A R T I G O D E ATU A L I ZAÇÃO
o E NS I N O DE I NT R O D U ÇÃO À C I E N C I A D A E N FE R MAG E M E F U N DAMENTOS D E E N F E RMAGE M EM UM C U R R fC U LO I N TE G R ADO - A EXPE R I EN C I A DA
ESC O L A DE E N FE RMAGE M ANA N l: R I DA U N I VE RS I DADE FEDE RA L DO R IO DE JANE I RO (EEAN/U F RJ )
S u e l y d e Souza Bapt i sta , Mar ia d e Lou rdes M o re i ra Perei ra e Jussa ra Sauth ie r 1
BAPTISTA, S . S . et a li i . o ensino de Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de E nfermagem em um currículo integrado - a experiência da EEAN/ UFRJ . R ev. Bras. Enl , Brasília . 38(2) : 1 7 3-1 79 , abr ./jun. 1 985 .
R ESU MO. O traba lho const itu i u m estu d o sobre o ens i no d a I ntrodução para C iênc ia da E nfermagem e F undamentos de Enferm agem em u m cUrr I'cu l o i ntegrado, desenvo lv ido d e forma exper imental pe l a E EAN/U F R J . O enfoque pr inc ipa l deste p rograma de ens i no é a reo rgan i zação das exper i ênc ias curr icu l ares v i sando favorecer o preparo d o a l u n o face às n ovas caracte r íst icas da p rática p rofi ss iona l , p reparando-o, d este modo, para u m a atu ação mu l t id i sci p l i nar e i nte rd isc ip l i n a r. São ev idenc iadas as competências a serem a lcançadas pe l os a l u n os nas etapas d o c u rso de graduação, sendo também apresentado em q u ad ro demonstrat ivo do conteudo d a d i sci p l i n a F u ndamentos de e dos P l anos Cu rr i cu l ares inte rdepartamenta i s .
ABSTRACT. This work i s a study about the teach i n g of N u rs i ng Science I ntroduction and N u rs ing F u ndamental in an integrated curr icu l u m deve l o ped in an exper i mental form by the Ana N e ry N u rs ing Sch ool at the Federa l U n ivers i ty of R io de Jane i ro. The m a i n approach th i s teach ing p rogram i s t h e reorgan izat ion of t h e cu rricu l ar exper iences i n order t o benef it the students p re pare regard t o t h e n e w character istics of t h e profi ss iona l p ractice and for the i r m u l tid i sc i p l i na r and i nterd isc i p l i na r part ic ipat ion . The competences to be acq u i red by the students in the stages of the graduat ion cou rse are showed . M o reover , the content p rogram of N u rs ing F undamenta l and the i n te rdepartamental curr icu l a r p l an a r e p resented.
INTRODUÇÃO
No início do segundo semestre de 1 97 8 , o Curso de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Ana Néri (EEAN) passou a implantar uma nova abordagem, a partir de um projeto de re formulação curricular, que veio a ser aprovado pelo Conselho Federal de Educação (CFE ) em
1 . Professoras d a E scola d e Enfermagem Ana Néri/RJ .
1 9 83 e pela Universidade Federal do Rio de Janei
ro (UFRJ), em 1 984 . Essa reformulação trouxe como mudança principal a ampliação d as experiências de aprendizagem, no que se refere ao con
tinuum saúde-doença, e como estratégia correspondente , a substi tuição das primeiras experiências práticas que se davam anteriormente no cenário hospitalar por grupos mais ou menos homogêneos.
R ev. Bras. Enl . Brasilia. 38(2) , Abr. /Mai. /lun. 1 985 - 1 73
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em situações de estudo e/ou trabalho . A idéia norteadora dessa nova concepção curricular é a integração , entendida das seguintes formas : integração da teoria à prática, em que o conhecimento teórico e a experiência estão dialeticamente associados , de tal forma que um permita a consolidação do outro ; a integração estudo - trabalho , em que os estudantes ao participarem nos campos de estágio das equipes de saúde desenvolvem atividades produtivas na Insti tuição e contribuem para a melhoria do n ível de saúde da coletividade ; e , por último , a integração disciplinar em que o processo ensino-aprendizagem se realiza em tomo de experiências significativas para o alcance de competências , em que todas as disciplinas a elas relacionadas dão sua contribuição .
O processo de implantação do novo modelo curricular a nível de graduação teve como preocupação básica a reorganização das experiências curriculares anteriores para favorecer a atualização do perfIl do graduado face às mudanças e aos desafios da prática profissional . O Quadro 1 demonstra as competências gerais que traduzem os perfis a serem alcançados pelo estudante ao término do ciclo pré-profissional e profissional . As experiências curriculares se desenvolvem agora mediante a aplicação de novas metodologias de aprender, de trabalhar e de investigar, principalmente no interesse da enfermagem e segundo os termos de Programas Curriculares Interdepartamentais (PCls ) .
A expectativa maior em tomo desse currículo era a de que , no plano de cada programa, se pudesse prover oportunidades para ampliar o papel p rofissional e o âmbito das funções do enfermeiro. Dessa forma seriam favorecidas as competências compat íveis com a atuação multidisciplinar, interdisciplinar e , conseqüentemente , a autonomia necessária à definição de um modelo de prática profissional .
A estrutura curricular é composta de cinco e tapas, desenvolvidas em oito períodos do Curso de graduação (Anexo I) . Na primeira delas, o e studante vivencia experiências em coletividades ditas "sadias " de e'
scolares , adolescentes e adultos . Na segunda etapa, as experiências se realizam em Centros Municipais de Saúde , Ambulatórios e unidades de internação de Maternidades . Na terceira etapa, equivalente ao SQ período do curso , o estudante se defronta com situações onde a doença e/ou a hospi talização são aspectos primordiais . Na quarta etapa, o estudante entra em contato com pessoas que sofrem de dificuldades especiais de integração,
devido a problemas de ordem psico-biológica, psico-social ou psico-espiritual. Na quinta e última etapa, o estudante se volta para a comuni dade , em atividades de planejamento de programas , numa microrregião de saúde e desenvolve as experiências curriculares que interessam às habitações .
O presente trabalho , pretende identificar as implicações dessa nova abordagem para o ensino das antigas disciplinas Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem. Espera-se que esse estudo se revista de significado para o ensino da Enfermagem Fundamental , por oferecer uma visão globalizada dos conteúdos dessas disciplinas, que foram distribuídos nos diversos PC Is e também porque deverá servir de ponto de partida para novos estudos sobre o assunto .
Seus objetivos são: 1 ) Identificar as experiências de aprendizagem
no atual currículo que exigem suporte das disciplinas Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem; os momentos em que elas ocorrem no currículo e em quais cenários .
2) Discutir as implicações dessa nova abordagem curricular para o ensino de Enfermagem Fundamental'.
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Como já vimos, um dos aspectos norte adores da nova abordagem curricular é a integração de conteúdos das diversas disciplinas em tomo de experiências nucleadoras do ensino. Esta mudança, conquanto favoreça a aprendizagem, não facilita, no entanto, uma visão completa e imediata dos conteúdos de uma dada matéria, ao longo do currículo . Devido a isto, para e sclarecer qual a contribuição das disciplinas Introdução à Ciência da En
fermagem e Fundaméntos de Enfermagem para o currículo, foi necessário elaborar um instrumento de análise .
Para tanto , construímos um quadro demonstrativo (Anexo 1 ) , no qual aparecem listados correspondentemente os conteúdos dessas disciplinas e os dos PCls , no que interessa ao ensino daquelas disciplinas . Esse quadro permitiu identificar as experiências , de aprendizagem do atual currículo que exigem suporte teórico das disciplinas em
R ev. Bras. Enf. . Brasma. 38(2} . A br. fMai. fJun. 1 985 - 1 75
foco , os momentos em que elas ocorrem e em quais cenários de prática .
Assim, podemos constatar que : Os três primeiros p rogramas curriculares inter·
departamentais , que formam a Primeira Etapa do curr ículo de enfermagem desenvolvem-se paralela· mente às disciplinas comuns às carreiras da saúde , durante os três primeiros per íodos do Ciclo Pré· -Profissional ou Básico, como também é denomina· do.
Esta mudança estratégica trouxe como conse· qüência imediata o deslocamento da hora e do local do encontro do estudante com a Enfermagem Fundamental , que antes se dava nos 3Q e 4Q perío· dos do Curso, em cenário hospitalar , para os primeiros períodos , imediatamente após seu ingresso na Universidade , longe dos serviços de saúde institucionalizados , em coletividades de crianças , adolescentes e adultos , em seus locais de estudo e /ou t rabalho . Este deslocamento não apresenta dificul· dades, devido ao fato de que a Enfermagem Fundamental não tem um campo de atuação espec ífico e sim oferece o respaldo indispensávet
" à prática nos
diversos campos da enfermagem, caracterizando-se dessa forma como uma disciplina integradora . Não obstante , sua aplicação preliminar fora dos serviços de saúde deixa de realçar para o estudante os aspectos mais gerais, básicos e essenciais que são característicos da Enfermagem Fundamental . Deste modo , a nova abordagem curricular permite que o estudante inicie o desenvolvimento de suas habilidades pela abordagem a pessoas di tas "sadias" , em observância a um dos princípios da aprendizagem, ou seja, vivenciar situações na ordem do menor para o maior grau de complexi dade . Possibilita também que o estudante inicie mais precocemente o desenvolvimento de habilidades tanto instrumentais quanto expressivas .
Há outra vantagem de se fazer a iniciação do
estudante à enfermagem à entrada da Universidade e pelos seus aspectos mais gerais e mais simples : é a de destacar a parcela da enfermagem que seria complementar à formação profissional de outras carreiras da área da saúde , enfatizando a idéia de interdisciplinariedade entre as Ciências da Saúde . Em vista disso, o papel atribuído ao estudante de enfermagem neste prime iro período é o de "uni· versitário esclarecido" (em assuntos de saúde ) , querendo com isto significar que os conhecimentos , habilidades e destrezas adquiridos nesta etapa do currículo de enfermagem, ao tempo em que se configuram eminentemente como de Enfermagem,
1 76 - R ev. Bras. Enl , Bras/lia. 38(2), A br. /Mai. jJun. 1 985
devem t ambém integrar o cabedal de conhecimentos , habilidades e dest rezas dos demais profissionais da área da saúde e talvez um dia , quando se desenvolva o verdadeiro espíri to da universidade entre nós, de todas as profissões universitárias.
Após o estudante ter desenvolvido experiências de aprendizagem junto a essas cole tividades , ingressa na segunda etapa d o currículo d e enfermagem que é desenvolvida no 4Q per íodo do curso . Nesta e tapa . o educando vivencia situações de ensino-aprendizagem nos seguintes cenários : Centro de Saúde e grupos organizados da comunidade e'
Maternidade . Esta segunda etapa é formada pelos Programas Curriculares Inte rdepartamentais IV e V.
A abordagem curricular atual permitju também a ampliação de experiências pois anteriormente o cenário favela e ra vivenciado na ótica do Centro de Saúde , mediante a realização de visi tas d omi ciliares .
Atualmente , os estudantes interagem com grupos organizados da própria comunidade , preso tando serviços inclusive junto à Associação de Moradores.
Uma outra conseqüência é o fato destas experiências terem sido deslocadas para o 4 Q período , permitindo que o estudante dê continuidade a s e u apren dizado em termos de complexidade crescente . Isto porque nesta fase ele já ingressa em serviços de saúde institucionalizados porém, dando assistência a pessoas com probleI1!as de saúde que se apresentam em situações de menor complexidade e são tratados sem que requeiram procedimentos sofisticados e/ou conhecimentos teóricos aprofundados.
Nesta etapa, o ensino dos conteúdos de Introdução e Fundamentos de Enfermagem acontece da seguinte forma: inicia o estudan te na compreensão das te orias de enfe rmage m ; na u tilização da meto
dologia da assistência de enfermagem; e no desenvolvi mento de habilidades relacionadas àqueles procedimentos técnicos necessários à prestação do cuidado .
No SQ perJodo, o estudante ingressa na terceira e tapa do currículo de enfermagem. que é formada ' pelos Programas Curriculares Interdepartamentais VI, VII , VI I I e IX. Nesse período, são desenvolvidos os Programas Curriculares Interdepartamentais VI e VII e as experiências que integram esses programas de ensino-aprendizagem têm como campo de prática os seguintes cenários de instituições hospitalare s : Unidades de Pacientes Externos
e Uni dades de Internação de Hospital Geral . A nova abor dagem curricular trouxe como conseqüência in ovadora a oportunidade de se desenvolver o ensino dos conteúdos programáticos de Enfe rmagem Fundamental no cenári o de Unidade de Pacientes Extemos (U .r.E .) , que anteriorme nte não fazia parte do contexto da prática habi tual . Os outros cenários já constavam da programação discipli nar an te rior.
Continuamos observando que é respeitado o grau crescente de complexidade das experiências ofereci das ao estudante , pois , nesta fase , ele se de fron ta com situações de clientes não hospitalizados e hospi talizados que apresentam problemas de saúde e m situações de menor e mé dia complexidade. Para o ferecer a assistência de enfermagem adequada nessas situações , toma-se necessário um dom ínio maior das competências adquiridas anteriormente e o desenvolvimento de outras que respaldem suas ações .
Ainda na terceira etapa do currículo , o estudante ingressa nos Programas C urriculares Interdepartamentais VIII e IX, que estão alocados no 69 período do Curso . Nesta fase , as expe riências de aprendizagem continuam a ser desenvolvidas em cenário hospitalar e o estudante presta assistência de enfe rmagem a clientes que .:presentam proble mas de saúde em situações de mé dia e maior complexidade e a clientes de alto risco . Os locais de prática são ainda os hospitais gerais , incluindo unidades res tritas e unidades pediátricas .
A estrutura curricular atual permite que o estudante vivencie experiências em vários cenários num só período, pois deslocou 'o enfoque do ensino que ante riormente incidia nos cenários (setores em que ocorriam as experiências) para o grau de complexidade das situações de clien tes hospitalizados , se m que com isto deixe de oferecer ao estudante , experiências consideradas básicas ou essenciais à sua formação profissional .
Nessa etapa , o estudante desenvolve ações de e n fermagem visando proporcionar condições à pessoa para a sua pronta recuperação , sem seqüelas .
No 79 período do curso de graduação , o estudante ingressa nos Programas Curriculares Interdepartamentais X e XI, que integram a 4q etapa curricular. Esta etapa é desenvolvida em cenários nos quais as instituições estão interessadas na reabilitação física, mental e social das pessoas . Os locais de prática são : Hospital Psiquiátrico, Instituições Penais e Instituições que atendem deficientes sensoriais , motores e mentais .
Esses cenários foram incluídos no currículo de enfermage m graças à nova abordagem curricular, possibilitando assim a ampliação do enfoque do e nsino de reabilitação que , anteriormente , estava mais voltado para a parte física de clientes hospitalizados e que atualmente contempla com igual ênfase os vários aspectos fundamentais da reabilitação (físico , mental e s ocial). Tanto que , nesta e tapa, a ênfase do ensino está voltada p rincipalmente para as situações das pessoas com dificuldades de integração psico-social e psico-biológica e não apenas para problemas de ordem física ou mental .
As experiências do estudante de enfermagem nesses campos de prática favorecem o aprimoramento de sua capacidade de interagir com pessoas , de estabelecer relação de ajuda, de adquirir habilidades compatíveis com o trabalho de reintegração social e para a sua particip ação efetiva no trabalho multidisciplinar . Desta forma , o estudante desenvolve ações de saúde que contemplam o último nível de p revenção , segund o LEAVELL & C LARK5 •
No 89 e último período do Curso de Enfermagem o estudante ingressa na quinta etapa curricular e desenvolve experiências de ensino-aprendizagem no Programa Curricular Interdepartamental XII e em um dos 3 desdobramentos do Programa Curricular Interdepartamental XIII-A, B ou C, que incluem experiências de aprendizagem relacionadas às habilitações.
O Programa Curricular Interdepartamental XII oferece ao estudante oportunidade de elaborar diagnóstico de saúde de uma Microrregião de Saúde , discutir alternativas de solução e propor estraté gias de execução . Esse programa de ensino é mais uma inovação de abordagem curricular atual , que visa a tornar o estudante apto a participaI de uma equipe de saúde neste nível da administração sanitária , o que corresponde à sétima competência a ser atingida pelo estudante ao término do curso de graduação : "participar de equipe rnicrorregional de saúde " .
Outra constatação está nos termos do grau de complexidade crescente das experiências pois , até essa etapa, o estudante elaborava Diagnóstico de Saúde de pessoas , grupos e coletividades e, a partir dessa. ele adquire capaci dade para elaborar Diagnóstico de Saúde de Comunidades .
O Programa Curricular Interdepartamental XIII-A corresponde à habilitação em Enfermagem de Saúde Pública, o Programa Curricular interdepartamental XIII-B , à habilitação em Enfermagem
R ev. Bras. Enf . Brasilia. 38(2) . Abr. /Mai. fJun. 1 985 - 1 77
Obstétrica e o Programa Curricular Interdepartamental XIII-C, à habilitação em Enfermagem Médico-Cirúrgica_ As experiências de aprendizagem constantes desses Programas Curriculares Interdepartamentais continuam a ser desenvolvidas, em parte , nos mesmos cenários constantes na abordagem curricular anterior (Centros de Saúde , Maternidade e Unidades de Internação Médico-Cirúrgi-
" cas). No entanto , é utilizado como estratégia de ensino , o Seniorato, que permite que o enfoque desses cenários seja ampliado. Esta prática foi reintroduzida no Curso de Graduação em Enfermagem a partir do primeiro semestre de 1 982 , por ocasião da operacionalização das habilitações específicas .
Nessa oportunidade , o estudante desenvolve experiências de aprendizagem que lhe fornecem condições para o desenvolvimento de habilidades necessárias ao seu desempenho frente às funções de administração, supervisão , ensino e treinamento e de iniciação à pesquisa. Nessa etapa, o estudante adquire capacidade para atuar significativamente nos seguintes programas: de assistência à saúde da comunidade (Programa Curricular Interdepartamental - XIn-A), nos programas assistenciais de menor, média e maior complexidade da área matemo-infantil (Programa Curricular Interdepartamental - XIII-B) e de assistência hospitalar , viSándo primordialmente a extensão Lias ações de enfermagem (Programa Curricular Interdepartamental -XIII-C) .
Nesse momento , o estudante tem a oportunidade de sedimentar os conhecimentos , acerca da Enfermagem Fundamental , adquiridos nos Progra-mas Curriculares anteriores.
.
Ainda quanto às conseqüências da nova abordagem curricular para o ensino da Enfennagem Fundamental , temos a considerar os seguintes aspectos : a ampliação do enfoque teórico para respaldo às experiências realizadas nos diversos cenários de prática e a criação de pontos de interseção no ensino devido ao desenvolvimento integrado do conteúdo de várias áreas de domínio do conhecimento .
Para respaldar as experiências dos estudantes , verifica-se uma ampliação do enfoque do ensino dos conteúdos das diciplinas Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de Enfennagem, principalmente no que se refere à teoria do autocuidado , à metodologia científica, aos instrumentos básicos e às necessidades humanas . Estes conteúdos já constavam da abordagem an terior porém,
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campos de prática deslocando-se o centro de interesse do ensino , que antes estava voltado para a assistência hospitalar, para a atuação do estudante frente aos problemas da comunidade . Isto favoreceu o aparecimento de metodologias apropriadas ao desenvolvimento das experiências de aprendizagem, entre elas : diagnó�tico da situação de saúde da coletividade , comunidade e da ambiência de escolares, adolescentes e adultos ; preparo , desenvolvimento e avaliação de reuniões com equipes e com grupos da comunidade ; elaboração e execução de plano de intervenção e avaliação da ajuda prestada .
Constata-se ainda como conseqüência da nova abordagem curricular, inovações no que diz respeito aos procedimentos técnicos. Verifica-se que alguns deles foram adaptados às situações de aprendizagem de enfermagem com a finalidade ao currículo de enfennagem com a finalidade de atender as exigências impostas pela prática, principalmente pela ampliação dos cenários.
Outra conse"qüência dessa nova abordagem para o ensino das disciplinas Introdução ã Ciência da Enfennagem e Fundamentos de Enfermagem é a possibilidade de desenvolver os seus conteúdos programáticos, envolvendo conhecimentos de outras áreas da enfermagem. Esta estratégia fornece ao estudante uma visão globalizada das situações que requerem sua atuação como elemento facilitador para a resolução dos problemas . As dificuldades oriundas ' destes fatos vêm sendo agravadas pela inexistência de marcos conceituais de cada Departamento, que possam orientar as discussões dos problemas interdepartamentais em uma perspectiva de interdisciplinariedade .
Um outro aspecto é que a refonnulação curricular teve como conseqüência a exigência de qualificação de maior número de docentes em cada área de domínio , para atender aos Programas Curriculares Interdepartamentais e de constante atualização , ampliação e aprofundamento de seus conhecimentos, para atender às necessidades do currículo . Muitas vezes esta necessidade vem sendo atendida apenas através da participação dos docentes nos programas de ensino-aprendizagem e por seus esforços individuais de educação continuada. Isto representou, e ainda representa, um grande desafio para o corpo docente . Esta situação é agravada pela insuficiência numérica de docentes visto que , para o funcionamento pleno e coerente do ensino integrado, é necessário um número mínimo de
docentes proporcional a cada programa , correspondência esta que ainda não foi alcançada.
CONC L USÕ ES
Um dos resultados dessa análise é a constatação de que todos os conteúdos das disciplinas Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem estão sendo contemplados na programação curricular atual , através de experiências de aprendizagem equivalentes .
Obse rva-se também alteração nos momentos de desenvolvimento dos conteúdos e experiências dessas disciplinas . Na abordagem atual , este desenvolvimento se inicia precocemente e acompanha todo o desenvolvimento curricular. Isto acontece pela ministração dos próprios conteúdos ou pelo respaldo indispensável que a Enfermagem Fundamental oferece à prática da profissão.
Constata-se ainda que os conteúdos dos PCIs excedem em muito os dos programas das disciplinas adotadas anteriormente e a ampliação dos cenários onde se dá a aplicação prática desses conteúdos, p rincipalmente no que se refere ao trabalho do estudante em coletividades ditas "sadias" , em Unidades de Pacientes Externos e com pessoas com dificuldade de integração bio-psico-
. -social. Essa abordagem inovadora exigiu uma amplia
ção significativa do ensino da Enfermagem Fundamental quanto ao enfoque teórico, às experiências e aos cenários de prática.
SUG ESTÕ ES
• Que o corpo docente das Escolas de Enfe rmagem estude a possibilidade de ampliação dos conteúdos e experiências das disciplinas Introdução à Ciência da Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem, de modo que seus enfoques possam abranger todo o continuum saúde enfe rmidade .
• Que os cenários de prática dos estudantes sejam ampliados . garantindo assim a sua atuação em todos os n íveis de prevenção (promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação da saúde e reabili taçJo) .
• Que , na ampliação dos conteúdos que fornecem suporte às experiências , sejam destacados os que possibilitam ao estudante uma melhor compreensão do contexto sócio-pol ítico-cultural-econômico no qual se insere a prática da enfermagem.
• Que sejam dadas aos estudantes oportunidades de aprendizagem nas diversas dimensões do autocuidado com ênfase tanto em situações individuais quanto grupais.
BA PTI STA, S .S . et alii. The Nursing Scicnce Introduction and Nursing fundamental tcaching in an integratcd curriculum - Thc cxperience at Ana Neri Nursmg School at the Federal University of Rio d e Janeiro.· R ev. Bras. Enf, B rasília . 38( 2) : 1 7 3-1 79 . abr.ij u n . 1 9 8 5 .
R E F E R Ê N C I AS B I B L I O G R Á F ICAS
1 . CA RVALHO, V. Sobre o projeto para aplicação de uma nova metodologia ao processo e nsino-aprendizagem - uma experiência de mudança curri- . cular da Escola de Enfermagem Ana Néri. Apresentado ao Comitê de Ensino de Graduação , do 34<? Congresso Brasileiro de Enfermagem, Porto Alegre , 24 a 29 de out. de 1 9 8 2. Porto Alegre , A BEn. 1 98 2 .
2 . -- . & CASTRO . I . B . Das ponte s necessárias à articulação da graduação com a pó s-graduas:ão na E scola de Enfermagem Ana N éri - uma crítica da situação vigente : conj eturas e proposições. I n :
SEMINÁRIO D E AVALIAÇ ÃO D O S l O ANOS DO CURSO DE MESTRADO D A ESCO LA DE ENFERMAGEM ANA Nf.R I DA UNIVERSIDADE FED E R AL DO RIO D E JANEIRO , 1 9 8 3 . Mirneoj!rafado.
3 . - - . e t alü. Um Proje to de mudança curricular no ensino de enfermagem em níve l de graduação que favorece aos propósitos emergentes
da prática profissional. In: CONGRESSO BRASILEIRO D E ENFERMAGEM, 30. , Belém , 16 a 22 de julho d e 1 97 8 . A nais . . . Belém, ABEn, 1 9 7 8 . p . 1 1 7- 3 9 .
4 . LACORTE, M.L. et alii. Inovações no ensino de e nfermagem da E scola Ana Néri : desenvolvimento da 1 . unidade curricular "a criança " a e scola e cu . R ev. Bras. Enf , Brasília, 33 ( 1 ) : 3 3-5 3 , jan.! mar. 1 980.
5 . LEA VELL, H . R . & CLARK, E.G. Medicina preventiva. São Paulo , McG raw-Hill do B rasil, 1 9 7 7 .
6 . TYR REL, M . R . & SOUZA M .L.F. A prática d o se niorato nas habilitações de enfermagem médico·<:irúrgica c obstetrícia da EEAN . Enfenn. Moderna, Rio de Jane iro, 2 (3 ) : 2 1 -30, jul . isc t . 1 9 84 .
ReI' . Bras. Enf . Bras ma. 38(2) , A br. /Mai. /Jun. 1 985 - 1 79
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