EDUCAÇÃO AMBIENTAL
EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA
NA GESTÃO AMBIENTAL
Tarsila Barreto Sales
(LATEC/UFF)
Anderson Cantarino
(LATEC/UFF)
Resumo A Educação Ambiental (EA) consiste em um importante instrumento de
Gestão Ambiental no meio corporativo. O levantamento bibliográfico
realizado no presente estudo acerca de práticas voltadas para a EA
apontou diversos benefícios para as emppresas que as adotaram, entre
eles, a difusão de conhecimentos acerca da temática ambiental,
economia em seus processos e redução do desperdício, desse modo,
oferecendo uma melhor qualidade ambiental a seus funcionários e à
comunidade em geral. Contudo, a aplicação da EA torna-se um desafio
diante à discrepância entre os resultados obtidos em relação aos
esperados, à incerteza da continuidade dos projetos e da receptividade
do público interno e externo. Dessa forma, a aplicação da EA deve
envolver esses dois públicos, além de uma equipe especializada para
dar suporte necessário às atividades e agir corretivamente em
eventuais problemas. O programa de EA deve ser algo permanente,
deixando de ser caracterizado como um evento esporádico dentro da
organização, assim, o tão desejado processo de conscientização pode
ser despertado tanto no público interno como no externo.
Palavras-chaves: Educação Ambiental, Gestão Ambiental.
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
Os impactos ambientais negativos vistos atualmente são resultantes de longos períodos
de exploração dos recursos naturais sem o devido gerenciamento. A Educação Ambiental
(EA) entra no meio coorporativo para auxiliar na Gestão Ambiental, com a finalidade de
minimizar esses efeitos negativos através de seus princípios e suas aplicações práticas. Deste
modo, a empresa pode atuar de modo mais sustentável, de acordo com a realidade na qual
vivemos.
Esse trabalho tem como objetivo relatar as práticas e análises realizadas acerca da EA
no ambiente empresarial através de um levantamento bibliográfico, a fim de divulgar as ações
que obtiveram sucesso e apresentar sugestões para aquelas que ainda possuem pontos a serem
melhorados.
1.1. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
As empresas não têm contribuído publicamente para o desenvolvimento da Educação
Ambiental Empresarial Brasileira (EAEB) devido à resistência da maioria delas em
disponibilizar suas atividades. Além dessa barreira, a promoção de um processo reflexivo
acerca da EA no ambiente empresarial esbarra na busca constante do lucro imediato; na
abordagem limitada dos programas de EA em forma de palestras tradicionais durante as
semanas de meio ambiente; em iniciativas desenvolvidas juntamente ao público externo,
como palestras em escolas, apoio à implementação de programas de coleta seletiva e
gincanas; e por último, na preparação da organização para o correto cumprimento dos
procedimentos presentes na Norma ISO 14001, através de um “treinamento” dos funcionários
para responder as perguntas propostas pelo auditor. Essa postura não permite a mudança de
comportamento, o desenvolvimento de uma cultura de respeito pelo meio ambiente e a
agregação de novos valores aos indivíduos e à organização. Esse tipo de abordagem gera um
descrédito dos funcionários em relação à política ambiental da empresa e ao Sistema de
Gestão Ambiental (SGA), caracterizando uma “arrumação da casa” às vésperas da auditoria e
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uma sensação de alívio e descaso após a finalização do processo (SIMONS, 2006; VILELA
JÚNIOR, 2003).
Ainda não existe uma pesquisa que demonstre uma EAEB adequada. No contexto
empresarial, o que pode ser identificado é o emprego de práticas voltadas para a
sensibilização, informação ou recreação ambiental, sejam elas juntas ou individuais
(PEDRINI, 2008). Assim, a realização deste estudo justifica-se pela importância da
divulgação das análises e práticas de EA aplicáveis às empresas, de modo que estas sirvam de
modelo (benchmarketing) para a implementação da Gestão Ambiental.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Definição e Histórico da Educação Ambiental
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99), por
Educação Ambiental entendem-se os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
A EA tem como princípios básicos (BRASIL, 1999):
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade;
III – o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural.
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A EA surgiu no Brasil no século XIX em artigos, revistas e movimentos de caráter
conservacionista, sendo a década de 70 marcada pelo ambientalismo presente em lutas pela
liberdade democrática de professores e estudantes em algumas escolas, instituições civis e do
estado (IBAMA, 2009).
Em 31 de agosto de 1981 é instituída a Lei 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, bem como a inclusão da EA em todos os níveis de ensino e na
comunidade; objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Reforçando essa idéia, em 1988 foi instituído no inciso VI do Art. 225 da Constituição
Federal a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1981;
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al., 2005).
No ano de 1991, a Comissão Interministerial para a preparação da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) considerou a EA como um
dos instrumentos da política ambiental brasileira. Durante a Rio-92 foi produzida a Carta
Brasileira para Educação Ambiental que reconhece ser a educação ambiental um dos
instrumentos mais importantes para viabilizar a sustentabilidade como estratégia de
sobrevivência do planeta e, consequentemente, de melhoria da qualidade de vida humana.
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al., 2005).
A Agenda 21 Brasileira, iniciada em 1996, é um processo e instrumento de
planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento
econômico. Hoje, a Agenda 21 é considerada um dos grandes instrumentos de formação de
políticas públicas no Brasil (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010).
2.2. Gestão Ambiental
A Gestão Ambiental pode ser definida de várias maneiras, sob diferentes aspectos.
D’Avignon et al. (1994) citado por Malheiros (2002), em uma visão voltada para o
empreendorismo, conceitua a Gestão Ambiental como parte da função gerencial global que
trata, determina e implementa a política de meio ambiente estabelecida para a empresa.
De acordo com Dias (2006), a Gestão Ambiental é definida como um conjunto de
medidas e procedimentos que permite identificar problemas ambientais gerados pelas
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atividades da instituição, como a poluição e o desperdício, e rever critérios de atuação
(normas e diretrizes), incorporando novas práticas capazes de reduzir ou eliminar danos ao
meio ambiente (passivo ambiental).
Segundo Maimon (1996), as empresas brasileiras, em sua maioria, não tem uma
consciência ambiental, podendo ser classificadas como empresas reativas. Essas respeitam as
normas devido à pressão fiscalizadora, no último momento, sem antecipação. Porém, para
aquelas que aplicam ações voltadas à melhoria ambiental de seus processos, são conferidos
benefícios como podemos constatar na tabela a seguir.
Tabela 1 - Benefícios da Gestão Ambiental.
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de custos
Proveniente da redução do consumo de
água, energia e outros insumos;
Reduções oriundas da reciclagem, da
venda e aproveitamento de resíduos e da
diminuição de efluentes;
Queda no número de multas e
penalidades por poluição.
Incremento de receitas
Incremento na contribuição marginal de
“produtos verdes” que podem ser vendidos
com um valor superior;
Aumento da participação no mercado
motivado pela inovação dos produtos e pela
diminuição da concorrência;
Linhas de novos produtos para novos
mercados;
Maior procura por produtos que
contribuam para a redução da poluição.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
Melhoria da imagem institucional;
Renovação do “portfólio” de produtos;
Incremento na produtividade;
Alto comprometimento do pessoal;
Melhoria nas relações de trabalho;
Melhoria e criatividade para novos
desafios.
Uma melhor relação com os órgãos
governamentais, comunidade e grupos
ambientalistas;
Acessibilidade ao mercado externo;
Melhor adequação aos padrões
ambientais.
Fonte: (NORTH, 1992 apud DONAIRE, 1999).
O estabelecimento de um processo de Gestão Ambiental e de uma política ambiental
bem definida pela empresa demonstra para o mercado sua competência e sua sintonia com os
desafios da sustentabilidade socioambiental, bem como sua capacidade de auto-ajustamentos
evolucionários (DIAS, 2006).
2.3. Alguns instrumentos empregados na Gestão Ambiental
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Segundo Corazza (2003), os instrumentos de Gestão Ambiental são ferramentas
“informacionais” que atuam auxiliando a operacionalização da Gestão Ambiental em uma
organização, integrando de forma matricial todas suas atividades e rotinas. Além da aplicação
de práticas de EA, as empresas podem utilizar instrumentos como a auditoria ambiental,
análise do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistemas de Gestão Ambiental e
relatórios ambientais para alcançar seus objetivos (USSIER et al., 2005).
2.3.1. Auditoria ambiental
Segundo Rovere et al. (2001) as categorias de auditoria ambiental mais aplicadas são:
a. Auditoria de conformidade legal (compliance) – avalia a adequação da unidade
auditada com a legislação e os regulamentos aplicáveis;
b. Auditoria de desempenho ambiental – avalia a conformidade da unidade auditada
com a legislação, os regulamentos aplicáveis e indicadores de desempenho ambientais
setoriais aplicáveis à unidade;
c. Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental – avalia o cumprimento dos princípios
estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e sua adequação e eficácia;
d. Auditoria de certificação – avalia a conformidade da empresa com princípios
estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja desejando se certificar. No caso da
auditoria de certificação ambiental pela Série ISO 14000, a mesma deve ser conduzida por
uma organização comercial e contratualmente independente da empresa, de seus
fornecedores e clientes e credenciada por um organismo competente.
Algumas empresas além de cumprirem a auditoria de conformidade legal (obrigatória),
utilizam-se da auditoria de certificação da série ISO 14000, que se refere à área ambiental.
Com isso, é conferida uma maior abertura de mercado e uma melhoria na imagem da
empresa, devido à sua preocupação ambiental.
A norma ISO 14001 é constituída por requisitos que capacitam uma organização a
desenvolver e implementar políticas e objetivos, levando em consideração requisitos legais e
informações a respeito de aspectos ambientais significativos através de um SGA. O sucesso
do sistema está ligado ao comprometimento de todos os níveis e funções, em especial da alta
administração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).
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2.3.2. Análise de Ciclo de Vida (ACV)
A ACV compatibiliza os impactos ambientais, oriundos das etapas de fabricação de
um determinado produto. Desde a concepção mercadológica, planejamento, extração e uso de
matérias-primas, gasto de energia, transformação industrial, transporte, consumo até sua
destinação final. Seu propósito é estimular ações e o aperfeiçoamento no processo e no
produto, servindo de instrumento para resolver as complexas questões ambientais presentes
em cada produto e em cada fase da produção (CORTEZ, 2007). Na figura abaixo podemos
acompanhar as etapas da ACV, bem como as entradas e as saídas do sistema.
Figura 1 - Esquema dos estágios da ACV
Fonte: BRAGA et al., 2005
De acordo com Barbieri & Cajazeira (2009), apesar dos avanços e iniciativas, a gestão
baseada no ciclo de vida e seus instrumentos, como a ACV, é pouco utilizada, sendo
empregada somente em grandes empresas. Isso ocorre devido à complexidade dos
instrumentos que contemplam todas as etapas do ciclo de vida, à disponibilidade de pessoas
com formação em estudos específicos como a ACV e à adoção de modelos de gestão que
apreciem os 6R’s.
2.3.3. Estudo de Impactos Ambientais
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A realização de estudos de impactos ambientais surgiu devido à necessidade de
avaliação de novos aspectos, além do tecnológico, no sistema de aprovação de projetos. Com
auxílio de diversos segmentos da sociedade civil organizada, foi criada nos Estados Unidos
uma legislação ambiental que resultou na implantação do sistema de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), começando a vigorar em 1970 (GOULART & CALLISTO, 2003).
No Brasil, é incumbido ao Poder Público, segundo a Constituição Federal de 1988 em
seu art. 225, § 1º, IV, exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade (BRASIL, 1988).
A Lei nº 6.938/91, em seu art. 8º, II, esclarece que o CONAMA determina, quando
julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências
ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e
municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação
dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de
significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio
nacional. Ainda segundo essa Lei, a Avaliação de Impactos Ambientais é considerada um
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1991).
A Resolução CONAMA nº 001 de 1986, em seu art. 1º, define impacto ambiental como
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986):
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com essa Resolução, o licenciamento de atividades modificadoras do meio
ambiente dependerá da elaboração do EIA e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),
sendo de grande importância para a obtenção da Licença Prévia (LP), uma das primeiras
etapas do processo de licenciamento. O EIA deve ser realizado por uma equipe
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multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto,
sendo a mesma responsável tecnicamente pelos resultados apresentados (BRASIL, 1986).
2.3.4. Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
De acordo com Barbieri (2007), o SGA é um conjunto de atividades administrativas e
operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar
seu surgimento. Esse Sistema requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos,
coordenação de atividades, avaliação de resultados e envolvimento de diferentes segmentos
da empresa, para avaliar as questões ambientais de forma integrada com as demais atividades
9empresariais.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004), o SGA pode ser definido
como a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e
implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais. O modelo de
SGA mais consagrado é definido pela Norma ABNT NBR ISO 14001, aplicável a qualquer
organização, independente de porte ou país (EPELBAUM, 2006). A série ISO 14000 é
aplicada principalmente devido sua credibilidade, reconhecimento mundial e unificação dos
critérios de sistema de gestão (HARRINGTON & KNIGHT, 2001).
A última versão da ISO 14001 foi lançada no ano de 2004, sendo sua base
metodológica o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA)/(Planejar-Executar-Verificar-Agir)
representado a seguir.
Figura 2 - Ciclo PDCA
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Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004
A primeira etapa é Planejar, onde são estabelecidos os objetivos e processos
necessários para obter os resultados de acordo com a política ambiental da organização; após
isso vem Executar, momento onde ocorre a implementação dos processos; a etapa seguinte é
Verificar, na qual acontece o monitoramento e medição dos processos em conformidade com
a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, além do relato dos resultados;
e por último Agir, para que o desempenho do SGA melhore continuamente (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).
Entre os benefícios conferidos às empresas que implementam um SGA estão o acesso
ao mercado; redução da responsabilidade e do risco; redução de custos/aumento de receita;
melhoria na eficiência do processo, no desempenho ambiental, na gestão global, na imagem
pública, na relação com os fornecedores, funcionários e com outros detentores de interesses
(HARRINGTON & KNIGHT, 2001).
2.3.5. Relatórios ambientais
Relatórios ambientais são comunicações difundidas em qualquer meio, impresso ou
eletrônico, para divulgar os aspectos ambientais da empresa, seus impactos, suas ações atuais
e futuras em relação a eles. Abaixo é exposto um resumo das principais questões referentes
aos relatórios ambientais (BARBIERI, 2007).
Tabela 2 - Resumo dos relatórios ambientais.
1. Origem da demanda - obrigação legal
- ato voluntário
2. Destinatários - grupos de usuários específicos
- usuários indiferenciados, público em geral
3. Questões relatadas
- exclusivamente ambiental
- ambientais, sociais, econômicas e outras questões
relacionadas
4. Modelo do relatório
- próprio
- padronizado
- combinação dos dois
Fonte: BARBIERI, 2007
A primeira parte consiste na origem da demanda, ou seja, se os relatórios decorrem de
obrigações legais as quais as empresas são submetidas ou de atos voluntários gerados por uma
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postura proativa da empresa em relação ao meio ambiente. Quanto aos destinatários, eles
podem ser de grupos de usuários específicos, como acionistas ou proprietários e usuários
indiferenciados, como o público em geral. No que se refere ao conteúdo, no relatório pode
constar a política ambiental atual e futura, detalhes do SGA, educação e programas de
treinamento, avaliação de riscos, informações sobre o ciclo de vida dos produtos,
demonstração do cumprimento da legislação ambiental, custos relacionados às atividades
ambientais, passivos ambientais, contingências e litígios (AZZONE et al., 1997 apud
BARBIERI, 2007). Em Relação ao modelo do relatório, as empresas podem adotar um
modelo próprio, adotar modelos ou diretrizes padronizadas ou combiná-las. Alguns relatórios
existentes como o balanço social do Ibase e o modelo do Global Reporting Initiative (GRI)
incluem questões ambientais sociais, econômicas e outras relacionadas. O relatório ambiental
se torna um elemento de diferenciação importante para a própria empresa, para as partes
interessadas e para a sociedade que se preocupa com a temática ambiental (BARBIERI,
2007).
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de um material já
desenvolvido, sendo empregados principalmente livros e artigos científicos. Assim, ela
permite ao investigador a cobertura muito mais ampla dos fenômenos em relação a uma
pesquisa feita diretamente.
Nesse estudo foi empregada a metodologia de pesquisa bibliográfica, buscando a
fundamentação em autores na temática da EA, na Gestão Ambiental, bem como na aplicação
de práticas da EA no âmbito coorporativo. Esse levantamento buscou mostrar a diversidade
de práticas realizadas pelas empresas, suas aplicações e seus resultados. De posse desses
dados, foram feitas considerações para contribuir na aplicação de ações futuras.
4. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA
EMPRESARIAL
A adoção de práticas ambientais pelas empresas a fim de conquistar novos mercados e
cumprir exigências legais encontra-se mais presente atualmente. Entre os instrumentos a
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serem utilizados na Gestão Ambiental empresarial, algumas organizações optaram pela
adoção de práticas voltadas para a EA. Abaixo segue quatro estudos de caso onde essas
práticas foram avaliadas:
4.1. Caso 1 - Avaliação de práticas de Educação Ambiental em empresas
com certificação ISO 14000
Em um trabalho conduzido por Adams (2005), optou-se pela aplicação de um
questionário enviado pela internet a ser respondido pelos responsáveis pela implementação da
EA em empresas que possuem a certificação ISO 14000. Através de um levantamento
chegou-se a 156 empresas que responderiam questões referentes ao tempo de implementação
da EA em seu empreendimento; ao responsável pela EA em relação à sua função, formação e
ao departamento na qual trabalha; à periodicidade de atividades educativas de EA; à
existência de um planejamento específico para a EA; aos resultados das ações educativas de
EA; à existência de material didático pedagógico complementar às ações educativas de EA,
aos aspectos positivos e negativos das práticas educativas realizadas na empresa e aos autores
que fundamentam o trabalho de EA da empresa.
Das 156 empresas contatadas, apenas 17 delas responderam o questionário. Os tipos de
empresas avaliadas foram: rede hoteleira, farmacêutica, química e de tintas, autopeças, infra-
estrutura de telecomunicações, metal-mecânica, equipamentos eletrônicos, cervejaria, usina
hidrelétrica, fábrica de automóveis, de motocicletas, confecção de roupas, têxtil, plásticos,
produção e comercialização de produtos poliméricos.
De acordo com as respostas obtidas, percebe-se uma demanda maior na implantação da
EA devido ao aumento dessa iniciativa em um curto período de tempo nos últimos anos.
Verificou-se que a responsabilidade pela EA fica a cargo de pessoas que ocupam funções de
liderança, em sua maioria, atuando em um departamento específico ligado à Gestão
Ambiental da empresa. A formação desses profissionais estava, em sua maior parte, ligada a
áreas das Ciências Sociais Aplicadas e Exatas, podendo revelar a ausência de estratégicas
pedagógicas apropriadas para a implementação da EA.
Quanto à periodicidade da EA, a maioria das empresas estava distante do ideal. Uma
maior frequência desse processo levaria o empreendimento a alcançar resultados mais
efetivos. A maioria das empresas apresenta um planejamento de EA, fato positivo, uma vez
que o mesmo norteia a ação, indicando objetivos, metas, formas de aplicação, utilização de
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recursos didáticos e avaliação. Quanto aos resultados das ações educativas relacionadas à EA,
as corporações consideraram satisfatórias, indicando que poderiam ser melhoradas, a fim de
atingirem o nível muito satisfatório. A maior parte das empresas utiliza material didático
pedagógico complementar às ações educativas de EA, tais como manuais, cartilhas, folders e
informativos.
Entre os aspectos positivos da EA nas empresas estão: redução do consumo de
insumos; conscientização e envolvimento dos funcionários nas questões ambientais;
preservação ambiental; disciplina e pró-atividade; aumento de sugestões na melhoria de
atividades e produtos; aumento na quantidade de resíduos destinados à reciclagem; maior
comprometimento dos funcionários com o SGA; racionalização dos consumos de energia
elétrica e água; melhoria da imagem da empresa e dos resultados dos programas 3R’s; coleta
seletiva; maior interesse em conhecer/aplicar os procedimentos ambientais e o assunto é
levado ao âmbito familiar; reciclagem do lixo; contribuição para o atendimento da legislação
ambiental; maior integração sociedade/empresa; economia dos recursos naturais da
comunidade; melhoria do clima organizacional por ministrarem palestras nas escolas dos
filhos dos funcionários; maior engajamento dos funcionários como retro-alimentação dada
pelos filhos.
Foram citados como aspectos negativos: disponibilidade de tempo; altos custos;
paradas improdutivas; falta de comprometimento; dificuldade para realização de atividades
em que os funcionários tenham que se ausentar de seus postos de trabalho; escassez de
recursos; difícil mensuração e pouco interesse; dificuldade de reunir todos; e necessidade de
uma EA contínua, caso contrário o sistema se deteriora com o tempo, gerando desconforto,
principalmente devido à ausência de um sistema de suporte como em alguns municípios onde
não existe coleta seletiva.
Quanto aos autores que fundamentam a EA, notou-se uma falta de referência na área.
A base teórica é fundamental para alcançar uma aprendizagem consciente e significativa. As
fontes utilizadas nas empresas pesquisadas são insuficientes no ponto de vista didático-
pedagógico.
4.2. Caso 2 - A Implantação da ISO 14001 e sua contribuição no processo de
Educação Ambiental em uma empresa de petroquímica
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A contribuição dos treinamentos oferecidos durante a implementação da norma ISO
14001 no processo de EA foi objeto de análise em uma empresa do setor petroquímico no
estado do Rio Grande do Sul (FRITZEN & MOLON, 2008). A coleta de dados foi realizada
com o público interno através de entrevistas, documentos e observações. Dividiu-se a análise
em quatro categorias: treinamento, mudança, conscientização e participação. Encontrou-se o
seguinte quadro em relação à primeira categoria: desalinhamento do cronograma de férias e
de parada industrial da área produtiva em relação ao cronograma de implantação da ISO, fato
que gerou uma dificuldade em suprir a ausência de outros funcionários e na conciliação de
atividades rotineiras com as tarefas do processo de certificação; funcionários que alegaram
não haver mais necessidade de treinamentos, representando um grupo com alto grau de
conformidade e de pouco envolvimento com o processo; avaliações de treinamento com alto
grau de satisfação obtida por funcionários de menor nível de escolaridade, situação que pode
representar riscos à implementação do SGA, pois a ausência da demonstração da qualidade do
conhecimento assimilado comprometeria a manutenção das práticas; necessidade de repensar
o instrumento avaliativo dos treinamentos da empresa (questionário), através de uma
complementação do método utilizado; os funcionários da empresa elaboram e ministram
todos os treinamentos do processo de implantação do SGA, o que gera pontos positivos e
negativos; os treinamentos foram expositivos, teóricos, pouco dinâmicos, longos e cansativos,
não permitiram a colocação de opiniões, críticas e troca de experiências.
Na categoria “mudança” foram encontradas as seguintes situações: ausência de
priorização do desenvolvimento de habilidades e atitudes, uma vez que nessa última é
trabalhada questões de conscientização e sensibilização; dificuldade em aceitar mudanças;
alterações na estrutura e modo de trabalho e redução de pessoal.
Em relação à conscientização, pode-se constatar: os treinamentos realizados durante o
processo de implementação da ISO não levaram à conscientização, pois os empregados
esperavam a transformação de algumas práticas da empresa; ausência de práticas de
aprendizagem compatíveis e adequadas para a construção da conscientização; falta de
indicadores que apontem o nível de conscientização dos funcionários; a pequena participação
das gerências e chefias foi considerada uma barreira à conscientização dos demais
funcionários, uma vez que o exemplo e a referência são relevantes na sedimentação de novos
comportamentos; ausência da transformação de atitudes e comportamentos durante o processo
de capacitação.
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Na categoria “participação” houve uma sobrecarga nos funcionários em função da
participação no processo de implantação da ISO e da redução do número de pessoal. O
mesmo grupo de pessoas era convocado para esse tipo de processo, demonstrando a falta de
conhecimento da empresa em relação ao potencial de seus empregados; a alta administração
apresentou um pequeno envolvimento, acarretando em uma deficiência no processo, uma vez
que a decisão de implantação parte desse grupo, além de contribuir para a sobrecarga dos
demais funcionários. Foi constatada uma concorrência entre departamentos, não havendo
preocupação na inter-relação com as demais repartições; centralização de informações a
respeito do processo de implantação da norma para um pequeno número de pessoas; ausência
de um instrumento formal de participação para a valorização da opinião dos empregados e
atendimento de soluções solicitadas e limitações na participação dos empregados em função
de horário de trabalho ou impossibilidade de abandono de posto de trabalho.
4.3. Caso 3 - Práticas de Educação Ambiental em uma empresa de
mineração
Em um estudo elaborado por Carvalho (2008), uma empresa mineradora desenvolveu
uma política de mitigação e compensação de impactos através da realização de um projeto
pedagógico de EA juntamente a um plano de ação. Essa ação deveria contemplar os
empregados da mina, a comunidade escolar do município e grupos comunitários organizados.
As Ecovilas foram adotadas de acordo com o modelo de sustentabilidade comunitária
difundido pela Global Ecovillage Network, na qual é preconizada a sustentabilidade
ecológica (sistemas de reciclagem de resíduos, minimização de consumo e tratamento natural
da água), econômica (circulação equilibrada de recursos e excedente de produção
compartilhado), educacional (aprendizagem e crescimento pessoal valorizados; ensino
voltado a “extrair as virtudes” dos aprendizes), cultural (atividades artísticas e a
coexistência de várias culturas em harmonia), política (tomadas de decisão em conselhos,
prática cotidiana do consenso e cultura participativa), comunicacional (comunicação voltada
para a ampliação do conhecimento; comunicação direta e preferencialmente sem
intermediários na resolução de conflitos), na saúde (integração do conhecimento tradicional
e moderno, prevenção e cuidados básicos com a saúde disponíveis localmente e facilmente
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acessíveis) e espiritual (liberdade de culto e celebração do sagrado, respeito e apoio à
manifestação da espiritualidade em diferentes formas, caminhos e práticas).
A biodança foi implementada nesse projeto para promover, através do despertar da
sensibilidade inata, da incorporação de conceitos, trazendo para o corpo e para as sensações
os princípios ecológicos, de modo a serem expressos nas relações, no movimento e nos
afazeres cotidianos. Essa atividade confere alguns benefícios como: aumento do
discernimento, disposição e serenidade para participar dos processos de transformação
social, buscando a melhoria da qualidade de vida, a conservação ecológica e a justiça social.
Para o público interno foram direcionadas duas propostas: um treinamento
denominado Iniciação Ecológica para os empregados, onde se buscou promover a
alfabetização ecológica e reflexões a respeito da sustentabilidade, dos sistemas integrados de
Gestão Ambiental, da Agenda 21, e da participação individual nos processos de adequação
ambiental da empresa. A segunda era composta por palestras mensais para a linha de
comando do empreendimento, nas quais se explorava a alfabetização ecológica,
gerenciamento ecológico, ecologia industrial, mecanismos de avaliação de sustentabilidade e
estudos de casos bem-sucedidos de empresas que almejam a sustentabilidade operacional.
No âmbito escolar foram desenvolvidos os seguintes processos educativos: curso de
alfabetização ecológica (busca a consolidação do pensamento ecológico aplicado a
professores, supervisores e gestores escolares), oficinas de formação continuada (revisão e
reciclagem de conceitos e práticas para os educadores), oficinas da escola sustentável
(voltado para os funcionários das escolas, enfatizando o uso de energia, água; destinação
correta de resíduos; higiene e estímulo à atividade física), formação de jovens agentes (busca
estimular os jovens à ação social e ecológica através de filmes, música e cultura geral),
cineclube ecológico (exibições de filmes de perspectiva ecológica), acervo de alfabetização
ecológica (doação de livros e filmes para a biblioteca pública) e incentivo a projetos
ambientais nas escolas (apoio técnico e financeiro aos projetos).
No início do trabalho, em 2007, houve uma incerteza quanto à continuidade do
programa por razões financeiras e políticas. Contudo, o mesmo seguiu em execução. A
presença de um profissional de EA é importante para a realização dos trâmites políticos que
garantem a sobrevivência do programa. Outro fator negativo foi a ausência de avaliações em
relação à percepção e comportamento ambiental, para a realização da análise de eficácia das
ações pedagógicas. Os funcionários da área de comunicação e de meio ambiente não
passaram por um processo educativo e parecem não compreender, em sua maioria, o que está
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proposto e o que se realiza com as comunidades de empregados e da área de influência da
empresa.
4.4. Caso 4 - A Educação Ambiental na gestão de estabelecimento de ensino
A publicação de Dias (2006) relata a implementação de um Programa de Educação
Ambiental (PEA) no campus da Universidade Católica de Brasília (UCB) com objetivo geral
de incorporar a dimensão socioambiental nas ações da universidade e o ajustamento de sua
pegada ecológica, em prol da sustentabilidade humana. Para isso, aplicaram-se as seguintes
práticas: acolhida aos calouros (palestra sobre a temática socioambiental e distribuição de
folhetos); ambientação do campus (sugestões de implantação e modificações no campus);
central de reuso (área onde materiais como madeira, sobras de material de construção e
sucatas são depositados, podendo ser reutilizados ou transformados pela comunidade);
coleta seletiva; compostagem (transformação de material vegetal em adubo orgânico);
conservação de energia (redução do consumo por meio da adoção de correções e promoção
do uso racional da energia elétrica); conservação da qualidade sonora (redução de agentes
estressores da qualidade sonora); corpo de voluntários (participação de voluntários em
trabalhos comunitários envolvendo a temática ambiental); encontro de educadores
ambientais do DF (intercâmbio de informações entre profissionais da área); ilha de sucessão
(áreas para o estabelecimento de espécies vegetais locais); parcerias e interações intra e
extra-institucional (interação entre diferentes setores através de palestras, oficinas e
orientações, além da realização de parcerias); preciclagem (iniciativa para o uso
preferencial de produtos que não agridem o meio ambiente); racionalização do uso da água
(difusão de práticas responsáveis de consumo e implantação de medidas de economia da
água) e redução do consumo de combustíveis fósseis (regulagem de motores, calibragem de
pneus e conversão de combustível dos veículos).
De acordo com a análise realizada, a UCB possuía práticas contraditórias aos seus
princípios. A universidade estava poluindo e desperdiçando recursos naturais, destruindo a
vegetação e a fauna nativas, além de outras agressões ao meio ambiente. Para a reversão desse
quadro, o PEA necessitava sensibilizar as pessoas e promover mudanças de hábitos para obter
o desenvolvimento de uma nova cultura de responsabilidade socioambiental, tornando
possível a incorporação da dimensão ambiental em suas atuações, fazendo com que as teorias
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originassem práticas ligadas às suas premissas. Desse modo, diminuindo seu passivo
ambiental, mas difundindo a necessidade de mudanças estruturais na nossa forma de viver
(estilo de vida, modelo de “desenvolvimento”, consumismo, valores e ética).
A promoção das práticas citadas acima conferiu diversos benefícios como a redução do
volume de água e do consumo de combustíveis em 15% cada um, redução de 20% no
consumo de energia elétrica, estabelecimento de 17 espécies vegetais de cerrado através de
processos naturais (ventos, insetos, aves e outros) nas ilhas de sucessão, encaminhamento de
materiais recicláveis e sucata por meio da coleta seletiva e da central de reuso
respectivamente, geração de várias mídias espontâneas no rádio, nos jornais e na TV,
palestras disseminadoras da temática ambiental e do PEA-UCB, em universidades, secretarias
de estado de educação e meio ambiente de vários estados brasileiros e instituições privadas.
5. CONCLUSÃO
O posicionamento das empresas em relação ao meio ambiente vem mudando, seja por
uma medida estratégica para uma melhor adequação às exigências mercadológicas, ou por
conscientização, de forma a interagir de modo mais sustentável com o meio. Dessa forma,
sugere-se que antes da implementação da EA no processo de Gestão Ambiental, a abordagem
ocorra no âmbito teórico, juntamente com a apresentação de práticas onde os funcionários e o
público externo possam visualizar e compreender os possíveis benefícios a serem obtidos,
bem como os impactos negativos que poderão ser evitados. Nesse momento, esse público
deve ser estimulado a contribuir com sugestões a partir do conhecimento das atividades da
organização.
O acompanhamento durante o processo de elaboração, estabelecimento e avaliação das
práticas de EA deve ser realizado por uma equipe especializada, para dar suporte necessário
às atividades e agir corretivamente em eventuais problemas. A análise periódica da
efetividade das práticas torna-se um instrumento importante no processo, pois verifica se o
projeto está atingindo seu objetivo.
Com a implantação da EA na empresa, essas pessoas devem ser comunicadas dos
benefícios obtidos com as ações do SGA, bem como as próximas etapas do processo. O
programa de EA deve ser algo permanente, deixando de ser caracterizado como um evento
esporádico dentro da organização, assim, o tão desejado processo de conscientização pode ser
despertado tanto no público interno como no externo.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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