Download - Efeitos de um programa de atividade física sobre as variaveis de aptidão fisica em idosas ativas
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
CINTIA GUIMARÃES ROSÁRIO
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE
VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS ATIVAS
Alagoinhas
2012
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CINTIA GUIMARÃES ROSÁRIO
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE
VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS ATIVAS
Monografia apresentada como requisito de
avaliação do componente curricular
Monografia do curso de Licenciatura em
Educação Física da UNEB – Campus II.
Orientador: Prof. Dr. Maurício Maltez Ribeiro
Alagoinhas
2012
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Dedico este trabalho a Deus que me concedeu a
oportunidade de recomeçar, permitindo-me traçar um novo e
maravilhoso rumo para a minha vida, aos meus pais e irmãos
pelo apoio incondicional e as minhas queridas alunas da
terceira idade, que sem elas esse trabalho não seria possível.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por se fazer sempre presente em minha vida, iluminando os meus
pensamentos, guiando os meus passos e me dando a força necessária para seguir
sempre em frente com dignidade e sabedoria.
Aos meus pais e irmãos pelo apoio incondicional. Amo muito vocês! Vocês são o
meu porto seguro!
Aos colegas e amigos do curso, em especial ao “Grupo da Cíntia” (Alani Oliveira,
Dayane Dórea, Daiara Nascimento e Diego Queiroz), que fez muito sucesso e vai
deixar muita saudade.
A minha amiga Dayane Dórea, uma pessoa extremamente inteligente e que admiro
muito, que logo no começo do curso me apresentou às normas técnicas para
trabalhos acadêmicos, contribuindo de forma fundamental para o bom
desenvolvimento dos nossos trabalhos. Nós duas formamos uma bela dupla!
A Diego Queiroz, meu queridíssimo amigo e parceiro de todas as horas, das provas
em duplas, trabalhos em grupo, atividades extracurriculares, projetos. Muito
obrigada por tudo amigo.
Aos docentes pelo belo trabalho desenvolvido ao longo do curso, em especial ao
professor Ubiratan Menezes por ter sido o primeiro a identificar e acreditar no meu
potencial logo no primeiro semestre do curso, convidando-me a participar como
monitora de uma oficina em um projeto de extensão universitária.
A professora e amiga Ana Simon, pelo apoio incondicional, pela amizade construída
e por contribuir de forma fundamental para o meu crescimento profissional e
pessoal.
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Aos professores, orientadores e amigos Valter Abrantes e Maurício Maltez, pela
competência, compromisso e responsabilidade com que sempre desenvolveram seu
trabalho, vocês são exemplos a serem seguidos. Pessoas admiráveis. Muito
obrigada de coração por tudo que fizeram por mim, enquanto ser humano e
profissional.
Aos monitores que fizeram e que ainda fazem parte do projeto de extensão
universitária Educar para a Atividade Física – EPAF, pelo belo trabalho desenvolvido
no projeto e pela fundamental ajuda nas avaliações das idosas.
Agradecimento mais que especialmente as minhas queridas alunas do projeto
EPAF, pois sem elas este trabalho não poderia ser realizado e com as quais aprendi
a lidar com esse público maravilhoso que amo muito.
Enfim, agradeço a todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização
desse sonho. Muito obrigada!
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“Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições.”
Marie Von Ebner-Eschenbach
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RESUMO
A participação regular em programas de exercícios físicos tem sido frequentemente recomendada como uma forma de atenuar os efeitos deletérios relacionados ao envelhecimento e/ou fatores a ele associados. A presente pesquisa visa estudar os efeitos das práticas corporais desenvolvidas com idosas participantes do projeto Educar para a Atividade Física - EPAF da Universidade do Estado da Bahia sobre variáveis da aptidão física (morfológicas e neuromotoras). A amostra foi constituída por 8 mulheres, com media de idade de 70,6 + 7,63 (60 a 82 anos), participantes ativas do programa de atividade física Educar para a Atividade Física da Universidade do Estado da Bahia, cuja freqüência é de uma vez na semana com duração de 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos. Foram avaliados o índice de massa corpórea, circunferência da cintura, razão circunferência cintura-quadril, força muscular e flexibilidade. A análise estatística dos dados foi formatada pela análise de variância de um (1) fator para medidas repetidas (one-way ANOVA), sendo estabelecendo o nível de significância de p<0,05. Foi possível observar, com base nos resultados obtidos, que não houve variação estatística significativa das variáveis no período analisado (p>0,05), a exceção da força muscular para membros superiores (p=0,02). O fato das variáveis terem se mantido estáveis pode ser considerado um resultado positivo em se tratando de uma população cuja tendência é um declínio dessas funções e que o referido programa contribui para a manutenção da aptidão física das suas participantes, atenuando os efeitos deletérios do envelhecimento.
Palavras-chave: Envelhecimento, Atividade Física, Qualidade de vida
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ABSTRACT
Regular participation in physical exercise programs has often been recommended as a way to mitigate the deleterious effects related to aging and / or factors associated with it. This research aims to study the effects of corporal practices developed with elderly participants of the project Educar para a Atividade Física - EPAF of Universidade do Estado da Bahia on physical fitness variables (morphological and neuromotor). The sample consisted of 8 women, mean age 70,6 + 7,63 (60 to 82 years), active participants in the physical activity program Education for Physical Activity at the State University of Bahia, whose frequency is a once a week with duration of 1 (one) hour and 30 (thirty) minutes. We assessed the body mass index, waist circumference, waist-hip circumference ratio, muscle strength and flexibility. Statistical analysis of the data was formatted by the analysis of variance one (1) factor for repeated measures (one-way ANOVA), and setting the significance level of p<0.05. It was observed, based on the results, there was no statistically significant variation of the variables in the analyzed period (p>0.05), except for the upper limb muscle strength (p=0.02). O fact that variables have been stable may be considered a positive result in the case of a population whose trend is a decline of these functions and that the program contributes to the maintenance of physical fitness of its participants, thus mitigating the deleterious effects of aging.
Keywords: Aging, Physical Activity, Quality of life
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LISTA DE SIGLAS
AF ATIVIDADE FÍSICA
CNDI CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DO IDOSO
DCNT DOENÇAS CRÔNICAS NÃO-TRANSMISSÍVEIS
EPAF EDUCAR PARA A ATIVIDADE FÍSICA
ESF ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
NASF NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA
OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
ONU ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
OPAS ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE
PSF PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
SESC SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO
SF SAÚDE DA FAMÍLIA
SBME SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE
UNEB UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
USF UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 IDOSO 13
3 ENVELHECIMENTO 19
3.1 VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA NO ENVELHECIMENTO 22
3.1.1 Variáveis morfológicas 23
3.1.2 Variáveis neuromotoras 24
4 PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS 26
5 METODOLOGIA 30
5.1 CLASSIFICAÇÃO DA AMOSTRA: CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
30
5.2 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS 31
5.3 ANÁLISE DOS DADOS 32
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 33
7 DISCUSSÃO 35
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
REFERENCIAS 41
APÊNDICE A 47
APÊNDICE B 51
ANEXO 54
11
1 INTRODUÇÃO
A expectativa de vida da população de diversas partes do mundo vem
crescendo cada vez mais. Pesquisas (IBGE, 2012) registraram o crescimento
progressivo da população brasileira nas últimas décadas, embora tenha sido
observada uma redução da taxa de fecundidade e mortalidade no país, com
conseqüente aumento da expectativa de vida desses indivíduos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2005a), até 2025 o número
de pessoas com 60 anos ou mais terá aumentado em aproximadamente 70%,
principalmente nos países em desenvolvimento, causando um aumento das
demandas sociais e econômicas em todo o mundo, como a implementação de
políticas e programas de envelhecimento ativo que permitam a essas pessoas
continuarem a trabalhar de acordo com suas capacidades e preferências à medida
que envelhecem, prevenindo e/ou minimizando incapacidades e doenças crônicas,
propiciando a essa população melhores condições de vida.
Nesse sentido, e como reflexo da realidade apresentada, percebe-se o
crescente número de programas sociais e de promoção da saúde voltados à
população da terceira idade sendo em sua grande maioria freqüentados por
mulheres, as quais tem investido cada vez mais na sua independência e qualidade
de vida.
O projeto Educar para a Atividade Física – EPAF é um programa de extensão da
Universidade do Estado da Bahia na cidade de Alagoinhas que foi implantando no
segundo semestre de 2008, nele são executadas ações educativas relacionadas a
pratica de atividade física, aliando a preocupação e o cuidado com a qualidade de
vida dos participantes. O projeto atende a população acima de 60 anos as quais
realizam atividades como ginástica, dança, exercício com peso, atividades
recreativas, entre outras práticas corporais.
A minha atuação efetiva no projeto se deu a partir do segundo semestre de
2009, com a aprovação do projeto de pesquisa em 2010 vinculado ao EPAF,
consolidando-se a tríade que rege a Universidade – Ensino, Pesquisa e Extensão.
Além de monitora, passei a atuar, também, como bolsista de iniciação científica pela
Fundação de Amparo a Pesquisa - FAPESB. Em 2011, em virtude da pesquisa
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foram realizadas, além das atividades físicas, as avaliações das variáveis
morfológicas e neuromotoras das participantes nos meses de fevereiro, maio e
agosto.
Devido a necessidade de dar continuidade aos estudos, cujos resultados
encontrados são uma forma de constatar se o trabalho que estava sendo
desenvolvido correspondia ao desejado, possibilitando então traçar novos objetivos,
é que surge a questão norteadora do presente estudo: Qual(is) efeito(s) as práticas
corporais desenvolvidas com idosas participantes do projeto Educar para a Atividade
Física - EPAF da Universidade do Estado da Bahia exercem sobre as variáveis da
aptidão física (morfológicas e neuromotoras) das mesmas?
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) (CARVALHO
ET AL., 2001), para que seja garantida melhora das funções físicas e manutenção
da independência do idoso é recomendável a realização de exercício físico
moderado, se possível, todos os dias da semana com duração de 30 a 40 minutos, e
exercícios mais intensos realizados de duas a três vezes na semana. Tomando
como base esses dados, o presente trabalho tem o objetivo de estudar os efeitos na
aptidão física (variáveis morfológicas e neuromotoras), a partir das práticas corporais
desenvolvidas com as participantes do projeto Educar para a Atividade Física –
EPAF.
Caracterizado como um estudo longitudinal, o presente trabalho configura-se
como uma pesquisa experimental de campo, pois visa avaliar os impactos das ações
metodológicas realizadas no projeto EPAF sobre variáveis da aptidão física
relacionada à saúde das participantes ao longo de 1 (um) ano, e cujo método de
coleta de dados empregado foi o instrumento de teste, utilizado para obtenção de
dados quantitativos (MATTOS ET AL., 2008).
13
2 IDOSO
“A velhice que se deve temer é a que imprime rugas na alma e
não no corpo.” (B. Calheiros Bomfim)
Nas sociedades orientais tradicionais a figura do "senhor de mais idade" é de
respeito, este é visto como detentor de sabedoria e paciência e transmissor dos
valores dos ancestrais, bem como exemplo a ser seguindo em todos os aspectos.
No entanto, na sociedade ocidental contemporânea, os valores tradicionais foram se
perdendo, devido às mudanças advindas da Revolução Industrial e do modelo
econômico capitalista (MAZO ET AL., 2009).
Nas sociedades ocidentais contemporâneas cada vez mais capitalistas e
individualistas, onde se destacam aqueles que podem contribuir com sua força de
trabalho e com o que pode produzir, o “velho” representa, portanto, uma imagem
negativa, associada a algo inválido e sem utilidade, provocando nas pessoas um
medo intrínseco de envelhecer. A velhice era, e ainda é, negada e vista com uma
carga preconceituosa forte, sendo atribuído às pessoas com idade avançada o
conceito “velho”, imbuído de significações desagradáveis.
Na França do século XIX, eram nomeados velhos ou velhotes os indivíduos
com mais de 60 anos destituídos de posses ou indigentes, em contrapartida aqueles
abastados e que detinham o poder eram designadas de idosos (MORAES &
BARROS, 2007), sendo que nesse caso as referidas terminologias eram destituídas
de conotação pejorativa.
No Brasil, por influência da França, o termo idoso passou a ser utilizado nos
documentos oficiais, substituindo o termo velho, o qual era utilizado de modo afetivo
ou torpe a depender da conotação ou do contexto ao qual estava inserido (MAZO ET
AL., 2009).
Também por influência francesa, terceira idade é um conceito relativamente
novo, criado a partir das demandas sociais emergentes e que também é utilizado
para se referir ao indivíduo de idade avançada, mas que está mais associado ao
sentido de grupo sendo freqüentemente utilizado para nomear programas, projetos
ou ações destinados a essa população (MAZO ET AL., 2009).
14
Segundo Moraes e Barros (2007, p.64),
[...] a constituição da velhice como problema social resulta do envelhecimento populacional ou de que terceira idade é o nome que se dá a uma etapa do processo de degeneração física, cuja descoberta é conseqüência de um olhar detido sobre o corpo humano, pautado exclusivamente da ciência biológica.
Dentre os padrões existentes utilizados para classificar/definir os indivíduos em
idade avançada, os países ocidentais adotaram o da idade cronológica por viabilizar
o estabelecimento de leis que assegurem os direitos e deveres dos cidadãos com
mais de 60 anos (MORAES & BARROS, 2007).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 2000) utiliza o padrão
cronológico para definir/classificar o indivíduo idoso, sendo estabelecida a idade de
65 anos, ou mais, para países desenvolvidos e 60 anos, ou mais, para países em
desenvolvimento. A ONU não adotou um critério padrão, utilizando a idade de 60
anos, ou mais, para se referir ao cidadão com idade avançada (UN, 2001). O critério
adotado pela ONU leva em consideração a realidade social dos países em
desenvolvimento, mais especificamente os países do continente africano, onde
algumas pessoas, além de começarem a trabalhar muito cedo, não tem registro de
nascimento, a depender do país ou região em que vivem.
No Brasil, é considerado idoso o indivíduo com 60 anos ou mais (BRASIL,
2010a) sendo este um grupo que tem crescido de forma exponencial. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, com base nos dados do Censo 2012, registrou
um alargamento do topo da pirâmide etária, com evidente crescimento da população
de idosos e diminuição da população de jovens (IBGE, 2012). Os idosos que no ano
de 2000 representavam 5,9% da população chegaram a 7,4% em 2010. A
publicação “Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”, divulgada
pelo IBGE com base nos dados do Censo 2000, revelou que os idosos
representavam 8,6% da população brasileira na época e que em projeções feitas
para os próximos vinte anos esse número tenderia a aumentar para até 13% ao final
deste, sendo que desse total o número de idosos do sexo feminino é maior que o do
sexo masculino (IBGE, 2000). A pesquisa revelou também que, apesar da baixa
escolaridade, 62,4% dos idosos, especialmente as mulheres, eram responsáveis por
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grande parte dos domicílios brasileiros, principalmente os unipessoais, isto é,
aqueles com apenas um morador, residindo nas grandes cidades pela proximidade
com seus filhos, dos serviços especializados de saúde e de outros facilitadores do
cotidiano.
Em julho de 2002, a ONU realizou em Madri, Espanha, a Segunda Assembléia
Mundial Sobre Envelhecimento, na qual reuniu 159 representantes governamentais
e teve como tema principal “SOCIEDADE PARA TODAS AS IDADES”, esse
encontro resultou na adoção de um novo “Plano de Ação Internacional sobre o
Envelhecimento” (UN, 2002) que foi
o primeiro acordo internacional a reconhecer o potencial da pessoa idosa para contribuir para o desenvolvimento da sua sociedade, e compromete os governos a incluir envelhecimento nas políticas de desenvolvimento social e econômico, incluindo os programas de redução da pobreza (WHO, 2002, p.4).
O plano de ação supracitado teve como objetivo declarado
assegurar que toda a gente pode envelhecer com segurança e dignidade, e continuar a participar na sua sociedade como cidadãos com plenos direitos. [...] descreve como essencial a promoção e proteção de todos direitos humanos e liberdades fundamentais, incluindo o direito de desenvolvimento, luta contra o discriminação baseada na idade, e promove a dignidade das pessoas idosas, integração do envelhecimento nas agendas globais e reconhecendo a capacidade dos idosos para contribuir para a sociedade (WHO, 2002, p.9).
Esse plano de ação foi um passo muito importante ao estabelecer metas a
serem cumpridas no intuito de cobrar uma ação concreta por parte dos líderes
governistas referente a um fato emergente e real que é o crescente aumento de
pessoas acima de 60 anos, carentes de uma atenção especial seja a nível estrutural,
físico e emocional. Contudo, o êxito desse trabalho depende de uma ação conjunta
que envolve governantes, empresas privadas e sociedade civil em prol de um
objetivo comum que é promover um envelhecimento ativo, seguro e digno para a
população.
No Brasil, desde o final da década de 80, foram sancionadas leis que
assegurassem a atenção e os direitos da pessoa idosa, dentre as quais destaca-se
as Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso, Portaria Nº 702, de 12 de abril
16
de 2002, o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – CNDI, Decreto nº 4.227, de 13
de maio de 2002 e o Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741, de 01 de outubro de 2003,
este último considerado “um avanço na política para o idoso” (MAZO ET AL., 2009).
O Estatuto do Idoso assegura ao idoso
todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. [...] a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. [...] e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei (BRASIL, 2010a, p.11-13).
Merece destaque também algumas ações no âmbito da saúde coletiva, que
contemplam o cuidado com a saúde do idoso, como o Programa de Saúde da
Família (PSF), instituída pela Portaria nº 1886, de 18 de dezembro de 1997
(BRASIL, 2012a) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), criados pela
Portaria Nº 154, de 24, de janeiro de 2008 (BRASIL, 2009).
O PSF foi criado inicialmente com objetivo de organizar, dar um novo
direcionamento e aumentar o acesso ao modelo de atenção básica à saúde vigente
(BRASIL, 2012a). Esse movimento de adoção de novas estratégias de saúde da
família pelos serviços municipais de saúde culminou na instituição da Portaria nº
2.488, de 21 de outubro de 2011(BRASIL, 2012b), que revoga a Portaria nº 1.886 e
estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica1.
O PSF passa, então, a ser intitulado Estratégia de Saúde da Família (ESF), cujo
principal objetivo “é reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e
substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto das famílias e, com
isso, melhorar a qualidade de vida da população” (BRASIL, 2009, p. 9).
1 Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de
atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e
reabilitação. BRASIL. Departamento de Atenção Básica. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro. Portaria Nº
3.925, de 13 de novembro de 1998. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3925_13_11_1998_rep.html>. Acesso em: 06 jul.
2012c.
17
Os NASF foram criados para servir de apoio às equipes de saúde da família e
ampliar as ações da atenção básica, atuando de forma multidisciplinar2 e
intersetorial.
A constituição de uma rede de cuidados é uma das estratégias essenciais dentro da lógica de trabalho de um Nasf. Para tanto, sua equipe e as equipes de SF deverão criar espaços de discussões internos e externos, visando o aprendizado coletivo. Dentro de tal perspectiva, o Nasf deve buscar superar a lógica fragmentada da saúde para a construção de redes de atenção e cuidado, de forma corresponsabilizada com a ESF (BRASIL, 2009, p. 8).
A reabilitação/saúde integral da pessoa idosa é uma das nove áreas de
intervenção estabelecidas pelo NASF.
Essas ações políticas e sociais representem um grande avanço para a
qualidade de vida da população idosa e contribuie de forma positiva para a
prevenção e controle das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT)3,
apontadas como uma das principais causas de mortalidade no país e no mundo
(WHO, 2005b; BRASIL, 2008). A DCNT era considerada um problema típico da
idade avançada, cuja incidência e prevalência eram registradas em indivíduos acima
de 60 anos, no entanto, em virtude de um estilo de vida inativo e desregrado é
possível observar um número cada vez maior de jovens obesos, diabéticos e
hipertensos (WHO, 2005b).
Nesse sentido e diante da realidade apresentada, para que as ações propostas
pelo governo se concretizem de fato, se faz necessária uma mudança de
2 O Nasf deve ser formado por equipes compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento como
psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, profissional da
educação física, médico homeopata, nutricionista, médico acupunturista, médico pediatra, médico psiquiatra e
terapeuta ocupacional, para atuarem no apoio e em parceria com os profissionais das equipes de Saúde da
Família. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Cadernos de Atenção Básica. Diretrizes do NASF - Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Série A. Normas e
Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Básica, n. 27. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
3 Segundo a Organização Mundial de Saúde as doenças crônicas não trasmissíveis incluem a doença cardíaca,
derrame, câncer, doenças crônicas respiratórias e diabetes. World Health Organization. Preventing chronic
diseases : a vital investment : WHO global report, 2005b.
18
comportamento da sociedade de um modo geral, a começar pelo cumprimento e
respeito pelas leis impostas e viabilidade no acesso aos benefícios.
É possível observar nos dias atuais, em virtude desse movimento mundial em
prol de uma melhor qualidade de vida da população, um crescente número de
indivíduos, em especial aqueles acima de 60 anos, conscientes dessa realidade e
que, por esse motivo, tem investido cada vez mais na qualidade da sua saúde seja
ela física ou emocional.
19
3 ENVELHECIMENTO
"Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste,
assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e
mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não
dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"(Cecília Meireles)
O envelhecimento é um fenômeno mundial que vem sendo observado em
populações de diversos países, principalmente aqueles em desenvolvimento (WHO,
2005a). O crescente aumento da expectativa de vida tem despertado interesse de
diversas áreas de estudo no que se refere ao processo de envelhecimento do
indivíduo e suas implicações.
Diversas teorias foram criadas no intuito de tentar explicar esse processo,
sejam elas de ordem biológica, psicológica, social, cultural, entre outras (MAZO ET
AL., 2009). Todavia, o envelhecimento é considerado um fenômeno extremamente
complexo, justamente por depender de uma série de fatores biopsicossociais inter-
relacionados, que sofrem alterações em momentos e velocidades diferentes
(TEIXEIRA ET AL., 2007).
A Gerontologia e a Geriatria são duas áreas da ciência que estudam o
envelhecimento humano, sendo que a primeira surgiu em 1903 e está relacionada
aos aspectos biopsicossociais e avaliação multidimensional e interdisciplinar dos
idosos, e a segunda surgiu em 1909 e está relacionada aos aspectos clínicos e
patológicos (CIAPE, 2012; HAYFLYCK, 1997 APUD MAZO ET AL., 2009).
A médica inglesa Marjory Warren, foi a primeira geriatra a aplicar os princípios
básicos da intervenção gerontológica, quando em 1935, submeteu um grupo de
pacientes crônicos idosos, rotulados como “incuráveis”, a planos de reabilitação
proposto por uma equipe multidisciplinar, com grande êxito (KONG, 2000).
Embora o envelhecimento esteja frequentemente associado a “um período de
declínio funcional, incluindo doenças e incapacidades” (CURIATI, 2011, p. 14), é de
extrema importância que todos os indivíduos, especialmente os profissionais ligados
a área de saúde, que lidam com a população idosa, saibam distinguir os efeitos
20
resultantes do processo natural de envelhecimento (senescência), daqueles
decorrentes de alguma doença (senilidade), no sentido de evitar alterações
patológicas provocadas por tratamento indevido (CURIATI, 2011).
Em 1980, foi publicado pela Organização Mundial de Saúde (WHO) um manual
de Classificação Internacional de Deterioração, Incapacidade e Deficiência (ICIDH)
“relativo as consequências da doença, e suas implicações para a vida dos
indivíduos”, complementar a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (WHO,
2012, p.14), contudo, em 1999 foi proposto um novo projeto ICIDH – 2, mais voltado
aos aspectos funcionais dos indivíduos, cujo principal objetivo é
proporcionar uma linguagem unificada e padronizada para servir como um quadro de referência para a “Conseqüências das condições de saúde ". A classificação abrange todos os distúrbios em termos de mudanças funcionais associadas com condições de saúde em níveis pessoa, corpo e sociedade. A ICIDH não classifica as doenças, distúrbios ou lesões, que é o objetivo de a CID (Classificação Internacional de Doenças). O novo projeto ICIDH-2 propõe três dimensões, por deterioração, atividade e participação, e de um anexo suplementar, fatores contextuais. O título da classificação foi alterada de ICIDH: Classificação Internacional de Deterioração, Incapacidade e Deficiência, para ICIDH-2: Classificação Internacional de deficiência, atividade e participação. (WHO, 2012, p. 18)
A saúde do idoso passa, então, a ser avaliada também pelo nível de
independência funcional/capacidade funcional, que está ligado a forma como estes
desempenham as atividades da vida diária (AVD), sejam elas básicas como comer,
tomar banho, vestir-se, sentar-se, levantar da cama, entre outras, ou intrumentais
como fazer compras, atender o telefone, cozinhar, usar meios de transporte, entre
outras (MATSUDO, 2010; TRINDADE, 2007).
Nesse sentido,
do ponto de vista da saúde pública, a capacidade funcional surge como um novo conceito de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar uma política de atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de reabilitação em saúde devem objetivar melhorar a capacidade funcional, ou, no mínimo, manter e, sempre que possível, recuperar a capacidade funcional perdida pelo idoso (TRINDADE, 2007, p. 16).
Alterações anatomo-fisiológicas, decorrentes do efeito natural da passagem
dos anos sobre o organismo dos indivíduos, também exercem influência na
21
capacidade funcional dos mesmos e identifica-las torna-se importante no intuito de
estabelecer as diferenças individuais.
Dentre as alterações fisiológicas mais evidentes que acontecem com o
aumento da idade cronológica podemos citar as alterações anatômicas, como o
crescimento do nariz e do pavilhão auditivo, a perda de substâncias elásticas
(elastina) da pele, diminuição de pêlos (VIEIRA & GLASHAN, 1996), e as alterações
morfológicas, como a mudança nas dimensões corporais, principalmente na
estatura, no peso e na composição corporal (MATSUDO, 2002).
Segundo Matsudo (2002) o aumento do peso é uma alteração corporal que
geralmente começa em torno dos 45 anos e se estabiliza aos 70, quando começa a
declinar até os 80. Ainda conforme a autora, esse parece ser o padrão mais provável
de comportamento da adiposidade corporal no decorrer dessa fase da vida.
Os indivíduos sofrem alterações também no sistema cardiovascular e
neuromuscular e um decréscimo funcional em seu organismo à medida que os anos
vão avançando, contudo a velocidade com que essas mudanças ocorrem e os
efeitos do processo de envelhecimento variam de indivíduo para indivíduo e do estilo
de vida de cada um.
O aumento da pressão arterial sistólica, diminuição do ATP4 disponível,
estreitamento do diâmetro das artérias, espessamento e calcificação, principalmente
nas válvulas mitral e aórtica são algumas das alterações que ocorrem no sistema
cardiovascular (MAZO ET AL., 2009).
A perda da massa muscular e, consequentemente, da força muscular é a
principal responsável pela degeneração na mobilidade e na capacidade funcional no
processo do envelhecimento, ocasionando dificuldade de locomoção e equilíbrio,
aumentando o risco de quedas, contribuindo também para o risco de doenças
crônicas, como o diabetes e a osteoporose (MATSUDO ET AL., 2003). Considerada
um importante problema pessoal e social, a osteoporose é uma das principais
causas de invalidez e incapacidade física associado a fraturas, especialmente nas
4 Trifosfato de Adenosina (ATP). “A energia proveniente da hidrólise do ATP aciona todas as formas de trabalho
biológico; assim sendo, o ATP constitui a “moeda corrente de energia” das células.” MCARDLLE, W.D.; KATCH,
F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio De Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008. p. 139.
22
mulheres após a menopausa, em decorrência da perda acelerada de cálcio, sais
minerais e mineral ósseo nesse período (WEINECK, 2000).
Vale salientar, no entanto, que existem variações significativas relacionadas ao
estado de saúde, participação e níveis de independência entre pessoas mais velhas
que possuem a mesma idade (WHO, 2005a), variações estas que estão ligadas,
também, ao nível de atividade física e qualidade de vida dessas pessoas.
Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde adotou o termo
“envelhecimento ativo”, que “é o processo de otimização das oportunidades de
saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à
medida que as pessoas ficam mais velhas” (WHO, 2005a). Esta afirma que
o envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. Permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários. (WHO, 2005. P.13)
Essa visão é um passo importante para o processo de manutenção e conquista
da autonomia e independência durante o processo de envelhecimento. De acordo
com a Gerontologia, a autonomia está relacionada aos aspectos cognitivos, a
tomada de decisão, e a independência está associada aos aspectos físicos, a
realização de algo sem o auxílio de terceiros (PASCHOAL, 1996 APUD MAZO ET
AL., 2009).
É fundamental a participação e colaboração de todos os envolvidos direta ou
indiretamente nesse processo, como os parentes, governantes e profissionais de
diversas áreas, mas principalmente o maior interessado nessa mudança que é o
próprio idoso, é essencial que este se sinta motivado a adotar um estilo de vida ativo
e participativo.
3.1 VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA NO ENVELHECIMENTO
Aptidão física é definida como a capacidade física de realizar satisfatoriamente
as atividades do cotidiano que compreende desde os cuidados pessoais às tarefas
23
diárias, como pagar contar, fazer compras, ir ao médico, entre outras, bem como as
atividades recreativas, esportivas e de lazer (SAFONS & PEREIRA, 2007).
A aptidão física relacionada à saúde é uma subdimensão da aptidão física,
onde, além da capacidade de realizar as atividades da vida diária com firmeza e
robustez, os indivíduos devem apresentar resistência ao desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis (PATE, 1988 APUD PITANGA, 2008).
Nesse sentido, componentes relacionados à dimensão morfológica, funcional-
motora, fisiológica e comportamental estão diretamente relacionados a aptidão física
à saúde, pois apresentam “relação com o melhor estado de saúde e,
adicionalmente, demonstram adaptações positivas à realização regular de atividades
físicas e de programas de exercícios físicos” (PITANGA, 2008, p. 18).
3.1.1 Variáveis morfológicas
As características dos componentes da morfologia corporal, referente a aptidão
física relacionada à saúde, são aspectos importantes no estudo da independência
do idoso, pois estas podem influenciar na aparência física, como também nos
âmbitos social, psicológico e nutricional. O Índice de Massa Corpórea (IMC) é a
medida mais utilizada para a avaliação morfológica de adultos e idosos pela
facilidade e baixo custo de sua aplicação, principalmente tratando-se de grandes
populações (MONTEIRO ET AL., 1999) e seu caráter não-invasivo.
O IMC é obtido através da razão entre o peso (Kg) e o quadrado da estatura
(m²). Apesar de simples, este foi determinado o melhor índice para quantificar a
massa corporal porque
determinou-se que o melhor índice seria aquele que tivesse menor correlação com a estatura, porque removeria a dependência do peso sobre a estatura e, ao mesmo tempo, tivesse maior correlação positiva com a gordura subcutânea e negativa com a densidade corporal, para determinar o nível com que os diversos índices indicavam relativa obesidade ou excesso de gordura. (PITANGA, 2008, p. 138)
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia o IMC é um
bom indicador da gordura corporal, no entanto a sua associação com a medida da
circunferência abdominal “pode oferecer uma forma combinada de avaliação de
24
risco e ajudar a diminuir as limitações de cada uma das avaliações isoladas” (2004,
p.6).
Pesquisas apontam a circunferência da cintura como o melhor indicador
antropométrico do tecido adiposo na região abdominal (GLANER ET AL., 2011;
MOLARIUS ET AL., 1999; LEAN, 1995). O procedimento mais utilizado para
determinar a sua medida é o ponto médio entre a última costela e a borda superior
da crista ilíaca (considerado a cintura natural do indivíduo) (WHO, 1995; WANG ET
AL., 2003).
3.1.2 Variáveis neuromotoras
A força muscular reflete a capacidade do indivíduo de produzir força, mesmo
que seja apenas para mover o próprio corpo. Esta tende a sofrer um decréscimo
com envelhecimento, em decorrência da perda de massa muscular, resultante, em
grande parte, de uma redução da síntese protéica que ocorre com o envelhecimento
e a perda de unidades motoras das fibras de contração rápida, e/ou da diminuição
da atividade física (WILMORE & COSTILL, 2001).
Responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do
indivíduo que está envelhecendo, essa perda do desempenho se torna aparente
somente a partir dos 50 anos de idade e pode ser explicada, também, pelas
mudanças nas propriedades intrínsecas das fibras musculares (MATSUDO, 2002). A
autora traz ainda um conceito conhecido como sarcopenia, que é
um termo genérico que indica a perda da massa, força e qualidade do músculo esquelético e que tem impacto significante na saúde pública pelas suas bem reconhecidas conseqüências funcionais no andar e no equilíbrio, aumentando o risco de queda e perda da independência física funcional, mas também contribui para aumentar o risco de doenças crônicas como diabetes e osteoporose. (MATSUDO, 2002, p.200)
“A fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades da
vida diária, levando o idoso à dependência. Além disso, conforme se perde força
aumenta-se o risco de traumas em conseqüência das quedas” (SAFONS &
PEREIRA, 2007, p.37), as quais causam efeitos psicológicos negativos ao idoso,
como medo de cair de novo e falta de autoconfiança (TEIXEIRA ET AL., 2007).
25
Segundo Teixeira et al. (2007) a agilidade, capacidade neuromotora que
declina com a idade apresenta perdas importantes e contribui para a incidência de
quedas e aumento do risco de acidentes na realização das atividades do cotidiano
do geronte. Os autores afirmam que a força e a agilidade são interdependentes e
exercem influência direta na aptidão funcional do idoso, pois são constantemente
recrutadas na realização das atividades da vida diária.
Outra variável, cujo pico de amplitude máxima de movimento acontece por
volta dos vinte anos de idade, declinando significativamente a partir de então
(SAFONS & PEREIRA, 2004) e que exerce influência direta na agilidade é a
flexibilidade, a qual pode ser um fator limitante no desempenho da marcha,
especialmente de pessoas idosas, em virtude da atrofia da musculatura flexora do
quadril comprometendo o desempenho da mobilização articular (CRISTOPOLISKI
ET AL., 2008).
De acordo com Dantas (1999, p.57) flexibilidade é a “qualidade física
responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular
máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites
morfológicos, sem o risco de provocar lesões.” Nesse sentido, é importante elaborar
estratégias que visem à manutenção da funcionalidade dos músculos,
especialmente aqueles que atuam ao redor da articulação do quadril, de modo que
propicie ao idoso condições favoráveis para a realização de atividades básicas e
instrumentais, melhor desempenho da marcha e do equilíbrio.
26
4 PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS
“É preciso chegar ativo à terceira idade, não lamentar o
envelhecimento, mas encará-lo como uma celebração da
sabedoria.” (Alexandre Kalache)
O déficit da aptidão física e das capacidades funcionais decorrente do processo
de envelhecimento, associado a um estilo de vida inativo, pode levar o idoso a uma
condição de extrema fragilidade, comprometendo a sua independência.
Um dos aspectos fundamentais para proporcionar uma velhice independente e
contribuir para uma melhor qualidade de vida é a realização regular de atividade
física (GOMES & ZAZÁ, 2009), seja de forma autônoma, com orientação de um
profissional da área, ou através da participação em programas que incentivem essa
prática.
Em maio de 2004, a Organização Mundial de Saúde desenvolveu a Estratégia
Global sobre Alimentação, Atividade Física e Saúde com o objetivo de reduzir os
fatores de risco das doenças não-transmissíveis, aumentar a consciência e
entendimento sobre o impacto positivo de uma boa alimentação e da prática regular
de atividade física na saúde, e incentivar o desenvolvimento, fortalecimento e
implementação de políticas e ações que fortaleçam esse comportamento (WHO,
2004).
Advogando desta mesma idéia, Pitanga (2004) descreve um modelo piramidal
para análise da atividade física e exercício físico, estando na base da pirâmide
atividades físicas do cotidiano, as quais deveriam ser incentivadas para todas as
pessoas através de aumento no gasto energético diário, sendo compostas por
atividades no trabalho, atividades domésticas, deslocamentos, entre outras.
Segundo a SBME um programa de atividade física deve contemplar a
realização diária de exercícios aeróbicos com duração de 30 a 40 minutos e
exercícios de força muscular e flexibilidade de três a quatro vezes por semana,
sendo que o controle da intensidade vai variar de acordo com a especificidade e
objetivos de cada aluno (CARVALHO, ET AL, 2001). Análogo a SBME a OMS
propõe as mesmas recomendações a exceção da flexibilidade, a qual ressalta a
importância do treinamento do equilíbrio, que associado ao treinamento de força
27
muscular contribui para a redução de quedas e aumento da capacidade funcional do
idoso (WHO, 2004).
Estudos (SILVA JÚNIOR ET AL.,2011; CIPRIANI ET AL., 2010; MAZO ET AL.,
2009; MATSUDO ET AL. ,2003; PAIN ET AL., 2001) concluem que a prática de
atividade física regular, que inclua principalmente atividades aeróbicas e de força
muscular, promove melhora significativa nas funções físicas e manutenção da
independência do idoso, permitindo-o realizar com mais eficácia atividades da rotina
diária e de lazer.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (WHO, 2005, p.8), “em
todos os países, e especialmente nos países em desenvolvimento, medidas para
ajudar pessoas mais velhas a se manterem saudáveis e ativas são uma
necessidade, não um luxo”. Sendo que as políticas públicas e os programas
destinados a essa população devem ser baseados nos direitos, necessidades,
preferências e habilidades das mesmas, incluindo, também, “uma perspectiva de
curso de vida que reconheça a importante influência das experiências de vida para a
maneira como os indivíduos envelhecem”.
Comungando dessa mesma preocupação e demanda social, Pain et al. (2001,
p. 51) ressaltam ainda que
torna-se imprescindível uma mobilização de vários setores e órgãos competentes ligados à área de saúde e bem-estar, com intuito de alertar, esclarecer e educar a população como um todo em especial os idosos da importância e manutenção da saúde e da qualidade de vida para se ter uma velhice bem sucedida diminuindo o risco de doenças e outros problemas que levariam a um estado de morbidade ou até a mortalidade.
Indo de encontro e atendendo a essa necessidade foi criado o projeto Educar
para a Atividade Física – EPAF. Desenvolvido a partir do desejo de discentes do
curso de Licenciatura em Educação Física em atuar na comunidade, atrelada
especificamente ao Programa de Saúde da Família (PSF) e Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF) do município de Alagoinhas. O EPAF surgiu a partir da
sistematização do projeto de extensão da Universidade do Estado da Bahia,
enquadrado na linha de pesquisa Atividade Física e Saúde, estando seus
colaboradores engajados numa nova proposta de intervenção do professor de
28
educação física neste espaço e junto à comunidade que o freqüenta, mais
especificamente os idosos.
No projeto são realizadas atividades que visam contribuir para uma melhor
qualidade de vida das suas participantes, proporcionando mudanças positivas na
aptidão física e capacidade funcional, como exercícios com peso, caminhadas,
dança, lutas, e na auto-estima, como a convivência com outras pessoas, atividades
lúdicas e recreativas e estabelece relações da afetividade. O referido projeto inclui
orientações passadas a respeito da importância e benefícios da prática de atividade
física, entendendo-a como um dos principais aliados para um estilo de vida saudável
e com qualidade.
Antecedendo ao movimento mundial em prol da qualidade de vida da
população idosa, programas internacionais e nacionais de atividade física
destinados aos gerontes foram criados com o objetivo de oportunizar aos mesmos
um envelhecimento ativo. No Brasil, o Serviço Social do Comércio – SESC do
estado de São Paulo foi a primeira entidade não gorvenamental a desenvolver esse
tipo de programa entitulado “Escolas Abertas para Terceira Idade”, que logo depois
se extendeu para o SESC de outros estados. Posteriomente, entidades
governamentais, universidades, centros comunitário, clubes e academias
acompanharam esse mesmo movimento, com destaque para as universidade, em
especial as localizadas nas regiões sul e suldeste do país, cujo número de trabalhos
e programas de atividade física voltados para os idosos são expressivos (MAZO ET
AL, 2009).
Um dos projetos desenvolvidos pelas universidades e que merece destaque é
o da Universidade Aberta à/para a/da Terceira Idade, cuja sigla, a depender da
localização, é UnATI ou UATI. Esse programa oferece ao idoso atividades
interdiscliplinares que atenda às necessidades físicas e psicossociais.
Esses programas além de proporcionarem benefícios para a vida dos gerontes,
confere a eles uma percepção de jovialidade, especialmente pelo fato destes
perceberem que ainda são capazes de realizar algo. Esse novo status adquiro por
essa população, como consequência da mudança de comportamento, acarreta
alterações de paradigmas e conceitos pré-estabelecidos. O idoso passa, portanto, a
29
assumir um papel mais participativo dentro da sociedade, embora parte da mesma
permaneça reticente em aceitar tal realidade, tratando-os de forma discriminatória.
30
5 METODOLOGIA
Caracterizado como um estudo longitudinal, o presente trabalho configura-se
como uma pesquisa experimental de campo, pois visa avaliar os impactos das ações
metodológicas realizadas no projeto EPAF sobre variáveis da aptidão física
relacionada à saúde (morfológicas e neuromotoras) das participantes ao longo de 1
(um) ano.
Conforme Mattos et al. (2008, p. 36)
O método de pesquisa experimental tem como objetivo analisar as variáveis relacionadas com o objeto de estudo, apontando a relação de causa e efeito entre as variáveis e de que modo o fenômeno é produzido, utiliando testes, questionários e medidas.
No que diz respeito ao tempo de aplicação dos testes para análise das
variáveis, os estudos longitudinais são os mais indicados em virtude da sua longa
duração, um ano ou mais, sendo esta a opção mais viável para se obter dados que
possam descrever o processo (TAUCHEN, 2012).
No projeto Educar para a Atividade Física - EPAF são desenvolvidas atividades
como caminhadas, dança, lutas, musculação, atividades lúdicas e recreativas, as
quais são oferecidas aleatoriamente uma vez por semana com duração de 2 (duas)
horas por dia, sendo realizadas nas dependências da Universidade do Estado da
Bahia – UNEB, Campus II. As avaliações foram realizadas a cada três meses,
primando sempre pela integridade física e mental das participantes.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da
UNEB sob o número 2805/2010 (Anexo A).
5.1 CLASSIFICAÇÃO DA AMOSTRA: CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Em virtude do crescimento da população idosa e conseqüente preocupação em
favorecer um estilo de vida mais independente e saudável a ela, a amostra deste
estudo foi composta por idosas participantes do projeto EPAF. Foi utilizado como
critério de participação na pesquisa mulheres com idade a partir de 60 (sessenta)
anos, residentes na cidade de Alagoinhas, com acompanhamento médico da
31
Unidade de Saúde da Família (USF) do seu bairro e participantes ativas do Projeto
Educar para a Atividade Física. Foram adotados como critério de exclusão qualquer
patologia que colocasse em risco a saúde das voluntárias, a baixa freqüência (nº de
faltas > a 20% do total de aulas), não ter participado de ao menos 1 (um) processo
avaliativo e /ou saída do projeto EPAF. A amostra foi composta por 8 participantes
voluntárias, com media de idade de 70,6 + 7,63 (60 a 82 anos), as quais foram
previamente informadas a cerca dos objetivos da pesquisa e convidadas a assinar o
termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B), conforme previsto na
resolução 196/96 do Conselho Nacional da Saúde (BRASIL, 2010b).
5.2 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS
Como método de coleta de dados foi empregado o instrumento de teste,
utilizado para obtenção de dados quantitativos (MATTOS ET AL., 2008).
Inicialmente foi utilizada uma ficha de avaliação (Apêndice A) composta por
perguntas similar as que são utilizadas para fazer a anamnese, como informações
pessoais, sociais e físicas, de modo que fosse possível traçar o perfil das
participantes do projeto. Como instrumento para avaliação inicial do índice de massa
corpórea (IMC) e da circunferência cintura foram utilizados uma balança
antropométrica digital da marca Welmy e uma fita métrica metalizada e flexível, com
graduação em milímetros.
Para a avaliação das variáveis neuromotoras foram utilizados os seguintes
testes: a) força muscular dos membros superiores: foi utilizado o instrumento
RESISFOR “ajustado” da bateria de testes American Alliance for Health Physical
Education, Recreation and Dance – AAHPERD (OSNESS ET AL., 1990), composta
por cinco testes motores e que utiliza um halter pesando 2 kg para mulheres; b)
força muscular dos membros inferiores: foi utilizado o teste de levantar da cadeira
em 30 segundos, conforme padronização proposta por Rikli e Jones (1999); c)
flexibilidade dos membros superiores: foi utilizado o Teste de Flexibilidade do
Ombro, cujo material utilizado foi uma régua (MATSUDO, 2010); d) flexibilidade do
tronco e membros inferiores: foi utilizado o teste Sentar e Alcançar, também
conhecido como Banco de Wells, o material utilizado foi um banco de madeira de 35
32
cm de altura e largura, 40 cm de comprimento com uma régua padrão na parte
superior ultrapassando em 15 cm a superfície de apoio dos pés (MATSUDO, 2010).
5.3 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise estatística dos dados da pesquisa foi utilizado o programa
Statistica for Windows versão 5.0, Copyright StatSoft, Inc. 1984-1995.
A análise quantitativa dos dados foi formatada pela análise de variância de um
(1) fator para medidas repetidas (one-way ANOVA) para comparar as diferenças
entre peso, altura, IMC, circunferência cintura e variáveis neuromotoras das idosas,
durante o acompanhamento das avaliações a cada 3 (três) meses, sendo analisado
o comportamento das variáveis e os efeitos da intervenção. Foi analisado o
comportamento das variáveis e os efeitos das intervenções estabelecendo o nível de
significância de p<0,05.
33
6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
O perfil inicial das participantes do presente estudo está ilustrado na Tabela 1,
e foi traçado após a identificação dos dados logrados através da aplicação da ficha
de avaliação inicial, em fevereiro de 2011.
Além de informações referentes a morfologia corporal, foi possível observar,
também, que as idosas possuem uma ou mais DCNT, como hipertensão, diabetes,
osteoartrite, entre outras.
Tabela 1. Perfil inicial das participantes. Valores expressos em média ± desvio padrão (DP)
MÉDIA DESVIO PADRÃO
IDADE (anos) 70,6 + 7,63
PESO (Kg) 71,8 + 4,92
ESTATURA (cm) 1,5 + 0,06
IMC (Kg/m2) 32,4 + 3,43
CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA (cm) 102,2 + 10,92
Os resultados obtidos através da avaliação das variáveis morfológicas e
neuromotoras estão apresentados separadamente através das tabelas 2 e 3,
respectivamente, e os valores encontrados são expressos em média ± desvio
padrão, com as correspondente comparações entre os três momentos da coleta de
dados e a análise estatística realizada através da análise de variância de um (1)
fator para medidas repetidas (one-way ANOVA).
Na Tabela 2 são apresentados os valores do IMC, da Circunferência da Cintura
(CC) e da Razão da Circunferência da Cintura-Quadril (RCCQ). É possível observar
que não houve variação estatística significativa das variáveis morfológicas no
período analisado (p > 0,05).
34
Tabela 2. Valores de IMC, CC e RCC/Q expressos em média ± desvio padrão (DP), com as correspondente comparações entre os três momentos da coleta de dados e a análise estatística
1ª - FEV/2011 2ª - MAI/2011 3ª - AGO/2011
Média DP Média DP Média DP p
IMC* 32,4 + 3,43 32,0 + 3,52 32,0 + 3,56 0,96
CC** 102,2 + 10,92 102,9 + 12,19 98,6 + 12,29 0,74
RCCQ*** 0,9 + 0,09 0,9 + 0,08 0,9 + 0,05 0,48
*Índice de massa corpórea, **Circunferência cintura, ***Razão circunferência cintura-quadril
Com relação aos resultados das variáveis neuromotoras, apresentados na
Tabela 3, os valores se mantiveram estáveis tanto para a força muscular quanto
para flexibilidade não havendo variação estatística significativa (p > 0,05) no período
analisado, a exceção da força muscular dos membros superiores a qual apresentou
uma variação estatística positiva (p < 0,05), sendo que da primeira para a segunda
avaliação a variação estatística foi de p = 0,88, da segunda para a terceira p = 0,07
e da primeira para a terceira p = 0,02, ou seja, esta variável seguiu uma progressão
estatística positiva.
Tabela 3. Valores de Força Muscular e Flexibilidade expressos em média ± desvio padrão (DP), com as correspondente comparações entre os três momentos da coleta de dados e a análise estatística realizada
1ª - FEV/2011 2ª - MAI/2011 3ª - AGO/2011
Média DP Média DP Média DP p
Força Muscular MS** 11,4 + 3,11 12,1 + 2,53 15,8 + 3,33 0,02
Força Muscular MI*** 11,0 + 1,85 11,8 + 2,82 13,1 + 2,75 0,25
Flexibilidade MS** - 17,7 + 12,26 - 18,9 + 15,62 - 12,2 + 11,60 0,60
Flexibilidade MI*** 21,6 + 5,8 23,6 + 5,65 25,1 + 5,26 0,48
**Membros superiores, ***Membros inferiores
35
7 DISCUSSÃO
O processo de envelhecimento é um fenômeno extremamente complexo, por
depender de uma série de fatores biopsicossociais inter-relacionados (TEIXEIRA ET
AL., 2007), e está diretamente relacionado a incidência e prevalência das DCNTs
cujo fatores de risco estão associados em grande parte ao estilo de vida dos
indivíduos, sendo classificados em
“não modificáveis” (sexo, idade e herança genética) e “comportamentais” (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e outras drogas). Os fatores de risco comportamentais são potencializados pelos fatores condicionantes socioeconômicos, culturais e ambientais (BRASIL, 2008, p.16).
Estudos (FERREIRA ET AL., 2010; PEREIRA ET AL., 2008) evidenciaram a
prevalência da dieta inadequada, hipertensão arterial, obesidade e inatividade física
como principais fatores de risco cardiovascular em idosos, com predominância em
mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2004, p. 4),
dietas não saudáveis e inatividade física estão, portanto, entre as principais causas das doenças não-transmissíveis, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer, e contribuem substancialmente para a carga global de doenças, morte e invalidez.
Uma pesquisa (GIROTTO ET AL., 2010) epidemiológica realizada com
hipertensos na faixa etária de 20 a 79 anos residentes na cidade de Londrina no
Paraná, evidenciou a prevalência de obesidade abdominal identificada pela RCCQ
em 68,1% dos idosos (> 60 anos) que participaram da pesquisa, com prevalência no
sexo feminino.
Em virtude das alterações no peso e estatura sofridas pelo indivíduo com o
decorrer dos anos, há uma conseqüente variação nos índices do IMC. Nesse
sentido, Matsudo (2002) ressalta a importância dessa medida no processo de
envelhecimento, pois valores acima da normalidade (26-27) estão relacionados com
incremento da mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes, enquanto
36
índices abaixo desses valores têm relação com aumento da mortalidade por câncer,
doenças respiratórias e infecciosas.
Estudos que analisaram os efeitos de um programa de atividade física sobre
variáveis morfológicas no período de 22 meses (PAIN ET AL., 2001) e de 2 anos
(SILVA JÚNIOR ET AL., 2011) encontram resultados semelhantes, embora a
freqüência de realização das atividades tenha sido de 2 e 3 vezes na semana
respectivamente. Embora seja recomendada a prática diária de atividade física
moderada (SAFONS & PEREIRA, 2007; CARVALHO ET AL., 2001), os resultados
encontrados reforçam o fato de que mesmo as atividades sendo realizadas uma vez
durante a semana ainda é melhor que a inatividade física, garantindo assim a
manutenção das variáveis da aptidão física relacionadas a morfologia corporal.
Existem variações significativas relacionadas ao estado de saúde, participação
e níveis de independência entre pessoas mais velhas que possuem a mesma idade
(WHO, 2005a) e que estão ligadas, também, ao nível de atividade física e qualidade
de vida dessas pessoas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a prática regular de atividade física
traz benefícios para a saúde física e mental dos indivíduos, sendo que
diferentes tipos e quantidades de atividade física são necessária para resultados de saúde diferentes: pelo menos 30 minutos de atividade física regular de intensidade moderada na maioria dos dias reduz o risco de doença cardiovascular e diabetes, câncer de cólon e de mama. Fortalecimento múscular e treinamento do equilíbrio pode reduzir quedas e aumentar o status funcional entre idosos. Mais atividade pode ser necessária para o controle de peso (WHO, 2004, p.4).
Como as atividades desenvolvidas do projeto EPAF são realizadas apenas
uma vez na semana, não tem como assegurar uma maior freqüência de realização
das mesmas pelas participantes nos demais dias, embora sejam orientadas para tal.
Assim sendo, apesar da diversidade de atividades propostas semanalmente, ficou
estabelecida a realização de caminhada, no mínimo 15 minutos, no sentido de
possibilitar melhoras no condicionamento cardiovascular, e exercícios de força
muscular e flexibilidade pela compreensão sobre o papel importante dessas duas
variáveis na vida das participantes, como a melhora no desempenho da marcha, a
37
redução de quedas, a maior segurança na realização das atividades cotidianas,
entre outros.
Estudos (CIPRIANI, 2010; PAULI, 2009; PAIN ET AL, 2001; ROGATTO;
GOBBI, 2001) semelhantes que analisaram o comportamento das variáveis
neuromotoras de uma população idosa durante um período maior ou igual a 7
meses, participantes ativas de um programa de atividade física para a terceira idade,
cuja atividades eram realizadas no mínimo duas vezes na semana, encontraram
resultados análogos. No entanto, foi encontrado também pesquisas onde foi
observado melhoras significativas no que diz respeito a força muscular para
membros superiores (SILVA JÚNIOR ET AL., 2011) e inferiores (TEIXEIRA ET AL.,
2007).
Estudos (MATSUDO ET AL., 2003; MATSUDO, 2002; PAIN ET AL., 2001;
MAZZEO ET AL., 1998; RAZO ET AL., 1997a; RAZO ET AL., 1997b) evidenciam a
importância da participação de pessoas idosas em programas de atividade física
regular e a adoção de um estilo de vida ativo como forma de prevenir e controlar
doenças crônicas não-transmissíveis e de manter a independência funcional durante
o processo de envelhecimento, devendo fazer parte desses programas atividade
aeróbicas de baixa intensidade e exercícios de força muscular, especialmente com
peso. Observou-se também nesses estudos os benefícios psicológicos relacionados
a preservação da função cognitiva, alívio dos sintomas de depressão e uma melhora
no conceito de controle pessoal e auto-eficácia. Destacando-se a relevância da
conscientização dos idosos em relação a importância de sua participação nesses
programas necessário para a promoção da saúde e uma vida mais autônoma e
saudável.
Quanto antes o idoso iniciar a prática de atividade física, seja ela qual for,
melhor será para a sua saúde, pois a inércia traz ao indivíduo, cuja funcionalidade
está em declínio, perdas irreparáveis, mas que podem ser atenuadas pela
constância de tal prática. A intervenção de um profissional da área é de fundamental
importância no sentido de direcionar as atividades de modo que atenda às
necessidades específicas do idoso, ou do grupo com características e necessidades
análogas, respeitando sempre as características individuais de cada um.
38
Tão importante quanto a realização de atividades que melhorem a capacidade
funcional e nível de aptidão física dos idosos é garantir a sua aderência aos
programas de atividade física, para que de fato as alterações sejam percebidas.
Uma maneira de assegurar a regularidade da freqüência é conscientizá-los acerca
da importância e dos benefícios dessa prática para a sua vida, seja através de
palestras sobre temas relacionados ou através de explicações referentes aos
exercícios que estão sendo realizados, como os objetivos, a relevância e
implicações para a saúde do praticante, a forma correta de executar, entre outros.
39
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ter sido observado alterações estatísticas significativas apenas na
força muscular dos membros superiores, o fato dos valores das demais variáveis
analisadas terem se mantido estáveis ao longo dos estudos, com atividades físicas
sendo realizadas apenas 1 (uma) vez na semana, é considerado como positivo em
se tratando de uma população cuja a tendência é um declínio dessas funções e que
as atividades físicas desenvolvidas no projeto EPAF contribuem para a manutenção
da aptidão física das participantes, atenuando os efeitos deletérios do
envelhecimento.
Os resultados alcançados no período são reflexo positivo das atividades
realizadas no projeto Educar para a Atividade Física, como as práticas corporais e
as ações educativas, bem como as palestras educativas, que visam conscientizar as
participantes sobre a importância da atividade física para a redução dos riscos de
doenças cardiovasculares, além de promover a socialização e ensinar a
automonitorização do exercício físico.
Esses resultados reforçam a necessidade de continuidade das atividades
realizadas no projeto e da elaboração e execução de políticas públicas que
propiciem a essa população melhores condições de vida. A importância desse tipo
de programa se dá também ao proporcionar-lhes experiências que explorem suas
capacidades e o contato/convivência com outras pessoas.
Entendendo o idoso não apenas como um ser biológico, como, também, um
ser emocional e social, susceptível às influências do meio ambiente e das pessoas
que o cercam, cabe ressaltar a importância da intervenção multidisciplinar no sentido
de desenvolver um trabalho que atenda a todas as suas necessidade do modo a
assegurar uma real contribuição para a capacidade funcional e nível de participação
dos mesmos.
É imprescindível que o profissional de Educação Física interessado nesta área
esteja atualizado com as alterações anatomo-fisiológica e funcionais do
envelhecimento, sabendo discernir com máxima precisão os efeitos naturais deste
processo e das alterações produzidas pelas inúmeras afecções que podem
acometer o idoso, e consciente a cerca da importância e contribuição dos
40
aspectos/questões sociais no desenvolvimento de suas atividades e para o êxito dos
seus trabalhos.
41
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APÊNDICE A - Ficha de Avaliação
48
EEEEEEEEPPPPPPPPAAAAAAAAFFFFFFFF
EEEEEEEE DDDDDDDDUUUUUUUUCCCCCCCCAAAAAAAA RRRRRRRR PPPPPPPP AAAAAAAA RRRRRRRRAAAAAAAA AAAAAAAA TTTTTTTT IIIIIIII VVVVVVVV IIIIIIII DDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDD EEEEEEEE FFFFFFFF ÍÍÍÍÍÍÍÍ SSSSSSSS IIIIIIII CCCCCCCCAAAAAAAA
PPPPPPPPRRRRRRRRÁÁÁÁÁÁÁÁTTTTTTTTIIIIIIIICCCCCCCCAAAAAAAASSSSSSSS CCCCCCCCOOOOOOOORRRRRRRRPPPPPPPPOOOOOOOORRRRRRRRAAAAAAAAIIIIIIIISSSSSSSS NNNNNNNNAAAAAAAA UUUUUUUUNNNNNNNNEEEEEEEEBBBBBBBB
F I C H A D E A V A L I A Ç Ã O I N I C I A L
Nome: Data Nascimento: / /
Endereço:
Telefone: ( ) Assistência médica: Tipo Sanguíneo:
Em caso de Emergência avisar: Telefone: ( )
Atividade Profissional: Data da avaliação: / /
Hora da avaliação: Avaliador:
D A D O S C A D A S T R A I S
Qual o seu objetivo ao entrar no programa de Atividade Física?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Anamnese:
PERGUNTA SIM NÃO OBSERVAÇÕES
Doença cardíaca na família (H < 55 anos e M < 65 anos)
Hipertensão na família
Diabetes na família
Colesterol ou triglicérides na família
Fumante
Já fumou
49
Possui hipertensão
Colesterol total > 200mg/dl
HDL < 35mg/dl
LDL> 130mg/dl
Diabetes
Glicemia > 100mg/dl
IMC > 30 kg/m2
Pratica atividade física
Praticou no passado
Qual
Motivo desistência
Lesões osteomioarticulares
Sente dores no corpo
Está em dieta
Utiliza algum “suplemento”
Está usando medicação
Já sentiu dor no peito
Falta de ar em repouso
Vertigem ou desmaio
Falta ar deitado ou à noite
Edema nos tornozelos
Palpitações ou taquicardia
Claudicação intermitente
(andar mancando)
Apresenta sopro cardíaco
Fadiga excessiva com atividades habituais
50
Doença nos Rins
Doença no Fígado
Problemas metabólicos
(tireóide)
Alergias
Cirurgias ou internações
Distúrbio durante sono
E X A M E F Í S I C O
MASSA CORPORAL (kg)
ESTATURA
CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA
IMC
PRESSÃO ARTERIAL
GLICEMIA
P A R E C E R D A A V A L I A Ç Ã O F Í S I C A
1. Classificação da estratificação de risco pelo ACSM
____________________________________________________________________________________
2. Classificação quando ao percentual de gordura corporal e índice de conicidade
____________________________________________________________________________________
3. Observações sobre aspectos osteomioarticulares
____________________________________________________________________________________
4. Observações quanto aos fatores de risco coronariano
____________________________________________________________________________________
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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: Efeitos sobre variáveis morfológicas e neuromotoras a partir das práticas corporais desenvolvidas entre idosas do projeto Educar para a Atividade Física – EPAF da Universidade do Estado da Bahia, campus II, Alagoinhas.
Pesquisadores Responsáveis: Professor Doutor Maurício Maltez Ribeiro (orientador) e Cintia Guimarães Rosário.
O processo de envelhecimento causa no indivíduo alterações no corpo como
aumento de gordura, perda de força muscular, dificuldade de locomoção e equilíbrio, aumento do risco de quedas, entre outras. Como forma de minimizar esses efeitos, proporcionando ao idoso uma velhice independente e com maior qualidade de vida é recomendado que ele tenha uma vida mais ativa, realizando atividade física diariamente e participando de programas que promovam esse tipo de atividade, como as que são desenvolvidas no projeto EPAF.
Diante da informação acima e da necessidade de buscar mais dados que comprovem a relação positiva entre a prática regular de atividade física e a saúde das idosas, justifica-se a proposta desta pesquisa que tem como objetivo estudar os efeitos das atividades realizadas no projeto EPAF sobre o peso, altura, circunferências da cintura e do quadril, a força muscular e flexibilidade das participantes.
Para que o objetivo deste projeto seja alcançado, será necessário a realização de alguns procedimentos. Inicialmente a participante responderá a um questionário composto por perguntas referentes a informações pessoais, sociais e físicas. Num segundo momento, será medido o peso, a altura, e as circunferências da cintura e do quadril, e realizados testes para medir a força muscular e flexibilidade dos braços e das pernas.
Para medir o peso a avaliada deverá ficar de pé em cima da balança, sem calçado e com roupas leves, para medir a altura a avaliada deverá estar sem calçado, com os pés unidos e a parte de trás do corpo encostada na parede, para medir a circunferência da cintura será passada a fita em volta da cintura da avaliada dois centímetros acima as região umbilical, e para a circunferência da cintura será passada a fita na região do quadril, aproximadamente dez centímetros abaixo da região umbilical.
Para medir a força muscular dos braços será feito um teste onde a avaliada, sentada em uma cadeira sem braço deverá levantar um peso de 1,8 kg durante 30 (trinta) segundos. Para medir a força muscular das pernas será realizado o teste de levantar da cadeira, de 43 cm de altura, em 30 segundos, sendo que a avaliada, com os braços cruzados na frente do peito, deverá levantar completamente da cadeira. Para medir a flexibilidade dos braços utilizaremos o Teste de Flexibilidade do Ombro, nesse o avaliado será colocado em pé e a mão da sua preferência atrás
53
do ombro do mesmo lado, com a palma da mão encostada nas costas e os dedos estendidos até atingir o ponto mais baixo das costas quanto for possível (mantendo o cotovelo totalmente levantado até a altura da cabeça), em seguida deverá colocar a outra mão atrás das costas, com a palma para fora tentando alcançar quanto for possível os dedos estendidos de ambas as mãos. Para medir a flexibilidade das pernas será utilizado o teste Sentar e Alcançar, o material utilizado será um banco de madeira de 35 cm de altura e largura, 40 cm de comprimento com uma régua padrão na parte de cima ultrapassando em 15 cm o ponto de apoio dos pés. O avaliado será orientado a sentar-se no chão com as pernas estendidas e os pés encostados no banco de madeira e afastados seguindo a linha do quadril e os braços estendidos sobre o outro. O avaliador ficará perto da fita métrica de modo que possa controlar os joelhos para não dobrarem e orientará o avaliado que este solte o ar dos pulmões enquanto realiza a flexão e que este mantenha esta posição por pelo ou menos dois segundos.
Considerando a simplicidade dos métodos acima descritos, somado ao fato de que cada procedimento será acompanhado atentamente por um profissional da área de Educação Física, conclui-se que estes não apresentam riscos a saúde e integridade física da participante.
Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, e ter meus direitos de: 1. Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados à pesquisa; 2. Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 3. Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações relacionadas à privacidade.
Tendo recebido as informações acima e ciente dos meus direitos, concordo
em participar voluntariamente da pesquisa.
Alagoinhas, _____de_______ de 2011.
_______________________________ ______________________________
Assinatura da participante Assinatura do pesquisador
Endereço do pesquisador: Rua Silva Jardim, 137 – Silva Jardim. Alagoinhas/BA
Telefone para contato: (75) 3421-1879
54
ANEXO – Aprovação Comitê de Ética e Pesquisa – CEP
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