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PAPA JOÃO PAULO II E PAPA FRANCISCO COMO FIGURAS DIPLOMÁTICAS
E ATORES1 INTERNACIONAIS.
Caroliny Aparecida Bueno Lopes Pinto1
1Cursando Graduação em Relações Internacionais pela Universidade Sagrado Coração de Jesus (USC). Email: [email protected]
RESUMO
O presente artigo discorre a concepção de como figuras religiosas conseguem estar diretamente engajadas em uma sociedade internacional. A figura do Papa como representante superior da Igreja Católica, preconiza ao mundo uma imagem de conservadorismo e de não representação social, o que João Paulo II e Francisco transfiguraram. Ambos pontífices instauraram laços com a sociedade jamais vistos, e modificaram o engajamento na sociedade internacional um fator de caráter imprescindível; assumindo a postura de atores internacionais, e mais ainda, exerceram atitudes diplomáticas na conduta de solucionar aquilo que muitos evitaram. A junção do catolicismo com as Relações Internacionais não é apenas possível, bem como, já obteve positivos resultados para a sociedade internacional.
Palavras-chave: Relações Internacionais. Igreja Católica. Papa. Diplomacia. Ator. Sociedade Internacional.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade internacional contemporânea tem seu surgimento no início do
século XX, quando sucede a sociedade internacional moderna que cessa alguns
preceitos como o modelo vestfaliano e o estatocentrismo; formalizando assim, a
deterioração do Estado como único ator internacional e a fragmentação do cenário
internacional com novos atores. Por conseguinte, neste artigo, apontarei dois atores
internacionais, o Papa João Paulo II e o Papa Francisco que ademais influenciam a
sociedade da época com um engajamento diplomático.
A dubiedade aparece quando há a inserção de uma figura religiosa como
sendo por outrora, uma figura com ações diplomáticas e como isso pode acontecer?
1 O termo nas Relações Internacionais é usado para representar um sujeito, um agente.
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Se lidarmos com ambos, sendo antes de figuras religiosas, personagens
carismáticos e que zelam por toda a população mundial, gozaremos de atos que
interviram em toda a sociedade, e comunidade internacional.
À vista disso, será apresentado neste, como objetivo central a análise de
feitos importantes por parte das duas figuras e como estas podem ser enquadradas
como atitudes diplomáticas e bem como há neles personalidades para cumprirem o
papel de atores internacionais.
Para que haja a comprovação, foi utilizado uma profunda pesquisa
bibliográfica, enaltecida em livros, artigos, documentários e sites que tornaram
possível as ideias aqui estabelecidas.
O trabalho será dividido em três principais momentos, o primeiro no qual
discute-se como uma figura religiosa pode-se tornar influente em ações
internacionais. O segundo na qual será estudado mais a fundo a figura internacional
do papa João Paulo II, desde sua infância seus engajamentos e como as suas
viagens apostólicas e diplomáticas surgiram efeito perante a sociedade estatal. Por
fim, como o Papa Francisco vem se transformando em uma figura diplomática de
alta notoriedade.
2 FIGURAS RELIGIOSAS COMO ATORES INTERNACIONAIS
Segundo o Dicionário de Relações Internacionais dirigido por Souza (2005):
Por actores das Relações Internacionais entendemos todos os agentes ou protagonistas com capacidade para decidir das relações de força no sistema internacional, isto é, agentes com poder para intervir e decidir das Relações Internacionais aos seus mais variados níveis, de forma a poderem atingir os seus objectivos. A Política Internacional, depende, em grande parte, do jogo dos actores. Dentro dos actores podemos distinguir o actor principal (o Estado), os actores públicos (organizações internacionais) ou actores privados (indivíduos, empresas, organizações não governamentais, etc.) ou, de outra forma, actores principais, derivados e secundários.
Por conseguinte, se analisarmos acima, é notório que qualquer pessoa que
tenha um engajamento, que intervenha e decida por meio de ações ligadas ao meio
internacionais, se reintegra como um ator internacional.
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Todavia, se tratarmos, de acordo com o Direito Internacional, as figuras
religiosas como membros da Santa Sé, está tem “personalidade jurídica limitada no
direito internacional” (CAPPAROZ, 2012). Entretanto, a Santa Sé é uma
personificação internacional da Igreja Católica, já que tem interferência indireta em
assuntos ligados as Relações Internacionais (ator secundário).
Desde o Acordo de Latrão a “Santa Sé passou a gozar de personalidade
jurídica internacional limitada, nomeadamente, detendo o poder de legação activa
(núncios) e passiva, celebração de tratados e participação nas organizações
internacionais (geralmente como observador) ” (SOUZA, 2005).
No entanto, será considerado para o presente trabalho, os sujeitos, como não
sendo apenas parte do corpo e da personalidade jurídica da Santa Sé; e sim, como
pessoas, sujeitos e agentes das Relações Internacionais. Indivíduos esses que
agiram e agem para o bem de uma sociedade interina, levando a religião, e até a
evangelização, mas considerando acima de tudo, o bem-estar e o envolvimento
político.
Para exemplificar, podemos indicar o episódio no qual, papa João Paulo II
pediu desculpas, por todo o papel desempenhado pelos católicos durante a
Segunda Guerra Mundial (mais precisamente no Holocausto), no qual, se o
antecessor (Papa João Paulo) tivesse alertado a sociedade para as atividades
exercitas pelos nazistas, poderia sim, haver uma diminuição nas perseguições.
Uma importante ressalva, é a adoção apenas de dois sujeitos papais para a
elaboração do trabalho. Sabe-se que nem todo corpo hierárquico eclesiástico é
aberto a ressalvas políticas e diplomáticas, um recente exemplo, é o papa Bento
XVI, que regeu a Igreja Católica com renovado conservadorismo, na qual, sua
ideologia não permitia um diálogo com outras religiões, proclamando apenas a
doutrina tradicional da Igreja.
Os papas escolhidos, entretanto, não restringiram o pensamento católico
apenas a doutrina, e sim, ao mundo. Promoveram aos cristãos homílias que os
fizessem sentir um importante meio de solucionar barreiras no mundo, resolveram
questões políticas, pediram por política, viajaram em tentativas de cessar problemas
sociais e econômicos.
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Segundo o YOUCAT2 (2011, p. 87-89) o papa é quem garante a unidade da
Igreja, é ele quem possui a maior autoridade pastoral e uma decisão do papa é
considerada infalível quando proclamado um dogma solenemente, ou seja, uma
decisão de carácter de fé e moral.
Moralmente, os papas São Paulo II e Francisco, discursaram abertamente
sobre divergentes questões, e não apenas o discurso, mas a prática das boas ações
os mantiveram com pessoas de um carisma e de um carácter insondável.
A partir do fator, carisma e indivíduo internacional, é que ambos serão
analisados como atores internacionais e figuras diplomáticas, não levando com alta
consideração uma autoridade. E sim, como indivíduos internacionais.
3 PAPA JOÃO PAULO II
Karol Jósef Wojtyla (nascido em 16 de outubro de 1920 e faleceu em 02 de
abril de 2005) mas conhecido pelos cristãos e pelo mundo como João Paulo II,
nasceu no sul da Polônia, em uma cidade próxima a Cracóvia, sempre teve grande
proximidade com crianças judias e católicas. Karol, presenciou a Segunda Guerra
Mundial e a invasão nos nazistas na Polônia (na época estudava na Universidade
Jaguelônica em Crácovia, onde teve de ser interrompido por conta da guerra).
Continua os estudos escondidos do governo, e em 1942 recebe o chamado e entra
clandestinamente ao seminário.
Com a morte de João Paulo I, é realizado o Conclave com o qual, Karol é
eleito por 99 votos de 111, na sua primeira homília (22 de outubro de 1978), João
Paulo II, pede liberdade econômica e política (muitos países viviam no comunismo e
em outras ditaduras); desde o primeiro momento o papa já mostrava seus interesses
religiosos e o envolvimento com a política.
3.1 DIÁLOGO COM RELIGIÕES
A partir de 1986, João Paulo II deu início a um pontífice distinto até então;
começou a se comunicar e a dialogar com outras religiões, em 27 de outubro, do
2 O YOUCAT,é a abreviação de Youth Catechism, ou, Catecismo Jovem; é um livro que relata em perguntas e respostas todas as dúvidas advindas do Catolicismo. O Papa João Paulo II foi quem tomou a ideia, e incumbiu a missão ao futuro Papa Bento XVI.
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mesmo ano, deu-se a criação do dia da oração onde compareceram a Igreja
Ortodoxa, Igreja Anglicana (Igreja Católica na Inglaterra), Budista e Judaica.
Durante a Guerra da Bósnia (1923), houve mais uma edição do dia da
oração, e em 2002 João Paulo contrapôs o terrorismo e os atentados em 11 de
setembro tendo para tanto uma opinião política.
Como um de seus atos diplomáticos João Paulo II, aproximou a Igreja
Católica dos judeus, visitando em 1979, o Campo de concentração de Auschwitz, na
Polônia, e sendo o primeiro pontífice a visitar a Grande Sinagoga de Roma no ano
de 1986, exprimindo assim, a realidade até então vivida pelos católicos de não
possuir uma abertura com as demais religiões, mantendo durante todo seu
pontificado relações amigáveis, diplomáticas e de apoio.
3.2 POSIÇÕES SOCIAIS
O pontífice deixou sempre claro seu ponto de vista, a paz. Até mesmo por ter
vivido entre a 2ª Grande Guerra, seus discursos sempre pesando pela paresia, era
convictamente contra o aborto, como forma de proteção à vida, foi publicamente
oposto ao Apartheid da África, onde em sua visita aos Países Baixos, no ano de
1985 discorreu sobre o Tribunal de Haia.
Durante a Guerra do Iraque, onde os Estados Unidos da América, invadiu-o
nos anos 2000, o Papa, enviou cartas para Washington na tentativa de conversar
com o até então presidente da época, George W. Bush; para assim, na tentativa de
interrompimento, o que acabou por falha.
3.3 VIAGENS MISSIONÁRIAS
No site oficial do Vaticano é possível o acesso e as decorrências de todas as
viagens realizadas por João Paulo II durante seu pontificado. De acordo com o
mesmo, João Paulo II visitou 130 países distintos e mais de mil cidades em todo
mundo, é considerado como um dos líderes que mais viajou na história da
humanidade; aferisse que tenha percorrido em torno de 1,2 milhões de quilômetros,
o mesmo que viajar ida e volta à Lua três vezes.
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A relação completa das viagens pode ser acessada pela web, porém abaixo
segue uma lista com as viagens de âmbito diplomático.
Polônia, 1979. João Paulo II tenta defender o povo no comunismo que
aniquilava o povo desde a década de 1950 e pediu a população em seu discurso
para que “não excluíssem Cristo da sociedade”.
Brasil, 1980. Ainda durante o governo militar, João Paulo II, visitou mais de 13
cidades brasileiras, participando de um Congresso no qual defendia a justiça social,
os direitos humanos e uma reforma agrária.
Portugal, 1983. Visitou a cidade de Fátima e se solidarizou com todos os
católicos perseguidos por sua fé.
África, 1985. Na cidade de Marrocos discursou para milhares de jovens
muçulmanos afirmando que ambas as religiões e culturas têm muitas coisas em
comum.
Áustria, 1988. Em um encontro com judeus pediu desculpas por todas as
mortes de judeus austríacos.
Checoslováquia, 1990. Logo ao chegar beijou o chão em um sinal de
reconciliação de tempos densos entre Bohemia e Roma.
Cuba, 1998. Discursou na Universidade de Havana “A Igreja Católica não se
aproxima de qualquer cultura em particular, mas aproxima-se de todos elas com o
espirito aberto. Ao propor com respeito a sua própria visão do homem e dos valores,
ela contribui para a crescente humanização da sociedade”. O Papa ainda afirma
que, não teve a mesma sorte de ajudar a derrubar o comunismo em Cuba como fez
em sua terra, Polônia; entretanto após a visita, Cuba voltou a comemorar o Natal.
Israel, 2002. Se desculpou à população da cidade por nunca te conseguido
controlar os conflitos religiosos.
França, 2004. Sua última viaje apostólica e diplomática na qual pediu a
população para que nunca se esquecem da paz e para que vivessem sem violência.
Após mais de 27 anos como pontífice e todas as viagens realizadas, João
Paulo sempre procurou agregar por cada país que passava a política da paz, da
solidariedade e da vivencia em comunidade, alertando sempre que devemos
propormos a entender e efetivamente realizar aquilo que o mundo deve ser3.
3 O que o mundo deve ser é uma das preocupações vistas pelos realistas (Carr) na qual, admitiu que as preocupações com que o mundo deveria ser foi o que “acabou por cegá-los” (NOGUEIRA E MESSARI, 2005).
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3.4 O PAPA E O FIM DO COMUNISMO
Os poloneses sofreram abertamente com o regime comunista que se
implantou em Varsóvia, na década de 1970, a população vivenciou uma grave crise
econômica com inflações altíssimas.
Quando Karol foi eleito como Papa, o governo comunista sentiu-se
repreendido e a população teve leves sinais de esperança. Quando em 1979, João
Paulo II faz sua primeira viajem a Polônia, agora como Papa, traz um avivamento de
esperança a mais de 3 mil pessoas, que se deslocaram até a praça de Varsóvia
para ouvirem do Papa as seguintes palavras “ Cristo não pode ser excluído da
história da raça humana em nenhuma época ou lugar”. O pontífice tentou por
diversas vezes voltar a sua terra natal, mas foi proibido pelo governo comunista.
Voltou a Polônia em 1983 e 1987 mesmo com as recusas do governo.
Como um forte anticomunista, João Paulo II aliado aos Estados Unidos da
América e ao presidente direitista Ronald Reagan contribuiu com informação
valiosas para a CIA, em suas visitas ao Vaticano, passava dados que sabia sobre a
Igreja Católica polaca e de espionagens. Após quase cinquenta anos de ditadura4
comunista, o povo polaco em 1989 conseguiu suas primeiras eleições, e no ano
seguinte o governo comunista acaba por renunciar.
João Paulo II realizou tentativas de disseminar o comunismo nas Américas,
como em Cuba, porém não obteve sucesso. Além de um forte anticomunista,
discursava também sobre o capitalismo, pedindo que nações mais ricas perdoassem
dividas de países pobres.
3.5 DIPLOMACIA DO PAPA JOÃO PAULO II E SEU PAPEL DE ATOR
INTERNACIONAL
João Paulo II, em muito de seus momentos no pontificado, representou não
apenas o Vaticano e a Santa Sé, mas sim todo o povo; trouxe uma
representatividade global, de acordo com dados do site do Vaticano, ele foi a pessoa
4 Regime político caracterizado pela ausência de quaisquer limites ao exercício do poder. Este tipo de regime pode assumir carácter autoritário ou totalitário e ser de origem conservadora ou revolucionária (SOUZA, 2005).
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mais vista em toda a história da humanidade, tem-se que ao menos 500 milhões de
pessoas já tenham o visto pessoalmente.
O pontífice falava além do polonês e italiano sabia fluentemente inglês,
espanhol, francês, português, alemão, russo, ucraniano, grego e latim. Chegou a
fazer pronunciamentos em quase 90 línguas. Para um diplomata brasileiro é
necessário que se tenha ao menos língua inglesa e francesa, mas João Paulo II
tinha uma peculiaridade, gostava de falar na língua oficial de cada país visitado para
que a população local, se sentisse unicamente acolhida.
O Papa pode ser considerado um ator internacional, pela força como
intervinha em problemas mundiais e pelo modo como resolvia didaticamente tudo o
que lhe chegava à ouvidos. Também conhecido pela sua bondade e pela doação
não apenas de seu tempo como de seus bens materiais, João Paulo II o dinheiro
arrecadado com a venda do seu livro “Cruzando o Limiar da Esperança” para
reconstruir Igrejas que haviam sido destruídas na Iugoslávia.
Se consideramos atores interacionais, famosos ou pessoas advindas de
outras localidades que intermeiam por ajudar outros países, ou na adoção de
crianças em estados de calamidade, como não é dado há um Papa que influenciou
a vida de milhares de pessoas e de países com seu carisma, boa vontade e
intervenção política.
4 PAPA FRANCISCO
O americano Jorge Mario Bergoglio (76), é o primeiro Papa jesuíta5 e
argentino, foi arcebispo de Buenos Aires e é conhecido pela sua simpática,
humildade e compaixão para com o próximo.
Filho de imigrantes piemonteses6 tem sua biografia altamente reservada até
tornar-se figura pública na Igreja Católica; é técnico químico, e licenciado em
filosofia e teologia. Ordenado em dezembro de 1969, optou pelo voto jesuíta no ano
de 1973 e desde então, segue-o rigorosamente.
5 Membros da Companhia de Jesus, uma organização religiosa que foi fundada em 1534 por São Inácio Loyola e São Francisco Xavier, a missão dos jesuítas é se dedicar a evangelizar (apresentar a Bíblia) e converter a quem não é católica e cuidar dos pobres e doentes. Têm como principal voto o da pobreza, na qual renegam todos os seus bens para viverem de maneira humilde e sem luxo algum. 6 Piemonte é uma região situada no norte da Itália.
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Ocupou diversos cargos dentro da Santa Sé, como a Congregação para o
Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero, da
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida
Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família e da Pontifícia Comissão para a
América Latina; entretanto permaneceu sempre como sendo um homem comum e
de hábitos extremamente corriqueiros.
De acordo com o site oficial do Vaticano, já ao anunciar sua escolha de nome
para servir como Papa, enfatizou que seria Francisco, pois assim como o Santo,
queria uma “Igreja pobre para pobres”. Mantêm a postura conservadora da Igreja
Católica, contudo visa que os cristãos saiam de suas zonas de conforto e se
engajem na sociedade.
4.1 REATIVAÇÃO DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE ESTADOS UNIDOS E
CUBA
Papa Francisco trabalhou como figura primordial para que as relações
diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos da América voltassem a ativa. Por
ventura das mediações na busca de entendimentos e da paz entre nações, as
relações comerciais suspensas a mais de 50 anos voltaram a ser efetivadas.
O pontífice agiu de maneira altamente diplomática quando em março de 2013
em uma visita de Barak Obama ao Vaticano debateu sobre normalização das
relações comerciais entre os países e por meio de cartas pediu que houvesse a
libertação dos prisioneiros em ambos os países.
Já haviam conversas e debates secretos entre os países para que as
relações fossem retomadas, mas somente com a reunião organizada pelo Vaticano
em que Cuba e Estados Unidos da América foi avaliado as atitudes de ambos os
lados com relação a espionagem, libertação dos prisioneiros e demais questões.
O Vaticano e o corpo diplomático norte americano concordaram que a
decisão de reestabelecimento das ações vindas por parte de Francisco, foi o
essencial para que houvesse a normalização nas relações de corpo tanto
diplomático quando comercial.
Francisco exerceu neste momento da história, um papel de ator internacional,
envolvendo-se diretamente e pessoalmente em questões de patamar político
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internacional e que não havia um “cessar” a anos. Ao contrário de muitos, o “ir
pessoalmente” (a Igreja Católica conta com 179 representantes políticos em países
pelo mundo) foi um dos fatores decisivos.
4.2 DISCURSO NA ONU
O Papa Francisco discursou no dia 25 de setembro de 2015 perante a Cúpula
das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em comemoração aos 70
anos da ONU. Seu discurso representou aos presentes, a maior intervenção do
Vaticano e da Igreja Católica no que diz respeito a inserção da política diplomática.
No seu pronunciamento, o Pontífice citou tópicos correlacionados com a economia,
sociedade e política – abordando questões como a exclusão social, repressão dos
organismos econômicos internacionais, guerra, meio ambiente, desenvolvimento
humano, entre outros
O Papa discursou ainda que é de extrema importância que a ONU passe por
uma reforma e adaptação para que assim todos os países possam influencia-la de
maneira igualitária. No caráter econômico, Francisco ressalva o desigual sistema e
criticou as agencias financeiras aonde são geradoras da maior pobreza, segregação
e dependência econômica.
Em patamar sustentável, o pontífice culpa a ambição humana pelos bens
materiais e de consumo, na qual causamos a poluição ambiental e fomentamos a
cultura do descarte. Criticou a repressão a minorias religiosas e clamou para que os
governos superassem seus interesses ideológicos e partidários a fim da promoção
de um bem comum.
4.3 DIPLOMACIA DA PAZ ENTRE JUDEUS E PALESTINOS
Bem como o acontecimento com os Estados Unidos da América e Cuba,
Francisco também trabalhou como diplomata e novamente como ator internacional
ao intermediar em julho de 2014, um encontro entre os líderes palestino - Mahmud
Abbas- e israelense - Shimon Peres.
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A tensão em Gaza em decorrência de diversos conflitos armados que
decorriam advindos de questões políticas e religiosas, não sobressaíram ao convite
do Papa para a participação no evento, onde ambos selaram a paz; o líder palestino
ainda afirma, que este ato foi uma esperança à paz.
4 ENGAJAMENTOS DOS JOVENS NA POLÍTICA
Em uma de suas homilias no ano de 2013 o Papa já havia dito que “política -
diz a Doutrina Social da Igreja- é uma das formas mais elevadas da caridade,
porque serve ao bem comum. Eu não posso lavar as mãos, né? Todos devemos dar
algo!"
Durante a Jornada Mundial da Juventude, no seu discurso, o pontífice pede
que os jovens se rebelem, questionem, sonhem e realiza ainda uma analogia com o
pensamento de Martim Luther King “ Eu tenho um sonho” com o intuito de instigar
aos jovens a saírem de suas comodidades e a lutarem por um bem comum.
O Papa diz, que é confortante a ele ver jovens revoltados e que buscam seus
direitos e autonomias, e lutem por uma sociedade justa e igualitária, e ainda diz "Um
coração misericordioso se anima a sair da comodidade(...), um coração
misericordioso se abre para receber ao refugiado e ao migrante". Pede aos jovens
que sejam "políticos, intelectuais, ativistas sociais" e ajudem a construir uma
economia global que seja "inspirada pela solidariedade".
Chegamos ao ponto, se um Papa ter de pedir, para que jovens se rebelem
contra o errôneo e atuem na sociedade nacional e internacional, o que deveria
acontecer naturalmente; Francisco toma seu papel de ator internacional no corpo
diplomático, para pedir auxílio aos jovens, para que não sonhem e esperem, mas,
façam por acontecer.
5 CONCLUSÃO
Diferente de muito que foi-se visto na história da Igreja Católica, em questões
de âmbitos diplomáticos, João Paulo II voltou-se a preocupações com situações
advidas da guerras e de combates de governos comunistas, como feito com êxito
em sua terra natal, Polônia. Enquanto Francisco obtém-se atento a honrar o título de
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pontífice, aquele que constrói pontes, exercendo um papel de intermediador
diplomático.
A Igreja Católica no decorrer de seus XXI séculos de atuação na sociedade
cometeu diversos delitos, entretanto vale a ressalva de que tudo pode ser mudado
quando estamos com líderes que pensam e agem a favor do povo. Ser um ator
internacional, não é apenas representar a Santa Sé em questões ligadas ao
cristianismo, e sim, extrapolar linhas de conforto e agir em favor na sociedade, como
feito por ambos os pontífices retratos no artigo.
Agir diplomaticamente é como o pensamento de Millôr Fernandes “ser
diplomata é discordar sem ser discordante” é confrontar aquilo que está
acontecendo em sociedade e não apenas discordar, e ignorar os fatos, e sim, ir ao
encontro de soluções eficazes que comprovam que o não contentamento é
relevante; o que ambos os papados fizeram, não se abstiveram daquilo que a
sociedade vivenciava no presente momento, e agiram por mudanças, usando o que
é essência a um diplomata, o carisma, a indignação e a perseverança de bons
frutos.
REFERÊNCIAS
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