Download - Educação Inclusiva_ Todas as Atividades
Acordo Bilateral Brasil Japão Licenciatura Plena em Pedagogia
SANDRA MIEKO KUDEKEN .
2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
FORMAÇÃO DE PROFESSORES À DISTÂNCIA EM PARCERIA COM
A UNIVERSIDADE TOKAI – JAPÃO
Educação Inclusiva no Brasil e no Japão
Abner Alves Borges Faria Cássia Fabiane dos Santos Souza Jane Terezinha Domingues Cotrin
Japão
2012
Licenciatura Plena em Pedagogia Acordo Bilateral Brasil Japão
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3º Ano/2º Núcleo: Ciências Básicas e Metodológicas Módulo 01: Educação Inclusiva no Brasil e Japão
Aluna: Sandra Mieko Kudeken Turma: 15 Orientadora: Marcia Matheus Tinoco
Terceira Semana_ Atividade 1_ Fórum
Depoimento ______________________________________________________________
Faça um depoimento sobre a história de uma pessoa com deficiência (se não conhece alguma pessoalmente, pode comentar a história de Heller Keller, que conhecemos no filme “O milagre de Anne Sullivan”). Neste relato você deve buscar identificar as prováveis causas da deficiência, as possíveis limitações de mobilidade e participação social que ela implica, o impacto da deficiência na família e o processo de escolarização desta pessoa. Pense também se é possível identificar os estereótipos de vilão, herói e vítima (trabalhados no texto “Sobre crocodilos e avestruzes”, que estudamos na primeira semana).
Descrever a história desta estadunidense é falar de um registro de
superação, coragem e perseverança. Hellen Adams Keller foi uma escritora,
conferencista e ativista social. Nasceu no Alabama, na cidade de Tuscumbia
em 27 de Junho de 1880. A vida de Hellen Keller é a prova de que deficiências sensoriais não
impedem a obtenção do sucesso. Devido a uma "febre cerebral" (hoje
acredita-se que tenha sido escarlatina1) Helen ficou surdocega, desde tenra
1 A escarlatina é uma doença infecciosa causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), que atinge principalmente as crianças, em sua maioria meninos, sendo a bactéria sensível à penicilina,
“Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar!”
Helen Keller
idade.
Até o encontro com a professora Anne Sulivan, cuja ousadia, coragem
e perseverança mudaria sua vida por completo, Helen vivia sem qualquer tipo
de limites ou mesmo um rotina de aprendizado, uma vez que sua família, por
julgar que a “vida havia lhe punido demais” não lhe cobrava postura ou
impunha limites ao seu comportamento. A primeira medida de senhorita
Sullivan, antes de iniciar Helen na Língua dos Sinais, fora a disciplina, o que
a princípio trouxe diversos questionamentos por parte dos familiares de
Helen. Quando senhorita Sulivan a encontrou, esta tinha sete anos de idade.
Se ter a seus cuidados alguém com uma única deficiência já se exige
tamanho tato, que dirá então, alguém privado de dois sentidos. Talvez isso
explique a falta de preparo da própria família em auxiliar a pequena Helen. O
erro corrente é o tratamento dispensado às crianças deficientes, ignorando
sua sapiência, interpretando a privação de um ou mais sentidos, como falta
de conhecimento e\ou consciência de suas próprias atitudes. Como vimos no
livro “Sobre crocodilos e avestruzes”, o papel de vítima é consequentemente
atribuído de forma a eximir o deficiente de suas obrigações, como se o
mesmo fosse isento de adequação às regras de sobrevivência como as
demais crianças.
Quando pequena, Helen Keller costumava dizer: “Algum dia cursarei
uma faculdade” e de fato cursou. E 1898 entrou na Escola Cambridge para
Mocas; em 1900, para a Universidade Radcliffe onde, em 1904, recebeu seu
diploma de bacharel em filosofia.
Um longo processo foi percorrido, especialmente quanto à dedicação
de sua professora, cujo esforço pode ser recompensado e visto, não só na
pequena cidade onde residia, bem como no mundo todo. Além de aprender a
ler, escrever e falar demonstrou, também, excepcional eficiência no estudo
das disciplinas do currículo regular, o que a tornou uma célebre escritora,
filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo extenso trabalho que
desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência.
entre outros antibióticos. A escarlatina é quase sempre uma complicação da amigdalite/faringite estreptocócica, aparecendo cerca de 2 dias após o início dos sintomas desta.
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Anne Sullivan não foi somente sua professora, foi também sua
companheira e protetora. Durante seu período de estudante a professora
Anne Sullivan foi sua orientadora constante transmitindo todas as aulas para
Helen, através do alfabeto manual, encorajando-a e estimulando-a. Sobre a
importância da presença de sua professora em sua vida, relata-nos Helen em
seu primeiro livro, História de Minha Vida, ocasião do primeiro encontro das
duas, dias antes de completer 7 anos de idade.
Estiquei a mão imaginando que era mamãe. Alguém a pegou
e eu fui levantada e abraçada bem apertado pela pessoa que
viera revelar todas as coisas para mim e, mais que todas as
coisas, me amar.
Todos os livros de consulta que não existiam em braille eram
laboriosamente soletrados nas mãos de Helen. Além das aulas da
Universidade, Anne soletrava aulas de francês, latim e alemão.
Ao longo da vida foi agraciada com títulos e diplomas honorários de
diversas instituições, como a universidade de Harvard e universidades da
Escócia, Alemanha, Índia e África do Sul. Em 1952 foi nomeada Cavaleiro da
Legião de Honra da França. Foi condecorada com a Ordem do Cruzeiro do
Sul, no Brasil, com a do Tesouro Sagrado, no Japão, dentre outras. Foi
membro honorário de várias sociedades científicas e organizações
filantrópicas nos cinco continentes.
Em 1902 estreou na literatura publicando sua autobiografia A História
da Minha Vida. Depois iniciou a carreira no jornalismo, escrevendo artigos no
Ladies Home Journal. A partir de então não parou de escrever.
REFERÊNCIAS
AFB American Foundation for the Blind . Anne Sullivan Macy: Miracle Worker Disponível em <http://www.afb.org/asm/asmfacts.asp> Acesso em 5.3.2012
Anne Sullivan. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Anne_Sullivan> Acesso em 5.3.2012 O Milagre de Anne Sullivan. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Milagre_de_Anne_Sullivan> Acesso em 5.3.2012
BIO, True History. Hellen Keller biography. Disponível em <http://www.biography.com/people/helen-keller-9361967> Acesso em 6.3.2013
KELLER, Helen. Três dias para ver. Disponível em <http://www.cerebromente.org.br/n16/curiosidades/helen.htm> Acesso em 6.3.2012
KELLER, Helen. História da Minha vida. Disponível em http://deficienciavisual9.com.sapo.pt/r-HistoriaDaMinhaVida-HelenKeller.htm Acesso em 6.3.2013
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Terceira Semana_ Atividade 2_ Envio de Arquivo
Estrutura física da escola
A inclusão escolar de crianças com deficiência em escolas regulares é
um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (Lei
n. 9.934/96), que afirma a oferta da educação especial enquanto dever
constitucional do Estado onde deve ter início na Educação Infantil, na idade
de zero a seis anos. (BRASIL, 1996 apud Sousa)
Conforme a Nota Técnica SEESP/GAB/n. 9/2010 (apud Carvalho) as
escolas devem favorecer o atendimento às crianças com necessidades
especiais de forma a promover o aprendizado na escola regular, para tanto
devem manter articulação pedagógica entre professores do Centro de AEE e
os professores das salas de aula comuns, colaboração no processo de
formação continuada, salas de recursos multifuncionais, apoio à produção de
material didático e pedagógico, participação das ações inter-setoriais,
organização e adaptação do espaço físico e outros necessários para o
desenvolvimento dos alunos.
ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA
A atividade proposta trata-se da observação das várias instituições de
ensino as quais esta formanda já trabalhou. Escola Alegria de Saber
(Hamamatsu e Toyohashi), Colégio Pitágoras (Hamamatsu) e Escola Alcance
(Hamamatsu), bem como também outras instituições aos quais tenho
conhecimento, através de colegas de faculdade, como a observação da
Escola Brasileira Sol Nascente, localizada na cidade de Kikugawa no Japão,
onde há a presença de um aluno com deficiência auditiva.
Estrutura de um prédio residencial com dois pisos (três com relação à
EAS), escada interna, escada de entrada, escada nos fundos do prédio, salas
pequenas, professores sem especialização, ensino direcionado somente para
ensino regular comum, desconhecimento do PPP da escola (Com exceção
do antigo Colégio Pitágoras de Hamamatsu) pelos professores, falta de
reuniões e apoio pedagógico aos mesmos.
A inclusão escolar de crianças com deficiência em escolas regulares
é um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional
(Lei n. 9.934/96), que afirma a oferta da educação especial enquanto dever
constitucional do Estado onde deve ter início na Educação Infantil, na idade
de zero a seis anos. (BRASIL, 1996 apud Sousa)
Conforme a Nota Técnica SEESP/GAB/n. 9/2010 (apud Carvalho) as
escolas devem favorecer o atendimento às crianças com necessidades
especiais de forma a promover o aprendizado na escola regular, para tanto
devem manter articulação pedagógica entre professores do Centro de AEE e
os professores das salas de aula comuns, colaboração no processo de
formação continuada, salas de recursos multifuncionais, apoio à produção de
material didático e pedagógico, participação das ações inter-setoriais,
organização e adaptação do espaço físico e outros necessários para o
desenvolvimento dos alunos.
Partindo desse pressuposto as escolas observadas não contemplam
as exigências e instalações adequadas para atender crianças com qualquer
tipo de deficiência.
Quanto ao espaço físico não há condições para atender aos
deficientes físicos (cadeirantes por exemplo) pelo fato da estrutura não
suportar qualquer tipo de reforma no que diz respeito à construção de rampas
e retirada de obstáculos para o trânsito de cadeira de rodas.
Em relação aos alunos com deficiência visual, as escadas e falta de
proteção, sinalização adequada, corredores estreitos, salas pequenas
(Alcance e Sol Nascente) e muita mobília, sem sinalização sonora e
professor especializado para ensinar Braille.
Para o deficiente auditivo não há programa ou material e recursos
visuais satisfatórios para o estimulo da aprendizagem aos alunos surdos,
tampouco professor ou intérprete para linguagem de sinais.
Para o deficiente intelectual a escola não oferece recursos que
facilitem o aprendizado desses alunos, salas multisseriadas (Pitágoras,
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Alcance e Sol Nascente) sobrecarregando o professor que mal pode seguir o
apostilado não dando atenção suficiente aos alunos, tampouco pode oferecer
educação de qualidade ao aluno deficiente intelectual.
Em sua maioria, essas escolas já tiveram em seu quadro de alunos
com algum tipo de deficiência, tais como síndrome de down (Escola Sol
Nascente), TDHA (Todas as Escolas), deficiência auditiva (Escola Sol
Nascente), intelectual, autistas (número crescente e que merece atenção,
todas as escolas). Sem condições de oferecer atenção necessária a estas
crianças, e muitas vezes por se julgarem sem condições para atendê-los, há
uma tendência no isolamento desses alunos, sem ofertas de estimulo ao
aprendizado.
Os direitos de ingresso na escola regular do aluno com deficiência é
garantido por lei, porém as escolas observadas em questão, desde sua
fundação, não parecem intentar o atendimento adequado destas crianças,
uma vez que não dispõem de recursos financeiros (em alguns casos, de
seriedade quanto ao assunto), não estando assim preparadas para garantir o
desenvolvimento pleno e escolar dessas crianças.
Proposta de Atendimento Educacional Especializado à criança com deficiência auditiva da Escola Sol Nascente
Conforme as condições físicas da escola, quais não são compatíveis
para o atendimento de crianças com deficiência física ou visual, bem como o
despreparo dos professores e da própria instituição para o atendimento de
crianças com deficiência intelectual, propõe-se um plano de atendimento à
criança com surdez a ser desenvolvido em médio e longo prazo visto a
carência de estímulos e as precárias condições do estabelecimento.
Para a inclusão do aluno com surdez nas aulas regulares, segundo
regras do Ministério da Educação a escola deve proporcionar momentos de
atendimento especializado em Libras, bem como o ensino da mesma como
primeira língua do aluno para depois utilizando de recursos multifuncionais
proporcionar o ensina da Língua Portuguesa (Brasília 2007).
Contando que a escola é localizada no Japão e a dificuldade de
formação em Libras para os professores, opta-se no aprendizado e
desenvolvimento da linguagem japonesa de sinais, qual pode ser adquirida
junto ao serviço de assistência social da cidade.
Preparação de material ilustrativo, uma vez que devido a surdez a
comunicação do aluno se faz através de incentivo visual, assim são
necessárias muitas imagens visuais e todo tipo de referência que possam
colaborar para o aprendizado dos conteúdos curriculares em estudo.
Treinamento dos professores para atendimento da criança com
surdez, uma vez que a criança surda não tem o desenvolvimento intelectual
afetado, as atitudes de mudança devem ser feitas no sistema, pois segundo
Vitta, Silva e Moraes muitas das dificuldades da criança deficiente não são
relacionadas a sua pessoa, mas sim ao despreparo da sociedade em
proporcionar condições para que ela usufrua de seus direitos.
Cabe ao professor assistido por especialista atender a criança com
surdez estimulando seu desenvolvimento, sua curiosidade para que esta
tenha um ritmo natural de desenvolvimento social, psicomotor, sócio afetivo,
cognitivo e da linguagem.
O professor deve organizar-se para falar sempre de frente ao aluno,
facilitando assim a sua compreensão sobre o assunto, utilizar a maior
quantidade possível de imagens, organizar os alunos em duplas, um ouvinte
para em conjunto desenvolverem as atividades propostas.
Cabe ao professor de sala e a todos os membros da escola ver a
criança mais que sua deficiência, considerar suas limitações, mas enfatizar
suas possibilidades, procurar informações sobre a gravidade e grau da
deficiência, manter-se sempre em frente ao aluno quando ministrar as aulas,
usar todos os recursos possíveis para fazer-se entender e também para
compreender o aluno, manter regularidade nas regras e métodos de ensino,
substituir a sonoridade por instrumentos visuais facilitando a compreensão,
não articular com exagero as palavras, falando devagar sem prejuízo ao
grupo e principalmente ao aluno com surdez.
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Desenvolver a educação inclusiva sem desprezar o atendimento
especial, pois conforme Assunção e Simonini, é indispensável que a
educação regular seja vista como uma ação conjunta com a educação
especial e não seja entendida como um mero paralelo.
Considerações finais Sabe-se que a educação inclusiva é o desenvolvimento de uma
pedagogia centrada na criança e suas especificidades, onde a escola seja
capaz de educar a todos com sucesso. Para isso é necessário que os
profissionais tenham consciência de seu papel de educador, de
transformador das desigualdades estabelecidas historicamente, levando a
sociedade viver em harmonia na heterogeneidade, onde as diferenças não
sejam vistas como obstáculos e possam ser tomadas para a mudança social
onde todos possam ter os seus direitos respeitados.
Cabem as escolas observadas, mudarem suas atitudes perante o
desafio de educar crianças no atendimento especializado levando-a crescer e
desenvolver-se plenamente respeitando suas limitações sem prejuízos ao
grupo.
Respeitar a criança com deficiência e suas limitações, valorizar suas
qualidades e desenvolver suas capacidades é o dever de todo
estabelecimento envolvido com a educação das crianças que a sociedade
lhes entrega todos os anos.
Referências
Atividades para Deficientes Auditivos – Acesso: 5/3/2012 – Disponível em: http://www.luzimarteixeira.com.br/2010/04/3865/ CARVALHO, Sandra Pavoeiro Tavares – Educação Inclusiva – Cuiabá – Mt –
Ed UFMT – 2011
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo – Atendimento Educacional Especializado Pessoa com surdez – SEESR/SEED/MEC – Brasília/DF – 2007 – Acesso: 1/2/2012 – disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf Falar com as mãos – Acesso: 5/3/2012 – Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/falar-maos-432193.shtml SOUZA, Eliza Martins de; TAVBARES, Helenice Maria – Acessibilidade da criança com deficiência física na escola – Acesso: 1/3/2012 – Disponível em: http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica/artigosn4V2/19-pedagogia.pdf VITTA, Fabiana C. F; SILVA, Karen P. L.; MORAES, Márcia C. A. F. – Conceito sobre educação da criança, de acordo com professores de Educação Infantil da cidade de Bauru – Acesso: 1/3/2012 – Disponível em: http://www.abpee.net/homepage04_06/artigos_empdf/revista10numero1pdf/4vittaetal.pdf
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Quarta Semana_ Atividade 7_ Fórum Serviços da Sociedade e da Escola
A partir do que foi discutido no texto e no vídeo, discuta como os
serviços da sociedade e da escola podem influenciar nas perspectivas que a
família tem em relação à criança com deficiência? Reflita também sobre o
que podem fazer as escolas quando a família está ausente do processo
educacional?
David Émile Durkheim, considerado um dos pais da Sociologia
Moderna, acredita que a sociedade2, por ser mais antiga, prevalece sobre o
indivíduo, fazendo-o adaptar-se às normas anteriormente criadas, como leis,
costumes, regras de conduta, língua, entre outros.
Segundo Santos,
“A família não representa somente um tecido fundamental de
relações, mas um conjunto de papéis socialmente definidos e
onde a sua organização depende do que a sociedade, através
de seus usos e costumes, espera de todos os seus membros”.
A partir das afirmativas, percebemos que a família, apesar dos seus
sentimentos e costumes, em muitas ocasiões, está diretamente ligada ao que
a sociedade impõe, seguindo um modelo padronizado. Inconscientemente ou
não, todos acabam por aderir esse modelo cujo eventual desprezo pode vir a
ser severamente criticado pela própria sociedade.
Por sua vez, a escola também, estruturada para atender um público
padrão, se vê na mesma condição quando os diferentes_ os que não atingem
o padrão são tidos como diferentes, são especiais, são deficientes, não
necessariamente é preciso ter uma deficiência comprovada pela medicina
para que a escola encontre em seu quadro de alunos crianças com
deficiência de aprendizagem, portanto a deficiência não significa somente a 2 Grupo de indivíduos que compartilham normas e costumes, interagindo entre si, formando assim um sistema semiaberto no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo.
primaria, aquela visível pela diferença de movimentos chamados normais que
o organismo realiza_ acessam e usufruem dos espaços comuns aos demais.
Se é no ambiente familiar que a criança tem seu primeiro contato
com a sociedade para depois encontrar a escola como extensão para o
convívio social, depende então da família iniciar a construção do indivíduo,
favorecendo suas habilidades de desenvolvimento para depois juntamente
com a escola evoluir socialmente. Daí a importância da união dessas duas
instituições sociais na formação educacional da criança.
A criança tem direito a crescer e criar-se com saúde,
alimentação, habitação, recreação e assistência médica
adequadas, …
A criança incapacitada física ou mentalmente tem direito à
educação e cuidados especiais. (Declaração dos Direitos das Crianças, Artigos 4º e 5º)
Segundo Costa, quando há problemas estruturais nas famílias na falta
de observância desses requisitos, é comprovado que crianças que convivem
nesse tipo de ambiente, geralmente não tem o devido acompanhamento no
desenvolvimento educacional, tanto no ambiente escolar como no familiar.
Assim, a relação que envolve a escola e a família devem estar em perfeita
harmonia para que ocorra um processo de educação eficiente , uma vez que
a escola é uma instituição que possui o objetivo de complementar o ambiente
familiar. Dessa forma a escola não deve funcionar sem a família, tampouco a
família sem a escola, pois uma depende diretamente da outra para o
desenvolvimento social e educacional da criança.
Com isso vemos que as regras e costumes sociais construídos
historicamente regem todos os movimentos sociais, modificá-los depende de
conscientização e muito trabalho, pois raízes profundas são difíceis de serem
extraídas. Se encontramos problemas relacionados a estrutura familiar e
costumes escolares enraizados quando falamos de crianças ditas normais
por não apresentarem deficiência orgânica aparente, sabemos que as
crianças com deficiência orgânica encontram-se com mais dificuldades, seja
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na estrutura física dos ambientes escolares, seja na organização dos
currículos, seja ainda no sentimento de perda e frustração pela falta do ideal
construído pelos padrões sociais.
Seria demagogia falarmos em conscientização, em inclusão, em
direitos igualitários se todos mesmo que inconscientes estão sempre em
busca da personagem ideal, do modelo padrão. Ter um filho, um aluno com
deficiência causa transtornos sentimentais, as pessoas tem medo do
desconhecido, receio de trabalhar ou aproximar-se do que não lhe parece
normal, sentimento de perda pela pessoa ideal, a imagem idealizada,
estabelecida como padrão.
Foi possível constatar no vídeo “Do luto à luta” (Brasil, 2005), bem
como no texto “ Bem vindo à Holanda!” (CARVALHO, 2011) que as reações
dos pais são, na maioria, marcadas pelo sentimento de perda do filho
idealizado_ da viagem idealizada. Em um primeiro momento todos sentiram
essa perda, o isolamento, a anormalidade, somente depois de algum tempo
de convivência puderam sentir afeto e aceitar como normal a sua condição.
Conheço casos de pais de alunos com algum tipo de deficiência, sejam
autistas, intelectuais, físicas (há um número de crianças nascidas prematuras
com algumas sequelas) que quando abordados se já, em algum momento,
procuraram ajuda psicológica e\ou médica para seus alunos, foram enfáticos
em dizer que seus filhos não necessitavam de nenhum desses auxílios.
Teoricamente falamos que a escola e a família devem estar juntas,
em perfeita harmonia para que o desenvolvimento da criança seja pleno e
alcance os padrões estabelecidos, portanto, na falta de amparo por parte dos
pais, sem dúvida, a escola, como parte integradora nesse processo de
inclusão social, deve favorecer aos seus alunos condições de
desenvolvimento compatível com o que é mencionado no Artigo 7º dos DUC,
grifo meu.
A sociedade e as autoridades públicas devem propiciar
cuidados especiais às crianças sem família e àquelas que
carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a
prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da
manutenção dos filhos de famílias numerosas.
Ainda que a Constituição Federal em seu Artigo 205, grifo meu, atribua
ao Estado e a própria família essa responsabilidade, não eximi nenhum
membro da sociedade, uma vez que nos coloca como colaboradores nesse
processo, corroborando com o que impele o Artigo 7º dos DUC.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho.
Portanto, o dever da escolar nesse contexto, não é se eximir, na busca
de culpados ou (ir) responsáveis, mas favorecer o aprendizado eficaz, dando
o devido suporte, seja físico e\ou professional para que a Inclusão Social
seja, num processo contínuo e progressivo, uma realidade em todas as
Instituições de Ensino.
REFERÊNCIAS
PORTAL EDUCAÇÃO. Portal da Família, Declaração dos Direitos da Criança. Disponível em < http://www.portaldafamilia.org/datas/criancas/direitosdacrianca.shtml> Acesso em 14.3.2013 CAVALCANTE, Meire. REVISTA ESCOLA. Disponível em < http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/caminhos-inclusao-563697.shtml?page=2> Acesso em 14.3.2013 Constituição Federal de 1988, Educação Especial. Disponível em http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/1284/constituicao-federal-de-1988-educacao-especial > Acesso em 14.3.2013
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Quinta Semana_ Atividade 9_ Envio de Arquivo Aprendendo e Desafiando o Preconceito RESPEITO A DIVERSIDADE Aprendendo e desafiando o preconceito:
Aponte algumas (no mínimo 02) estratégias de combate a atitudes
preconceituosas e discriminatórias no espaço escolar. Esta atividade deverá
conter:
Título da atividade, Objetivos, Desenvolvimento, Metodologia e Avaliação
Referências Bibliográficas Olhando de perto: Para responder a ambas as
atividades veja, leia e escute: 1. Racista, eu? Algumas charges de Maurício
Pestana; 2. Charge da Turma do subúrbio:
http://charges.uol.com.br/2002/12/14/turma-do-suburbio-samba-do-arnesto/ 3. Lima, Marcus Eugênio Oliveira; Vala, Jorge. As novas formas de
expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Psicologia 2004, 9(3),
401-411
INTRODUÇÃO Ser brasileiro é ser, antes de mais nada (ou pelo menos), parte de
um tripé étnico em que se formou nosso país. Ainda que muitos possam
“torcer o nariz”, e “respirar aliviados” somente quando ao investigarem suas
árvores genealógicas, encontrem ancestrais na Europa ou Ásia. Sentir-se
pertencente à nação brasileira, é sem dúvida, entender e respeitar seu
processo de formação histórico- cultural cuja construção é um legado no
modo de pensar e de agir de seus membros.
Como processo histórico similar a que foi submetida toda América
Latina, o Brasil, objeto de uma colonização de exploração, viveu um intenso
período escravocrata, não só africano, bem como também indígena. A visão
etnocêntrica europeia excluía todos os povos diferentes dos seus, sendo
assim considerados como seres inferiores. Visão esta que levou a construção
do racismo e preconceito que perdura até os dias de hoje.
Conforme Ciconello, o racismo é um dos principais fatores
estruturantes das injustiças sociais que acometem a sociedade brasileira e,
consequentemente, é a chave para entender as desigualdades sociais onde
metade da população brasileira é negra e a maior parte dela é pobre. As
distâncias que separam brancos e negros, se expressam nas relações
interpessoais diárias e se refletem nos acessos desiguais a bens e serviços,
ao mercado de trabalho, ao ensino superior bem como ao gozo de direitos
civis, sociais e econômicos.
A escola faz parte do contexto social e nela a diversidade
social é frequente alvo de comparações, desigualdades e
preconceito. Conforme os Parâmetros Curriculares
Nacionais, “Na escola, muitas vezes, há manifestações de
racismo, discriminação social e étnica, por parte dos
professores, de alunos, da equipe escolar, ainda que de
maneira involuntária e inconsciente”. (1997, p.22)
Assim sendo, a escola como órgão de vital importância para a
construção de uma sociedade sadia e igualitária deve vencer o grande
desafio de estabelecer conexões entre o que se ensina e se aprende e a vida
social, ainda conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais;
“Mudar mentalidades, superar o preconceito e combater
atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar
com valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é
tarefa para a sociedade como um todo. A escola tem um
papel crucial a desempenhar nesse processo. Porque é o
espaço em que se da a conviv6encia entre crianças de
origens e nível socioeconômico diferentes, com costumes e
dogmas religiosos diferentes, com visões de mundo diversas.
É um lugar onde são ensinadas as regras do espaço público
para convívio democrático com a diferença. Porque a escola
apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre o
País e o mundo, e aí a realidade plural de um país como o
Brasil fornece subsídios para debates e discussões em torno
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de questões sociais. A criança na escola convive com a
diversidade e poderá aprender com ela”. (1997, p.23)
A escola sendo uma instituição de ensino que contribui para a
interação social e de um projeto de educação comprometido em desenvolver
capacidades que permitam a intervenção e mudanças na realidade deve
estar pronta para trabalhar com a diversidade de forma que possa tornar a
sociedade menos preconceituosa.
Com o objetivo de construir o conceito de inclusão na escola, o
ambiente de estudo pretende eliminar barreiras sociais e grupos que se
diferenciam entre os alunos, as famosas “panelinhas” que se formam e
passam a excluir os “diferentes” do padrão estabelecido.
A solidificação do companheirismo e fim das diferenciações
construídas pelos alunos se dará com a composição das carteiras na sala de
aula. Utilizando-se de um recurso muito comum nas escolas japonesas,
mudar a cada bimestre os alunos de lugares, estabelecendo assim uma
relação com todos os alunos da sala.
Preparar um plano de aula onde se propõe atividades para que o
aluno possa valorizar-se a si mesmo e o outro, bem como o desenvolvimento
de capacidades para identificar e caracterizar as diferenças existentes na
sociedade em que vive, sejam elas referentes a cor da pele, genêro, religião,
entre outros.
Promover espaços de diálogo e discussão sobre temas variados para
verificar o grau de inclusão dos alunos.
OBJETIVO Ancorando-se em Sassaki (1997), o presente projeto objetivando a
prática da inclusão social, repousa nos seguintes princípios:
ü A aceitação das diferenças individuais,
ü A valorização de cada pessoa,
ü A convivência dentro da diversidade humana,
ü A aprendizagem através da cooperação.
METODOLOGIA Para trabalhar o respeito a diversidade será utilizado o livro “A
Família de Sara” de Gisele Gama Andrade (Editora Abaquar, 2009), que em
Outubro de 2012, esteve pela primeira vez no Japão, fazendo a divulgação e
distribuição de dois livros, o mencionado acima e “A menina que gostava de
saber”.
O livro conta uma das muitas histórias de Sara, cuja mãe é a própria
Gisele. Sara é negra, filha adotiva da autora, muito sorridente e falante. Por
seu jeito espevitado de ser, e a falta de paciência de alguns professores,
mudou de escola várias vezes.
Como filha adotiva, Sara não conhecia o pai e sentia-se triste sempre
que, em agosto, precisava escrever um Cartão para seu Pai.
A interação com o texto, intenta propiciar ao aluno conhecer as
diferenças, não só com relação a cor da pele de Sara, bem como também as
diversas composições familiares a que nossa sociedade vêm sendo
submetida, tais como famílias compostas somente de mães, como é o caso
de Gisele, só de pais_ com a aprovação da lei que possibilita a união de
homossexuais, a tendência é o aumento dessa composição familiar_ ou
mesmo as chamadas mistas, de irmãos consanguíneos vivendo na mesma
casa.
Possibilitar ao aluno saber que seu colega pode e deve ser diferente
para que possam vivenciar novas experiências no ambiente escolar e levar
para a sociedade um perfil de respeito a todos.
Para tanto faz se necessário:
ü Leitura individual e coletiva do texto
ü Comentário sobre a importância das diferenças
ü Aperceber-se das minhas diferenças bem como a dos colegas
ü Construção de autobiografia através de desenhos
ü Instituir de forma gradativa, o Dia da Família, ou ainda como propôs a
autora, o Dia do Amor, em substituição ao Dia das Mães e dos Pais.
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21
DESENVOLVIMENTO O presente plano pretende minimizar as diferenças no ambiente
escolar, com intenção de eliminar a discriminação e a diferenciação
exagerada existente na sociedade, a escola como promotora de
aprendizagem e interação busca meios de levar seus alunos a
desenvolverem conceitos não discriminatórios bem como o respeito e
valorização a si mesmo, ao seu colega e a seu meio.
Concretizando o plano aqui estabelecido, a sala de aula será o
ambiente de comunicação e interação para tanto a cada bimestre os alunos
são convidados a mudar de lugar, a composição da classe será feita através
de sorteio. As carteiras serão ocupadas por um menino e uma menina
sequencialmente, os vizinhos serão sempre um menino e uma menina, não
escolhidos e sim utilizando o método sorteio as carteiras serão ocupadas.
Dessa forma procura-se eliminar qualquer tipo de grupo pré
formado ou qualquer tipo de exclusão, com a alteração de lugar a cada
bimestre, um novo companheiro fará parte do grupo de trabalho, bem como a
solidificação da comunicação pois com a troca de lugar as crianças tem a
oportunidade de conhecer melhor os colegas de sala.
Desenvolvendo atividades direcionadas às diferenças existentes
busca-se textos cujos temas e conteúdos levam a criança a pensar que o
diferente é essencial para construção de uma sociedade e que apesar das
diferenças aparentes todos são iguais, todos possuem os mesmos direitos,
as mesmas aspirações e todos devem ser igualmente valorizados por si
mesmo e pelo outro. A valorização do meio, dos colegas, de si próprio leva a
criança a desenvolver capacidades de reconhecer a igualdade entre as
diferenças aparentes e que isso não pode ser um obstáculo levando a
exclusão.
Utilizando-se primeiramente, o texto do livro “ A família de Sara” o
plano pretende levar os alunos conhecer as diferenças aparentes existentes
e desenvolve atividades ligadas ao tema. Dando sequência, pretende-se
ainda utilizar o livro “Os cabelos de Sara” da mesma autora, que trata, mais
especificamente sobre a diversidade. E outros livros deste mesmo segmento
para que se possa perpetuar a atividade. ü A leitura primeira feita pelo professor, depois individual e em grupo, propor o
trabalho de construção da sua história pessoas com imagens ou texto, ou
ainda ambos;
ü Apresentação de suas histórias para a sala e discussão sobre as mesmas
ü Apresentação de outros textos semelhantes que possam enriquecer o
conteúdo;
ü Apresentação das composições de várias famílias;
ü Apresentação de vídeos sobre culturas e povos de outras nações;
ü Dois a dois, os alunos um de frente para o outro, olham e dizem o que
gostariam de ter do outro justificando sua preferência;
ü Auto-Biografia em forma de Desenho: o que eu tenho de diferente que me
caracteriza? O que eu gosto de ter/ser? O que eu gostaria de mudar?
ü Construção de um painel com os trabalhos para ser exposto à toda a classe
instigando a discussão e valorização de todos como membros da sociedade.
AVALIAÇÃO
A avaliação se dará de forma progressiva e contínua com a
observação ao comportamento dos alunos, atentando-se para a aceitação ou
não da diversidade. A medida que possíveis pontos negativos forem
observados, pensar-se-a em outras estratégias ou mesmo complementos
para que se alcance o objetivo estabelecido.
CONCLUSÃO
O termo inclusão, segundo o dicionário Aurélio, indica uma relação de
pertencimento. Lima (2006) acrescenta que nós, seres humanos, estamos
incluídos na sociedade por uma relação de pertencimento, baseada no
principio da igualdade. No entanto, ao mesmo tempo em que há algo que nos
aproxima e que nos identifica como seres humanos, há algo também que nos
diferencia enquanto pessoas: a Igualdade e a Diversidade.
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23
Conceitua-se Inclusão Social como o processo pelo qual a sociedade
se adapta para poder incluir, constituindo um processo bilateral no qual as
pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar o
problema, decidindo entre soluções e equiparações, oportunidade para todos.
(Sassaki, 1997:3).
Utilizando destas estratégias, a interação dos alunos com a alteração
de lugares na sala e composição de novos grupos durante o ano, bem como
atividades direcionadas com textos sobre valorização das diferenças, o
presente trabalho busca construir capacidades de igualdade ao mesmo
tempo em que trabalha o conceito diversidade, com finalidade de se eliminar
o preconceito, a fim de estabelecer uma nova direção e visão de uma
sociedade mais justa e igualitária, onde todos possam ter as mesmas
oportunidades e direitos.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental – Parâmetros Curriculares
Nacionais: Pluraridade Cultural, Orientação Sexual – Brasília MEC/SEF, 1997
– vol. 10
CICONELLO, Alexandre – O desafio de eliminar o racismo no Brasil: a nova
institucionalidade no combate à desigualdade racial. Disponível em
<http://www.oxfam.org.uk/resources/downloada/FP2P/FP2P_Brazil_Chal_eli
m_racisml_%20CS_PORTUGUESE.pdf> Acesso em 29.3.2013.
KINDERSLEY, Barnabas e Anabel – Tradução Mário Vilela Filho - UNICEF –
Crianças como você – Uma emocionante celebração da infância no mundo –
2ª edição – Editora Ática
SCOPEL, Delza Tonole; (et ali) – O papel da escola na superação do
preconceito na sociedade brasileira. Disponível em
<http://www.slideshare.net/janayna/preconceito-na-escola> Acesso em
29.3.2013
ANDRADE, Gisele Gama. A família de Sara\ Gisele Gama Andrade. _ Rio de
Janeiro, RJ: Editora Abaquar, 2009.
CARVALHO, Sandra Pavoeiro Tavares. Educação Inclusiva.\ Sandra
Pavoeiro Tavares Carvalho. Cuiabá: UAB\ UFMT, 2011. 94p.
ANEXO
Fonte: http://www.abaquarconsultores.com.br/asp/encomendeseulivro.asp
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Sexta Semana_ Atividade 10_ Envio de Arquivo Aprendendo a valorizar as diferenças
Um ambiente escolar baseado em relações de aceitação, respeito e
valorização das diferenças, entre professores, alunos e pais, é condição
necessária para atingir o objetivo de uma educação inclusiva que contemple
a diversidade. Isto pressupõe planejar, de forma sistemática, objetivos,
conteúdos e atividades relacionados com a temática da diversidade, tanto em
nível da escola como da sala de aula e envolvendo a participação da família.
Após o estudo do texto básico 1 leia:
O artigo “Multiculturalismo é um fracasso” no link
http://exame.abril.com.br/economia/mundo/noticias/ sarkozy-afirma-que-
multiculturalismo-e-um-fracasso;
A história de Piao-Ten.
Produza um texto refletindo sobre como você entende o multiculturalismo e a
partir disso proponha algumas soluções que considerem convenientes para
ajudar Piao-Ten a integrar-se à escola e superar a barreira do idioma e
prepare uma lista de recomendações que visem o desenvolvimento de
valores e atitudes de respeito e apreço em relação às diferenças individuais
nos alunos, tanto no âmbito da escola quanto da sala de aula e da família.
Aprendendo a valorizar as diferenças
O niqab, véu islâmico que cobre todo o corpo da mulher e deixa
apenas os olhos à mostra, foi proibido na França_ país que tem a maior
colônia muçulmana da Europa. O projeto de lei aprovado em 2010, entrou em
vigor em Abril de 2011, proibindo o uso do véu integral em espaços públicos
do país. A aprovação foi por 246 votos a um, com apoio do presidente,
Nicolas Sarkozy. Apesar de condenar o uso dos véus islâmicos integrais, a
maioria da esquerda se negou a votar, dizendo que a proibição geral poderia
ser inconstitucional - além de preconceituosa contra os muçulmanos.
Indagado sobre a possível discriminação quanto aos costumes
muçulmanos, Sarkozy foi enfático: “Multiculturalismo é um fracasso”. Suas
palavras, ao mesmo tempo em que chocam, envolve-nos numa reflexão,
muito propícia a culturas menosprezadas como a latino-americana,
especialmente quando diz: "em nossas democracias nos ocupamos demais
com a identidade de quem chegava e não o bastante com a identidade do
país que as recebia".
Tentando deixar a imparcialidade de lado, passo a me perguntar
desde quando a visão eurocêntrica preocupou-se com o “outro”, com a
identidade de tantos povos e culturas que foram dizimados pelas “conquistas”
europeias?
Bem… talvez prefira me iludir a acreditar que estão recobrando a
memória e constatando, de fato, o quanto estavam ocupados demais com
sua própria identidade, quando milhões de nativos, seja do continente
americano ou mesmo da Oceânia, foram compelidos a aderir a cultura
europeia, imposta pelos colonizadores, em detrimento das suas.
O fato é que muitos adeptos e até mesmo teóricos, com discursos
homogeneizadores_ o que ficara explícito no discurso do presidente francês_
se contrapõem o pluralismo, o hibridismo, a interculturalidade e os discursos
e valores de fronteira. Para estes, o grande receio é a perca da identidade
nacional, o que é de certa forma, compreensível.
Falar de Multiculturalismo é associá-lo, de certa forma, ao intenso
movimento de Globalização iniciado com rompimento da Velha Ordem
Mundial. Não que o processo de globalização seja recente_ é sabido que seu
“start” se deu ainda com as Grandes Navegações Ibéricas_ mas de fato, a
ampliação do conceito se deu com o nascimento da Nova Ordem Mundial e
interação dos povos através da Internet, isso na década de 90, fim do século
XX. Esse intenso processo, contribuiu para uma homogeneização das
sociedades, assunto que deixarei para a Atividade 11, sobre o Processo
Identitário.
Podemos dizer que uma sociedade multicultural é aquela que
reconhece as diferenças de valores, de costumes e suas individualidades,
contudo, o receio da perca de identidade nacional em meio à existência de
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27
diferentes culturas, é possível que insurjam valores etnocêntricos, o
relativistas e anti-interculturais.
Assim, o etnocentrismo inclui pessoas que observam as outras
culturas em função da sua própria tomando-a como padrão a fim de valorizá-
la e hierarquizar as restantes e para preservá-la assumem posturas negativas
em relação ao outro, como a xenofobia, o racismo e chauvinismo.
No relativismo cultural encontramos as pessoas que projetam as
outras culturas a partir dos valores que as regem, os relativistas sofrem as
consequências do racismo, isolamento e estagnação. Já o interculturalismo é
um movimento que respeita as outras culturas praticando ações para
compreensão da natureza plural, promove o diálogo entre as culturas,
compreende a complexidade e riqueza das relações entre diferentes culturas
colaborando na busca de soluções aos problemas gerados. O
interculturalismo promove o respeito e convivência em uma sociedade plural.
A escola sendo um espaço público que possibilita a criança viver
além da vida privada no ambiente familiar íntimo, pode e deve estimular a
convivência participativa com a diversidade desenvolvendo processos de
ensino e aprendizagem para a vida social plena.
Conforme Silva e Brandim, a educação é o instrumento proeminente
de promoção de valores humanos e universais, da qualidade dos recursos
humanos e do respeito pela diversidade cultural, isso implica construir na
criança a capacidade de convivência e respeito com a cultura do outro.
Partindo dessa premissa cabe a escola colaborar significativamente
para a construção de uma sociedade sadia onde todos possam conviver com
a diversidade sem barreiras, respeitando-se mutuamente e disponibilizando
as mesmas condições de direitos e cidadania.
A história de Piao-Ten
O professor da segunda série do 1º ciclo apresentou ao Conselho
Escolar a história de Piao -Ten, um menino recém-matriculado, filho de
imigrantes coreanos, que chegaram ao Brasil há um mês apenas. Com 8
anos de idade, Piao-Ten é um aluno muito vivo e saudável e já conhece bem
o bairro, segundo informa o professor. A família vive a três quadras da escola
e Piao-Ten vai sozinho às aulas e se mostra disposto a aprender.
Contudo, Piao-Ten e seus familiares ainda não falam português,
assim o professor não consegue fazer-se entender nem pelo menino nem
pela família. Um parente que se encontra há mais tempo no País
acompanhou a família de Piao para fazer a matrícula e se comprometeu a
ajudar os pais do menino a freqüentar um curso de português.
O professor sente não poder responsabilizar-se pela aprendizagem
de Piao-Ten e pergunta à diretora as razões pelas quais a matrícula deste
aluno foi aceita sob tais circunstâncias, já que a escola não dispõe dos meios
necessários para ensiná-lo. A professora de educação física, intervém e
conta sua experiência com o menino, mostrando que concorda com o
professor. Na opinião desta professora, os aluno(a)s da escola deveriam,
pelo menos, falar a mesma língua.
Ela explica de forma exaltada:
– “Creio que é o mínimo que podemos pedir, do contrário, nós,
professore(a)s, além de tudo o que temos de fazer, nos veremos na
obrigação de aprender chinês. Não acredito que isto seja justo!”
Um tanto aborrecida, a professora da terceiro série solicita permissão
para contar sua experiência. Ela lembra que em sua classe há um menino
chamado Jean Pierre, que chegou da França nas mesmas condições de
Piao-Ten e que eles não tinham tido nenhum problema até aquele momento:
ninguém se aborreceu e sequer a situação foi levada ao conhecimento do
conselho escolar. Ela argumenta:
– “Por que tanto problema agora?”, pergunta. “Por acaso Piao-Ten
não goza dos mesmos direitos de Jean Pierre, de ter acesso a uma educação
em local próximo à sua casa? Eu gostaria de saber quais, exatamente, as
razões do colega para dizer que a escola não pode ensinar a meninos como
Piao-Ten.”
O professor que trouxe o problema se defende e diz:
“As únicas razões estão no fato de que não posso comunicar-me
com o garoto e não poderei ensinar-lhe. Acredito que o mínimo que me
compete, em termos de responsabilidade, é partilhar com os senhores minha
preocupação, para o bem do aluno”.
Licenciatura Plena em Pedagogia Acordo Bilateral Brasil Japão
29
Outro professor lembra que, no ato da matrícula, a atendente diz
aos pais e mães que “...a escola é inclusiva e que atenderá a todas as
crianças que solicitem matrícula. Assim, acredito que Piao-Ten é uma dessas
crianças e que , neste momento, exige mais de nossa parte do que outras
crianças, pois encontra-se em um país estranho. Sabe-se lá em que
condições sua família teve que vir para o Brasil?”.
A coordenadora pedagógica lembra que, no caso de Jean Pierre, a
professora do curso foi ensinando o português ao aluno a partir do próprio
texto de leitura e com a ajuda da família. Inclusive, recorda que a ministrava
em torno de duas horas de aulas individuais durante os dois primeiros meses
do Jean na escola, por que ela havia estudado um pouco de francês no
ensino médio.
Um professor pergunta se há escola para as crianças coreanas e
diz:
-“Talvez ele estivesse muito melhor junto aos seus compatriotas” –
insiste. Vários professore(a)s reagem energicamente – “Seria bom que Piao-
Ten estudasse em uma escola onde pudesse aprender o português e se
relacionar com crianças de nossa língua, poderia aprender os nossos
costumes, pois mal ou bem vive aqui”.
A diretora diz tratar-se de uma situação especial, mas que,
possivelmente, mais adiante tenham que receber outras crianças coreanas,
chinesas ou de outros países distantes, tornando-se necessário, portanto,
que ao buscar apoio para atender a Piao-Ten, a escola se prepare para
atender a crianças originárias de países diferentes do nosso. – “O idioma é só um aspecto que teremos de considerar”, disse ela.
Extraído de: Duk, Cynthia. Educar na diversidade: material de formação
docente. 3. ed. Brasília: MEC, SEESP, 2006. 266 p.
Caminhos para integração
Impossível ler a história de Piao Ten, sem deixar de lado a própria
identificação com a realidade de nossa e muitas outras comunidades
estrangeiras residentes no Japão.
Ouvir casos de discriminação e indignação no Japão, como o relatado,
é até passível de compreensão, entendendo o processo formativo da
sociedade japonesa e seu longo período recluso com os povos ao redor do
mundo, bem como sua preocupação na preservação da homogeneidade
cultural japonesa. No entanto, constatar que ainda hoje tenhamos atitudes
como estas num país como o Brasil que nasceu de uma miscigenação tão
intensa, desde seu “descobrimento” até a constante migração absorvida por
nosso país, é constatar de fato, que nossa nação_ seja em sua população ou
mesmo políticas públicas_ jamais soube o que fazer com tanta diversidade
em seu próprio território. E quanto não se perdeu e ainda se perde em capital
humano, quando toda essa riqueza cultural é, simplesmente, ignorada.
Não sei se deveria relatar, mas passei por um processo muito similar
ao de Piao Ten. Meu filho caçula, hoje com 16 anos, nasceu no Japão, mas
aos dois anos retornou conosco ao Brasil onde foi alfabetizado, retornando
ao Japão, já aos 6 anos de idade, ingressou na escola primária japonesa sem
saber uma única palavra em japonês. Não foram raras as vezes em que fui
chamada a escola porque ele havia desaparecido, dentro da própria escola.
Na época não falava muito bem o japonês, por este motivo, uma tradutora
era sempre requisitada para intermediar minhas conversas com o professor e
a direção. Numa dada ocasião, o professor questionou qual era o motivo das
fugas ao meu filho que prontamente respondeu ficar irritado com a falta de
compreensão do que se falava em sala. Uma vez que entendemos o porquê
das fugas, iniciamos um trabalho conjunto para sua permanência em sala e
seu desenvolvimento no aprendizado do idioma e cultura japonesa. Mas isso,
só foi possível com a percepção da própria escola em compreender a
necessidade desse trabalho conjunto em prol de meu filho.
Eis o tino da percepção educacional. A escola, como principal elo de
ligação entre o indivíduo e a sociedade, precisa dimensionar a importância de
seu papel na formação de valores e princípios para a formação desse
cidadão potencial. Por isso, atitudes de recusa diante das diferenças, falta de
comprometimento por parte de docentes e mesmo a direção escolar, se
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31
enquadram em exclusão e divisão entre os seus membros, passíveis de
punições por omissão.
A educação é um processo social do qual todos participam
enquanto realizam ações entre diferentes valores e objetivos a serem
alcançados. Um processo de educação democrático e integrado é aquele
onde todos os envolvidos podem participar na definição de seus planos e não
somente os dirigentes, professores, técnicos e acadêmicos.
Para Praxedes, a diversidade na escola seja respeitada é
necessário que todos sejam reconhecidos como iguais nos seus direitos e
dignidade, sem ferir ou eliminar os traços particulares de cultura que
carregam. Deve a escola oferecer apoio e proporcionar os recursos
necessários para evitar a desigualdade nas oportunidades e no acesso aos
recursos, deve-se ainda destinar mais recursos e direitos àqueles que se
encontram por algum motivo particular em desvantagem aos demais.
A experiência acima citada deve ser tema de estudo para que a
escola revise seus conceitos e assimile sua real condição de veículo de
formação cidadã. Conforme Santos, a escola deve repensar sua função
institucional e social, levando em conta os aspectos éticos, políticos e
culturais, científicos e tecnológicos. É preciso conceber como o aluno
aprende, como o conhecimento se constrói, assumir o aluno como agente de
seu aprendizado, compreender que o conhecimento é dinâmico, é mutante.
Sabendo que o conhecimento se faz conforme o contexto e
ancorado na realidade, neste caso a aprendizagem é duradoura e
significativa, deve-se então levar em consideração as condições do aluno
para efetivá-la na prática.
Para que o aluno acima citado possa desfrutar de uma educação de
qualidade tendo seus direitos respeitados é preciso que todos que fazem
parte da sua vida estejam envolvidos, diga-se a família, a escola e ele
próprio, desfrutando da sua plena cidadania.
Costa acredita que os pais podem exercer influência junto aos seus
filhos quando através das atitudes que pretendem que os seus filhos adotem
em relação a elementos culturais de outras culturas, através de estratégias
utilizadas para orientar ou controlar a ação que as outras culturas poderão ter
sobre seus filhos, ou ainda, através da forma como reagem aos
comportamentos concretos dos filhos.
A família deve, portanto, encorajar a criança a situar-se na escola
respeitando as características da sociedade em que se encontra, elevar sua
autoestima, manter seus traços culturais sem ferir os que a rodeiam. Através
de uma interação direta com a criança oferecer fontes de influência e
experiências diferentes e participar ativamente da vida escolar da criança.
A escola deve ver o aluno como mais membro daquela instituição,
suas limitações não devem ser desprezadas, porém, deve-se proporcionar
acesso a atendimento especial àquela criança enquanto necessitar de apoio
extra tanto para o aprendizado do idioma quanto para socialização e
aquisição do conhecimento.
Deve o professor estar atento quanto a proficiência no idioma e o
que isto pode afetar no seu desenvolvimento, verificar sua adaptação
conforme as exigências nas atividades escolares, promover o entrosamento
na turma, analisar as manifestações de dificuldades do aluno buscando
soluções.
Considerações finais Escola Sala de Aula Família
Estabelecer metas para que
o objetivo essencial, ou seja,
a alfabetização da criança no
português, seja trabalhada
em conjunto com o
professor, família e possíveis
autoridades envolvidas.
Promover a integração das
crianças com o aluno
estrangeiro.
Dispor de artificios em sala
que colaborem com o
processo de alfabetização.
Promover o respeito à
Diversidade, em
demonstrações das
diferenças culturais dos
países envolvidos, neste
caso, Brasil e Coréia.
Aculturar-se através do
idioma e cultura brasileira.
Compreender a importância
de sua participação ativa
nesse processo.
Licenciatura Plena em Pedagogia Acordo Bilateral Brasil Japão
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REFERÊNCIAS COSTA, Fernando Albuquerque – Diversidade cultural e Educação .
Disponível em < http://www.aulaintercultural.org/print,php3?id_article=75 > .
Acesso: 27.3.2013.
PRAXEDES, Walter – A diversidade humana na escola: reconhecimento,
multiculturalismo e tolerância. Disponível em <
http://www.espacoacademico.com.br/042/42wlap.htm > . Acesso em
27.3.2013.
SANTOS, Clenia – O multiculturalismo e a escola Disponível em:
http://www.redem.org/boletin/boletin150509g.php . Acesso em 23.3.2013.
SILVA, Maria José Albuquerque (et ali) – Multiculturalismo e educação: em
defesa da diversidade cultural . Disponível em
<http://www.fit.br/home/link/texto/Multiculturalismo.pdf> Acesso em
23.3.2013.
CARVALHO, Sandra Pavoeiro Tavares. Educação Inclusiva.\ Sandra
Pavoeiro Tavares Carvalho. Cuiabá: UAB\ UFMT, 2011. 94p.
TERRA, Notícias. Sarkozy afirma que "multiculturalismo é um fracasso".
Disponível em <http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4940350-
EI8142,00-Sarkozy+afirma+que+multiculturalismo+e+um+fracasso.html>
Acesso em 20.3.2013
INFANTINE, Isabele. França proíbe uso de véu islâmico em locais públicos.
Disponível em <http://mtv.uol.com.br/memo/franca-proibe-uso-de-veu-
islamico-em-locais-publicos> Acesso em 29.3.2013
CHIAPINNI, Ligia. Multiculturalismo e Identidade Nacional. Disponível em
<http://www.celpcyro.org.br/v4/html/multi_identNacional.htm> Acesso em
31.3.2013
Sexta Semana_ Atividade 11_ Envio de Arquivo Processo Identitário Baseando-se em sua experiência de morar (ou ter morado) no Japão, veja os
vídeos e leia os artigos abaixo e produza um texto contemplando as
questões:
- Por que razão conhecer "outras culturas" pode traduzir-se no reforço, e não
na redução, do preconceito em relação ao 'outro'?
- Quem é o 'outro'? 'Outro' em relação a quê/quem? - O processo de
integração na sociedade de acolhimento implica a perda de traços
identitários?
- Como pode cada um de nós contribuir para tornar o nosso contexto de
intervenção mais cooperativo, alargando as nossas aprendizagens e o
reconhecimento de direitos reais e efetivos?
- No caso da escola, como assegurar que esta cumpra a sua função
primordial para todos os alunos?
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A identidade é a fonte de significado e de experiência
de um povo. Sua construção depende da matéria- prima
proveniente da cultura obtida dessa sociedade em que se
vive, compartilha.
Em Janeiro deste ano, tivemos a presença de um jornalista japonês
em nossa unidade escolar. Ele havia agendado, com um mês de
antecedência, a oportunidade de assistir uma de nossas aulas de História
sobre o tema Multiculturalismo. Ao ser indagado sobre o porquê da
curiosidade, este respondeu que gostaria de entender um pouco mais, sobre
os motivos que cooperam para que, o brasileiro não tenha uma crise de
identidade, uma vez que, nosso país é processo de uma miscigenação
cultural.
A referida aula correspondeu ao período envolvendo a “descoberta do
Brasil”, o processo de ocupação de nossos colonizadores, as economias que
se estabeleceram nesse processo formativo de posse territorial_ exploração
Reportagem do Jornal Yomiuri Shimbum sobre Multiculturalidade. Da esquerda para direita: Douglas (aluno do 8ºEFII) , Mayumi (aluna da 1ªEM), Sandra e Renata (aluna do 7ºEFII).
do pau brasil, atividade açucareira e mineradora _ bem como a última
atividade econômica agrícola, o café, responsável pela leva de imigrantes e
seu estabelecimento em diversas partes do território brasileiro.
Sem mencionar, na política de “branqueamento da nação”, cuja
ideologia contribuiu para abertura dos portos brasileiros, principalmente às
comunidades emigrantes europeias no século XIX, houve uma ênfase na
necessidade urgencial de mão de obra, uma vez que após longos três
séculos de uso da mão de obra escrava, o Brasil se vira na necessidade de
substituir seus trabalhadores.
Passeando pela geografia, com o devido suporte de um mapa,
observamos as grandes diferenças étnico- culturais visíveis em nosso país:
os brasileiros ítalo-germânicos no sul do Brasil, os libaneses e japoneses no
sudeste brasileiro, os mulatos, cafuzos no nordeste e norte do Brasil. Para
uma melhor elucidação, chamei a frente três alunos, descendentes de
japoneses e também de outros grupos étnicos acima mencionados.
Mais do que cooperar com o aprendizado do jornalista, a ideia
primordial fora deixar a mostra aos alunos, o quanto somos belos, graças a
essa diversidade cultural. E o respeito ao outro, o diferente é a chave
essencial para a convivência social, respeito mútuo, troca de aprendizado e
novas experiências. Porém, nem tudo são flores...
Mas, e quem é o outro? O outro são todos, cada qual vive seus
traços, sua ideologia, sua própria construção e isso faz com que existam
outros dentro de um mesmo espaço. Cada qual tem sua própria identidade,
suas convicções, e aquele que não se enquadra nos seus parâmetros é visto
como o outro, o diferente. E conviver com o diferente, traz também conflitos.
A partir do momento que o sujeito passa a reconhecer e respeitar o
outro, ele começa a adaptar-se ao novo local, adquire traços novos, mantém
alguns que lhe são próprios e fortemente enraizados, a partir deste momento
passa a sofrer alterações em sua identidade, tais alterações não o
prejudicam, pelo contrário são benéficas para sua adaptação na sociedade
de acolhimento.
Adquirir novos traços Identitários, perder outros é fundamental para a
convivência pacífica e saudável, qualquer processo imigratório passa por tal
transformação. Os deslocamentos pelo qual passam as sociedades mundiais
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tendem a criar uma cultura multicultural a nível mundial, traços de culturas
diferentes estão totalmente enraizadas pelo mundo inteiro. Conscientes ou
não todos vivem traços diversos, alimentos, moda, bens de consumo,
esportes do mundo inteiro estão a disposição de todos, o que acontece é a
não conscientização da presença do outro na vida cotidiana, tal falta de visão
é conflitante gerando preconceito e rejeição.
Daí então, retorno a Atividade 10, quando falávamos a respeito da
defesa da Homogeneização das culturas mundiais, não só pelo presidente
Sarkozy, como também boa parte de uma população que tem se questionado
até que ponto a massificação e descaracterização de algumas sociedades é
viável e sadia para o futuro da humanidade.
A sociedade atual encontra-se em constante movimento, não há
mais barreiras geográficas_ se caminhávamos a 16 km\h no século XVI, hoje
os jatos como o X-51A Waverider feito na Califórnia atinge 7mil km\h_ e a
comunicação instantânea com o advento da internet, nos remetem muito
mais a barreiras ideológicas do que físicas. Fato é que não há mais como
voltarmos a andar a cavalo ou enviar mensagens via pombo-correio. Foi isso
que a globalização nos deixou como legado, o instantâneo, o fast food.
E quanto à identidade? Ainda é possível manter a identidade nacional
com esse mar de possibilidades? Foi o que me questionou o jornalista
japonês.
Comentei sobre o processo de formação histórica do povo hebreu e de
como, mesmo após quase dois milênios sem um território nacional,
conseguiram manter suas tradições, língua e cultura vivas, passando de
geração em geração, até se estabelecerem em Israel, isso já no século XX.
Sentir-se um nacional, é ser parte do processo histórico de sua
formação, na construção de sua identidade através dessa matéria- prima
obtida pela sociedade da qual esse individuo faz parte.
Para que seja viável a construção de uma sociedade multicultural,
são necessárias mudanças institucionais, mudanças de parâmetros. E isso
pode e deve ser alcançado, especialmente dentro da escola, na família,
como sendo os primeiros meios de convivência que a criança tem para
construção de sua cidadania.
A transformação é subjacente à ideia de aprender a viver juntos e a
relacionar-se numa base igualitária, é um movimento de conscientização
pessoal e criação de propostas e oportunidades de inclusão, respeito e
convivência harmoniosa para todos. Respeito à diversidade paralelo ao
respeito à igualdade.
REFERÊNCIAS AQUINO, Miriam de Albuquerque – Educação e cultura: Aprender a viver
juntos para reconhecer a diferença – Acesso: 28/3/2012 – Disponível em:
http://www.Idemi.ufpd.br/mirian/ARTIGO-
EDUCA%C7%30%20E%20DIVERSIDADE.pdf
Brasileiros deixam topo do ranking de criminalidade no Japão – Acesso:
23/3/2012 – Disponível em:
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