ESTUDO DA NEUTRALIZAÇÃO DA EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
Marília Vasconcellos Agnesini
LORENA – SP
2012
Departamento de Engenharia Química
ESTUDO DA NEUTRALIZAÇÃO DA EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
Marília Vasconcellos Agnesini
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Moreira Chaves Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Engenharia Química.
LORENA – SP 2012
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Catalogação na Publicação
Biblioteca Universitária
Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo
Agnesini, Marília Vasconcellos Neutralização da Emissão de Gases do Efeito Estufa
através da Compensação de Carbono. / Marília Vasconcellos Agnesini; orientador Francisco José Moreira Chaves. - Lorena: 2012.
Monografia apresentada como requisito parcial para a
conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Química. Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo.
1. Neutralização de Dióxido de Carbono 2. Efeito Estufa. I. Título.
RESUMO
AGNESINI, M. V. Estudo da Neutralização da Emissão de Gases do Efeito
Estufa na Escola de Engenharia de Lorena. 2012. 66 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Monografia) – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena, 2012.
Atividades antrópicas têm intensificado nas últimas décadas as emissões de
dióxido de carbono (CO2), um dos principais Gases de Efeito Estufa (GEE)
presentes na atmosfera. Estudos mostram que tal intensificação culminou no
aquecimento global com reflexos no clima, que por consequência, podem
comprometer a vida no planeta. O presente trabalho de conclusão de curso tem
como principal objetivo elaborar uma estratégia para minimizar as emissões de
gases do efeito estufa da Escola de Engenharia de Lorena no ano de 2011,
através da neutralização desses gases com o plantio de árvores. Utilizando
para este propósito as Especificações do Programa Brasileiro GHG
(Greenhouse Gas) Protocol associada com as metodologias de cálculo de
emissões de GEE publicadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) para a realização do inventário e o Guia de Boas Práticas
para o Uso da terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas (LULUCF) publicado
pelo IPCC para o cálculo de neutralização de CO2. O trabalho concluiu que a
instituição emitiu cerca de 135 toneladas de CO2 e que para a neutralização
destas emissões, seriam necessário plantar aproximadamente 3698 árvores
para sequestrar todo CO2 em um período de 20 anos. As metodologias
utilizadas para a compensação dos GEE apresentaram ser excelentes
ferramentas para a determinação do perfil de emissão e cálculo necessário
para a neutralização, e apesar das incertezas apresentadas do fator de fixação
de carbono, este pode ser utilizado para o cálculo de neutralização dos GEE
como uma forma de mitigação ambiental.
Palavras-chave: Efeito Estufa, Aquecimento Global, Gases de Efeito Estufa,
Neutralização de emissões de dióxido de carbono (CO2)
ABSTRACT
AGNESINI, M. V. Estudo da Neutralização da Emissão de Gases do Efeito
Estufa na Escola de Engenharia de Lorena. 2012. 66 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Monografia) – Escola de Engenharia de Lorena,
Universidade de São Paulo, Lorena, 2012.
In recent decades anthropogenic activities have intensified their emissions of
carbon dioxide (CO2), a major greenhouse gases (GHG) emissions in the
atmosphere. Studies show that such intensification resulted in global warming
with effects on climate, which consequently may affect life on the planet. This
conclusion of course work has as main objective to elaborate a strategy to
reduce emissions of greenhouse gases from the Engineering School of Lorena
in 2011, through the neutralization of greenhouse gases by planting trees.
Using for this purpose the specifications of the Brazilian GHG (Greenhouse
Gas) Protocol associated with the methodologies for calculating GHG emissions
published by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) for the
inventory and the Good Practice Guidance for Land Use , Land Use Change
and Forestry (LULUCF) published by the IPCC for the calculation of
neutralization of CO2. The study concluded that the institution has issued about
135 tons of CO2 and to neutralize these emissions would need to plant
approximately 3,698 trees to sequester all the CO2 in a period of 20 years. The
methodologies used to offset GHG had to be excellent tools for determining the
emission profile and calculation required for neutralization, and despite the
uncertainties presented factor sequestration, it can be used for the calculation
of neutralization of GHG as form of a mitigation.
Keywords: Greenhouse Effect, Global warming, Greenhouse Gases,
Neutralization of emissions carbon dioxide (CO2)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família, pelo amor, apoio e segurança para tornar
meu maior sonho realidade. E aos meus verdadeiros amigos que me
ofereceram amizade nas horas mais difíceis.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco José Moreira Chaves pelas
idéias e apoio.
A Prof. Dra. Diovana Aparecida dos Santos Napoleão pelas
constantes reuniões, pela sua dedicação e disponibilidade em auxiliar na
finalização do trabalho. Ao Prof. Marcos Villela Barcza pela compreensão e
atenção dada ao meu trabalho.
Aos meus familiares e amigos que estiveram sempre ao meu lado,
dando atenção e carinho, apoio fundamental para que este trabalho fosse
concluído.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Potencial de aquecimento global dos gases .................. 18
Tabela 2 - Fontes antrópicas de emissão de GEE .......................... 25
Tabela 3 - Fatores de emissão das principais fontes ...................... 48
Tabela 4 - Combustíveis utilizados .................................................. 51
Tabela 5 - Quantidades mensais de combustíveis durante ano 2011
......................................................................................................................... 52
Tabela 6 - Valores obtidos para emissão anual referente aos
combustíveis .................................................................................................... 52
Tabela 7 - Consumo mensal de energia elétrica na EEL durante ano
2011 ................................................................................................................. 54
Tabela 8 - Emissão indireta relacionada ao consumo de energia
elétrica .............................................................................................................. 54
Tabela 9 - Emissões referentes ao ano de 2011 ............................. 55
LISTA DE QUADROS
Quadro A1 – Divisão dos países participantes da Convenção-Quadro,
em países pertencentes aos Anexo I e não-Anexo I. ......................... 64
Quadro A2 – Resumo dos acontecimentos principais das COPs. ..... 65
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Principais fontes de emissões de gases de efeito estufa 14
Figura 2 - Esquema do Efeito Estufa ............................................... 17
Figura 3 - Ciclo biogeoquímico do carbono ..................................... 20
Figura 4 - Fotossíntese e Respiração .............................................. 21
Figura 5 - Projeções sobre a temperatura da superfície terrestre ... 28
Figura 6 - Padrões de alteração de precipitação ............................. 29
Figura 7 - Estrutura básica de um modelo integrado Economia-Clima
......................................................................................................................... 30
Figura 8 - Regiões que sofrerão os impactos das mudanças
climáticas.......................................................................................................... 31
Figura 9 - Representação do funcionamento da compensação de
carbono ............................................................................................................ 41
Figura 10 - Foto aérea da EEL ........................................................ 44
Figura 11 - Emissões anuais de GEE na EEL ................................. 53
Figura 12 - Representação gráfica da emissão anual de GEE ........ 55
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 13
1.1. Considerações iniciais ........................................................ 13
1.2. Justificativas ........................................................................ 15
2. OBJETIVOS ........................................................................... 15
2.1. Objetivo geral ...................................................................... 15
2.2. Objetivos específicos .......................................................... 15
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................... 16
3.1. Efeito Estufa ........................................................................ 16
3.1.1. Gases do Efeito Estufa ................................................. 17
3.2. Ciclo do Carbono ................................................................ 19
3.2.1. O Carbono na Atmosfera .............................................. 22
3.2.2. O Carbono na Floresta ................................................. 23
3.2.3. Interferência Antrópica no Ciclo do Carbono ................ 24
3.3. Mudanças Climáticas e a Preocupação Global ................... 26
3.3.3. Mudanças Climáticas no Brasil ..................................... 30
3.4. Acordos internacionais das mudanças climáticas ............... 32
3.4.3. Conferências das Partes – COPs ................................. 35
3.4.4. Protocolo de Quioto ...................................................... 35
3.4.5. Mercado de Carbono .................................................... 36
3.4.6. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ............ 37
3.4.7. Política Nacional Sobre Mudanças do Clima ................ 38
3.5. Neutralização de Carbono .................................................. 39
4. METODOLOGIA PARA NEUTRALIZAÇÃO DE EMISSÕES NA
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA....................................................... 43
13
4.1. Caracterização da Escola de Engenharia de Lorena .......... 43
4.2. Elaboração do Inventário de Gases do Efeito Estufa .......... 44
4.2.1. Identificação das Fontes de Emissão ........................... 45
4.2.2. Coleta de dados ............................................................ 47
4.2.3. Fatores de Emissão ...................................................... 47
4.2.4. Aplicação das ferramentas de cálculo .......................... 48
4.3. Cálculo de Neutralização de CO2 por plantio de árvores .... 49
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................... 51
5.1. Fontes de Emissões de Gases do Efeito Estufa na Escola de
Engenharia de Lorena ................................................................................... 51
5.1.1. Utilização de Combustíveis .......................................... 51
5.1.2. Geração de Resíduos ................................................... 53
5.1.3. Emissões de GEE’s ocasionadas pelos Laboratórios ... 53
5.1.4. Energia Elétrica ............................................................ 53
5.1.5. Emissão anual de CO2.................................................. 54
5.2. Cálculo de Neutralização do CO2 por plantio de árvores .... 55
6. CONCLUSÕES ...................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 58
ANEXO 1 ......................................................................................... 64
ANEXO 2 ......................................................................................... 65
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais
Uma das questões mais preocupantes que a humanidade enfrenta é
o aquecimento global, em decorrência do agravamento e intensificação
desordenada e catastrófica do efeito estufa (OLIVEIRA, 2010). Ao longo dos
últimos cem anos, a concentração de Gases do Efeito Estufa (GEE) vem
aumentando, causando o desequilíbrio ambiental.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas, (IPCC) (2009), os GEE são: Dióxido de Carbono (CO2), Metano
(CH4), Óxido Nitroso (N2O), e gases provenientes de indústrias. Devido à
quantidade que é emitido, o CO2 é o gás que mais contribui para o
aquecimento global. Suas emissões representam cerca de 55% do total das
emissões mundiais de efeito estufa. Estudos sinalizam que o aumento da
concentração destes gases, gerada em grande parte por atividades
econômicas e industriais, poderá causar um aumento da temperatura média do
planeta entre 3 a 5ºC nos próximos 100 anos (RENNER, 2004).
O IPCC publicou em seu terceiro relatório de avaliação das
mudanças do clima que a temperatura média da atmosfera tem aumentado
0,6ºC ± 0,2ºC durante o século XX (IPCC, 2007). Estudos científicos mostram
que caso a concentração dos GEE continuem aumentando, a temperatura
média do planeta poderá aumentar em 5,8ºC até 2100, causando aumento no
nível dos mares, efeitos climáticos extremos (enchentes, tempestades,
furacões e secas), alterações nos eventos hidrológicos (mudança no regime
das chuvas, avanço do mar sobre os rios, escassez de água potável) e
colocando em risco a vida na Terra (IPCC, 2007).
O Efeito Estufa que é um fenômeno fundamental a manutenção da
vida na Terra, é potencializado pelo lançamento desses gases a atmosfera. As
atividades antrópicas são as principais causas desse desequilíbrio natural, pois
14
emitem excessivas quantidades de GEE, e o acúmulo desses impede o calor
da superfície terrestre de ser liberado ao espaço (SANTOS, 2010). As
principais fontes de emissão dos gases do efeito estufa pelo homem são
apresentadas na Figura 1.
Figura 1 - Principais fontes de emissões de gases de efeito estufa
Fonte: www.outco2.org
Uma alternativa viável para amenizar o agravamento deste
processo, consiste no armazenamento do carbono atmosférico a partir de
reflorestamento em larga escala (RENNER, 2004). Estudos relacionados à
neutralização de CO2 surgem como uma forma de mitigação ambiental, em que
se compensam emissões de CO2 através do plantio de árvores que fixam
carbono através da fotossíntese (NETTO, 2008).
O presente trabalho propõe estratégias para neutralização de CO2,
através do estudo das ferramentas metodológicas e aplicação do conceito de
compensação de CO2 na Escola de Engenharia de Lorena.
15
1.2. Justificativas
Diante o cenário mundial, frente as crescentes e preocupantes
mudanças climáticas, o mundo debate formas de evitar ou cessar essas
alterações, com atitudes que variam desde longo prazo, a ações imediatas.
Tais discussões se tornaram não só uma questão de ética ambiental, mas
também uma questão moral que resulta na manutenção da vida no planeta.
Neste contexto o trabalho apresenta uma atitude ambientalmente
viável, que atinge desde indivíduos a empresas, diante a situação atual do
mundo. O trabalho apresenta ferramentas para cálculo de emissões e
compensação de carbono, que serão inseridas na Escola de Engenharia de
Lorena, a fim de contribuir para a mitigação da intensificação do efeito estufa e
mudanças climáticas.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo propor uma estratégia para a
neutralização das emissões de gases que provocam a intensificação do efeito
estufa por parte da Escola de Engenharia de Lorena.
2.2. Objetivos específicos
Para o desenvolvimento deste trabalho estão previstos os seguintes
objetivos específicos:
Elaborar um diagnóstico quanto à contribuição da Escola de
Engenharia de Lorena para emissão de gases do efeito
estufa;
Quantificar os gases emitidos para a atmosfera;
16
Avaliar as possibilidades de neutralização da contribuição de
gases do efeito estufa para a atmosfera;
Propor ações viáveis para a neutralização das emissões de
gases do efeito estufa.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Efeito Estufa
O efeito estufa é um fenômeno natural essencial para a manutenção
da temperatura adequada à vida terrestre (PREISKORN 2011). Alguns gases
são importantes para este controle natural de temperatura, e são conhecidos
como gases de efeito estufa (SBRISSIA, 2009).
O efeito estufa ocorre quando uma parte da radiação solar refletida
pela superfície terrestre é absorvida na atmosfera pelos gases do efeito estufa.
Como consequência disso, a radiação infravermelha refletida pela terra fica
retida na baixa atmosfera resultando no aquecimento do planeta (ESCOBAR,
2008). Um esquema ilustrativo do efeito estufa é apresentado na Figura 2.
A atmosfera é o envoltório gasoso que circunda a Terra (MATTOS,
2001). Este envoltório terrestre é composto por aproximadamente 78% de
nitrogênio (N2), 21% de oxigênio (O2), 1% de argônio (Ar) e, atualmente, 0,04%
de dióxido de carbono (CO2), dentre outros gases (BAIRD, 2002), com uma
quantidade variável de vapor d’água (0 a 2%). A atmosfera funciona como um
cobertor que retém uma parte do calor liberado, aumentando assim a
temperatura local (BAIRD, 2002). Na realidade, o planeta não é coberto por
uma espessa camada de gelo devido à atividade natural do efeito estufa.
Assim, este efeito é benéfico para o planeta, pois garante condições que
permitem a existência humana (NISHI, 2003).
17
Figura 2 - Esquema do Efeito Estufa
Fonte: www.cmqv.org
As atividades humanas estão causando um aumento nas
concentrações dos gases de efeito estufa na atmosfera, o que faz com que a
temperatura no planeta se eleve. As emissões desenfreadas desses gases são
problemas de âmbito mundial que aceleram em níveis alarmantes o
aquecimento global. Aumentos na concentração de gases que intensificam o
efeito estufa têm conduzido um grande impacto no balanço de entrada e saída
de radiação solar do planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da terra
(CAST, 2004).
3.1.1. Gases do Efeito Estufa
Segundo o PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS (IPCC, 2009), os gases causadores do efeito estufa são: Dióxido
de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O) e outros gases
provenientes de indústrias, como hexafluoreto de enxofre (SF6),
18
hidrofluorcarbono (HFC) e perfluorcarbono (PFC). Recebem tal denominação
por terem a capacidade de reter o calor na atmosfera, do mesmo modo que o
revestimento de uma estufa para cultivo de plantas. O CO2 ocorre
naturalmente na atmosfera, assim como o N2O e o CH4. Os outros gases
relacionados a este efeito são lançados somente através de processos
industriais (EPA, 2009).
Os gases de efeito estufa apresentam um potencial de aquecimento
global diferenciado. Estes podem ser expressos em relação a algum gás de
referência como, por exemplo, o dióxido de carbono. O índice de aquecimento
global – IAG (Global Warming Potencial – GWP), é uma tentativa de
providenciar uma medida simples do efeito da radiação relativa de diferentes
gases de efeito estufa (UNEP, 2005). O índice define a força cumulativa
causada por unidade de um gás emitido. Desta forma, os gases podem ser
representados em CO2 equivalentes (CO2e), de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1 - Potencial de aquecimento global dos gases
Fórmula Gases Equivalentes em toneladas CO2
CO2 Dióxido de Carbono 1 CH4 Metano 21 N2O Óxido Nitroso 310
HFCs Hidrofluorcarbonetos Entre 140 e 11700 PFCs Perfluorcarbonetos Entre 6500 e 9200 SF6 Hexafluoreto de Enxofre 23900
Fonte: IPCC, 2009.
A concentração de CO2 na atmosfera sofreu um aumento de 36 %,
desde a era pré-industrial. A responsabilidade maior desse aumento é das
atividades humanas (IPCC 2009). Na queima de combustíveis fósseis para
produção de energia, o carbono presente é emitido quase que totalmente na
forma de CO2, acelerando assim a concentração desses na atmosfera. O CO2
representa mais da metade dos gases do efeito estufa encontrados, além de
que o tempo de permanência mínima na atmosfera é de 10 décadas (AGUIAR,
2009).
19
Outro gás responsável também por intensificar o efeito estufa é o
CH4, podendo ser lançado através de várias atividades, como por exemplo,
tratamento de efluentes líquidos, plantação de arroz, aterros sanitários,
fermentação entérica do gado, queima de biomassa, mineração de carvão,
durante o processo do gás natural. O gás geralmente é encontrado junto as
petróleo, assim, durante a produção, ocorre emissão de metano também
(AGUIAR, 2009). O N2O é um gás cerca de 300 vezes mais agressivo do que o
CO2. É lançado na atmosfera através do uso de fertilizantes orgânicos e
químicos, queima de combustíveis fósseis, queima de biomassa, produção de
ácido nítrico, além da disposição de resíduos em aterros e lixões (MATTOS,
2001). Já os gases emitidos nas atividades industriais, que apresentam alto
poder de aquecimento global, HFC, PFC, SF6, chegam à atmosfera, por
exemplo, pela utilização como líquido para refrigeração (HFC), na produção de
alumínio (PFC), no isolamento elétrico em atividades de transmissão e na
distribuição de energia (SF6) (EPA, 2009).
3.2. Ciclo do Carbono
O carbono é o elemento principal nos ciclos globais. Estes envolvem
a vida, a terra e a química, sendo chamados assim de ciclos biogeoquímicos. O
ciclo biogeoquímico do carbono é o nome dado ao conjunto de processos
responsáveis por retirar carbono de um determinado reservatório, fazê-lo
participar de compostos e reações em outros reservatórios e após algum tempo
devolvê-lo ao reservatório de origem (PACHECO, 1990).
O ciclo global do carbono é um dos mais importantes ciclos
biogeoquímicos da Terra, devido ao seu papel na concentração atmosférica,
segundo RENNER 2004. O carbono circula entre três diferentes reservatórios
globais: a atmosfera, os oceanos e os sistemas terrestres, assim, o ciclo do
carbono é composto de vários ciclos simples.
Sob condições normais, o ciclo natural do carbono, sem a
interferência do homem, é um ciclo perfeito, o CO2 liberado na respiração
celular é reciclado em condições naturais (BRAGA et al., 2005). De acordo com
20
a Figura 3, são apresentadas as relações entre os diferentes compartimentos
que compõe o ciclo biogeoquímico do carbono.
Figura 3 - Ciclo biogeoquímico do carbono
Fonte: www.fiec.org.br
O ciclo envolve basicamente três processos, responsáveis pela
circulação do carbono:
a) Reações de consumo e produção de CO2, respiração celular
e fotossíntese, de acordo com a Equação 1
6 CO2 + 6 H2O + Energia C6H12O6 + 6 O2 (1)
b) Troca de CO2 entre atmosfera e oceanos
c) Sedimentação de carbonatos
O carbono é absorvido pelas plantas e organismos
fotossintetizantes. Uma vez incorporado às moléculas orgânicas dos
21
produtores, poderá seguir dois caminhos: ou será liberado novamente para a
atmosfera na forma de CO2, como resultado da degradação das moléculas
orgânicas no processo respiratório, ou será transferido na forma de moléculas
orgânicas aos animais herbívoros quando estes comerem os produtores (uma
parte será transferida para os decompositores que liberarão o carbono
novamente para a atmosfera, degradando as moléculas orgânicas presentes
na parte que lhes coube) (RENNER, 2004).
O ciclo mais importante é denominado fotossíntese – respiração,
de acordo com a Figura 4. Plantas ou microrganismos fotossintetizantes sejam
na terra ou nos oceanos, absorvem gás carbônico, aliado a esse gás, usam
água e luz solar, para converter CO2 em biomassa ou matéria orgânica
(energia). O O2 é liberado durante a produção da biomassa. Em complemento
a fotossíntese, ocorre à respiração: biomassa e matéria orgânica reagem com
oxigênio liberando gás carbônico e energia.
Figura 4 - Fotossíntese e Respiração
Fonte: http://portalsaofrancisco.com.br/alfa/energia/imagens/fotossintese-e-energia.jpg
Os animais, através da respiração, liberam à atmosfera parte do
carbono assimilado, na forma de CO2. Parte do carbono contido nos herbívoros
22
será transferida para os níveis tróficos seguintes e outra parte caberá aos
decompositores e, assim, sucessivamente, até que todo o carbono fixado pela
fotossíntese retorne novamente à atmosfera na forma de CO2.
Assim, por meio da fotossíntese e da respiração, o carbono passa
de sua fase inorgânica à fase orgânica e volta à primeira, completando seu
ciclo biogeoquímico. Essas reações de consumo e produção de CO2 são
processos de reciclagem do carbono e do oxigênio.
O ciclo do carbono não é restrito somente às plantas e à atmosfera
(ALECHANDRE e BROWN, 2000). Segundo WATSON et al. (2000),
“Os oceanos contêm aproximadamente 50 vezes mais carbono que a
atmosfera predominando carbono inorgânico dissolvido. Todavia, o
seqüestro de carbono pelos oceanos é 7 limitado devido à
solubilidade do CO2 na água do mar e à baixa taxa de mistura entre
as águas marinhas superficiais e profundas.”
De acordo com os estudos realizados por RICKLEFS 2003, a
terceira classe de processos de reciclagem de carbono envolve a dissolução de
compostos carbonatos na água e sua precipitação (deposição) como
sedimentos, particularmente calcário. Numa escala global, a dissolução e a
precipitação aproximadamente se equilibram entre si, embora certas condições
que favoreçam a precipitação tenham levado à deposição de extensas
camadas de sedimentos de carbonato de cálcio no passado, tais processos
ocorrem muito mais lentamente que os outros ciclos do carbono. Assim, é
relativamente menos importante para a reciclagem de curto prazo do carbono
no ecossistema.
3.2.1. O Carbono na Atmosfera
A atmosfera atua como condutor entre oceanos e solo, assim
desempenha um papel fundamental no ciclo do carbono. O carbono distribui-se
na natureza da seguinte forma: 0,06 % na atmosfera, oceanos, plantas e
animais; e 99,94 % nas rochas e sedimentos oceânicos. Em concentrações
normais, longe de ser prejudicial, o CO2 atmosférico é fator primordial sob dois
23
pontos de vista: metabolismo das plantas e equilíbrio climático global
(RICKLEFS, 2003).
Os reservatórios de CO2 na terra e nos oceanos são maiores que o
total de CO2 na atmosfera. Pequenas mudanças nesses grandes reservatórios
podem causar efeitos significativos na concentração atmosférica (REZENDE,
2000).
Os ciclos que envolvem as plantas vivas e os oceanos podem fazer
a concentração de gás carbônico mudar numa escala de tempo de semanas a
meses. Os ciclos que envolvem as rochas levam centenas de milhares ou
milhões de anos para afetar a concentração de gás carbônico na atmosfera,
como uma exceção: a atividade humana. Essa fase do ciclo pode levar milhões
de anos, enquanto o ciclo biológico do carbono é relativamente rápido: estima-
se que a renovação do carbono atmosférico ocorre a cada 20 anos.
3.2.2. O Carbono na Floresta
As florestas compõem o maior reservatório de carbono, cerca de
80% está estocado na vegetação terrestre e 40 % no carbono terrestre
(FÓRUM BRASILEIRO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS, 2002).
As florestas são consideradas fontes de carbono para a atmosfera
quando perturbadas pela ação antrópica ou até naturalmente (fogo, uso de
procedimentos inadequados na colheita, conversão em uso não florestal do
solo) (RENNER, 2004). Em todo o reino vegetal, as florestas proporcionam o
mais longo do ciclo de estocagem de carbono, em forma de madeira e
acumulação no solo, por centenas de anos antes de retornar à atmosfera
através da respiração, decomposição, erosão ou queima. O estoque que está
absorvendo carbono é chamado de “poço” (sink), e o estoque que está
liberando carbono é chamado de “fonte” (source). Portanto, áreas florestais são
consideradas poços de carbono (carbon sinks) (TOTTEN, 2000).
As florestas, em resumo, desempenham quatro papéis principais na
questão de mudança de clima, segundo Associação Brasileira de Produtores
de Florestas Plantadas (ABRAF, 2010):
24
Contribuem com cerca de 1/6 das emissões globais de CO2
quando são desmatadas ou usadas de modo não sustentável;
Reagem sensivelmente às mudanças climáticas;
Quando utilizadas sustentavelmente, produzem madeira para
o suprimento de matérias primas limpas e energia como uma
alternativa à queima de combustíveis fósseis ou à queima de
biomassa não renovável;
Têm potenciais para absorver e armazenar em sua biomassa,
no solo e nos produtos florestais cerca de 10 % das emissões
globais de carbono.
3.2.3. Interferência Antrópica no Ciclo do Carbono
O ciclo do carbono é muito vulnerável às perturbações
antropogênicas, que, por sua vez, podem mudar a temperatura e o clima.
Acredita-se que, até o início da idade industrial, os fluxos entre atmosfera,
continentes e oceanos estavam equilibrados. (ODUM, 1983). No entanto, o
aumento das concentrações de CO2 na atmosfera pode prejudicar este
equilíbrio (PACHECO, 1990).
A desenfreada emissão de gases para a atmosfera acentua o
desequilíbrio natural do ciclo do carbono. A questão que envolve o
aquecimento global, decorrente das emissões dos gases do efeito estufa
proveniente das atividades antrópicas, passou a ser um assunto preocupante,
devido a ameaças ao sistema climático do planeta a partir da década de 90. Tal
fato agravou-se com a publicação do 2º Relatório do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas – IPCC, em 1995, em que, embasado em evidências
científicas, demonstrou o aumento da temperatura global (AGUIAR, 2009).
A partir de então, mudanças climáticas, aquecimento global e efeito
estufa passaram a ocupar um lugar de destaque nas questões de ameaças
ambientais que colocam em risco a integridade do planeta. Esta alteração está
a forçar uma adaptação do sistema climático. O clima é extremamente
25
complexo, assim não existe uma forma de determinar até que ponto irá mudar
em resposta ao aumento dos níveis de gases do efeito estufa.
Nota-se que, o advento da Revolução Industrial representa, por um
lado, um momento histórico para o desenvolvimento tecnológico, e, por outro,
destaca-se como um marco significativo na transformação do meio ambiente
global, pois foi quando se iniciou então a desenfreada emissão de CO2 à
atmosfera. A atual fonte de energia do mundo capitalista tem por base
combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, alterando o equilíbrio natural
do clima, pois há emissão de gases que intensificam o fenômeno. A maioria
das atividades emissoras é fundamental à economia global e aos padrões de
vida modernos. Na Tabela 2, estão apresentas as principais fontes de
emissões de gases do efeito estufa.
Tabela 2 - Fontes antrópicas de emissão de GEE
Fontes de emissões Consequências
Combustíveis fósseis - durante a produção de eletricidade,
movimentação dos automóveis,
aquecimento de casas ou
funcionamento das indústrias,
combustão destes combustíveis são a
maior fonte de GEE
Agricultura e Pecuária - fermentação entérica ou
decomposição de dejetos dos gados
emitem CH4
- uso de fertilizantes emite N2O
- é liberado CH4 na decomposição de
matéria orgânica nos solos alagados
Desflorestação - queima ou apodrecimento da
biomassa libera CO2
Resíduos - tratamento de efluentes e aterros de
lixos emitem CH4
26
Continuação da Tabela 2:
Gases industriais - HFCs, PFCs e SF6 são gases com
longos períodos de vida e com
potencial de aquecimento muito
superior aos demais.
Fonte: http://unfccc.int/2860.php
3.3. Mudanças Climáticas e a Preocupação Global
O aumento da temperatura da Terra, devido ao agravamento das
emissões dos gases causadores do Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, é um
dos mais graves problemas ambientais que a humanidade terá de enfrentar
neste século.
Os dados divulgados pelo quarto relatório do Painel
Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, 2007) confirmam que, apesar
do aquecimento global ser um fenômeno natural, o aumento das atividades
antrópicas tem contribuído para intensificá-lo e decorrem, principalmente, da
queima de combustíveis fósseis em usinas termelétricas, indústrias, veículos,
sistemas de aquecimento domésticos, lixões, aterros sanitários, agricultura,
além do desmatamento, das mudanças nos padrões de uso da terra, entre
outros fatores. O IPCC prevê que a emissão anual de CO2 no ano de 2100 será
de cinco teratoneladas (1012 toneladas) de carbono, um aumento de
temperatura cerca de 1,5 ºC e um aumento no nível médio dos mares de 0,1m,
em seu melhor cenário.
De acordo com o artigo publicado na Proceedings of the National
Academy of Sciences, a concentração de CO2 na atmosfera subiu 35% em
apenas sete anos. Entre 2000 e 2006, atividades humanas, como a queima de
combustíveis fósseis e o desmatamento, contribuíram com o lançamento de 4,1
bilhões de toneladas de CO2, levando a uma taxa de crescimento anual de 1,93
ppm (partes por milhão). Na década de 90, essa taxa era de 1,49 ppm ao ano.
A atual concentração de CO2 é de 381 ppm, a maior dos últimos 650 mil anos.
27
Ao mesmo tempo, os processos naturais que poderiam reduzir esse impacto
(absorção das florestas e dos oceanos) parecem estar esgotando sua
capacidade.
Segundo o INSTITUTO DE PESQUISA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA
(2002), além do aumento da temperatura do planeta, outros impactos estão
previstos como consequências das mudanças climáticas: eventos climáticos
extremos (enchentes, tempestades, furacões, secas, além do El Niño, evento
climático que ocorre regularmente a cada 5 a 7 anos, poderá se tornar mais
intenso e frequente). Relatórios do IPCC mostram evidências desses
fenômenos e simulam diversos cenários para o futuro, caso as emissões dos
GEE não sejam reduzidas.
Segundo SOUZA (2005):
[...] Derretimento de geleiras e capotas, elevação dos oceanos,
enchentes, desertificações de solos, secas e incêndios florestais,
tempestades e furacões intensos, bem como verões escaldados e
invernos mais rigorosos, são algumas das consequências de um
fenômeno chamado aquecimento global, que vem ganhando muita
força desde a segunda metade do século XVIII.
A Figura 5 apresenta as alterações de temperaturas previstas
para o início e final do século XXI em relação ao período 1980-1999, segundo a
publicação no relatório IPCC, 2007. O gráfico mostrado do lado esquerdo
representa as incertezas e probabilidades relativas do aquecimento global
médio a partir de vários estudos.
28
Figura 5 - Projeções sobre a temperatura da superfície terrestre
Fonte: Relatório IPCC 2007
Estima-se que até 2100 o nível do mar deve subir aproximadamente
90 cm, o que implica no desaparecimento de muitas ilhas e várias áreas
costeiras, ocorrerão mudanças nos regimes pluviométricos, riscos a
biodiversidade das espécies e muitos ecossistemas terão dificuldades de
adaptação às novas condições climáticas. Além disso, deverá haver aumento
na frequência de doenças relacionadas ao calor e ainda a possibilidade da
migração da população humana em função de alterações no clima.
Segundo estudos do IPCC, divulgados no relatório de 2007, foi
apresentado alterações relativas em precipitação para período 2029-2099, em
relação a 1980-1999, conforme apresentado na Figura 6.
29
Figura 6 - Padrões de alteração de precipitação
Fonte: Relatório IPCC 2007
Diante do cenário que o aquecimento global estabeleceu, a
sociedade atual deve procurar um equilíbrio entre o desenvolvimento
socioeconômico e o meio ambiente, já que o desequilíbrio ecológico
desencadeia consequências negativas ao meio socioeconômico (PREISKORN
2011).
O problema econômico que um país enfrenta em face das mudanças
climáticas está relacionado a avaliação dos custos de abatimento de emissões
de GEE e os correspondentes benefícios dos danos evitados pelas reduções
de emissões, para escolher a melhor política de proteção aos possíveis
impactos negativos, de acordo com a estrutura do modelo integrado Economia-
Clima, apresentado na Figura 7.
30
Figura 7 - Estrutura básica de um modelo integrado Economia-Clima
Fonte: Aímola, 2006
3.3.3. Mudanças Climáticas no Brasil
No Brasil são escassos dados consistentes sobre indicadores e
impactos de mudança do clima. No entanto, existem estudos e pesquisadores
de várias instituições (Fiocruz, INPE, MCT, UFMG, USP, Unicamp, Embrapa,
UFRJ, IPAM, WWF, Agência Nacional de Águas, Ministério do Meio Ambiente),
alguns que integram os grupos de trabalho do IPCC, que preveem um aumento
da temperatura média no Brasil até o final do século 21. A temperatura média
no Brasil aumentou em 0,76 ºC ao longo do século XX (TAMAIO, 2010).
Segundo esses especialistas, a temperatura média no Brasil pode
aumentar em até 4ºC até 2100. Essa elevação da temperatura poderá afetar a
segurança alimentar do país e trazer prejuízos para a agricultura. A Floresta
Amazônica e o semi-árido nordestino devem ser as regiões mais afetadas.
Os quatro primeiros meses de 2010 foram o mais quentes já
registrados no planeta. Segundo o pesquisador Paulo Nobre, do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 1980 e 2005, as temperaturas
máximas medidas no estado de Pernambuco, subiram 3ºC, o que se conclui
que a região do Nordeste brasileiro é a mais vulnerável às mudanças
31
climáticas. Na Figura 8 é apresentado o mapa do Brasil com uma previsão das
regiões que sofrerão maior impacto das mudanças climáticas até 2100.
Figura 8 - Regiões que sofrerão os impactos das mudanças
climáticas
Fonte: Revista Época
Sobre as maiores ameaças, existe a possibilidade de prever os
seguintes cenários, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente:
Aumento da desertificação do Nordeste (área 2 da Figura 8),
gerando um problema de escassez de água e provocando a
migração para a região litorânea do Nordeste e estados do
Sudeste.
A alteração no bioma Amazônico (área 1), na medida em que
a parte oriental da floresta encontra-se mais vulnerável às
mudanças climáticas, poderá ter uma diminuição drástica das
chuvas e ficar seca. Isso afetaria também o regime de chuvas
32
nas regiões Sul e Sudeste. Ainda segundo os especialistas,
entre 60% e 70% da floresta existente hoje poderão virar uma
vegetação com árvores menores e menos diversidade, como
uma mata de capoeira. Ou seja, poderão se transformar numa
vegetação tropical de savana.
A produção de grãos da região do Cerrado (área 3),
sobretudo a soja, poderá ser prejudicada pela falta de chuva.
A área de plantio seria reduzida em 60 % em relação aos dias
atuais. Secas prolongadas e poucas chuvas também afetarão
o regime hídrico do Pantanal.
Mudanças na região do litoral poderão ser provocadas pelo
aumento da acidez na água do oceano (área 4), ameaçando
espécies de peixes e crustáceos. Como decorrência do
aumento do calor, a região Sudeste terá mais chuvas e
tempestades do que o habitual (área 7), com secas mais
prolongadas, prejudicando o plantio de café. Cerca de 60% do
que restou da Mata Atlântica deverão desaparecer.
Com o aumento da temperatura no Oceano Atlântico, existe a
possibilidade de surgir ciclones extratropicais no litoral do Sul e Sudeste,
atingindo grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro (área 6).
Furacões como o Catarina, que assolou Santa Catarina em 2004, poderão se
tornar comuns nessas regiões. Por causa do aumento do nível do mar, Recife e
Rio de Janeiro poderão ser as cidades mais afetadas.
3.4. Acordos internacionais das mudanças climáticas
As discussões sobre o clima na Terra são antigas, tiveram seu início
em 1873, quando se criou a Organização Internacional de Meteorologia (OIM
ou WMO). Em 1950, com a intenção de discutir questões referentes ao clima, a
OIM já contava com 187 Estados membros, o que levou à criação da OMM
(Organização Meteorológica Mundial) (DAMASCENO E NETO, 2007).
33
Em 1972, ocorreu a primeira Conferência Mundial sobre o meio
ambiente, a Conferência de Estocolmo, na Suécia, organizada pela
Organização das Nações Unidas – ONU, contando com 113 países, inclusive o
Brasil, objetivando discutir temas de interesse geral da humanidade e
relacionados ao meio ambiente, sendo considerada por muitos o ponto de
partida do movimento ecológico. Como resultado dessa conferência, houve a
criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente).
Alguns anos depois, em 1979, a primeira Conferência mundial sobre
o clima, reconheceu as mudanças climáticas como um grave problema, de
interesse global. Nessa reunião discutiu-se como a mudança do clima poderia
afetar as atividades humanas.
A Organização Metereológica Mundial e o PNUMA criaram, em
1988, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, cuja
principal atribuição era a de revisor das políticas nacionais e internacionais
relacionadas à questão das mudanças climáticas, realizando estudos que
relacionavam o aumento na temperatura global com as atividades
desenvolvidas pelos seres humanos, além de propiciar o acesso a informações
científicas sobre o tema, sendo o IPCC a autoridade científica mais importante
do mundo sobre aquecimento global.
Nesta instituição são encontradas centenas de cientistas
atmosféricos, oceanógrafos, especialistas em gelo, economistas, sociólogos
que avaliam e divulgam os principais dados sobre mudanças climáticas. O
IPCC publicou quatro relatórios, sendo o último deles publicado em dois de
fevereiro de 2007, comprovando cientificamente que a ação do homem
interfere diretamente no equilíbrio climático do planeta (DAMASCENO, 2007).
A partir da criação do IPCC, houve uma evolução nos debates: em
1990 a Assembleia Geral da ONU iniciou negociações para a adoção da
Convenção sobre Mudança Climática.
Foi realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a maior conferência
mundial sobre os problemas ambientais, Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambientes e Desenvolvimento – United Nations Conference on
34
Environment and Development, conhecida como ECO-92, Rio-92 ou Cúpula da
Terra. Nesta conferência culminou na assinatura de um tratado internacional
denominado de Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do
Clima (CQNUMC), United Nations Framework Convention on Climate Change
(UNFCCC). O tratado tinha como objetivo:
[...] a estabilização das concentrações de gases do efeito estufa na
atmosfera num nível que impeça a interferência antrópica perigosa no
sistema aquático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo
suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente
as mudanças do clima, que assegure que a produção de alimentos
não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico
prosseguir de maneira sustentável. (UFCCC, 2008a, p.6)
Com a assinatura deste tratado, várias reuniões dos países
participantes da Convenção-Quadro foram realizadas (SISTER, 2007).
Intituladas Conferência das Partes Signatárias da Convenção-Quadro sobre
Mudanças Climáticas (COP´s), os encontros realizados anualmente, servem
como fórum de debate das questões climáticas que afetam a vida no planeta
(SISTER, 2007). O principal objetivo dessas convenções é o da
responsabilidade comum, porém diferenciada, que se baseia em: países
desenvolvidos assumem os primeiros compromissos, uma vez que
historicamente são eles os grandes emissores e apresentam maior capacidade
econômica para suportar tais custos (RENNER, 2004).
Com base nesse princípio, os países foram divididos em dois
grupos, que estão apresentados no Anexo 1.
Os países do Anexo I são os países industrializados e que
contribuíram efetivamente para o aquecimento global. Os países do Anexo II
são os com obrigação de colaborar por meio de recursos financeiros e
tecnológicos com países em desenvolvimento. Existem ainda os países
pertencentes ao Não-Anexo I, que são aqueles em desenvolvimento, no qual o
Brasil encontra-se inserido. Estes possuem obrigações mais genéricas.
35
3.4.3. Conferências das Partes – COPs
Segundo conceito extraído da Cartilha elaborada pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT, 2003): ”A Conferência das Partes (COP) é o órgão
supremo da Convenção e tem a responsabilidade de manter regularmente sob
exame a implementação da Convenção, assim como quaisquer instrumentos
jurídicos que a Conferência das Partes vier a adotar, além de tomar as
decisões necessárias para promover a efetiva implementação da Convenção”.
Foram realizadas, desde 1995, ano que aconteceu o primeiro
encontro entre os signatários da CQNUMC, 15 reuniões. As decisões tomadas
nas conferências têm o objetivo de ajustar a CQNUMC às novas situações que
surgem no decorrer dos anos (DAMASCENO, 2007). No Anexo 2 apresenta-se
um resumo dos principais encontros das COPs.
A COP 3 é apontada como uma das mais importantes, pelo fato de
ser a conferência em que foi adotado o texto do Protocolo de Quioto (GAZONI
2007). A conferência de Copenhague (COP 15) tinha como objetivo principal
definir novas metas de emissões de GEE, além de substituir o Protocolo de
Quioto (UNCCC 2009). No entanto, isso não foi realizado, E como resultado,
criou-se o Acordo de Copenhague. Neste documento foram apresentadas
apenas declarações de intenções.
3.4.4. Protocolo de Quioto
Criado durante a COP 3, o Protocolo de Quioto é um anexo à
Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças do Clima. De acordo
com o artigo 3º, parágrafo 1º, foi estabelecido que os países do anexo I ficam
obrigados a reduzirem suas emissões de GEE, para que elas se tornem, ao
menos, 5% inferiores em relação aos níveis de emissão de 1990, durante o
período de 2008 a 2012. Todas as emissões reduzidas deverão ser expressas
em carbono ou equivalentes (AGUIAR, 2009).
A grande inovação do Protocolo de Quioto consiste na utilização de
mecanismos de flexibilidade para que os países do Anexo I possam atingir as
metas propostas. Esses mecanismos são:
36
a) Implementação Conjunta, que se trata da cooperação entre
os países do Anexo I através de projetos de redução de
emissões de GEE – implica em constituição e transferência
de créditos de emissões do país em que o projeto está sendo
implementado para o país emissor;
b) Comércio de Emissões, que permite negociação de cotas de
emissão dentre os países do Anexo I – assim, países com
emissões maiores podem adquirir créditos para cobrir seus
excedentes;
c) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite que os
países do Anexo I financiem projetos de redução ou comprem
reduções de emissões resultantes de projetos desenvolvidos
nos países não pertencentes o Anexo I.
No entanto, o Protocolo só entraria em vigor após a data em que
pelo menos 55 Partes da Convenção, envolvendo as Partes incluídas no Anexo
I, as grandes responsáveis pelas emissões de GEE – 55% das emissões totais
de CO2 em 990, ratificassem o documento (GAZONI, 2007). O Protocolo entrou
em vigor apenas em fevereiro de 2005, devido à ratificação da Rússia, ocorrida
após inúmeros impasses (SISTER, 2007).
É importante ressaltar que o Protocolo de Quioto é um acordo legal
e há penalidades no caso de descumprimento por parte dos seus signatários.
Dessa foram, o país infrator poderá sofrer sanções previstas no próprio
documento, como por exemplo, exclusão do mercado de compra e venda de
créditos de carbono, acréscimo da meta de redução de emissões (DOMINGOS,
2007).
3.4.5. Mercado de Carbono
Também denominado Emission Trade, o comércio de carbono é
definido no Artigo 17 do Protocolo de Quioto. Cada país do Anexo 1 pode
comercializar parte da redução de suas emissões que exceder as metas
estabelecidas.
37
O mercado de carbono corresponde a um sistema de negociação de
unidades de redução de emissões de gases de efeito estufa, sendo que,
quando ocorre essa redução dos GEE, são emitidos certificados denominados
Créditos de Carbono, que poderão ser negociados no mercado Internacional
(BARBOSA, 2010).
As Reduções de Emissão Certificada (RCEs) ou Créditos de
Carbono são instrumentos juridicamente criados, sendo geralmente definidos
como certificados que autorizam o “direito de poluir”. Os Créditos de Carbono
têm sua base conceitual focada na idéia de compensação de emissões
atmosféricas na medida em que proporcionam o equilíbrio entre as novas
emissões de poluentes no ar e a sua redução (BONFANTE, 2010). Assim,
países desenvolvidos podem impulsionar projetos que viabilizem a redução da
emissão de GEE em países em desenvolvimento através do mercado de
carbono, quando adquirem Créditos de Carbono provenientes desses países.
3.4.6. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
O MDL teve origem na proposta brasileira, Fundo de
Desenvolvimento Limpo, que seria formado por meio de contribuições dos
países desenvolvidos que não cumprissem suas metas de redução. Em Quioto,
a idéia foi transformada e estabeleceu-se o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (RENNER, 2004).
Segundo Rocha (2003), o MDL consiste em cada tonelada de CO2
reduzida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento poderá ser
negociada no mercado mundial por Reduções Certificadas de Emissões – RCE
(ROCHA, 2006). Assim, o mercado de créditos de carbono no âmbito do MDL
pode ser caracterizado como a comercialização de RCE’s entre países em
desenvolvimento e países desenvolvidos, com metas de redução de emissões
definidas pelo Protocolo de Quioto.
Os países do Anexo I estabelecerão metas para redução de
emissões, as empresas ou instituições que não conseguirem reduzir suas
emissões de CO2, ou então, não quiserem fazê-la, poderão comprar
Certificados de Emissões Reduzidas (CER) em países em desenvolvimento.
38
Estes, por sua vez, deverão utilizar o MDL para promoverem seu
desenvolvimento sustentável.
3.4.7. Política Nacional Sobre Mudanças do Clima
No campo de acordos e negociações internacionais, o Brasil tem um
papel importante e único nas mudanças climáticas. É um país considerado com
uma economia em crescimento e possui uma rica biodiversidade e uma das
maiores florestas: a Amazônica. Por outro lado, essa imensa riqueza vem
sendo devastada de forma acelerada, o que coloca o país na difícil posição de
quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Essa posição é fruto
dos altos índices de desmatamento e do uso insustentável e não planejado de
suas terras.
Os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima e no Protocolo de Quioto fazem parte
das diretrizes da Política Nacional sobre Mudanças do Clima. É importante
ressaltar que o Brasil se comprometeu a adotar medidas de mitigação
ambiental durante a conferência da ONU no evento da ECO-92, quando
assinou a CQNUMC (MCT, 2009).
Dentre os objetivos da Política Nacional sobre Mudanças do Clima,
pode-se destacar: a redução das emissões por fontes antrópicas, o
fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito
estufa no território nacional e a definição e implementação de medidas para
promover a adaptação à mudança do clima das comunidades locais, dos
Municípios, Estados, regiões e de setores econômicos e sociais, em particular
aqueles especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos (PNMC, 2008)
Conforme o Artigo 8º da Política Nacional sobre Mudanças do Clima,
o Plano Nacional sobre Mudança do Clima visa “fundamentar e orientar a
implantação da Política Nacional por meio de ações e medidas que objetivem a
mitigação da mudança do clima e a adaptação aos seus efeitos.” (PNMC,
2008).
Este plano possui como estratégia de elaboração a realização de
consultas públicas para manifestação da sociedade, das instituições científicas
39
e de todos os demais agentes interessados no tema, com a finalidade de
promover a transparência do processo e a participação social na sua
elaboração e na sua implantação. (PNMC, 2008).
O desenvolvimento e a realização de campanhas, programas e
ações de educação ambiental, de acordo com a PNMC (2008), deverão ser
desenvolvidos em parceria com a Política Nacional de Educação Ambiental,
através de linguagem acessível e compatível com os diferentes públicos, de
modo a esclarecer e conscientizar a população sobre os aspectos e os
impactos decorrentes da mudança do clima e as alternativas, individuais e
coletivas, de mitigação e fortalecimento do conceito de importância da
preservação dos sumidouros de gases de efeito estufa, com a participação da
sociedade civil organizada e instituições de ensino.
Desde a Rio-92, o tema do desenvolvimento sustentável ocupa lugar
central na política externa brasileira. A proposta do país de sediar a Rio+20 se
enquadrou nessa prioridade, ao criar oportunidade para que todos os países
das Nações Unidas se reunissem, mais uma vez no Rio de Janeiro, para
discutir os rumos do desenvolvimento sustentável para os próximos 20 anos.
3.5. Neutralização de Carbono
O conceito de Neutralização de Carbono surgiu nos debates sobre
aquecimento da temperatura global. A neutralização é uma medida de ação
voluntária que poderá ser adotada por empresas e indivíduos numa tendência
pró-ativa em favor do meio ambiente. Sendo que, o abatimento do CO2, emitido
por ações antrópicas, é feito a partir da contabilização de emissões de GEE,
convertendo tais emissões de GEE em CO2 equivalentes a fim de determinar
as medidas compensatórias a serem tomadas por cada indivíduo ou empresa
(BRANDÃO et al., 2008).
A neutralização de carbono pode ser considerada como uma fonte
de mitigação ambiental, em que empresas, instituições e cidadãos têm a
possibilidade de compensar suas emissões de CO2 por meio do plantio de
40
árvores que fixam carbono através do processo de fotossíntese durante seu
crescimento e desenvolvimento. Assim, o CO2 que é lançado na atmosfera é
retirado pelas florestas, ou seja, é neutralizado (Netto et al., 2008). De acordo
com Ditt et. al, (2007) o desenvolvimento de projetos de remoção de carbono
representa uma estratégia para enfrentar desafios socioambientais.
Segundo Neto (2007), a principal diferença entre compensação de
carbono e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é o fato que todo e
qualquer projeto de MDL prende-se ao cumprimento de uma obrigação, preso a
um arcabouço jurídico, e não de uma iniciativa voluntária. O sequestro de
carbono seria considerado MDL se a ação estivesse provocando
“adicionalidades”, sem que o acréscimo no estoque de carbono fixado não
ocorreria.
Entre as soluções que têm sido propostas para a diminuição de CO2
da atmosfera, a promoção do “sequestro de carbono” tem tido bastante ênfase
por se basear no incentivo da atividade fotossintética da vegetação, isto é, um
mecanismo natural de altíssima eficiência e de baixo custo. Nos ecossistemas
terrestres, o aumento do sequestro de carbono pode ser alcançado por meio da
elevação de carbono alocada para troncos e galhos grossos ou mediante o
aumento do tempo de vida da árvore. O carbono alocado nas folhas finas e
raízes finas é reciclado para a atmosfera muito rapidamente para ser
considerada fonte efetiva de sequestro de carbono (DIAS-FILHO, 2007).
As alterações climáticas são um problema ambiental com efeitos que
se fazem sentir a escala global. Assim, uma tonelada de carbono emitida num
local pode ser compensada através de uma tonelada sequestrada ou reduzida
em outro local, o que estaria associado a carbono neutro que anula o efeito do
clima.
Neste processo, primeiramente, são identificadas as fontes de
emissão de gases do efeito estufa de determinado estabelecimento ou
indivíduo. Tais fontes referem-se à geração de resíduos, utilização de
combustíveis em automóveis, consumo de energia elétrica, geração de
efluentes líquidos, dentre outras. Identificadas as emissões, elabora-se um
41
inventário com as emissões de GEE, onde são quantificadas e expressas em
dióxido de carbono equivalentes, com o objetivo de permitir o conhecimento do
perfil de emissão. Posteriormente, são realizados os cálculos para a respectiva
compensação, que é feita através de projetos que sequestram ou reduzem as
emissões desses gases. O funcionamento da compensação de carbono é
ilustrado no esquema representado na Figura 9.
Figura 9 - Representação do funcionamento da compensação de
carbono
Fonte: Autoria Própria
São objetivos da neutralização de carbono, de acordo com Instituto
Carbono Zero:
• Sensibilizar cidadãos e empresas quanto às alterações climáticas,
através da conscientização quanto às responsabilidades de cada indivíduo no
contexto das emissões de GEE;
• Auxiliar cidadãos e empresas a promover a redução das emissões
dos gases causadores do efeito estufa, através da adoção de novas atitudes
voltadas a sustentabilidade ambiental;
42
• Permitir aos cidadãos e empresas a possibilidade de agir de forma
concreta no combate às alterações climáticas, disponibilizando uma fonte
simples e credível de neutralizar as emissões;
• Promover às pessoas e empresas ganhos de imagem em resultado
direto de suas ações em prol da proteção do clima, possibilitando visibilidade
ao tema através de uma marca com identidade forte, e estratégia de
comunicação;
• Efetivar a recuperação ambiental de áreas degradadas.
Além de propor a neutralização de carbono, através do plantio de
árvores para anular as emissões de GEE, os projetos de compensação de
carbono estimulam a redução das emissões dos GEE, através de soluções
tecnológicas e novas atitudes e posturas dos cidadãos envolvidos nos projetos.
As propostas são desde as mais simples – economia de energia, reciclagem de
lixo, transporte coletivo, substituição da gasolina pelo álcool – até as que
dependem de soluções avançadas, ligadas a tecnologia – desenvolvimento de
energias mais limpas, redução da dependência com combustíveis fósseis,
entre outros.
De acordo com o IPCC (2007), as atividades de mitigação
relacionadas com as florestas podem reduzir de forma considerável as
emissões por fontes e aumentar as remoções de CO2 por sumidouros com
custos baixos. Além dos benefícios que envolvem geração de empregos,
geração de renda, biodiversidade e conservação das bacias hidrográficas,
oferta de energia e redução da pobreza.
O sequestro de carbono atmosférico ganhou destaque como um
novo serviço ambiental (MELO; DURIGAN 2006), gerando oportunidade de
negócios que promovem o desenvolvimento sustentável. De acordo com Paiva
(2009), as empresas que desenvolvem a neutralização de carbono se tornam
mais eficientes em questões ambientais, por exemplo, no uso da água, controle
de desperdício de energia elétrica, entre outras medidas. Assim, passam a ter
grandes vantagens em relações a suas concorrentes, seja em relação a
redução de despesas, ou em questões ligadas a ética ambiental. Para Neto, W.
43
(2007), a neutralização compensatória de carbono é uma proposta ligada à
ética ambiental pura.
Atualmente, projetos de compensações ambientais ainda tendem a
serem deixados para segundo plano, pois na maioria das vezes as empresas
têm diversos problemas, que demandam recursos, a serem resolvidos que são
considerados mais importantes a serem implantados (OLIVEIRA, 2010).
A cada dia fica mais evidente que a política do CO2 não trata apenas
das mudanças climáticas e sim de um novo modelo de políticas sociais e
econômicas. Os impactos de uma política de baixo carbono serão sentidos pela
população, mais pelo efeito do que de fato pela percepção, isto porque o maior
controle sobre as emissões de CO2 proporciona empresas mais seguras e
ecoeficientes, além de abrir novas janelas de investimentos e gerar novos
empregos e um novo impulso para uma economia global em recuperação
(PAIVA, 2009).
4. METODOLOGIA PARA NEUTRALIZAÇÃO DE EMISSÕES NA
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
4.1. Caracterização da Escola de Engenharia de Lorena
Escola de Engenharia de Lorena foi definida como área de estudo
do presente trabalho, a mais recente unidade da Universidade de São Paulo,
instalada na cidade de Lorena. A transferência da extinta FAENQUIL –
Faculdade de Engenharia Química de Lorena – para USP ocorreu em 29 de
maio de 2006.
A Universidade oferece seis cursos de graduação, Engenharia
Química, Engenharia Bioquímica, Engenharia de Materiais, Engenharia
Ambiental, Engenharia Física e Engenharia de Produção; mestrado em
Engenharia Química, mestrado e doutorado em Engenharia de Materiais e em
Biotecnologia Industrial. Oferece também especialização em Engenharia
44
Ambiental, Engenharia da Qualidade e Matemática, além do Ensino Médio e
Técnico Profissionalizante em Química.
A EEL é reconhecida por sua excelência em pesquisas para o
desenvolvimento nacional, envolvendo os campos de Biotecnologia Industrial,
Metais Refratários, Engenharia Química e Química Fina. Localizada no Vale do
Paraíba – SP, a 180 km de São Paulo e 220 km do Rio de Janeiro, a instituição
atende atualmente cerca de 2000 alunos, e suas atividades são desenvolvidas
em dois campi na cidade de Lorena.
O trabalho se delimita ao campus I, situado no bairro do Campinho,
cidade de Lorena (São Paulo), onde a foto aérea da Instituição a ser estudada
pode ser visualizada na Figura 10.
Figura 10 - Foto aérea da EEL
Fonte: http://www.alunos.eel.usp.br/
4.2. Elaboração do Inventário de Gases do Efeito Estufa
Para a realização do inventário dos GEE referente ao ano de 2011
da EEL foram utilizados os princípios metodológicos apresentados no
Programa Brasileiro GHC Protocol publicado pelo World Resources Institute
(WRI, 2012).
45
4.2.1. Identificação das Fontes de Emissão
A metodologia apresentada divide as fontes de emissões em três
grandes escopos e emissões de biomassa.
a. Escopo 1: Emissões diretas – Provenientes de fontes que
pertencem e são controladas pela organização em estudo. Emissões
do Escopo 1 devem ser subdivididas nas cinco categorias abaixo:
a.1. Combustão estacionária para geração de eletricidade, vapor,
calor ou energia com o uso de equipamento (caldeiras, fornos, queimadores,
turbinas, aquecedores, incineradores, motores, fachos etc.) em um local fixo;
a.2. Combustão móvel para transportes em geral (frota operacional
da empresa) e veículos fora de estrada, tais como os usados em construção,
agricultura e florestas;
a.3. Emissões de processos físicos e químicos: emissões, que não
sejam de combustão, resultantes de processos físicos ou químicos, tais como
as emissões de CO2 da calcinação na fabricação de cimento, as emissões de
CO2 da quebra catalítica no processamento petroquímico, as emissões de PFC
da fundição do alumínio etc.
a.4. Emissões fugitivas: (i) liberações da produção, processamento,
transmissão, armazenagem e uso de combustíveis e (ii) liberações não
intencionais de substâncias que não passem por chaminés, drenos, tubos de
escape ou outra abertura funcionalmente equivalente, tais como liberação de
hexafluoreto de enxofre (SF6) em equipamentos elétricos, vazamento de
hidrofluorcarbonos (HFCs) durante o uso de equipamento de refrigeração e ar
condicionado e vazamento de metano (CH4) no transporte de gás natural;
a.5. Emissões agrícolas: (i) fermentação entérica (CH4); (ii) manejo
de esterco (CH4, N2O); (iii) cultivo do arroz (CH4); (iv) preparo do solo (CO2,
CH4, N2O); (v) queima prescrita da vegetação nativa (CH4, N2O); (vi) queima
dos resíduos agrícolas (CH4, N2O).
46
b. Escopo 2: Emissões indiretas – Emissões atribuídas à compra de
eletricidade, calor ou vapor. São divididas em: energia elétrica e
compra de calor ou vapor.
As emissões de Escopo 2 constituem uma categoria especial de
emissões indiretas. Para muitas organizações, a energia adquirida representa
uma das principais fontes de emissões de GEE e a oportunidade mais
significativa de reduzir tais emissões. Contabilizar emissões de Escopo 2
permite avaliar oportunidades e riscos associados à mudança nos custos da
energia e das emissões de GEE. Outra razão importante para contabilização
dessas emissões é que a informação pode ser obrigatória para alguns
programas de gestão de GEE. O uso de energia pode ser reduzido investindo-
se em tecnologias e processos em prol da eficiência energética e da
conservação de energia. Além disso, os mercados emergentes de “energia
verde” oferecem oportunidades para algumas organizações migrarem para
fontes de energia que sejam menos intensivas em termos de emissões de
GEE. Também podem ser instalados geradores eficientes, em particular se
eles substituem a compra de energia mais intensiva em GEE da rede ou da
distribuidora. Relatar emissões de Escopo 2 permite a contabilização
transparente de emissões e reduções de GEE relacionadas a tais
oportunidades.
c. Escopo 3: Outras emissões indiretas – Relacionadas à atividade
da Organização, provenientes de fontes que não pertencem e não
são controladas pela organização, como por exemplo, tercerização
de serviços, transportes de matérias primas, uso de combustível
pelos funcionários e alunos, entre outras.
d. Emissão de biomassa: Emissões relacionadas à combustão de
biomassa. O CO2 liberado na combustão é igual ao CO2 retirado da
atmosfera durante a fotossíntese, sendo, portanto, considerado
“carbono neutro”. Por outro lado, devem-se considerar as emissões
de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), pois estas emissões não são
compensadas.
47
As emissões do Escopo 3 não foram contabilizadas devido a grande
dificuldade em identificar todas as fontes de emissões indiretas e a incerteza
em torno desta quantificação.
4.2.2. Coleta de dados
A etapa de coleta de dados de atividade é, invariavelmente, a que
demanda mais tempo e esforço da equipe responsável pela elaboração do
inventário de GEE dentro de uma organização, considerada também uma
etapa fundamental para garantir a qualidade dos resultados finais. Para a
maioria das pequenas e médias empresas e para grandes empresas, as
emissões de GEE de Escopo 1 são calculadas com base nas quantidades
adquiridas de combustíveis comerciais (tais como gás natural e óleo para
aquecimento), refrigerantes e ar condicionado, usando fatores de emissão
publicados. As emissões de Escopo 2 são calculadas principalmente com base
no consumo medido de energia e a partir de fatores de emissão específicos ao
fornecedor, ou à rede local, ou outros fatores de emissão publicados. Na
maioria dos casos, havendo fatores de emissão específicos por fonte ou
unidade, tais fatores são preferíveis a fatores de emissão mais abrangentes ou
genéricos.
Para a realização deste trabalho a coleta de dados foi realizada na
Diretoria Administrativa da EEL, nas secretarias dos departamentos de
Engenharia Química (LOQ) e Biotecnologia (LOT) e na Estação de Efluentes.
Foram considerados dados de energia e combustível na Diretoria
Administrativa e os dados referentes a resíduos e emissões de gases não
foram disponibilizados pelos departamentos. As coletas de dados foram
realizadas mensalmente, sendo que os dados referentes à energia elétrica
foram obtidos entre os meses de Janeiro a Dezembro de 2011 e os de
combustível foram obtidos entre os meses de Março a Dezembro de 2011.
4.2.3. Fatores de Emissão
Os fatores de emissão utilizados no inventário para as emissões
levantadas são os recomendados pelo IPCC, United State Environmental
Protection Agency (US EPA) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), de
acordo com a Tabela 3.
48
Tabela 3 - Fatores de emissão das principais fontes
Fonte de Emissão Fator de emissão Fonte de publicação
Álcool 1,469 KgCO2/L US EPA, 2008 Diesel 2,681 KgCO2/L US EPA, 2008 Gasolina 1,78 KgCO2/L US EPA, 2008 Energia Elétrica 0,0246 tCO2/MWh MCT, 2010
4.2.4. Aplicação das ferramentas de cálculo
Para calcular o total de emissões dos GEE das fontes contempladas
neste Inventário, utilizOU-se as ferramentas do Guia de Orientações do IPCC
(2006). De acordo com o Guia, destaca-se:
a. Emissão de CO2 por consumo de combustível
Para o cálculo das emissões de CO2 por consumo de
combustíveis, empregou-se a equação geral do IPCC (2006), apresentada na
Equação 2:
Emissão = Σ (Combustível x EF) (2)
Onde:
Emissão = emissão de CO2 (Kg);
Combustível = combustível consumido (L);
EF = fator de emissão do combustível (Kg/L).
As emissões de CH4 e N2O dos combustíveis listados através da
combustão móvel não foram calculadas, devido ser de extrema dificuldade a
estimativa exata da emissão, pois dependem da tecnologia do veículo, do
combustível e das condições de uso (IPCC, 2006).
b. Emissão de CO2 por consumo de energia elétrica
Para o cálculo das emissões indiretas por consumo de energia
elétrica utiliza-se a Equação 3, desenvolvida pelo IPCC.
Emissão = CE x EF (3)
49
Onde:
Emissão = emissão de CO2 por consumo de energia elétrica;
CE = consumo de energia elétrica (MWh);
EF = fator de emissão de CO2 pela rede elétrica (t/MWh)
4.3. Cálculo de Neutralização de CO2 por plantio de árvores
A partir do resultado final de emissão de GEE em tCO2 e de dados
de fixação de carbono pelas árvores, estipula-se o número de espécies
arbóreas nativas a serem plantadas para neutralizar o CO2 emitido pelo
período de um ano, através da Equação 4:
N = Et x 1,2 (4) Ft
Onde:
N = Número de árvores a serem plantadas;
Et = Emissão total de GEE estimado no cálculo de emissão (tCO2);
Ft = Fator de fixação de carbono em biomassa no local de plantio
(tCO2/árvore);
1,2 = Fator de compensação para possíveis perdas de mudas
O fator de fixação é estimado de acordo com a quantidade de
carbono sequestrado da atmosfera pelas plantas, que por sua vez, depende
das diferenças de espécies, solo, clima e tipo de vegetação. A determinação
deste fator foi realizada com base nos dados apresentados no Good Practice
Guidance for Land Use, Land-Use Change and Forestry (LULUCF) publicado
pelo IPCC no ano de 2003, o qual apresenta informações sobre as taxas de
Incremento Médio Anual (IMA) de Biomassa para florestas tropicais e
subtropicais em processos de regeneração natural localizadas em Regiões da
50
América que tem clima úmido com uma estação seca curta (AZEVEDO e
QUINTINO, 2010).
Assim, o cálculo do fator de fixação de carbono por árvore foi
realizado por meio da Equação 5:
tCO2/árvore/ano = IMA x (tC/t seca) x (44/12) (5) nºárvore/ha
Onde:
tCO2/árvore/ano = Toneladas de CO2 sequestrado por árvore em 1
ano;
IMA = Incremento Médio Anual da biomassa viva acima do solo mais
o IMA da biomassa viva abaixo do solo(toneladas de matéria seca/ha/ano);
tC/t seca = Teor de Carbono na matéria seca (0,5);
44/12 = Conversão do C para CO2;
nº árvores/ha = Número de árvores por hectare em fase de
crescimento
O número de árvores/ha utilizado para realizar o cálculo foi de 1.667
árvores/há de acordo com Bechara (2006). De acordo com o IPCC (2003) o
valor por do IMA da biomassa viva acima do solo em processo de regeneração
natural é 2 toneladas de matéria seca/ ha/ano para florestas com idade > 20
anos, com incerteza ±43% em torno da média do IMA. Em uma árvore adulta
aproximadamente 50% de sua massa é biomassa, a outra metade é água. Esta
relação está vinculada a densidade da madeira. Assim, a fração de carbono na
matéria seca por omissão é igual a 50% ou 0,5.
51
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. Fontes de Emissões de Gases do Efeito Estufa na Escola de
Engenharia de Lorena
Para a quantificação das emissões de GEE na EEL, foi necessário
identificar, primeiramente as fontes de emissão destes gases. O levantamento
de dados realizados neste estudo indicou as seguintes fontes:
Utilização de combustíveis por frota própria e frota de
terceiros;
Utilização de combustíveis durante o transporte de resíduos;
Geração de efluentes atmosféricos nos laboratórios;
Utilização de energia elétrica
5.1.1. Utilização de Combustíveis
Os dados referentes à quantificação de combustíveis pela frota de
automóveis da EEL estão apresentados na Tabela 4. Para a realização deste
estudo foram coletados dados do consumo de gasolina, óleo diesel e álcool. Os
valores apresentados são referentes aos meses de Março a Dezembro. Para
os meses de Janeiro e Fevereiro, segundo informações da Diretoria da EEL, os
gastos não foram contabilizados.
Tabela 4 - Combustíveis utilizados
Meses Gasolina (L) Óleo Diesel (L) Álcool (L)
Março 2220 1376 779
Abril 2278 1311 231
Maio 3214 1341 171
Junho 2856 1305 414
Julho 2034 867 69
Agosto 2248 1077 145
Setembro 2176 1093 271
Outubro 2301 1138 525
Novembro 2628 1036 221
Dezembro 2377 1182 253
TOTAL 28912 14046 3563
52
Assim, para efeito de cálculo, serão considerados para os meses de
Janeiro e Fevereiro valores médios que estão apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 - Quantidades mensais de combustíveis durante ano 2011
Meses Gasolina (L)
Óleo Diesel (L)
Álcool (L)
Janeiro 2290 1160 242
Fevereiro 2290 1160 242
Março 2220 1376 779
Abril 2278 1311 231
Maio 3214 1341 171
Junho 2856 1305 414
Julho 2034 867 69
Agosto 2248 1077 145
Setembro 2176 1093 271
Outubro 2301 1138 525
Novembro 2628 1036 221
Dezembro 2377 1182 253
TOTAL 28912 14046 3563
Para quantificar a emissão de CO2, empregou-se a metodologia de
cálculo descrita no capítulo anterior. Os valores obtidos para cada tipo de
combustível são apresentados na Tabela 6.
Tabela 6 - Valores obtidos para emissão anual referente aos
combustíveis
Combustível Consumo Anual (L)
Fator de Emissão (kgCO2/L)
Emissão = Combustível Consumido x Fator de Emissão (kg CO2)
Álcool 3563 1,469 5234,047
Diesel 14046 2,681 37657,326
Gasolina 28910 2,327 67273,57
De acordo com a metodologia para a neutralização das emissões
anuais de CO2 na Escola de Engenharia de Lorena provenientes dos
combustíveis utilizados pelas frotas de automóveis, a Figura 11 evidencia a
gasolina como fonte principal da emissão de CO2.
53
Figura 11 - Emissões anuais de GEE na EEL
Somando-se as contribuições dos três combustíveis, tem-se um
valor total de 110,165 toneladas de CO2 emitidas no ano de 2011.
5.1.2. Geração de Resíduos
Os resíduos gerados na EEL são coletados pela Prefeitura Municipal
de Lorena, através da coleta seletiva do lixo, que são devidamente separados,
e posteriormente encaminhados para a reciclagem.
5.1.3. Emissões de GEE’s ocasionadas pelos Laboratórios
Nos laboratórios da EEL são realizadas diariamente vários
processos químicos, que geram gases tóxicos que são liberados para o meio
ambiente. Todas essas reações são realizadas nas capelas que reduzem as
concentrações desses gases dentro dos laboratórios. No entanto, na
Faculdade não existe ainda nenhum tratamento para os gases gerados, sendo
descartados diretamente para a atmosfera.
5.1.4. Energia Elétrica
Os valores coletados neste estudo referentes ao consumo de
energia elétrica mensal no ano de 2011 estão apresentados na Tabela 7.
54
Tabela 7 - Consumo mensal de energia elétrica na EEL durante ano
2011
Meses Energia Elétrica (KWh)
Janeiro 86275,791
Fevereiro 83692,602
Março 97276,158
Abril 99369,513
Maio 91423,836
Junho 86361,219
Julho 79181,55
Agosto 75152,889
Setembro 73138,149
Outubro 85849,722
Novembro 86834,097
Dezembro 90189,603
TOTAL 1034745,129
Para quantificar as emissões indiretas de CO2 por consumo de
energia elétrica empregou-se a metodologia de cálculo de neutralização
descrita. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Emissão indireta relacionada ao consumo de energia
elétrica
Consumo Anual (MWh)
Fator de Emissão (tCO2/MWh)
Emissão = Consumo de energia no ano 2011 x Fator de Emissão ( t CO2)
1034,745 0,0246 25,455
5.1.5. Emissão anual de CO2
De acordo com o estudo realizado os dados e valores obtidos
anteriormente no ano de 2011, referente às emissões de CO2 na Escola de
Engenharia de Lorena, são apresentados na Tabela 9.
55
Tabela 9 - Emissões referentes ao ano de 2011
Fonte de Emissão
Descrição da fonte Consumo Emissão (tCO2)
Percentual de emissão de GEE
Combustão Consumo de gasolina 28910 L 67,274 49,60
Consumo de diesel 14046 L 37,657 27,77
Consumo de álcool 3563 L 5,234 3,86
Eletricidade Consumo de energia elétrica
1034745,129 KWh 25,455 18,77
Assim, com base nos cálculos realizados neste estudo, obteve-se
um valor de 135,62 ton de CO2, correspondente a emissão anual referente a
2011 na EEL. Na Figura 12 são apresentados os valores obtidos nesse estudo
em relação as várias fontes de emissões de GEE no ano de 2011.
Figura 12 - Representação gráfica da emissão anual de GEE
5.2. Cálculo de Neutralização do CO2 por plantio de árvores
Considerando o intenso crescimento da biomassa é até aos 20 anos
de idade, o número de mudas de árvores estimadas para neutralizar a emissão
de 135,62 toneladas CO2 da EEL, considerou um período de 20 anos a partir
56
do ano de plantio para a neutralização. Assim, o resultado obtido pela Equação
5 foi multiplicado por 20.
tCO2/árvore/ano = 0,5 x 2 x (44/12) x 20 = 0,044 tCO2/árvore/ano (6) 1667
Portanto, com esse resultado, foi estimado a quantidade de
mudas de árvores a serem plantadas para neutralizar em 20 anos a emissão
total de GEE pela EEL, utilizando-se a Equação 4.
N = 135,62 x 1,2 = 3699 árvores (7) 0,044
Com referência ao número de árvores a serem plantadas equivale a
2,22 hectares de área necessária para o plantio dessas árvores.
57
6. CONCLUSÕES
Em relação às emissões de gases do efeito estufa lançados à
atmosfera pela Escola de Engenharia de Lorena, é possível afirmar que a
instituição é capaz de reduzi-las de modo significativo, a ponto de neutralizá-
las. Esta redução pode se dar através de medidas mitigadoras que evitariam as
emissões, e também através de reflorestamento, que possibilitaria a
neutralização do CO2 emitido.
A metodologia proposta pelo Programa Brasileiro GHG Protocol
associada as metodologias do IPCC para elaboração do Inventário de GEE,
para estimar as emissões dos gases resultantes das fontes emissoras da EEL
realizadas no ano de 2011, apresentaram-se como excelentes ferramentas
para a composição do inventário de GEE reportados em CO2e, permitindo o
conhecimento do perfil das emissões destas unidades. Sendo assim, a
estratégia proposta para neutralização de GEE emitidos pela EEL é válida e
pode ser aplicada, atingindo o objetivo do trabalho.
Em relação às incertezas da metodologia, o cálculo utilizado para a
determinação de fixação de carbono em CO2 e por árvores nativas apresenta
uma incerteza de ±43% por não ter sido considerado o IMA da biomassa
abaixo do solo. No entanto, a metodologia apresentou-se simples, por não
demandar de longo tempo para sua determinação, podendo ser utilizada por
empresas, instituições e cidadãos para calcular o número de árvores a serem
plantadas para neutralizar suas emissões de forma voluntária.
A neutralização de GEE representa uma melhoria nas questões
ambientais da EEL, que estará demonstrando à sociedade, adotando o projeto
apresentado, sua responsabilidade e postura ética frente à intensificação do
efeito estufa e em relação às mudanças climáticas. Além de benefícios
relacionados à gestão ambiental, será de conhecimento da instituição o perfil
de suas emissões, a quantidade de GEE emitidos, e assim poderão ser
estudadas novas estratégias para neutralização desses gases.
58
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64
ANEXO 1
Quadro A1 – Divisão dos países participantes da Convenção-Quadro, em
países pertencentes aos Anexo I e não-Anexo I.
Países do Anexo I Alemanha, Austrália,
Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária,
Canadá, Comunidade Européia,
Croácia, Dinamarca, Eslováquia,
Eslovênia, Espanha, Estados Unidos
da América, Estônia, Federação
Russa, Finlândia, França, Grécia,
Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão,
Letônia, Lietchtenstein, Lituânia,
Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova
Zelândia, Países Baixos, Polônia,
Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha
e Irlanda do Norte, República Tcheca,
Romênia, Suécia, Suíça, Turquia,
Ucrânia.
Países do não-Anexo I Alemanha, Austrália, Áustria,
Bélgica, Canadá, Comunidade Européia,
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da
América, Finlândia, França, Grécia,
Irlanda, Islândia, Itália, Japão,
Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia,
Países Baixos, Portugal, Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Suécia,
Suíça, Turquia.
Fonte: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4069.html#ancora
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ANEXO 2
Quadro A2 – Resumo dos acontecimentos principais das COPs.
Conferências das Partes COPs
Pontos chaves
1995, COP 1 Berlim, Alemanha
Propõe a constituição de um protocolo e decisões sobre o acompanhamento da Convenção. Adoção do Mandatos de Berlim, que permitiu estipular limites de emissões de GEE.
1996, COP 2 Genebra, Suíça
Por meio da declaração de Genebra é criado obrigações legais com metas de redução na emissão GEE.
1997, COP 3 Quioto, Japão
Adoção do Protocolo de Quioto.
1998, COP 4 Buenos Aires, Argentina
Direcionamento dos trabalhos para colocar em vigor e ratificar o Protocolo de Quioto.
1999, COP 5 Bonn, Alemanha
Continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires.
2000, COP 6 Haia, Países Baixos
Suspensão das negociações devido a divergências entre União Européia e Estados Unidos em relação aos sumidouros e atividades de mudança de uso da terra (LULUCF- Land use, Land Use Change, Foresty).
2001, COP 6 Bis Bonn, Alemanha
Acordo de Bonn. Concessões feitas ao Japão e Rússia, em relação a utilização de sumidouros de carbono, como créditos para esses países.
2001, COP 7 Marraquekesh, Marrocos
Regulamentação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Acordo de Marraqueche) e discussões do LULUCF. Estados Unidos retira-se da reunião alegando que os custos para redução das emissões seriam elevados para sua economia e contesta a falta de metas de redução para países em desenvolvimento, especialmente Brasil, China e Índia.
2002, COP 8 Nova Deli, Índia
As discussões internacionais não apresentaram grandes avanços. Regulamentação de Projetos MDL de Pequena Escala.
2003, COP 9 Milão, Itália
Regulamentação dos sumidouros de carbono como atividades elegíveis ao MDL.
2004, COP 10 Buenos Aires, Argentina
Foram aprovadas as regras para a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, que ocorreu no próximo ano com adesão da Rússia. Regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de Florestamento/Reflorestamento.
2005, COP 11 Discussões sobre o segundo período do Protocolo
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Montreal, Canadá de Quioto, ou seja, pós 2012 e como facilitar a aprovação de metodologias de linha de base pelo Painel de Metodologias da Junta Executiva MDL.
2006, COP 12 Nairobi, Quênia
Estipulados as regras do Fundo de Adaptação (ferramenta para financiamento de projetos que colaborem os países mais pobres a se adaptarem às consequências das Mudanças Climáticas). As nações participantes comprometeram-se a rever os prós e contras do Protocolo de Quioto, que só estava prevista para acontecer em 2008.
2007, COP 13 Bali, Indonésia
Adesão da Austrália ao Protocolo de Quioto. Confecção do documento que direciona as discussões até 2009.
2008, COP 14 Poznan, Polônia
Não ocorreram avanços esperados dos países industrializados para a criação de um acordo climático pós – Quioto. Países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, apresentaram seus planos voluntários de redução de emissões.
2009, COP 15 Copenhague, Dinamarca
Acordo de Copenhague.
Fonte: Frondize (2009)