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Page 1: Empresasprojetamunidadesacessíveis OPINIÃO desde 2004 as empresas ... NBR 9050 abnt.org.br ÁREAS COMUNS ... Segundo a ABNT de 0,95 m a 1,15 m de 60 cm a 70 cm PORTAS devem ter ao

2 imóveis DOMINGO, 4 DE ABRIL DE 2010 ef

ACESSO LIMITADO

Empresasprojetamunidadesacessíveis OPINIÃOBanheiro éuma prova debaliza

Opções de planta com desenho universal surgem em lançamentos de Cyrela, Rossi e Tecnisa................................................................................................COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a necessidade de espe-cializar seus arquitetos naquestão da acessibilidade, jáque desde 2004 as empresassão obrigadas a garantir áreascomuns acessíveis para obter oHabite-se (autorização de ocu-pação), construtoras começama oferecer opções de plantaadaptada para as unidades.

É o caso da Cyrela, que temcinco empreendimentos emque o comprador pode escolhera planta com desenho univer-sal, que atende a todo tipo demorador, desde idosos atépessoas com deficiência.

“A diretriz que temos é paraque todos os novos projetos te-nham uma opção”, determinaDébora Berini, gerente-geral deprodutos da empresa.

O projeto pensado na plantanão só facilita para quem já pre-cisa das adequações mas tam-bém para quem terá de pensarnisso no futuro.

“Quando isso ocorre [a aces-sibilidade é vista no projeto], assoluções são mais fáceis e têmcusto bem menor”, garante Re-gina Cohen, coordenadora doNúcleo Pró-Acesso da UFRJ.

“Pensadas na fase de projeto,as alterações não oneram”,conclui a gerente de projetos daTecnisa, Patrícia Valadares.

Ainda neste semestre, a em-presa deve lançar seu primeiroempreendimento voltado aosidosos, com adaptações queatendem não só a esse públicocomo aos deficientes.

A Rossi tem três empreendi-mentos em construção comunidades já adaptadas, um nacapital e dois em Mogi das Cru-zes (57 km a leste de São Paulo).

Custos de adaptaçãoA demanda de prefeituras

por unidades acessíveis em em-preendimentos econômicos e acota do programa “Minha Casa,Minha Vida” destinada a defi-cientes físicos e a idosos são ou-tros motivadores para que as

empresas vejam esse filão domercado com outros olhos.

Sobre os custos da adaptaçãoda unidade, as empresas dizemque não são cobrados se o mo-rador é deficiente.

No prédio da vereadora MaraGabrilli (PSDB), que é tetraplé-gica, os gastos foram divididosentre a construtora e o condo-mínio. “Passei cinco anos pro-curando apartamento. É muito

difícil encontrar imóveis comacessibilidade mesmo nasáreas comuns”, relata ela, quejá fez reuniões com construto-ras e palestras no Secovi-SP ena Aabic (Associação das Admi-nistradoras de Bens Imóveis eCondomínios de São Paulo) pa-ra sensibilizar o mercado.

Para quem quer ter um apar-tamento adaptado para receberamigos, como a arquiteta Ma-

riana Alves, contudo, a reformapode ser paga: “Gostaria de termeu apartamento adaptado,mas a construtora me cobrariaas alterações por não ser defi-ciente”, afirma.

Outro problema quando oimóvel vendido na planta nãotem unidade adaptada é a cons-trutora restringir a compra acertas unidades, como as detérreo e primeiro andar.

As empresas procuradas pelaFolha argumentaram que essarestrição acontece apenasquando não é possível fazer asadaptações que são solicitadasem outra unidade.

A coordenadora do NúcleoPró-Acesso da UFRJ CristianeRose, porém, dá outra explica-ção. “Apartamentos em andartérreo são menos valorizados”,comenta ela. (CC)

Alterações indicadas para que o imóvel atenda a deficientes

DESENHO UNIVERSAL

Fontes: Associação Brasileira de Normas Técnicas, Núcleo Pró-Acesso da UFRJ e Prefeitura Municipal de São Paulo

REFERÊNCIAS Norma técnica: NBR 9050abnt.org.br

ÁREAS COMUNS

>> Rampas de acesso>> Quando houver escadas em quenão seja possível a adequação derampas, é necessário um elevadormecânico adaptado no corrimão>> Passagens com largura mínimade 90 cm>> Sanitários adaptados>> Piso tátil e direcional>> Indicações em braile pelocondomínio e no elevador>> Estacionamentos e garagenscom 120 cm livres para atransferência de pessoa em cadeirade rodas

CPA (Comissão Permanentede Acessibilidade), órgão deconsultas da prefeitura:0/xx/11/3113-8756

Núcleo Pró-Acesso da UFRJ:0/xx/21/2598-1663;www.proacesso.fau.ufrj.br

Instituto Brasil Acessível:0/xx/11/5044-1054;www.brasilacessivel.org.br

CADEIRA PADRÃOSegundo a ABNT

de 0,95 m a 1,15 m

de 60 cma 70 cm

PORTASdevem ter aomenos 80 cmde largura

ELEVADORESMais de 90 cm deabertura e maisde 100 cm deprofundidade

PISONiveladoe semobstáculos

ESCADASCorrimão dosdois lados

ÁREA LIVRENo mínimo 150 cmpara giro da cadeiraem 180º

BANHEIROSÁrea de giro de150 cm e pisoantiderrapante

MAÇANETASETOMADAScom altura de 40 cma 120 cm do piso

.................................................................................JAIRO MARQUESCOORDENADOR-ASSISTENTE DAAGÊNCIA FOLHA

Normalmente as pes-soas descobrem que suascasas ou apartamentosnão são nada acessíveisquando são visitadas porum cadeirante ou quandoalguém da família precisa,em uma emergência, deuma cadeira de rodas.

É um “deus nos acuda”para que o visitante derodas caiba no lavabo, ven-ça aquele degrau da cozi-nha, atravesse o corredorque leva até os quartos.

Nos imóveis construí-dos hoje, a situação é aindamais complicada. Entrarno banheiro, do tamanhode uma caixa de fósforos,com uma cadeira de rodaspara um simples banho éuma prova de baliza. Rarossão os projetos que pro-põem ao menos uma uni-dade com acessibilidade.

Pouco tempo atrás, co-mecei a procurar um novolugar para morar. Em todoempreendimento que en-trava, era sempre o mes-mo diálogo com o corre-tor: “Olha, para fazer mo-dificações nós vamos terde estar vendo com o en-genheiro, com o arquiteto,com o papa, com o...”

Até os estandes de ven-da, para dar um tom deglamour, têm escadarias.

O deficiente no Brasil éexpulso do transporte pú-blico sem adaptações, dascalçadas esburacadas, dafalta de rampas em insta-lações. Não ter o direito aum lar com um mínimo deaconchego já me parecemuito mais do que excluir.

O autor é cadeirante e edita o blogh t t p : / / a s s i m c o m o v o c e .folha.blog.uol.com.br

Assembleiavotaadaptaçãoemprédioantigo................................................................................................COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para moradores de edifíciosantigos, as variações dentro daunidade são facilitadas pelo es-paço maior que os apartamen-tos costumam ter. O maior pro-blema é o da área comum.

“Sempre tem briga em con-domínio por causa das obras deadaptação”, diz a arquitetaThaís Frota. “Normalmenteaprovam o mínimo, a reforma

nunca é completa.”As obras devem ser aprova-

das em assembleia e rateadasentre todos os condôminos. “Oque tem que ser levado para aassembleia é o projeto, porqueexistem soluções relativamen-te baratas e soluções mais ca-ras”, ensina Omar Anauate, di-retor de condomínio da Aabic.

A obra entra na fila das refor-mas necessárias e pode demo-rar. A aposentada Valéria Mi-

guez, 51, desistiu de aguardar aconstrução da rampa na entra-da do imóvel, prometida pelosíndico. “Eu fiquei meses na ex-pectativa, mas ele sempre diziaque havia outras obras. Entãoeu mesma tive que fazer a ram-pa em um serralheiro”, conta.

Outra questão são reformasfeitas para serem acessíveis eque não atendem às necessida-des por falta da especializaçãode arquitetos. “Ainda falta mui-

to conhecimento técnico parase projetar com acessibilida-de”, afirma Regina Cohen,professora da UFRJ.

É recomendada a consultoriade empresas especializadas ouda CPA (Comissão Permanentede Acessibilidade), da prefeitu-ra. Arquitetos e engenheiros deprojetos não conformes podemser denunciados no Crea (Con-selho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia). (CC) No prédio de Mara Gabrilli, adaptações foram necessárias

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