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Establet-Baudelot
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Establet e Baudelot são sociólogos franceses que tiveram uma preocupação em desenvolver uma concepção crítica da educação e da escola no capitalismo.
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Eles estão dentro do grupo de teóricos que tentam seguir e aprofundar o pensamento de Karl Marx no que se refere a educação.
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Seguindo a orientação de Marx, para eles o processo educativo que se dá dentro da escola é desigual, pois a escola é uma instituição sob controle da classe dominante, reprodutora de desigualdades sociais.
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Nas pesquisas e análises de Establet-Baudelot eles chegaram a conclusão que a escola é, na verdade, a instituição mais eficiente para segregar as pessoas, por dividir e marginalizar parte dos alunos com o objetivo de reproduzir a sociedade de classes.
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Eles chegaram a esta conclusão após realizarem pesquisas extensas na escolas francesas, nas quais descobriram que existe duas redes de escolarização: uma destinada aos filhos dos membros da classe empresarial e outra destinada aos filhos dos membros da classe trabalhadora.
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A primeira classe teria:Acesso às melhores escolas;Seus filhos teriam tempo e recursos para estudar;Disponibilidade e recursos para freqüentar outras atividades que complementam a formação e educação escolar.
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Quanto a segunda classe:Não teriam acesso às melhores escolas nem a complementação dos seus estudos, seja por conta da falta de recursos financeiros, seja por conta da incompatibilidade com a sua jornada de trabalho, que os obrigaria a freqüentar cursos noturnos, sem possibilidade de fazerem outros cursos paralelos.
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Para Establet-Baudelot a classe empresarial se escolariza para se perpetuar na condição de classe dirigente, dominante; são os que conseguem percorrer o curso secundário e ingressam nos melhores cursos superiores (a essa rede atribuem a sigla SS – secundário/superior); já a classe trabalhadora é escolarizada para perpetuar sua condição de classe dirigida, dominada; são os alunos que somente terminam os primário (ensino fundamental) e tentam ingressar em cursos profissionalizante (a essa rede atribuem a sigla PP – primário/profissionalizante).
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A escola, na concepção deles, não deixa clara a existência de duas redes, pelo contrário, elas coexistem (SS e PP) de forma dissimulada, pois, aparentemente, a escola se alicerça na ideologia da classe dominante para se apresentar como única, universal, que ofereceria oportunidades iguais.
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Em resumo:Para eles o processo de escolarização é diferente para cada classe social, embora a ideologia tente mostrar que é o mesmo;A classe empresarial recebe uma escolarização que lhe permite obter os conhecimentos necessários para o seu exercício de classe dirigente;A classe trabalhadora recebe uma escolarização que lhe possibilita apenas exercer um trabalho disciplinado dentro de sua condição de classe dirigida.
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Explicações sobre o fracasso escolar:A linguagemOs autores apontam que a linguagem é um dos fatores mais importantes para a explicação do fracasso escolar.Para eles, linguagem deve ser considerado qualquer forma ou jeito com que transmitimos a outras pessoas os conhecimentos, valores e idéias.
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Assim, a linguagem se apresentaria:No discurso do professor;Nos seus gestos;No conteúdo dos livros;Nos programas de ensino;Nas regras de convivência ou em normas disciplinares.
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Para Establet-Baudelot a linguagem da escola é semelhante àquela que aparece na vida da classe empresarial.Assim, a escola se torna um prolongamento da vida dos filhos da classe empresarial.Em relação à classe trabalhadora acontece o contrário: a criança pobre se encontra diante de uma linguagem que não corresponde à da sua vida cotidiana; a escola surge não como um prolongamento da sua vida, mas sim como um rompimento dela.
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Eles identificaram que uma das razões do fracasso escolar decorria do fato de que muitas vezes a criança da classe trabalhadora não assimila os conhecimentos que a escola lhe transmite porque não entende a linguagem com que os conhecimentos lhe são transmitidos. A escola surge como um ambiente estranho e ameaçador que a corrige a todo instante e acaba por inibi-la.Assim, por tratar com a mesma linguagem crianças de classes sociais diferentes, a escola reproduziria a desigualdade.
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A repetência surgiria como um fato natural deste processo, principalmente na 1ª séria primária (1º ano do ensino fundamental). A criança da classe trabalhadora, ao ingressar no ambiente escolar, encontraria neste ambiente um rompimento com sua vida cotidiana, que lhe dificultará o aprendizado, levando-a à repetência e à evasão. A criança da classe dominante, que encontrará uma linguagem familiar ao entrar na escola, tenderá a ter ótimo desempenho, aprenderá com facilidade, terá melhores notas, conquistará os melhores títulos universitários.
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Os autores tentam desmistificar a idéia que atribui à própria criança e à sua família as causas do fracasso escolar, e que inocenta, ao mesmo tempo, a escola, por considerá-la um ambiente neutro e imparcial.Na visão deles, a escola sutilmente marginaliza a criança pobre através da sua linguagem.
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Os professores:Para Establet-Baudelot, o professor se apresenta como elemento reprodutor das desigualdades sociais.A educação formal se concretiza na sala de aula, e nela o professor tem papel importante. Portanto, se a educação formal está a serviço da classe dominante, conclui-se que o professor está objetivamente a serviço desta classe.
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Para os autores os professores aparecem como sendo os primeiros a aceitar as normas escolares e a impor essas normas ao aluno, além de discipliná-los para que produzam como se produzissem numa fábrica, em função da recompensa-punição.
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O modelo de bom aluno para os professores seria:Que não pergunta;Que não reclama;Que aceita o que o professor diz;Não conversa nem fica de pé.
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Quanto mais submisso, melhor será o aluno, ao contrário do que faz muitas perguntas, que nem sempre concorda com o professor, o qual é tido como mal aluno e será punido.
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O eixo recompensa-punição serviria para os professores controlarem seus alunos de tal forma que iniba aqueles que possuem valores sociais diferentes dos encontrados na escola, favorecendo o aparecimento do aluno-padrão: submisso.