Download - E-Book Questão habitacional CMD.pdf
A questão da Habitação em Conceição do Mato Dentro sempre gerou muitas controvérsias. Temas como ocupações irregulares, invasões de áreas públicas, doação irregular de lotes são polêmicas e sempre evitadas pelos políticos e autoridades competentes. Tenho me inteirado do assunto há 4 anos e gostaria de compartilhar com você leitor algumas informações. Para que você entenda sobre assunto, que é complexo se faz necessário um levantamento histórico da habitação no nosso município, por isso, dividiremos o tema habitação em três tópicos. Primeiro: o Histórico da habitação, Segundo: Situação Atual, e terceiro: O que fazer para resolver o problema.
O histórico da habitação de interesse social
Até o ano de 2009 a questão habitacional nunca fora tratada como política
pública no nosso município, mas neste mesmo ano o município assinou um termo de adesão ao Sistema Nacional de Habitação de interesse Social – SNHIS
(lei nº 11.124/05)amparado nas leis municipais nº s 1940/2008, 1612/2000 e
1620/2000, que criam o Conselho e o Fundo de Habitação Social. Apesar de
haver legalidade jurídica o Conselho Municipal de habitação só veio a funcionar
efetivamente em 2014 onde aí sim a questão habitacional inicia sua caminhada
como política pública em nosso município.
E como era antes de tudo isso?
Como nossas autoridades lidavam com esta situação antes destas leis?
O assunto da habitação sempre fora tratado nos gabinetes sem a
participação popular e não era raro, pessoas que não se encaixavam no perfil de
uma família carente, ser beneficiado em troca de interesses exclusos e apoio
políticos. Os aforamentos eram um mecanismo legal de doação de lotes para
famílias de baixa renda, mas como vimos anteriormente nem sempre era usado
da maneira Correta.
As ocupações desordenadas sempre fizeram parte do contexto histórico de
Conceição, segundo o PLHIS quase 70% dos imóveis da área urbana não possui
registro do imóvel.
Muitas vezes famílias ocupavam áreas, que na sua maioria eram públicas como ocorreu em vários bairros na cidade. Muitos Gestores sabiam os custos e
um crescimento desorganizado, porém não tinham autoridade, nem força, nem
interesse para regulamentar a situação e acabaram sendo passivos com estas
ocupações.
Ações políticas partidárias também contribuíram muito para as ocupações
irregulares, isso porque era comum muitos candidatos “doarem lotes” em trocas
de votos e apoio político, um exemplo vivo até hoje é o conhecido “loteamento
da Ginásio” que não passou pelos tramites legais.As doações dos lotes do
referido loteamento não tiveram critérios técnicos nem transparente e resultou
num grande fiasco, causando danos irreparáveis, seja para a cidade, pois como
é fruto de uma doação irregular não se pode implantar as infraestruturas
necessárias como rede de agua, Energia esgoto e etc, seja paras pessoas que
já possuem casas e lotes nestes locais, pois vivem sem o menor conforto, pois
os serviços básicos nunca estão presentes.Na soma destes fatores se criou um
sentimento de impunidade nos cidadãos baseados nos seguintes itens:
1 - Havia na maioria das vezes um
apadrinhamento de certos políticos e
figuras públicas que contribuem
mesmo que nos bastidores para
algumas ocupações.
2 - Algumas das ocupações irregulares já
haviam se solidificado e não foram
removidas, “legitimando” as ações dos
ocupadores.
3 – Altos preços dos alugueis
incompatível com a população de
baixa renda o que culmina num
sentimento de revolta pois pessoas
que não precisavam receberam lotes,
pessoas que fizeram ocupações não
foram retiradas e não havia por parte
do poder público interesse real de se
resolver o problema.
Não posso terminar esta análise sem mencionar que o grande Boom do
problema habitacional em Conceição do Mato Dentro se deu a partir de 2010,
Com o Empreendimento Minas Rio, isso porque os problemas históricos já
mencionados foram somados com uma alta demanda por imóveis por parte das
empresas envolvidas no projeto, certos imóveis quadruplicaram, quintuplicaram
o valor do aluguel, isso causou grande danos as famílias de baixa renda que se
viram numa situação desesperadora.
Não havia casas para alugar num preço que se podia pagar, não havia uma
política pública direcionada para dar solução a este problema, não havia
interesse dos atores políticos para conter as ocupações, pelo contrario e o
caminho para muitas destas famílias era a ocupação irregular sendo muitos
destes locais área de preservação permanente como o entorno do parque Salão
de Pedras. Tudo isso contribuiu para a situação atual, mas este é assunto para
o nosso próximo encontro, onde apresentarei dados atualizados da realidade da
habitação em nosso município, um grande abraço e até a próxima.