¹ Bacharel em Administração, Especialista em Gestão de Pessoas. Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas. Praça XX de Setembro, 455 – Pelotas/RS. (53)21231044. [email protected].
²Bacharel em Administração. Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas. Praça XX de Setembro, 455 –
Pelotas/RS. (53)21231044. [email protected] ³ Acadêmica do curso Técnico em Comunicação Visual, Bolsista de Iniciação Científica. Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas. Praça XX de Setembro, 455 – Pelotas/RS. (53)21231044. [email protected]. ⁴ Bacharel em Economia, Especialista em Gestão Empresarial. Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas. Praça XX de Setembro, 455 – Pelotas/RS. (53)21231117. [email protected]. ⁵ Bacharel em Administração, Especialista em Marketing no Agronegócio. Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas. Praça XX de Setembro, 455 – Pelotas/RS. (53)21231044. [email protected]
1
2
EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO: POSSIBILIDADES PARA 3
OS ALUNOS DO ENSINO TECNOLÓGICO/SUPERIOR DO CAMPUS 4
PELOTAS/INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE 5
Autor: MARTINS, Érica Pereira¹ 6
Co-autores: AMARAL, Charles Eduardo da Cruz² LETTNINN, Bruna Dutra³ 7
PEREIRA, Diego Rodrigues⁴ RODRIGUES, Leandro Knepper da Silva ⁵ 8
9
Resumo 10
O mercado de trabalho vem sofrendo profundas transformações e neste novo contexto de uma 11
economia em franco crescimento passam a ser demandados não só empregados, mas também 12
pessoas que possam criar novos postos de trabalho por meio da abertura de empresas. Nesse 13
cenário, salienta-se o papel das instituições de ensino. Oferecer uma formação que contemple 14
a educação empreendedora se torna um dever em prol da efetiva preparação profissional do 15
aluno. Considerando isso, foi definido como objetivo geral desta pesquisa conhecer quais as 16
possibilidades de intervenção para proporcionar aos alunos ações voltadas à educação 17
empreendedora. Para tal, foi elaborado um questionário a fim de identificar quais interesses, 18
motivações e grau de conhecimento sobre o tema. A pesquisa foi aplicada durante o ano de 19
2012 aos alunos dos cursos de tecnologia/superiores. Os principais resultados foram: 96,6% 20
dos participantes já ouviu falar sobre empreendedorismo; 43,5% pretendem abrir um negócio 21
após formado; 80,7% participaria de ações voltadas ao desenvolvimento do 22
empreendedorismo e, 91% gostaria de aprender sobre empreendedorismo durante sua 23
formação escolar. Estes resultados reforçam as premissas iniciais a respeito da necessidade de 24
que sejam proporcionadas ao aluno, durante sua formação acadêmica, possibilidades que 25
gerem a difusão do empreendedorismo. 26
Palavras chave: Empreendedorismo. Educação Empreendedora. Pesquisa. 27
Entrepreneurship education: possibilities for students from technological/higher 28
education of Campus Pelotas/Instituto Federal Sul-rio-grandense 29
30
Abstract 31
Labor market has been suffering deep transformations and, in this new context of a growing 32
economy, are demanded not only employees, but people able to create new work positions by 33
opening companies. In this scenario, it is possible to stress educational institutions role. 34
Offering a formation that contemplates educational entrepreneurship became a duty in pro of 35
effective student’s professional preparation. Considered this, research’s general objective was 36
to know which interventions are possible to provide students actions focused on educational 37
entrepreneurship. To achieve this objective was formulated a questionnaire in order to identify 38
interests, motivations and level of knowledge about the theme. The research was applied 39
during the year of 2012 to students from technological and higher education courses. Main 40
results were: 96,6% of the participants have heard about entrepreneurship; 43,5% intend to 41
open a business after graduation; 80,7% would participate in actions focused on 42
entrepreneurship development; and 91% would like to learn about entrepreneurship during 43
scholar formation. These results reinforce initial assumptions about the necessity to provide 44
students, during scholar formation, possibilities that spread entrepreneurship. 45
Key words: Entrepreneurship. Entrepreneurship Education. Research. 46
47
1. Introdução 48
Atualmente o empreendedorismo passa a ser visto como uma opção de carreira e uma forma 49
de absorver os portadores de diploma que não conseguem uma colocação no mercado de trabalho. 50
Dessa forma, a criação de um novo perfil profissional se torna necessária, uma vez que o 51
empreendedorismo além de ser considerado como um desejo por algumas pessoas passa a ser uma 52
ótima opção para outras tantas. 53
Na prática, muitas pessoas tem dificuldade de levar suas ideias ao mercado na forma de uma 54
oportunidade de negócio, conhecendo minimamente seu ambiente de mercado, e assim criando novas 55
empresas, de acordo com Hisrich e Peters (2004). Sendo assim, se faz importante o preparo dos 56
empreendedores, para que os indivíduos possam ter conhecimento sobre as necessidades profissionais 57
que serão demandadas, bem como sobre a contribuição econômica de novos empreendimentos. 58
Nesse cenário, salienta-se o papel das instituições de ensino no processo. Oferecer uma 59
formação que contemple a educação empreendedora é mais do que uma prática refinada: se torna um 60
dever, em prol da efetiva preparação profissional do aluno. De acordo com essa perspectiva, sabe-se 61
que a escola como um todo pode se tornar um vetor na disseminação da cultura do empreendedorismo, 62
propiciando além de abordagens teóricas o contexto de estímulo à inovação, e abertura de novos 63
negócios, considerando a importância do empreendedorismo como ferramenta de desenvolvimento 64
social para sua região. 65
Considerando este contexto a presente pesquisa foi elaborada, tendo como objetivo geral 66
conhecer quais as possibilidades de intervenção para proporcionar ações voltadas à educação 67
empreendedora para os alunos do campus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul). O 68
campus conta com aproximadamente 5.000 alunos, divididos em cursos de nível técnico, tecnológico, 69
bacharelado e pós-graduação, lato e stricto sensu. 70
A pesquisa consiste em realizar uma investigação, mediante aplicação de um questionário, 71
junto a todos os alunos do Campus a fim de identificar qual seu grau de conhecimento e interesse 72
sobre o tema. Além disso, busca conhecer informações básicas a respeito do perfil dos alunos, para 73
que seja possível, com base nestes dados, um planejamento para realização de atividades que tenham 74
como foco difundir a cultura do empreendedorismo na instituição. 75
76
77
78
79
80
2.REFERENCIAL TEÓRICO 81
82
2.1 Empreendedorismo 83
84
O estudo do Empreendedorismo, atualmente vem ganhando grande importância, tendo em 85
vista a relação direta verificada entre o seu fomento e o desenvolvimento econômico, regional ou 86
mesmo mundial. Conforme Chiavenato (2007, p. 05), “O empreendedorismo tem sua origem na 87
reflexão de pensadores econômicos dos séculos XVIII e XIX, conhecidos defensores do laissez-faire 88
ou liberalismo econômico”. Considerando isto, podemos perceber que o Empreendedorismo surge em 89
virtude de demandas verificadas pela Ciência Econômica. Além dos economistas, outras correntes de 90
pensadores ligados às mais diversas áreas de conhecimento – Sociologia, Psicologia, etc. -, ocuparam-91
se e cada vez mais se debruçam sobre os estudos relativos ao Empreendedorismo. 92
Segundo Dolabela (2008, p. 59), o termo Empreendedorismo “... é um neologismo derivado da 93
livre tradução de palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao 94
empreendedor...”. Entretanto, o que é ser empreendedor? Segundo Filion apud Dolabela (2008, p. 59), 95
“o significado da palavra empreendedor muda ao longo da história conforme a região e época em que 96
ela é aplicada”. O termo empreendedor já foi usado para designar os grandes capitães de indústria, 97
durante o século XIX e início do século XX. Mas atualmente está mais ligado às questões atitudinais e 98
de comportamento do que propriamente do cargo ocupado na organização. Por exemplo, Filion (1991, 99
p. 31), define empreendedor como “... uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Algumas 100
correntes de pensadores contribuíram enormemente sobre qual seria a conceituação mais apropriada ao 101
termo empreendedor. Dentre elas, destacaram-se os economistas e os comportamentalistas. 102
Os economistas, conforme já dito, foram os precursores do estudo do Empreendedorismo. 103
Cantillon e Say apud Chiavenato (2007) foram os primeiros a vincular o termo empreendedor às 104
pessoas que assumem riscos, aproveitam oportunidades, inovam e, com isso, geram lucro. Say apud 105
Dolabela (2008, p. 65), considerado o pai do empreendedorismo, foi mais longe e “... considerou o 106
desenvolvimento econômico como resultado da criação de novos empreendimentos”. Outra importante 107
contribuição foi dada por Schumpeter apud Dolabela (2008, p.66); segundo ele: 108
“Empreendedor é alguém que faz novas combinações de elementos criando novos 109 produtos, novos métodos de produção, identificando novos mercados de consumo ou 110 fontes de suprimento, criando novos tipos de organizações e sobrepondo-se aos 111 antigos métodos menos eficientes e mais caros. O empreendedor é responsável pelo 112 processo de destruição criativa, o impulso fundamental que aciona e mantém em 113 marcha o motor capitalista”. 114 115
Por sua vez, os comportamentalistas ou behavioristas enfatizaram no empreendedor atitudes 116
como criatividade e intuição e o associaram a pessoas que tem grande necessidade de auto realização. 117
Dois dos principais autores desta corrente são Everet Hagen e David McClelland. Hagen apud 118
Chiavenato (2007, p. 07), em seus estudos, argumenta que “as pessoas que crescem e vivem com 119
certas minoridades desenvolvem características psicológicas propensas ao empreendedorismo, quando 120
comparadas às pessoas que não pertencem a essas minorias”. Já McClelland definiu empreendedores 121
como sendo pessoas voltadas à autorrealização (apud Dolabela, 2008, p. 68), e sentenciou que um 122
empreendimento, para acontecer, depende de um indivíduo realizador. Muito embora, para ele, a 123
concepção de empreendedor esteja mais associada ao perfil dos gerentes das organizações do que 124
propriamente aos empresários, e a despeito do descrédito e das críticas sobre seu trabalho, McClelland 125
contribuiu muito para o aprofundamento dos estudos contemporâneos atinentes ao 126
Empreendedorismo, identificando as principais características dos empreendedores – Características 127
Comportamentais Empreendedoras. Esta contribuição é resultado de seu estudo realizado com 128
empreendedores de 34 países, objetivando a criação de instrumentos adequados para a seleção e 129
treinamento de futuros empreendedores. O programa ficou pronto em meados de 1985 e foi lançado no 130
Brasil, oficialmente por meio de um convênio entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 131
Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Organização das Nações Unidas (ONU). 132
De acordo com Escarlate (2010), foi justamente na década de 90 que o empreendedorismo 133
ganhou força no Brasil, principalmente pela abertura da economia e da chamada globalização. Além 134
disso, o controle da inflação e a estabilidade econômica foram fundamentais para o processo de 135
reestruturação das empresas, permitindo principalmente o planejamento das suas ações. Este foi um 136
contexto bastante favorável para o surgimento dos micro e pequenos negócios. 137
O Empreendedorismo ainda é uma área de estudo bastante recente, com cerca de quatro 138
décadas, de acordo com Dolabela (2008); mas tendo em vista que está, via de regra, ligada ao 139
desenvolvimento econômico das regiões, e considerando as flutuações da economia mundial, vem 140
gradualmente conquistando reconhecimento como antídoto às recessões ou mesmo deseconomias. 141
Segundo Dolabela (2008, p. 61), “o empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econômico, 142
gerando e distribuindo riquezas e benefícios à sociedade”. O empreendedor, por estar sempre 143
buscando o novo, evolui e avança em virtude das descobertas que faz, as quais podem se referir a uma 144
infinidade de elementos, como novas oportunidades de negócios, novas formas de comercialização, 145
vendas, tecnologia, gestão, etc. Estas características dos empreendedores ratificam a importância do 146
empreendedorismo para a sociedade contemporânea e a necessidade da incorporação da educação 147
empreendedora no sistema formal de ensino, a fim da manutenção da sustentabilidade dos sistemas 148
econômicos. 149
150
2.2 Educação Empreendedora 151
152
O empreendedor deve ser aquela pessoa que quer criar algo novo e diferente, mudando ou 153
transformando valores, conforme definição de Drucker apud Freitas e Martens (2008). Essas 154
características podem ser atribuídas a pessoas que naturalmente apresentam um perfil pró-ativo e 155
desacomodado, independentemente da existência de uma educação formal. Mas a questão fundamental 156
nesse caso é saber se uma pessoa pode aprender a ser empreendedora e de que maneira alcançar esse 157
objetivo. 158
Shane e Venkataraman (2000) acreditam ser improvável explicar o empreendedorismo, 159
somente pelas características pessoais, independentemente da influência das situações e do ambiente 160
em que essas pessoas se encontram. Segundo Dolabela apud Freitas e Martens (2008), ainda não 161
existe resposta científica para saber se é possível ensinar alguém a ser empreendedor, mas sabe-se que 162
é possível aprender a sê-lo, sendo para isso fundamental a criação de um ambiente que propicie esse 163
aprendizado. Na visão desses autores fica claro que, mais do que fatores internos ao indivíduo, o 164
desenvolvimento do Empreendedorismo provém do meio externo e das experiências vivenciadas. 165
A partir da identificação desse aspecto, inserem-se as instituições de ensino, as quais podem 166
ser responsáveis por promover essa mudança necessária nos indivíduos de modo a desenvolver 167
empreendedores por meio da educação. Mas para isso é necessária a adoção de mecanismos e 168
procedimentos pedagógicos que estimulem o desenvolvimento de competências básicas 169
empreendedoras, a partir de uma nova leitura do educador, vislumbrando a maior aproximação entre o 170
ensino e o mercado, de acordo com Crisostimo e Scabeni (2008). 171
Uma das vantagens em adotar o ensino para o Empreendedorismo já na educação básica, 172
segundo Degen apud Crisostimo e Scabeni (2008), é o acúmulo do aprendizado ao longo da vida, 173
sendo que a maioria das pessoas aprende mais rapidamente na juventude, o que torna esse um 174
momento propício para preparar um indivíduo para empreender um negócio. Para Dolabela (2004), 175
além de trabalhar com estudantes universitários, é essencial que se trabalhe esse assunto em todos os 176
âmbitos, em todos os níveis de educação. 177
Dolabela (2004) afirma que o empreendedorismo é não só um instrumento de geração de 178
riqueza, mas também um fenômeno social e cultural. Por esse motivo a educação empreendedora deve 179
fundamentar-se em uma forte conexão e cooperação com as forças vivas da comunidade. Assim, o 180
professor deve estar disposto a enfrentar o desafio de introduzir novos conteúdos, novos processos 181
didáticos, e a superar os obstáculos que inevitavelmente se apresentam a quem quer inovar, de acordo 182
com Dolabela apud Freitas e Martens (2008). 183
A posição desses autores ratifica a importância da influência externa para a construção do 184
perfil empreendedor e a necessidade de superação das dificuldades que cercam as tentativas de 185
empreender. Segundo o SEBRAE a taxa de mortalidade empresarial no Brasil, apurada para as 186
empresas constituídas e registradas nas juntas comerciais dos Estados nos anos de 2000, 2001 e 2002, 187
revela que 49,4% encerram suas atividades em até dois anos, 56,4% em até três anos e 59,9% não 188
sobrevivem além dos quatro anos. 189
Outra questão é a forma como o Empreendedorismo deve ser trabalhado em sala de aula. Por 190
se tratar de um assunto muito prático, e que envolve principalmente experiências e vivências, a pura 191
explanação teórica pode tornar-se um empecilho para o ensino dessa matéria. Os autores Solomon, 192
Duffy e Tarabishy apud Freitas e Martens (2008) apontam algumas das principais ferramentas de 193
aprendizagem, como: planos de negócios, contatos com empresas iniciantes, conversas com 194
empreendedores, simulações computacionais, simulações comportamentais, entrevistas com 195
empreendedores no ambiente de negócios, história de vida de empreendedores, viagens a campo e uso 196
de vídeos e filmes. 197
Dolabela apud Freitas e Martens (2008), criador da metodologia para o desenvolvimento de 198
empreendedores denominada Oficina do Empreendedor, afirma que o professor passa a ter nova 199
função: ser o criador do ambiente favorável ao desenvolvimento do empreendedor; ele passa a ser o 200
organizador da cultura empreendedora. O autor salienta que o professor não é um especialista em 201
apresentar respostas certas, mas, pelo contrário, deve buscar adquirir a capacidade de formular 202
perguntas que possam desencadear nos estudantes os processos de criatividade, identificação de 203
oportunidades, análise de viabilidade, adoção de medidas de minimização de riscos. 204
Diante dessas argumentações, pode-se constatar que a abertura de espaço para o ensino do 205
Empreendedorismo do ensino básico à pós-graduação aparece como uma boa prática para disseminar 206
os conceitos e aplicações da matéria, bem como minimizar a ideia de que é preciso que a pessoa nasça 207
com perfil próprio para ser empreendedor. E se o ambiente influencia diretamente nesse processo, é de 208
fundamental importância a preparação das instituições de ensino e dos educadores para a oferta dessa 209
disciplina. 210
211
3 METODOLOGIA 212
213
Para realização desta pesquisa foi elaborado um questionário, o qual está disponível no anexo 214
I deste artigo. A pesquisa foi realizada durante o ano de 2012, no período entre fevereiro e maio, junto 215
aos alunos dos cursos superiores, cujos resultados serão analisados neste artigo. Adicionalmente, no 216
mesmo ano, foram aplicados questionários junto aos alunos de ensino técnico e de pós-graduação, 217
cujos resultados estão em fase de análise. 218
Com relação aos seus objetivos, esta pesquisa é classificada como exploratória, de acordo com 219
Gil (1991). Com relação aos procedimentos, é classificada como levantamento, também de acordo 220
com o autor. 221
A amostra não foi definida de maneira probabilística, tendo a pesquisa sido operacionalizada 222
mediante aplicação dos questionários nas salas de aulas, com os alunos presentes. Responderam ao 223
questionário 179 alunos de cursos de nível tecnológico/superior. 224
225
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS 226
227
Com base nos dados levantados, entre os alunos de nível tecnológico/superior, foi possível 228
constatar algumas questões importantes que comprovam a necessidade de se promover uma Educação 229
Empreendedora dentro de instituições. Num total de 179 questionários aplicados, alguns itens 230
fornecem dados para que seja possível conhecer o perfil dos entrevistados, como: faixa etária, sexo, 231
cidade em que moram e maior grau de instrução dos membros da família. 232
No quesito faixa etária, os resultados foram: 233
234
Gráfico 1: Idade dos entrevistados 235 Fonte: Pesquisa direta, 2012 236 237
É possível perceber que a grande maioria dos entrevistados se encontra na faixa etária entre 21 238
e 40 anos, representando 60,9% da amostra. Nesse sentido, é possível inferir que a maior parte dos 239
entrevistados pertence a uma faixa etária economicamente ativa. 240
No quesito sexo, os resultados foram: 241
242
Gráfico 2: Sexo dos entrevistados 243 Fonte: Pesquisa direta, 2012 244
245
Com relação a este dado, foi possível perceber que 53,1% dos entrevistados são do sexo 246
masculino, em uma proporção não muito distinta do total de mulheres, sendo este 46,9%. Foram 247
observadas ainda duas não respostas. 248
No que se refere à cidade onde mora, os resultados foram: 249
250
Gráfico 3: Cidade onde moram os entrevistados 251 Fonte: Pesquisa direta, 2012 252 253 Percebeu-se que 88,3% dos entrevistados residem na cidade de Pelotas, sede do Campus em 254
que foi aplicada a pesquisa. Porém, as demais cidades citadas nas respostas são cidades vizinhas, 255
Localizadas na região. O total de 11,7% dos entrevistados que não residem na cidade sede do Campus 256
demonstra a importância da instituição para a região em que se situa. 257
Quanto ao grau de instrução dos familiares, relativo à questão em que foi perguntado ‘qual o 258
maior grau de instrução na família em que você foi criado?’, os resultados foram: 259
260
Gráfico 4: Maior grau de instrução dos familiares 261 Fonte: Pesquisa direta, 2012 262 263
É possível perceber que a maior parte dos entrevistados afirma que o maior grau de instrução 264
na sua família é de ensino médio, totalizando 40,2% do total. Porém, o quantitativo de famílias em que 265
o maior grau de instrução é o superior totaliza 31,3%, não apresentando expressiva diferença em 266
relação ao ensino médio. Cabe salientar ainda, que o total de familiares com curso de pós-graduação é 267
superior ao total de familiares que apresentam como maior grau de instrução o ensino fundamental. 268
Considerando os dados apresentados, pode-se delinear o seguinte perfil dos participantes da 269
amostra: 60,9% estão na faixa etária entre 21 e 40 anos; 53,1% são do sexo masculino; 88,3% moram 270
na cidade em que o Campus está localizado; e, 40,2% foram criados em famílias cujo maior grau de 271
instrução dos membros é de ensino médio concluído. 272
Com relação à temática central da investigação, alguns dados apresentam grande relevância 273
para o propósito desta investigação: número de participantes que já ouviu falar sobre 274
Empreendedorismo; grau de interesse com relação ao tema; pretensão de atuação após formado; quais 275
são os principais desafios que considera para que um empreendimento tenha sucesso; 276
disponibilidade/interesse para participar de ações voltadas ao Empreendedorismo; e, interesse para 277
aprender sobre o tema. 278
Na pergunta ‘Já ouviu falar sobre Empreendedorismo?’, as respostas foram: 279
280
Gráfico 5: Já ouviram falar sobre Empreendedorismo 281 Fonte: Pesquisa direta, 2012 282 283
Os resultados apontam que 96,6% dos entrevistados já ouviram falar sobre o tema, 284
demonstrando que a temática é atual e relevante. Cabe salientar que o fato de o participante afirmar já 285
ter ouvido falar sobre o tema não significa que tenha conhecimento sobre seu significado. 286
No quesito grau de interesse sobre o tema, os resultados foram: 287
288
Gráfico 6: Grau de interesse dos entrevistados 289 Fonte: Pesquisa direta, 2012 290 291
Percebeu-se que 78,4% dos entrevistados apresenta grau de interesse elevado ou médio, o que 292
reforça a necessidade de ações voltadas à promoção da cultura empreendedora na instituição. Foram 293
observadas ainda três não respostas. 294
Ao serem questionados sobre no que pretendem trabalhar depois de formados, os estudantes 295
responderam o seguinte: 296
297
Gráfico 7: O que os entrevistados pretendem fazer depois de formado 298 Fonte: Pesquisa direta, 2012 299 300
A maioria dos entrevistados afirma que pretende trabalhar como empregado, totalizando 301
53,8%. Porém, ao comparar esse total com o quantitativo de participantes que pretende abrir um 302
negócio, 43,5%, é possível perceber que esta diferença é bastante pequena, reforçando novamente a 303
relevância da temática e de ações voltadas para a educação empreendedora. Cabe salientar que a 304
questão apresentava possibilidade de múltiplas escolhas na resposta. 305
Na questão ‘Caso surgisse uma oportunidade de abrir um negócio, na sua avaliação quais 306
seriam os principais desafios para que o empreendimento pudesse dar certo?’, as respostas foram: 307
308
Gráfico 8: Principais desafios 309 Fonte: Pesquisa direta, 2012 310
311
Nesta questão o participante poderia escolher mais de uma dentre as alternativas disponíveis, o 312
que ocasionou um total de respostas superior ao número de respondentes. A maioria, representando 313
32,4% das respostas, afirmou ser o capital inicial o maior desafio. O segundo item com maior número 314
de ocorrências foi planejamento, totalizando 25,2%, o que sugere que grande parte dos entrevistados 315
possui algum tipo de esclarecimento sobre o que é necessário para abrir um negócio e as dificuldades 316
de mantê-lo. 317
Na questão ‘você participaria de ações no campus voltadas ao desenvolvimento do 318
empreendedorismo, caso houvessem?’, as respostas foram: 319
320
Gráfico 9: Participaria de ações 321 Fonte: Dados tabulados pelos pesquisadores, 2012 322 323 A grande maioria dos entrevistados, 80,7%, afirmou que participaria de ações na instituição 324
voltadas para o desenvolvimento do Empreendedorismo. É importante ressaltar que não existe, na 325
atualidade, nenhuma ação desta natureza voltada aos alunos no Campus. Porém, a pré-disposição 326
verificada nestas respostas, faz concluir que quando essas ações forem colocadas em prática, é 327
possível que mais pessoas demonstrem interesse, uma vez que, como já foi dito, ainda não existem 328
políticas da instituição nesse sentido. Foram observadas, ainda, três não respostas por parte dos 329
participantes. 330
Quando questionados a respeito do interesse em aprender sobre Empreendedorismo na 331
formação escolar na instituição, as respostas foram: 332
333
Gráfico 10: Gostaria de aprender sobre Empreendedorismo 334 Fonte: Pesquisa direta, 2012 335
336
Foi possível perceber que o número de estudantes que gostaria de aprender sobre 337
empreendedorismo foi expressivo, totalizando 91%. Este dado também reforça a necessidade de ações 338
voltadas para a disseminação da cultura empreendedora na Instituição. Cabe salientar que foi 339
observada uma não resposta nesta questão. 340
Durante a análise dos dados, os pesquisadores relacionaram algumas variáveis, comparando 341
respostas de mais de uma questão, as quais foram intituladas ‘análises cruzadas’. No presente artigo 342
serão apresentadas três análises cruzadas, as quais apresentaram resultados mais relevantes. 343
Primeiramente foi analisado o fator ‘faixa etária’ em comparação a ‘pretensão de atividade 344
após formado’, sendo: 345
Após formado Não
resposta
Em alguma
empresa,
como
empregado
Por conta,
abrindo um
negócio
Não pretendo
seguir atuando
na área do
meu curso
TOTAL
Qual sua idade?
Até 15 anos 0 0 0 0 0
Entre 16 e 20 anos 0 43 27 1 71
Entre 21 e 40 anos 1 55 54 4 114
Acima de 40 anos 0 2 0 0 2
TOTAL 1 100 81 5 187
Tabela 1 – Após formado x Qual sua idade? 346 Fonte: Pesquisa direta, 2012 347 348
Observa-se que a maior parte dos participantes (54) que pretendem abrir um negócio após 349
formados está na faixa etária entre 21 e 40 anos, fazendo parte, provavelmente, da população 350
economicamente ativa ocupada. 351
Por outro lado, na faixa etária entre 16 e 20 anos, a maioria dos participantes tem a pretensão 352
de trabalhar em alguma empresa, como empregado. É possível inferir que, por estarem recém 353
preparando-se para o mercado de trabalho, a probabilidade de que estes respondentes não tenham tido 354
oportunidade de contato com alguma experiência empreendedora é consideravelmente maior. 355
Outra análise realizada foi a relação entre a perspectiva de trabalho após formado e o grau de 356
interesse sobre o tema. Os dados foram: 357
Após formado Não
resposta
Em alguma
empresa,
como
empregado
Por conta,
abrindo um
negócio
Não pretendo
seguir atuando
na área do
meu curso
TOTAL
Grau de interesse
Não resposta 0 2 0 1 3
Elevado 0 20 28 1 49
Médio 1 54 39 1 95
Pouco 0 23 14 2 39
Nenhum 0 1 0 0 1
TOTAL 1 100 81 5 187
Tabela 2 – Após formado x Grau de interesse 358 Fonte: Pesquisa direta, 2012 359 360
Foi possível perceber que a maioria dos participantes que pretende trabalhar como empregado 361
apresenta grau médio de interesse sobre o tema. A relação mais explícita entre as variáveis é de que 362
quanto maior o grau de interesse sobre o tema, maior é a pré-disposição de abrir um negócio depois de 363
formado. 364
Ainda no âmbito das análises cruzadas, foi avaliada a relação entre o curso no qual o 365
participante está matriculado e a discussão de tópicos de empreendedorismo, tendo os seguintes 366
resultados: 367
Disciplinas ministradas no seu curso Não
resposta
Sim Não TOTAL
Curso
Bacharelado em Design 1 11 8 20
Engenharia Elétrica 0 31 2 33
Tecnólogo em Gestão Ambiental 0 16 16 32
Tecnólogo em Saneamento
Ambiental
0 11 21 32
Tecnólogo em Sistemas para Internet 0 46 16 62
Técnico em Eletrônica 0 0 0 0
TOTAL 1 115 63 179
Tabela 3 – Disciplinas ministradas no seu curso x Curso 368 Fonte: Pesquisa direta, 2012 369 370
Através destes resultados, foi possível perceber que em todos os cursos de 371
tecnologia/superiores (Bacharelado em Design, Engenharia Elétrica, Gestão Ambiental, Saneamento 372
Ambiental e Sistemas para Internet), são abordados tópicos sobre Empreendedorismo. 373
374
5 CONCLUSÃO 375
A pesquisa revelou vários dados importantes a respeito dos grupos respondentes. 376
Primeiramente, se faz necessário ressaltar que um índice bastante expressivo de entrevistados já ouviu 377
falar sobre Empreendedorismo, mostrando que o tema é atual. O conhecimento prévio sobre a temática 378
é muito importante na iniciativa de propor ações que estimulem a cultura empreendedora, uma vez que 379
o público alvo revela já ter alguma noção sobre o que se trata. 380
Paralelamente a esse resultado, outro dado relevante diz respeito ao grau de interesse dos 381
respondentes sobre o tema. A maioria dos entrevistados apresenta interesse médio ou elevado, o que 382
caracteriza uma pré-disposição da parte dos alunos para participação em ações que promovam a 383
temática na instituição. 384
Considerando o objetivo da pesquisa, pode-se afirmar que os resultados estão correspondendo 385
ao fator que motivou a investigação. Os pesquisadores estão confirmando as premissas prévias que 386
geraram a investigação, constatando que existe conhecimento a respeito do tema e interesse por parte 387
dos alunos entrevistados, o que subsidia futuras atividades que tenham como objetivo promover e 388
difundir a cultura do Empreendedorismo na instituição. 389
Cabe novamente salientar a importância de que a educação para o Empreendedorismo não 390
esteja dissociada da formação acadêmica, uma vez que a preparação profissional não se esgota 391
somente no ensino de um ofício. Orientar o aluno sobre o mercado de trabalho e as suas possibilidades 392
de atuação profissional faz parte do processo de formação de um profissional melhor preparado para 393
vivenciar as realidades que lhe aguardam após a conclusão do curso. 394
Com base nos dados avaliados é possível perceber que existem expectativas e, mais do que 395
isto, necessidades de aprendizado por parte dos alunos com relação à educação empreendedora, que 396
poderão ser contempladas através das ações futuras, oriundas ou não dos dados desta investigação. 397
Pode-se considerar que o presente trabalho apresenta-se como alternativa para o início de um processo 398
institucional de estímulo ao Empreendedorismo, o qual pode gerar ganhos não apenas para a 399
comunidade local como para sociedade em geral. 400
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 401
CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: Dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: 402
Saraiva, 2007. 403
404
CRISOSTIMO, A.; SCABENI, N. A importância da educação empreendedora na formação inicial 405
do administrador. Ed. 6, Revista Eletrônica Lato Sensu – UNICENTRO, 2008. 406
407
DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. 408
409
DOLABELA, Fernando. Pedagogia empreendedora. Revista de Negócios, Blumenau, v. 9, n. 2, p. 410
127-130, abril/junho, 2004. 411
412
ESCARLATE, Luiz Felipe. Aprender a Empreender. Brasília: Fundação Roberto Marinho, 413
SEBRAE, 2010. 414
415
FILLION, Jacques. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: Identifique 416
uma visão e avalie o seu sistema de relações in Revista de Administração de Empresas, São 417
Paulo, 1991. 418
419
FREITAS, H. ; MARTENS, C. Influência do ensino de empreendedorismo nas intenções de 420
direcionamento profissional dos estudantes. Estudo & Debate, Lajeado, 2008, v. 15, n. 2, p. 71-95. 421
422
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. 423
424
HISRICH, Robert D. PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 425
2004. 426
427
SHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research. 428
Academy of Management Review, jan 2000, v. 25, Issue 1, p.217-226. 429
430
431
432
433
434
435
436
437
438
439
440
441
442
443
444
445
446
447
ANEXO I 448
449
Questionário utilizado para a pesquisa 450
451
Esse questionário tem como objetivo a coleta de informações sobre o tema Empreendedorismo 452
junto aos alunos do campus Pelotas, para que futuras ações possam ser elaboradas. Sua 453
participação é muito importante! Obrigada! 454
1) Qual sua idade? 455
( ) até 15 anos ( ) entre 16 e 20 anos ( ) entre 21 e 40 anos ( ) acima de 40 anos 456
2) Qual seu sexo? ( ) feminino ( ) masculino 457
3) Marque o(s) curso(s) no(s) qual(s) você está matriculado: 458
( ) Técnico em Comunicação Visual ( ) Bacharelado em Design
( ) Técnico em Design de Móveis ( ) Engenharia Elétrica
( ) Técnico em Edificações ( ) Gestão Ambiental
( ) Técnico em Eletromecânica ( ) Saneamento Ambiental
( ) Técnico em Eletrônica ( ) Sistemas para Internet
( ) Técnico em Eletrotécnica
( ) Técnico em Mecânica
( ) Especialização em Linguagens Verbais e
Visuais e suas Tecnologias
( ) Técnico em Química
( ) Técnico em Telecomunicações
( ) Especialização em Educação Profissional –
habilitação para Docência
( ) Técnico em Conservação e Restauro de
Edificações
( ) Especialização em Educação
( ) Mestrado Profissional em Educação e
Tecnologia
459
460
461
4) Na família em que você foi criado, qual ocupação profissional dos membros? 462
( ) aposentado/pensionista ( ) profissional autônomo ( ) proprietário de um negócio ( ) servidor 463
publico ( ) trabalhador em empresa privada ( ) não trabalha 464
( ) Outros: __________________________________ 465
466
5) Na família em que você foi criado, qual o maior grau de instrução 467
( ) ensino fundamental ( ) ensino médio ( ) ensino superior ( ) pós graduação 468
469
6) Qual cidade em que você mora? _____________________________________ 470
471
7) Você já ouviu falar sobre empreendedorismo? 472
( ) sim ( ) não 473
474
8) Se sim, qual grau de interesse pelo tema? 475
( ) elevado ( ) médio ( ) pouco ( ) nenhum 476
477
9) Nas disciplinas ministradas em seu curso são discutidos tópicos sobre empreendedorismo? 478
( ) sim ( ) não 479
480
10) Seu curso lhe dá informações sobre o mercado de trabalho da sua área de atuação? 481
( ) sim, muitas ( ) sim, mas poucas ( ) poucas ( ) nenhuma 482
483
11) Após formado, pensa em trabalhar: 484
( ) Em alguma empresa, como empregado 485
( ) Por conta, abrindo um negócio 486
( ) Não pretendo seguir atuando na área do meu curso 487
488
12) Caso surgisse uma oportunidade de abrir um negócio, na sua avaliação quais seriam os principais 489
desafios para que o empreendimento pudesse dar certo? 490
( ) capital inicial ( ) conhecimento técnico sobre o produto/serviço a ser oferecido 491
( ) mercado ( ) orientação ( ) planejamento 492
493
13) Você participaria de ações no campus voltadas ao desenvolvimento do empreendedorismo, caso 494
houvessem? 495
( ) sim ( ) não 496
14) Gostaria de aprender sobre Empreendedorismo durante a formação escolar no IF Sul? 497
( ) sim ( ) não 498
499
15) Caso tenha interesse em ser empreendedor, que tipo de apoio gostaria de receber do IF Sul? 500
___________________________________________________________________ 501
___________________________________________________________________ 502
___________________________________________________________________ 503
___________________________________________________________________ 504
505
Obrigado por sua participação! 506
507
508