Embalagens logísticas: proteção do produto na movimentação e armazenagem
Washington Spejorim
As embalagens podem ser definidas de diferentes formas, variando de acordo com o profissional que fizer essa determinação. Embora uma emba-lagem sempre precise preencher os requisitos de proteção, contenção, co-municação e utilidade, ela pode ser idealizada sob diferentes perspectivas. Um profissional de marketing dará um enfoque diferente de um profissional de logística, pois para ele o foco principal da embalagem é a apresentação do produto ao público e, na logística, o foco principal da embalagem é a pro-teção do produto ao longo de todo o processo da cadeia de suprimentos.
Esta aula tem por objetivo apresentar embalagens destinadas à proteção dos produtos durante os processos de movimentação e armazenagem, suas funções e importância para a cadeia de suprimentos.
Classificação das embalagensAs embalagens compõem um dos elementos mais importantes dentro da
cadeia de suprimentos, pois estão presentes durante todo o fluxo percorrido pelos materiais, desde os fornecedores até o cliente final. Elas são respon-sáveis pelo envolvimento, contenção e proteção dos produtos durante as atividades de movimentação, transporte e armazenagem, tarefas típicas da área de logística.
Deve-se entendê-las como uma função técnico-econômica, pois elas devem prover a proteção e, ao mesmo tempo, possuir o menor custo pos-sível. Para isso, cabe ao profissional responsável por sua concepção o co-nhecimento de resistência dos materiais, processos logísticos e técnicas de fabricação. Para o profissional de marketing, é também necessário o co-nhecimento de cores, formas, mercado, enfim, de tudo o que está ligado à função de venda do produto ao cliente final. O que se percebe facilmente é
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Embalagens logísticas: proteção do produto na movimentação e armazenagem
que o projeto de uma embalagem é complexo e depende da interação de profissionais e áreas distintas.
Ao estudar embalagens, o profissional de logística precisa ter um conhe-cimento sistêmico do processo. Isso significa que além das embalagens, é necessário saber quais equipamentos de movimentação estarão presentes durante todas as operações como as linhas de produção que serão atendi-das, o transporte a ser utilizado, enfim, é imprescindível um mapeamento completo do processo, entradas, saídas e recursos envolvidos.
Uma embalagem pode ser classificada de diferentes maneiras. Em relação à função, elas podem ser primárias, secundárias ou terciárias. Embalagens primárias são aquelas que contém o produto, que estão em contato direto com ele. Embalagens secundárias servem para proteger e acondicionar as primárias. Já as embalagens terciárias servem para facilitar os processos de movimentação e armazenagem de produtos. Por exemplo, no caso de movi-mentação e armazenagem de uma tinta:
embalagem primária – galão de tinta. �
embalagem secundária – embalagem de papelão com quatro galões �de tinta.
embalagem terciária – palete com 10 caixas de tinta. �
Tal distinção é importante porque há um desenho de processos por trás de informações como essas. No caso de um almoxarifado de materiais peri-gosos e produtos inflamáveis, onde essa tinta seria armazenada, é necessário prever um espaço para o recebimento e a inspeção desses paletes contendo as caixas de tinta. Em seguida, há necessidade de fracioná-los e armazenar as caixas de papelão (embalagens secundárias). Já a eventual transferência para o cliente final, que no caso de uma indústria pode ser uma cabine de pintu-ra, se faz com os galões. Dessa forma, o projetista deve conceber a estrutura de armazenagem baseando-se nas dimensões das embalagens secundárias, assim como deve planejar todo o abastecimento da produção com embala-gens primárias.
Outras maneiras de classificar uma embalagem podem ser visualizadas na tabela 1. Para o profissional de logística, o entendimento desse conjunto
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de critérios possibilita uma definição mais correta de processos de armaze-nagem e transporte, descarte, reciclagem, retorno ao fornecedor etc.
Tabela 1 – Classificação de Embalagens
Critério Classificação
Was
hing
ton
Spej
orim
.
Funções Primária, secundária e terciária.
Finalidade De consumo, expositora, de distribuição física, de transporte e exportação, industrial ou de movimentação, de armazenagem.
Movimentação Movimentação manual ou mecânica.
Utilidade Retornáveis e não retornáveis.
Objetivos de uma embalagemO projeto de uma embalagem para um determinado produto deve
sempre alcançar as seguintes funções, independente da finalidade:
contenção; �
proteção; �
comunicação; �
utilidade. �
ContençãoDiz respeito à propriedade de uma embalagem em conter o produto. A
contenção deve também refletir o tipo de material a ser embalado. Para itens que representem algum risco, é essa propriedade que garantirá a devida se-gurança às pessoas que tiverem a necessidade de manipulá-lo. Por exemplo, num almoxarifado de produtos químicos, as embalagens devem evitar pos-síveis vazamentos ou transbordamentos. É o caso de óleos, solventes, com-bustíveis, entre outros.
Não somente a segurança é importante como também questões ambien-tais estão relacionadas a essa função das embalagens. Caso seja constata-
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do algum tipo de vazamento de produto e isso venha a acarretar prejuízos ao meio ambiente, as empresas sofrerão punições, seja uma multa ou até mesmo a perda de alguma certificação. Por exemplo, a armazenagem de óleo diesel, a empresa que possua esse item em seu estoque deve garantir que as embalagens cumpram a função de contenção e, de maneira comple-mentar, deve ainda possuir uma estrutura como uma bacia de contenção, item que permite o esgotamento do material no caso de vazamento.
Na ilustração a seguir, tem-se o exemplo de embalagens do tipo bombo-nas, as quais são facilmente encontradas em armazéns de produtos perigo-sos e inflamáveis.
Div
ulga
ção
Cont
inen
tal E
mba
lage
ns L
tda.
Figura 1 – Bombonas para contenção de produtos líquidos.
ProteçãoA função de proteção de uma embalagem está diretamente ligada à lo-
gística. Uma embalagem deve ser capaz de proteger um produto durante todas as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia de suprimentos, isto é, transporte, movimentação, armazenagem. São ações de vibrações, proteção contra ações climáticas como variações de temperatura e umidade, empilha-mento, choques.
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Em empresas que trabalham com produtos e matérias-primas de maior valor, percebe-se que o investimento no quesito proteção é alto. É o caso da indústria aeronáutica, onde é fácil encontrar embalagens complexas. Como o número de fabricantes e de fornecedores desse setor é relativamen-te baixo, operações que envolvam o comércio internacional são frequentes, associando-se ao fato de que muitas vezes são transportadas peças frágeis, de altíssimo valor e de grandes dimensões.
Na figura mostrada a seguir, é possível verificar o uso de espumas que se moldam ao produto, conferindo-lhe proteção nas fases de transporte, arma-zenagem e manuseio.
Figura 2 – Exemplo de proteção ao produto.
Div
ulga
ção
Seal
ed A
ir.
ComunicaçãoDiz respeito às informações que uma embalagem deve passar. No caso
da logística, exemplos de informações que podem ser encontradas são as seguintes:
listagem do conteúdo existente na embalagem; �
indicação dos pontos de içamento ou marcação de entrada do garfo �da empilhadeira;
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indicação do empilhamento máximo; �
no caso de embalagens de madeira bruta, o tipo de tratamento fitos- �sanitário1 sofrido pela embalagem;
centro de gravidade da embalagem, para a correta movimentação de �produtos por empilhadeiras ou outros equipamentos similares.
(SET
ON
, 200
9)
Figura 3 – Exemplos de ilustrações para o auxílio na manipulação de embalagens.
UtilidadeEssa função pode ser entendida de duas maneiras. Para usuários finais, é
a capacidade de a embalagem servir de alguma maneira, seja um bico dosa-dor ou uma maneira de fechar o conteúdo após o uso. Na logística, a utilida-de pode ser interpretada como a facilidade apresentada durante sua mani-pulação. Por exemplo, uma caixa de madeira que possua um encaixe, o qual possibilita uma fácil manipulação com auxílio de carrinho ou empilhadeira.
1 Tratamento fitossanitá-rio refere-se à eliminação da presença de insetos ou outros agentes nocivos. Existem métodos basea-dos no uso de produtos químicos ou tratamento térmico.
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Figura 4 – Exemplo de caixa de madeira com encaixe para garfo de empilhadeira.
Div
ulga
ção
Bella
form
a.
Características das embalagensDentro dos processos desenvolvidos ao longo da cadeia de suprimentos,
as embalagens devem apresentar determinadas características, a fim de sa-tisfazer seus usuários. Dessa forma, pode-se citar como necessário para as embalagens logísticas:
custo adequado ao produto e compatível com a operação. Lembrem- �-se, itens de alto valor agregado merecem embalagens com projetos mais sofisticados, justamente para evitar danos que levariam a preju-ízos maiores.
resistência mecânica compatível com as operações realizadas ao longo �da cadeia de suprimentos. Por exemplo, motores de aviões possuem recomendações bem claras sobre como evitar o excesso de vibrações ao longo do transporte e armazenagem.
acomodação do produto. Nesse quesito é possível encontrar determi- �nados materiais de preenchimento que funcionam a partir de reações químicas. Por exemplo, algumas espumas que se formam a partir de uma forma líquida; essas espumas contornam o produto, adaptando- -se perfeitamente a eles.
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facilidade de identificação do conteúdo. �
para o caso de embalagens retornáveis, sua estocagem e manipulação, �quando vazias, deve ser algo fácil para o usuário. É o caso de berços metálicos, os quais devem apresentar capacidade de empilhamento ou desmontagem.
facilidade de manuseio, tanto no processo manual quanto no mecânico. �
facilidade de unitização, ou seja, devem ser facilmente agrupadas de �forma a constituir uma unidade de movimentação.
capacidade de ser adaptarem à operação de abastecimento de linhas �de produção, o que significa dizer que devem possuir dimensões, peso e características geométricas próprias para essa finalidade. Esse tópi-co é importante, pois cada vez mais as indústrias procuram reduzir ci-clos e estoques. Conceber embalagens que contribuam nesse sentido pode fazer com que as empresas atinjam certas vantagens competiti-vas, seja no abastecimento kanban ou em técnicas de abastecimento JIT (Just in time).
Projeto de embalagensAs empresas vivem, atualmente, uma era de competição entre cadeias de
suprimentos. Isso significa que não basta uma companhia ser excelente em todos os seus processos, é necessário que seus parceiros também o sejam. Nesse contexto, percebe-se que as embalagens assumem um importante papel para a obtenção de objetivos de redução de custos e melhoria da pro-dutividade nas linhas de produção.
Em função da grande oferta de materiais e técnicas para a confecção de embalagens, a arbitrariedade deve ser evitada. Ao se conceber uma embalagem, é necessário que o projetista busque sempre alternativas que possibilitem:
redução do custo unitário do produto; �
preservação das características dos itens embalados; �
fácil movimentação e armazenagem; �
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atendimento a normas e regulamentações internacionais, seja na ques- �tão de tratamento fitossanitário de madeiras brutas, seja pela adequa-ção à segurança para produtos perigosos, inflamáveis ou explosivos;
padronização, a fim de aperfeiçoar o processo de movimentação e ar- �mazenagem de materiais. Por exemplo, estruturas de armazenagem do tipo porta-paletes são possíveis a partir do momento em que haja um volume considerável de embalagens padrão. Se cada palete fosse diferente, dificilmente seria viável a aplicação de tal solução. Outra razão importante para padronizar embalagens diz respeito ao equi-pamento de movimentação a ser utilizado. Normalmente são utili-zadas empilhadeiras, as quais representam valores consideráveis de investimento. Se as embalagens são similares, isso significa que um mesmo tipo de equipamento estará apto a realizar as atividades de movimentação e armazenagem de materiais. Um terceiro ponto a ser citado refere-se à questão de métodos de trabalho, os quais também podem ser simplificados.
No caso de embalagens logísticas, é interessante lembrar que elas não agre-gam valor ao produto final. Dessa forma, criatividade e bom-senso são impres-cindíveis, pois a lista de critérios a serem atendidos é grande, ao mesmo tempo que gastar com embalagens é visto como uma despesa para a empresa.
O desenvolvimento de uma embalagem engloba vários enfoques, entre os quais podem ser citados:
conhecimento do produto a ser embalado; �
conhecimento da cadeia de suprimentos e dos recursos envolvidos �no processo;
pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias; �
facilidade para embalar/desembalar; �
preocupação com questões ambientais (resíduos, reciclagem, neces- �sidade de fumigação para embalagens de madeira);
resistência dos materiais; �
facilidade de aquisição de matéria-prima; �
aspectos ergonômicos. �
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Embalagens logísticas: proteção do produto na movimentação e armazenagem
É evidente que a embalagem deve atender ao contexto de onde ela será empregada, ou seja, uma embalagem para um produto perigoso terá maior ponderação para o critério de proteção e segurança do que uma embalagem destinada para a contenção de peças simples.
As etapas de desenvolvimento de uma embalagem incluem o levanta-mento de dados e informações sobre a necessidade, conhecimento das ca-racterísticas do produto (forma, dimensões e peso), o tipo de material a ser embalado, se é líquido, pó ou outro, quais os riscos de danos associados à sua manipulação, resistência à compressão, ao impacto, sua fragilidade e re-sistência à vibração.
Outro ponto muito importante é o conhecimento da periculosidade as-sociada ao produto. De acordo com o IMO (International Maritime Organization), os produtos perigosos podem ser classificados em categorias diferentes:
Tabela 2 – Classificação de Substâncias Perigosas
Material Divisão de perigo
Was
hing
ton
Spej
orim
.
Explosivos 1
Gases 2
Líquidos inflamáveis 3
Sólidos inflamáveis 4
Agentes oxidantes 5
Substâncias venenosas 6
Substâncias radioativas 7
Substâncias corrosivas 8
Outras substâncias perigosas 9
Para cada uma dessas divisões existem diferentes recomendações e re-quisitos de segurança para o manuseio, armazenagem, transporte e, evi-dentemente, as embalagens. É necessário ao projetista o conhecimento de propriedades físicas, tais como ponto de fulgor, possíveis danos ao orga-nismo, indicação de tratamento para o caso de contaminação e o tipo de explosão provocada.
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Materiais empregados na confecção de embalagens
A escolha do material se baseará em propriedades físicas, custos, disponi-bilidade e facilidade de uso. O que muitas empresas fazem é a combinação deles, a fim de obter uma embalagem com qualidades superiores a embala-gens compostas de somente uma matéria-prima.
A escolha do material que fará parte da composição da embalagem se dará em função do tipo de produto a ser embalado, sua finalidade, tipo de transporte, estrutura de armazenagem, entre outros fatores. Basicamente, são usados como materiais para a confecção de embalagens: madeira, papel, papelão, plástico, vidro e metal. Na tabela a seguir, tem-se um resumo das principais características de cada um desses materiais.
Tabela 3 – Matérias-Primas para Confecção de Embalagens
Material Características
Was
hing
ton
Spej
orin
.
VidrosMaterial 100% reciclável, o vidro é um dos mais antigos materiais usados como embalagem. Pode servir como embalagem primária de líquidos, medicamen-tos, alimentos, produtos químicos.
MetaisTambém recicláveis, possuem maior resistência a esforços mecânicos. São exemplos de embalagens metálicas tambores de aço, embalagens de alumí-nio.
MadeirasMuito utilizadas para o transporte de matérias-primas. São mais facilmente trabalháveis que outros materiais, facilitando o processo de confecção de em-balagens em indústrias com produtos diversos.
Papéis/papelão
Matérias-primas biodegradáveis e recicláveis. Nesse grupo estão as embala-gens de papelão liso, ondulado, papéis de embrulho. Facilmente adaptáveis a quase todos os tipos de produtos, precisam ser combinados com outros mate-riais para terem sua resistência à umidade aumentada.
Plásticos
Facilmente moldados para diversos tipos de produtos. No Brasil, compõem o grupo com maior representatividade no mercado. Fazem parte desse grupo materiais como polipropileno (PP), poliestireno (PS), policloreto de vinila (PVC), polietileno tereftalado (PET), polietileno de alta densidade (PEAD).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), a indústria da embalagem no Brasil representou, em 2006, um mercado de aproximadamente R$30 bilhões, com predominância para embalagens de plástico e papelão, conforme pode ser verificado no gráfico a seguir:
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Embalagens de material plástico
Embalagens de madeiraEmbalagens de papel
Embalagens de vidro
Embalagens metálicas
Embalagens de papelão
40%
26%
17%
8%
3%
6%
Figura 5 – Receita líquida de vendas em 2006: % por material empregado. Empresas com 30 empregados ou mais.
(IBG
E, 2
006)
Ainda em relação à escolha do material, convém lembrar que para cada tipo está associada uma determinada resistência durante sua armazenagem. Por exemplo, o papelão ondulado perde cerca de metade de sua resistência ao empilhamento após um ano sob aplicação de cargas. Mais uma vez, fica evidente que é preciso mapear todo o processo logístico ao qual a embala-gem será inserida antes de escolher o material a ser utilizado.
UnitizaçãoUnitização é o termo utilizado para o processo que reúne diversas em-
balagens ou produtos em uma única unidade física. Basicamente, isso é feito para facilitar o processo de movimentação de materiais, bem como seu manuseio. Cargas unitizadas promovem o aumento da produtividade nas atividades de carga e descarga de caminhões, viabilizam o uso de empilha-deiras etc. Um exemplo extremamente simples, mas que pode ilustrar bem a situação é o descarregamento de uma carga de tijolos. Se os tijolos não es-tiverem agrupados, essa atividade pode levar até horas, enquanto o mesmo processo pode ser concluído em minutos com o uso de empilhadeira e carga paletizada e unitizada. Outra vantagem é o fato de que uma carga unitizada, justamente por estar padronizada, é muito mais fácil de controlar.
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Resumidamente, a unitização promove:
ganho de produtividade em tarefas de movimentação; �
aumento da eficiência no processo de controle e verificação de mer- �cadorias;
padronização de equipamentos de movimentação de materiais; �
padronização de estruturas de armazenagem. �
Outros ganhos advindos do uso de técnicas de unitização são almoxa-rifados melhor organizados, maior facilidade no controle de umidade para o caso de armazéns frigoríficos, diminuição de danos causados às embala-gens, redução de furtos de embalagens, melhor condição para a realização de inventários.
Div
ulga
ção
Phith
il.
Figura 6 – Exemplo de materiais usados para unitização de embalagens. Filme plástico, fita metálica, arqueador.
Div
ulga
ção
Phith
il.
Div
ulga
ção
Phith
il.
Embalagens na logísticaAo projetar embalagens, muitas vezes os departamentos de marketing
ou de engenharia acabam tendo suas necessidades prevalecendo sobre as demais. Nesse momento, é importante que a logística também se manifeste e interaja no processo, pois é justamente ela a responsável por todo o fluxo do material até o momento da entrega ao cliente final.
Durante as operações logísticas, as embalagens estão sujeitas a danos provocados por ações mecânicas (choques, perfurações, vibrações, com-pressão) e ações ambientais (umidade, chuva, corrosão, radiação solar). Con-siderando esses e outros aspectos como a questão financeira, as empresas
Embalagens de material plástico
Embalagens de madeiraEmbalagens de papel
Embalagens de vidro
Embalagens metálicas
Embalagens de papelão
40%
26%
17%
8%
3%
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Figura 5 – Receita líquida de vendas em 2006: % por material empregado. Empresas com 30 empregados ou mais.
(IBG
E, 2
006)
Ainda em relação à escolha do material, convém lembrar que para cada tipo está associada uma determinada resistência durante sua armazenagem. Por exemplo, o papelão ondulado perde cerca de metade de sua resistência ao empilhamento após um ano sob aplicação de cargas. Mais uma vez, fica evidente que é preciso mapear todo o processo logístico ao qual a embala-gem será inserida antes de escolher o material a ser utilizado.
UnitizaçãoUnitização é o termo utilizado para o processo que reúne diversas em-
balagens ou produtos em uma única unidade física. Basicamente, isso é feito para facilitar o processo de movimentação de materiais, bem como seu manuseio. Cargas unitizadas promovem o aumento da produtividade nas atividades de carga e descarga de caminhões, viabilizam o uso de empilha-deiras etc. Um exemplo extremamente simples, mas que pode ilustrar bem a situação é o descarregamento de uma carga de tijolos. Se os tijolos não es-tiverem agrupados, essa atividade pode levar até horas, enquanto o mesmo processo pode ser concluído em minutos com o uso de empilhadeira e carga paletizada e unitizada. Outra vantagem é o fato de que uma carga unitizada, justamente por estar padronizada, é muito mais fácil de controlar.
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têm procurado projetar suas embalagens de maneira a integrar todo o con-junto, e dessa forma reduzir custos operacionais com a racionalização do uso de meios de transporte e armazenagem. É importante lembrar que as em-balagens acompanharão o produto durante as atividades que fazem parte da cadeia de suprimentos, conforme pode ser verificado na figura a seguir. Portanto, é fácil perceber que elas precisam estar adequadas a todo o pro-cesso, oferecendo segurança e proteção ao produto, bem como facilidade operacional a todos que tiverem algum contato com elas.
Embalagemdo
produto
Paletização/unitização Armazenagem Separação Transporte
Recebimento Armazenagem Picking Consumo
Figura 7 – Fluxo genérico de atividades logísticas.
(MO
URA
; BA
NZA
TO, 1
997.
Ada
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o.)
Ao pensar em embalagens e logística, o raciocínio não pode se limitar a operações restritas aos almoxarifados. Cada vez mais as empresas têm pro-curado a manutenção de operações consideradas enxutas, isto é, sem exces-sos de estoque e com linhas de produção abastecidas com quantidades ade-quadas de material. Contribuem, nesse sentido, técnicas de abastecimento do tipo kanban e JIT, as quais dependem em muito de embalagens próprias para essas finalidades.
No sistema JIT, a técnica consiste em “puxar” a produção em pequenos lotes. Dessa forma, a concepção da embalagem deve considerar o emprego de unidades facilmente manuseáveis, o que inclui embalagens com pesos inferiores a 20kg, por exemplo. Como no sistema JIT há o requisito de pro-duzir em pequenos lotes, a tendência se faz pela escolha de embalagens pe-quenas, leves e reutilizáveis, até mesmo pela questão de procurar constante-mente a redução de custos.
Já no kanban, as embalagens ou contenedores servem como um alerta para a necessidade de ressuprimento. O processo é desenhado de tal forma
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a permitir um controle visual sobre as necessidades da linha de produção. Dessa forma, as embalagens são parte de um sistema, o que implica que elas devem ser adequadas a ele. Por exemplo, uma determinada linha de monta-gem optou pelo uso de caixas plásticas para o reabastecimento. Nesse caso, essas caixas e as estantes precisam ser padronizadas. Também é necessário pensar o método de abastecimento, como o material chegará até essas es-tantes, o que envolve a saída do material de uma área de armazenagem e toda sua movimentação até a linha de produção.
Nos dois sistemas, as embalagens servem como comunicação para a ne-cessidade de novo abastecimento. Dessa maneira, o resultado obtido pelas empresas que se utilizam dessas técnicas não é eliminação de estoque, mas sim sua redução para níveis mínimos. Para ambos, o projeto das embalagens envolve a necessidade de conhecimento do processo produtivo e do cál-culo de quais seriam as quantidades de material necessárias para a correta alimentação da linha, além de procurar suprir a capacidade de atendimento da área de logística.
O quesito embalagem é tão importante no contexto da cadeia de supri-mentos que algumas empresas chegam a elaborar um caderno de especifica-ções sobre como elas deveriam ser. Tal documento serve de base aos fornece-dores sobre a maneira como os produtos devem ser entregues. Normalmente, as informações que podem ser consultadas em tal documento são:
Relação de normas internacionais a serem respeitadas. Normalmente, �mercadorias que sofrem processos de exportação/importação devem respeitar as normas estipuladas pela IATA (International Air Transport Association) e pela IMO (International Maritime Organization). Nelas é possível encontrar classificações sobre o grau de periculosidade, restri-ções quanto a dimensões, material, identificação, entre outros aspec-tos, das embalagens para esse transporte.
Recomendações sobre a identificação das embalagens, posição e con- �teúdo das etiquetas, padronização de códigos de barra, lista de docu-mentos que devem acompanhá-las, marcação de pontos de içamento ou pontos para elevação com empilhadeiras.
Recomendações sobre as dimensões das embalagens. �
Restrições de transporte às quais elas estarão sujeitas no país de destino. �
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Recomendações sobre o travamento e abertura de caixas, necessidade �de eventuais janelas de inspeção.
Método de travamento dos produtos dentro das embalagens. �
Recomendações sobre elementos de preenchimento aceitos (uso de �espumas, plásticos bolha, entre outros).
Recomendações sobre o uso de paletes e contenedores. �
Recomendações sobre a exposição a agentes naturais (calor, umidade �etc). Quais os critérios para a aceitação de produtos.
Recomendação para o caso de proteções eletrostáticas, eletromagné- �ticas, magnéticas.
Recomendações sobre a eventual necessidade de instalação de dispo- �sitivos especiais nas embalagens como registradores de temperatura.
Enfim, como as embalagens logísticas podem ser muito variadas, seja pela aplicação de diversos materiais ou pelas dimensões, é necessário que as empresas esclareçam a seus fornecedores com objetividade e clareza como devem ser essas embalagens. Entenda-se nesse contexto tanto as embala-gens destinadas às operações entre almoxarifados, quanto as que se desti-nam ao abastecimento direto de linhas de produção e montagem.
Comentários finaisO objetivo de qualquer cadeia de suprimentos é o de gerar competitividade
aos seus integrantes e, assim, obter vantagens sobre seus concorrentes. Nesse aspecto, as embalagens podem representar um impacto significativo sobre toda a operação e, consequentemente, sobre o sucesso pela busca de tal meta.
O projeto de uma embalagem deve ser entendido como um processo complexo que deve atender as necessidades de diversos departamentos. Além de representar o contato com o cliente final, uma embalagem pode significar maior precisão nos sistemas de identificação durante operações lo-gísticas, melhor eficiência para processos de separação de materiais e aten-dimento a pedidos, manuseio, transporte e qualidade.
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Para uma companhia atingir melhores níveis, é necessário que ela invista tempo e recursos financeiros no projeto de embalagens, bem como interagir com parceiros e fornecedores, para que eles compreendam a importância da integração entre todos os envolvidos, pois dessa forma conseguirão agilizar processos, melhorar seus desempenhos operacionais e financeiros, além de serem melhor avaliados pelos clientes finais.
Ampliando seus conhecimentos
Case – Otimização da paletização dos displays de chocolates com foco no supply chain em uma
indústria de alimentos (VIEIRA, 2008)
Após análise de suas operações de logística de distribuição, a empresa per-cebeu que a caixa de transporte dos displays de chocolate apresentava muitas avarias e consequentes retornos dos produtos vindos dos clientes atacadis-tas/varejistas para a fábrica e, dessa forma, gerando reprocesso e perda de material de embalagem.
A caixa de embarque tinha como dimensionais externos 444 x 330 x 328mm, onda BC e resistência colunar de 7,5kgf/cm. Utilizando a fórmula de McKee, notou-se que a caixa estava superdimensionada (o necessário seria 5,2kgf/cm, considerando perdas por fadiga e umidade), e mesmo assim ocorriam rompi-mentos e amassamentos.
A paletização tinha como empilhamento oito caixas por camada e cinco camadas por palete. Os fatores de restrição são 1 200kg de peso bruto total e 2 100mm de altura máxima com palete. Outros pontos restritivos importantes são a altura máxima da penúltima camada, que não deve passar de 1 846mm por ergonomia operacional e, pelo lado mercadológico, não poderia haver mu-danças na quantidade de produtos por caixa.
Calculando os dimensionais da caixa no palete, pode-se perceber que havia overhang. Esse overhang (transposição da caixa no palete) fazia com que a
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Embalagens logísticas: proteção do produto na movimentação e armazenagem
caixa sofresse uma redução de coluna para 4,42kgf/cm, considerando a perda mínima de 32% de resistência. Outro ponto importante analisado foi o fato do empilhamento das caixas ser totalmente cruzado, e isso reduz ainda mais esse valor encontrado.
Análise do problema
Foi realizado um brainstorming, em que várias sugestões foram avaliadas, sendo a mais viável a substituição da onda BC por somente onda C. Normal-mente as empresas adotam a onda BC com espessura de 7mm, e a onda C com espessura de 4mm.
Com essa alteração, foram ganhos 6mm de redução das medidas externas na largura e no comprimento da caixa, e de 12mm na altura (considerando as duas abas inferiores e as duas superiores).
Assim, foi realizada uma aplicação de engenharia simultânea com o forne-cedor da caixa para se obter um ganho de coluna, fazendo modificações nas fibras da estrutura da caixa (miolo e capas).
Resultado
Com a redução dos dimensionais externos e a melhoria nas fibras, chegou--se a uma solução de caixa com a seguinte especificação: 438 x 324 x 316mm, onda C e coluna de 8,5kgf/cm.
Esse aumento de 1kgf/cm foi necessário por dois motivos: primeiramen-te por ter somente uma onda na estrutura corrugada. Em seguida, pelo fato de ter uma redução na altura das caixas, foi possível colocar uma camada a mais de caixas no palete, que não apresentou problema em ultrapassar o limite máximo de 2 100mm. Outro ponto melhorado foi a colocação das duas primeiras camadas de forma colunar e as demais cruzadas, para diminuir a fadiga nas caixas-base que são mais exigidas a manter a estabilidade durante o transporte.
Ganhos no projeto
Diminuiu consideravelmente o número de reclamações de clientes e as de-voluções de produtos avariados, não existindo mais retrabalho com alocação de mão de obra e perda de materiais de embalagem.
Mesmo tendo um ganho de coluna na caixa (7,5kgf/cm para 8,5kgf/cm), o valor unitário do custo da caixa teve uma redução de 22% por ter agora so-mente uma onda (redução de um miolo e uma capa).
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A ocupação cúbica do palete passou de 81,9% para 93,8%, produzindo um ganho de 12,68% com relação à situação anterior.
Ganho de 20% no volume transportado e armazenado em relação à situação anterior (passando de 40 caixas/palete para 48 caixas/palete na atualidade).
Atividades de aplicação 1. Considere as quatro funções de uma embalagem: contenção, prote-
ção, comunicação e utilidade. Para embalagens logísticas, qual dessas funções deve prevalecer em relação às demais? Justifique.
a) Contenção.
b) Proteção.
c) Comunicação.
d) Utilidade.
2. Como profissional da área de planejamento logístico de sua empresa, indique quais seriam os requisitos mínimos para a aceitação de merca-dorias em seu almoxarifado.
3. Imagine que você é projetista de embalagens e tem a função de pro-jetar uma embalagem primária de um determinado produto. Cite que vantagens sua embalagem deverá trazer para a empresa, para o pro-duto e para os consumidores.