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Notas de Aula de ENT 110 – Sericicultura

Prof. Ronald Zanetti - DEN/UFLA, CP 3037, 37200-000, Lavras, MG. [email protected]

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DOENÇAS E PRAGAS DO BICHO-DA-SEDA

As lagartas do bicho-da-seda devem ser vistoriadas rotineiramente de forma a detectar a ocorrência de doenças, no caso de aparecerem lagartas doentes, a primeira providência deverá ser a retirada das mesmas da cama de criação. Logo após, deverá ser feita a aplicação de produtos desinfetantes sobre as restantes.

Os produtos utilizados na desinfecção corporal são formulados em pó e devem ser polvilhados de maneira uniforme (uma camada fina) sobre as lagartas, utilizando-se um saco de pano fino. O aplicador deve utilizar o equipamento de proteção individual, tomando alguns cuidados, como a aplicação do produto sempre antes do abastecimento de amora, quando já não houver muita sobra de folhas na cama, e não oferecer folhas de amora molhadas após aplicação dos produtos, pois poderá ocorrer intoxicação. Os produtos mais utilizados são: Sedanil PS (Chlorothalonil, 2%) e Sedacloro (Hipoclorito de cálcio, 3,5%). Ambos são fungicidas de uso exclusivo na sericicultura, na desinfecção simultânea de lagartas e de camas de criação e controlam calcinoses e aspegilose. Devem ser polvilhados uniformemente sobre o corpo das lagartas e suas camas, com o auxílio de uma peneira de malha fina ou um saco de pano fino (gaze). A dosagem recomendada é de acordo com idade das lagartas: durante a terceira idade 33 g/m2 de cama; durante a quarta idade 44 g/m2 de cama e durante a quinta idade, 55 g/m2 de cama.

A freqüência de aplicação é de duas vezes ou mais em cada idade, de acordo com a necessidade, sendo a primeira aplicação de cada idade feita após a muda e antes do primeiro fornecimento do alimento às lagartas; não aplicar o produto durante a muda.

Outros produtos utilizados são: BRA-F (cal hidratada + formol em pó), Cal hidratada, Formol em pó + talco.

6.4.1. DOENÇAS Pebrina: Protozoário (Nosema bombycis) Infecção: transmitida aos ovos pela mariposa mãe, lagartas por via oral e folhas infestadas. Sintomas: os ovos são facilmente descolados do substrato de postura, são

postos uns sobre os outros de forma amontoada; as lagartas apresentam manchas pretas no corpo, ficam inativas, vagarosas, pálidas, cessam a alimentação e crescem menos.

Controle: fazer inspeção microscópica nas posturas ou mariposas, descartando as posturas contaminadas; desinfetar os ovos com formol 2% e lavá-los em água corrente; manter a higiene das

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instalações; inspecionar diariamente a criação; desinfetar as instalações com formol 3%.

Poliedrose nuclear (NPV) ou Amarelidão : Virose (Baculovírus) Infecção: via oral e contato com folhas infestadas. Sintomas: a lagarta perde o apetite, tem movimentos bruscos com a cabeça; a

pele fica tencionada e libera um líquido branco, caminha vagarosamente, não muda de tegumento e nem se encasula.

Controle: manter a higiene das instalações; inspecionar diariamente a criação; evitar extremos de temperatura; evitar alimentação inadequada; promover a ventilação e espaçamento adequado; desinfetar os equipamentos com vapor quente por 30 minutos; desinfetar as instalações com formol 3%.

Poliedrose citoplasmática (VPC):Virose (Cypovírus) Infecção: via oral e contato com folhas infestadas. Sintomas: as lagartas perdem o apetite, reduzem o crescimento; a cabeça

cresce desproporcionalmente; as fezes são moles e esbranquiçadas.

Controle: manter a higiene das instalações; inspecionar diariamente a criação; evitar extremos de temperatura; evitar alimentação inadequada; promover a ventilação e espaçamento adequado; desinfetar os equipamentos com vapor quente por 30 minutos; desinfetar as instalações com formol 3%.

Flacidez Infecciosa (Vírus F): Virose (Vírus de partícula livre RNA) Infecção: ovos e folhas infestadas. Sintomas: as lagartas apresentam o corpo transparente, pouco desenvolvido;

ficam enc olhidas, perdem o apetite e a mobilidade. Controle: fornecer folhas altamente nutritivas; controlar bem a temperatura e

umidade; aplicar calcário na cama; desinfetar os equipamentos e instalações com formol 3%.

Gastrointestinais Bactéria (Baccillus thuringiensis) Infecção: folhas infestadas. Sintomas: a lagarta perde o apetite e a elasticidade da pele, fica encolhida

após a muda, apresenta diarréia e vômitos. Controle: evitar aplicar Baccillus thuringiensis próximo ao amoreiral,

desinfetar as instalações com formol 3%, alimentação adequada,

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eliminação dos focos, controle da temperatura e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

Muscardina branca ou Calcinose -branca : Fungo (Beauveria bassiana) Infecção: contato com folhas infestadas. Sintomas: manchas negras no corpo, perda de apetite, inatividade,

aparecimento de micélios brancos sobre o corpo após a morte. Controle: queima dos resíduos, destruição do lote quando a lagarta for jovem,

limpeza e desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% e aplicação de fungicidas sobre as lagartas..

Muscardina Amarela: Fungo (Isaria amarela) Infecção: contato, principalmente. Sintomas: manchas negras no corpo, perda de apetite, inatividade,

aparecimento de micélios brancos com esporos amarelos sobre o corpo após a morte.

Controle: queima dos resíduos, destruição do lote quando a lagarta for jovem, limpeza e desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

Calcinose -verde : Fungo (Nomuracea rileyi) Infecção: contato com folhas infestadas. Sintomas: perda de apetite, inatividade, aparecimento de micélios brancos

com esporos verdes sobre o corpo após a morte. Controle: queima dos resíduos, destruição do lote quando a lagarta for jovem,

limpeza e desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

Calcinose -preta : Fungo (Metarhizium anisopliae) Infecção: contato com folhas infestadas. Sintomas: lagartas com coloração verde escura, ocorrendo em lagartas novas. Controle: queima dos resíduos, destruição do lote quando a lagarta for jovem,

limpeza e desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

Calcinose -amarela: Fungo (Paecilomyces sp. ) Infecção: contato com folhas infestadas.

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Sintomas: lagartas com coloração branca. Controle: eliminação dos focos, alimentação adequada, limpeza e

desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% % e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

Aspergilose: Fungo (Aspergillus sp.) Infecção: contato com folhas infestadas. Sintomas: lagartas com coloração escura ou alaranjada. Controle: queima dos resíduos, destruição do lote quando a lagarta for jovem,

limpeza e desinfecção das instalações e materiais utilizados na criação com formol 3 a 3,5% e aplicação de fungicidas sobre as lagartas.

6.4.2. PRAGAS Mosca Kyoso (Sturmia sericariae) Reconhecimento: mosca da família Tachinidae, cor preta acinzentada. A

lagarta é amarela palha. O ovo é oval e preto, esta mosca oviposita seus ovos nas nervuras das folhas da amoreira.

Controle: desinfetar as folhas antes de fornecê-las às lagartas ou usá-las na fase inicial na 1a e na 2a idades ou no final da 5a idade.

Mosca Tachina (Tricholyga sorbillans) Reconhecimento: mosca semelhante à mosca doméstica, porém um pouco

maior. Corpo amarelo-acinzentado com quatro listras ao longo do tórax; seus ovos são amarelados. Ocorre oviposição sobre o corpo da larva, na região torácica ou nos sulcos junto ao tórax.

Controle: usar piso cimentado no local de manuseio dos casulos para evitar que as lagartas da mosca empupem no solo. Vedar os janelões com tela. Queimar os casulos e lagartas parasitadas.

Mosca Uzi (Tricholyga bombycis) Reconhecimento: mosca cor cinza, com listras pretas e cinzentas. Ovos

brancos, pequenos e ovais, são ovipositados sobre o tórax ou junto aos sulcos perto do tórax da larva do bicho-da-seda, matando-a.

Controle: usar piso cimentado no local de manuseio dos casulos para evitar que as lagartas da mosca empupem no solo. Vedar os janelões com tela. Queimar os casulos e lagartas parasitadas.

Ácaro da Sarna da Palha (Pediculoides ventricosus)

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Reconhecimento: ácaro de 0,2 mm de comprimento, amarelo-claro. Dano: matam as lagartas do bicho-da-seda em 1 ou 2 horas após o ataque,

injetando uma toxina. Controle: desinfetar camas e materiais de criação. Besouro do Casulo (Dermestes ater) Reconhecimento: besouro marrom-escuro, alongado, de 6 a 9 mm. As lagartas

têm de 1,6 a 2,6 mm, cobertas de pêlos amarelos. Dano: perfuram os casulos e devoram as pupas. Prevenção/Controle: limpar o depósito de casulos freqüentemente.


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