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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
ESCOLA E VIOLÊNCIA: UM OLHAR DO GESTOR
EDUCACIONAL ÀS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA
VIOLÊNCIA NO DIA-A-DIA DAS ESCOLAS PÚBLICAS
ESTADUAIS DA CIDADE DE BOA VISTA-RR.
Por: Valdivino Barros Morais
Orientador: Vilson Sergio de Carvalho
Boa Vista
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
ESCOLA E VIOLÊNCIA: UM OLHAR DO GESTOR
EDUCACIONAL ÀS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA
VIOLÊNCIA NO DIA-A-DIA DAS ESCOLAS PÚBLICAS
ESTADUAIS DA CIDADE DE BOA VISTA-RR.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Administração Escolar.
Por: Valdivino Barros Morais
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e a
minha família pelo apoio em mais esse
desafio em minha vida. A tutora Prof.ª
Dayana Pereira Trindade por suas
orientações e apoio a mim concebido. A
todo corpo docente e funcionários do
IAVM que tanto contribuíram para minha
formação neste curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha querida
esposa Noeme Gomes e a minha
preciosa filha Nayara que por meio do
carisma e dedicação pelo que fazem me
contagiaram levando ao interesse pelas
questões relacionadas à educação. O
meu muito obrigado.
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RESUMO
Esta pesquisa diagnosticou os problemas de violência nas escolas
públicas estaduais da cidade de Boa Vista-RR. Para isto, fez uso de
metodologias qualitativas e quantitativas, tendo coletado os dados por meio de
entrevistas e aplicação de questionários com professores e gestores das
escolas em estudo. Todas as escolas trabalhadas apresentam casos de
violências, que mereceu várias iniciativas do poder público. Apesar de
mitigadas, a violência continua a marcar o cotidiano, caracterizando-se em
suas diferentes manifestações, como violência física, agressões verbais,
ameaça de aluno para com o professor, violência de funcionários para com
alunos e incivilidades. Em algumas escolas a presença da polícia tem sido um
fator de inibição dos fatos mais graves. Confirmando a literatura resenhada, a
pesquisa indica que as raízes da violência nas escolas analisadas se
encontram, em grande parte, na exclusão social, nas desigualdades sociais, no
desemprego, nas práticas pedagógicas inadequadas, na falta de maior preparo
e integração dos professores, que em grande parte são contratados. Este
trabalho ressalta diversas modificações de ordem pedagógicas e material, além
de acentuar a adoção de ações junto à comunidade em conjunto com órgãos
governamentais como meio para a criação de uma consciência preventiva
contra às diferentes manifestações de violência.
Palavras-chave: violência, educação, comunidade, práticas pedagógicas.
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METODOLOGIA
Para alcançarmos os objetivos propostos nesta pesquisa, adotaremos
os seguintes procedimentos: Levantamento bibliográfico que serão analisados
obras básicas sobre a violência nas escolas, obras informativas dos dados
secundários referentes aos aspectos sociais, econômicos e culturais dos
alunos, bem como, o de documentos arquivados em órgãos públicos estaduais.
No que tange à interpretação da problemática escola e violência, vale ressaltar
as contribuições de autores como ABRAMOVAY, que em seu livro Escola e
Violência (2003), focaliza a questão das violências no cotidiano das escolas; a
importante obra da UNESCO (Desafios e alternativas: violências nas escolas,
2003) na qual o autor explora, dentre as muitas questões sobre a violência, a
problemática da juventude e a violência escolar; a discussão de CANDAU
(1999), que faz uma leitura da escola e violência em suas múltiplas faces no
seu artigo intitulado “Escola e Violência”.
Como forma de interpretar a problemática da violência nas escolas em
suas diferentes manifestações, buscaremos subsídios nas pesquisas
realizadas por estes autores supracitados acima e outros.
Para fundamentar estas interpretações será feito um levantamento de
dados através de trabalho de campo com aplicação de questionários e
entrevistas aos professores, psicopedagogos e diretores das respectivas
escolas em estudo. Que serão analisados considerando o nível de violência no
cotidiano escolar em suas diversas expressões.
Nesta ótica, podemos dizer que esta pesquisa parte de uma
metodologia quantitativa e qualitativa e procura analisar o processo da
violência nas escolas estaduais da cidade de Boa Vista, visando o
aprofundamento teórico conceitual da temática em questão. Para tanto,
analisaremos e interpretaremos dados coletados tanto de fontes primárias
como de fontes secundárias, apresentados sob forma de gráficos, tabelas e
mapeamento cadastral, permitindo, assim, traçar uma perspectiva para a
problemática proposta.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................08
1 ESCOLA E VIOLÊNCIA: ALGUMAS REFLEXÕES........................................11
1.1 Estrutura e organização social das escolas................................................13
1.2 O surpreendente fenômeno da violência escolar........................................14
2 MANIFESTAÇÕES DA VIOLÊNCIA NA VISÃO DOS PROFESSORES
E GESTORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DA CIDADE DE
BOA VISTA.......................................................................................................17
2.1 O significado da violência nas escolas.......................................................19
2.2 Regras de conduta escolar.........................................................................23
2.3 A escola e suas relações com a comunidade..............................................24
2.4 O papel do gestor escolar na prevenção da violência.................................25
3 SUGESTÕES PARA REDUÇÃO E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA
NAS ESCOLAS..................................................................................................27
CONCLUSÃO..............................................................................................32
BIBLIOGRAFIA............................................................................................35
ANEXOS......................................................................................................37
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8
INTRODUÇÃO
A violência tem sido uma das ocorrências mais frequentes entre as
diferentes formas de organização social sendo que a escola se apresenta como
um lugar onde estas ocorrências de violências destroem valores sociais e
familiares resguardados e cultivados há muitas décadas.
Muitos esforços têm sido empreendidos para eliminar as causas
geradoras da violência que se apresenta como uma das características
perversas da modernidade. Os obstáculos à concretização da paz buscada por
todas as sociedades esbarram historicamente no encontro e desencontro da
diversidade de pessoas e de modo de viver, pensar, sentir e agir.
No Brasil, durante os últimos vinte anos, as políticas públicas de
redução da violência têm se originado, sobretudo, na esfera estadual e
municipal. Muitos órgãos governamentais e não governamentais dedicam-se a
pesquisa e a busca de estratégias que despertem o debate sobre a convivência
humana, principalmente em estruturas apoliticamente estáveis. A educação e a
escola são formas institucionais que compõem esta estrutura.
A violência pode ser revestida de diversas formas, mas num sentido
restrito, pode ser definida como uma ruptura brusca da harmonia num
determinado contexto, podendo ser sob a forma de utilização da força física,
psíquica, moral, ameaçando ou atemorizando os outros.
Para Araújo,
... as várias expressões utilizadas para a violência por diversos
teóricos, bem como, “violência nas escolas”, “violência das escolas”
se confundem com “violência que ocorre na educação” com
“educação violenta”. Esses vários usos da palavra “violência”, ao lado
de outras como “indisciplina”, possibilitaram, ao longo dos anos,
alterações de significado sobre o conjunto das ações escolares.
Certos atos dos alunos, antes considerados como transgressores das
regras disciplinares escolares, até então tolerados, podem hoje ser
considerados como violentos. Da mesma forma, atos violentos
passaram a compor o cotidiano escolar como episódios de rotina ou
mera transgressão às normas. (SPÓSITO, 1998 apud ARAÚJO 2002,
p.17).
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9
É consenso entre os adeptos desta literatura que o problema da
violência é um dos mais sérios que muitas escolas enfrentam no momento e
que tem crescido assustadoramente levando os alunos a graves
consequências, como: baixo rendimento na aprendizagem dos conteúdos
disciplinares, aumento do índice de evasão escolar, falta de concentração nos
estudos, baixa qualidade das aulas e aumento de pedidos de transferências de
alunos.
Ainda percorrendo a discussão em torno da questão escola e violência,
alguns autores discutem esta temática sobre várias óticas, dentre as quais
podemos citar a de Abramovay (2003), que buscando um conceito para escola
e violência, assegura que “a vulnerabilidades sociais e econômicas tem
contribuído para o crescimento da violência entre a juventude nas escolas”.
Ainda para esta autora:
Violência é intervenção física de um indivíduo ou grupo contra a
integridade de outro (s) ou de grupo(s) e também contra si mesmo,
abrangendo desde os suicídios, espancamentos de vários tipos,
roubos, assaltos e homicídios até violência no trânsito (disfarçada sob
a denominação de “acidentes”), além das diversas formas de
agressão sexual. As violências podem ser agressões físicas,
homicídios, estupros, ferimentos, roubos, porte de armas-aquelas
armas que ferem, sangram e matam. (ABRAMOVAY, 2003, p. 73).
Na visão de Candau,
... a violência está intimamente unida à coação e ao uso da força no
plano físico ou moral. Violência significa qualidade de violento; ato
violento, ato de violentar; constrangimento físico ou moral; uso da
força; coação. (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 1986
apud CANDAU, 1999, p.18).
Neste sentido, a presente pesquisa procura diagnosticar os problemas
de violência nas escolas públicas da rede estadual da cidade de Boa Vista-RR,
assim como identificar as causas de manifestações violentas contra a
integridade física de alunos, a questão da exclusão social e a atuação efetiva
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10
dos gestores e educadores com programas de inclusão sócio educativo em
relação as diferentes expressividades da violência nas escolas.
Ainda procuramos abordar nesta pesquisa alguns itens que coaduna
em fatores promotores das causas da violência na escola, como por exemplo:
a influência da mídia; os grupos de jovens ou adolescentes vulneráveis e que
acabam se envolvendo com violência escolar; as diversas formas de
manifestações de violência nas escolas e as principais repercussões da
violência nos estudos do aluno; desta feita procuramos identificar também os
maiores problemas até então enfrentados pelas escolas e os mecanismos
utilizados para resolução de conflitos na escola.
Dito isto, os objetivos precípuos desta obra torna-se claro que o saber
científico sob o crivo da educação faz da pessoa mais humana e fraternal.
Portanto, entendemos que estas propostas tenham como finalidade aprofundar
uma reflexão sobre as premissas definidoras e norteadoras da busca do
desenvolvimento e do bem-estar, do ponto de vista étnico, ambiental (escolar)
de plenitude humana, a fim de sugerir elementos para a elaboração de um
novo conjunto de indicadores que mensurem, a um tempo e de forma
integradora, o bem-estar individual, equilíbrio ambiental (escolar) e o
desenvolvimento econômico desse individuo no seu cotidiano.
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11
CAPÍTULO I
ESCOLA E VIOLÊNCIA: ALGUMAS REFLEXÕES
A violência transformou-se em uma das principais ações produzidas
pelo homem. Desta forma pode-se dizer que a violência é uma ação destinada
a prejudicar ou causar danos à pessoa. Nessa perspectiva a violência é
considerada um ato que implica numa relação de agressão/vitimização através
de provocação, pelo agressor, de danos ou prejuízos ao(s) vitimado(s).
De acordo com Abramovay,
... nos últimos tempos, vêm-se desenvolvendo novas concepções
acerca da violência nas escolas, pelos significados que assume,
ampliando-se a sua definição de modo a incluir eventos que antes
passavam por práticas sociais costumeiras. Nesse sentido, a
violência deixa de estar relacionada apenas com a criminalidade e a
ação policial, passando a ser alvo de preocupações ligadas à miséria
e ao desamparo político, uma vez que acarreta novas formas de
organização social relacionada com a exclusão social e institucional e
com a presença de atores em situação de “não integração” na
sociedade. (2003, p. 96, 97).
O homem foi feito para viver em comunidade, se de fato formos
instruídos ou preparados para fazermos somente aquilo que nos trás harmonia
dentro de uma sociedade certamente os frutos desse conhecimento fruirão em
resultados promissores ao bem não somente deste ou daquele individuo, mas
de todos aqueles que fazem parte do seu ciclo de vida, ou seja, o homem.
Portanto, o caminho da educação torna-se o trilho do sucesso do
desenvolvimento intelectual e moral do ser humano. Assim, cremos que o
saber científico proveniente de uma educação de qualidade tem o poder de
transformar vidas arruinadas por atitudes violentas em virtudes de caráter que
condizem em qualidade de vida decente com os padrões de uma sociedade
civilizada.
No momento em que vivemos, em que a sociedade entra em maior
crise de valores morais e éticos da história, a atuação do gestor escolar faz-se
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necessária, no sentido de compreender e fazer-se entender os fatores
correlacionados com o momento da história.
A paz vai sendo construída no resgate dos direitos formalmente
conquistados pela sociedade democrática, mas freqüentemente
violados na prática social. Ou seja, para esses jovens, paz significa
ter respeito e ser respeitado. Esses valores vêm sofrendo um
desgaste profundo, corroído que estão por um mundo onde a troca, a
venda e a compra passam a constituir o valor maior. Na tensão entre
o mundo real e o mundo melhor, nessas idas e vindas, outras tensões
se interpõem: O individual e o coletivo, o igual e o diferente, o público
e o privado, etc. (ABRAMOVAY, 2001, p.138).
Nesse sentido afirma Unesco,
... é importante lembrar que o artigo 26.2 da Declaração Universal
dos Direitos Humanos afirma: “A educação será orientada no sentido
do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e
a amizade entre todas as nações e grupos raciais e religiosos, e
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção
da paz (2003, p. 80).
Segundo Fávero,
... o intensivo processo de urbanização, o desenraizamento cultural,
afetivo e religioso, a acelerada industrialização, a concentração de
renda, o desemprego, e os altos indiciem de consumo e a crise na
ética”. Entre outros fatores, tem contribuído para a construção de uma
sociedade apática em relação aos problemas sociais, individualista,
pouco solidária e sem modelos definidos de comportamento social
(FÁVERO apud CANDAU, 1999, p. 60).
Neste contexto o fenômeno da violência nas escolas públicas estaduais
de Boa Vista não é um caso isolado, e tem alterado substancialmente o
comportamento da classe estudantil no que se refere à insegurança que afeta e
repercute negativamente na sala de aula.
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13
1.1 Estrutura e organização social das escolas
Observa-se que a estrutura das escolas são compostas de relações
oficialmente previstas e outras que nascem da própria dinâmica do grupo social
que a compõe. Diante disso, pode-se afirmar que existem diferentes estruturas
escolares, pois cada unidade de ensino apresentará uma estrutura própria
resultante das características da comunidade onde se encontra inserida e que
a compõe.
De acordo com Oliveira, “o estudo da estrutura da escola envolve, pois,
uma coexistência de dois grupos basicamente dependentes e distintos um do
outro: os educadores e os educandos” (2005, p.109).
Os educadores (diretor, coordenador pedagógico, orientador
educacional e professores) representam um grupo maduro, de idade mais
avançada, integrados aos valores sociais vigentes e com a tarefa de ajustar os
educandos a esses valores. Possuem status que lhes permite dirigir a
aprendizagem, impor normas e exercer uma liderança instituída. Essa liderança
será tanto mais eficiente quanto maior for o apoio dos outros membros da
comunidade. Além da idade, status e autoridade do professor, que lhe
conferem toda essa liderança instituída, temos que levar em conta a maneira
especifica da cada um resolver seus problemas com os educandos na escola.
Os educandos, por sua vez, tomados desde a pré-escola até o curso
do ensino médio, representam grupos de indivíduos ainda em processo de
desenvolvimento biopsicossocial. Formam agrupamentos estreitamente
relacionados com a etapa de desenvolvimento em que se encontram.
Nesta dinâmica de inter-relações estabelece-se uma dupla corrente de
sociabilidade: a que envolve o ajustamento do imaturo aos padrões do adulto, e
a que exprime as suas necessidades e tendências. É na confluência das duas
correntes que se situa a prática pedagógica, que poderá ser mais satisfatória à
medida que conseguir atenuar a tensão existente entre elas.
Considerando que a escola se constitui num ambiente social peculiar,
caracterizado pela tensão e acomodação entre administradores e professores,
representando os padrões cristalizados da sociedade, os imaturos deverão
![Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Para fundamentar estas interpretações será feito um levantamento de dados através de trabalho de campo com aplicação de questionários](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022020318/5c213f5e09d3f20b058b6d4c/html5/thumbnails/14.jpg)
14
equacionar na sua conduta, as exigências desta com as da sua própria
sociabilidade.
Nas instituições educacionais públicas estaduais da cidade de Boa
Vista convivem vários tipos de liderança, das quais dois tipos serão destacados
neste estudo: a liderança exercida pelo educador e exercida pelo aluno. O
educador é um líder institucional, sua liderança se encontra fundamentada na
faculdade (autoridade) que lhe é conferida, profissionalmente, de superimpor
aos educandos um sistema de normas educativas e sociais preestabelecidas.
Já, na liderança exercida por aluno é baseada no prestígio e na condição para
seu exercício, sendo que esta sofre influencia advinda da escola, pela idade ou
pelo sexo. Pode-se dizer que a liderança dos alunos constituiu uma das vias
principais de manifestação dos tipos de personalidade sendo, além disso, fator
importante de integração grupal.
1.2 O surpreendente fenômeno da violência escolar
O surpreendente fenômeno da violência escolar veio à tona como um
problema para os indivíduos e sociedade no século Passado. Muitas vezes sob
a influência da mídia, assumiu proporções de debates populares, sendo
expressos tanto nas conversas cotidianas dos indivíduos, dos seus
comportamentos e sentimentos, como nas pautas das instituições que
compõem a sociedade.
Para Silva,
... uma das razões que, contribuiu para o aumento da indisciplina e da
violência nas escolas está relacionada ao desaparecimento ou à
diminuição da importância dada a certos valores morais, sobretudo a
partir do final da década de 60 do século passado (XX) (2004, p. 29).
Uma reflexão sobre o conceito de violências perspassa a obra de
diversos autores entre eles a obra de Morais onde o autor caracteriza violência
como, “a violência das omissões”. Que segundo o mesmo diz:
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15
Violências das omissões são certas bondades perversas que, em
nome de uma absoluta espontaneidade, acabam por fazer do
educador um omisso. Quando tudo é permitido, quando não se dá
qualquer atenção ao fator disciplina pessoal, está se educando para
uma irrealidade feita de ausência de avaliações e sanções (MORAIS,
1995, p. 49).
Ainda para Morais, as atitudes omissas do educador podem estar
promovendo o aumento da violência na escola onde trabalha. Pois o vocábulo
omissão é sinonímia de negligencia, descuido, ausência de ação, inércia, etc.
”Nomeado pela sociedade para preparar seus cidadãos, o professor não pode
estar, na escola, como que a pedir desculpas pela sua presença; ele precisa
seguramente intervir em vidas, fazendo o que moralmente se deve fazer”
(1995, p. 48).
A violência na programação de TV é percebida por grande parte dos
jovens como sendo maior do que aquela encontrada na realidade. Uma forma
pretende-se à propaganda massiva voltada para o consumo, bem como às
novelas que divulgam e valorizam os padrões de vida das classes mais
favorecidas, o que tem influenciado os padrões de consumo da sociedade
como um todo. As aspirações de consumo diferenciado surgem ainda na
infância, e não estão presentes apenas nas classes médias, mas também nas
mais pauperizadas. Com frequência, estas “necessidades” deparam-se com a
impossibilidade de satisfazê-las por meios legais, surgindo como alternativa a
revolta e sua manifestação em atos violentos ou a possibilidade de consegui-lo
através de atividades ilegais.
Nas escolas públicas estaduais da cidade de Boa Vista, este fato tem
um grande significado. Pois depoimentos descritos a seguir de servidores
destas escolas comprovam esta afirmativa.
“Penso que a mídia influencia à violência com a exposição de
conteúdos que estimula a violência” (Professor).
“Pelos filmes de ação violentas, novelas (malhação) onde ocorre brigas
entre os jovens por causa de namoradas e a falta de respeito com os pais”
(Membro do corpo administrativo).
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16
INFLUÊNCIA DA MÍDIA À VIOLÊNCIA
87%
10% 3%
Sim
Não
Não sabe
“Os telespectadores muita das vezes crianças que não são orientadas,
nem acompanhadas por adultos assistem e crescem vendo a violência como
algo normal” (Membro do corpo administrativo).
De acordo com os dados percentuais do Gráfico 01 e depoimentos de
professores e gestores de escolas, a mídia pode causar influência à violência,
que por sua vez vem se manifestar dentro da escola.
GRÁFICO 01: Influência da mídia à violência
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais.
Diante deste contexto, é consenso que as iniciativas de nossos
governantes devam ser consideradas para o delineamento de políticas públicas
voltadas para a erradicação do fenômeno da violência nas escolas. Assim, a
escola deve buscar criar condições para identificar os alunos potencialmente
violentos e intervir antes que os eventos se concretizem; buscar criar condições
para que todos os estudantes sejam bem tratados, antes, durante e depois de
eventos de manifestações de violências na escola, buscando evitar
ressentimentos de pessoas, grupos ou subgrupo; buscar criar e montar um
sistema de mediação de conflitos e também criar ações curriculares que
permitam discutir o contexto das violências e não “dos violentos”, devendo
estar sempre preparada para agir em qualquer das situações que emergirem
no ambiente escolar. É imperioso reconhecer o papel fundamental da escola na
construção da cidadania de crianças e adolescentes, promovendo ações
educativas e preventivas que revertem o atual quadro de violência a que estão
sendo submetidos seja no ambiente familiar ou comunitário.
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17
CAPÍTULO II
2. MANIFESTAÇÕES DA VIOLÊNCIA NA VISÃO DOS
PROFESSORES E GESTORES DAS ESCOLAS
PÚBLICAS ESTADUAIS DA CIDADE DE BOA VISTA
Segundo os professores e gestores das escolas pesquisadas, o
conceito de violência está diretamente ligado a questões econômicas e sociais,
apresentando um conceito semelhante ao apresentado por Candau, onde a
autora considera esta ser uma visão ampla da violência.
As causas da violência na escola, assim como na sociedade em
geral, são múltiplas e complexas, mas a origem de todas elas pode
estar situada nas intoleráveis condições econômicas e sociais criada
pelo tipo de modelo de desenvolvimento que foi implementado, ao
longo dos anos, no Brasil (1999, p.14).
“Os casos mais frequentes são de violência verbal, contudo, as
crianças expressam bastante violência no relacionamento com colegas”
(membro do grupo administrativo).
“A ocorrência de violência dentro da escola é mais voltada para brigas
entre alunos, por fofocas ou por causa de ciúmes entre eles, e, são mais as
meninas por causa de namoro” (membro do grupo administrativo).
Nota-se também que entre os professores e gestores há um consenso
que as violências nas escolas estão relacionadas aos valores cultivados na
comunidade. Ocorre que a própria família, em crise e em transformação,
passou a delegar à escola funções educativas que historicamente eram de sua
própria responsabilidade, o que acarretou uma mudança no perfil de
comportamento do aluno.
Conforme Oliveira,
A família é a primeira agência de controle social da qual a criança
participa, ocorrendo aí uma socialização baseada em contatos
primários, mais afetivos, diretos e emocionais. Ela é uma instituição
basicamente conservadora e, como tal, no mundo de hoje, não tem
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18
encontrado condições de rápida adequação à nova realidade social
em que está inserida. E é justamente aí que se encontra um dos
principais aspectos da crise que abala a família nas sociedades
modernas, em vertiginoso processo de mudança social. Dessa forma,
encontramos famílias que têm normas rígidas, hierarquia bem
definida e pouca flexibilidade quanto à educação dos filhos, como
também encontramos famílias com poucas regras, onde os pais não
se envolvem muito com o estabelecimento de limites para os filhos
(2005, p. 66).
Observa-se que é consensual a opinião dos gestores sobre a origem
das violências nas escolas estarem ligadas a questões de ordens sociais.
Citam como exemplos a falta de apoio afetivo da família, falta de participação
dos pais na escola, a exclusão social, desemprego, desigualdade social e
carências econômicas.
Precisamos antes de qualquer coisa conscientizar os pais
de que seus filhos devem ver neles um amigo, um companheiro e não
um carrasco. Vários alunos meus, comentaram comigo, que seus
pais jamais conversaram com eles como eu converso. Tenho três
filhos e dois netos, más, procuro ser mais amiga do que mãe; e
graças a Deus, meus filhos jamais me deram esses tipos de
problemas, jamais fui chamada na escola para ouvir reclamações,
graças ao meu bom Deus. Afinal a família é a base de tudo (membro
do grupo administrativo).
Que as famílias não são permanentemente na escola e
muitos alunos moram com os avós que pouco domínio tem sobre os
netos. E que a falta de ensinamentos sobre Deus, direciona a criança
para caminhos perigosos e deturpados de valores morais. E pude
observar que os alunos sentem falta de muito carisma e amor
(Membro do grupo administrativo).
Através dos relatos feitos pelos gestores, observa-se a necessidade de
se trabalhar o diálogo com o aluno e sua família. Pois a violência é a negação
do diálogo, objeto que deve estar presente no cotidiano escolar e da família. A
família constitui o primeiro lugar de toda e qualquer educação e assegura, por
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19
ENVOLVIDOS COM A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
11%12%
9%
50%
18%Jovens homossexuais
Portadores denecessidades especiaisMinorias étnicas
Dependentes de drogas
Não sabem
isso, a ligação entre o afetivo e o cognitivo, assim como a transmissão dos
valores e normas.
Chama a atenção o índice, apontado pelos professores e gestores
quanto aos grupos de jovens ou adolescentes vulneráveis e envolvidos com as
diversas manifestações de violências nas escolas. O Gráfico 02, indica o
percentual de 50% de esses jovens estarem também envolvidos no submundo
das drogas.
GRÁFICO 02: Grupo de jovens ou adolescentes vulneráveis e envolvidos
com a violência na escola
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais.
Assim, muitos educadores atribuem a culpa do comportamento
indisciplinado à educação recebida na família, assim como na destruição dos
lares, ou ainda à falta de interesse dos pais em acompanhar a vida de seus
filhos, a indisciplina conceituada sob esta ótica torna-se uma consequência da
desvalorização da educação por parte da família. Ressalta-se, portanto, a
necessidade de unir as forças da família, da escola e da comunidade.
2.1 O Significado das violências nas escolas
A violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade
inegável, de modo que é de fundamental importância à integração entre as
políticas socioeconômicas e políticas sócio educacionais, que atenda os
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20
anseios da população marginalizada. Tanto no sentido de coibir os atos de
vandalismos, como de evitar, ou enfraquecer os problemas da violência
decorrentes de fatores exógenos e endógenos à educação.
Santos, relembra a
... Constituição da República Federativa do Brasil no seu (artigo 205 -
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho) (1999, p.141).
Contudo, o que se percebe é um total descaso por parte daqueles que
exerce o poder e autoridade constituída para garantir os direitos do cidadão a
ter acesso a uma educação de qualidade. Assim, a problemática da violência
escolar torna-se uma questão central e extremamente complexa no debate
acerca de seus fins: que é o de educar e preparar o cidadão brasileiro para o
mercado de trabalho.
A violência tem impacto, também, na qualidade da educação, que se
traduz, na maioria das vezes, em problemas concretos, como a
alternância de professores, diretores e funcionários, e em problemas
subjetivos, como a desvalorização social daquela escola, que fica
marcada por uma série de estigmas e estereótipos que,
consequentemente, recaem, mais uma vez, nos seus alunos, seus
familiares e sua comunidade. (ABRAMOVAY, 2003, p.187).
De fato, a tarefa do educador-gestor é prevenir e intervir em situações
de desvio ou risco em qualquer franja mais debilitada da sociedade, de forma a
criar mudanças qualitativas. Deverá exercer intencionalmente influências
positivas nos indivíduos. A educação social atua concomitantemente com
outros trabalhadores sociais de modo interdisciplinar na proteção e promoção
sociais.
Para Morais, a
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21
MÉTODOS CONTRA A VIOLÊNCIA
54%
8%
11%
15%
12%
Diálogo
Música
Dinâmica
Jogos e Brincadeiras
Outros
... educação sem diálogo transforma-se em treinamento sem
densidade. Ao passo que o recurso diálogo faz-se na única
possibilidade de educação em plenitude. O diálogo aberto será
sempre recurso de minimização da violência inter-relacional (1995,
p.58,74).
Conforme o gráfico 3 observa-se que o diálogo representando 54% das
opiniões do grupo administrativos e professores de escolas, torna-se um dos
mecanismos ainda hoje mais utilizados na resolução dos problemas da
violência escolar. Seguido de jogos e brincadeiras como métodos no
enfrentamento desta problemática.
GRÁFICO 03: Métodos utilizados para o enfrentamento da violência nas
escolas
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais
Através da análise da Tabela 01, percebe-se o elevado índice de
incidência de violências verbais e físicas nas escolas públicas estaduais da
cidade de Boa Vista.
TABELA 01: A quantidade das principais manifestações de violência nas
escolas
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22
PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DE
VIOLÊNCIAS NAS ESCOLAS
QUANTIDADE %
Agressões verbais entre alunos 43 113
Agressões físicas entre alunos 42 111
Desrespeitos entre alunos 36 95
Ameaça de aluno para com o professor 7 18
Ameaça de professor para com o aluno 4 10
Agressões verbais entre professor e aluno 3 8
Alunos armados na escola 2 5
Violência de funcionário com aluno 2 5
Agressão de aluno a funcionários da escola 1 3
Agressões de alunos especiais com outro aluno 1 3
Drogas na escola 1 3
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais
Quanto ao índice de incidência de manifestações de violência nas
escolas públicas estaduais da cidade de Boa Vista, não há consenso entre
alguns gestores, havendo uma divergência entre direção e professores. Fato
que confirma a literatura quando esta diz que a escola tenta camuflar a
realidade sobre a existência das violências no seu interior, pois teme pela
opinião da comunidade sobre a eficácia da escola na sua função de educar.
Embora não haja consenso nas opiniões, pode-se perceber através de relatos
nas entrevistas que há grande incidência destas manifestações com a
presença de agressões verbais 113% e agressões físicas 111% conforme
mostrados na Tabela 01 como sendo os piores problemas dos casos presentes
no dia-a-dia das escolas.
“Tenho vivenciado diversos casos de violência física e verbal tais
como: ofensa moral, racismo e preconceito” (Membro do grupo administrativo).
“Aqui na escola têm acontecido casos de violência verbal e violência
física. Na violência verbal o aluno coloca muito apelido de inferiorizarão
causando tristeza e usa também a força física para agredir o colega, quando
ele não aceita a situação apresentada” (Membro do grupo administrativo).
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23
“Soco no rosto do colega a ponto de deslocar o maxilar do outro”
(Membro do grupo administrativo).
Nestes relatos observa-se que a presença de manifestações de
violência com agressões verbais e físicas no cotidiano escolar traz sérias
consequências, pois alunos, ainda menores, são levados para delegacias
devido à falta de diálogo, com o envolvimento das famílias destes alunos, que
certamente estão tentando buscar o sustento de seus filhos.
Outro fato que chama a atenção foi à referência feita sobre a forma de
manifestação de violência ocorrida dentro da escola e sobre o tratamento
dispensado pelos professores aos alunos, ou seja, as ameaças de professores
para com alunos em sala de aula, que tem um índice de 10% na opinião de
membros do corpo administrativo.
2.2 Regras de conduta escolar
Segundo o grupo de gestores das respectivas escolas pesquisadas, as
regras são seguidas para lidar ou inibir a violência, pois a indisciplina no meio
educacional é considerada como um comportamento intransigente, um sinal de
rebeldia, ou ainda bagunça. Assim sendo, a falta do estabelecimento de regras
escolares ou o desconhecimento desta aparece como um fator colaborador
para a existência das manifestações de violências nas escolas.
Quando entrevistados, os respondentes concordaram que as regras
são indispensáveis para a constituição da ordem na escola e em sala de aula.
Dentre as várias regras mencionadas pelos membros do corpo administrativo
das respectivas escolas em estudo foram selecionadas as seguintes:
“Respeito mútuo; não xingamento; chamar os outros pelo nome; Não
conversar no momento da explicação” (Professor).
“Não é permitido fumar dentro da escola, namoro não é permitido e
nem uso de bebida alcoólica” (Membro do corpo administrativo).
“Não usar boné, mini-saia ou shortinho dentro da escola” (Membro do
corpo administrativo).
“Cumprir com o horário de chegada, permanecer em sala durante as
aulas e desligar o celular durante a aula” (Membro do corpo administrativo).
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24
“Não andar no corredor sem o cartão de trânsito” (Membro do corpo
administrativo).
“Não usar salto alto dentro da escola, vir uniformizado e cumprir com
os horários de aula” (Membro do corpo administrativo).
Quando perguntado aos gestores se a escola da qual administra possui
regras claras de comportamento, 84% afirmaram que sim, que por sua vez
16% disseram que não possuem regras. Com isto, considera-se que o grupo
de gestores exigem de seus indivíduos certos padrões ideais, em função dos
quais estes devem ajustar o seu comportamento.
2.3 A escola e suas relações com a comunidade
A escola ao estabelecer suas regras, leva em conta os valores gerais
da comunidade, associando-os aos seus próprios valores, o que remete à
necessidade de se conhecer a comunidade a qual pertencem antes de
estabelecer suas normas e regras. Segundo Silva (2004, p.52 ) a escola como
uma instituição de trabalho, de convivência e de vida, não pode se descuidar
da organização das relações interpessoais que ocorre em seu interior e no seu
entorno. Assim através desta pesquisa percebe-se que os gestores têm
consciência destas necessidades e buscam fazê-lo, junto às famílias de seus
alunos e através da busca de parcerias com os demais segmentos da
comunidade, bem como os relacionados na Tabela 02.
TABELA 02: Principais parceiros da escola
PARCEIROS %
Associações de pais e mestres 63
Voluntários 58
Igrejas 39
Grupos culturais, grupos de esportes 47
Comércio local 32
Polícia 29
Universidades 24
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais
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25
Desta maneira a gestão democrático-participativa procura valorizar a
participação da comunidade da qual a escola está inserida no processo de
tomada de decisões, em que por vezes o grupo gestor recorre ao conselho de
escola, as instituições de apoio, como associação de pais e mestres,
voluntários e entidades particulares. Assim o gestor da escola como agente de
ligação escola comunidade, deve saber explorar, de forma sistemática, todos
os recursos que o meio próximo de sua escola pode proporcionar. Para tanto,
deve ser um trabalho de rigorosa investigação e de relações públicas a que o
gestor deverá se dedicar, a fim de conhecer as organizações e as pessoas com
quem a escola terá interesse em estabelecer laços de cooperação.
Entre os possíveis mecanismos apontados para a resolução de
conflitos na escola, constata-se que os encontros entre pais e grupo
administrativo da escola representado na Tabela 03 com 74% é o mais
alternativo dentre outros.
TABELA 03: Mecanismos utilizados para resolução de conflitos na escola
Mecanismos na resolução de conflitos %
Conselhos 42
Encontros entre pais e grupo administrativo da escola 74
Reuniões entre professores e alunos 34
Comunidade 26
Igrejas 32
Serviço específico de orientação educacional 34
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais
Entendemos desta feita que o combate e a erradicação dos atos de
violências nas escolas precisam ser trabalhados em parcerias, envolvendo
escola – comunidade – órgãos governamentais e não governamentais e as
famílias.
2.4 O Papel do gestor escolar na prevenção da violência
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26
O Gestor é um profissional que pode agir e interatuar na prevenção e
resolução dos problemas de violência. Como profissional de áreas humanas
que é a Administração, pode atuar de diferentes formas, designadamente com
a família, com as crianças ou jovens, no meio onde se registrem focos de
violência e mesmo na escola como elemento mediador.
O campo de ação do gestor é muitas vezes o setor social em
desequilíbrio. Além de solucionar determinados problemas próprios da
inadaptação tem duas funções não menos importantes: a primeira, desenvolver
e promover a qualidade de vida de todos os cidadãos, a segunda, adaptar e
aplicar estratégias de prevenção das causas dos desequilíbrios sociais.
De fato, a tarefa do gestor é prevenir e intervir em situações de desvio
ou risco em qualquer franja mais debilitada da sociedade, de forma a criar
mudanças qualitativas. Deverá exercer intencionalmente influências positivas
nos indivíduos.
![Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Para fundamentar estas interpretações será feito um levantamento de dados através de trabalho de campo com aplicação de questionários](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022020318/5c213f5e09d3f20b058b6d4c/html5/thumbnails/27.jpg)
27
CAPÍTULO III
3. SUGESTÕES PARA REDUÇÃO E PREVENÇÃO DA
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Se entendermos que a educação é um processo de construção
coletiva, contínua e permanente de formação do indivíduo, que se dá na
relação entre os indivíduos e entre estes e a natureza, a escola é, portanto, o
local privilegiado dessa formação, porque trabalha com o conhecimento, com
valores, atitudes e a formação de hábitos.
O artigo 5º da constituição brasileira reza:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e a
prosperidade, etc.” Ao direito à educação segue-se o dever de
oferecê-la. Este dever é do Estado e da Família, que terão a
colaboração, a promoção e o incentivo da sociedade, isto é, das
demais organizações ou instituição sociais, tais como: Associações,
clubes, sindicatos, federações, igrejas, etc. (SANTOS, 1999, p. 33).
... Entende-se que a escola deve estar voltada para formar cidadãos
com conhecimento, habilidades, valores, atitudes, formas de pensar e
agir que os prepare para o exercício da cidadania. A educação
escolarizada é um instrumento de transformação, de luta, no sentido
de que os indivíduos, tomando conhecimento da realidade social,
possam lutar pela transformação da sociedade na qual vivem para
atuar sobre ela (ASARI, 2004, p. 205).
Para tanto, quando relacionamos a questão da violência nas escolas,
entendemos que esses meliantes envolvidos são frutos de uma cultura
vivenciada pela empirissidade da vida. E que precisam ser transformados
imediatamente através de educação que os ensine os princípios de vida em
comunidade. Pois, certamente não sendo trabalhados os valores morais
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28
possivelmente transformar-se-ão em exímio produtor de violência. Assim,
entendemos que um projeto de escola que busque a formação da cidadania
precisa ter como objetivos: tratar todos os indivíduos com dignidade, com
respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom; fazer com que
a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela; trabalhar a
problemática da violência e dos direitos humanos, a partir do processo de
conscientização permanente, relacionando esses conteúdos ao currículo
escolar e incentivar comportamentos de trocas, de solidariedade e de diálogos.
Um fator que, sem dúvida, contribui para a diminuição dos índices de
indisciplina e de violência nas escolas refere-se à formação do
educador. É necessário que os professores e os demais membros
responsáveis pela administração e pela manutenção da instituição
escolar recebam orientação psicopedagógico, “formação” pedagógica
assistência psicológica. Tais medidas visam, dentre vários aspectos,
a oferecer as condições para que os educadores (caso queiram)
aprendam ou relembrem conteúdos pedagógicos, filosóficos,
metodológicos e relacionados ao desenvolvimento humano,
necessários ao exercício da profissão. Outro efeito é que, com tal
conteúdo, os educadores terão melhores condições de articular teoria
e prática, ao invés de considerá-las inimigas, sem relação ou como
um encontro desnecessário. (SILVA, 2004 p. 174,175).
Em se tratando do tipo de interação conforme pode ser visualizada no
gráfico 04, a relação entre escola e os pais dos agressores e das vítimas são
trabalhados na relação de escuta mútua 87%, ou seja, de reconhecimento da
importância das funções comuns embora diferentes. Enquanto que somente
10% das escolas ainda trabalham pelo sistema de culpabilização recíproca.
GRÁFICO 04: Tipo de relação entre escolas e pais dos alunos agressores
e vítimas
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ESCOLA QUE DCONT
37%
3%
RELAÇÃO ENTR
87%
3%
Fonte: Pesquisa de campo, 20
Conforme os dad
todos os entrevistados
consideram importantes e
objetivo de reduzir e/ou e
que é o recreio legal, é o
de jogos e atividades lúd
duas vezes no ano” (Mem
O Gráfico 05 mo
programas de combate à
GRÁFICO 05: Escola que
Fonte: Pesquisa de campo, 20
UE DESENVOLVE PROGRAMAS DE CONTROLE A VIOLÊNCIA
60%
3%
Sim
Não
Não responderam
ENTRE ESCOLAS PAIS E ALUNOS
10%Culpabilizaçãorecíproca
Escuta mútua
Não responderam
po, 2013 / Valdivino Barros Morais.
dados obtidos durante a aplicação dos q
dos deram sua contribuição quanto a su
ntes e viáveis para serem concretizadas na e
e/ou erradicar as violências na escola. “Exist
l, é o momento em que as crianças se interag
s lúdicas. E o projeto semana de oração qu
(Membro do corpo administrativo).
mostra o percentual das escolas que
à violência.
la que desenvolve programas de controle a
po, 2013 / Valdivino Barros Morais.
29
eram
dos questionários,
a sugestões que
s na escola com o
“Existe um projeto
nteragem por meio
ão que acontecem
que desenvolvem
role a violência
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30
ESCOLA ABERTA A COMUNIDADENOS FINAIS DE SEMANA
45%
34%
16%5%
Sempre
As vezes
Nunca
Não responderam
Quando perguntado aos gestores sobre a escola aberta à comunidade
nos finais de semana, apenas 45% disseram que sempre abrem as portas,
conforme mostrado no Gráfico 06.
Fonte: Pesquisa de campo, 2013 / Valdivino Barros Morais.
Dentre as sugestões mais comentadas estão as palestras educativas
do PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e a Violência);
teatro e gincanas. Também houve sugestão de programas de combate a
violência como os Amigos da Escola, Agentes da paz e Escola Aberta. Um fato
que chama a atenção é a consciência demonstrada por todos os participantes
da pesquisa quanto à necessidade da mediação e do diálogo como
coadjuvantes máximo neste combate.
“Eu sugiro palestras educativas, diálogo, através de jogos e gincanas”
(Membro do corpo administrativo).
Abaixo relacionadas estão algumas das propostas sugeridas pelos
gestores e professores das escolas:
• Oferecimento cursos profissionalizantes aos alunos e à comunidade:
curso de informática, curso de chocolates, bolo e artesanato;
• Palestras Educativas;
• Projeto de Teatro;
• Rádio Escolar;
• Jornal;
• Poesia;
![Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Para fundamentar estas interpretações será feito um levantamento de dados através de trabalho de campo com aplicação de questionários](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022020318/5c213f5e09d3f20b058b6d4c/html5/thumbnails/31.jpg)
31
• Projeto Recreio Legal;
• Trabalhos de textos reflexivos e diálogo;
• Projeto Pequenos Escritores;
• Projeto Solidário;
• Danças;
• Jogos;
• Gincanas;
• Semana de oração que ocorre duas vezes no ano;
• Escola Aberta: programa este em que a escola mantém suas portas
abertas aos fins de semana oferecendo por sua vez algumas modalidades de
oficinas como, de esportes, lazer e artes manuais à comunidade circunvizinha.
![Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Para fundamentar estas interpretações será feito um levantamento de dados através de trabalho de campo com aplicação de questionários](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022020318/5c213f5e09d3f20b058b6d4c/html5/thumbnails/32.jpg)
32
CONCLUSÃO
A educação é um fenômeno social e universal, uma atividade humana
necessária à existência e ao funcionamento de todas as sociedades. Cada uma
delas precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento
de suas capacidades físicas e espirituais, preparando-os para a participação
ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social. Aos educadores
cabe a tarefa de desenvolver o raciocínio dos alunos. Na opinião de Candau,
“os educadores são profissionais e cidadãos, mobilizadores de processos
pessoais e grupais de cunho cultural e sócio-político” (2000, p.161). Desta
forma cabe aos professores e, em particular os gestores a tarefa de contribuir
para desenvolver no aluno essa visão de totalidade da sociedade, o qual é
convidado à tomada de uma posição dialética ao mundo onde vive.
A escola e seus profissionais formam um universo capaz de propiciar o
desenvolvimento do aluno, bem como criar condições para que ocorram
aprendizagens significativas e interações. Cada sujeito apresenta um universo
próprio, tornando necessário que o estabelecimento dos espaços interativos,
no contexto educacional, seja orientado a promover relações de troca, de
esforços partilhados na construção de soluções comuns, para o alcance dos
objetivos coletivos.
Este estudo reflete sobre a ocorrência de manifestações de violência
no cotidiano das escolas públicas estaduais da cidade de Boa Vista, em que
alguns dos muitos problemas detectados estão relacionados a fatores
limitadores no desenvolvimento e na sustentabilidade das ações voltadas ao
combate da violência nas escolas. Entre os mais recorrentes destaca-se a
deficiência em serviço específico de orientação educacional. Outro entrave é a
deficiência na formação da maioria dos professores, no sentido de estes
estarem preparados para lidarem adequadamente com situações de conflitos e
violência nas escolas. Desta forma, estas constatações apontam para a
necessidade de realização de programas de capacitação continuada para os
professores, supervisores, gestores e demais agentes educacionais, de forma
a prepará-los para atuarem na prevenção das manifestações de violência nas
escolas.
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33
Os dados apresentados neste estudo indicam que a violência possui
repercussões que dar maus resultados nos estudos e na sociabilidade dos
alunos, e que essa influência é mais claramente percebida pelos gestores que
têm conhecimento da ocorrência de atos de violência grave em suas escolas.
A observação da existência de uma tendência das escolas em apostar
no diálogo como mecanismo de reversão das diferentes manifestações da
violência em seus interiores, em conjunto com a análise dos questionários e
relatos de professores e membros do corpo administrativo, aponta para a
constatação de que ocorrem problemas de relacionamento devido à deficiência
na comunicação entre professores, gestores e alunos. Esta constatação sugere
o estabelecimento de normas internas e de acordos mediados pelo diálogo.
Constatamos durante esta pesquisa uma opção das escolas por
práticas dialógicas na resolução dos conflitos entre os alunos. Os resultados
encontrados apontam para a existência de uma saída pacífica para a violência
nas escolas, demonstrando que esta deverá ser uma manifestação de um
trabalho que inclua sempre o diálogo, a mediação e a valorização da unidade
escolar como um todo. Também foi observado a abertura de algumas escolas
em fins de semana, para o desenvolvimento de alguns projetos de punho
culturais e saberes científicos. No entanto constata-se a necessidade de as
escolas estaduais contemplarem em seu projeto político-pedagógico propostas
mais profundas voltadas para a prevenção da violência de forma coletiva e
participativa.
Sugere-se que os projetos a serem desenvolvidos pelas escolas
busquem dar sentido mais amplo à educação, incorporando ao campo
pedagógico as complexas relações, crenças e valores existentes na
comunidade. Ainda que estes projetos indiquem a possibilidade do
estabelecimento de novas relações sociais e de saberes que não se restringem
ao contexto das convencionais grades curriculares. Também alerta para que os
esforços para superação das violências estejam centrados em superar
estereótipos, preconceitos e estigmas associados ao ser jovem, aos perfis das
famílias dos alunos atendidos, à abertura da escola para a comunidade e,
fundamentalmente, ao lugar que estas pessoas ocupam na sociedade.
Assim sendo uma das expectativas deste estudo é que os seus
resultados possam contribuir, dentro de seus limites, para um melhor
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conhecimento da situação enfrentada pelas escolas públicas do nosso estado e
de nosso país.
Por último ressalta-se a necessidade de que todos os atores das
escolas públicas estaduais da cidade de Boa Vista estejam comprometidos
com a mudança e com a compreensão de que a educação e,
consequentemente a escolaridade é um bem legítimo de todos e patrimônio da
humanidade que deve ser protegido das situações de violências nas escolas.
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BIBLIOGRAFIA
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UNESCO, 2001, 2003.
ARAÚJO, Carla. A violência desce para a escola; suas manifestações no
ambiente escolar e a construção da identidade dos jovens / Carla Araújo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
CANDAU, Vera Maria. Escola e Violência / Vera Maria Candau; Maria da
Consolação Lucinda; Maria das Graças Nascimento. Rio de Janeiro: DP&A,
1999.
MORAIS, Regis de. Violência e educação / Regis de Morais. Campinas, SP:
Papirus, 1995.
MÚLTIPLAS GEOGRAFIAS: Pesquisa – reflexão / Alice Yatiyo Asari, Ideni
Terezinha Antonello, Ruth Youko Tsukamoto (organizadoras); apresentação
Maria Lucia de Amorim Soares. – Londrina: AGB/ Londrina, 2004.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia da educação/ Pérsio
santos de oliveira. São Paulo - SP: 2005.
SANTOS, Clovis Roberto dos. Educação escolar brasileira: Estrutura,
administração, legislação/ Clovis Roberto dos Santos. São Paulo: Pioneira,
1999.
SILVA, Maria Nadurce da. Dissertação de Mestrado: Escola e comunidade
juntas contra a violência escolar: Diagnóstico e esboço de plano de
intervenção/ Maria Nadurce da Silva, 2004.
SILVA, Nelson Pedro. Ética, indisciplina & violência nas escolas / Nelson
Pedro Silva – Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
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UNESCO, Desafios e Alternativas nas escolas. Brasília: UNESCO, UNDP,
2003.
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ANEXO 1
Anexo 1 > Questionário sobre a violência nas escolas públicas estaduais de Boa Vista-RR.
Questionários
Escola e violência: um olhar do gestor educacional às diferentes manifestações
da violência no dia-a-dia das escolas públicas estaduais da cidade de Boa Vista-
RR.
Escola:...............................................................................................................................
Função desempenhada: Diretor (a) ( ) Orientador(a ) ( ) Professor(a)( )
Área de formação:.............................................................................................................
Série:........................Turno:....................................Níveis de ensino que a escola
oferece: ( ) Médio ( ) Fundamental ( ) Educação Infantil ( ) Outros
O cotidiano escola e violência
1-Têm acontecido casos de violência na sua escola?
( ) Sim ( ) Não
Com qual frequência?
( ) Todos os dias
( ) Semanalmente
( ) Mensalmente
( ) Raramente
2- O Sr. (a) tem vivenciado situações de violência no cotidiano escolar?
( ) Sim ( ) Não Descreva algumas delas:....................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
3- O Sr. (a) acha que as situações de violência estão atualmente mais presente
na escola?
Sim ( ) Não ( )
4- A escola estabelece algum relacionamento com a família de seus alunos?
Com que frequência?
( ) Sempre ( ) As vezes ( )Regularmente ( ) Ocasionalmente ( ) Nunca
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5- Qual o nível de relacionamento entre escola e a comunidade?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim.
6- A que fatores o Sr. (a) atribui a violência escolar?
( ) Exclusão social ( ) Falta de solidariedade ( ) Apatia social ( ) A negligencia
(descuido) com os prédios escolares
( ) Desemprego ( ) Fome ( ) Pobreza
( ) Desigualdade social ( )Transportes inadequados ( ) Narcotráfico ( ) Outros.
7- Em sua opinião as diferentes expressões da violência no dia-a-dia da escola
acontecem de que forma?
( ) Desrespeito entre os próprios alunos
( ) A violência do funcionário com o aluno
( ) Ameaça de professores com o aluno
( ) Ameaça de aluno com professores.
8- O que pensa o (a) gestor educacional quanto à questão da violência escolar?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
9- Em que aspectos o gestor educacional tem contribuído para amenizar o
problema da violência na escola?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
10- Os (as) professores (as) conversam sobre estas questões da violência
escolar?
( ) Sim ( ) Não
São tratados nos conselhos de classe? ( ) Sim ( ) Não
No conselho da escola ? ( ) Sim ( ) Não
Nas reuniões pedagógicas ? ( ) Sim ( ) Não
11- O Sr. (a) acha que a mídia influencia à violência?
( ) Sim ( ) Não De que forma?..........................................................................
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...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
12- Que tipos de violência estão presentes no dia-a-dia da escola:
( ) Agressões verbais entre os alunos e alunas
( ) Agressões verbais entre professor e aluno
( ) Agressões físicas.
13- O Sr. (a) acredita que a violência influencia no desempenho profissional do
educador ?
( ) Sim ( ) Não Como ?...............................................................................................
...........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
14- Que faixa etária e sexo entre os jovens predominam com mais frequência à
prática da violência escolar?
Idade: De 5 à10 anos ( ) Masculino ( )
De 11 à 15 anos ( ) Feminino ( )
De 16 à 21 anos ( )
De 22 a 30 anos ( )
15- Como a sociedade pode ajudar a evitar a violência na escola?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
16- Quais são as repercussões da violência nos estudos?
( ) Falta de concentração nos estudos
( ) O ambiente da escola fica pesado
( ) A qualidade das aulas diminui
( ) Não sente vontade de ir a escola
( ) Outros.
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Como lidar com as situações de violência na escola.
17- Que método o Sr. (a) utiliza como forma mais eficaz para o enfrentamento do
problema?
( )Diálogo ( )A música ( ) A dinâmica ( ) Jogos e brincadeiras ( ) Outros
18- A sua escola promove intercâmbios com a comunidade para discutir sobre a
violência na escola?
( ) Sim ( ) Não
19- Sua escola desenvolve programas de combate à violência?
( ) Sim ( ) Não Quais?..............................................................................................
...........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
20-A escola possui regras claras de comportamento?
( ) Sim ( ) Não Quais?..........................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
21- Existem espaços coletivos para a reflexão sobre a violência na escola?
( ) Sim ( ) Não Como?.........................................................................................
...........................................................................................................................................
22-Quais os possíveis caminhos para o enfrentamento da questão “violência na
escola”?
( ) Melhorar o trabalho pedagógico;
( ) Políticas públicas social séria que promova mais emprego, educação, saúde e
lazer para todos;
( ) Política educacional voltada para valorização da escola e do magistério;
( ) Investimento e incentivo as práticas esportivas nas escolas;
( ) Aula de ensino religioso;
( ) A instituição de espaços coletivos dentro dos horários escolares para reflexão
sobre os problemas da violência na escola;
( ) O combate ao trabalho infantil e ao narcotráfico.
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23-Quais mecanismos utilizados para resolução de conflitos na escola?
( ) Conselhos;
( ) Encontros entre pais ou responsáveis, professores, direção e aluno;
( ) Encontros entre pais ou responsáveis e professores ou direção;
( ) Reuniões entre pais e mestres;
( ) Reuniões entre professores e alunos;
( ) Conselho Tutelar;
( ) Polícia;
( ) A escola tem um serviço específico de orientação educacional;
( ) Comunidade;
( ) Igrejas.
24-Quais parcerias mais frequentes na escola?
( ) Associação de moradores, associações comunitárias, associações de pais e
mestres;
( ) Polícia;
( ) Voluntários;
( ) Universidades;
( ) Comércio local;
( ) Grupos culturais, grupos de esportes;
( ) Igrejas;
( ) Bombeiros.
25- A escola abre à comunidade no fim de semana?
( ) Sim, Sempre
( ) Sim, às vezes;
( ) Nunca.
26- O Sr. (a) tem mais alguma coisa que não foi perguntado e gostaria de
comentar?
( ) sim ( ) não Quais?................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
..........................................................................................................................................