UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA MESTRADO EM ODONTOLOGIA
EFEITO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO SOBRE A DOR PÓS-OPERATÓRIA DO TRATAMENTO
ENDODÔNTICO: ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO.
Luana Pontes Barros Lopes
Manaus-AM 2017
EFEITO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO SOBRE A DOR PÓS-OPERATÓRIA DO TRATAMENTO
ENDODÔNTICO: ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO.
Luana Pontes Barros Lopes
Orientador: Prof. Dr. Emílio Carlos Sponchiado Jr
Manaus-AM 2017
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Odontologia.
Luana Pontes Barros Lopes
EFEITO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO SOBRE A DOR PÓS-OPERATÓRIA DO TRATAMENTO
ENDODÔNTICO: ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO.
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Odontologia, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Amazonas.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Emílio Carlos Sponchiado Júnior, Presidente Universidade Federal do Amazonas
Prof. Dra. Aida Renée Assayag Hanan, Membro Universidade Federal do Amazonas
Prof. Dr. Erivan Clementino Gualberto Junior, Membro Universidade Federal do Amazonas
Manaus, 17 de março de 2017
À minha avó Francisca, que exerceu durante tantos anos a docência por amor,
fonte de inspiração na minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, fonte de vida, pela fé e força renovada a cada dia para a
concretização dos meus sonhos.
Ao querido professor Dr. Emílio Carlos Sponchiado Junior, meu
orientador de mestrado, conselheiro, exemplo de pessoa e de profissionalismo, pela
forma como me conduziu no caminho da pesquisa, pelas críticas construtivas nos
momentos oportunos, muito obrigada. Agradeço, ainda, pela confiança depositada em
mim para a realização desta pesquisa, em momentos onde estava sem ânimo para
continuar, você sempre tinha uma palavra de incentivo e força.
Ao meu amor, Pedro Henrique Marques, pelo amor, paciência e
compreensão, principalmente nos momentos de ausência e dedicação à pesquisa.
Às queridas amigas, Verônica Bertocco e Jéssica Lindoso, presenças
constantes, por todo carinho e amizade compartilhado. Não há palavras para descrever
o quão importante vocês foram durante esse período de mestrado e o quanto são
importantes na minha vida também.
Aos queridos amigos, Diego Cordeiro, Rodrigo Kiyuna, Gabriel Cardoso
e Gerson Neto, companheiros de pesquisa que tornaram essa caminhada agradável,
pessoas essenciais e queridas que levarei para o resto da vida.
Às amigas e colaboradoras, Elizângela Barbosa e Etienny Arruda, por
todo apoio durante a condução da pesquisa e paciência para realização das avaliações,
sem vocês não teria concluído este trabalho.
Ao professor Dr. Erivan Gualberto, pela atenção, apoio e dedicação durante
a confecção do protocolo de fotobiomodulação e com o manejo do aparelho de laser.
Ao professor Dr. Fernando Herkraft, pela atenção e realização da
estatística do trabalho.
À equipe de professores do Grupo de Endodontia de Manaus, Prof. Dr.
André Marques, Prof. Leonardo Cantanhede, Prof. Fredson Carvalho, Prof.
Guilherme Carvalho, Prof. Samir Noronha, pelos conhecimentos compartilhados
na clínica odontológica.
Aos técnicos e colaboradores da Faculdade de Odontologia, pelo apoio
durante a condução da pesquisa.
À assistente social Arlete Ribeiro, pela paciência e suporte no recrutamento
de pacientes para pesquisa, sem você não seria possível a realização deste estudo.
À todos os professores da Faculdade de Odontologia da UFAM por dividir
suas experiências clínicas e docentes. Em especial aos professores: Prof. Dra. Aida
Hanan, Prof. Dra. Flávia Cohen, Prof. Dra. Luciana Mendonça, Prof. Dr.
Leandro Martins, Prof. Dra. Adriana Queiroz, Prof. Dra. Juliana Vianna.
Aos pacientes da pesquisa, pela colaboração, paciência e confiança durante a
realização de todas as etapas do estudo.
À Faculdade de Odontologia da UFAM, pelo apoio institucional.
Ao Programa de Pós Graduação em Odontologia, em nome do Prof. Dr.
Leandro Martins, pelo apoio institucional e suporte para a realização dos nossos
projetos de pesquisa.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudo.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da terapia de fotobiomodulação sobre a
dor após o tratamento endodôntico realizado em molares inferiores com o sistema
reciprocante WaveOne®, a partir de um estudo clínico, prospectivo, randomizado,
duplo cego. Foram selecionados 60 pacientes, idade média 27 anos, divididos
aleatoriamente em 2 grupos, com indicação de tratamento endodônticos em dentes
molares inferiores diagnosticados com Pulpite Irreversível. No grupo experimental
(PBM), foi realizado o tratamento endodôntico com o sistema WaveOne®, e logo
após realizado a fotobiomodulação com irradiação do laser de baixa intensidade. No
grupo controle (WO), foi realizado o tratamento endodôntico com o sistema
WaveOne®. Todo o tratamento foi realizado pelo mesmo operador experiente. A
avaliação da dor foi realizada nos intervalos de 6h, 12h e 24h após o tratamento
endodôntico ter sido realizado. Foi registrada a ocorrência e intensidade da dor em
duas escalas de aferição de dor: a de descrição verbal (VRS) e a numérica discreta
(NRS). A incidência de dor pós-operatória no grupo WO, que não recebeu irradiação,
foi 36,6% na avaliação de 24h, enquanto que no grupo PBM apenas 6,6% para o
mesmo período de tempo. Na análise das variáveis independentes, o extravasamento
de cimento para a região periapical aumentou a intensidade de dor 8,4 vezes na escala
VRS e 1,02 vezes na escala NRS. Foi concluído que o risco para a dor após
tratamento endodôntico foi maior em pacientes que não receberam irradiação do laser
de baixa intensidade.
Palavras-chaves: ensaio clínico; tratamento do canal radicular; dor pós-operatória;
terapia com luz de baixa intensidade.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the effect of photobiomodulation therapy on
pain after treatment of root canal performed with the WaveOne® reciprocanting
system, based on a prospective, randomized, double blind, clinical trial. The study
included 60 patients, mean age 27 years, randomly divided into 2 groups, with
indication of treatment of root canal in lower molar teeth diagnosed with Pulpitis. In
the experimental group (PBM), the treatment of root canal was performed with the
WaveOne® system and immediately the photobiomodulation with low intensity laser
irradiation. In the control group (WO), the treatment of root canal was performed with
the WaveOne® system. Root canal treatment was performed by a single operator,
specialist in endodontics. The pain evaluation was performed at 6h, 12h, and 24h
intervals after treatment of root canal was performed. The occurrence and intensity of
pain were recorded on two pain scales: verbal description (VRS) and discrete numeral
(NRS). The incidence of postoperative pain in the WO group, which did not receive
irradiation, was 36.6% in the 24-hour evaluation, whereas in the PBM group only
6.6% for the same time period. In the analysis of the independent variables,
overextension of cement increased pain intensity 8.4 times on the VRS scale and 1.02
times on the NRS scale. It was concluded that the risk for pain after root canal
treatment was higher in patients who did not receive low intensity laser irradiation.
Keywords: clinical trial; root canal therapy; postoperative pain; low-level light
therapy.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PBM Fotobiomodulação
WO WaveOne®
VRS Escala de descrição verbal
NRS Escala numérica discreta
h horas
mW micro Watts
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
EDTA Ácido Etilenodiamino tetra-acético
InGaAlP Índio-Gálio-Alumínio-Fósforo
AsGaAl Arsênio-Gálio-Alumínio
s segundos
J Joules
cm2 centímetros quadrados
DP Desvio-padrão
ref referência
RR Risco Relativo
IC Intervalo de Confiança
ß Risco Relativo para a escala numérica discreta
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12
2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 15
2.1 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS .................................................................. 15
3 METODOLOGIA ............................................................................................ 16
3.1 DESENHO DA PESQUISA ..................................................................... 16
3.2 DESFECHO PRIMÁRIO ......................................................................... 16
3.3 DESFECHO SECUNDÁRIO ................................................................... 16
3.4 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................. 16
3.5 SELEÇÃO DE PACIENTES E CÁLCULO AMOSTRAL .................. 17
3.6 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .................................................................. 17
3.7 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ................................................................. 18
3.8 ALEATORIZAÇÃO SIMPLES DOS GRUPOS .................................... 19
3.9 PROTOCOLO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO ...................... 20
3.10 PROTOCOLO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO .......... 22
3.11 ANÁLISE DA DOR PÓS OPERATÓRIA ........................................... 23
4 ARTIGO 1 ........................................................................................................ 25
4.1 RESUMO ................................................................................................... 25
4.2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 26
4.3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................... 28
4.3.1 PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO .............................................. 30
4.3.2 ANÁLISE DA DOR PÓS OPERATÓRIA ....................................... 33
4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................ 35
4.4 RESULTADOS .......................................................................................... 35
4.4.1 RESULTADO PRIMÁRIO ............................................................... 38
4.5 DISCUSSÃO .............................................................................................. 39
4.6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 44
4.7 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 45
5 CONSIDERAÇOES FINAIS .......................................................................... 49
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 50
11
7 APÊNDICE I .................................................................................................... 55
8 APÊNDICE II ................................................................................................... 57
9 APÊNDICE III ................................................................................................. 58
10 ANEXO I ........................................................................................................ 59
12
1 INTRODUÇÃO
A dor pós-operatória é uma complicação frequente no tratamento
endodôntico e alguns fatores comuns podem influenciar para ocorrência desta dor,
entre eles incluem-se: instrumentação insuficiente, extrusão de irrigantes, extrusão
de medicação intracanal, presença de dor antes do tratamento, extrusão apical de
bactérias e detritos durante a instrumentação, extrusão de material obturador,
desobturação e realização de patência apical durante o tratamento endodôntico
(ARIAS et al., 2015; BÜRKLEIN e SCHÄFER, 2012; NEKOOFAR et al. 2015;
PASQUALINI et al., 2012; ROSEN et al., 2016; TURKER, UZUNOGLU e
ASLAN 2015).
A sintomatologia dolorosa que ocorre após o tratamento endodôntico é
decorrente do processo inflamatório dos tecidos periapicais, explicado por possível
extrusão de contaminantes pelo forame apical durante a instrumentação do conduto
radicular causando maior expressão de neuropeptídios de células nervosas do tipo
C, presente no ligamento periodontal, contribuindo desta forma para a fisiopatologia
da inflamação periférica (CAVIEDES-BUCHELI et al., 2013; NEKOOFAR et al.
2015; PASQUALINI et al., 2012).
A dor após o tratamento endodôntico pode estar presente em até 40% dos
casos, independente da técnica utilizada para a instrumentação (PAK e WHITE,
2011; PASQUALINI et al., 2012). Nas primeiras 24 horas, normalmente, os
sintomas são mais intensos reduzindo consideravelmente nos primeiros 3 dias e até
níveis mínimos em 7 dias (ARIAS et al., 2015; NEKOOFAR et al., 2015; PAK e
WHITE, 2011; RELVAS et al., 2016).
Deveras, a dor presente nos pacientes após o tratamento endodôntico
prejudicam sua qualidade de vida (PASQUALINI et al., 2016; VENA et al., 2014).
13
Sendo a dor odontogênica um dos principais motivos de impacto comportamental,
afetando o humor das pessoas e a capacidade de realizar atividades cotidianas,
como: trabalhar, realizar tarefas domésticas e até mesmo dormir, falar ou comer
(BATISTA et al., 2014; CAVALHEIRO et al., 2016; COHEN et al., 2007).
A ciência endodôntica também busca avançar no conforto e segurança de
suas técnicas, um desses avanços foram os sistemas reciprocantes, que têm sido
amplamente utilizados pelos profissionais da área devido sua efetividade em
instrumentar o conduto radicular com menor risco de fratura devido a sua
cinemática, com menor fadiga cíclica, mantendo a trajetória original do conduto
radicular, além de apresentar menor tempo de instrumentação (AHN, H. KIM e E.
KIM, 2016; PEDULLA et al., 2013). Todavia, há evidências clínicas de variados
níveis de dor pós-operatória com o uso de sistemas reciprocantes. (NEKOOFAR et
al., 2015; PASQUALINI et al., 2015; RELVAS et al., 2016).
Almejando maior conforto aos pacientes submetidos ao tratamento
endodôntico, vários protocolos clínicos são propostos para a redução da dor pós-
operatória. Uma das hipóteses consiste na irradiação de laser de baixa potência, uma
ferramenta utilizada em várias áreas da saúde, como biomodulador celular e redutor
da dor nos diversos tipos de tecidos vivos (DE FREITAS e HAMBLIN 2016;
FARIAS, CLOSS e MIGUENS JR, 2016; GARCIA et al., 2010; GARCIA et al.,
2014; PALLOTA et al., 2012).
Dependendo da potência em Watts emitida pelo laser, ele pode ser
considerado de alta, média e baixa potência. O laser de baixa potência é assim
considerado devido a saída em até 500mW de potência, não promovendo alterações
térmicas acima da temperatura normal corpórea, porém com efeitos de
14
bioestimulação celular (LI et al., 2015). A analgesia produzida pelo laser de baixa
potência pode ser atribuída a fatores como: remoção de substâncias responsáveis
pela indução da dor resultante do aumento da circulação sanguínea, inibição da
produção de fatores inflamatórios, estimulação de linfócitos, melhora da respiração
celular e liberação de neurotransmissores no tecido inflamado (DE FREITAS e
HAMBLIN, 2016; GARCIA et al., 2010; LI et al., 2015, PALLOTA et al., 2012).
Atualmente, a fotobiomodulação evidencia-se eficaz em várias áreas da
odontologia, como a ortodontia e a cirurgia oral, promovendo: analgesia, redução da
inflamação e acelerando o reparo dos tecidos (EKIZER et al., 2016; FARIAS,
CLOSS e MIGUENS JR, 2016; PALLOTA et al., 2012).
Portanto, levando em consideração que após o tratamento endodôntico a
dor pós-operatória é prevalente em alguns pacientes, propõe-se neste estudo clínico
um protocolo de fotobiomodulação após o tratamento endodôntico, realizado com
sistema reciprocante, visando a redução da dor e possibilitando um melhor pós-
operatório e consequente bem-estar ao paciente, reduzindo também o uso de
medicações analgésicas e anti-inflamatórias.
Este estudo tem como resultado primário, o efeito da terapia de
fotobiomodulação, utilizando o laser de baixa potência, na dor após o tratamento
endodôntico em molares inferiores.
15
2 OBJETIVO GERAL
Avaliar o efeito da terapia de fotobiomodulação sobre a dor após o
tratamento endodôntico realizado com sistema reciprocante em molares inferiores.
2.1 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
Avaliar a dor pós-operatória, em dentes tratados endodonticamente e
irradiados com laser de baixa potência, após 6 horas, 12 horas e 24 horas do
tratamento.
Avaliar por meio de uma análise de regressão possíveis variáveis que
possam influenciar na dor após o tratamento endodôntico em molares inferiores
16
3 METODOLOGIA
3.1 DESENHO DA PESQUISA
Estudo clínico, prospectivo, controlado, paralelo, randomizado e duplo cego.
3.2 DESFECHO PRIMÁRIO
Dor após o tratamento endodôntico.
Ausência de dor pós-operatória; presença de dor pós-operatória.
3.3 DESFECHO SECUNDÁRIO
Influência das variáveis: idade, sexo e extravasamento de material obturador,
sobre a variável de desfecho de dor após o tratamento endodôntico.
3.4 ÁREA DE ESTUDO
Este estudo clínico controlado e randomizado foi realizado em usuários já
em tratamento na Clínica Odontológica da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM), Manaus, Brasil e que necessitavam de tratamento endodôntico, no período
de janeiro 2016 a setembro de 2016.
Este projeto foi inserido na Plataforma Brasil, e encontra-se aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFAM sob o protocolo: CAAE
49719015.0.0000.5020 (ANEXO I). Do mesmo modo, o projeto foi publicado na
plataforma de Registro de Ensaios Clínicos (REBEC), sob o protocolo:
U111111757812.
17
3.5 SELEÇÃO DE PACIENTES E CÁLCULO AMOSTRAL
O ambulatório Odontológico da Universidade Federal do Amazonas possui
em atendimento aproximadamente trezentos pacientes em suas Clínicas Integradas,
dentre estes usuários pelo menos 70% necessitam de algum tipo de tratamento
endodôntico, visto que apenas três disciplinas curriculares do Curso de Graduação
atendem esta demanda.
É descrito na literatura que aproximadamente 40% dos pacientes submetidos
a tratamento endodônticos não cirúrgicos sentem dor nas primeiras 24 horas após o
tratamento, e esta dor reduz substancialmente nos 3 dias subsequentes e por 7 dias
após o tratamento endodôntico a prevalência de dor chega a 10% ou valores
menores. O cálculo amostral foi feito com bases nesses dados pelo programa Sealed
Envelope™, sendo requerido 29 pacientes para cada grupo, para se detectar uma
diferença de 30% entre os grupos. Com poder estatístico de 80% e valor de α de
5%.
3.6 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Os critérios de inclusão consistiram em pacientes adultos, que já possuíam
indicação de tratamento endodôntico em dentes permanentes molares inferiores,
diagnosticados com pulpite irreversível, confirmada por resposta positiva ao teste
térmico com frio e exame de radiografia periapical. Os indivíduos que participaram
desta pesquisa deviam ter número de contato (telefone fixo ou celular) para ser
possível realizar as avaliações pós-operatórias.
O protocolo de tratamento foi explicado a todos os pacientes, e o Termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE I) foi submetido aos que
participaram. Os pacientes que não quiseram participar da pesquisa foram
18
encaminhados para a lista de espera das disciplinas da graduação que oferecem o
tratamento Endodôntico na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do
Amazonas.
3.7 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Não participaram da pesquisa, pacientes em qualquer estágio da gravidez,
que estavam administrando alguma medicação no momento tratamento,
imunocomprometidos, com hipersensibilidade a anti-inflamatórios não-esteroides,
estes fatores poderiam alterar a percepção de dor ou interferir com a análise de
escore de dor pós-tratamento.
Os pacientes que possuíam dentes com complicações endodônticas, tipo:
calcificações, reabsorção externa ou interna, formação parcial do ápice apical, com
perfurações dentárias, com fraturas longitudinais ou verticais, com doença
periodontal severa e problemas oclusais severos também não participaram deste
estudo, visto que estes fatores poderiam interferir na adequada terapia endodôntica e
consequentemente na dor pós-operatória.
Durante o procedimento endodôntico, foram excluídos os pacientes em que
os dentes que não puderam ter o tratamento endodôntico concluído na mesma
sessão e também aqueles que por qualquer razão não foi possível contatar por
telefone para a avaliação da dor nos períodos estimados.
19
3.8 ALEATORIZAÇÃO SIMPLES DOS GRUPOS
O processo de aleatorização foi realizado em blocos a partir de uma tabela
gerada pelo programa Sealed Envelope™. por um pesquisador não envolvido no
experimento. Foram gerados uma lista com 60 números, dividida em 4 blocos. Os
detalhes referentes a alocação dos participantes nos grupos, foram guardadas em
envelopes opacos, selados e numerados sequencialmente. Após a realização do
protocolo endodôntico nos pacientes elegíveis para a participar do projeto, foi
aberto o envelope numerado na sequência pelo operador. Nem os pacientes ou o
examinador avaliador não souberam em nenhum momento para qual grupo foram
alocados. O fluxograma de controle segue abaixo (Figura 1):
Indivíduos elegíveis para o estudo (n=106)
Excluídos (n=46) Não atenderam aos critérios de inclusão
Indivíduos selecionados para a alocação dos grupos (Randomização) (n=60)
Alocados para o grupo de intervenção (PBM) (n=30)
Alocados para o grupo controle (WO) (n=30)
Analisados do grupo PBM (n=30)
Analisados do grupo WO (n=30)
Figura 1. Fluxograma CONSORT para estudo clínicos randomizados
20
3.9 PROTOCOLO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO
O protocolo de tratamento endodôntico foi realizado da mesma forma em
ambos os grupos. O exame clínico foi realizado nos elementos dentários elegíveis
para participar da pesquisa, e somente participaram aqueles com diagnóstico de
pulpite irreversível sintomática confirmados através do teste térmico positivo de um
spray frio (Endo-Frost; Coltene - Whaledent, Langenau, Alemanha) pulverizado
sobre uma mecha de algodão colocada na superfície oclusal do dente. Logo após era
realizado o exame radiográfico, onde o elemento dentário em questão não deveria
ter quaisquer patologia periapical.
Após este exame clínico inicial, onde os pacientes elegíveis para participar
da pesquisa foram convidados e orientados sobre a pesquisa através do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e todas as dúvidas mediante à sua condução
foram esclarecidas. Após isso foi feito anamnese, bem como informações sobre
variáveis: idade, sexo, elemento dentário. Neste momento também foi preenchida a
ficha de atendimento odontológico (APÊNDICE II).
Para iniciar o tratamento foi realizado: anestesia através do bloqueio do
nervo alveolar inferior com 3,6 mL de lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000
(ALPHACAINE; DFL Indústria e Comércio Ltda, Rio de Janeiro, RJ, Brasil),
isolamento absoluto e a cirurgia de acesso com brocas esféricas diamantadas de
#1012, #1013, #1014 e #2082.
O cateterismo foi realizado com limas K #10, #15 e #20 em movimento
oscilatório até com comprimento de trabalho provisório do dente. O comprimento
de trabalho foi aferido através de um localizador foraminal eletrônico (Novapex;
Fórum Technologies, Rishon Le-Zion, Israel) e confirmado por meio de exame
radiográfico periapical.
21
A instrumentação dos canais radiculares foi realizada utilizando o sistema
reciprocante WaveOne®, que segundo a recomendação do fabricante tem o
instrumento selecionado quando se realiza o cateterismo com limas K, se o tamanho
da lima K #10 encontrar muita resistência para atingir o comprimento de trabalho, o
instrumento WaveOne® Small (21.06) deveria ser selecionado, se a lima K #10 for
inserida passivamente e atingir o comprimento de trabalho ou estiver solta no
interior do canal, o instrumento selecionado seria o WaveOne® Primary (25.08) e
se a lima K #20 ou maior for introduzida no canal radicular de forma passiva até o
comprimento de trabalho, o canal é considerado com grande diâmetro e o
instrumento WaveOne® Large (40.08) deveria ser selecionado. O uso dos
instrumentos do sistema foi realizado com movimentos de entrada e saída dos
condutos radiculares, com leve pressão em direção ao forame apical até se alcançar
todo o comprimento de trabalho, aproximadamente três ou quatro vezes o
instrumento foi removido para limpeza dos detritos com uma gaze.
Foi realizada a irrigação abundante com hipoclorito de sódio a 2,5% a cada
remoção para a limpeza do instrumento, e o irrigante permaneceu no canal
radicular durante todo o procedimento. Para ambos os grupos, o uso do hipoclorito
de sódio foi realizado por meio de uma agulha 30-G Max-i-Probe (Dentsply,
Maillefer) até 3 mm aquém do comprimento de trabalho, sendo verificada por meio
de stop de silicone, a quantidade de solução irrigante não ultrapassou 40 mL.
A irrigação final foi realizada com EDTA 17%, durante 1 minuto para
remoção da smear layer antes da obturação, que foi realizada 0,5mm aquém do
comprimento de trabalho, para evitar possível extravasamento de material para a
região periapical.
22
Após a instrumentação e irrigação, os canais radiculares foram secos com
cones de papel absorvente WaveOne® (Denstply, Maillefer) e preenchidos com
guta-percha WaveOne® (Dentsply, Maillefer) e Cimento AH Plus® (Dentsply,
Maillefer), pela técnica de obturação termoplástica utilizando um compactador de
McSpadden número 60. Após a realização da obturação foi realizado o selamento
provisório com cimento ionômero de vidro restaurador, ajuste oclusal e exame
radiográfica final.
3.10 PROTOCOLO DA TERAPIA DE FOTOBIOMODULAÇÃO
O Laser de baixa potência utilizado na terapia de Fotobiomodulação do
presente estudo foi o PHOTON LASE III® (DMC Equipamentos Ltda., São Carlos,
SP, Brasil), que possui as seguintes características: Emissores InGaAlP (660 nm,
laser visível) e AsGaAl (808 nm, laser infravermelho), emissão contínua e pulsada,
sistema de entrega com fibra ótica, diâmetro do spot 0,0283 cm2. No grupo tratado
com PBM a irradiação laser foi realizada imediatamente após a remoção do
isolamento absoluto nos molares inferiores na altura do ápice das raízes mesiais e
distais em um ponto do aspecto vestibular e um ponto lingual determinado pelo
comprimento obtido pelo localizador foraminal na etapa de odontometria. Foi
utilizado o seguinte protocolo:
• Emissor: AsGaAl
• Comprimento de onda: 808 nm (laser infravermelho)
• Potência: 100 mW (0,10 W)
• Modo de operação: laser contínuo
• Modo de irradiação: laser contato, pontual
• Tempo de exposição por ponto: 25s
23
• Número de sessões de aplicações: única
• Quantidade de pontos de aplicação: 4
• Tempo de exposição total: 100 s
• Densidade energética / ponto: 90 J/cm2
• Densidade energética total: 360 J/cm2 (4 pontos)
• Energia : 2,5 J
• Energia total: 10 J (4 pontos)
No grupo controle (WO) foi realizado todo o protocolo, posicionado a
ponteira do laser na região do ápice das raízes porém não foi irradiada a luz
infravermelha, para fins de cegamento do paciente.
3.11 ANÁLISE DA DOR PÓS OPERATÓRIA
Após o tratamento endodôntico e a terapia de fotobiomodulação, todos os
pacientes receberam instruções de como iria proceder a avaliação de sua evolução
no pós operatório.
Foi realizada através de ligações telefônicas feitas em horários previamente
marcados, aferidos por duas escalas: a de descrição verbal (VRS) e a numérica
discreta (NRS) (ANEXO III). O paciente poderia a qualquer momento entrar em
contato com o pesquisador/operador para esclarecer dúvidas, e em casos de dor
severa foi orientado utilizar medicação anti-inflamatória com Ibuprofeno 600mg em
intervalos de 8 em 8 horas por 3 dias, que foi prescrita ao termino da sessão.
A avaliação da dor foi realizada por um pesquisador envolvido na pesquisa
que desconhecia alocação dos grupos. Para avaliar a dor pós-operatória, foi utilizada
duas escalas para aferir a ocorrência e intensidade de dor nos intervalos de 6 horas,
24
12 horas e 24 horas após o tratamento endodôntico. A dor foi registrada na escala
numérica discreta (NRS) e de descrição verbal ordinal (VRS) (ANEXO III).
A escala VRS foi registrada da seguinte forma: 0 = como nenhuma dor, 1 =
dor leve, 2= dor moderada ou 3 = dor severa e a escala numérica foi atribuída
pontuação de 0 a 10, respondida pelo paciente, onde 0 é nenhuma dor e 10 a pior
dor.
A analise estatística foi realizada pelo programa STATA®, utilizando o teste
Mann-Whitney para dados não paramétricos, comparando os resultados nas análises
de dor entre os dois grupos. Para analisar as variáveis independentes em relação a
dor pós-operatória foi realizada uma análise de regressão ordinal para a escala VRS
e uma análise de regressão linear para a escala NRS.
25
4 ARTIGO 1
Artigo original completo para submissão no periódico Clinical Oral
Investigations, classificado como Qualis A1, fator de impacto 2.207 , de acordo
com a classificação de periódicos da CAPES de 2015.
4.1 RESUMO
Objetivo: Avaliar por meio de um estudo clínico prospectivo e
ramdomizado o efeito da terapia de fotobiomodulação sobre a dor após o tratamento
endodôntico.
Materiais e métodos: Participaram do estudo 60 pacientes, com idade entre
18-51 anos de idade, com indicação de tratamento endodôntico em dentes
permanentes molares inferiores, diagnosticados com Pulpite Irreversível. Todos os
tratamentos foram realizados por um único operador, especializado em Endodontia.
Os participantes foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: no grupo
experimental (PBM) foi realizado o tratamento endodôntico com a sistema
WaveOne® e imediatamente após a irradiação com laser de baixa intensidade. No
grupo controle (WO) foi realizado somente o tratamento endodôntico com o sistema
WaveOne®. A dor pós-operatória foi avaliada, por um segundo pesquisador que
desconheciam a alocação dos grupos, utilizando duas escalas de aferição: descrição
verbal ordinal (VRS) e a numérica discreta (NRS). A avaliação foi realizada por
meio de ligações telefônicas após 6 horas do tratamento, 12 horas após o tratamento
e 24 horas após o tratamento. Os dados foram analisados pelo programa STATA®
pelos testes de Mann-Whitney, de regressão ordinal e linear.
Resultados A incidência de dor pós-operatória no grupo WO, foi 36,6% na
avaliação de 24h, enquanto que no grupo PBM apenas 6,6% para o mesmo período
de tempo, apresentando p=0,013 na escala VRS e p=0,015 na escala NRS. Na
26
análise das variáveis independentes, o extravasamento de cimento para a região
periapical aumentou a intensidade de dor 8,4 vezes na escala VRS e 1,02 vezes na
escala NRS.
Conclusão: O efeito da terapia de fotobiomodulação irradiada após o
tratamento endodôntico está associada a diminuição significativa da ocorrência da
dor, diminuindo em até 4,3 vezes a chance de dor pós operatória.
Relevância Clínica: Os resultados encontrados neste ensaio clínico
demonstram que a terapia da fotobiomodulação reduz a incidência de dor pós
operatória e pode beneficiar os pacientes que necessitam de tratamento
endodôntico, trazendo uma alternativa para redução da dor e melhorando sua
qualidade de vida.
Palavras-chaves: ensaio clínico; tratamento do canal radicular; dor pós-
operatória; terapia com luz de baixa intensidade.
4.2 INTRODUÇÃO
A dor pós-operatória é uma complicação frequente no tratamento
endodôntico. Os sintomas decorrentes do tratamento endodôntico podem ser
explicados pelo processo inflamatório ocasionado por possível extrusão de
contaminantes pelo forame apical, tal incidente exacerba a expressão de
neuropeptídios de células nervosas do tipo C, presente no ligamento periodontal,
acarretando um maior tempo de regeneração para a região periapical [1-3].
Esta sintomatologia pode estar presente em até 40% dos casos após o
tratamento endodôntico, independente da técnica de instrumentação utilizada [3, 4].
De fato, a dor presente nos pacientes após o tratamento endodôntico prejudicam sua
qualidade de vida [5, 6]. Sendo a dor odontogênica um dos principais motivos de
27
impacto comportamental, afetando o humor das pessoas e a capacidade de realizar
atividades cotidianas, como: trabalhar, realizar tarefas domésticas e até mesmo
dormir, falar ou comer [7-9].
A ciência endodôntica também busca avançar no conforto e segurança de
suas técnicas, um desses avanços foram os sistemas reciprocantes, que têm sido
amplamente utilizados pelos profissionais da área devido sua efetividade em
instrumentar o conduto radicular com menor risco de fratura devido a sua
cinemática, com menor fadiga cíclica, mantendo a trajetória original do conduto
radicular, além de apresentar menor tempo de instrumentação [10, 11]. Todavia, há
evidências clínicas de variados níveis de dor pós operatória com uso de sistemas
reciprocantes [2, 5, 12].
Almejando maior conforto aos pacientes submetidos ao tratamento
endodôntico, vários protocolos clínicos constantemente são propostos para a
redução da dor pós operatória. Uma das hipóteses consiste da terapia com
fotobiomodulação, com irradiação de laser de baixa potência, que vem sendo usada
na odontologia como ferramenta para a analgesia, modulação da inflamação, e
regeneração de diversos tecidos vivos [13-17, 19].
A analgesia produzida pelo laser de baixa potência pode ser atribuída a
fatores como: remoção de substâncias responsáveis pela indução da dor resultante
do aumento da circulação sanguínea, inibição da produção de fatores inflamatórios,
estimulação de linfócitos, melhora da respiração celular e liberação de
neurotransmissores no tecido inflamado [13, 16-19].
Portanto, levando em consideração que após o tratamento endodôntico a dor
pós operatória é prevalente nos pacientes, propõe-se neste estudo clínico um
28
protocolo de fotobiomodulação após o tratamento endodôntico realizado com
sistema reciprocante, visando a redução da dor e consequente bem-estar ao paciente,
reduzindo também o uso de medicações analgésicas e anti-inflamatórias. Este
estudo tem como resultado primário, o efeito da terapia de fotobiomodulação,
utilizando o laser de baixa intensidade, na dor após o tratamento endodôntico.
4.3 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo clínico foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Amazonas (CAAE 49719015.0.0000.5020) e publicado no
Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos- REBEC (U111111757812). Este é um
estudo clínico controlado, randomizado, duplo-cego e paralelo. A área de estudo foi
na clínica odontológica da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, em
usuários que necessitavam de tratamento endodôntico, no período de Janeiro de
2016 a Setembro de 2016.
Foram incluídos no estudo homens e mulheres de 18 a 60 anos, que tinham
indicação para tratamento endodôntico em dentes molares inferiores, com exceção
de terceiros molares, diagnosticados com pulpite irreversível. Este diagnóstico foi
confirmado com teste térmico ao frio, onde o resultado deveria ser positivo para que
o dente fosse elegível para o estudo (Tabela 1). Foram excluídos do estudo
pacientes grávidas, imunocomprometidos, em uso de anti-inflamatórios, pacientes
que possuíam dentes com anomalias anatômicas, calcificações, fraturas verticais ou
horizontais ou doença periodontal severa, visto que estas condições interfeririam na
análise da presença de dor após o tratamento endodôntico.
29
Tabela 1. Dados demográficos e clínicos dos pacientes recrutados
Em cada grupo foram tratados 30 pacientes, sendo no total 60 pacientes que
participaram do estudo. Este número foi usado para que pudesse se observar uma
diferença estatisticamente significante de 30% na presença de dor entre o grupo
controle e o grupo experimental, utilizando um poder estatístico de 80%, e um valor
de α de 5%.
A randomização foi realizada utilizando o programa Sealed Envelope®, por
um terceiro pesquisador que não estava envolvida no protocolo de pesquisa. Uma
lista de 60 números foi preparada, divididas em 4 blocos.. Cada número da
sequência gerada foi colocada individualmente em envelopes opacos, lacrados e
numerados. Uma vez que o paciente era considerado elegível para o estudo, era
feito todo o protocolo de tratamento endodôntico e imediatamente após era aberto
um envelope de aleatorização para saber qual grupo pertenceria o paciente, o
mesmo desconhecia sua alocação.
PBM (n=30) WO (n=30)
Idade média
Sexo
30.4 ± 8.15
28.1 ± 8.51
Masculino 15 (50%) 8 (26,7%)
Feminino 15 (50%) 22 (73,3%)
Extravasamento
Sim 10 (33,3%) 13 (43,3%)
Não
Doenças sistêmicas
Primeiro molar inferior
Segundo molar inferior
20 (66,7%)
Nenhum
17
13
17 (56,7%)
Nenhum
16
14
30
Dos 106 pacientes considerados elegíveis para o estudo, 46 não atenderam
ao critério de inclusão e foram excluídos. Desta forma, participaram do estudo 60
pacientes, divididos em 30 pacientes para o grupo de intervenção (PBM) e 30
pacientes para o grupo controle (WO), como indicado pelo fluxograma (Fig. 1):
Fig. 1: Fluxograma do CONSORT para estudos clínicos randomizados
4.3.1 PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO
O protocolo de tratamento endodôntico foi realizado da mesma forma em
ambos os grupos. Após a anamnese e exame radiográfico periapical, era realizado o
teste térmico utilizando gás refrigerado (Endo-Frost; Coltene - Whaledent,
Langenau, Alemanha) com um auxílio de uma haste flexível com algodão na face
oclusal e vestibular do dente por 5 segundos, o recrutamento do paciente ocorria
Indivíduos elegíveis para o estudo (n=106)
Excluídos (n=46) Não atenderam aos critérios de inclusão
Indivíduos selecionados para a alocação dos grupos (Randomização) (n=60)
Alocados para o grupo de intervenção (PBM) (n=30)
Alocados para o grupo controle (WO) (n=30)
Analisados do grupo PBM (n=30)
Analisados do grupo WO (n=30)
31
somente se o dente respondesse positivamente ao teste e com evidências clínicas do
quadro de pulpite irreversível.
A anestesia utilizada em todos os pacientes foi de 3,6 ml com 2% de
lidocaína e 1:100.000 de epinefrina (Alphacaine; DFL Indústria e Comércio Ltda,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil) com o bloqueio do nervo alveolar inferior. Após
realizado o isolamento absoluto, era preparado o acesso a câmara pulpar com brocas
esféricas. O cateterismo foi realizado utilizando limas manuais tipo K #10, #15 e
#20. Na sequência, era realizada a odontometria com o localizador foraminal
eletrônico (Novapex; Fórum Technologies, Rishon Le-Zion, Israel) sucedida de
uma tomada radiográfica para confirmação.
A escolha para o instrumental do sistema Waveone® (Dentsply, Maillefer;
Ballaigues, Suiça) foi realizada de acordo com recomendação do fabricante, se a
lima K #10 entrasse nos condutos com dificuldades, até o terço médio do conduto,
era escolhido o instrumento Small 21.06. Se a lima K #10 entrasse passivamente no
conduto, era escolhido o instrumento Primary 25.08. E se a lima K #20 for
introduzida no canal de forma passiva, era escolhido o instrumento Large 40.08.
Após selecionado o instrumento para o tratamento, este era introduzido no
conduto radicular com movimentos de entrada e saída de baixa amplitude, tais
movimentos se repetiam até a modelagem completa do terço cervical, médio e
apical de cada conduto radicular, com remoção completa do instrumento de 3 a 4
vezes para limpeza com gaze e irrigação com hipoclorito de sódio 2,5%.
Uma lima K#10 foi utilizada para verificar a patência, no comprimento de
trabalho durante o tratamento endodôntico. O motor XSmart Plus® (Dentsply,
Maillefer; Ballaigues, Suiça) foi utilizado para mover os instrumentos na cinemática
reciprocante.
32
Os condutos radiculares foram irrigados com 2,0 mL da solução hipoclorito
de sódio a 2,5% após cada troca de instrumento e a solução irrigante permaneceu no
canal radicular durante o procedimento. Para ambos os grupos, o hipoclorito de
sódio foi introduzido no conduto com o auxílio da agulha Max-i-Probe 30-G
(Dentsply, Maillefer; Baillagues, Suiça) até 3 mm de comprimento de trabalho,
aferido por um marcador de silicone. A quantidade de solução irrigante não excedeu
40 mL. Para todos os condutos radiculares era verificada a patência com uma lima
K#10.
Os dentes receberam a mesma quantidade de solução irrigante e os condutos
radiculares também foram irrigados com 17% de EDTA antes da obturação. Antes
da obturação, os condutos foram secos com pontas de papel absorvente também do
sistema WaveOne® compatíveis com seus diâmetros. Todos os elementos dentários
foram obturados com cone de guta-percha do sistema Waveone®, compatível com o
instrumento de memória utilizado, os cones eram introduzidos no canal radicular
com cimento endodôntco AH Plus (Dentsply, Maillefer; Baillagues, Suiça) em seus
primeiros 5 milímetros. Todos os dentes foram obturados pela técnica de
termoplastificação com auxílio do termocompactador de guta-percha McSpadden
(Dentsply, Maillefer; Baillagues, Suiça) número 60 que era introduzido no canal
radicular em até 5mm aquém do comprimento de trabalho.
Ao término da obturação, todos os dentes foram selados com cimento
ionômero de vidro restaurador, foi ajustado a oclusão e realizado a radiografia final.
Logo após, era aberto um envelope de randomização e a alocação dos grupos era
realizada. Nos pacientes que eram alocados no grupo experimental o protocolo de
fotobiomudulação era realizado.
33
O laser de baixa intensidade utilizado nesta pesquisa foi o PHOTON
LASER III® (DMC Equipamentos Ltda., São Carlos, SP, Brasil) e possui as
seguintes características: Emissores InGaAlP (660 nm, laser visível) e AsGaAl (808
nm, laser infravermelho), emissão contínua e pulsada, sistema de entrega com fibra
ótica, diâmetro do spot 0,0283 cm2.
No grupo da intervenção experimental, o protocolo de fotobiomodulação foi
irradiado imediatamente após o término do tratamento endodôntico, em contato com
a mucosa em 4 pontos, vestibular e lingual respectivamente, com dois pontos de
cada lado que correspondiam ao ápice de cada raiz do molar inferior. A irradiação
era realizada de acordo com comprimento de trabalho aferido na etapa de
odontometria.
O protocolo era programado da seguinte forma: emissor de laser
infravermelho AsGaAl, comprimento de onda de 808 nm, potência de 100mW,
laser contínuo, contato pontual, tempo de exposição por ponto de 25s, aplicação
única, total de 4 pontos de aplicações, tempo total de exposição 100s, densidade
energética por ponto 90J/cm2 , densidade energética total 360J/cm2, energia por
ponto 2,5J com energia total de 10J.
No grupo controle, foi simulado a realização do protocolo de
fotobiomodulação, para fins de cegamento do paciente.
4.3.2 ANÁLISE DA DOR PÓS OPERATÓRIA
A avaliação foi realizada por um pesquisador membro da equipe que
desconhecia a alocação dos grupos. Foram aplicadas duas escalas para a medição de
dor: a VRS, descrição verbal ordinal (Fig. 2) e a NRS, escala numérica discreta
(Fig. 3) após 6h, 12h e 24h do tratamento endodôntico. O paciente poderia a
34
qualquer momento entrar em contato com o pesquisador/operador para esclarecer
dúvidas, e em casos de dor severa foi orientado utilizar medicação anti-inflamatória
com Ibuprofeno 600mg em intervalos de 8 em 8 horas por 3 dias, que foi prescrita
ao termino da sessão. Eles não precisavam retornar para avaliação, pois a mesma foi
feita por meio de ligações telefônicas. Primeiramente o pesquisador avaliador
questionava o paciente quanto a escala de descrição verbal e posteriormente
solicitava que o paciente aplicasse uma nota de 0 a 10 para os sintomas presentes no
momento da avaliação.
Fig. 2: Escala de Descrição Verbal (VRS).
Fig. 3: Escala Numérica Discreta (NRS).
35
4.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A analise estatística foi realizada pelo programa STATA® software,
utilizando o teste Mann-Whitney para dados não paramétricos, comparando os
resultados nas análises de dor entre os dois grupos. Para analisar as variáveis
independentes em relação a dor pós-operatória foi realizada uma análise de
regressão ordinal para a escala VRS e uma análise de regressão linear para a escala
NRS.
4.4 RESULTADOS
No grupo PBM, em que foi irradiado o protocolo de fotobiomodulação, 10
(16,6%) pacientes experimentaram alguma dor ou desconforto 6 horas após o
procedimento, dos quais 5 (8,3%) pacientes com dor leve, 4 (6,6%) pacientes com
dor moderada e 1 (1,6%) paciente com dor severa; após 12 horas do tratamento
endodôntico este número reduziu para 6 (10%) pacientes, sendo 4 (6,6%) pacientes
com dor leve, 1 (1,6%) paciente com dor moderada e 1 (1,6%) paciente com dor
severa; e após 24 horas do procedimento, 2 (6,6%) pacientes apresentaram dor no
grupo experimental, visto que 1 paciente com dor leve e 1 com dor moderada.
No grupo WO, para a avaliação de 6 horas, 18 (30%) pacientes relataram
dor ou desconforto, destes, 15 (25%) pacientes experimentaram dor leve, 1 (1,6%)
paciente com dor moderada e 2 (3,33%) pacientes com dor severa; após 12 horas do
procedimento este número reduziu para 12 (20%) pacientes sintomáticos, sendo 10
(16,6%) pacientes com dor leve e 2 (3,3%) pacientes com dor moderada; após 24
horas do procedimento, 10 (16,6%) pacientes apresentaram sintomatologia
dolorosa, sendo 8 (11,6%) pacientes com dor leve e 2 (3,33%) pacientes com dor
moderada (Fig. 4 e 5).
36
Fig. 4: Evolução da dor pós-operatória na escala NRS.
Fig. 5: Evolução da dor pós-operatória na escala VRS.
Para a escala de descrição verbal (VRS), não foi detectada diferença
estatística significativa na dor pós-operatória entre os grupos para as mensurações
de 6 horas (p=0,123) e 12 horas (p=0,127). Entretanto, após 24 horas foi encontrada
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
0,7000
0,8000
0,9000
6h12h24h
laser
nolaser
0,00000,20000,40000,60000,80001,00001,20001,40001,60001,80002,0000
6h12h24h
laser
nolaser
37
uma diferença significativa entre os grupos (p=0,013). Para a escala numérica
discreta (NRS) os resultados foram semelhantes, detectando diferença
estatisticamente significativa entre os grupos apenas na aferição de 24 horas
(p=0,015) (Tabela 2).
Tabela 2: Dor pós-operatória, média (±DP).
Escala VRS
6h 12h 24h*
Grupo PBM (n=30) 0,53 (0,86) 0,30 (0,70) 0,10 (0,40)
Grupo WO (n=30) 0,77 (0,82) 0,47 (0,63) 0,40 (0,62)
Escala NRS
6h 12h 24h*
Grupo PBM (n=30) 1,43 (2,60) 0,77 (1,98) 0,27 (1,05)
Grupo WO (n=30) 1,87 (2,64) 1,27 (2,18) 1,00 (2,08)
*p<0,05, Wilcoxon rank-sum (Mann-Whitney) test.
Para a avaliação da associação das variáveis independentes (sexo, idade e
extravasamento de cimento) com a intensidade da dor pós-operatória em 24h,
realizou-se análise de regressão ordinal para o desfecho aferido pela escala VRS e
regressão linear para a escala NRS (Tabela 3).
O extravasamento de cimento para a região periapical associa-se com
aumento da intensidade da dor nas duas escalas utilizadas. Para a escala VRS, a
chance de incremento de categoria na escala foi de 8,4 vezes maior na presença de
extravasamento de cimento para o periápice. Já na escala NRS, a presença de
extravasamento de cimento aumentou em média a intensidade da dor em 1,02 vezes.
Tabela 3: Fatores associados a intensidade de dor pós operatória em 24h.
38
Variável Escala VRS
Bruto Ajustado
RR IC 95% RR IC 95%
Intervenção (ref.: laser) 6,65 1,32-33,61 a 4,86 0,83-28,47 b
Sexo (ref.: masculino) 4,03 0,80-20,36 b 4,14 0,62-23,69
Idade 1,02 0,95-1,10
Extravasamento (ref.: não) 7,00 1,66-29,52 a 8,40 1,77-39,88 a
Escala NRS
Bruto Ajustado
β IC 95% β IC 95%
Intervenção (ref.: laser) 0,73 –0,12-1,59 b 0,63 –0,19-1,46
Sexo (ref.: masculino) 0,67 –0,21-1,56
Idade 0,03 –0,02-0,08
Extravasamento (ref.: não) 1,09 0,24-1,94 a 1,02 0,17-1,87 a a p<0,05 b p<0,10
4.4.1 RESULTADO PRIMÁRIO
Para o desfecho dicotômico, presença ou ausência da dor, a diferença
estatística entre os grupos foi significativa para as avaliações realizadas após 6
horas (p=0,038) e 24 horas (p=0,010), não sendo encontrada diferença na avaliação
com 12 horas (p=0,091). O risco relativo para a dor pós-operatória (6h e 24h) foi
estimado por meio de análise de regressão log-binomial. As variáveis com p<0,10
nas análises brutas foram incluídas na análise múltipla.
O risco de dor pós-operatória após 24 horas foi 4,3 vezes maior no grupo
WO. Também foi encontrado um risco 4,2 vezes maior nos pacientes onde houve
extravasamento de cimento para a região periapical.
39
4.5 DISCUSSÃO
A irradiação do protocolo da fotobiomodulação após o tratamento
endodôntico resultou em uma menor dor pós-operatória, isto justifica-se, devido a
capacidade do laser de baixa intensidade modular o processo inflamatório,
diminuindo o número de células inflamatórias como leucócitos, neutrófilos e
células mononucleares e também de mediadores como a interleucina-1 [13, 19-21].
Além disso, o laser de baixa intensidade, modula a nocicepção e reduz a dor,
através de fotoreceptores da membrana mitocondrial que absorvem a luz laser,
mediando a transdução de energia em mudanças eletroquímicas e resultando em
uma série de eventos intracelulares [20, 21].
Segundo Carroll et al. [20], o efeito de analgesia ocorre pela absorção da luz
laser, com irradiância acima de 300mW/cm2 , pelos nociceptores. Desta forma, inibe
fibras nervosas do tipo delta A e C, retardando a velocidade de condução,
diminuindo a amplitude dos potencias de ação e suprimindo a inflamação
neurogênica. Neste estudo clínico foi utilizado a irradiância de 353mW/cm2
obtendo resultados positivos no efeito analgésico e reduzindo a dor após o
tratamento endodôntico.
Há estudos na literatura demostrando que a irradiação por luz vermelha
obteve grande efetividade em reduzir a dor e a acelerar a cura dos tecidos irradiados
[14, 16, 17]. Porém, este tipo de luz possui comprimento de onda na faixa de
606nm, com possibilidade de perda de efetividade durante a penetração da luz nas
células-alvo cujo a localização são em tecidos mais profundos. Desta forma, a luz
infravermelha por apresentar maior comprimento de onda, na faixa de 808nm, tem
maior penetração nos tecidos e mesmo havendo dispersão de luz é possível atingir
40
as células do periápice radicular e promover os efeitos da fotobiomodulação
desejado naquela região [13, 22].
O tratamento endodôntico realizado pela técnica reciprocante, conforme
alguns ensaios clínicos, associa-se a incidência de dor pós-operatória, relacionando
este sintoma com aumento da expressão de neuropeptídios de células nervosas do
tipo C, ocasionada possivelmente por extrusão de detritos contaminados para o
periápice radicular [2, 5].
Porém, segundo Caviedes-Bucheli et al. [1], a expressão destes
neuropeptídios e consequente dor, está mais associada com o formato da secção
transversal dos instrumentos que com sua cinemática. Além disso, Turker et al.
[23], quando avaliaram a quantidade de bactérias extruídas apicalmente com
sistemas rotatórios e reciprocantes, observaram que o sistema reciprocante de
instrumento único, ocasionou menor extrusão bacteriana. No ensaio clínico de
Relvas et al. [12], não foi observada diferença na incidência de dor pós-operatória
ao comparar o sistema rotatório com o reciprocante.
No grupo WO do presente estudo, que não foi irradiado com laser, 20
pacientes, cerca de 33,3%, apresentaram sintomatologia dolorosa após o tratamento,
entrando em concordância com a revisão sistemática de Pak e White [4], que
concluíram que cerca de 40% dos pacientes experimentam dor após o tratamento
endodôntico.
Quanto a utilização das escalas de avaliação de dor, segundo Williamson e
Hoggart [24], a de descrição verbal (VRS), apresenta maior predileção dos
pacientes por sua simplicidade, porém é a menos sensível das escalas. Por outro
lado, a escala numérica discreta NRS apresenta maior eficiência, relativa facilidade
de interpretação e maior sensibilidade estatística. Neste estudo clínico, ambas as
41
escalas apresentaram valores semelhantes e estatisticamente significantes para a
avaliação após 24 horas do tratamento endodôntico. Estas escalas de dor foram
escolhidas para utilização neste estudo, devido a sua eficiência e também facilidade
de realização da avaliação por ligações telefônicas, evitando assim uma segunda
sessão para os pacientes.
Ostrom et al. [25], constataram em seu estudo clínico que as mulheres
apresentam maior sensibilidade a dor que homens; aferidos da seguinte forma:
estímulos de pressão, picada e variação de temperatura. Porém, Wiesenfeld-Hallin
[26], atribui a diferença de sensibilidade entre homens e mulheres a mecanismos
biológicos inerentes de cada sexo, e ainda acrescenta que os hormônios sexuais
influenciam no limiar e na tolerância a dor. Essa variação na literatura, pode ser
explicada pelo fato das mulheres apresentam maior prevalência de dor que os
homens [27]. No entanto, esta conclusão pode ser equivocada, pois isto depende do
estímulo sofrido para ocasionar a dor, nos estímulos breves e agudos as mulheres
tendem a sentir mais que os homens, encontrando nas mulheres uma tendência de
melhor adaptação de dor a estímulos prolongados [28].
Durante a condução deste estudo clínico, foram atendidos um total de 23
homens e 37 mulheres. Destes, 10 homens e 23 mulheres apresentaram dor após o
tratamento, apesar de mais mulheres participarem do estudo, todos os pacientes
foram alocados aleatoriamente nos grupos, corrigindo um possível viés. Todavia,
isto não apresentou significância estatística na análise de regressão ordinal (VRS) e
linear (NRS), e não houve predileção de dor por algum sexo.
No estudo conduzido por Ostrom et al. [25], a idade dos pacientes
possivelmente influencia a dor, e em geral a sensibilidade à dor reduz
progressivamente com a idade. Neste contexto, o presente estudo clínico não
42
apresentou a idade como fator de risco para dor pós-operatória, sendo possível
observar que dos 60 pacientes atendidos, a maioria encontrava-se na faixa etária
entre 20 e 30 anos, e apenas 3 pacientes apresentavam idade abaixo de 20 anos, dos
quais 100% experimentaram algum tipo de dor ou desconforto após o tratamento.
Dos 33 pacientes entre a idade de 20 e 30 anos, 57,5% relataram dor ou
desconforto; e dos 24 paciente com idade acima de 30 anos, 50% relataram dor pós-
operatória do tratamento endodôntico.
Neste ensaio clínico, foi observado pelos autores que o extravasamento de
cimento não intencional para a região do periápice, apresentou um risco relativo de
4,2 vezes mais chance de manifestar dor pós-operatória, em ambos os grupos. Este
dado é semelhante com o estimado na literatura, na qual desde meados da década de
80 Nitzan, Stabholz e Azaz [29], relataram uma série de casos onde o
extravasamento de material obturador deve ser evitado, pois este evento, causa
irritação mecânica e química desnecessária, dificultando a regeneração dos tecidos
periapicais.
Scarparo, Grecca e Fachin [30], observaram histologicamente que o
extravasamento de cimento acarreta em componentes inflamatórios celulares, uma
maior condensação fibrosa e também formação de micro-abscessos. Ruparel et al.
[31], avaliaram in vitro o efeito direto de vários cimentos obturadores endodônticos
quando em contato com células nervosas e concluíram que todos os cimentos de
alguma exacerbaram a expressão de neuropeptídios das fibras nervosas; além disso,
ativam nociceptores e possivelmente aumentam a inflamação neurogênica. Todos
estes eventos intensificam a dor pós-operatória.
Na revisão sistemática de relatos de casos realizada por Rosen et al. [32], a
extrusão de materiais obturadores exacerba a dor pós-operatória devido à injúria
43
provocada às células nervosas no momento que o material entra em contato com as
mesmas. Apesar disso, a maioria dos casos se recupera ao longo do tempo, não
sendo necessária qualquer intervenção.
As limitações deste estudo clínico para avaliar a dor pós-operatória do
tratamento endodôntico, está presente na subjetividade de se aferir a dor, e a
presença de outros fatores que podem influenciar na presença e intensidade da dor,
bem como as condições pré-operatória do elemento dentário e sua anatomia.
Tentando minimizar esse efeito foi selecionando apenas elementos dentários
molares inferiores e com o diagnóstico de Pulpite irreversível. Sobre a possível
influência da solução irrigante na dor pós-operatória, utilizamos em todos os casos
hipoclorito de sódio a 2,5% com a ponta de irrigação aferida a 3mm aquém do
comprimento de trabalho para evitar possível extravasamento para a região
periapical, causando dor e possível toxicidade às células [33].
Levando em consideração a possível dor por trauma oclusal, todos os
elementos tratados foram ajustados para que a restauração provisória não
influenciasse na avaliação da dor.. Em relação aos fatores como sexo e idade, a
randomização dos pacientes assegurou que essas variáveis fossem distribuídas
igualmente entre os grupos.
44
4.6 CONCLUSÃO
O efeito da terapia de fotobiomodulação irradiada após o tratamento
endodôntico está associada a diminuição significativa da ocorrência da dor,
diminuindo em até 4,3 vezes a chance de dor pós operatória .
Cumprimentos de padrões éticos
Todos os procedimentos realizados foram de acordo com os padrões éticos
do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo humanos da Universidade Federal do
Amazonas e com a Declaração de Helsinque de 1964 e suas emendas posteriores ou
padrões éticos comparáveis.
Conflito de interesse
Os autores declaram não haver quaisquer concorrência de interesses.
Consentimento informado
O consentimento foi obtido de todos os indivíduos que participaram deste
ensaio clínico.
45
4.7 REFERÊNCIAS
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49
5 CONSIDERAÇOES FINAIS
• O efeito da terapia de fotobiomodulação irradiada após o tratamento
endodôntico está associada a diminuição significativa da ocorrência da dor,
diminuindo em até 4,3 vezes a chance de dor pós operatória.
• Na análise das variáveis independentes, o extravasamento de cimento para a
região periapical aumentou a intensidade de dor, numa chance de 8,4 vezes na
escala VRS e 1,02 vezes na escala NRS.
50
6 REFERÊNCIAS
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55
7 APÊNDICE I
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Convidamos o (a) Sr (a)para participar da Pesquisa “Avaliação da dor pós operatória após a utilização do laser de baixa potência no tratamento endodôntico: um estudo clínico controlado e randomizado”, sob a responsabilidade da pesquisadora Luana Pontes Barros Lopes, a qual tem como objetivo "Avaliar a dor pós-operatória após o tratamento endodôntico a partir de um estudo clínico, que será realizado na Clínica Odontológica da UFAM", além de ter como objetivo secundário “Avaliar através de uma análise de regressão possíveis variáveis preditoras que influenciam na dor pós operatória após o tratamento endodôntico”.
Após o tratamento endodôntico (tratamento de canal) a dor pode estar presente principalmente nas primeiras 24 horas e reduz consideravelmente nos primeiros 3 dias e até níveis mínimos em 7 dias. Esta pesquisa tem como justificativa ajudar a esclarecer qual técnica de tratamento proporciona menor dor pós-operatória, podendo ser difundida para os clínicos de todo país para oferecerem tratamentos menos dolorosos aos seus pacientes. Você pode ser colocado em um dos dois grupos da pesquisa e a principal diferença entre eles é a aplicação da luz laser ao final do procedimento. Independente do grupo que você for colocado o tratamento de canal será o mesmo. O protocolo de tratamento será o seguinte: anamnese e diagnóstico (entrevista de saúde, idade, sexo, elemento dentário e sensibilidade dentinária prévia ao tratamento), seguido de anestesia com solução de lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000; cirurgia de acesso ao canal, localização dos canais e limpeza com sistema WaveOne® em todos os canais de acordo com a recomendação do fabricante; para obturação dos canais será usada cone de guta percha da WaveOne® com cimento AH Plus®; logo após o dente será selado provisoriamente. Todos os dentes serão encaminhados para restauração definitiva na Clínica de Graduação da UFAM. Após o tratamento endodôntico, será aplicado o protocolo da terapia com a luz laser por aproximadamente 80 segundos nos pacientes alocados aleatoriamente no grupo experimental. Sua participação é voluntária e se dará por meio do preenchimento de uma escala numérica e com descrição verbal de dor pós-operatória, em 6, 12, 24 horas após o tratamento realizado. Os riscos decorrentes de sua participação na pesquisa são os mesmos que são oferecidos quando se realiza um tratamento de canal tradicional por Cirurgião-Dentista. O possível risco desta intervenção pode ser a dor pós-operatória de leve a moderada, que pode acontecer em até 3 dias, como solução para isto, após o tratamento do canal será prescrito um analgésico e as orientações serão dadas para o consumo desta medicação caso haja dor pós-operatória. Os benefícios desta pesquisa, estão relacionados a utilização de um protocolo de tratamento especializado, pois este não é oferecido no sistema público de saúde, trata-se de uma técnica moderna que só é oferecida em alguns consultórios particulares no Brasil e com alto custo. Sua participação consistirá em apenas relatar para o profissional que o contatar se o senhor teve algum desconforto no dente após o
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tratamento. Se você aceitar participar, estará contribuindo para a pesquisa, e com os resultados será possível escolher a técnica que proporcione maior conforto, proporcionando um melhor prognóstico aos futuros tratamentos de canal realizados pelos profissionais no país. Se depois de consentir em sua participação o Sr (a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O (a) Sr (a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Para qualquer outra informação, o (a) Sr (a) poderá entrar em contato com a pesquisadora no endereço (UFAM), pelo telefone (92) (3308-4917), ou poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/UFAM, na Rua Teresina, 495, Adrianópolis, Manaus-AM, telefone (92) 3305-5130. Consentimento Pós–Informação Eu,___________________________________________________________, fui informado sobre o que a pesquisadora quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pela pesquisadora, ficando uma via com cada um de nós. _________________________ Data: ___/ ____/ _____ Assinatura do Participante _______________________________ Assinatura do Pesquisador responsável
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8 APÊNDICE II
REGISTRO DE ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO Paciente:________________________________________ telefone ____________ID________
Elemento suspeito n.______________
Exame clínico e
Radiogrãfico Cáries Exposição pulpar Acesso prévio Desvio no acesso Atrição/abrasão Fratura coroa Fratura radicular Restauração Amalgama
Resina Descoloração dental Coroa total PPF Provisória Espaço LP normal Espaço LP aumentado Hipercementose Linfadenopatia DTM Outros_____________
Testes para diagnóstico
DIAGNÓSTICO Pulpar Hiperemia (Pulpite reversível) Pulpite Aguda (irreversível) Pulpite Crônica Indicação Protética (Bio) Outros______________ Periapical Pericementite Trau Quim Fisic
Etiologia Idiopática Periodontal Cáries Ortodôntico Restauração Atrição/Abrasão Trauma Iatrogênica Sinusite
N. dente
Periodontal
Mobilidade
Percussão
Palpação Frio
Endodôntico Favorável Questionável Desfavorável
PROGNÓSTICO Periodontal Favorável Questionável Desfavorável
Restaurador Favorável Questionável Desfavorável
Calor
Bruxismo
Data
Rubrica
Registros técnicos Elemento Obs: Preparo dos canais Odontometria CTR Técnica PBM Preparo apical Medicação intracanal Obturação Restauração coronária Prep. Pino Aplicação do PBM SIM NÃO
HISTÓRIA MÉDICA Condição Cardíaca Angina Coronárias Cirurgias Febre reumática /sopro Hipertensão Diabete
Anemia Hemorragias Hepatite Herpes Tireóide Asma Úlcera-Gastrite
Epilepsia /Desmaios Sinusite /ouv/ nar /garg Mental/ Neurológico Tumor/Neoplasias Alcoolismo/drogas Doenças infecciosas/venéreas Cefaléia
Alergias Penicilina AAS/ Paracetamol Anestésico local Hipoclorito Látex Outra_
Problema médico principal: Mulheres: Gravidez____mês Cirurgia recente Trat. Médico Medicação
Sensibilidade dentinária Sexo FEM MAS Idade
SINTOMAS Localização Difusa irradiada Localizada referida
Cronologia Início Constante Intermitente Moderada demorada
Qualidade Aguda intensidade Surda + ++ +++ Pulsátil Espontânea Uniforme Provocada Crescente Ocasional
Estimulada por: Calor palpação Frio manipulacão Mordida mastigação Ativ. Física Posição cabeça
Tratamento anterior Trat. Rest sim Urgência sim D E Trat. Endod. sim Sint. Pós-trat. sim
Manaus, ____ de ________de ______. Cirurgiã-Dentista: Luana Pontes Barros Lopes CRO-AM 4172. Ass.____________________
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9 APÊNDICE III
FICHA DE AVALIAÇÃO ESCALA DE DESCRIÇÃO VERBAL DE DOR
ID_______NOME:_____________________TELEFONE:________________
ESCALA NUMÉRICA DE DOR a) Escala após 6 horas Data e Horário que foi realizada a ligação telefônica: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nenhuma dor Pior dor imaginável b) Escala após 12 horas Data e Horário que foi realizada a ligação telefônica: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nenhuma dor Pior dor imaginável c) Escala após 24 horas Data e Horário que foi realizada a ligação telefônica: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nenhuma dor Pior dor imaginável
Registro da Escala de descrição verbal
Data Intervalos de avaliação pós-operatória Avaliação
6 horas
12 horas
24 horas
Descrição verbal de dor: 0. sem dor ou desconforto; 1. dor leve: sente a dor mas nenhum remédio (analgésico) é necessário; 2. dor moderada: sente a dor e não se sente bem, mas consegue desenvolver as atividades diárias (analgésicos já são necessários); 3. dor severa : sente a dor e já não é capaz de executar qualquer tipo de atividade, e sente necessidades para se deitar e descansar (analgésicos tiveram pouco ou nenhum efeito no alívio da dor).