei Maria da Penha significa um marco na questão da violência
doméstica, apesar de não ser a solução para os crimes contra a mulher. Para que as
estatísticas sejam erradicas ou ao menos reduzidas, faz-se necessário a mudança
da cultura de violência e machismo da sociedade como um todo, sendo este um
sério problema social e do Estado que tem o dever de prover assistência, prevenção
e punição nesses casos.
3.2 FEMINICÍDIO
A Lei Maria da Penha abriu caminho para criação da Lei 13.104/2015, que
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tipifica o feminicídio como qualificadora do homicídio incluindo-o no rol dos crimes
contra a vida dentro do Código Penal Brasileiro, passando o art. 121 a ter a seguinte
redação:
Art. 121. Matar alguém: [...]. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2
o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o
crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher (BRASIL, 1940, grifou-se).
A referida lei também alterou o art. 1º, inciso I da Lei 8.072/90, a Lei dos
Crimes Hediondos, passando assim a ter a seguinte redação:
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados
no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2
o, I, II, III, IV, V e VI); (Redação dada pela Lei nº 13.104, de
2015) I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2
o) e lesão
corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) (BRASIL, 1990).
O termo feminicídio foi definido pela Corte Internacional de Direitos Humanos
como “um homicídio da mulher por razões de gênero”. Jane Caputi e Diane Russel
foram as referências para a criação do termo que, em seu clássico texto intitulado
“Femicide”, o define como a forma mais extrema de terrorismo sexista, motivada
pelo ódio, desprezo, prazer ou sentimento de propriedade sobre as mulheres. De
acordo com o critério da Corte, “estes atos são classificados como homicídios por
razão de gênero em relação ao motivo/razão discriminatório ancorado em uma
discriminação estrutural e a modalidade/características do delito em si” (CIDH, 2014).
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Diversas definições podem ser encontradas em diferentes países, onde na maioria
está relacionada a crimes contra a mulher decorrentes de relação conjugal
(PASINATO, 2011, p. 237).
Gomez (2010, p. 32) explica que a máxima da violência contra a mulher é o
“óbito, uma vez que decorrentes de conflitos de gênero, ou seja, pelo fato de serem
mulheres, são chamados feminicídios ou femicídios”. Estes crimes são geralmente
perpetrados por homens, principalmente companheiros ou ex-companheiros e
provêm de situações de violência doméstica, sexual, ameaças ou situações nas
quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem. Nesse
sentido, “sempre que esses abusos resultam na morte da mulher, eles devem ser
reconhecidos como feminicídio” (PASINATO, 2011, p. 224).
Estima-se que no período de 2001 a 2011 ocorreram mais de 50 mil
feminicídios no Brasil, o que equivale a aproximadamente 5.000 mortes por ano.
Acredita-se que grande parte dos homicídios decorreram de violência doméstica e
familiar contra a mulher (MENEGHEL; HIRAKATA, 2011, p. 13). Contudo, o
levantamento de dados sobre feminicídio no mundo é bastante complexo, uma vez
que na maioria dos países, o armazenamento de casos de homicídio levantados
pelos sistemas médico e policial não possuem informações necessárias ou não
reportam a relação entre vítima e agressor ou as motivações relacionadas ao gênero
(OMS, 2012).
O feminicídio é o fenômeno caracterizado em consequência de violência
praticada contra o gênero feminino, possuindo vasta repercussão na sociedade,
sendo um tema contemporâneo, que preocupa pelos altos índices que ainda
assolam todo o mundo. É a última instância do controle do homem sobre a mulher,
expressado pelo sentimento absoluto de posse, onde a mulher é comparada a um
objeto, quanto se trata de companheiro ou ex-companheiro.
4 ÍNDICES DE CRIMES PASSIONAIS NO BRASIL
De acordo com registros, apenas no ano 2013, 4.762 mulheres foram
assassinadas no Brasil, desses 50,3% correspondem a homicídios cometidos por
familiares, sendo 33,2% destes casos, praticados por companheiros ou ex-
companheiros, um aumento de 252% em relação ao ano de 1980. Entre 2003 e
2013, as taxas de homicídios de mulheres por Estado cresceram 8,8%. No mesmo
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estudo, João Pessoa é considerada a terceira capital do Brasil com maior incidência
de homicídios passionais contra mulheres, com 10,5, Vitória com 11,8 e Maceió com
10,7 homicídios para cada 100 mil habitantes (WAISELFISZ, p. 11;20, 2015).
Apesar dos altos índices de homicídios praticados contra as mulheres, foi
comprovado no estudo supramencionado, que no período que compreende de 1980-
2006, o número de homicídios de mulheres foi de 7,6% ao ano, já no período 2006-
2013 após a chegada da Lei nº 11.340/2006, o crescimento das taxas foi de 2,5% ao
ano (WAISELFISZ, p. 11, 2015).
GRÁFICO 1
Fonte: Estatísticas de homicídios de mulheres (2015).
O Gráfico 1 demostra as causas e razões da mortalidade de mulheres no
Brasil, de cada 100 homicídios 65% deles são passionais, 30% são mortes por
tráfico, 4% morte entre mulheres e 1% homicídios por preconceito, estupro e outras
razões (A VERDADE..., 2015).
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GRÁFICO 2
O Gráfico 2 apresenta levantamento dos tipos de violência contra mulher,
onde de cada 100 constatações, 50,75% são de violência física, 32,16% de violência
psicológica, 9,98% de violência moral, 2,89% de violência sexual, 2,07% de violência
patrimonial, 1,82 de cárcere privado e 0,34% de trafico de pessoas (DADOS...,
2015).
Deste modo, embora o Brasil ainda constate altos índices de violência contra
mulher, é importante ressaltar a importância da Lei Maria da Penha e sua evolução
na luta contra a impunidade, que prevalecia devido ao medo e omissão de muitas
mulheres, que se submetiam a submissão oriunda da cultura patriarcal, tornando-se
vítimas de diversos tipos de agressão, seja ela física ou moral. Através da aplicação
de medidas protetivas bem como serviços públicos de apoio que visam resguardar
os direitos da mulher, a referida lei é uma das mais conhecidas pelos brasileiros,
sendo considerado o principal dispositivo legal nessa questão.
5 ELEMENTOS SUBJETIVOS QUE DESENCADEIAM A VIOLÊNCIA
O crime passional ocorre, devido a um conjunto completo de razões, quais
sejam: as condições psicológicas do agente, condições econômicas, sociais, dentre
outros. Nesse contexto, Maranhão (2012, p. 14) leciona:
Pessoas aparentemente iguais ou semelhantes, diante de estímulo externo parecido, podem agir de modo completamente discrepante. Na gênese
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delinquencial, como em qualquer comportamento, o meio atua duplamente: ao tempo do fato e no período formativo da personalidade. A experiência atual relacionará a antigas e estas certamente serão dispares. Daí a resposta diversificada, originando comportamentos distintos em cada pessoa. Se a estrutura global da personalidade não for levada em conta na organização da tipologia, então o caráter “genérico” ou “casual” da mesma estará comprometido. Por esse motivo, os fatores que prejudicam ou comprometem a formação da personalidade terão que ser levados em conta no critério adotado pela tipologia.
Devido à complexidade de traçar o perfil do criminoso passional, devido a
pluralidade de elementos que contribuem para identificação do perfil do agente, os
homicidas passionais são acometidos:
[...] Por uma exaltação ou irreflexão, em consequência de um desmedido amor à outra pessoa. Assim, entende-se que é derivado de qualquer fato que produza na pessoa emoção intensa e prolongada, ou simplesmente paixão, não aquela de que descrevem os poetas, mas paixão repleta de ciúmes, de posse, repleta da incapacidade de compreender e aceitar o fim de um relacionamento amoroso, que tanto pode vir do amor com ódio, da ira e da própria mágoa (A REALIDADE..., 2015).
Cada pessoa tem o instinto de reagir meio a situações extremas, podendo por
influência do meio, estar susceptível a cometer um crime passional. O
comportamento criminoso passional está pautado a elementos subjetivos, como a
paixão, ciúme, ódio e honra, entre outros elementos psicopatológicos, que mesmo
assim, não justificam a prática do homicídio, uma vez que não existe justificativa
para o crime que se diz cometido por amor. Deste modo, traçar o perfil do criminoso
passional é algo complexo, portanto, o perfil do agente se mostra superficial para
demonstrar come exatidão a realidade do fato.
5.1 PAIXÃO E CIÚME A paixão é definida como “sentimento; entusiasmo; predileção ou amor tão
intensos que ofuscam a razão; hábito ou vício incontrolável; dominador; calor;
emoção; cólera incontrolável; exaltação; sofrimento intenso” (MICHAELIS, 2017). No
estado de paixão, o indivíduo não consegue enxergar o outro como realmente é, e
quando passa a enxergar que a pessoa amada não é exatamente do jeito que
projetou, a paixão se transforma em frustração. O desequilíbrio psicológico do
passional é a obsessão e esse desequilíbrio pode induzir ao cometimento do crime.
A paixão não depende exclusivamente da vontade do indivíduo, mas também
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de sentimentos que o afetam independentemente do seu consentimento. Quando
em seu estado de obsessão, a paixão pode ofuscar o lado racional do indivíduo,
podendo fazer com que se perca a noção ética e moral e agir sobre violenta emoção,
sem o reflexo ou percepção dos seus atos, tornando-se vulnerável a prática do crime
passional.
Considerado sentimento normal a um relacionamento, o ciúme produz
mecanismos de proteção inconscientes que, impelido pelo medo da perda, faz com
que tenha-se uma noção de propriedade da pessoa amada. No entendimento de
Souza (2010, p. 8), “o ciúme extremo torna-se um fator determinante da certeza
infundada da traição e essa ilusão, muitas vezes controla toda a mente do agente, e
pode acarretar situações intoleráveis como o homicídio da vítima do ciúme ou no
suicídio do ciumento”.
A existência de ciúme doentio, pode constituir um fator determinante para a
prática de violência, devido à influência de pensamentos insensatos que levam o
indivíduo a certeza de que está sendo traído. A paixão entrelaçada ao ciúme, dá a
ilusão de direito ao agente de destruir a vida do parceiro ou ex-parceiro, sentimento
este que pode ser considerado patológico, provocando uma ofuscação dos limites
impostos pela sociedade.
5.2 ÓDIO E DEFESA DA HONRA
O ódio não pode ser estudado de forma isolada, o ódio acompanha o amor,
uma vez que, a não aceitação do fim do relacionamento, ou após a descoberta da
traição, o ódio tende a dominar qualquer outro tipo de sentimento, podendo culminar
no crime passional. Pena (2010, p. 6) aduz sobre a traição:
Quem comete a traição, é o único responsável pelo fato, não se pode imputar a alguém a desonra. A imagem do agente é a que foi maculada, não a de quem se sentiu violado. Então, lavar a honra com sangue não cabe como justificativa em hipótese alguma.
O homicida passional após o cometimento do crime, sentem uma sensação de
alívio, assim afirma Pádua (2010 p.3):
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Após o crime, há uma sensação de alívio e prazer. Prazer que assume diversas formas: alívio de um estado tensional, no qual a tensão se estabelece pela incerteza quanto a concretização do ato, e que exaure-se após a morte da vítima. Prazer de abater a caça, eventualmente associado ao da exibição posterior de algum troféu ou fetiche, representado por um pertence ou parte do corpo da vítima. Prazer derivado de sensação de poder por abater a caça ou o adversário, mostrando-se mais forte ou mais inteligente do que ele. Prazer de poder manipular livremente o corpo inerte da vítima, com domínio total [...] Prazer de posteriormente assistir a reconstituição do próprio crime, ou de assistir às notícias e comentários acerca do delito.
Enquadrada preceitos éticos e morais, a honra é tratada em nosso
ordenamento jurídico, inserido na proteção dos direitos e garantias individuais
trazidos no art. 5º, inciso X, Constituição Federal de 1988:
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (BRASIL, 1988).
A honra é tipificada nos arts. 138, 139 e 140 do Código Penal como calúnia,
exceção da verdade, difamação e injúria da seguinte forma:
Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Injúria
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Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3
o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) (BRASIL, 1940, grifou-se).
Como visto, o ódio e o amor não podem ser considerados como sentimentos
opostos, uma vez que os dois podem estar lado a lado em uma relação. Outrossim
entende-se que, o que consome o agente criminoso é o sentimento de perda do
companheiro ou ex-companheiro, juntamente com a não aceitação, o que pode
acarretar o ódio e o desejo de vingança, fomentando o anseio de limpar sua honra
perante a sociedade através do homicídio.
6 CRIMES PASSIONAIS DE GRANDE REPERCUSSÃO
A não aceitação do fim de relacionamento, a possibilidade de rejeição, são
alguns dos pontos cruciais para o cometimento do crime. As subseções a seguir,
trarão uma breve síntese sobre casos de crimes passionais que ocorreram em
diversas épocas no Brasil e que ganharam grande repercussão, dentre eles os
seguintes casos: Daniella Perez, Patrícia Aggio, Sandra Gomide, Eloá Pimentel e
Briggida Rosely.
6.1 CASO DANIELLA PEREZ
Um dos crimes de maior precursão nacional ocorreu no ano de 1990, quando
aos 22 anos a atriz Daniella Perez foi assassinada com 18 golpes de tesoura pelo
colega de profissão Guilherme de Pádua e sua esposa Paula Thomaz. Após cumprir
um terço da pena de dezenove anos de reclusão, Guilherme é libertado por o
comportamento, igualmente com Paula condenada a dezoito anos e dois meses, foi
liberada após o cumprimento de cinco anos da pena (10 FAMOSOS..., 2011).
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Após a liberdade dos acusados, o marido da vítima na época e também ator
Raul Gazolla desabafa inconformado com a benevolência da justiça:
Sofri com a criminalidade como milhares de pessoas também já sofreram, mas agora sofro é com a impunidade. É um absurdo saber que as pessoas que mataram minha mulher com 18 facadas, que deveriam ficar 19 anos na
prisão, estão na rua, livres (10 FAMOSOS..., 2012).
A mãe da vítima, a novelista Glória Perez liderou um movimento para inclusão
do homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos, Lei n. 8.072/90, que são
aqueles crimes considerados mais graves e de repúdio da sociedade. Em agosto de
1994, após colher 1,3 milhão de assinaturas para o respectivo projeto de lei, que foi
aprovado pelo Senado. Sancionada por Itamar Franco, a Lei 8.930/94 que altera a
Lei n. 8.072/90, contudo, a presente reforma não atingiu aos assassinos, uma vez
que o crime passional ocorreu antes da vigência do referido diploma legal.
6.2 CASO PATRICIA AGGIO
Também conhecido como caso de grande notoriedade nacional, o assassinato
de Patrícia Aggio possivelmente pelo marido e promotor de justiça Igor Ferreira.
Patrícia estava grávida de sete meses, foi morta com dois tiros na cabeça,
possivelmente pelo fato de seu marido descobrir que não era pai do filho que ela
esperava. Mesmo com todos os indícios de autoria do crime, familiares de Patrícia
apoiaram o réu no processo e insistiram em sua inocência, afirmando ser o suspeito
de boa índole e um excelente marido (CASO PATRÍCIA..., 2012). A versão do
promotor é que após seu carro ser interceptado por bandidos, sua esposa
sequestrada e morta por razões ignoradas, mesmo assim, Igor foi condenado a pena
de dezesseis anos e quatro meses de reclusão.
6.3 CASO SANDRA GOMIDE
Também chamado “Caso Pimenta Neves”, ocorreu em 2000, quando Antônio
Marcos Pimenta Neves, na época diretor de redação de um importante jornal de São
Paulo, se envolveu com a colega de trabalho Sandra Gomide. O relacionamento
conturbado durou quatro anos, onde após orompimento com a subordinada colega
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de profissão, tentou por diversas vezes a reconciliação. Sem sucesso, demitiu
Sandra do jornal e a difamou a perante amigos da imprensa, na tentativa de macular
a honra da profissional, na intensão de prejudicá-la na conquista de um novo
emprego (CASO PIMENTA..., 2011).
No dia 20 de agosto de 2000, Pimenta Neves tomado por ciúmes por
desconfiar de traição, surpreendeu Sandra no haras onde costumava frequentar,
dando início a uma discussão que findou no assassinato da mesma com dois tiros.
Após o fato, o criminoso foi internado devido a tentativa suicídio com a overdose de
tranquilizantes, porém, se recuperou e foi condenado a dezenove anos, dois meses
e doze dias de prisão. Tendo sua pena reduzida para quatorze anos, dez meses e
três dias. Em setembro de 2013, Pimenta passou a responder a pena no regime
semiaberto e emfevereiro de 2016 passou a responder o restante da pena em
liberdade.
6.4 CASO ELOÁ PIMENTEL
O país acompanhou em tempo real, o caso que também que findou de forma
trágica, o homicídio de Eloá Pimentel (10 FAMOSOS..., 2011). O crime ocorreu em
2008, quando seu então namorado Lindemberg Alves Fernandes, inconformado com
o rompimento, invadiu o apartamento da ex-namorada, mantendo-a em cativeiro por
cerca de cem horas.
Após inúmeras tentativas de negociação, sem sucesso, em numa atitude de
desespero, Lindemberg dispara contra Eloá que foi atingida com um tiro na cabeça e
outro na virilha, que veio a falecerapós ser socorrida. Outro exemplo de crime
passional motivado pela não aceitação do fim do relacionamento que abalou o Brasil.
6.5 CASO BRÍGGIDA ROSELY
Outro homicídio passional, desta vez ocorrido em 2012 na cidade João
Pessoa, teve como vítima a professora do curso de Arquivologia da Universidade
Estadual da Paraíba Bríggida Rosely de Azevedo, que foi assinadadentro de seu
apartamento no bairro Jardim Cidade Universitária. A primeira pessoa da família que
chegou ao local do crime foi a mãe da vítima que observou marcas de
estrangulamento na filha (PROFESSORA..., 2012).
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Após a polícia realizar buscas e ouvir as testemunhas, o então delegado
responsável pelo caso Antônio Brainer, disse que o corpo foi achado por vizinhos
antes da chegada da mãe da vítima. Em declaração decisiva que contribuiu para
elucidação do caso, a mãe de Brígida afirmou que recebeu uma ligação de um
homem solicitando que a mesma fosse até o apartamento da filha, pois havia “feito
besteira” (PROFESSORA..., 2012).
Em confissão após um ano de foragido, o fotógrafo e ex-namorado da vítima
Gilberto Stuckert, assumiu durante depoimento ter cometido o crime e disse estar
arrependido e chorando, pediu perdão aos familiares: “Eu não tirei a vida de Bríggida
friamente. A amava. Não foi minha intenção. Nunca passou isso na minha cabeça",
disse o criminoso. Segundo o acusado, o que motivou o crime foi o fato de ter visto
fotografias da vítima como outro homem e segundo ele, perdeu a cabeça e movido
ao ciúme veio a cometer o homicídio após calorosa discussão. O julgamento ocorreu
em 2015 e o réu foi condenado a dezessete anos e seis meses em regime fechado
(PROFESSORA..., 2012).
Como se pode observar nos casos narrados na presente seção, as principais
motivações alegadas pelos criminosos passionais supramencionados, foram o
ciúme, influenciado pela suspeita de traição ou não aceitação do fim do
relacionamento, podendo ser analisadoque o sentimento demasiado e a
dependência do outro, acarretou o homicídio passional ao seu modo mais primitivo,
daquele que comete o crime por deixar-se levar pela forte emoção.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se com o presente estudo, analisar o crime passional e os elementos
de desencadeiam a violência como a paixão, o ciúme, o ódio e a defesa da honra,
elencando seus aspectos gerais, analisando o perfil do criminoso passional ao longo
da história. Com a predominância absoluta da figura patriarcal, comportamento de
opressão e superioridade herdado desde a antiguidade.
A primeira seção buscou trazer a banalidade dos crimes passionais ao longo
da história, apontando dispositivos como as Ordenações Filipinas, que legitimava o
assassinato de esposas adúlteras pelo seu próprio cônjuge, modelo herdado desde
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os primórdios, onde o homem sempre teve o domínio integral sobre a mulher,
configurando uma postura de discriminação e de violência.
Em seguida, a segunda seção trouxe um breve conceito e objetivos do estudo
na criminologia, bem como a necessidade de constante adaptação as novas
ciências, fazendo com que o crime seja analisado de outra forma, diferente do
dogma do direito penal. Outrossim, foi analisada a Lei 11.340/2006, conhecida como
Lei Maria da Penha, considerada um avanço significativo na luta das mulheres
vítimas de violência doméstica, que serviu de inspiração para a criação da Lei
13.104/2015, tipifica o feminicídio como qualificadora do homicídio, incluindo-o no rol
dos crimes contra a vida dentro do Código Penal Brasileiro.
Na terceira seção, buscou-se destacar os índices de violência contra
mulheres no Brasil nos últimos anos, demostrando que no ano de 2013, 4.762 foram
assassinadas, destes, 33,2% correspondem a crimes praticados por companheiros
ou ex-companheiros, enfatizando que a cidade João Pessoa ocupa o triste a terceiro
lugar no ranking das capitais com maior incidência de homicídios passionais contra
mulheres.
Posteriormente a quarta seção buscou trazer uma breve síntese sobre os
elementos subjetivos que desencadeiam a violência, destacando a complexidade de
traçar o perfil do criminoso passional, alegando que cada indivíduo possui um modo
particular de pensar e agir meio a situações extremas, podendo por influência do
meio, estar susceptível a cometer um crime passional. Na mesma seção, foi
analisada a relação da paixão, o ciúme, o ódio e a defesa da honra como elementos
opostos que podem ofuscar a razão e o equilíbrio psicológico do agente.
Foram relembrados na última seção, os casos de crimes passionais de
grande repercussão nacional, dentre eles os seguintes: Daniella Perez, Patrícia
Aggio, Sandra Gomide, Eloá Pimentel e Briggida Rosely, observando que as
principais motivações alegadas pelos criminosos, foram o ciúme, influenciado pela
suspeita de traição ou não aceitação do fim do relacionamento.
Com base no exposto, pode-se concluir que, o criminoso passional não mata
por amor, e sim, por ódio, ciúme patológico, vingança, sentimento de rejeição, dentre
outros sentimentos distorcidos, devendo a legislação estar cada vez mais adequada
ao devido tratamento, na aplicação de sanções mais rigorosas, no combate a
injustiça praticada há tempos, em especial contra a desigualdade de gênero.
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PASSIONAL CRIME: ELEMENTS THAT TRIGGER THE VIOLENCE
ABSTRACT
The objective of this work is to study the phenomenon of crime in the light of criminal law, analyzing the elements that trigger violence through subjective elements such as passion, jealousy, hatred and defense of honor and influence in the practice of crime. The study will use the descriptive method of qualitative nature, based on doctrine, jurisprudence and normative. The parameters used in the applied methodology were based on a bibliographical review, articles, based on Law nº 11.340/2006, better known as the Maria da Penha Law, which paved the way for Law 13,104/2015, which typifies feminicide as a homicide qualifier, including it in the list of crimes against life provided for in art. 121 of the Brazilian Penal Code. Passion crimes throughout history and the evolution of their legal devices, as well as the indices of passion crimes in Brazil and passion crimes of great repercussion such as: Daniella Perez, PatríciaAggio, Sandra Gomide, Eloá Pimentel and Bríggida Rosely. The study concludes that the passionate criminal does not kill for love, but rather for hatred, pathological jealousy, revenge, a sense of rejection, among other distorted feelings, and legislation should be increasingly suitable for treatment, In the fight against injustice that has been practiced for some time, especially against gender inequality. KEYWORDS: Passion Crime. Patriarchal Culture. Homicidal Conduct.
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