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Anotação de Responsabilidade Técnica
PA XV DE NOVEMBRO
Coordenação
José Ambrósio Ferreira Neto Sociólogo
Consultores
Márcio Mota Ramos Engenheiro Agrônomo
CREA-MG 11377-D
João Carlos Ker Engenheiro Agrônomo
CREA-MG 37670-D
Reg 20363/77
Tiago Leão Pereira Biólogo
CRBio-4 Nº 44203/04-D
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Equipe Responsável pela Elaboração do Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental e do Projeto Final de Assentamento do PA XV DE NOVEMBRO
Coordenação Geral
José Ambrósio Ferreira Neto Sociólogo
Mestre em Extensão Rural
Doutor em Sociedade, Desenvolvimento e Agricultura
Márcio Mota Ramos Engenheiro Agrônomo
Mestre em Engenharia Agrícola
Doutor em Recursos Hídricos
Socioeconomia Meio Biótico José Ambrósio Ferreira Neto Tiago Leão Pereira
Sociólogo Biólogo Mestre em Extensão Rural Ana Laura de Moura Dayrell
Doutor em Sociedade, Des. e Agricultura Bióloga Mariana Rodrigues dos Santos Emílio Campos Acevedo Nieto
Engenheira Agrônoma Graduado em Medicina Veterinária Mestre em Extensão Rural
Recursos Hídricos e Infra-estrutura Cobertura Vegetal e Solos Márcio Mota Ramos
João Carlos Ker Engenheiro Agrônomo Engenheiro Agrônomo Doutor em Recursos Hídricos
Doutor em Ciência dos Solos Waldir de Carvalho Júnior Geomática e Geoprocessamento
Engenheiro Agrônomo Rogério Mercandelle Santana Doutorando em Ciência dos Solos Engenheiro Agrimensor
César da Silva Chagas Doutorando em Engenharia Civil Engenheiro Agrônomo Carlos Alberto Bispo da Cruz
Doutorando em Ciência dos Solos Engenheiro Agrimensor Edgard Carneiro dos Santos Júnior
Estagiárias Geógrafo Sheila Silva Duarte
Emília Marangon Jardim Revisão ortográfica e diagramação Carlos Joaquim Einloft
4
Sumário
1. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO ........................................7
1.1. DENOMINAÇÃO DO PA ................................................................................................7
1.2. DATA DE CRIAÇÃO.......................................................................................................7
1.3. DISTRITO E MUNICÍPIO/UF, MESORREGIÃO/MICRORREGIÃO FIBGE E
REGIÃO ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS..........................................................7
1.4. NÚMERO DE FAMÍLIAS ................................................................................................7
1.5. IDENTIFICAÇÃO, LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL E VIAS DE ACESSO .........................7
1.6. ÁREA..............................................................................................................................7
1.7. PERÍMETRO ..................................................................................................................8
1.8. COORDENADAS GEOGRÁFICAS ................................................................................8
1.9. SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS...................................................................................8
1.10. PLANTA DO IMÓVEL GEOREFERENCIADA................................................................8
1.11. LIMITES..........................................................................................................................9
2. HISTÓRICO DO PA .....................................................................................................10
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO PA........................................................................12
3.1. DIAGNÓSTICO EXPEDITO DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO.........................................12
3.1.1. Clima ............................................................................................................................12
3.1.2. Geologia/formações superficiais ..................................................................................14
3.1.3. Geomorfologia/Relevo..................................................................................................14
3.1.4. Solos e Ambientes........................................................................................................15
3.1.4.1. Latossolos ....................................................................................................................15
3.1.4.2. Cambissolos .................................................................................................................18
3.1.4.3. Plintossolos ..................................................................................................................19
3.1.4.5. Gleissolos .....................................................................................................................21
3.1.5. Recursos hídricos.........................................................................................................24
3.1.5.5. Superficiais ...................................................................................................................24
3.1.5.6. Subterrâneos ................................................................................................................26
3.1.6. Vegetação Nativa .........................................................................................................27
3.1.6.1. Considerações Sobre as Classes de Utilização...........................................................31
3.1.7. Fauna Silvestre.............................................................................................................32
3.2. DIAGNÓSTICO DO USO ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS E DOS
SISTEMAS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO.................................................44
3.2.1. Organização territorial atual .........................................................................................44
5
3.2.2. Descrição dos atuais sistemas de produção e do uso e manejo dos recursos
naturais.........................................................................................................................47
3.2.2.1. Sistema de Produção ...................................................................................................47
3.2.2.2. Água .............................................................................................................................50
3.2.3. Descrição dos sistemas de processamento e comercialização da produção ..............50
3.3. DIAGNÓSTICO DESCRITIVO DO MEIO ANTRÓPICO...............................................51
3.3.1. População.....................................................................................................................51
3.3.2. Moradia e Saneamento ................................................................................................52
3.3.3. Captação e Abastecimento de Água e Energia............................................................53
3.3.4. Saúde ...........................................................................................................................54
3.3.5. Estradas e transporte ...................................................................................................54
3.3.6. Educação......................................................................................................................55
3.3.7. Organização social e econômica..................................................................................55
3.3.8. Aspectos culturais ........................................................................................................56
3.3.9. Relação com o poder público local, estadual e federal e com entidades de classes,
igrejas, ong’s etc...........................................................................................................56
4. LEVANTAMENTO DO PASSIVO AMBIENTAL............................................................58
4.1. IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES................................................................58
4.1.1. Da organização territorial .............................................................................................58
4.1.1.1. Solos.............................................................................................................................58
4.1.2. Da construção de infra-estrutura ..................................................................................58
4.1.2.1. Moradia e Saneamento ................................................................................................58
4.1.2.2. Estradas .......................................................................................................................59
4.1.3. Dos sistemas produtivos e de uso e manejo dos recursos naturais.............................59
4.1.3.1. Sistemas produtivos .....................................................................................................59
4.1.3.2. Vegetação ....................................................................................................................59
4.1.3.3. Recursos Hídricos ........................................................................................................60
4.1.3.4. Impactos sobre a fauna de vertebrados terrestres .......................................................60
5. PROJETO FINAL DE ASSENTAMENTO.....................................................................62
5.1. MEDIDAS MITIGADORAS RELATIVAS AOS IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
IDENTIFICADOS..........................................................................................................63
5.1.1. Necessidade de fortalecimento da organização social entre os assentados ...............63
5.1.2. Educação ambiental com ênfase na questão do lixo ...................................................64
5.1.3. Assistência técnica .......................................................................................................65
5.2. MEDIDAS MITIGADORAS RELATIVAS ÀS QUESTÕES DE INFRA-ESTRUTURA...66
5.2.1. Saneamento básico......................................................................................................66
5.2.2. Energia elétrica.............................................................................................................71
6
5.2.3. Uso e distribuição da água ...........................................................................................73
5.2.4. Tratamento de água .....................................................................................................73
5.2.6. Estradas .......................................................................................................................76
5.3. MEDIDAS MITIGADORAS PROPOSTAS EM RELAÇÃO AOS IMPACTOS
AMBIENTAIS................................................................................................................78
5.3.1. Recursos hídricos.........................................................................................................78
5.3.2. Vegetação ....................................................................................................................78
5.3.3. Fauna ...........................................................................................................................86
5.3.3.1. Animais silvestres.........................................................................................................86
5.3.3.2. Animais domésticos......................................................................................................87
5.3.3.3. Desmatamentos ...........................................................................................................88
5.3.3.4. Queimadas ...................................................................................................................88
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................90
ANEXOS .....................................................................................................................................93
7
1. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
DE ASSENTAMENTO (PA)
1.1. DENOMINAÇÃO DO PA
Projeto de assentamento XV de Novembro.
1.2. DATA DE CRIAÇÃO
15 de novembro de 1996.
1.3. DISTRITO E MUNICÍPIO/UF, MESORREGIÃO/MICRORREGIÃO FIBGE E REGIÃO ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS
o Município de Paracatu.
o Microrregião de Paracatu.
o Mesorregião do noroeste de Minas Gerais.
o Região Administrativa de Minas Gerais: Noroeste
1.4. NÚMERO DE FAMÍLIAS
o 73.
1.5. IDENTIFICAÇÃO, LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL E VIAS DE ACESSO
O Assentamento se situa a 40 km da sede do município de Paracatu, sendo 26 km em asfalto e
14 km em estrada de terra. O PA está distante deste município cerca de 30 a 40 minutos de
carro. A estrada principal de acesso ao Assentamento se encontra em bom estado de conser-
vação devido ao grande trânsito de veículos, já que o mesmo faz fronteira com várias proprie-
dades agrícolas, sendo algumas formadas por grandes projetos de irrigação e com alto escoa-
mento de produção. Para acesso ao PA percorre-se cerca de 26 km pela BR-040, saindo de
Paracatu em direção a Brasília até o Posto Ranchão, mantendo-se a direita na estrada de terra
vizinha ao posto; a partir daí percorre-se cerca de 14 km até o Assentamento.
1.6. ÁREA
o 3.729,6041 ha.
8
1.7. PERÍMETRO
o 40.980,259 m.
1.8. COORDENADAS GEOGRÁFICAS
As coordenadas da sede do PA são: x = 279.651 m, y = 8.127.689 m e altitude 927 m.
1.9. SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS
o Bacia Federal: Rio São Francisco;
o Sub-Bacia Federal: Rio Paracatu;
o Bacia Estadual: Ribeirão Entre Ribeiros;
o Sub-Bacia Estadual: Ribeirão São Pedro.
1.10. PLANTA DO IMÓVEL GEOREFERENCIADA
Ver mapa nos anexos cartográficos.
PA XV de Novembro
Figura 1. Localização do PA XV de Novembro na sub-bacia estadual do ribeirão São Pedro.
9
1.11. LIMITES
o Norte: Luiz da Silva Neiva, córrego da Bocaina, Jacy da Silva Neiva.
o Leste: Córrego sem denominação, córrego da Bocaina, Geraldo Cunha, José Bernardo,
Jacy da Silva Neiva, Jales Sales Fernandes, Luiz da Silva Neiva, Flávio Mariano, Elton
Cruvinel, Edward.
o Sul: Jakes Sales Fernandes, córrego sem denominação, Romualdo Silva Neiva, córre-
go da onça, Júlia Torres e filhos.
o Oeste: Romualdo Silva Neiva, Júlia Torres e filhos, córrego do Quintininho, João Afonso
Costa, córrego da Bocaina, córrego da Taquara e lote 42.
Na região onde se localiza o PA XV de Novembro não existem unidades de conservação nem
reservas indígenas. No município de Paracatu e em boa parte da região noroeste de Minas
Gerais predomina a atividade agropecuária com ênfase na pecuária extensiva e na produção
irrigada de grãos, principalmente feijão, soja e milho. Em razão do padrão de utilização das
terras na região, observa-se nos últimos 15 anos a intensificação do conflito fundiário, com a
ampliação da demanda por terra e do número de assentamentos rurais. Em Paracatu, atual-
mente existem cerca de 10 projetos de assentamento rural implementados pelo INCRA, o que
demonstra a grande importância de uma efetiva política de reordenamento fundiário e de de-
mocratização do acesso à terra para a região.
10
FIGURA 2. Vista de moradia de trabalhador assentado do PA XV de No-vembro.
2. HISTÓRICO DO PA
nome do Assentamento não surgiu por acaso e nem foi uma homenagem à procla-
mação da república do Brasil, mas sim a data em que os assentados chegaram às
terras da antiga fazenda Santa Catarina, 15 de Novembro de 1996.
A chegada ao local se deu através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paracatu, entida-
de que as famílias da região procuraram para se cadastrar para obtenção de terra. Em sua
maior parte, as famílias atualmente assentadas vieram de Paracatu, sendo uma minoria prove-
niente de Uberlândia, Brasília e do estado de Goiás. A maioria dos assentados tem origem ru-
ral e trabalhavam como vaqueiros, lavradores, bóias-frias, meeiros etc. Contudo, apesar de
serem efetivamente trabalhadores rurais, viviam na periferia de Paracatu e de outras cidades,
uma vez que o padrão de produção no campo no noroeste mineiro já não comporta mais a figu-
ra do “morador”.
No processo de organização dos trabalhadores para a criação do Assentamento não houve
conflito, pois a antiga proprietária estava disposta a vender as suas terras, sendo a negociação
com o INCRA tranqüila e rápida. Os problemas ocorreram apenas durante o período em que as
famílias ficaram acampadas enquanto aguardavam o processo de desapropriação e, posteri-
ormente, a demarcação dos lotes e liberação das linhas de crédito. Estas permaneceram cerca
de quinze meses vivendo em barracas de lona e passaram por diversas privações, sendo im-
portunados apenas uma vez
pela Polícia Militar, que foi ao
acampamento para oficializar
a ocupação e alertar aos a-
campados sobre as proibi-
ções de realização de quei-
madas e de desmates em
áreas de preservação perma-
nente.
Durante o acampamento, as
mulheres ficavam no Assen-
tamento enquanto os homens
iam em busca de trabalho nas
fazendas vizinhas. As famílias tiveram que se organizar para conseguir cestas básicas e ônibus
escolar e contaram com a ajuda de doações dos moradores da cidade e do prefeito. A maioria
O
11
dos assentados afirmou que o prefeito da época, ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT),
contribuiu muito com os acampados nestes tempos de dificuldades.
Devido à demora da realização do parcelamento da área e definição dos lotes familiares pelo
INCRA, os próprios assentados pagaram para que o trabalho fosse realizado e assim pudes-
sem organizar suas vidas dentro do PA XV de Novembro. Contando com acompanhamento da
equipe técnica do INCRA, os assentados contrataram um técnico que fez o parcelamento da
área segundo as normas exigidas pela legislação. Em seguida, a comunidade fez o sorteio dos
lotes entre as famílias beneficiadas e cada uma ocupou, finalmente, o lote recebido.
Depois desta fase, os assentados receberam o crédito fomento, que foi utilizado para comprar
arame, pregos e ferramentas para marcarem a divisa dos lotes, e o crédito habitação, utilizado
para a construção das casas. O crédito custeio recebido foi empregado na plantação de feijão,
mas os agricultores perderam grande parte da produção devido à falta de água e ao plantio
tardio. Outra parte deste crédito foi investida na compra de gado para produção de leite, obser-
vada no Assentamento. Os trabalhadores receberam também, através do Programa de Compra
Antecipada da Agricultura Familiar (CONAB), um financiamento que foi utilizado na produção
de mandioca.
12
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO PA
3.1. DIAGNÓSTICO EXPEDITO DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
3.1.1. Clima
O clima de uma região é determinante nas tomadas de decisão com relação às culturas mais
adequadas que poderão ser introduzidas na mesma. Seu estudo permite caracterizar os perío-
dos de escassez e abundância hídrica, possibilitando definir as melhores épocas de plantio
para que as chuvas possam atender tanto às demandas hídricas das culturas, quanto às dos
diversos usos do homem e dos outros seres vivos.
Segundo a classificação de Koppen, o clima da região de Paracatu é do tipo Awa, que corres-
ponde ao clima tropical chuvoso de savanas, com inverno seco e verão chuvoso.
O mesmo pode ser também classificado como quente, semi-úmido e moderadamente chuvoso,
observando-se a distribuição média anual da precipitação, temperatura e umidade relativa do
ar (NIMER, 1979).
A homogeneidade edafo-climática do noroeste mineiro permite extrapolar os dados da estação
de Paracatu para as áreas próximas.
A temperatura da região onde se localiza o PA XV de Novembro (Paracatu) pode ser descrita
da seguinte forma: média máxima: 32ºC; média mínima: 16 ºC; média anual: 24 ºC.
A precipitação média na região do Assentamento apresenta valores próximos à 1438,7 mm
ano-1. A variação sazonal da precipitação durante o ano apresenta um ciclo bem definido, sen-
do junho (6,7 mm) e julho (15,1 mm) os meses mais secos e dezembro (324,1 mm) e janeiro
(260,3 mm) os mais chuvosos. A estação chuvosa inicia-se no mês de novembro, alcança o
seu máximo em dezembro e, de uma maneira geral, encerra-se no mês de maio (IN-
MET....2002).
A umidade relativa do ar varia sensivelmente na região de acordo com as estações do ano,
apresentando o valor máximo de 88,7% em janeiro e mínimo de 63,5%, em julho.
A insolação média apresenta valores situados em uma faixa de 2112,8 horas ano-1. Os valores
máximos de nebulosidade ocorrem em dezembro (7,6 décimos), enquanto os valores mínimos
de nebulosidade ocorrem em julho (3,3 décimos).
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A máxima evapotranspiração mensal ocorre em setembro (162,9 mm), em função do início da
primavera (quando a temperatura ambiente começa a se elevar), da menor nebulosidade e da
incidência de ventos secos, potencializando a evaporação e a transpiração A mínima ocorre
em dezembro (77,8 mm), principalmente por causa da grande nebulosidade e do grande núme-
ro de dias chuvosos. A evapotranspiração anual máxima é de 1314,3 mm.
FIGURA 3. Imagem do sensor Landsat 7 com a área do Assentamento XV de Novembro e os respectivos pon-tos de observação.
14
FIGURA 4. Área de ocorrência de siltitos da Formação Parao-peba (ao fundo) no PA XV de Novembro.
3.1.2. Geologia/formações superficiais
A geologia da área onde está inserido o Projeto de Assentamento XV de Novembro é compos-
ta por coberturas detrito-lateríticas, siltitos e em menores proporções, sedimentos aluvionares
recentes referidos ao Quaternário.
As coberturas detrito-lateríticas caracterizam-se por se apresentarem sempre planas, com uma
rede de drenagem pouco densa e uma grande infiltração de água devido às características
físicas dos solos. Estas são formadas por areias finas e médias, argilas sílticas amarelas e
marrom-avermelhadas e localmente cascalhos, sedimentos localmente laterizados, deposita-
das sobre as superfícies de aplainamento terciária-quaternárias. Os vales, por sua vez, apre-
sentam vertentes suaves e veredas
bem desenvolvidas (Fundação CETEC,
1981) (Figura 31).
Os siltitos pertencem à Formação Pa-
raopeba do Grupo Bambuí e apresen-
tam coloração cinza-esverdeado a cin-
za médio e localmente são calcíferos.
Estes ocorrem preferencialmente na
porção norte do Assentamento (Figura
4).
Os sedimentos aluvionares recentes estão distribuídos amplamente ao longo dos principais rios
da região noroeste de Minas Gerais, preenchendo “calhas” onde os vales são abertos e rasos.
A umidade mais elevada nestas áreas também permite o desenvolvimento das veredas, bas-
tante comuns na região. No PA, estes sedimentos são pouco expressivos (Fundação CETEC,
1981).
3.1.3. Geomorfologia/Relevo
De acordo com Fundação CETEC (1981), o relevo regional constitui-se basicamente de exten-
sos planaltos com capeamento sedimentar e amplas depressões dispostas na direção dos
principais rios da região. Na área do Projeto de Assentamento XV de Novembro foi encontrada
uma superfície aplainada relacionada com as coberturas detrito-lateríticas e uma superfície
dissecada onde está localizada a área da reserva legal.
1 As observações de campo foram realizadas com o auxílio de imagem de satélite do sensor Landsat 7 TM Plus, que apresenta resolução espacial de 28,5m para as bandas 3, 4 e 5. Nesta imagem foram traçados os limites das unida-des de mapeamento de solos e as classes de uso e cobertura vegetal identificadas no Assentamento, bem como foram localizados todos os pontos de observação realizados com auxílio de GPS, conforme a Figura 3.
15
A superfície aplainada consiste de uma superfície de aplainamento do Pleistoceno em áreas de
planalto, que apresenta relevo dominantemente plano e suave ondulado, formada por depósi-
tos de cobertura de textura variável, rede de drenagem constituída por veredas e vales pouco
aprofundados. Esta ocorre em cotas altimétricas que variam de 900 a 960 metros.
A superfície dissecada corresponde às vertentes ravinadas, formadas por processos de disse-
cação fluvial. Estas vertentes dissecadas pelo escoamento fluvial concentrado foram elabora-
das predominantemente sobre rochas de baixa permeabilidade, como o siltito (Figura 3), consti-
tuem uma importante área de reserva do Assentamento e apresentam relevo predominante-
mente forte ondulado e ondulado. O Quadro 1 a seguir apresenta as classes de relevo predo-
minantes no PA XV de Novembro.
QUADRO 1. Classes de Relevo do PA XV de Novembro.
Relevo Declividade Área (ha) % Plano 0 – 03% 745,9208 20%
Suave ondulado 03 – 08% 1.305,3614 35% Ondulado 08 – 20% 1.118,8812 30%
Forte ondulado 20 – 45% 559,4406 15% Escarpado > 45% -
3.1.4. Solos e Ambientes
Informações existentes sobre os recursos de solos da área onde está localizado o Projeto de
Assentamento XV de Novembro, ainda que provenientes de estudos generalizados (Fundação
CETEC, 1981), indicam o predomínio de solos com horizonte B latossólico predominantemente
distróficos e de textura argilosa e em menor proporção, solos pouco desenvolvidos formados a
partir de rochas pelíticas pouco permeáveis.
Durante os trabalhos de campo foram confirmadas a presença de Latossolos Vermelhos, La-
tossolos Vermelho-Amarelos, Cambissolos Háplicos, Plintossolos Háplicos, Plintossolos Pétri-
cos e Gleissolos Háplicos.
As características destes solos e suas principais limitações identificadas no Projeto de Assen-
tamento XV de Novembro são apresentadas a seguir.
3.1.4.1. Latossolos
Esta classe compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte diagnóstico superficial, exceto horizonte
hístico. São solos muito intemperizados e muito evoluídos, destituídos de minerais primários ou
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FIGURA 6. Perfil de Latossolo Vermelho em relevo plano.
FIGURA 5. Área típica de ocorrência de Latossolo Vermelho em relevo plano sob cerrado tropical subcaducifólio.
secundários menos resistentes ao intemperismo. Devido à intensa lixiviação de bases e de
sílica, estes apresentam baixa capacidade de troca de cátions (<17cmolc/kg, sem correção pa-
ra carbono), sendo encontrados tanto solos predominantemente cauliníticos (Ki mais elevado),
quanto oxídicos (Ki extremamente baixo). Caracterizam-se por serem muito profundos e nor-
malmente bem drenados a fortemente drenados; de modo geral, são fortemente ácidos, com
baixa saturação por bases, isto é, distróficos ou álicos (Embrapa, 1999).
Latossolo Vermelho
Além das características descritas ante-
riormente, esta classe distingue-se dos
demais Latossolos por apresentar colo-
ração avermelhada no matiz 2,5YR
(vermelho). São dominantemente argi-
losos, ocorrem em áreas de relevo pla-
no e suave ondulado e sob vegetação
de cerrado tropical subcaducifólio (Figu-
ras 5 e 6).
São solos que necessitam de investi-
mentos para correção da acidez e ele-
vação da fertilidade. A textura argilosa
confere uma maior resistência à erosão,
no entanto, os cuidados com relação às
práticas conservacionistas devem ser
priorizados, principalmente nas áreas
de relevo suave ondulado.
Por possuírem boas características físi-
cas e condições de relevo favoráveis
que permitem a mecanização, são mais
recomendados para a utilização com
lavouras, principalmente as anuais sob condições de manejo tecnificado. O déficit hídrico pro-
nunciado na região praticamente exclui a utilização com lavouras anuais em condições de se-
queiro e também limita bastante o desenvolvimento das pastagens no período seco do ano.
Quanto ao risco de erosão, embora a utilização seja basicamente com pastagens, é pertinente
destacar que este risco pode se intensificar se o manejo não for adequado. O superpastoreio
nesta região de déficit hídrico pronunciado pode levar a degradação de grandes áreas.
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Devido à presença de teores de ferro mais elevados, possuem uma capacidade de fixação de
fósforo maior do que os Latossolos Vermelho-Amarelos que ocorrem associados a estes na
área do Assentamento.
O sucesso de uma agricultura sustentável nestes solos dependerá da disponibilidade de recur-
sos dos assentados para investimento em adubação e correção do solo, principalmente de prá-
ticas que possibilitem o aprofundamento do sistema radicular, como a incorporação de calcário
em camadas mais profundas e a gessagem visando um maior aproveitamento da água pelas
plantas.
Esta classe ocorre em todo o PA e está associada com Latossolos Vermelho-Amarelo e em
função do relevo foi subdividida em três unidades de mapeamento, conforme descrito a seguir.
o LVd1 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo plano. 60 - 40%.
o LVd2 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo suave ondulado. 60 - 40%.
o LVd3 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo plano e suave ondulado. 70 - 30%.
Latossolo Vermelho-Amarelo
Esta classe distingue-se dos Latossolos Vermelhos por apresentar cor predominantemente
vermelho-amarelada, no matiz 5YR (vermelho-amarelado). Na área do Projeto de Assentamen-
to XV de Novembro os solos desta classe exibem uma pobreza química muito grande, com
valores sempre baixos de Ca2+ + Mg2+ e elevados de Al3+, necessitando de elevados investi-
mentos para correção da acidez e fertilização, independente do tipo de atividade agrícola pre-
tendida. Ocorrem dominantemente em áreas de relevo plano e suave ondulado e sob vegeta-
ção primitiva de cerrado.
Quanto aos aspectos de utilização destes solos, além da correção da fertilidade deve-se aten-
tar para a necessidade de práticas conservacionistas, principalmente nas áreas onde estes
ocorrem em relevo suave ondulado, visto que as pendentes longas favorecem bastante o pro-
cesso erosivo.
18
Por possuírem boas características físicas, como drenagem interna e condições de relevo favo-
ráveis que permitem a mecanização, estes solos são mais recomendados para a utilização com
lavouras, principalmente lavouras anuais em um nível de manejo tecnificado.
Como foi ressaltado para os Latossolos Vermelhos, a viabilidade de desenvolvimento de uma
agricultura sustentável nestes solos é bastante dependente da quantidade de recursos finan-
ceiros disponíveis para investimento em fertilização e correção, principalmente a incorporação
de calcário em camadas mais profundas visando o aprofundamento do sistema radicular das
plantas (possibilitando um maior aproveitamento da água), assim como de práticas conserva-
cionistas.
No Assentamento, esta classe ocorre associada com os Latossolos Vermelhos e devido à natu-
reza do material básico utilizado não foi possível separar estas classes.
o LVd1 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo plano. 60 - 40%.
o LVd2 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo suave ondulado. 60 - 40%.
o LVd3 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico + LATOSSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropical
subcaducifólio relevo plano e suave ondulado. 70 - 30%.
3.1.4.2. Cambissolos
Os Cambissolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente subja-
cente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que qualquer dos casos não satisfaça os
requisitos para serem enquadrados em outras classes. Apresentam seqüência de horizontes A
ou hístico, Bi, C, com ou sem R e devido à heterogeneidade do material de origem, das formas
de relevo e das condições climáticas, as características destes solos variam muito de um local
para outro. Assim, esta classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados,
de rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-amarelada até vermelho escuro e de alta a baixa
saturação por bases e atividade da fração argila. O horizonte B incipiente tem textura franco-
arenosa ou mais argilosa e o sólum geralmente apresenta teores uniformes de argila, podendo
ocorrer ligeiro decréscimo ou um pequeno incremento de argila do A para o Bi (Embrapa,
1999).
19
FIGURA 7. Aspecto da área de ocorrência de Cambissolo Háplico, evidenciando a mata de galeria no fundo dos vales encaixados.
Cambissolo Háplico
Os Cambissolos háplicos distinguem-se
dos demais Cambissolos por não apre-
sentarem horizonte O hístico ou hori-
zonte A húmico. Na área do PA XV de
Novembro estes apresentam argila de
atividade baixa (< 27 cmolc/kg de argila)
e baixa saturação de bases (V ≥ 50%)
na maior parte do horizonte B, visto que
são desenvolvidos a partir de siltitos
(Figura 7). O contato com o material de
origem inconsolidado nestes solos ocor-
re entre 50 e 100 cm, sendo desta ma-
neira classificados como lépticos. Ocorrem exclusivamente em áreas de relevo ondulado e forte
ondulado e são extremamente pedregosos, o que os tornam moderadamente suscetíveis à
erosão. A vegetação primitiva destes solos é o cerrado tropical subcaducifólio e sua baixa ferti-
lidade natural, elevada pedregosidade e suscetibilidade à erosão moderada fazem com que
sejam mais indicados para a utilização com pastagens natural. Contudo, esta área constitui
uma importante reserva legal do Assentamento, não devendo por isso ser utilizada.
Estes solos ocupam áreas dissecadas do PA e ocorrem como unidades simples e também as-
sociados com Plintossolos Pétricos, conforme descrito a seguir.
o CXbd1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico + PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropi-
cal subcaducifólio relevo ondulado e forte ondulado. 60 - 40%.
o CXbd2 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico A moderado textura argilosa fa-
se floresta tropical subcaducifólia (mata de galeria) relevo ondulado e forte ondulado.
100%.
3.1.4.3. Plintossolos
Esta classe compreende solos minerais formados sob condições de restrição à percolação de
água, sujeitos ao efeito temporário do excesso de umidade, de maneira geral imperfeitamente
ou mal drenados e se caracterizam fundamentalmente por apresentar expressiva plintitização
com ou sem petroplintita ou horizonte litoplíntico. São solos que apresentam horizonte B textu-
ral sobre ou coincidente com horizonte plíntico, ocorrendo também solos com horizonte B inci-
20
FIGURA 8. Aspecto da área de ocorrência de Plintossolo Háplico, evidenciando a vereda.
piente, B latossólico, horizonte glei e solos sem horizonte B. São solos bem diferenciados, po-
dendo apresentar horizonte A de qualquer tipo e apesar de sua coloração ser bastante variável,
verifica-se o predomínio de cores pálidas, com ou sem mosqueado de cores alaranjadas e
vermelhas ou coloração variegada acima do horizonte plíntico (Embrapa, 1999).
Plintossolo Háplico
No Assentamento XV de Novembro
estes solos apresentam textura argilosa
e ocorrem intimamente relacionados
com Gleissolos Háplicos, nas áreas
adjacentes às veredas, em função do
lençol freático mais elevado nestes lo-
cais (Figura 8).
São solos fortemente ácidos e com sa-
turação por bases baixa; assim sendo,
a fertilidade natural se constitui um dos
seus principais fatores limitantes. Outra
característica marcante é a sua drenagem imperfeita, o que no período chuvoso pode limitar o
desenvolvimento de plantas não adaptadas às condições de deficiência de oxigênio por longos
períodos. Por outro lado, na época seca, esta característica pode favorecer o cultivo de lavou-
ras, já que o lençol freático tende a diminuir e as condições de umidade continuam ainda satis-
fatórias. Entretanto, cabe ressaltar que a área de ocorrência destes solos é muito importante
para a manutenção das veredas e conseqüentemente para o equilíbrio hidrológico nestas á-
reas de chapadas, devendo sua utilização ser cercada de cuidados especiais. Por ocorrerem
em áreas pouco declivosas são pouco suscetíveis à erosão.
Na área estudada ocorrem como membro dominante da associação com Gleissolos, conforme
descrito a seguir:
o FXd – PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico A moderado textura argilosa fase cer-
rado tropical subcaducifólio + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico A moderado
textura argilosa fase vereda tropical, ambos relevo plano e suave ondulado.
Plintossolo Pétrico
Os Plintossolos pétricos diferem dos demais Plintossolos por apresentarem horizonte litoplínti-
co, contínuo ou praticamente contínuo, com 10 cm ou mais de espessura ou 50% ou mais de
21
FIGURA 9. Aspecto superficial dos Plintossolos Pétricos.
FIGURA 10. Retirada de material em área de Plintossolo Pé-trico.
petroplintita formando uma camada com
espessura mínima de 15 cm dentro de
40 cm da superfície do solo ou imedia-
tamente abaixo do horizonte A ou E.
Ocorrem em áreas de relevo ondulado e
forte ondulado e apresentam sérias limi-
tações para a utilização agrícola, princi-
palmente devido à grande quantidade
de petroplintita que inviabilidade a ara-
ção do solo e abertura de covas (Figura
9); além disso, são solos extremamente
ácidos e de baixíssima fertilidade natu-
ral. Por possuírem menores quantida-
des de terra fina, apresentam também
baixa capacidade de retenção de água.
No Assentamento, estes solos ocorrem
associados aos Cambissolos Háplicos
na área de reserva legal e em alguns
lotes próximos dos córregos. Algumas
destas áreas são muito utilizadas para
retirada de material para pavimentação
das estradas locais (Figura 10), sendo
esta a sua principal utilidade. A descrição da unidade de mapeamento é apresentada a seguir:
o CXbd1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico + PLINTOSSOLO PÉTRICO
Concrecionário Distrófico típico, ambos A moderado textura argilosa fase cerrado tropi-
cal subcaducifólio relevo ondulado e forte ondulado. 60 - 40%.
3.1.4.5. Gleissolos
Nesta classe estão enquadrados os solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que
apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm da superfície do solo, ou em profundida-
de entre 50 e 125 cm, desde que imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou precedidos por
horizonte B incipiente, B textural ou C com presença de mosqueados abundantes com cores de
redução. Os solos desta classe são permanentemente ou periodicamente saturados por água,
salvo se artificialmente drenados, a água permanece estagnada internamente ou a saturação é
dada por fluxo lateral. São solos caracterizados por forte gleização em decorrência do regime
22
de umidade redutor que se processa em meio anaeróbico, com muita deficiência ou mesmo
ausência de oxigênio devido ao encharcamento por longo período ou durante todo o ano (Em-
brapa, 1999).
Na área do Projeto de Assentamento XV de Novembro estes solos apresentam textura predo-
minantemente argilosa e conforme já mencionado, ocorrem intimamente relacionados com os
Plintossolos Háplicos nas áreas adjacentes às veredas, em função do lençol freático mais ele-
vado condicionado pela má drenagem do solo (Figura 7).
Tal como os Plintossolos, os Gleissolos são fortemente ácidos e com baixa reserva de nutrien-
tes para as plantas (saturação por bases baixa). Desta maneira, a fertilidade natural constitui-
se um dos seus principais fatores limitantes. Outra limitação importante é o excesso de água
condicionado pela má drenagem, o que a não ser que seja drenado artificialmente, praticamen-
te inviabiliza sua utilização com a maioria das plantas cultivadas não adaptadas às condições
de deficiência de oxigênio por longos períodos.
Cabe ressaltar, no entanto, que a área dominada pelos Gleissolos, do mesmo modo como foi
enfatizado para os Plintossolos, é muito importante para a manutenção das veredas e do equi-
líbrio hidrológico nestas áreas. Assim, mais do que os Plintossolos, estes não devem ser utili-
zados para a produção agrícola por constituírem ambientes frágeis e importantes do ponto de
vista ecológico.
Na área estudada, os Gleissolos ocorrem como membro secundário da associação com os
Plintossolos Háplicos, conforme descrito a seguir:
o FXd – PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico típico A moderado textura argilosa fase cer-
rado tropical subcaducifólio + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico A moderado
textura argilosa fase campo hidrófilo de surgente, ambos relevo plano e suave ondula-
do.
O Quadro 1 apresenta um resumo das principais características das unidades de mapeamento
que representam a área do Projeto de Assentamento XV de Novembro, bem como suas
principais limitações e aptidões agrícolas.
23
QUADRO 1. Unidades de mapeamento de solo e suas características na área de abrangência
do PA XV de Novembro.
Unidade de mapeamento
Solos e % de ocorrência Vegetação
Tipo de utili-zação princi-
pal Relevo Principais Limitações Aptidão
Agrícola
Latossolo Ver-melho 60%
LVD1 Latossolo Ver-melho Amarelo
40%
Cerrado tropi-cal subcadu-cifólio
Pastagem em diversos está-dios de con-servação
Plano (0 a 3%)
Baixa fertilidade natural e deficiência hídrica ligeira a moderada
2(b)c
Latossolo Ver-melho 60%
LVd2 Latossolo Ver-melho Amarelo
40%
Cerrado tropi-cal subcadu-cifólio
Pastagem em diversos está-dios de con-servação
Suave ondulado (3 a 8%)
Baixa fertilidade natural e deficiência hídrica ligeira a moderada
2(b)c
Latossolo Ver-melho 70%
LVd3 Latossolo Ver-melho Amarelo
30%
Cerrado tropi-cal subcadu-cifólio
Pastagem em diversos está-dios de con-servação
Plano (0 a 3%) e
Suave ondulado (3 a 8%)
Baixa fertilidade natural e deficiência hídrica mode-rada
2(b)c
Cambissolo Háplico 60%
CXbd - Baixa fertilidade natural, deficiência hídri-ca forte, risco de erosão forte e muita pedregosi-dade
CXbd1
Plintossolo Pétrico 40%
Cerrado tropi-cal subcadu-cifólio
Reserva legal e pastagem natural
Ondulado (8 -20%) e forte ondu-
lado (20 - 45%) FFcd - Idem
5(n)
CXbd2 Cambissolo Háplico 100%
Floresta tropi-cal subcadu-cifólia
Reserva legal
Ondulado (8 -20%) e forte ondu-
lado (20 - 45%)
Baixa fertilidade natural, deficiência hídrica forte, risco de erosão forte e muita pedregosidade
6
Plintossolo Háplico 70%
Cerrado tropi-cal subcadu-cifólio
Pastagem suja FXd - Excesso de água moderado 3(bc)
FXd Gleissolo Hápli-
co 30% Vereda tropi-cal Sem uso
Plano (0 a 3%) e suave on-
dulado (3 a 8%)
GXbd - Excesso de água forte 6
LVd - Latossolo Vermelho Distrófico típico A moderado textura argilosa; CXbd – Cambissolo Háplico Tb Distrófico léptico A moderado textura argilosa; FXd - Plintossolo Háplico Distrófico típico A moderado textura argilosa; FFcd - Plintossolo Pétrico Concrecionário Distrófico típico; e GXbd - Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico A moderado textura argilosa.
Legenda da aptidão agrícola das terras do PA XV de Novembro
Aptidão Agrícola Descrição Ärea (ha) Perímetro
(m)
2(b)c Terras pertencentes à classe de aptidão regular para lavouras no nível de manejo C, classe de aptidão restrita no nível de manejo B e classe de aptidão inapta no nível de manejo A.
1.935,5212 51,85
3(bc) Terras pertencentes à classe de aptidão restrita para lavouras nos níveis de manejo B e C e classe de aptidão inapta no nível de manejo A.
45,7187 1,22
5(n) Terras pertencentes à classe de aptidão restrita para pastagem natural. 1.444,1131 38,69
6 Terras sem aptidão para utilização agrícola, reservadas para preservação da fauna e da flora. 307,4105 8,24
24
3.1.5. Recursos hídricos
3.1.5.5. Superficiais
A região onde se insere o imóvel pertence à sub-bacia federal do rio Paracatu, afluente da
margem esquerda do rio São Francisco, com vazão mínima de 2,0 m3 s-1 e máxima de 1000 m3
s-1. A vazão média está estimada em 87 m3 s-1 e este é o maior tributário do São Francisco.
O rio São Francisco, terceira bacia hidrográfica do Brasil, drena uma área de aproximadamente
640.000 km2, ocupando 8% do território nacional e 39,8% do território do estado de Minas
Gerais. Sua calha está situada na Depressão São Franciscana, entre os terrenos cristalinos a
leste (serra do Espinhaço, chapada Diamantina e planalto nordeste) e os planaltos
sedimentares do Espigão Mestre a oeste, conferindo diferenças quanto aos tipos de águas dos
seus afluentes.
A bacia do Paracatu é constituída pelas sub-bacias do rio Preto (com 10.459 km2), rio do Sono
(com 5.969 km2), rio Prata (com 3.750 km2), rio Escuro (com 4.347 km2), dentre outras. Limita-
se ao norte com a bacia do rio Urucuia, tendo como divisor de águas a serra do rio Preto e um
prolongamento desta até o rio São Francisco; a sudeste, com a bacia do São Francisco e a sub-
bacia do rio Abaeté, através da chapada dos Gerais; a oeste, o divisor de águas é a serra dos
Pilões, separando-a da sub-bacia do rio São Marcos, afluente do rio Paranaíba e que também é
a divisa entre os estados de Goiás e Minas Gerais; ao sul, pela serra do Andrequicé, que faz o
divisor com a bacia do rio Paranaíba; a noroeste, o divisor é o Espigão do Magalhães, nas
cabeceiras do rio Preto, fazendo a divisa com a bacia do Tocantins.
As altitudes na bacia variam entre 466 m e 1.000 m, com as maiores cotas acorrendo ao sul da
mesma, na serra Grande, serra dos Alegres, Espigão do Magalhães e chapada da Ponte
Firme, onde nasce o rio da Prata e seus principais afluentes; ao norte, nas cabeceiras dos rios
Preto, Roncador e ribeirão; a oeste da cidade de Unaí e a oeste, na serra dos Pilões, cabeceira
do rio Arrenegado.
O rio Paracatu, no seu trecho médio, tem uma extensão de aproximadamente 172 km e corre
sobre sedimentos detríticos de cobertura terciária-quaternária, dos quais recebe influxos impor-
tantes de águas subterrâneas. Em alguns trechos, onde a cobertura detrítica tem espessura
reduzida ou foi removida pela erosão atual, o rio corta ardósias e siltitos da Formação Parao-
peba. Os principais afluentes da margem direita são o rio da Prata e inúmeros ribeirões que
correm sobre a cobertura Tqd, com direção N-S muito evidente. Pela margem esquerda, o rio
Paracatu recebe dois importantes aportes de águas provenientes do rio Preto e do ribeirão En-
tre Ribeiros.
25
As águas superficiais dos contribuintes da margem direita mostram as seguintes característi-
cas:
o Em regime de águas baixas, o rio da Prata tem uma composição bicarbonatada cálcica,
com baixo conteúdo de sólidos dissolvidos (condutividade igual a 57,6 dS/m) e baixa
concentração de cloretos e sulfatos (menor que 5 ppm), o que evidencia a forte
influência das contribuições provenientes dos arenitos cretácicos da Formação Areado.
o Os afluentes que se desenvolvem sobre os sedimentos do tqd, como o riacho dos
Poções, tem baixa salinidade (condutividade em torno de 4 dS/m) e composição
semelhante a desses aqüíferos superficiais. Os íons dominantes são bicarbonato e
cálcio.
As águas superficiais dos contribuintes da margem esquerda mostram as seguintes
características:
o As águas do rio Preto, desde Unaí até Porto dos Poções, têm salinidade e dureza
elevadas (valores máximos: condutividade de 144 dS/m e dureza de 86 ppm de CaCO3)
e composição bicarbonatada cálcio magnesiana em período de baixo fluxo.
o As águas do ribeirão Entre Ribeiros e seu afluente, o ribeirão São Pedro, mostram
águas ainda mais salinas e duras (condutividade de 274 e 189 dS/m e dureza de 154 e
114 ppm de CaCO3, respectivamente).
o A razão rMg/rCa pode alcançar, em ambos os rios, valores próximos ou superiores a 1
o que parece indicar provavelmente influência de rochas dolomíticas, tal como ocorre
com as águas subterrâneas nesta zona.
O rio Preto e o ribeirão Entre Ribeiros se desenvolvem principalmente sobre terrenos de
ardósias, siltitos, calcários e dolomitos da Formação Paraopeba, com exceções apenas do
baixo curso, próximo à desembocadura e das nascentes, onde ocorrem sobre sedimentos
areno-argilosos de cobertura Tqd. Estes rios são os mais importantes em extensão e volume
de deflúvio e têm a maior parte dos seus cursos sobre rochas do Grupo Bambuí. A composição
química de suas águas reflete essencialmente a contribuição de águas subterrâneas desses
terrenos, responsáveis pela manutenção do fluxo de base dos cursos d’água. São das poucas
bacias de importância que não recebem contribuições de águas subterrâneas dos arenitos
cretácicos em toda região.
As águas do rio Paracatu, neste trecho, mostram influência destas contribuições da margem
esquerda, verificando-se características similares, se bem que com uma perceptível diminuição
26
do total de sólidos dissolvidos (condutividade de 107 a 81 dS/m) como conseqüência da dilui-
ção provocada pelas águas de baixa salinidade dos afluentes da margem direita e dos influxos
de água subterrânea do Tqd.
A rede hidrográfica do PA XV de Novembro é constituída por vários mananciais que o cortam
ou o margeiam, como os córregos das Tabocas, da Bocaina, do Quintino, da Onça e da Sede,
além das veredas Furnas e do Boi, que estão inseridas na sub-bacia do ribeirão São Pedro.
Esta sub-bacia está inserida na bacia estadual do ribeirão Entre Ribeiros, onde se concentram
as áreas irrigadas do noroeste mineiro, que representam 53% da área irrigada em toda a bacia
do rio Paracatu, notadamente os Projetos Entre Ribeiros I e II, que foram implementados na
década de 1980 como um programa de desenvolvimento do noroeste de Minas Gerais. O
sistema de irrigação predominante é o pivô central (88%), utilizado para irrigação de grãos,
frutas e hortaliças, com destaque para o pimentão, que é a matéria prima da indústria de
condimentos (Funcks) localizada em Brasilândia de Minas.
A grande atividade agrícola irrigada nesta bacia já esgotou o seu potencial. Em condições mais
extremas, a vazão de retirada da irrigação na bacia do Entre Ribeiros, no mês de maior
demanda, representou 85,1% da Q7,10 (RODRIGUEZ, 2004), muito superior ao máximo
outorgável pelo IGAM que é de 30 % da Q7,10.
3.1.5.6. Subterrâneos
As condições de ocorrência das águas subterrâneas numa região resultam ser muito variadas,
à medida que dependem da interação de fatores climáticos, muito irregulares no espaço e no
tempo e de fatores geológicos, cuja variabilidade é muito grande e depende da escala do
estuda da área em questão. A interação entre fatores climáticos e hidrogeológicos condiciona
as formas de recarga, armazenamento, circulação, descarga, influencia substancialmente a
qualidade das águas subterrâneas e define as províncias hidrogeológicas.
O PA XV de Novembro está inserido na Província Hidrogeológica 5 (São Francisco), que
congrega a extensão de terrenos onde ocorre o mais expressivo processo de desenvolvimento
cárstico no Brasil, bem caracterizado na sua porção leste, correspondente às áreas de
ocorrência do Grupo Bambuí, de idade Cambriana, os quais ocorrem nas regiões do Jaíba e do
rio Verde Grande, no norte de Minas Gerais e em Irecê, na Bahia. A vazão dos poços na
província apresenta valores mais freqüentes entre 10-20 m3 h-1. Nas áreas irrigadas do norte de
Minas há a ocorrência de poços cujas vazões variam de 50-150 m3 h-1.
Os aqüíferos predominantes são cársticos e cársticos fissurados, com predominância deste
último, que constitui uma unidade aqüífera com ampla distribuição na bacia do Paracatu, repre-
27
sentada pelas rochas da Formação Paraopeba – fácies argilo-carbonatada a pelítica que cor-
respondem a ardósias, meta-argilitos, meta-siltitos e margas, com freqüentes interdigitações de
lentes carbonáticas (Pe B).
Sua área de afloramento corresponde a cerca de 34% da área total da bacia do Paracatu e seu
contato estratigráfico normal, inferior, se dá com as rochas da Formação Paranoá, como
registrado na porção setentrional da bacia da região de Unaí, encontrando-se
estratigraficamente subjacente às rochas arcosianas da Formação Três Marias, sob contato
gradacional.
Esta unidade aqüífera apresenta características de funcionamento cárstico-fissural, termo
adotado face à ocorrência de interdigitações dos termos carbonáticos, às vezes puros, às
vezes impuros, mas sujeitos aos processos de carstificação, freqüentemente associados ao
forte tectonismo, que promove descontinuidades de rupturas e deformações nas rochas
carbonáticas, facilitando a sua dissolução e formação de vazios de permeabilidade secundária.
O potencial hidrogeológico desta unidade depende, portanto, do grau de fraturamento e
desenvolvimento das cavidades e das aberturas de dissolução dos carbonatos. Por se tratar de
um meio de grande complexidade litológica e geométrica, pode apresentar características e
potencialidades ora de caráter cárstico, ora de carácter fissural, ora de caráter misto de um
meio fissurado e cárstico.
Os poços perfurados e cadastrados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) na
região apresentam vazão específica média de 0,54 L s-1 m -1, com valor máximo de 1,83 L s-1
m-1 e mínimo de 0,05 L s-1 m-1. O poço cadastrado de maior vazão foi o de 21 m3 h-1 e o de
menor vazão de 4 m3 h-1, sendo a média igual a 11 m3 h-1.
3.1.6. Vegetação Nativa
A área do assentamento XV de Novembro se insere no bioma cerrado, que é uma cobertura
vegetal característica das áreas de clima semi-úmido, com duas estações bem definidas, uma
chuvosa e uma seca, ocupando predominantemente os solos sedimentares do planalto brasileiro
(IBGE, 1977). A vegetação deste bioma apresenta fisionomias que englobam formações
florestais, savânicas e campestres. Em sentido fisionômico, “floresta” representa áreas com
predominância de espécies arbóreas, onde há formação de dossel, contínuo ou não; o termo
“savana” refere-se a áreas com árvores e arbustos espalhados sobre um estrato graminoso, sem
a formação de dossel contínuo; já o termo “campo” designa áreas com predominância de
espécies herbáceas e alguma arbustivas, faltando árvores na paisagem (Sano & Almeida, 1998).
28
FIGURA 11. Aspecto do cerrado após a queima, no lote 30 do PA XV de Novembro.
Segundo a classificação da Embrapa (1999) trata-se de cerrado subcaducifólio (Figuras 5 e 11) e
campo cerrado, tipos fitofisionômicos encontrados em alguns locais do Assentamento, principal-
mente associados às áreas de reserva
legal. Porém, nos lotes dos assentados,
em razão do desmatamento e posterior
implantação de pastagens ou abandono,
a vegetação natural foi quase toda re-
movida.
A identificação dos tipos fitofisionômicos
do PA foi feita com auxílio da chave de
identificação proposta por Sano & Al-
meida (1998). As espécies da flora cita-
das neste relatório foram identificadas
através da indicação dos nomes vulgares pelos
assentados, observação de folhas e flores, quando
possível, e comparação com fotografias de espé-
cies já classificadas.
A definição da vegetação de cerrado está contida em
várias publicações, dentre as quais podem ser cita-
das Radambrasil (1987), Fundação Cetec (1981) e
Sano & Almeida (1998). Segundo estas definições,
cerrado designa diferentes tipos de vegetação, sen-
do que neste Assentamento ocorre, em sua maioria,
o cerrado sentido restrito (Sano & Almeida, 1998),
com árvores tortuosas, de cascas grossas e greta-
das, intercaladas de longe em longe por uma ou
outra árvore de porte ereto, às vezes emergente.
Este bioma é constituído de um estrato arbustivo e
subarbustivo denso, de composição florística muito
variável, com estrato graminoso-herbáceo portando-
se da mesma forma. No caso presente, entre outras
espécies conhecidas do cerrado, foram identificados o piqui (Caryocar edule) (Figura 12) e o pau-
terra do cerrado (Qualea grandiflora) (Figura 13).
Em razão dos diferentes tipos de vegetação que este bioma engloba, foram identificadas no
local as formações de vereda, de mata de galeria e de campo cerrado.
FIGURA 12. Aspecto do pequi (Caryocar edule) em área de cerrado do PA XV de Novembro.
FIGURA 15. Aspecto da vereda, com buritis na drenagem do terreno, cercada por pastagens.
O tipo fitofisionômico campo cerrado ou segundo
Sano & Almeida (1998), campo sujo (Figura 12), é
exclusivamente herbáceo-arbustivo, com arbustos e
subarbustos esparsos, cujas plantas muitas vezes
são constituídas por indivíduos menos desenvolvi-
dos das espécies arbóreas do cerrado sentido restrito. Ocorre associada a solos rasos em rele-
vo ondulado ou mais declivoso.
A vereda (Figuras 8 e 15) identificada na
área do Assentamento XV de Novembro é
caracterizada pela presença do buriti
(Mauritia flexuosa) emergente, em meio a
agrupamentos mais ou menos densos de
espécies arbustivo-herbáceas. Normal-
mente, as veredas são circundadas por
campo limpo, geralmente em terrenos mal
drenados, em solos hidromórficos satura-
dos durante a maior parte do ano.
A mata de galeria (Figura 7), tipo fitofisionômico pelo qual se entende a vegetação que acom-
panha os rios de pequeno porte e córregos, formando corredores fechados (galerias) sobre o
curso de água, sendo normalmente de fisionomia perenifólia, ocorre associada principalmente
às drenagens naturais da área de reserva legal do Assentamento, estando em boas condições
de conservação.
FIGURA 14. Ao fundo, aspecto do campo cerrado associado ao cerrado e mata de galeria e área de reserva legal do As-sentamento.
FIGURA 13. Pau-terra (Qualea grandiflora) em área de cerrado no PA XV de Novembro.
30
FIGURA 16. Pastagem de braquiária em bom estado de conservação.
FIGURA 17. Aspecto dos lotes com áreas onde houve desmatamento e posterior abandono, com regeneração natural da vegetação.
FIGURA 18. Aspecto da cultura de arroz pós-colheita, cultivado com nível de manejo desenvolvido.
No passado, o cerrado sentido restrito re-
vestia grande parte do PA, mas em razão
da ocupação antrópica, atualmente se en-
contra bastante reduzido.
A área de reserva legal, localizada no nor-
deste do Assentamento, encontra-se com
uma vegetação que foi definida como uma
associação de cerrado sentido restrito e
campo cerrado ou campo sujo, margeando
os drenos com vegetação de mata de ga-
leria (Figura 6). No entanto (apesar de não
observado), segundo depoimentos dos
próprios assentados, as terras da reserva
legal vêm sendo utilizadas como pasta-
gens para o gado, o que descaracteriza
sobremaneira a função de reserva legal da
área e dificulta a conservação da vegeta-
ção natural.
Neste PA, em razão das áreas de reserva
legal estarem demarcadas como áreas
contínuas e não isoladas em cada lote,
toda ou quase toda a área útil (lotes) foi
transformada em pastagens, que se en-
contram em diferentes estados de conser-
vação. Na maioria dos casos, a pastagem
de braquiária (Figura 16) foi implantada,
sendo que em alguns lotes ou em partes
dos mesmos, após o desmatamento, a
área foi abandonada e se encontra com
vegetação natural em regeneração, sendo
utilizada como pastagem (Figura 17), po-
rém com pouca capacidade de suporte.
As pastagens implantadas em praticamente todo o Assentamento indicam que grande parte
dos assentados parece ter optado pela pecuária como uma das formas de utilização de seus
lotes, razão pela qual a qualidade dos pastos é fator importante para o sucesso deste negócio
31
agrícola. Não obstante, foram observadas áreas onde uma vez implantadas as pastagens, as
mesmas foram abandonadas ou mal conduzidas e hoje se encontram com capacidade de su-
porte reduzida, necessitando de recuperação e, ou, manutenção.
Poucas terras foram identificadas com utilização com culturas, opção escolhida por apenas um
assentado, como pode ser observado na Figura 18, que exibe um campo de arroz colhido,
onde o plantio foi elaborado num nível de manejo desenvolvido, com aplicação de capital e
insumos e manejo mecanizado.
Durante o trabalho de campo foram definidas as seguintes classes de utilização da terra
(Quadro 2) para o tema de uso e cobertura vegetal, que podem ser observadas em mapa
anexo.
QUADRO 2. Classes de utilização da terra e respectivos nomes.
Descrição Classes de utilização Área (ha) % Vereda 1 46,4795 1,11
Mata de galeria 2 255,2782 26,38 Cerrado e campo cerrado 3 984,7862 6,84
Cultura de arroz 4 41,5401 64,42 Pastagem 5 2.404,6810 1,25
As seguintes considerações sobre o passivo ambiental podem ser tecidas sobre as classes de
utilização acima especificadas:
3.1.6.1. Considerações Sobre as Classes de Utilização
Classe de utilização 1. Vereda.
Ocorrem associadas a pequenos córregos, nascentes e lagoas, tendo sido identificadas em
vários locais do Assentamento, estando devidamente localizadas em mapa anexo. São áreas
de preservação permanente e devem ter a entrada de animais impedida ou, pelo menos,
ordenada. No caso de construção de cercas, estas devem ser feitas de acordo com o Projeto
Conceitual 01, em anexo.
Classe de utilização 2. Mata de Galeria.
Ocorrem associadas a pequenos córregos, nascentes e lagoas, tendo sido identificadas em
vários locais do PA, principalmente na área da reserva legal (mapa em anexo). São áreas de
preservação permanente e devem ter a entrada de animais impedida. No caso de construção
de cercas, estas devem ser feitas de acordo com o Projeto Conceitual 01, em anexo.
32
Classe de utilização 3. Cerrado e Campo Cerrado.
Este tipo de vegetação encontra-se ainda em seu estado natural ou muito pouco alterado pela
atividade humana e apenas na área de reserva legal, no nordeste do Assentamento. Está em
boas condições de conservação, mas atenção deve ser dada quanto à entrada de animais
neste ambiente.
Classe de utilização 4. Cultura de arroz.
Constitui-se em um lote no sudeste do Assentamento, onde o assentado investiu em tecnologia
apropriada e obteve sucesso no plantio de arroz de sequeiro.
Classe de utilização 5. Pastagem Limpa.
É composta por áreas onde a pastagem foi implantada, estando em variados estados de
conservação, contudo sem apresentar problemas com erosão, embora deva ser sistematicamente
manejada com calcário e adubação de manutenção, conforme poder-se-á verificar no item 5.
3.1.7. Fauna Silvestre
O município de Paracatu está localizado dentro do bioma cerrado, que cobre uma área total de
8.241,1Km². Originalmente, o cerrado cobria uma área de 1.783.200 km2 do planalto central,
mas está atualmente reduzido a apenas 20% de sua área original, (Myers et al. 2000).
Segundo o Índice de Pressão Antrópica (IPA), adotado pelo Instituto Sociedade População e
Natureza a partir de dados demográficos e econômicos, o noroeste de Minas Gerais sofre uma
pressão antrópica média, sendo que o desenvolvimento da agropecuária com tecnologias
avançadas (hoje a região se destaca como produtora de grãos e gado de corte), a mineração e
os reflorestamentos tendem a aumentar cada vez mais esta situação. Assim, considerando
principalmente a alta taxa de endemismos de espécies animais, juntamente à alta pressão que
vem sofrendo, especialmente em função do setor agrícola, o cerrado foi incluído entre as 25
regiões de maior biodiversidade e passíveis de serem extintas do mundo (Myers et al. 2000).
A alteração dos ambientes naturais gera um alto nível de fragmentação e isolamento entre á-
reas conservadas do cerrado e de suas formações florestais típicas, como as matas ciliares e
veredas, o que constituiu o principal fator responsável pelo declínio acentuado da fauna, sobre-
tudo da fauna de vertebrados (Machado et al. 1998). A fragmentação tem efeitos tanto físicos
quanto biológicos, podendo afetar padrões de migração e dispersão de espécies, diminuir o
tamanho das populações e sua variabilidade genética e facilitar a entrada de espécies exóticas
33
nos fragmentos, afetando a dinâmica das populações nativas e elevando o risco de extinção
destas populações (Araújo, 2000). Caça indiscriminada e explorações predatórias também con-
tribuem imensamente para o declínio da fauna de vertebrados (Costa et al., 1998).
A perpetuação de uma determinada espécie silvestre deve levar em conta seus requisitos
ecológicos e o tamanho mínimo de uma população que se mantenha em equilíbrio, mesmo em
face de variações ambientais. Isto, porém, torna-se mais complexo quando o objetivo é a
conservação de comunidades, uma vez que diferentes espécies têm diferentes requisitos
ecológicos, sendo em alguns casos necessário a manutenção de grandes extensões de áreas
naturais, livres de pressões, para a manutenção destas comunidades. Alterações antrópicas
drásticas podem, portanto, limitar ambientes naturais pequenos demais para abrigar espécies
com amplos requisitos de área para sobreviver (Sick, 1997).
O cerrado mineiro apresenta 124 das 161 espécies de mamíferos que ocorrem nesse bioma.
Deste total, 07 espécies restritas ao cerrado e 19 não restritas figuram na lista das ameaçadas
de extinção no estado (Machado, 1998). A avifauna de Minas Gerais é bastante rica e
diversificada, possuindo um total de 780 (46,5 %) das espécies de aves do Brasil, sendo 29
destas endêmicas do cerrado e 39 listadas entre as espécies ameaçadas de Minas Gerais. Os
répteis estão representados por 120 espécies no estado de Minas Gerais, sendo que 24 destas
estão restritas ao cerrado (Myers et al. 2000). A diversidade de ambientes naturais
incorporados ao cerrado, como as matas ciliares e veredas, pode se refletir numa alta
diversidade da fauna em algumas áreas.
No que se refere à fauna de vertebrados terrestres da bacia de Paracatu, as listagens
remissivas disponíveis apontam 198 espécies de aves, 40 espécies de mamíferos e cerca de
50 espécies de répteis.
Dentre as áreas prioritárias para a conservação de aves no estado de Minas Gerais constam os
municípios de Brasilândia de Minas (extrema importância biológica) e João Pinheiro (muito alta
importância biológica). Assim, devido à sua proximidade com o município de Paracatu, este se
torna um importante refúgio para as aves que se deslocam por longas distâncias em busca de
alimentos e lugar para a reprodução.
Este estudo teve como objetivo apontar os principais agentes causadores de impactos
ambientais que afetam direta ou indiretamente a fauna de vertebrados silvestres
remanescentes na área do PA XV de Novembro, além medidas viáveis que possam minimizar
estes impactos a curto e médio prazo.
34
METODOLOGIA
A área do PA XV de Novembro foi percorrida em junho de 2004, através de trilhas já existen-
tes, sendo especialmente enfatizados os lotes supostamente em melhor estado de
conservação e as áreas de reserva legal e preservação permanente. Trabalhadores residentes
na área desde a criação do Assentamento foram questionados sobre a fauna local e os
principais impactos ambientais presentes. Foi realizada uma saída a campo na tentativa de
percorrer toda a área e registrar a fauna observada, sendo a identificação feita por contato
visual, auditivo e vestígios indiretos (pegadas, fezes, tocas etc) encontrados durante o período
de coleta dos dados. Foi feita também a tabulação dos dados qualitativos obtidos através de
um rápido inventário da diversidade da fauna local. As espécies de hábito noturno registradas
foram descritas pelos próprios moradores locais.
Os remanescentes de cerrado, matas ciliares e veredas foram avaliados e descritos (ver
vegetação). Com base nas observações feitas, dados existentes na literatura científica sobre a
situação do cerrado em geral e relatos dos moradores, foi proposta uma lista de possíveis
impactos diretos e indiretos sobre a fauna de vertebrados do PA XV de Novembro com as
possíveis medidas para a redução e reversão destes problemas sobre a fauna.
RESULTADOS
Mastofauna
Para o PA XV de Novembro foram registradas 29 espécies de mamíferos, sendo apenas uma
(Figura 19) seguramente registrada através da visualização direta de suas pegadas. Dentre as
espécies registradas, 11 estão ameaçadas de extinção. No Quadro 3 estão listadas as
espécies registradas.
QUADRO 3. Lista da mastofauna diagnosticada no Projeto de Assentamento XV de Novembro,
município de Paracatu, Minas Gerais. Ameaçada - Espécies presentes no Livro Vermelho das
Espécies Ameaçadas da Fauna de Minas Gerais; Risco Local – Espécies que podem ser
rapidamente extintas localmente devido a pressões antrópicas.
Espécies Nome vulgar (Regional)
Registro Visual/Auditivo
Relatos de Moradores Status
Didelphidae Didelphis albiventris Gambá X Marmosa sp. Cuíca X Dasypodidae
Cabassous sp. Tatu-de-rabo-mole
X Ameaçada
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha, tatu preto
X
35
Euphractus sexcinctus Tatu-testa-de-ferro, tatu-peba
X
Tolypeutes sp. Tatu-bola X Ameaçada Priodontes maximus Tatu-canastra X Ameaçada Myrmecophagidae
Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira
X Ameaçada
Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim X Ameaçada Chiroptera
Desmodus rotundus Morcego-vampiro
X
Callitrichidae
Callithrix penicillata Mico-estrela, souin
X
Canidae
Dusicyon gymnocercus Graxaim (Figura 19) X
Chrysocyon brachyurus Lobo guará X Ameaçada Procyonidae Nasua nasua Coati X
Procyon cancrivorus Mão-pelada, mão-lisa
X
Mustelidae
Conepatus semistriatus Geraldo-cambeva, jaratataca
X
Eira barbara Papa-mel, irara Galictis sp. Furão X Felidae Herpailurus yaguarondi Gato-mourisco X Leopardus pardalis Jaguatirica X Ameaçada Puma concolor Onça-parda X Ameaçada Panthera onca Onça-pintada X Ameaçada Cervidae
Mazama americana Veado-mateiro, veado-campeiro
X Risco Local
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro
X Risco Local
Tayassuidae Pecari tajacu Cateto X Ameaçada Tayassu pecari Queixada X Ameaçada Erethizontidae Coendou prehensilis Ouriço-cacheiro X Caviidae
Cavia aperea Preá, porquinho-da-índia
X
Dasyproctidae Dasyprocta sp. Cutia X Risco Local Leporidae Sylvilagus brasiliensis Tapeti, lebre X
A área de reserva do PA está localizada numa região de difícil acesso, sendo um local onde a
maioria dos mamíferos de médio e grande porte se refugia para fazer uso de seus recursos. O
registro de animais de médio e grande porte como catetos, queixadas, veados e cutias de-
monstra a boa conservação do ambiente e sua capacidade em manter populações de grandes
36
FIGURA 19. Graxaim (Dusicyon gymnocercus), espécie de mamífero carnívoro de médio porte encontrado atropelado na estrada principal do PA XV de Novembro.
mamíferos, bem como de seus predadores naturais (onça-pintada, onça-parda). Portanto, é de
fundamental importância a preservação das áreas de proteção ambiental como forma de evitar
a extinção local dessas populações animais. As áreas de preservação permanente e a reserva
legal, apesar de não estarem devidamente cercadas, em geral apresentam-se bem conserva-
das e são capazes de manter uma fauna bastante diversificada, inclusive de mamíferos de mé-
dio e grande porte.
Apesar de não terem sido registrados
pequenos mamíferos terrestres, a pre-
sença de carnívoros como a onça-
parda, lobo guará, graxaim (Figura 19),
jaguatirica e gatos do mato, além da
relativa abundância de serpentes, per-
mite inferir sobre a abundância de pe-
quenos mamíferos no PA XV de No-
vembro, pois para manter populações
dessas espécies é necessário que haja
disponibilidade de alimento. A relativa
abundância de frutos e insetos que servem de alimento para esses roedores, marsupiais e
morcegos fornece indícios de que pode existir uma população considerável de pequenos ma-
míferos no local.
Avifauna
Foram diagnosticadas durante o levantamento 123 espécies de aves, distribuídas em 37
famílias, que podem ser visualizadas no Quadro 3, juntamente com outras informações de
interesse.
QUADRO 3. Lista da avifauna diagnosticada no Assentamento XV de Novembro no município
de Paracatu, Minas Gerais. Ameaçada - Espécies incluídas no Livro Vermelho das Espécies
Ameaçadas da Fauna de Minas Gerais; Risco Local – Espécies que podem ser rapidamente
extintas localmente devido a pressões antrópicas.
Espécies Nome vulgar (regional)
Registro Visual/Auditivo
Relatos de moradores Status
Família Tinamidae Crypturellus parvirostris Inhambu-chororó X Risco Local Rhynchotus rufescens Perdiz X Risco Local Nothura maculosa Codorna-comum X Risco Local Família Rheidae Rhea americana Ema X Ameaçada
37
Família Ardeidae
Casmerodius albus Garça-branca-Grande X
Egretta thula Garça-branca-pequena X
Bulbucus ibis Garça-vaqueira X Butorides striatus Socozinho X Syrigma sibilatrix Maria-faceira X Família Threskiornithidae Theristicus caudatus Curicaca X Família Cathartidae
Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta X
Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha X
Sarcoranphus papa Urubu-rei X Risco Local Família Anatidae Amazoneta brasiliensis Pé-vermelho X Cairina moschata Pato-do-mato X Família Accipitridae Rupornis magnirostris Gavião-carijó X Gampsonyx swainsonii Gaviãozinho X Família Falconidae Herpetotheres cachinnans Acauã X Milvago chimachima Carrapateiro X Polyborus plancus Caracará X Falco femoralis Falcão-de-coleira X Falco sparverius Quiriquiri X Família Cracidae Penelope spp Jacu (Figura 20) X Risco Local Mitu tuberosus Mutum-cavalo X Risco Local Família Rallidae Rallus nigricans Saracura-sanã X Aramides cajanea Três-potes X Gallinula chloropus Frango-d’água X Família Cariamidae Cariama cristata Seriema X Família Charadriidae Vanellus chilensis Quero-quero X Família Columbidae Columba picazuro Asa-branca, trocal X Columba cayennensis Pomba-galega X Columba plumbea Pomba-amargosa X Columbina talpacoti Rola X Scardafella squammata Fogo-apagou X Leptotila sp Juriti X Família Psittacidae Ara ararauna Arara-canindé X Ameaçada Propyrrhura maracana Maracanã-do-buriti X
Aratinga aurea Periquito-rei (Figura 21) X
Aratinga cactorum Jandaia-gangarra X Forpus xanthopterygius Tuim (Figura 22) X
Brotogeris chiriri Periquito-de-encontro-amarelo X
Amazona xanthops Papagaio-grego X Ameaçada
38
Amazona aestiva Papagaio-verdadeiro X Risco Local
Família Cuculidae Piaya cayana Alma-de-gato X Crotophaga ani Anu-preto X Guira guira Anu-branco X Família Tytonidae Tyto Alba Suindara X Família Strigidae
Speotyto cunicularia Buraqueira, coruja-do-campo (Figura 23 e 24)
X
Glaucidium brasilianum Caburé X Família Nyctibiidae Nyctibius griseus Mãe-da-lua X Família Caprimulgidae Nyctidromus albicollis Curiango X Família Trochilidae Eupetomerna macroura Tesourão X
Phaetornis pretrei Rabo-branco-de-sobre-amarelo X
Chlorostilbon aureoventris Besourinho X
Colibri serrirostris Beija-flor-de-orelhas-violetas X
Família Galbulidae
Trogon surrucura Surucuá-de-barriga-vermelha X
Família Alcedinidae
Ceryle torquata Martim-pescador-grande X
Chloroceryle sp X Família Galbulidae
Galbula ruficauda Bico-de-agulha-de-rabo-vermelho X
Família Bucconidae Nystalus chacuru João-bobo X Família Ramphastidae Ramphastos toco Tucanoçú X Família Picidae
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo (Figura 25) X
Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado X
Melanerpes candidus Birro X
Veniliornis passerinus Pica-pauzinho-anão X
Família Thamnophilidae Taraba major Choró-boi X Família Furnariidae Subfamília Furnariinae Furnarius rufus João-de-barro X Furnarius figulus Amassa-barro X Subfamília Synallaxinae
Certhiaxis cinnamomea Mariquita-do-brejo, curutié X
Synallaxis albescens Uipí X Phacellodomus rufifrons João-de-pau X
39
Subfamília Dendrocolaptinae Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde X Lepidocolaptes angustirostris
Arapaçu-do-cerrado X
Família Tyrannidae Subfamília Elaeniinea Phyllomyias fasciatus Piolhinho X Elaenia sp Maria-é-dia X Todirostrum cinereum Reloginho X Hemitriccus margaritaceiventer
Sebinho-de-olho-de-ouro X
Subfamília Fluvicolinae Fluvicola nengeta Lavadeira X Xolmis velata Noivinha-branca X Xolmis cinerea Olho-de-fogo X Colônia colonus Viúva X Subfamília Tyranninae Myiarchus spp Maria-cavaleira X Pitangus sulphuratus Bentevi X
Megarynchus pitangua Neinei, bentevi-de-bico-chato X
Myiozetetes sp Bentevizinho X Myiodynastes maculatus Bentevi-rajado X Tyrannus sp Suiriri X
Legatus leucophaius Bem-te-vizinho-ladrão X
Família Hirundinidae
Phaeoprogne tapera Andorinha-do-campo X
Família Corvidae Cyanocorax cristatellus Gralha-do-campo X Família Troglodytidae Troglodytes aedon Corruíra X Thryothorus leucotis Garrincha X Família Muscicapidae Subfamília Turdinae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira X
Turdus leucomelas Sabiá-barranco, Sabiá-caraxué X
Família Mimidae Mimus saturninus Sabiá-do-campo X Família Vireonidae Cyclarhis gujanensis Pitiguari X Família Emberizidae Subfamília Parulinae Basileuterus flaveolus Canário-do-mato X
Basileuterus leucophrys Pula-pula-de-sobrancelhas X
Subfamília Coerebinae
Coereba flaveola Cambacica, caga-sebo X
Subfamília Thraupinae
Neothraupis fasciata Cigarra-do-campo, tiê-do-cerrado X
Hemithraupis guira Saíra-de-cabeça-castanha X
Nemosia pileata Saíra-de-chapéu-preto X
40
Thraupis sayaca Sanhaço-cinzento X
Cypsnagra hirundinacea Tié-de-costas-brancas X
Tachyphonus rufus Pipira-preta X
Euphonia chlorotica Vi-vi, fi-fi-verdadeiro X
Tangara cayana Saíra-amarela X Dacnis cayana Saí-azul X
Conirostrum speciosum Figuinha-de-rabo-castanho X
Subfamília Emberizinae Zonotrichia capensis Tico-tico X
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo-verdadeiro X
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro X Ameaçada
Volatinia jacarina Tiziu X
Sporophila nigricollis Coleiro-baiano, Papa-capim X
Sporophila albogularis Patativa X Risco Local Coryphospingus pileatus Galinho-da-serra X Charitospiza eucosma Mineirinho X Subfamília Cardinalinae
Saltator atricollis Bico-de-pimenta, Batuqeiro X
Subfamília Icterinae Icterus cayanensis Encontro X Risco Local Icterus icterus Corrupião, sofrê X Risco Local Gnorimopsar chopi Melro, graúna X
Molothrus bonariensis Pássaro-preto (Figura 26) X
Psarocolius decumanus Japuguaçu X Família Fringillidae Subfamília Carduelinae Carduelis mangellanicus Pintassilgo X Risco Local
Das 123 espécies de aves registradas, 95
foram encontradas na área do PA durante
o levantamento e 28 foram registradas a
partir de relatos dos assentados. Foram
registradas 04 espécies que fazem parte
da lista das ameaçadas de extinção se-
gundo o “Livro Vermelho de Espécies
Ameaçadas de Extinção da Fauna de
Minas Gerais” (1998) e 11 espécies que
devido às suas exigências e, ou, ações
que vêm sofrendo foram citadas como em
risco de extinção local. A grande riqueza
de espécies pôde ser verificada pela presença na área de uma reserva em processo avançado
FIGURA 20. Jacu (Penelope superciliaris) retirado da área de reserva Legal e criado junto às criações domésticas de um assentado do PA.
41
de regeneração e bastante diversificada
quanto a sua flora. Tal fato permite inferir
que se as ações impactantes que as á-
reas vêm sofrendo forem controladas
(principalmente a retirada ilegal de madei-
ra e a presença de criações domésticas
nas áreas de proteção ambiental), a ma-
nutenção de populações de diversas es-
pécies de aves, inclusive as raras, seria
possível. Espécies como arara-canindé,
papagaio-galego, papagaio-verdadeiro,
jacu e mutum estão presentes na área e
correm o risco de serem extintas local-
mente. Espécies terrícolas como o mu-
tum, necessitam de grandes territórios
para sobreviver – esta ave faz parte do
grupo dos cracídeos, um dos mais amea-
çados da América Latina, sendo que mais
de um terço de suas espécies estão em
risco de extinção devido à destruição das
florestas e à caça ilegal. Também estão
presentes espécies muito cobiçadas por
criadores como o canário-da-terra, o pin-
tassilgo e o sofrê, procurados por seu
belo canto, assim como tucanos, araras e
periquitos, muito visados por possuírem
plumagem exuberante. Ocorre também
na área espécies caçadas por sua carne,
como o próprio jacu, o mutum, a perdiz, a
codorna e o inhambu. Sua ocorrência
reforça a necessidade de preservação
das áreas que ainda se apresentam em
bom estado de conservação, assim como
a proteção total das áreas de reserva le-
gal e preservação permanente (veredas e matas ciliares).
FIGURA 21. Periquito-rei (Aratinga aurea), espécie de psita-cídeos registrados próximo à residência um morador do PA.
FIGURA 22. Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri).
FIGURA 23. Coruja-buraqueira (Speotyto cunicularia), es-pécie que habita o campo cerrado, encontrada na área da reserva legal.
42
Herpetofauna
Foram registradas 12 espécies de répteis
(Quadro 4), cuja fauna certamente é mais rica
do que a aqui apresentada, principalmente em
virtude da dificuldade de visualização destes
animais no campo, sendo os inventários de
longo prazo mais eficientes do que aqueles
realizados em um curto período de tempo, co-
mo este o foi.
QUADRO 4. Lista de espécies de répteis diagnosticada no Assentamento XV de Novembro no
município de Paracatu, Minas Gerais, segundo relatos de moradores locais. Risco Local –
Espécies que podem ser rapidamente extintas localmente devido a pressões antrópicas.
Espécies Nome vulgar (regional) Relatos de moradores Status Anguidae Ophiodes cf. striatus. Cobra-de-vidro X Teiidae Ameiva ameiva Lagarto-verde, calango-verde X Tupinambis merianae Teiú X Tropiduridae Tropidurus torquatus Calango, lagartixa X Amphisbaenidae Leposternon sp. Cobra-de-duas-cabeças X Boidae Boa constrictor Jibóia X Risco Local Colubridae Spillotes pullatus Caninana X Elapidae Micrurus sp Coral-verdadeira X
FIGURA 24. Coruja-buraqueira (Speotyto cuniculari-a), espécie que habita o campo cerrado, encontrada na área da reserva legal.
FIGURA 25. Pica-pau-do-campo (Colaptes campes-tris), espécie comumente encontrado no PA XV de Novembro.
FIGURA 26. Pássaro-preto (Molothrus bonariensis) facilmente encontrado aos bandos no Assentamento.
43
FIGURA 27. Sede do PA XV de Novembro, onde se realizam cultos e reuniões, com o orelhão.
FIGURA 28. Vista interna da sede do PA XV de Novembro.
Viperidae Bothrops sp. Jararaca X Crotalus durissus Cascavel X Chelidae Phrynops geoffroanus Cágado X
3.2. DIAGNÓSTICO DO USO ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS E DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
3.2.1. Organização territorial atual
O processo de organização territorial do
PA XV de Novembro delineou o
parcelamento da antiga fazenda Santa
Catarina em 77 parcelas, assim
divididas: 73 unidades familiares (lotes)
onde as famílias assentadas residem e
produzem; uma área de reserva legal,
escolhida onde a vegetação nativa en-
contrava-se em melhores condições de
conservação; 3 áreas destinadas ao uso
comunitário. Em uma destas áreas co-
munitárias se localiza o tanque de leite, a
sede do Assentamento, um orelhão e um
campo de futebol (Figuras 27 e 28). Em
outra, estão duas casas já existentes na
época da antiga fazenda e que não es-
tão sendo usadas de forma coletiva, mas
que contam com a presença fixa de al-
guns moradores para manutenção do
quintal e conservação das casas. Na
terceira área de uso comunitário existe
um pasto que também já estava formado
anteriormente à criação do Assentamento. Estas áreas comunitárias perfazem uma área total de
10,7249 ha e o Assentamento conta com uma área de reserva legal de cerca de 1.111,9725 ha,
correspondendo a 29,70% da área total do imóvel sendo, portanto, muito superior ao mínimo
exigido pela legislação.
44
O Quadro 5, a seguir, apresenta o perfil da organização territorial do PA XV de Novembro, seus
lotes familiares, áreas comunitárias, reserva legal e outras unidades com suas respectivas á-
reas e perímetros.
QUADRO 5. Perfil da organização territorial do PA XV de Novembro.
Lotes Área (ha) Perímetro (km) Lotes Área (ha) Perímetro (km) 01 42,8125 2,6191 25 35,0389 3,4840 02 31,9592 3,6423 26 33,5096 3,3351 03 38,0423 3,4800 27 33,7549 2,3893 04 33,0969 2,9292 28 31,4291 2,5104 05 35,0605 3,3882 29 31,2740 2,3548 06 38,4864 3,6916 30 33,5906 2,5910 07 33,4434 2,6618 31 38,7858 4,0830 08 38,5902 3,6621 32 30,4579 3,0487 09 37,5236 3,2923 33 36,8179 2,6424 10 35,6018 2,4759 34 35,4404 2,5096 11 37,6486 3,0428 35 35,1760 2,6476 12 38,6081 2,5449 36 36,7071 2,4707 13 33,9742 3,4426 37 36,8768 3,6905 14 30,2909 3,7116 38 35,1860 3,3976 15 37,2215 3,1102 39 33,3256 2,3204 16 39,9203 3,0615 40 35,9589 3,3109 17 34,4979 2,4823 41 34,0144 2,4782 18 33,3993 2,4672 42 36,4188 3,2279 19 34,4823 2,4283 43 31,7978 2,5763 20 35,1385 2,4032 44 34,7293 3,0186 21 31,1281 2,3830 45 32,1029 2,7640 22 33,7746 3,7393 46 34,6270 2,9409 23 33,6200 3,6966 47 32,8248 2,9109 24 36,3196 3,6297 48 37,1031 3,0316 49 33,0047 3,0359 62 36,2243 3,2270 50 31,6278 2,4714 63 35,4391 3,2164 51 31,9894 3,1907 64 35,3425 3,0014 52 31,8103 2,5283 65 37,4916 2,8158 53 33,8087 3,4814 66 37,4612 2,5967 54 32,4566 2,4943 67 38,0843 2,9772 55 30,9277 3,5083 68 35,8518 3,2979 56 33,9379 3,5623 69 35,8697 3,5431 57 34,6911 3,3353 70 35,4958 3,5288 58 34,7473 5,0314 71 35,7188 3,1427 59 34,2378 4,5612 72 35,3557 2,6882 60 40,1819 4,1220 73 43,6059 3,1168 61 37,0037 3,0305
Média dos Lotes 35,1227 Lote Maior 43,6059 Lote Menor 30,2909
45
Unidades Área (ha) Perímetro (km) Área comunitária 1 3,2254 0,8926 Área comunitária 2 2,4826 0,7696 Área comunitária 3 5,0169 1,2243
Estradas 42,5349 22,9887 Reserva legal 1.111,9726 26,0466
Todas as 73 parcelas destinadas aos lotes familiares no processo de organização territorial do
Assentamento estão ocupadas pelos beneficiários. No Quadro 6 apresenta a posição
geográfica das moradias nos lotes e das instalações mais relevantes existentes no PA XV de
Novembro.
QUADRO 6. Coordenadas geográficas da localização das moradias, infra-estrutura e outras
estruturas relevantes do PA XV de Novembro.
Ponto x (m) y(m) Altitude (m) Descrição Lote 1 283.062 8.128.307 935 Localização da moradia Lote 2 283.130 8.128.045 938 Localização da moradia Lote 3 283.166 8.127.262 852 Localização da moradia Lote 4 282.830 8.127.169 963 Localização da moradia Lote 5 282.670 8.127.594 961 Localização da moradia Lote 6 282.377 8.128.391 946 Localização da moradia Lote 7 282.596 8.126.740 966 Localização da moradia Lote 8 282.341 8.127.199 965 Localização da moradia Lote 9 282.187 8.126.807 966 Localização da moradia Lote 10 282.461 8.126.173 966 Localização da moradia Lote 11 281.840 8.127.275 964 Localização da moradia Lote 13 281.910 8.126.081 954 Localização da moradia Lote 14 281.754 8.125.772 738 Localização da moradia Lote 15 281.250 8.127.356 954 Localização da moradia Lote 16 281.206 8.127.971 953 Localização da moradia Lote 17 280.902 8.128.284 950 Localização da moradia Lote 18 280.154 8.127.799 956 Localização da moradia Lote 19 279.717 8.127.408 956 Localização da moradia Lote 20 280.598 8.127.521 958 Localização da moradia Lote 21 280.967 8.126.713 958 Localização da moradia Lote 23 279.561 8.126.938 955 Localização da moradia Lote 24 279.734 8.126.631 962 Localização da moradia Lote 25 279.364 176.606 959 Localização da moradia Lote 26 279.180 8.126.217 957 Localização da moradia Lote 27 279.082 8.126.590 953 Localização da moradia Lote 28 279.214 8.127.390 937 Localização da moradia Lote 29 279.022 8.127.599 935 Localização da moradia Lote 30 278.373 8.127.701 908 Localização da moradia Lote 31 278.561 8.128.400 933 Localização da moradia Lote 32 279.606 8.127.139 955 Localização da moradia Lote 33 279.505 8.127.736 957 Localização da moradia Lote 34 280.182 8.128.303 953 Localização da moradia Lote 35 280.470 8.128.470 947 Localização da moradia Lote 36 281.040 8.128.530 940 Localização da moradia Lote 39 278.027 8.128.619 940 Localização da moradia Lote 45 278.161 8.129.674 927 Localização da moradia
46
Lote 55 277.995 8.130.969 883 Localização da moradia Lote 56 278.032 8.129.960 910 Localização da moradia Lote 57 277.582 8.131.166 901 Localização da moradia Lote 61 277.535 8.134.099 874 Localização da moradia Lote 62 277.655 8.134.060 878 Localização da moradia Lote 63 278.217 8.134.803 883 Localização da moradia Lote 64 278.504 8.134.294 880 Localização da moradia Lote 64 278.410 8.134.305 885 Localização da moradia Lote 65 278.927 8.134.260 918 Localização da moradia Lote 66 279.244 8.134.321 917 Localização da moradia Lote 67 277.765 8.134.837 930 Localização da moradia Lote 68 278.486 8.135.357 901 Localização da moradia Lote 69 278.368 8.134.699 892 Localização da moradia Lote 70 278.629 8.134.536 898 Localização da moradia Lote 71 279.171 8.135.170 928 Localização da moradia Lote 72 279.294 8.134.321 923 Localização da moradia Lote 73 279.654 8.134.002 925 Localização da moradia
Telefone público 2 278.615 8.134.523 896 Lote 70 Poste 1 279.772 8.127.622 918 Poste perto do reservatório Poste 13 277.772 8.134.848 930 Lote 67 Poste 2 279.734 8.127.575 918 Outro lado da rua Poste 4 279.650 8.127.544 923 Transformador Poste 6 279.652 8.127.602 925 Bifurcação 1 na sede Poste 7 279.651 8.127.689 927 Poste da sede (casa) Sede 278.605 8.131.614 882 Curral velho
Tacho e moenga 283.089 8.128.335 934 Lote 1 Último poste 279.529 8.134.099 925 Lote 73 Reservatório 279.786 8.127.617 918 Área comunitária
Poço 1 279.753 8.127.650 910 Área comunitária Campo de futebol 279.700 8.127.604 919 Área comunitária Tanque 1.170 L 279.647 8.127.656 930 Área comunitária
Telefone público 1 279.679 8.127.696 933 Antena parabólica Sede 279.663 8.127.675 935 Área comunitária
Poço 2 279.588 8.127.499 942 Área comunitária Sede velha 278.528 8.131.714 874
Atoleiro 278.377 8.131.703 810 Estrada Ponte 278.302 8.131.703 809 Córrego Taboca
3.2.2. Descrição dos atuais sistemas de produção e do uso e manejo dos recursos naturais
3.2.2.1. Sistema de Produção
Os produtos mais encontrados no Assentamento são: mandioca, arroz e feijão. A mandioca é
destinada à produção de farinha e polvilho, feitos de forma manual em sua maioria, existindo
apenas algumas famílias que utilizam motor para a moagem. A produção é destinada aos ar-
mazéns de Paracatu, mas a venda não é realizada de forma organizada ou regular, sendo a
negociação da compra feita diretamente com o produtor. O arroz e o feijão são utilizados para
o consumo das famílias assentadas, sendo comercializado apenas o excedente. A sua venda
também ocorre de forma aleatória e desorganizada.
47
FIGURA 29. Horta observada em uma das moradias do PA XV de Novembro.
FIGURA 31. Carroça e animal utilizados para o transporte de leite dentro do PA XV de Novembro.
FIGURA 30. Pasto formado em lote no PA XV de Novembro.
A produção de mandioca foi fruto do
financiamento realizado pelo programa
da CONAB, que além do dinheiro, ofe-
receu também assistência técnica para
os produtores. O dinheiro foi parcelado,
então cada um que plantasse receberia
a outra parte do dinheiro, senão ficaria
fora da continuação do projeto. O finan-
ciamento chega até a R$ 10.000,00,
divididos de acordo com o desenvolvi-
mento da produção.
Alguns moradores do XV de Novembro
também cultivam hortas (Figura 29) em
época de chuvas e cana para comple-
mentação alimentar do gado leiteiro. A
cana é moída e misturada ao milho e à
soja para a ração destes animais.
Os assentados não plantaram milho,
alegando que a terra não seria boa para
produção desta cultura; em seu lugar
preferiram utilizar a soja como principal
fonte de proteína para alimentação do
gado. O milho, também utilizado, é
comprado fora do PA. A criação de ga-
do é basicamente de gado leiteiro, pois
a venda do leite gera um retorno finan-
ceiro mais rápido para as famílias; des-
sa forma, vários assentados investiram
na formação de pastagens e no plantio
de capineiras para alimentar o gado. O
Assentamento possui um tanque de
leite, mas este pertence a um dos mo-
radores locais, que o aluga para os outros assentados.
A produção geral de leite no PA gira em torno de 200 a 300 L por dia, sendo esta destinada a
uma cooperativa de Paracatu, que vem até o Assentamento recolhê-la.
48
Animais como galinhas e porcos (destinados fundamentalmente à alimentação familiar e à
venda eventual) também estão presentes no PA. Várias famílias possuem cavalos, que são
utilizados na lavoura para puxar instrumentos de trabalho e para transportar pessoas e cargas.
Na entrega do leite no tanque de resfriamento, que fica localizado na sede do PA, foi
observado um grande número de famílias que trazem seus latões em carroças puxadas por
cavalos (Figura 31).
Os assentados utilizam adubo químico e calcário na cultura de arroz e na de mandioca e
esterco de galinha e de gado nas hortas e na cana, alegando que as terras do Assentamento
são muito ácidas e por isso necessitam fazer sua correção. Com relação ao plantio, este é
realizado de forma manual, com a utilização de instrumentos rústicos como a matraca.
3.2.2.2. Água
Em relação ao uso atual dos recursos hídricos, pode-se verificar que este se concentra
basicamente no abastecimento humano e na dessedentação animal. A água é captada de dois
poços profundos, localizados nas coordenadas x = 279.753 m, y = 8.127.650 m e altitude 910
m (Poço 1) e x = 279.588 m, y = 8.127.499 m e altitude 942 m (Poço 2) e elevada até dois
reservatórios situados nas coordenadas x = 279.786 m, y = 8.127.617 m e altitude 918 m e x =
279.778 m, y = 8.127.622 m e altitude 918 m.
Os sistemas são acionados por duas motobombas. À época dos trabalhos de campo, os
sistemas estavam inoperantes, os motores danificados e havia grande dificuldade de cotização
para o pagamento do conserto.
A produção agrícola do Assentamento está concentrada na bovinocultura do leite e no cultivo
de roçados (principalmente da mandioca) e capineiras. Os cultivos dependem das estações
sazonais, ou seja, da distribuição da precipitação anual, o que determina o fornecimento de
água para as plantas cultivadas.
3.2.3. Descrição dos sistemas de processamento e comercialização da produção
Um dos maiores problemas enfrentados pelos assentados do PA XV de Novembro relaciona-se ao
financiamento da produção. Quando foram realizados os primeiros projetos produtivos, através da
Cáritas e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Paracatu, foi exigido que um assentado fosse
avalista de outro. Esta situação gerou um desgaste dentro da comunidade, uma vez que alguns
assentados não realizaram o pagamento das dívidas, comprometendo assim os avalistas.
Não existem formas coletivas de produção, processamento ou comercialização; todas as ativi-
dades produtivas são realizadas exclusivamente pelos grupos familiares. O processamento da
49
FIGURA 32. Tanque de leite utilizado pelos assentados no PA XV de Novembro.
produção é muito pequeno e refere-se
apenas à produção eventual de farinha
de mandioca, rapaduras e queijos.
A comercialização da produção é feita
com atravessadores, que buscam a
produção no Assentamento. Para a co-
mercialização do leite com a Cooperati-
va de Paracatu, os produtores utilizam
um tanque de resfriamento de proprie-
dade de apenas um assentado, pagan-
do um “aluguel” para este fim (Figura
32). Outros produtos como ovos, galinhas, queijos, farinha etc. são vendidos em feiras, merce-
arias ou de porta-em-porta na cidade, sendo geralmente comercializados pelas mulheres, que
se utilizam de ônibus para transportá-los até a cidade. A família toda é aproveitada como mão-
de-obra nos lotes, com realização esporádica do trabalho pelos jovens (devido aos estudos).
3.3. DIAGNÓSTICO DESCRITIVO DO MEIO ANTRÓPICO
3.3.1. População
A população residente no PA XV de Novembro é estimada em cerca de 295 pessoas. O
número potencial é maior, dado o número de famílias beneficiadas (73), sendo a média
estimada de pessoas por família assentada no noroeste de Minas Gerais de 4,58 pessoas, o
que daria uma população de cerca de 334 pessoas. No caso do Assentamento, o número
abaixo da média regional refere-se ao fato de que existem vários beneficiários solteiros e
casais sem filhos; além disso, em alguns casos, apenas o beneficiário reside no local,
permanecendo o restante da família em Paracatu. Outro fator que contribui para a diminuição
da população nos assentamentos rurais e no meio rural refere-se ao fato de que os jovens
(principalmente entre 18 e 25) migram para as cidades em busca de maiores facilidades para
estudar e de emprego regular. O município de Paracatu e os assentamentos vizinhos são
afetados por essa forma de migração, principalmente para Brasília, que é o maior pólo de
atração de migrantes de todo o país.
O perfil de gênero dos beneficiários do PA, apesar de ser claramente masculino (apenas
30,14% são mulheres), difere dos demais assentamentos do município, aonde esse percentual
não chega à casa dos 10%. Em relação à população assentada, essa situação se inverte
conforme pode ser observado no Gráfico 1 e no Quadro 7.
50
GRÁFICO 1. Perfil de gênero e idade da população residente no PA XV de Novembro.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
0 a 07anos
08 a 12anos
13 a 18anos
19 a 25anos
26 a 40anos
41 a 60anos
mais de 60anos
Homens Mulheres Total
QUADRO 7. Perfil de gênero e idade da população residente no PA XV de Novembro (%).
Faixa etária Homens Mulheres Total 0 a 07 anos 3,05% 4,07% 7,12% 08 a 12 anos 4,75% 6,10% 10,85% 13 a 18 anos 4,41% 5,42% 9,83% 19 a 25 anos 6,10% 8,47% 14,58% 26 a 40 anos 11,86% 15,59% 27,46% 41 a 60 anos 10,85% 12,88% 23,73%
Mais de 60 anos 2,71% 3,73% 6,44% Total 43,73% 56,27% 100,00%
De acordo com o exposto, as mulheres (56,27%) e adultos com mais de 26 anos (cerca de
57,63%) representam a maioria das pessoas do Assentamento. Apenas 9 pessoas recebem
algum tipo de pensão ou aposentadoria no PA, mas esse número pode ser aumentado em
breve em virtude da existência de 11 mulheres com idade superior a 60 anos de idade e, por
isso, aptas a se aposentarem pelas regras do INSS.
3.3.2. Moradia e Saneamento
Todas as moradias do Assentamento são construídas em alvenaria e cobertas com telhas de
cerâmica. No entanto, algumas não possuem instalações sanitárias e os moradores utilizam
poços negros ou “casinhas”. Não existe sistema de coleta de esgoto e em algumas residências
as águas servidas nas pias de cozinha e chuveiro são lançadas nos quintais como forma de
“irrigação” de plantas frutíferas.
51
A coleta de lixo era realizada pela prefeitura, que recolhia materiais potencialmente recicláveis
como papelão e latas de óleo em troca de lápis, canetas e cadernos para as crianças que
praticavam esta atividade; contudo, após a mudança da administração municipal, não mais se
realizou esta coleta e a maioria das famílias passou a enterrar e queimar o lixo nos quintais.
3.3.3. Captação e Abastecimento de Água e Energia
No PA XV de Novembro, treze lotes estão mais distantes da sede e dos demais 60 lotes. Esta
peculiaridade também definiu algumas diferenças entre estes grupos de lotes no momento de
decisão de investimento dos créditos do PRONAF.
Como estas treze famílias ficaram mais afastadas da sede principal, optaram por investir o
dinheiro do PRONAF na instalação da linha tronco e no sistema de distribuição de energia
elétrica. O acesso à água é feito por meio de cisternas individuais.
As demais famílias do PA investiram o dinheiro do PRONAF em um sistema de abastecimento
de água, que é captada de dois poços profundos, localizados nas coordenadas x = 279.753 m,
y = 8.127.650 m e altitude 910 m (Poço 1) e x = 279.588 m, y = 8.127.499 m e altitude 942 m
(Poço 2) e elevada até dois reservatórios situados nas coordenadas x = 279.786 m, y =
8.127.617 m e altitude 918 m e x = 279.778 m, y = 8.127.622 m e altitude 918 m. Este projeto
de distribuição foi concluído no ano de 2001.
Os moradores que optaram pela água não têm acesso à energia elétrica, sendo as duas
motobombas, uma para cada poço artesiano, acionadas por motores à diesel. Na taxa mensal
não foram previstos os custos de manutenção e o conserto de qualquer defeito no sistema
motobomba é pago cotizando-se o valor entre os usuários. Este tipo de sistema quase sempre
não funciona, porque alguns acham que não devem pagar, outros justificam que não têm
dinheiro e, via de regra, alguns acabam sendo sobrecarregados com as despesas de
manutenção até o sistema não mais se sustentar. Durante a visita para a elaboração deste
documento, as duas motobombas (responsáveis pelo abastecimento de 60 famílias) estavam
quebradas e fora de funcionamento. A saída que os moradores locais encontraram para sanar
este problema foi optar por cisternas, que podem chegar até a 13 m de profundidade,
dependendo do local. Nestes 60 lotes que não contam com rede de energia elétrica, a
iluminação das residências é feita com lamparina, velas e lampiões a gás; as atividades
agrícolas também são prejudicadas, especialmente o uso de picadeiras para o preparo de
rações e silagem.
52
3.3.4. Saúde
O atendimento oferecido pela prefeitura municipal aos assentados baseia-se no trabalho que
os agentes de saúde realizam durante as campanhas de vacinação e no atendimento no hospi-
tal municipal e nos postos de saúde. O posto médico móvel jamais realizou visitas ao local.
Para os exames de rotina, os moradores do PA têm que se dirigir até a sede de Paracatu e nos
casos de emergências contam com a sorte ou a boa vontade de algum vizinho para levá-los
até a cidade ou mesmo se utilizam de serviços de aluguel para serem levados até o hospital
mais próximo, a 58 km do Assentamento.
As doenças relatadas pelos entrevistados referem-se às ligadas aos órgãos respiratórios como
gripe, pneumonia e bronquite. A justificativa dos próprios assentados para estes males são a
quantidade de poeira que fica nas estradas em épocas de seca e que se acumulam nas casas,
a fumaça dos fogões a lenha e das lamparinas a diesel.
3.3.5. Estradas e transporte
As estradas internas se encontram em estado diferenciado da estrada principal. Em épocas de
chuva, estas se tornam mais difíceis de transitar devido à formação de lama e falta de
manutenção. Em época de estiagem, apresentam muita poeira, o que pode ser a causa das
doenças respiratórias relatadas pelos moradores locais. Estas estradas foram abertas pela
prefeitura de Paracatu, através de convênio com o INCRA, mas a falta de revestimento e de
manutenção está as danificando.
O transporte dos assentados é feito basicamente por carroças e cavalo e em sua minoria, por
bicicletas e carros.
Para se deslocar até a sede municipal, local onde as famílias têm maiores contatos, realizam
compras, buscam atendimento médico e assistência social, os assentados utilizam, em sua
grande maioria, o transporte coletivo. O ônibus passa de segunda a sábado e seu itinerário
compreende Paracatu, as fazendas da redondeza do Assentamento e o PA. O ônibus sai do
Assentamento por volta de 8 da manhã e chega às 4 da tarde.
A rede de estradas do PA XV de Novembro é suficiente para possibilitar o acesso a todos os
lotes e áreas comunitárias, servindo também como divisa.
A comunicação do PA com o meio exterior também pode ser feito por telefonia. Há dois orelhões,
um instalado próximo à área comunitária principal, localizado nas coordenadas X= 279.679 m, y =
8.127.696 m e altitude 933 m e outro instalado na área onde se concentra o grupo de 13 lotes, lo-
calizado nas coordenadas x = 278.615 m, y = 8.134.523 m e altitude 896 m.
53
3.3.6. Educação
A escola que atende ao Assentamento fica localizada no Projeto Mundo Novo e oferecia até a
8ª série do ensino fundamental; a partir de 2004 foi implementado o ensino médio, sendo
aumentada uma série por ano até chegar à 3º. Os alunos do PA XV de Novembro utilizam o
transporte cedido pela prefeitura municipal, que sai do PA na parte da manhã e retorna por
volta das 2 da tarde, levando os estudantes de todas as séries de uma só vez. Por volta de 46
alunos do XV de Novembro freqüentam a escola do Projeto Mundo Novo, que fica a uma
distância de 25 km da sede do Assentamento.
O PRONERA funcionava no local, sendo extinto este ano; os monitores do projeto alegam que
estão ocorrendo problemas com o repasse das verbas destinadas ao pagamento dos
professores. Outros problemas citados foram a pouca freqüência dos alunos e a falta de
energia elétrica, o que dificulta as atividades, já que as aulas têm que ser dadas no período da
noite.
Os assentados tiveram cursos de capacitação profissional como os de fruticultura, mandioca,
derivados do leite, pintura, medicina alternativa, todos realizados no ano de 2000, mas não
souberam identificar os responsáveis pela realização destes cursos.
3.3.7. Organização social e econômica
As famílias assentadas fazem compras em Paracatu devido à facilidade de acesso
proporcionada pelo transporte coletivo. No local onde se localiza a escola existe um
supermercado e uma cooperativa, onde esporadicamente os moradores também fazem suas
compras. Esta cooperativa, denominada Projeto Mundo Novo ou Cutia, foi organizada na
divisão dos 49 lotes que plantam basicamente soja e neste local os professores da escola
ficam durante os dias úteis, indo para suas casas (em Paracatu) apenas nos finais de semana.
No Assentamento existe um bar/armazém que vende bebida alcoólica, cigarro, arroz, açúcar,
macarrão, etc, funcionando como um espaço de lazer para os assentados e de compras em caso
de alguma emergência, pois os preços geralmente são muito maiores do que as mercadorias
compradas na cidade. Neste local os assentados se encontram, usufruem de bebidas alcoólicas,
vêem televisão e jogam sinuca, já que este é um dos únicos locais do PA que possui energia
elétrica.
As famílias moradoras do PA XV de Novembro, em sua maioria, acreditam que a criação do
Assentamento proporcionou uma melhora relativa em suas vidas. Referindo-se à alimentação,
relatam que não precisam mais comprar produtos básicos como arroz, feijão, frango, farinha,
54
FIGURA 33. Campo de futebol construído pelos próprios as-sentados.
ovos, sendo comprado apenas o que não pode ser produzido, como o óleo de soja. Em relação
à renda, estes ainda a classificam como pouca, principalmente porque o que percebem se refe-
re apenas à venda do leite; alguns membros das famílias ainda têm que trabalhar fora do PA
para complementar a renda familiar, pagar as dívidas e fazer novos investimentos nos lotes.
3.3.8. Aspectos culturais
O lazer dos moradores do Assentamen-
to XV de Novembro foi descrito como
jogos de futebol, com realizações de
campeonatos rurais e festas, que se
realizam no barracão. Quando os jogos
são realizados no PA, são montadas
barracas em volta do campo para venda
de salgados, cervejas e refrigerantes,
atraindo grande parte da população
local.
O aniversário do PA XV de Novembro é
sempre comemorado na data que dá nome ao local, realizando-se a festa na sede do Assen-
tamento.
Com relação à questão religiosa, existem no local as igrejas católica, evangélica e batista. A
igreja evangélica presente é a chamada Casa da Bênção. As missas da igreja católica são
realizadas no barracão e os cultos evangélicos também, em dias alternados.
3.3.9. Relação com o poder público local, estadual e federal e com entidades de classes, igrejas, ong’s etc
As entidades e instituições mais mencionadas pelos entrevistados foram o sindicato dos traba-
lhadores rurais e a prefeitura; entretanto, não houve um consenso sobre a relação dos morado-
res com estas representações e instituições. Alguns acreditam que no mandato municipal ante-
rior, tanto a prefeitura como o sindicato apoiavam os assentados, ajudando-os, buscando alter-
nativas para que as famílias vivessem melhor. Ainda segundo relatos, depois que o atual pre-
feito se elegeu, a administração municipal não colocou os assentamentos de reforma agrária
na pauta, contribuiu muito pouco e mal recebendo as reivindicações dos moradores. Quanto ao
sindicato, este se manteve do lado da prefeitura, independentemente dos interesses dos as-
sentados. Outros moradores do PA avaliam a atuação do sindicato como bastante presente e
55
boa para a melhoria das condições de vida das famílias assentadas. Existe, portanto uma di-
vergência sobre a atuação desta representação de classe e do poder público municipal.
56
4. LEVANTAMENTO DO PASSIVO AMBIENTAL
4.1. IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES
4.1.1. Da organização territorial
Não foram identificados problemas ambientais decorrentes do delineamento do programa de
organização territorial do Assentamento, isto é, da demarcação dos lotes familiares, das áreas
comunitárias e de reserva legal. Os lotes familiares destinados à produção agrícola foram
escolhidos entre as áreas com maior aptidão para essa finalidade e já antropizadas pelos
antigos proprietários do imóvel. A área destinada à reserva legal possui extensão que atende
às exigências da legislação e foi definida considerando-se os locais com melhor cobertura
vegetal nativa e, ou, em melhor estágio de regeneração, bem como o maior potencial de abrigo
para a fauna silvestre.
4.1.1.1. Solos
Em função de suas características e do tipo de manejo utilizado na exploração da terra, os
solos do PA XV de Novembro encontram-se em bom estado de conservação, não
apresentando problemas de degradação. No entanto, deve-se ressaltar que todo e qualquer
tipo de exploração da terra deverá respeitar as limitações destes solos.
4.1.2. Da construção de infra-estrutura
4.1.2.1. Moradia e Saneamento
A maioria das residências seguiu o padrão proposto pelo INCRA, com área construída de
aproximadamente 54 m2. O acabamento das residências é bastante diferenciado, existindo
casas somente entijoladas, sem reboco externo e interno, até algumas já pintadas. Vale
ressaltar que a grande maioria se encontra sem o reboco externo.
O sistema de distribuição de água atende as residências, mas, como já relatado, o sistema de
captação e distribuição não estava operante. Os assentados utilizam água superficial coletada
diretamente dos mananciais mais próximos de sua residência ou de cisternas construídas
individualmente nos lotes, utilizando sarilho, corda e balde.
No Assentamento não há sistema de tratamento de esgoto, sendo o mesmo disposto a céu
aberto ou em fossas negras. Esta condição é propícia à proliferação de doenças de veiculação
hídrica e à contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos.
57
Não existe nenhuma forma de coleta de lixo no PA, sendo este enterrado em uma cisterna ou
queimado. Como o PA é um aglomerado de famílias em um pequeno espaço territorial, este
problema se agrava, podendo gerar impactos ambientais como a contaminação do lençol
freático ou de crianças e animais, em virtude do lixo se decompor próximo às casas. Estes
problemas poderiam estar incluídos em um programa de educação ambiental como um todo,
visando a conscientização de crianças, jovens e adultos para as questões relacionadas à
preservação e conservação do meio ambiente.
4.1.2.2. Estradas
As estradas do PA, apesar de serem construídas em terrenos de diferentes declividades, não
apresentam processos erosivos intensos, seja pelo tipo de solo, seja pelo sistema de
drenagem. Contudo, o uso intenso e a falta de manutenção já estão alterando este quadro,
surgindo pontos de atolamento e de desestruturação do leito. Como medida preventiva, dever-
se-á construir um sistema de drenagem adequado, com bacias de infiltração onde a água
oriunda do escoamento da estrada e das áreas vizinhas possa se infiltrar e fazer o
encascalhamento do leito para reduzir a poeira na época seca do ano e atoleiros e pontos de
deslizamento na época chuvosa.
4.1.3. Dos sistemas produtivos e de uso e manejo dos recursos naturais
4.1.3.1. Sistemas produtivos
Em relação à produção, um dos fatores que mais preocupa as famílias assentadas é a falta de
assistência técnica, o que seria de fundamental importância no acompanhamento dos projetos
realizados para obtenção dos créditos, além da formulação de projetos mais adequados à
realidade local, valorizando o saber do pequeno produtor e incentivando a manutenção da
agricultura familiar e suas características.
4.1.3.2. Vegetação
A pecuária é a principal atividade de exploração agrícola na área do Assentamento XV de
Novembro, onde se destaca a brachiária como principal gramínea. O estado de conservação
destas pastagens é variado, podendo-se observar áreas que apresentam níveis razoáveis de
conservação, até áreas aonde a vegetação vem se regenerando naturalmente e que são
inadequadamente utilizadas para este fim.
De maneira geral, as áreas de reserva legal do PA estão em bom estado de conservação; po-
rém, sua utilização indevida como pastagem para o gado pode comprometer seu objetivo, que
58
é o de manter a fauna e a flora silvestres e de valorizar o próprio Assentamento, além de obe-
decer a dispositivos legais vigentes.
4.1.3.3. Recursos Hídricos
As atividades antrópicas na área não deverão provocar impactos significativos ao meio
ambiente, uma vez que a população é pequena e distribuída esparsamente na propriedade. A
principal atividade econômica na bacia é a pecuária leiteira, seguida de cultivos para o
autoconsumo, principalmente de mandioca, cana-de-açúcar e capineiras, realizados sem o uso
de irrigação.
A fonte sustentável de água para o PA é proveniente dos mananciais subterrâneos, que
atendem as necessidades das 73 famílias (aproximadamente 295 moradores), estimadas em
29.500 L/dia no período de maior demanda, que adicionados à dessedentação animal (bovinos,
suínos, eqüinos, aves e animais de estimação), estimada em 153.656 L/dia, totalizam 183.156
L/dia. Foram considerados no cálculo os coeficientes de reforço K1 e K2, cujo produto é 1,25. A
vazão contínua, portanto, deverá ser de 15.263 L/h para um tempo de operação de 12 horas
ou de 7.631,5L/h para um período de bombeamento de 24 horas.
Para as 13 famílias que captam água de cisternas individuais, o volume diário necessário a ser
captado em cada lote é de 2.084 L/dia, enquanto que para os dois poços profundos que
atendem as demais 60 famílias, o volume diário necessário é de 156.292 L. A vazão contínua,
portanto, deverá ser de 5.210 L/h para um tempo de operação de 12 horas; no período de
maior demanda, este valor dobrará para 10.420 L/h. As cisternas existentes são suficientes
para o atendimento da demanda dessas famílias e não serão necessários investimentos
adicionais para ampliação da rede já existente
4.1.3.4. Impactos sobre a fauna de vertebrados terrestres
Como dito anteriormente, a região na qual se localiza o Assentamento apresenta
características típicas do bioma cerrado, com a presença de formações florestais típicas como
matas ciliares e veredas.
A maior parte da área do PA era destinada à pecuária pelos antigos proprietários, sendo o
cerrado nativo convertido a carvão e posteriormente em pastos, prática muito comum em todo
norte e noroeste de Minas Gerais.
Segundo os assentados, a prática da caça, embora não sendo constante, ocorre na área de
reserva, principalmente por pessoas estranhas ao Assentamento. A caça e a exploração preda-
tória são problemas locais porque afetam o equilíbrio das populações de várias espécies, dimi-
59
FIGURA 34. Vista parcial da área de reserva legal, podendo ser observado o cerrado em estágio de regeneração e alguns capões de mata bem conservados - típicos deste ambiente - que servem de habitat para muitas espécies locais.
nuindo sua densidade e comprometen-
do a própria sobrevivência destas, que
podem acabar desaparecendo local-
mente.
O efeito dos desmatamentos e conse-
qüentemente da fragmentação sobre a
fauna é intenso. As populações de
mamíferos e aves, principalmente, di-
minuem proporcionalmente à intensida-
de dos desmatamentos e o fluxo de
movimentação interno nas populações
e especialmente entre as populações
distintas fica profundamente alterado,
ameaçando a qualidade genética de
populações futuras de várias espécies
silvestres.
Foram descritas na lista qualitativa 15
espécies ameaçadas de extinção se-
gundo o “Livro Vermelho de Espécies
Ameaçadas de Extinção da Fauna de
Minas Gerais” (1998), sendo onze mamíferos e quatro aves. A presença destas espécies na
área reforça a necessidade de proteção da reserva legal e de preservação permanente e de
fiscalização intensa para impedir ações impactantes como a caça e a presença de gado em
áreas de proteção ambiental.
60
5. PROJETO FINAL DE ASSENTAMENTO
Este capítulo apresenta o Projeto Final de Assentamento (PFA) do PA XV de Novembro, no
município de Paracatu, na região noroeste de Minas Gerais. As propostas e encaminhamentos
aqui apresentados foram delineados a partir da reflexão conjunta entre equipe técnica
multidisciplinar e a comunidade formada pelas famílias assentadas e buscam orientar a
trajetória de desenvolvimento sócio-econômico e ambiental desses novos produtores rurais
familiares, que, como resultado da luta histórica pela reforma agrária, conseguiram conquistar o
tão sonhado “pedaço de terra”. As ações e programas de intervenção ora apresentados devem
ser entendidos sob três perspectivas: a primeira refere-se à dimensão formal do processo de
implementação dos assentamentos rurais no país, que submete a atuação e possibilidades de
intervenção do INCRA às exigências do CONAMA e da Deliberação Normativa 44 do COPAM,
ou seja, ao processo formal e jurídico que busca adequar as áreas de assentamento rural à
legislação ambiental vigente.
A segunda perspectiva refere-se ao fato de que os maiores problemas ambientais existentes
na área do PA, principalmente o desmatamento desenfreado e a formação de pastagens sem
os cuidados técnicos pertinentes, foram provocados em momento anterior à constituição do
Assentamento, refletindo um longo processo de destruição do cerrado mineiro, que muitas
vezes contou com apoio do próprio poder público. Tal situação, entretanto, não isenta o INCRA
e os assentamentos das responsabilidades formais pela recuperação do passivo ambiental
existente, mas justiça seja feita, evidencia que a luta pela terra não se esgota apenas na sua
conquista; ela se desdobra na sua recuperação e preservação, pontos fundamentais para
perenização da vida das famílias nas áreas conquistadas como efetivos produtores rurais. Os
assentados sabem disso e estão dispostos a contribuir para a recuperação de áreas que não
fora degradas por eles, entendendo que este é mais um custo que se impõe à histórica luta
pela reforma agrária: recuperar o passivo ambiental promovido pelo latifúndio e pelo próprio
Estado.
Finalmente, a terceira dimensão desse trabalho é produto daquilo que GIDDENS (1996) chama
de ação reflexiva, uma vez que tais ações e propostas são apresentadas a partir do diagnóstico
das atuais condições de vida (produtivas, sociais, econômicas e ecológicas) das famílias no PA
XV de Novembro como um ponto de partida para garantir a sustentabilidade e perenidade de
uma vida sob novas e melhores condições, conquistada como um direito à vida e ao trabalho
dignos. A noção de reflexividade se refere ao fato de uma ação desencadeia novas ações, o
que por sua vez cria e recria novas condições de vida, de produção e de ambiência, assim co-
mo se reflete na ação original.
61
Nesse sentido, apesar de algumas ações, por sua especificidade, estarem apresentadas de
forma isolada, todas devem ser pensadas como elementos de uma cadeia, econômica, social,
ambiental e política, que possibilitará a recuperação e preservação do meio ambiente na área
do Assentamento, o que por sua vez se constitui em condição essencial para manutenção das
condições de vida e de produção econômica das famílias assentadas.
Nesse sentido, tomando como referência o diagnóstico realizado na área do PA XV de
Novembro e a noção de redes de sociabilidade, de reflexividade e de ação integrada entre as
dimensões social, econômica e ambiental, são apresentadas algumas medidas de caráter
corretivo e, ou, educativo, buscando a minimização dos impactos ambientais na área do
Assentamento, ao mesmo tempo em que garantam melhores condições de infra-estrutura, de
produção e de vida na área. Essas medidas, que compõem o Projeto Final do Assentamento,
apesar de inter-relacionadas, foram divididas em três grupos. No primeiro grupos são
abordadas as medidas relativas aos impactos sócio-econômicos referentes às questões de
serviços básicos oferecidos à população como saúde e educação, além das questões
relacionadas às atividades produtivas como assistência técnica. No segundo grupo estão
apresentadas medidas corretivas e alternativas aos impactos gerados pela infra-estrutura
existente no Assentamento, ou, em alguns casos, pela falta ou precariedade desta, como
estradas, abastecimento de água e de energia elétrica e obras de saneamento básico.
Finalmente, no terceiro grupo são apontadas as medidas relativas ao meio ambiente
relacionadas à vegetação, solos e fauna.
5.1. MEDIDAS MITIGADORAS RELATIVAS AOS IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS IDENTIFICADOS
5.1.1. Necessidade de fortalecimento da organização social entre os assentados
Problema: Precariedade do nível de organização social das famílias no PA XV de Novembro.
Objetivo: Fortalecimento das instituições existentes no Assentamento como condição para a
implementação de ações de cunho socioeconômico e ambiental, como por exemplo, a
manutenção do sistema de captação e distribuição de água para que todas as famílias possam
usufruir deste benefício.
Ações: Promoção de dinâmicas entre as famílias assentadas apresentando a importância da
cooperação e da construção de ações coletivas no dia-a-dia do Assentamento. Valorização dos
espaços da assembléia de assentados como instância deliberativa a respeito do futuro das
famílias assentadas. Discussão com a comunidade sobre a prática cooperativa e associativista
como condição para a viabilidade econômica da pequena produção familiar, de modo geral e
62
dos beneficiários da reforma agrária em particular. Fomentar a ocupação social do espaço físi-
co da sede da antiga fazenda.
Custos: Essas ações são de extrema importância para o delineamento de um projeto de
assentamento viável sob as perspectivas social, econômica e ambiental e, no entanto, não
implicam em custos financeiros. Bastaria, inicialmente, uma mudança de comportamento do
próprio INCRA (prestador de ATES) e dos apoiadores dos assentados, MSTR (FETAEMG e
Sindicato), Cáritas, igreja católica, comunidade evangélica etc, no sentido de fomentar a
discussão e a participação de todas as famílias assentadas a respeito da importância da
organização social como condição de organização econômica, utilização da infra-estrutura do
Assentamento e de preservação ambiental. Nessas ações estão implícitas as discussões sobre
a questão ambiental no PA, bem como sobre os mecanismos de implementação e execução
das medidas mitigadoras apontadas no Projeto Final do Assentamento. Essas reuniões e
discussões devem ocorrer prioritariamente na antiga casa sede, de forma a incluir essa
estrutura no dia-a-dia da comunidade.
5.1.2. Educação ambiental com ênfase na questão do lixo
Esta medida destaca a importância da educação não-formal, fora das escolas e direcionada à
toda a população local. Os assentados percebem a necessidade de combinar as atividades
produtivas com a preservação e conservação dos recursos naturais; no entanto, apesar da boa
vontade, isso ainda não é prática comum no Assentamento, uma vez que falta à comunidade
informações adequadas sobre questões ambientais. Além disso, medidas de educação
ambiental devem estar em sintonia com ações de caráter produtivo, de recuperação de áreas
degradadas e de convivência com as espécies animais existentes no Assentamento.
Objetivo: Auxiliar os assentados a identificar e combinar práticas com o mínimo impacto
ambiental, incluindo também nestas iniciativas as crianças e jovens do Assentamento. As
atividades devem ter caráter educativo e uma ênfase mais contundente deverá ser dada à
questão do lixo, facilmente encontrado espalhado ao redor das casas.
Ações previstas: Realizar iniciativas educativas que incentivem a população à coleta seletiva
do lixo e à sua destinação aos locais corretos, de acordo com a realidade e possibilidades
concretas, buscando parceiros com o objetivo de dar continuidade a estas iniciativas. Exemplo
de uma atividade seria a coleta seletiva do lixo de forma contínua e sistemática.
Custo Estimado: R$ 900, 00, para a realização de um curso (material didático).
63
O custo foi estimado tomando-se como referência a elaboração de 60 cartilhas; contudo, poderá
ser reduzido com a utilização de cartilhas e material pedagógico já existente e que pode ser dispo-
nibilizado pelos parceiros apontados a seguir. O envolvimento das equipes de ATES na discussão
do lixo e da utilização de insumos produzidos no próprio lote familiar também poderá minimizar os
custos da implementação desta medida. Em anexo a este PFA são apresentadas sugestões sobre
a utilização de lixo doméstico na preparação de adubo orgânico, o que poderá servir de base para
a implementação de ações dessa natureza no Assentamento. Essas sugestões podem ser
encontradas também no site: http://www.planetaorganico.com.br/composto.htm.
Prioridade: Grande.
Parcerias: IEF, Cáritas, IGAM, IBAMA, CAA, CTA, ITER, FEAM, CEMIG, COPASA.
O processo de educação ambiental deverá realizar-se também no cotidiano da comunidade,
nos debates e reuniões, com a utilização de materiais que sensibilizem as famílias para a
importância da preservação do meio ambiente como condição de permanência na área. Nesse
sentido, todos os extratos da população devem ser envolvidos (inclusive crianças e jovens),
sendo para tanto de fundamental importância o fortalecimento de parcerias que possam
fornecer material para educação e sensibilização ambiental.
5.1.3. Assistência técnica
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
ASSISTÊNCIA TÉCNICA ÀS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Assistência técnica, atividades agropecuárias.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento possui uma área de 3.729,6041ha e está localizado na região noroeste do estado de Minas Gerais, no município Paracatu. A área relativa a este projeto compreende toda a área que envolve o Assentamento e um total de 73 famílias.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta pretende estabelecer uma efetiva assistência técnica de forma sistemática e contínua às atividades de produção realizadas pelas famílias do PA, assim como assistência à elaboração de projetos para a aquisição de linhas de créditos para que os assentados tenham possibilidade de melhorar a produção agropecuária e também viabilizar estratégias de inserção no mercado local e regional. À assistência técnica cabe também o papel de orientar sobre as práticas sustentáveis de utilização dos recursos naturais. Deverão ser tomadas iniciativas institucionais pela SR-06 para a inclusão do PA XV de Novembro no programa de assistência técnica concebido pelo Plano Nacional de Reforma Agrária do Governo Federal.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
Indeterminado. 2005.
64
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Mariana Rodrigues dos Santos
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
É fundamental garantir o serviço de assistência técnica de forma sistemática e contínua aos assentados para que estes tenham possibilidade de melhorar a produção agrícola e agropecuária e também viabilizar estratégias de inserção no mercado local e regional. À assistência técnica cabe também o papel de orientar sobre as práticas sustentáveis de utilização dos recursos naturais.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo geral: melhorar a produção agropecuária e o acesso aos mercados consumidores locais e regionais. Objetivo específico: garantir assistência técnica e realização de projetos produtivos viáveis, de acordo com a realidade dos produtores em questão. Meta principal: melhorar qualidade de vida das famílias assentadas e garantir o futuro das gerações que estão por vir.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
O projeto possui tempo indeterminado e tem como objetivo a inclusão, através de iniciativas institucionais, do PA no programa de assistência técnica concebido pelo PNRA-Plano Nacional de Reforma Agrária.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
Através da associação de moradores do local e da principal organização de classe ou movimento ligado às famílias assentadas, buscar iniciativas institucionais para inclusão do PA no programa de assistência técnica aos assentamentos, realizado pelo governo federal.
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
As instituições envolvidas são: associação local, sindicato dos trabalhadores rurais, INCRA e entidades colaboradoras ou conveniadas.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
Relativo ao programa do governo federal e entidades envolvidas.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Articulação das entidades e inclusão do PA no programa de assistência técnica previsto no PNRA. Início das atividades.
3. CUSTOS
Relativo ao programa de ATES.
A comunidade indicou o STR de Paracatu como prestador de assessoria técnica, social e
ambiental para o Assentamento, já tendo sido iniciado o processo de contratação da entidade.
5.2. MEDIDAS MITIGADORAS RELATIVAS ÀS QUESTÕES DE INFRA-ESTRUTURA
5.2.1. Saneamento básico
Problema: Todo o esgoto doméstico do Assentamento é destinado a fossas negras ou poços
negros ou mesmo disposto a céu aberto.
65
Objetivos: Realizar a coleta e disposição dos excretos (esgoto doméstico) em condições mais
satisfatórias, evitando a propagação de doenças e a contaminação do lençol freático.
Causa do problema: Falta ou deficiência do sistema de coleta e distribuição do esgoto e de
águas servidas.
Ações previstas: Construção de tanques sépticos, sumidouros e rede de esgoto e eliminação
do despejo do esgoto doméstico em poço negro. A utilização de poço negro substituindo o
tanque séptico não é recomendada do ponto de vista sanitário (o material do poço negro pode
contaminar o lençol freático).
O tanque séptico ou tanque de sedimentação, fechado, em um ou mais estágios, com
escoamento contínuo no sentido horizontal, é um mecanismo no qual o esgoto passa
lentamente de modo a permitir que matérias em suspensão se depositem no fundo, onde são
retidas e submetidas a uma decomposição anaeróbica, resultando a sua transformação em
substâncias líquidas e gases, com conseqüente redução de lodo a ser finalmente disposto no
solo.
O tanque séptico pode ser construído em concreto, fundido no próprio local, no traço de 1:2:4
(cimento, areia seca e pedra britada ou pedregulho) em volume, com fator água-cimento no
máximo de 0,6 e espessura das paredes de 15 cm. O tanque deve ser localizado a uma
distância mínima de 10 metros da residência e ser enterrado no solo a uma profundidade tal
que permita uma declividade no coletor de esgoto de no mínimo de 2%, de modo a ter, de
preferência sobre a sua tampa, uma cobertura de aproximadamente 30 cm de terra. A
capacidade mínima do tanque é de 1.500 litros para uma residência com 7 pessoas e para uma
limpeza a cada um ano ou quando necessário (de acordo com a NBR 7229/82, as dimensões
internas do tanque séptico com uma contribuição de 1500 litros/dia são: comprimento de 2,30
m, largura de 1,10 m e altura de 1,00 m). Deve também ser dotado de um sistema de
ventilação (tubo de 32 mm, com extremidade ou ponto de saída de gases invertido para baixo).
O efluente de um tanque séptico não é um líquido inofensivo. É um líquido clarificado, de cheiro
e aspecto desagradável, que contém matérias putrescíveis em grande quantidade, conseqüen-
temente com uma DBO ainda apreciável, além de bactérias patogênicas, cistos e ovos de hel-
mintos. Para a disposição do efluente de tanques sépticos no solo por infiltração, este material
pode ser conduzido para poços absorventes ou sumidouros ventilados, que devem ser largos e
bem ventilados e não devem atingir o lençol freático. Recomenda-se um diâmetro mínimo de
1,50 m e uma profundidade de 2,0 m para o poço, cujas paredes devem ser revestidas de al-
venaria de tijolo, com juntas livres, ou anéis de concreto, convenientemente furados, e fundo
com enchimento de cascalho ou pedra britada (sempre que possível, devem ser construídos
66
em número de dois sumidouros para o uso alternado). Na parte superior, o poço absorvente
deve ser coberto e, de preferência, ter uma laje de concreto com uma tampa removível. Os
sumidouros devem estar localizados a uma distância mínima de 6 m do tanque séptico.
Os tanques sépticos devem ser construídos em um lugar de fácil acesso, a uma distância nunca
inferior a 20 m de qualquer fonte de abastecimento de água e 100 m de qualquer manancial de
água; os poços absorventes devem ficar a uma distância de 30 m (de acordo com NBR 7229/82).
As fossas negras devem ser localizadas em terreno seco e livre de inundações, em ponto a jusante
de fontes de água e distante pelo menos 50 m de qualquer manancial.
A cada período de um ano de uso deve ser removido o lodo digerido do tanque séptico, que
pode ser enterrado. Quando o tanque em funcionamento apresentar maus odores deve ser
colocado nele uma substância alcalinizante, como a cal, por exemplo.
Custo estimado: R$ 853,00 por unidade ou tanque séptico de 1.500 litros. R$ 723,65 por unidade
de poço absorvente de dimensões: diâmetro mínimo de 1,80 m e profundidade de 2,0 m.
Construção de rede de esgoto: R$ 8,16 por metro linear de rede de esgoto com tubulação de
100 mm com declividade de 2% (segundo o Índice Nacional de Preços da Construção Civil –
INCC de dezembro de 2002).
Custo total: R$ 63.122,00 para as 73 famílias e uma área comunitária.
Prioridade: Alta.
A cartilha apresentada em anexo, elaborada pela CAESB – Companhia de Saneamento do
Distrito Federal e disponível no site http://www.caesb.df.gov.br/scripts/saneamentorural/
construa_um_sistema.asp poderá ser utilizada tanto no processo de formações de mutirões
para a construção das fossas nos lotes (o que reduzirá significativamente o custo de
construção), bem como material no programa de educação ambiental.
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS E ÁGUAS SERVIDAS.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Saneamento, tratamento de águas residuárias.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, município de Paracatu.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
67
A presente proposta tem o objetivo de instalar fossas sépticas nas unidades residenciais e comunitárias do PA XV de Novembro. O projeto será desenvolvido no Assentamento XV de Novembro, localizado no município de Paracatu-MG e terá como executores os próprios assentados, com o apoio dos órgãos públicos envolvidos com o Assentamento e com a saúde pública.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
6 meses. 2005.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Márcio Mota Ramos
Data de Nascimento 17/04/1952
Sexo: M
C.P.F.: 116.404.726-49
Identidade (RG): 5809 / D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Trav. Irmã Francisca, 31, ap 802
Bairro: Clélia Bernardes
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): Universidade Federal de Viçosa – Dep. de Engenharia Agrícola
Cargo que exerce: Professor titular
DDD/Fone residencial 31 3892-4230
DDD/Fone comercial: (31) 3899-1914
Email [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa; Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Doutorado em Engenharia pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
A inexistência de sistemas de tratamento de águas residuárias e sua deposição inadequada contribui para surtos de endemias de veiculação hídrica, proliferação de vetores de doenças e a contaminação dos corpos d’água superficiais e subterrâneos. A implementação de fossas sépticas nos lotes e áreas comunitárias do PA XV de Novembro propiciará um ambiente mais saudável, contribuindo para o bem-estar das famílias, melhor desempenho nas atividades produtivas e crescimento saudável das crianças.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo geral: melhorar as condições sanitárias no PA XV de Novembro. Objetivos específicos: reduzir a ocorrência de doenças e a proliferação de possíveis vetores e minimizar a contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos. Meta principal: garantir a saúde e o bem-estar das famílias assentadas e evitar a contaminação do solo e dos corpos d’água superficiais e subterrâneos.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
A implementação do projeto e a construção das fossas sépticas deverão ocorrer em seis meses. As ações devem seguir os seguintes itens:
o Construção das fossas sépticas nos lotes e ligação do sistema de esgoto a elas; o Promoção de cursos para a manutenção e limpeza das mesmas.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, com ações junto ao INCRA e de-mais órgãos responsáveis para o financiamento das obras.
68
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
A implementação das ações caberá aos assentados e à sua associação, que buscará o financiamento das obras junto ao INCRA, com o apoio da prefeitura municipal e de suas secretarias de saúde e meio ambiente.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será monitorado pelos próprios assentados, que deverão auxiliar na execução, acompanhamento e fiscalização das obras.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
A execução do projeto está prevista em seis meses, com início das obras em épocas propícias de clima e de disponibilidade da mão-de-obra dos assentados.
3. CUSTOS
- Construção de 74 fossas sépticas: Custo de uma unidade R$ 853,00 Custo total R$ 63.122,00 (Este valor pode ser reduzido com a utilização de mão-de-obra dos assentados) - Palestra sobre higiene e saúde A EMATER e a secretaria de saúde do município são entidades com longa experiência neste tipo de atividade.
5.2.2. Energia elétrica
O PA não conta com linha tronco de rede de energia elétrica cobrindo toda a sua área, não
atendendo assim a 60 famílias, de um total de 73.
Objetivos: Dotar as residências de energia elétrica, melhorando o bem-estar e possibilitando
aos assentados o uso de máquinas e equipamentos que melhorem o desempenho das
atividades produtivas.
Causa do problema: A rede de energia existente não atende a todos os lotes do
Assentamento.
Medidas corretivas: Executar a linha tronco e a ligação em baixa tensão em 60 lotes.
Custo estimado: Nesse sentido, amplia-se a necessidade do envolvimento do poder público
municipal com o cotidiano do Assentamento.
Prioridade: Grande.
A construção da linha tronco e as ligações individuais à rede de energia no Assentamento
devem orientar-se pelo esquema proposto a seguir:
69
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
CONSTRUÇÃO DA LINHA TRONCO E LIGAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA AOS LOTES.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Energia elétrica, baixa tensão.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta tem o objetivo de dotar 60 residências com energia monofásica. O projeto será desenvolvido no Assentamento XV de Novembro, localizado no município de Paracatu-MG e terá como executor a CEMIG, com o apoio da prefeitura municipal de Paracatu, governo do estado de Minas Gerais e do INCRA.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
Contínuo. 2005.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Márcio Mota Ramos
Data de Nascimento 17/04/1952
Sexo: M
C.P.F.: 116.404.726-49
Identidade (RG): 5809 / D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Trav. Irmã Francisca, 31, ap 802
Bairro: Clélia Bernardes
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): Universidade Federal de Viçosa – Dep. de Engenharia Agrícola
Cargo que exerce: Professor titular
DDD/Fone residencial 31 3892-4230
DDD/Fone comercial: (31) 3899-1914
Email [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa; Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Doutorado em Engenharia pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
A inexistência da linha tronco na maioria das vias impossibilita a ligação de energia elétrica nas residências e lotes. Sua implantação possibilitará mais conforto para as famílias assentadas e permitirá a aquisição de máquinas e equipamentos, melhorando a qualidade da produção do leite (pela possibilidade de resfriamento) e o rendimento dos trabalhadores, possibilitando o aumento da renda.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo geral: implantar a rede de energia elétrica em grande parte do PA XV de Novembro. Objetivos específicos: implantar linha tronco no PA. Meta principal: melhorar a qualidade de vida dos assentados e do desempenho de suas atividades econômicas.
70
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
A construção da linha tronco deverá ser executada em três meses. As ações devem seguir os seguintes itens:
o Execução da linha tronco; o Ligação elétrica em 60 unidades.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, com ações junto à prefeitura de Paracatu, CEMIG e ao INCRA.
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
A implementação das ações caberá à CEMIG, com o apoio prefeitura de Paracatu, do governo do estado de Minas Gerais e do INCRA.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será monitorado pelos próprios assentados, bem como o acompanhamento da execução das obras.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será realizado no prazo de três meses e executado em função do organograma da CEMIG.
3. CUSTOS
- Construção de 16,434 km de rede tronco: Custo unitário R$7.500,00 Custo R$123.255,00 - Instalação de 60 medidores: Custo unitário R$1.070,00 Custo R$64.200,00 - Custo total do sistema: R$123.255,00 + R$64.200,00 = R$187.455,00
5.2.3. Uso e distribuição da água
O sistema de abastecimento de água do PA atende aos 60 lotes da área da sede, porém,
existem grandes problemas de gerenciamento do sistema de distribuição, faltando recursos
para a manutenção do sistema de recalque. O sistema não está em funcionamento por
problemas de sucção decorrentes de falta de manutenção. Os outros 13 lotes providenciaram
soluções individuais para a resolução deste problema. Esta questão deverá ser objeto de
atenção especial na medida 5.1.1, que visa o fortalecimento da organização social entre os
assentados.
5.2.4. Tratamento de água
Embora a água que atende ao PA seja de poço profundo, esta se encontra sujeita à
contaminação na fonte e nos reservatórios de armazenamento. A falta de um sistema de
tratamento pode causar várias doenças, como verminoses.
Objetivos: Realizar e intensificar a educação sanitária.
71
Causa do problema: Falta de pastilhas de cloro para o tratamento de água, lavagem regular
do reservatório de distribuição e das caixas d’água individuais.
Ações previstas: Solicitar ao posto de saúde local a intensificação da educação sanitária
(atenção básica de saúde) e da distribuição de hipoclorito de sódio aos assentados, bem como
esclarecimentos acerca da prevenção de doenças de simples controle através da água
utilizada no consumo doméstico, lavagens periódicas e do uso deste desinfetante nos
reservatórios de pequena capacidade.
Custo estimado: ver item 3 do projeto conceitual a seguir.
Prioridade: Alta.
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUAS.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Saneamento, tratamento de água.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta tem o objetivo de conscientizar os assentados sobre a importância da continuidade das ações relativas à manutenção da qualidade da água do sistema de captação e distribuição do PA XV de Novembro. O projeto será desenvolvido no Assentamento XV de Novembro, localizado no município de Paracatu-MG e terá como executores os próprios assentados, através do apoio dos órgãos públicos envolvidos com o Assentamento e com a saúde pública.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
Contínua. 2005 – 2006.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Márcio Mota Ramos
Data de Nascimento 17/04/1952
Sexo: M
C.P.F.: 116.404.726-49
Identidade (RG): 5809/D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Trav. Irmã Francisca, 31, ap 802
Bairro: Clélia Bernardes
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): Universidade Federal de Viçosa – Dep. de Engenharia Agrícola
Cargo que exerce: Professor titular
72
DDD/Fone residencial 31 3892-4230
DDD/Fone comercial: (31) 3899-1914
Email [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa; Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Doutorado em Engenharia pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
O uso de águas sem tratamento propicia surtos de endemias de veiculação hídrica, notadamente verminoses. O tratamento contínuo da água a ser distribuída no PA reduzirá os índices de doenças e mortalidade, contribuindo para o bem-estar das famílias, melhor desempenho nas atividades produtivas, crescimento saudável das crianças e melhor rendimento escolar.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo geral: melhorar a saúde dos assentados, garantindo boa qualidade de vida para o presente e o futuro. Objetivos específicos: redução da ocorrência de doenças de veiculação hídrica, dos índices de mortalidade infantil e melhora no desempenho das atividades produtivas. Meta principal: garantir a saúde e o bem-estar das famílias assentadas, além da conscientização sanitária pela manutenção dos sistemas de armazenamento e distribuição de água potável.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
O projeto deverá ser contínuo, com ações permanentes após o sistema de armazenamento e distribuição ser completamente implantado. As ações devem seguir os seguintes itens:
o Instalação de sistema de injeção de cloro; o Limpeza do reservatório e das caixas d’água das residências; o Aquisição, junto à secretaria de saúde da prefeitura municipal de Paracatu, de pastilhas de cloro
usadas no sistema de injeção.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, com responsabilidades de manter a continuidade do tratamento e observação de ocorrências de possíveis focos de contaminação tais como vazamentos da rede adutoras, ausência de tampas nas caixas d’água, dentre outros.
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
A implementação das ações caberá aos assentados e à sua associação, que buscará o apoio da secretaria de saúde municipal para ministrar palestras e doar as pastilhas de cloro. Caberá a ela também organizar a comissão de associados responsáveis pelas ações.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será monitorado pelos próprios assentados, que deverão encaminhar amostras de água colhidas nos extremos da rede adutora à secretaria de saúde do município para análises bacteriológicas.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será executado permanentemente e anualmente se fará a amostragem para análise da qualidade de água.
3. CUSTOS
Como se verá no modelo de sistema alternativo para instalação de sistema de cloração de água para uso doméstico, apresentado ao final deste relatório, os custos para implementação desta medida são insignificantes e deverão ser cobertos pelas famílias assentadas, uma vez que se trata apenas da substituição mensal da dose de cloro, orçada em cerca de R$2,50 por mês.
73
5.2.6. Estradas
Como as estradas internas do Assentamento encontram-se sem revestimento, o trânsito torna-
se precário no período das chuvas e acarreta incômodos e doenças na época seca, quando a
poeira produzida pelo trânsito de veículos nas estradas é grande. O sistema de drenagem com
instalação de bacias de infiltração deve ser implementado, bem como a estrada deverá receber
revestimento com cascalho para tornar o trânsito permanente durante todo o ano, garantindo o
tráfego de pessoas e o escoamento da produção agropecuária.
Objetivos: Melhorar o acesso ao Assentamento e facilitar o escoamento da produção para
Paracatu e cidades vizinhas; manter a estrada em condições transitáveis durante todo o ano.
Causa do problema: O sistema de drenagem não foi dimensionado e, conseqüentemente, não
executado. Falta de revestimento com cascalho.
Medidas corretivas (ações previstas):
o Executar o revestimento primário e dimensionar pontos de sangria para evitar o
alagamento e a destruição do piso.
o Viabilizar, junto à prefeitura municipal, parceria para a manutenção das estradas.
Custo estimado: O custo médio para a recuperação destas estradas é de R$ 3.500,00/km;
contudo, sua manutenção e recuperação são de responsabilidade do poder público municipal,
uma vez que na maior parte dos casos trata-se de estradas vicinais, cujo uso e servidão não
são exclusivos e restritos aos assentados. Nesse sentido, amplia-se a necessidade de
envolvimento do poder público municipal com o cotidiano do Assentamento.
Prioridade: Grande.
A recuperação das estradas locais deve orientar-se pelo esquema proposto a seguir:
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
RECUPERAÇÃO DO REVESTIMENTO PRIMÁRIO DO LEITO DAS ESTRADAS INTERNAS DO PA. IMPLANTAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Malha viária, drenagem.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu.
74
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta tem o objetivo de recuperar as estradas internas do PA e implantar a rede de drenagem em seu leito. O projeto será desenvolvido Assentamento XV de Novembro, localizado no município de Paracatu-MG e terá como executores a prefeitura municipal de Paracatu, com o apoio dos órgãos públicos envolvidos com o Assentamento, notadamente o INCRA.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
Contínuo. 2005.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Márcio Mota Ramos
Data de Nascimento 17/04/1952
Sexo: M
C.P.F.: 116.404.726-49
Identidade (RG): 5809 / D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Trav. Irmã Francisca, 31, ap 802
Bairro: Clélia Bernardes
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): Universidade Federal de Viçosa – Dep. de Engenharia Agrícola
Cargo que exerce: Professor titular
DDD/Fone residencial 31 3892-4230
DDD/Fone comercial: (31) 3899-1914
Email [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa; Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa; Doutorado em Engenharia pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
A inexistência de sistemas de drenagem nas estradas danifica o seu revestimento primário e pode provocar a interrupção do trânsito nas vias, dificultando a circulação das pessoas e impedindo o transporte de mercadorias. A poeira oriunda do trânsito de veículos no PA pode provocar acidentes e trazer problemas à saúde de seus habitantes. A implementação da rede de drenagem das estradas e a recuperação do revestimento primário permitirão o escoamento da produção, notadamente da atividade leiteira, cujo produto é bastante perecível, reduzindo riscos e prejuízos aos assentados..
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo geral: melhorar rede viária no PA XV de Novembro. Objetivos específicos: implantar um sistema de drenagem das estradas internas do PA e executar o revestimento primário das mesmas. Meta principal: garantir o trânsito de veículos, o transporte de passageiros e de cargas durante todo o ano.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
O sistema de drenagem deverá ser executado e implementado em três meses. As ações devem seguir os seguintes itens:
o Execução do sistema de drenagem das estradas; o Execução do revestimento primário do leito das estradas.
75
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, com ações junto à prefeitura de Paracatu e ao INCRA.
2.5.RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
A implementação das ações caberá à prefeitura de Paracatu, com o apoio do INCRA
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será monitorado pelos próprios assentados, bem como o acompanhamento da execução das obras.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será realizado no prazo de três meses, com início das obras em épocas propícias de clima e de disponibilidade de equipamentos e máquinas na prefeitura de Paracatu.
3. CUSTOS
O custo unitário do km é de aproximadamente R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), relativos ao poder público municipal. Estima-se que cerca de 5,7 km de estradas do Assentamento necessitem de recuperação mais intensa, o que perfaz um custo de R$19.950,00.
OBS.: As estradas do PA XV de Novembro deverão ser recuperadas de acordo com Projeto
Básico fornecido pelo INCRA e apresentado em anexo a este PFA.
5.3. MEDIDAS MITIGADORAS PROPOSTAS EM RELAÇÃO AOS IMPACTOS AMBIENTAIS
5.3.1. Recursos hídricos
As atividades antrópicas na área não deverão provocar impactos significativos aos recursos
hídricos, uma vez que a atividade principal é a pecuária de leite, cuja vazão a ser explotada
dos poços do PA é bem inferior à quantidade de água que se infiltra e alimenta os aqüíferos
subterrâneos. Além disso, as práticas de conservação de solo e água que estão sendo
sugeridas possibilitam e potencializam a recarga dos aqüíferos. Com respeito à qualidade,
também não se espera impactos significativos. A maior fonte potencial de contaminação são os
esgotos e as águas servidas das residências, o que com a instalação de fossas sépticas será
sanado, uma vez que estes farão o tratamento adequado das águas residuárias.
5.3.2. Vegetação
Problema: Infestação das pastagens por plantas invasoras diversas, reduzindo sobremaneira
a capacidade de suporte para o rebanho bovino.
Causa do problema: Baixa fertilidade do solo e falta de práticas de manejo adequado, tais
como correção do solo, adubação e eliminação de plantas invasoras.
76
Ações previstas: Correção do solo, adubação e limpeza das pastagens, descartando sob
qualquer argumento o uso do fogo como prática de manejo.
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
IMPLANTAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PASTAGENS E CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DO SOLO.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Pastagens, correção e adubação do solo.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu. A área relativa a este projeto é dependente da atividade que cada assentado tenciona realizar em seu lote, podendo chegar num total até a (2.404,6810 ha) hectares.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta pretende desenvolver um projeto de implantação, recuperação ou manutenção de pastagens nos lotes do Assentamento, apresentando um roteiro básico de ações. O projeto será desenvolvido no próprio Assentamento XV de Novembro e terá como participantes diretos as famílias assentadas e, indiretos os órgãos públicos envolvidos, visando implementar e recuperar as pastagens de forma sustentável e economicamente viável das áreas dos lotes, partindo tanto de locais ainda com vegetação nativa (cerrado), quanto de pastagens já instaladas, buscando firmar convênio com órgãos e empresas estaduais e federais de fomento a este tipo de atividade. Buscar-se-á uma sustentabilidade na exploração das pastagens, provocando o aumento da produção de forragem e conseqüentemente da produção de carne e leite.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
2 anos. 2005 – 2006.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Waldir de Carvalho Junior
Data de Nascimento 09/06/1960
Sexo: M
C.P.F.: 583.287.696-20
Identidade (RG): 5809 / D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Rua: Antonio Torres, 192, ap 31
Bairro: Ramos
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): UFV/DPS – Embrapa Solos
Cargo que exerce: Pesquisador
DDD/Fone residencial 31 3891-9235
DDD/Fone comercial: (31) 3899-2838
Email: [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras; Mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Doutorando em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
Atualmente, a implantação, recuperação e, ou, manutenção de pastagens, em sua grande maioria, é feita de modo equivocado, com a utilização de práticas danosas, dentre as quais o uso inadequado de
77
gradagem, aplicações de calcário e fertilizante sem análises de solo e em quantidades geralmente insu-ficientes. Tais tecnologias não imprimem sustentabilidade na exploração das pastagens, provocando o aumento da produção de forragem apenas por um curto período de tempo e permitindo a continuidade do empobrecimento dos solos de modo mais acelerado a cada ano. Como conseqüência, o crescimento do rebanho bovino é lento e com baixos índices de produtividade. Um dos maiores problemas para o criador de gado é a baixa produtividade da pastagem. Em razão do mau manejo desde a implantação e pouco ou nenhum investimento de manutenção, os pastos vão se degradando, podendo no futuro a situação se agravar. Durante muito tempo o pasto não foi tratado como cultura, pois se acreditava que este poderia ser produtivo sempre. A partir desta crença, muitos erros de manejo foram cometidos e ainda o são, como o uso de fogo para controlar pragas, o que empobrece o solo. É importante registrar que adubar pastos não é comprar os nutrientes e jogar por cima da pastagem. Antes disso, vários aspectos devem ser analisados, como tipo de solo, exigência da planta, sistema de produção adotado e o que se deseja atingir. É muito importante fazer uma análise correta para identificar as reais deficiências e só então proceder à correção. Um sistema de produção eficiente deve ser equilibrado para dar bons resultados.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo amplo: proteção dos recursos naturais, manutenção e aumento da produtividade, redução dos riscos e promoção econômica e social, garantindo boa qualidade de vida para o presente e o futuro. Objetivo geral: apresentar um roteiro para implantar, recuperar ou manter pastagens em áreas de cerrado do Assentamento XV de Novembro. Objetivo específico: implantar, recuperar ou manter pastagens das áreas do Assentamento, minimizando os processos de degradação ambiental e proporcionando melhor qualidade de vida para os assentados e para a comunidade como um todo. Meta principal: obter pastagens sustentáveis que possibilitem um aumento na produção de forragem e, conseqüentemente, maior ganho de peso e produção de leite daqueles assentados que optarem pela pecuária. Outras metas podem ser descritas como: conscientização ecológica da comunidade, conhecimento de técnicas de manejo do gado e valorização do próprio espaço do Assentamento.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
O projeto tem previsão de ser realizado em 2 anos, após os quais os processos de implantação já estarão concluídos e os de recuperação e de manutenção se seguirão sistematicamente. Como a área passível de ser objeto deste projeto pode chegar a 2.404,6810 ha, onde a pastagem deve ser implantada, recuperada ou ainda mantida, a área real será definida pelas condições locais de cada assentado. Estima-se que em cerca de 238,3955 ha as condições de degradação são mais intensas, demandando correção mais intensa e urgente (ver mapa de áreas impactadas negativamente nos anexos cartográficos deste PFA). As ações devem seguir os seguintes itens:
o Consulta ou realização de convênios com órgãos governamentais e privados de fomento que possam fornecer sementes de forrageiras e orientar o plantio;
o Seleção de espécies forrageiras; o Coleta de amostras de solos para análise em laboratório de órgãos conveniados; o Preparo da área com limpeza, calagem, adubação, construção de aceiros e combate à formiga; o Técnicas de manejo do solo: terraceamento, plantio em nível e faixas de retenção vegetativa; o Monitoramento da implantação e, ou, recuperação e, ou, manutenção das pastagens.
A época de início do projeto estará condicionada às condições climáticas locais, pois o plantio deve ser iniciado junto com o início do período chuvoso (entre os meses de setembro e dezembro) e as etapas anteriores ao plantio precisam estar concluídas conforme a estratégia para implantação das ações e o cronograma de execução (Item 2.4 e 2.7). Entretanto, alguns aspectos devem ser observados, tais como:
o Plantio em época favorável;
78
o Solo bem analisado e corrigido; o Reposição de nutrientes; o Equipamentos em boas condições; o Uso de rolo compactador (ou grade fechada); o Plantio Solteiro.
Durante um período de dois anos o projeto será monitorado, avaliado e conduzido pelos assentados e após este período considerar-se-á que os mesmos estarão aptos a conduzir suas pastagens de forma sustentável e economicamente viável, sem a interferência de terceiros.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, com responsabilidades desde o seu início até a sua conclusão. A efetivação de todas as ações programadas que necessitem de mão-de-obra correrá por conta exclusiva dos assentados. Inicialmente, a comunidade definirá as melhores espécies forrageiras que devem ser plantadas no local, seguindo orientações técnicas dos órgãos envolvidos na escolha das espécies, preparo da terra, plantio e condução do projeto. A escolha de boas forrageiras adaptadas à região é fundamental para o êxito da implantação das pastagens. Os critérios relacionados às características agronômicas (potencial produtivo, persistência e adaptação a fatores bióticos, climáticos e edáficos, hábitos de crescimento, etc), somados à qualidade, infra-estrutura do Assentamento e às condições da comunidade, poderão orientar os técnicos e os assentados na escolha de novas forrageiras. A calagem deverá ser feita até 03 meses antes do plantio, sendo incorporado ao solo. O preparo da terra será executado de forma manual e mecânica, com limpeza com foices, desmatamento com moto-serra, transporte de insumos, de adubo e calcário, aração e, ou, gradagem. Os aceiros deverão ser construídos com o intuito de proteger as pastagens contra incêndios. O plantio das espécies forrageiras escolhidas se dará em um só tempo, no início do período chuvoso, sendo monitorado para replantio, se necessário, e controle de pragas e doenças.
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
A capacitação técnica dos assentados para a implantação e, ou, recuperação e, ou, manutenção das pastagens será iniciada com a realização de um curso ou “dia de campo”, quando serão demonstrados os métodos de plantio, adubação de manutenção, adubação e calagem no plantio, controle de formigas, entre outros. Este dia de campo será ministrado por técnicos dos órgãos envolvidos (INCRA, UFV, EMATER, entre outros). As instituições envolvidas serão aquelas com as quais a comunidade dos assentados puder realizar convênios, acrescidas dos órgãos de fomento do poder público e privado.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será monitorado pelos próprios assentados, com verificação do estado das pastagens, pegamento do plantio, replantio e tratos culturais. A avaliação dos resultados será feita também pelos próprios assentados, na forma de inspeções visuais e comparações com fotografias tiradas antes e depois do início do projeto. Desta forma, poderão ser avaliados qualitativamente o desenvolvimento das pastagens e o fechamento da área ou o recobrimento do solo, e sugeridas mudanças no andamento do projeto que evitem as perdas ou ampliem os ganhos do mesmo. Serão realizadas reuniões com os atores sociais envolvidos (comunidade, entidades e demais instituições) para verificação do desenvolvimento e necessidade de adaptações. Um dos propósitos dessas reuniões será o de conscientização da comunidade sobre a situação do projeto.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será executado durante dois anos consecutivos, considerando o plantio entre setembro e novembro, da seguinte maneira: Antes do plantio (maio): Visita técnica ao Assentamento XV de Novembro para realização do “dia de campo” e discussão com a comunidade das espécies forrageiras que serão plantadas, definição da e-quipe, equipamentos e suprimentos necessários e agendamento de tarefas. Nesta etapa serão coletadas
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amostras de solos para análise. Julho: Início de limpeza da área, desmatamento, destoca, bateção e calagem, conforme orientação técnica. Setembro: Início do plantio das forrageiras conforme orientação técnica. Dezembro em diante: Avaliação/monitoramento do plantio, replantio e dos resultados alcançados.
2.8. BIBLIOGRAFIA E INSTITUIÇÕES CONSULTADAS
Allem, A.C., Valls, J.F.M. 1987. Recursos forrageiros nativos do Pantanal-Matogrossense. Brasília: EMBRAPA-DDT, 339 p. (EMBRAPA-CENARGEN, Documentos, 8). Associação dos Criadores de Nelore do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 28 de junho de 2004. URL: http://www.nelorio.com.br Carvalho, M.M. Melhoramento da produtividade das pastagens através da adubação. Informe Agropecuário, v. 11, n. 132, p. 23-32. 1985. Carvalho, S. R. et al. Recuperação de Áreas Degradadas através da Introdução de Gramíneas Forrageiras e de Leguminosas Arbóreas no Estado do Rio de Janeiro. Boletim de Pesquisa 18, 2000. Comastri Filho, J.A. Pastagens cultivadas. In: EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal (Corumbá, MS). Tecnologias e informações para a pecuária de corte no Pantanal. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1997. p.21-47. CorsI, M. Pastagens de alta produtividade. In: A.M. Peixoto, J.C. de Moura, J.V. de Faria (eds.). Anais Simpósio sobre Manejo da Pastagem, 8, Piracicaba, 1986, Piracicaba: FEALQ, p.499-512, 1986. Embrapa. Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte. Consultado em 28 de junho de 2004. URL: http://cpgc.embrapa.br Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. EPAGRI. Consultado em 30 de junho de 2004. URL: http://www.epagri.rct-sc.br Euclides, V.P.B. 2000. Alternativas para intensificação da produção de carne bovina em pastagem. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 65p.
3. CUSTOS
3.1. EQUIPAMENTOS / FERRAMENTAS INDIVIDUAIS / TRATOR
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO2 VALOR TOTAL POR HA
a) Trabalho de trator 3 horas/ha 50,00 150,00
b) Foice 3 20,00 60,00
c) Facão com bainha 14˝ 5 17,00 85,00
d) Garrafa térmica 5 L 2 26,00 32,00
TOTAL GERAL R$ 327,00
TOTAL POR HECTARE R$ 150,00
3.2. SEMENTES / ADUBO / CALCÁRIO / MÃO-DE-OBRA
DESCRIÇÃO QTDE (ha)3 QTDE Total VALOR / ORIGEM
g) Mão-de-obra4 A mão-de-obra será dos assentados.
h) Sementes 5 kg/ha R$ 30,00/ha
i) Calcário 4 t R$ 60,00 a tonelada – R$ 240,00/ha
j) Adubo 300 kg R$ 50,00 saco de 50 kg – R$ 300,00/ha
TOTAL POR HECTARE R$ 570,00
2 Estes valores foram cotados entre os dias 15 e 25 de junho de 2004 no mercado de Viçosa (MG). 3 Valores estimados. 4 O custo do desmatamento não está sendo computado, pois além de ser muito variável, a produção de carvão com a madeira retirada poderá cobrir um percentual relativamente alto do custo desta etapa.
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3.3. DESPESAS DE VIAGENS / DIÁRIAS
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
k) Viagens para o Assentamento 02 1.000,00 2.000,00
l) Realização do “dia de campo” 01 1.000,00 1.000,00
TOTAL R$ 3.000,00
3.4. RESUMO DO CUSTO
DESCRIÇÃO VALOR
EQUIPAMENTOS / FERRAMENTAS INDIVIDUAIS / TRATOR 327,00
TRATOR POR HECTARE 150,00
SEMENTES / ADUBO / CALCÁRIO / MÃO-DE-OBRA POR HECTARE 570,00
DESPESAS DE VIAGENS / DIÁRIAS 3.000,00
TOTAL para implantação e recuperação de pastagem por hectare (soma do valor dos itens a, h, i e j). R$ 720,00
TOTAL para manutenção por hectare (soma do valor dos itens i e j, e metade do valor do item a). R$ 615,00
3.5. CRONOGRAMA FINANCEIRO
DISCRIMINAÇÃO / GASTOS NO PERÍODO VALOR TOTAL NECESSÁRIO NO PERÍODO
Equipamentos e ferramentasAté julho do ano I 327,00
Sementes, adubo e calcárioAté setembro de 2004 570,00/ha
Despesas de “dia de campo”Até agosto do ano I 1.000,00
Despesas de viagemJunho a dezembro do ano I 2.000,00
Problema: Utilização das áreas da reserva legal como pastagem e para retirada de lenha.
Causa do problema: Falta de conscientização dos assentados em relação à importância da
preservação da reserva legal e inexistência de cercas para impedir a entrada do gado nestas
áreas.
Ações previstas: Construção de cercas e campanhas de educação ambiental.
1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
CONSTRUÇÃO DE CERCAS.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Cercas, construção.
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1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu. A área relativa a este projeto é de aproximadamente 6 km lineares.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta pretende apresentar um roteiro básico de ações visando a construção de cercas que impeçam a entrada de animais nas áreas de preservação permanente e de reserva legal e que inibam a retirada de madeira destes locais. O projeto será desenvolvido no próprio Assentamento XV de Novembro e terá como participantes diretos as famílias assentadas. Buscar-se-á uma conscientização ambiental em torno das áreas de reserva e de preservação permanente através do trabalho conjunto dos associados na construção e manutenção das cercas.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
1 ano. 2005 – 2006.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Waldir de Carvalho Junior
Data de Nascimento 09/06/1960
Sexo: M
C.P.F.: 583.287.696-20
Identidade (RG): 5809 / D
Nacionalidade: Brasileira
Endereço residencial para correspondência: Rua: Antonio Torres, 192, ap 31
Bairro: Ramos
Cidade: Viçosa
UF: MG
CEP: 36.570-000
Fone celular:
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): UFV/DPS – Embrapa Solos
Cargo que exerce: Pesquisador
DDD/Fone residencial 31 3891-9235
DDD/Fone comercial: (31) 3899-2838
Email [email protected]
Regime de trabalho: Parcial x Integral
Formação: Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras; Mestrado em Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro; Doutorando em Solos e Nutrição de Plantas na Universidade Federal de Viçosa.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
A entrada de animais nas áreas de reserva e de preservação permanente vem causando a degradação das mesmas pelo pastoreio. Além disso, existe a retirada irregular de madeira pelos assentados para diferentes finalidades. A proteção das áreas de reserva legal e de preservação permanente é primordial para a conscientização ambiental dos assentados, que devem participar da sua preservação em lugar de degradá-la com o pastoreio dos animais.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo principal: proteção dos recursos naturais, das reservas legais e das áreas de preservação permanente visando a promoção econômica e social e garantindo boa qualidade de vida para o presente e o futuro. Objetivo geral: apresentar um roteiro para construção cercas em áreas do Assentamento XV de Novembro. Meta principal: preservar as áreas que foram definidas como reserva legal. Outras metas podem ser descritas como: conscientização ecológica da comunidade e valorização do
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próprio espaço do Assentamento. Solicitar a participação do IEF no sentido de ministrar palestras para a comunidade acerca da importância das reservas legais e das áreas de preservação permanente e para intensificar a fiscalização, coibindo eventuais abusos cometidos por membros da comunidade e por pessoas estranhas ao Assentamento.
2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
O projeto tem previsão de realização em 1 ano, após o qual as cercas deverão ser vistoriadas sistematicamente. Com a expectativa de 6 km lineares de cerca a serem construídas, as ações devem seguir os seguintes itens:
o Consulta ou realização de convênios com órgãos governamentais e privados de fomento (IBAMA, IEF, entre outros), que possam fornecer materiais necessários e orientar a instalação;
o Preparo da área com limpeza, abertura de covas, distribuição de material; o Monitoramento da construção da cerca.
A época de construção é variável, dependendo das condições de inundação ou não da área, condicionada às condições climáticas locais.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
A comunidade local tem papel fundamental neste projeto, com responsabilidades desde o início do projeto até a sua conclusão. A efetivação de todas as ações programadas que necessitem de mão-de-obra correrá por conta exclusiva dos assentados. Inicialmente, a comunidade definirá as áreas que mais precisam de cercamento e iniciarão os trabalhos por elas. O preparo da área será executado de forma manual, com limpeza com foices, abertura de covas para os moirões e transporte dos materiais e insumos.
2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RESPONSÁVEIS
Os assentados serão capacitados para a construção das cercas através da realização de um curso ou “dia de campo”, quando serão demonstradas as técnicas de construção de cercas e de preparação dos moirões, espaçamento, número de fios, etc. Este dia de campo será ministrado por técnicos dos órgãos envolvidos (INCRA, UFV, EMATER, entre outros). As instituições envolvidas serão aquelas com as quais a comunidade dos assentados puder realizar convênios, acrescidas dos órgãos de fomento do poder público e privado.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto será acompanhado pelos próprios assentados através da verificação do andamento da construção da cerca. Os resultados serão avaliados pela associação dos assentados em reuniões e na forma de inspeções visuais e comparações do andamento do projeto. Desta forma, poderá ser avaliada quantitativamente a metragem linear da construção da cerca e, qualitativamente a proteção oferecida às áreas de reserva e sugeridas mudanças na condução do empreendimento. Serão realizadas reuniões com os atores sociais envolvidos (comunidade, entidades e demais instituições) para verificação do desenvolvimento e necessidade de adaptações. Um dos propósitos dessas reuniões será o de conscientização da comunidade sobre a situação do projeto.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será executado em 01 ano da seguinte maneira: Antes da construção (junho/julho): Visita técnica ao Assentamento XV de Novembro para realização do “dia de campo” e discussão com a comunidade sobre a necessidade de cercar as reservas legais, protegendo-as do gado e do desmatamento. Agosto: Início de limpeza da área, conforme orientação técnica. Outubro/novembro: Início da construção da cerca conforme orientação técnica.
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2.8. BIBLIOGRAFIA E INSTITUIÇÕES CONSULTADAS
Não houve.
3. CUSTOS
3.1. EQUIPAMENTOS / FERRAMENTAS INDIVIDUAIS
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO5 VALOR TOTAL
para 1 km linear
a) Foice 3 20,00 60,00
b) Cavadeira 5 20,00 100,00
c) Garrafa térmica 5 L 2 26,00 32,00
d) Cercamento (1 km) moirão 400 21,00/dúzia 700,00
e) Cercamento (1 km) Arame 3.000 m 0,50 1.500,00
f) Grampos 3 kg 5,00 15,00
g) Martelo 4 5,00 20,00
h) Luvas de couro 8 5,00 40,00
TOTAL R$ 2.467,00
3.2. DESPESAS DE VIAGENS / DIÁRIAS
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
l) Realização do “dia de campo” 01 1.000,00 1.000,00
TOTAL R$ 1.000,00
3.3. RESUMO DO CUSTO6
DESCRIÇÃO VALOR
EQUIPAMENTOS / FERRAMENTAS INDIVIDUAIS 2.467,00
DESPESAS DE VIAGENS / DIÁRIAS 1.000,00
TOTAL PARA 1 KM DE CERCA R$ 2.467,00
TOTAL GERAL DO PROJETO PARA 26,047 KM DE CERCA R$64.257,95
Quaisquer que sejam os problemas e as alternativas para mitigá-los é imprescindível o
acompanhamento técnico de profissionais capacitados. A assistência técnica é determinante
no sucesso do manejo, uma vez que nem todos os assentados têm vivência para desenvolver
um empreendimento agrícola sustentável.
5.3.3. Fauna
5.3.3.1. Animais silvestres
Problema: Caça e exploração predatória acentuada.
5 Estes valores foram cotados entre os dias 15 e 25 de junho de 2004 no mercado de Viçosa (MG). 6 O custo total pode variar em função do tipo de arame e do tipo de moirão a ser utilizado.
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Objetivo: Redução da caça e da exploração predatória, sobretudo das populações de mamífe-
ros e aves.
Causas do problema: Grande quantidade de caçadores na área e falta de fiscalização ade-
quada.
Medidas previstas: Fiscalização rigorosa em toda a área do Assentamento e entorno,
principalmente nas reservas legais, veredas e matas ciliares. Atividade como desmatamentos,
utilização imprópria dos recursos hídricos e de agrotóxicos e fertilizantes também devem
receber uma maior fiscalização. Programas de educação ambiental que estimulem a
diminuição da caça, o aproveitamento sustentável de recursos ambientais e a recuperação de
áreas degradadas devem incluir tanto crianças e jovens quanto adultos, propondo atividades
relacionadas à importância da conservação ambiental e a transmissão de conhecimentos,
permitindo que estes adquiram uma postura ecologicamente correta perante o meio ambiente
no qual se inserem. É importante que estes programas, além de despertar o sentimento
ecológico, proponham e ensinem alternativas para um desenvolvimento sustentado e não
impactante e que a educação ambiental comece já nas escolas infantis, sendo transmitida de
geração para geração num processo contínuo e amplo.
5.3.3.2. Animais domésticos
Problema: Criação de animais domésticos, principalmente gado, cavalos e porcos, de forma
não controlada. Muitos destes animais são criados soltos e apesar de existirem cercas em
grande parte da extensão das reservas, estas estão em precárias condições, permitindo a
entrada destas criações. A criação doméstica causa um grande impacto nas áreas de reserva
legal e de preservação permanente devido ao pisoteio do sub-bosque, o que põe em risco
ninhos, abrigos e filhotes localizados no chão, além de alterar a vegetação natural.
Objetivo: Manutenção das características originais da fauna e flora, principalmente nas áreas
de reserva legal, matas ciliares e veredas.
Causas do problema: Gado e cavalos sendo criados em áreas destinadas à proteção
ambiental e sem controle específico.
Medidas previstas: Restrição dos animais de grande porte a pastagens pré-definidas,
mantendo-os sob regime controlado e impedindo sua entrada em áreas de proteção ambiental.
85
5.3.3.3. Desmatamentos
Problema: Pressões e impactos decorrentes de desmatamentos em área de proteção ambien-
tal.
Objetivo: Proteção intensiva das reservas e matas ciliares e também das espécies que nelas
vivem.
Causas do problema: Desmatamentos intencionais provocados por alguns assentados do PA
(de acordo com relatos dos próprios moradores), principalmente para retirada de lenha.
Medidas previstas: Proteção das áreas de reservas através de fiscalização intensiva e
conscientização da população sobre os riscos dos desmatamentos para a biodiversidade
através de programas de educação ambiental. As reservas e matas ciliares devem ser
integralmente protegidas porque abrigam grande diversidade de espécies e servem de local de
busca alternativa por alimento para muitos outros animais da fauna nativa. É de grande
importância que as áreas de vegetação que se apresentem em avançado estado de
regeneração sejam protegidas a fim de permitir a movimentação da fauna por uma extensão
maior, favorecendo o fluxo genético entre as populações de espécies silvestres, garantido
assim sua conservação. Protegendo estes locais, a população assentada estará também
garantindo recursos hídricos de boa qualidade.
5.3.3.4. Queimadas
Problema: Pressões e impactos decorrentes de queimadas.
Objetivo: Proteção intensiva das reservas e matas ciliares e também das espécies que nelas
vivem.
Causas do problema: Uso de queimadas pelos assentados como método de renovação das
pastagens.
Medidas previstas: A medida mais importante para eliminação deste problema seria a consci-
entização da população sobre os riscos do fogo para a biodiversidade e seus efeitos sobre o
solo, através de programas de educação ambiental. As áreas de reserva legal e de preserva-
ção permanente (que devem estar claramente delimitadas de acordo com a lei) devem receber
proteção e fiscalização intensivas, pois além de abrigarem grande diversidade de espécies, são
locais de busca alternativa por alimento por uma série de animais silvestres. Possuem também
reconhecida importância para a proteção das nascentes e manutenção da qualidade da água
que serve de uso para os moradores do Assentamento. O segundo passo seria solicitar que o
86
prestador de ATES no PA discuta com a comunidade a necessidade de adoção de formas mais
racionais de uso do fogo e dos cuidados que tal forma de manejo exige.
Ver projeto de educação ambiental voltado para as questões envolvendo a fauna em anexo.
87
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CÂMARA, T. & MURTA, R. 2003. Mamíferos da Serra do Cipó. Belo Horizonte, PUC-MINAS
Museu de Ciências Naturais. 129p.
CI – Conservation International. 1999. Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal. Belo Horizonte, Ventura Comunicação e Cultura. 26p.
CI - Conservation International: www.conservation.org
COSTA, C.M.R.; HERRMANN, G.; MARTINS, C.S.; LINS, L.V. & LAMAS, I.R. 1998.
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Fundação Biodiversitas. 94p.
EMMONS, L. 1990. Neotropical rainforest mammals: a field guide. Chicago, University of
Chicago Press.281p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de
Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.
FERREIRA, P.A., EUCLIDES, H. P. Recursos Hídricos e Tecnologia necessária aos projetos Hidroagrícolas. Brasília, DF: MMA.SRH; Viçosa: UFV; Belo horizonte:
RURALMINAS, Boletim técnico, no. 4. 200p. 1998.
FRISCH, H. D. 1981. Aves Brasileiras. Verona. Mondadori. Editora Dalgas Ecoltec, São
Paulo.
FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS - CETEC. 2º Plano de desenvolvimento integrado do Noroeste Mineiro: Recursos Naturais. Belo Horizonte, 1981.
2v. 357p. (Série de Publicações Técnicas, 2).
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria Técnica. Geografia do Brasil. Região Sudeste. Rio de Janeiro, SERGRAF – IBGE 1977.
GARCEZ, L. N. Elementos de Engenharia Hidráulica e Sanitária. Editora Edgard Blucher:
São Paulo. 2a edição. 255p. 1976.
88
INMET. Disponível em http://www.inmet.gov.br/climato/mapaclima.html (capturado em 27 de
julho de 2002).
IUCN - The World Conservation Union. www.iucn.org
LEITE, J. C. M; V. BÉRNILS & S. A. A. MORATO. 1993. Método para a caracterização da
herpetofauna em estudos ambientais. Maia, 3985. 2 ª edição. 1-5.
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NETTO, J. M. A., BOTELHO, M. H. C. Manual de Saneamento de Cidades e Edificações.
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OLIVEIRA, T.G. de & CASSARO, K. 1999. Guia de identificação dos felinos brasileiros. 2a
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RADAMBRASIL, P. Folha Brasília: Levantamento de recursos naturais: Geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro, RJ,
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REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J.G. 1999. Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. São Paulo-SP. Ed. Escrituras. 717 p.
RODRIGUEZ, R.G. 2004. Metodologia para a estimativa das demandas e disponibilidades hídricas: Estudo de caso da Bacia do Paracatu. Viçosa-MG, 94 p (Tese de Mestrado).
ROSÁRIO, L.A. 1996. As aves em Santa Catarina: distribuição geográfica e meio ambiente. Florianópolis. FATMA (Fundação do Meio Ambiente).
SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. ed. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa-CPAC,
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SICK, H. 1997. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira. 912p.
89
SUTHERLAND, W.J. 2000. THE CONSERVATION HANDBOOK: research, management and policy. Blackwell Science Ltd, Oxford. 278p.
TCPO 10. Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos. Copyright Editora Pini
Ltda. São Paulo. 848p.2001
WWW.BIODIVERSITAS.ORG.BR
90
ANEXOS
Anexo I
Croqui de Utilização de Parcela Média do PA XV de Novembro
Anexo II
Sugestão de sistema para compostagem do lixo doméstico
2
COMPOSTAGEM: A ARTE DE TRANSFORMAR O LIXO EM ADUBO ORGÂNICO7
1) COMPOSTAGEM E COMPOSTO: DEFINIÇÃO E BENEFÍCIOS
A compostagem é o processo de transformação de materiais grosseiros (como palhada e es-
trume) em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura. Este processo envolve transformações
extremamente complexas, de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganis-
mos do solo, que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais e
carbono.
Por essa razão uma pilha de composto não é apenas um
monte de lixo orgânico empilhado ou acondicionado em um
compartimento. É um modo de fornecer as condições ade-
quadas aos microorganismos para que estes degradem a
matéria orgânica e disponibilizem nutrientes para as plan-
tas.
Mas, o que é exatamente o composto?
Dito de maneira científica, o composto é o resultado da degradação biológica da matéria orgâ-
nica, em presença do oxigênio do ar, sob condições controladas pelo homem. Os produtos do
processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica "compostada".
O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio
e enxofre, que são assimilados em maior quantidade pelas raízes, além do ferro, zinco, cobre,
manganês, boro e outros, que são absorvidos em quantidades menores e, por isto, denomina-
dos micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é feito,
maior será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os nutrientes do composto, ao contrá-
rio do que ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente, realizando a tão deseja-
da "adubação de disponibilidade controlada". Em outras,
palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas
retirem os nutrientes de que precisam, de acordo com as
suas necessidades, ao longo de um tempo maior do que
teriam para aproveitar um adubo sintético e altamente solú-
vel, que é arrastado pelas águas das chuvas.
Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a "saúde" do solo. A matéria
orgânica compostada se liga às partículas (areia, limo e argila), formando pequenos grânulos
7 http://www.planetaorganico.com.br/composto.htm.
Composto orgânico pronto para ser utilizado na lavoura.
Cobertura de palha.
3
que ajudam na retenção e drenagem da água e melhoram a aeração. Além disso, a presença
de matéria orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos dese-
jáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas.
Na agricultura agroecológica a compostagem tem como objetivo transformar a matéria vegetal
muito fibrosa, como a palhada de cereais, o capim já "passado", o sabugo de milho, as cascas
de café e arroz, em dois tipos de composto: um para ser incorporado nos primeiros centímetros
de solo e outro para ser lançado sobre o solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama
"mulche" e influencia positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Dentre os benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no solo, destacam-se:
o Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de
absorver água e nutrientes do solo;
o Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
o Mantém estável a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH);
o Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas);
o Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às
culturas agrícolas.
Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos responsáveis pela
degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução, ou seja, a pilha de
composto deve possuir resíduos orgânicos, umidade e oxigênio em condições adequadas.
2) APRENDENDO A FAZER A COMPOSTAGEM
Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço
para ser produzido. Outras acreditam que é sujo e atrai animais indesejáveis. Se for bem feito,
nada disto será verdadeiro. Um composto pode ser produzido com pouco esforço e custos míni-
mos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou
varanda é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos, inclusive
nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente
composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como
adubo para plantas ornamentais. Desta forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: a pro-
dução do composto propriamente dito e a redução de gastos de transporte e destinação do lixo
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orgânico produzido pela comunidade local, o que é um benefício indireto. Outro engano muito
comum é descartar partes dos alimentos que poderiam ir para o prato, como folhas de muitas
hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes, que são ricas fontes
de fibra, vitaminas e minerais, fundamentais para o bom funcionamento do organismo, o que
comprova que a melhoria da saúde, tanto de famílias ricas ou pobres, pode ser conseguida com
medidas simples como o reaproveitamento integral de alimentos e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição.
Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de
culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção
do composto.
Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na compostagem, que são:
o madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas;
o vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente
degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem
industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato.
A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado mais rápido e
controlado. A seguir, serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração das pilhas de
composto numa propriedade rural.
Materiais para fazer o composto
o Esterco de animais;
o Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas;
o Palhas;
o Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida,
cascas de ovo, entre outros;
o Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pêlos, lãs, couros, algas.
Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados,
melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem.
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Modo de preparo das pilhas de composto
Deve-se considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para umedecer as pilhas
e o solo, que deve possuir boa drenagem. Também é desejável montar as pilhas em locais
sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar o ressecamento.
Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de
aproximadamente 15 a 20 centímetros, como folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para
que esta absorva o excesso de água e permita a circulação de ar.
Terminada a primeira camada, regá-la com água, evitando o encharcamento e, a cada camada
montada, umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha.
Na segunda camada, colocar restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi,
pode-se colocar 5 centímetros e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, um pouco
menos.
Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra
camada de esterco e assim sucessivamente, até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5
metros. A pilha deve ter a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade,
tomando-se o cuidado para evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas.
Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma seqüência de microorganismos que
decompõem a matéria orgânica até surgir o produto final, o húmus maduro. Todo este
processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros,
lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes
na matéria orgânica disponíveis para as plantas.
Além disso, o processo da compostagem traz em si outros resultados que favorecerão o
posterior desenvolvimento das culturas agrícolas no campo, tais como:
o Diminuição do teor de fibras do material, o que no caso do composto que será
incorporado ao solo evitará o fenômeno da "fixação do nitrogênio", que provoca a falta
deste nutriente para a planta;
o Destruição do poder de germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas) e de
organismos causadores de doenças (patógenos);
o Degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal existente na palha in na-
tura (não compostada).
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3) MANUTENÇÃO, CUIDADOS E VERIFICANDO A MATURIDADE DO COMPOSTO
Manutenção e cuidados com o composto
o Durante os primeiros dias, em função da decomposição da matéria orgânica e do
acamamento do material, a pilha pode ter seu volume reduzido até um terço do inicial,
tornando as camadas inferiores mais densas. Para descompactar essa camada,
recomenda-se fazer o revolvimento da pilha, usando pás e enxadas;
o Cabe lembrar que o revolvimento manual da pilha dá trabalho e deve ser feito de acordo
com a disponibilidade de mão-de-obra do local. O ideal é que sejam feitos pelo menos
três revolvimentos no primeiro mês de compostagem, aos 7, 17 e 30 dias,
aproximadamente. Nessas datas, deve-se aproveitar para verificar a umidade da pilha
e, caso seja necessário, irrigar o material para torná-lo úmido, mas não encharcado;
o É importante manter sempre a umidade adequada, entre 40% e 60%, ou seja, de modo
que, ao se apertar um punhado de composto na mão pingue, mas não escorra água. No
período sem chuvas, deve-se cuidar para que não seque, regando por cima, cada dia
um pouco. Se ocorrerem chuvas fortes e por um longo período, é bom cobrir o
composto enquanto chove com plásticos seguros por tijolos ou pedras. O reviramento
da pilha faz perder o excesso de umidade;
o No verão, se o composto estiver a pleno sol, é bom cobri-lo com folhagens para evitar o
excesso de evaporação de água;
o Uma vez que a pilha de composto foi montada, não se deve acrescentar novos
materiais. Pode-se começar a juntá-los novamente no lugar destinado a fazer as
próximas pilhas de composto.
Se o material colocado na pilha estiver dentro das proporções corretas, se as demais condições
de umidade, temperatura e aeração forem atendidas e se houver os revolvimentos periódicos da
pilha, o composto estará pronto para uso em um prazo que varia de 60 a 90 dias. Uma vez
pronto, ou seja, quando o composto estiver maduro, ele não deve ficar exposto à ação do tempo.
Enquanto não for utilizado, deve permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva.
Verificando a maturidade do composto
Quando o composto for destinado para enchimento de covas de árvores, vasos de flores ou no
preparo de canteiros para hortas, deve-se ter a certeza de que o material está realmente curti-
do, maduro, ou seja, pronto para o uso.
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O composto maduro tem um cheiro agradável de terra vegetal úmida (terra de floresta) e os
materiais usados formam uma massa escura na qual não se diferencia um material do outro.
Numa pilha, quando a temperatura no interior da mesma fica próxima ao da temperatura
ambiente (composto "frio" por dentro, num período de 60 a 90 dias após o início do processo),
pode-se considerar que o composto está maduro.
Uma forma simples de se verificar a maturação do composto é misturando uma porção dele em
um copo de água. Vai ocorrer um dos fenômenos a seguir:
o O líquido, depois de revolvido, fica escuro como se fosse uma tinta preta e tem
partículas em suspensão, mostrando que o composto está curado, pronto para uso;
o A água não foi colorida pelo material colocado e ele se depositou no fundo do copo,
indicando que o processo de compostagem ainda não terminou e deve-se esperar mais
para se utilizar o composto.
4) COMPOSTEIRA: SOLUÇÃO PARA FAZER A COMPOSTAGEM EM PEQUENOS ESPAÇOS
Embora a compostagem em pilhas apresente a vantagem de não exigir equipamento especial,
mas apenas algumas ferramentas como pás e enxadas, por exigir amplos espaços e volumes
relativamente grandes de resíduos animais e vegetais, seu uso fica restrito às propriedades
rurais, não podendo ser praticada por quem dispõe de um quintal na cidade, por exemplo.
Contudo, essas limitações de espaço e de quantidade de resíduos não impedem quem deseja
reciclar seus resíduos orgânicos de realizar a compostagem. O uso de composteiras é indicado
para quintais, varandas de apartamentos ou mesmo garagens, pois ocupam uma superfície
pequena quando comparadas à pilha de composto aberta.
A composteira mais conhecida atualmente é uma caixa de madeira sem fundo nem tampa
desenvolvida na década de 1940, na Nova Zelândia. A caixa neozelandeza tem um tamanho
padrão: 1 metro por 1 metro na base e também 1 metro de altura, permitindo a circulação de ar
pelas laterais. Quando cheia, ela pode ser desmontada e montada novamente ao lado da
posição anterior, porque suas paredes laterais são removíveis. Ao transferir a matéria orgânica
de uma posição para outra, a pessoa estará fazendo o revolvimento do material. Pode-se
também construir duas ou três caixas simultaneamente para que a matéria orgânica seja
transferida de uma caixa para outra. Em hortas domésticas ou jardins, o tempo para o
enchimento da caixa pode ser de um mês ou mais.
Uma outra opção interessante para quem possui um quintal ou espaços de até 1 ha, é a com-
posteira feita com cesto telado, que nada mais é do que um cilindro formado com tela plástica
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ou de galinheiro, dessas que se encontra em casas de material para horticultura e jardinagem.
As vantagens do cesto telado são sua leveza, resistência e o fato de não enferrujar.
"O mais importante em uma composteira, independentemente do tamanho e forma, é que ela
permita a circulação do ar e comporte cerca de 1 metro cúbico de resíduos"; afirma o professor
Marcelo Jahnel, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São
Paulo. Essas regras limitam as dimensões da composteira de cesto telado:
o Se for muito alta (mais de 1,5 m), o peso do material deixará a base compactada
demais, dificultando o revolvimento e impedindo uma aeração adequada;
o Se tiver menos de 1 metro de altura ou de largura, perderá calor e umidade;
o Se a largura ultrapassar 1,5 metros, o ar não penetrará no interior do composto.
De acordo com as disponibilidades de materiais e a criatividade de cada um, podem ser
construídos outros tipos de recipientes para compostagem, desde que se respeitem as regras
anteriormente citadas. As vantagens de se construir a própria composteira são a economia de
dinheiro e o aproveitamento de materiais disponíveis ou de fácil acesso na região. O importante
é começar, pois uma vez experimentados os benefícios da compostagem, quem a realiza não
deseja mais parar.
Fontes:
"Manual de Horticultura Ecológica", João Francisco Neto, Ed. Nobel, 1995.
"A Horta Intensiva Familiar", Lourdes Maria Grzybowwski, AS-PTA, 1999.
"Cadernos de Reciclagem 06: Compostagem – A outra metade da reciclagem", Marcelo Jahnel,
Cempre, 1998.
"Adubo no Cesto", Revista Globo Rural, janeiro de 1998.
Anexo III
Implantação do programa de educação ambiental na área do Projeto de Assentamento XV de Novembro, Paracatu, Minas Gerais
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1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
1.1. TÍTULO DO PROJETO
IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ÁREA DO PROJETO DE ASSENTAMENTO XV DE NOVEMBRO, PARACATU/MG.
1.2. PALAVRA (S) CHAVE
Educação Ambiental, impactos ambientais, conservação ambiental, XV de Novembro, Paracatu , Minas Gerais.
1.3. LOCAL / ÁREA / MUNICÍPIO
O Assentamento XV de Novembro está localizado na bacia hidrográfica do rio Paracatu, região noroeste do estado de Minas Gerais, no município de Paracatu. A área relativa a este projeto abrange o Assentamento como um todo e seu entorno.
1.4. SÍNTESE DA PROPOSTA
A presente proposta pretende desenvolver um projeto de implantação de um programa de educação ambiental voltado tanto para comunidade dos assentados, como também para as adjacentes ao PA XV de Novembro, apresentando um roteiro básico de ações que serão divididas e efetuadas de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade da população. O projeto será desenvolvido na escola freqüentada pela comunidade assentada e no próprio Assentamento e terá como participantes diretos as famílias assentadas e indiretos, os órgãos públicos envolvidos, visando implementar programas de educação ambiental que estimulem a diminuição das ações impactantes ao meio ambiente, o aproveitamento sustentável de recursos ambientais, a recuperação de áreas degradadas e a sensibilização pelo ambiente. Tais programas devem incluir tanto crianças e jovens quanto adultos, propondo atividades relacionadas à importância da conservação ambiental e deverão ser desenvolvidos nas escolas e na sede do PA, procurando sempre atingir o maior número de pessoas possível. É grande relevância para este projeto a realização de convênios com órgãos e empresas estaduais ou federais de fomento a este tipo de atividade.
1.5. PRAZO DE DURAÇÃO DATA PREVISTA PARA INÍCIO
Ações permanentes. 2005.
1.6. RESPONSÁVEL PELO PROJETO
Nome completo: Emílio Campos Acevedo Nieto
Data de Nascimento 21/03/1979
Sexo: M
C.P.F.: 045.799.106-21
Identidade (RG): MG 10.172.485
Nacionalidade: Brasileiro
Endereço residencial para correspondência: Rua: Benjamim Araújo 182 ap 301
Bairro: Centro
Cidade: Viçosa UF: MG CEP: 36570-000
Cel: 9935-0379
Local onde trabalha (seguida de sigla, se existente): Universidade Federal de Viçosa/UFV
Cargo que exerce: Médico veterinário
DDD/Fone residencial (31) 3892-5365
DDD/Fone comercial: (31) 3899-3169
E-mail: [email protected]
Formação: Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa.
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO
2.1. JUSTIFICATIVA
De acordo com a constituição Federal do Brasil, no seu artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gera-
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ções, cabendo ao poder público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a consci-entização pública para a preservação do meio ambiente”. A lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394) reafirma os propósitos constitucionais: “A educação ambiental será considerada na concepção dos conteúdos curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica, implicando desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade”. Alterações dos ambientes naturais geram um alto nível de fragmentação e isolamento entre áreas conservadas de vegetação, constituindo um dos principais fatores responsáveis pelo declínio acentuado da fauna e da flora de uma região. A caça, a exploração predatória, o uso indiscriminado de biocidas, as queimadas, o desmatamento, o tráfico de animais silvestres, a poluição dos leitos de água, são fatores que contribuem imensamente para o declínio da biodiversidade e desequilíbrio ecológico de uma região. Ações visando a sensibilização das pessoas para a importância da conservação e preservação ambiental através de programas educacionais que despertem sentimentos de admiração, respeito e amor pelo meio ambiente no qual estão inseridas, devem ser realizadas com a população por meio de relacionamentos pessoais e contatos direto com a natureza. Estes programas devem incluir tanto crianças e jovens quanto adultos, propondo atividades relacionadas à importância da conservação ambienta e a transmissão de conhecimentos aos assentados, permitindo que estes adquiram uma postura ecologicamente correta perante o meio ambiente. É importante que estes programas, além de despertar o sentimento ecológico, proponham e ensinem alternativas para um desenvolvimento sustentado e não impactante e que a educação ambiental comece já nas escolas infantis, sendo transmitida de geração para geração num processo contínuo e amplo. Este projeto propõe uma série de atividades que podem ser implantadas e desenvolvidas nas escolas mais próximas ao Assentamento e com a comunidade dos trabalhadores da mesma área.
2.2. OBJETIVOS E METAS
Objetivo Geral o Desenvolver programas e ações de educação ambiental dentro de uma concepção ecológica que
integre e harmonize o homem, a sociedade e o meio ambiente, através da implementação de uma política de meio ambiente.
Objetivos Específicos o Sensibilizar a comunidade em relação às agressões que o meio ambiente do qual ela faz parte
vem sofrendo; o Propiciar reflexão e crítica quanto às mudanças de posturas da comunidade em relação ao meio
ambiente; o Desenvolver medidas preventivas de preservação como mecanismo de transformação da
situação atual, buscando soluções para os prejuízos observados; o Estimular a própria comunidade a reforçar a fiscalização na área do Assentamento, visando o
combate do desmatamento ilegal, da caça e da captura de espécies silvestres, da utilização imprópria dos recursos hídricos, de agrotóxicos, fertilizantes e tudo que vier causar um desequilíbrio ecológico;
o Levantar expectativas do público adulto do Assentamento a partir de seminários e programas sobre educação ambiental;
o Estimular o respeito mútuo, o companheirismo, a solidariedade e a afetividade nas relações com o meio ambiente;
o Estimular o aproveitamento sustentável de recursos ambientais e a recuperação de áreas degradadas;
o Incentivar a percepção da natureza através do levantamento dos diversos tipos de ecossistemas, quanto aos seus aspectos técnicos e fisiológicos, estimulando a sensibilização intrapessoal;
o Avaliar as principais ameaças aos ecossistemas causadas pela interferência humana desordenada, através de pesquisas no meio físico e de exemplos;
o Pesquisar os problemas sociais desencadeados pelos fatores de desequilíbrio ambiental, estimulando a análise crítica das questões ambientais e sociais, mudando o comportamento da sociedade e fazendo com que todos tenham uma postura ecologicamente correta sobre o meio ambiente.
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2.3. AÇÕES PREVISTAS, PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E DURAÇÃO
As ações devem seguir os seguintes itens: o Consultar ou realizar convênios com órgãos governamentais e privados de fomento que
disponibilizem profissionais para promover palestras, capacitação dos professores e possíveis voluntários;
o Incorporar ao regime escolar onde a maioria da população do Assentamento estuda atividades educativas relacionadas ao meio ambiente. Estas podem ser ministradas por dois professores, um para atender os alunos de 1ª a 4ª série e outro para os alunos de 5ª a 8ª séries, sendo atribuídas diferentes atividades, de maneira que todos os estudantes ao concluírem a 8ª série tenham passado pelas diversas etapas ministradas na escola;
o Realizar atividades práticas no campo como jogos recreativos, trilhas interpretativas dentro do próprio Assentamento, viagens a parques ou locais onde as matas estão bem conservadas (bem como locais poluídos e degradados); concurso mensal de desenho com diversos temas relacionados ao meio ambiente e sua preservação; saídas a campo para identificar a fauna e flora presentes no local e relacionar as espécies com o tipo de ambiente; confecção de faixas educativas, etc;
o Recuperação das áreas de reserva legal e de preservação permanente (matas ciliares), quando necessário, através do plantio de mudas de árvores de espécies nativas.
Sendo este projeto de caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo, não se justifica sua interrupção. Despertada a consciência, ganha-se um aliado para a melhoria das condições de vida do planeta.
2.4. ESTRATÉGIA PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
Visita técnica ao Projeto de Assentamento XV de Novembro para realizar reunião com os assentados e com os professores para definir e capacitar os responsáveis pela execução do projeto, delegar funções e determinar os locais adequados para as saídas a campo, escolher os tipos de atividades a serem realizados de acordo com a turma e série e fazer o agendamento das mesmas. A comunidade dos assentados tem papel fundamental neste projeto, sendo responsável por sua manutenção. A maior preocupação deverá ser desenvolver valores, atitudes e postura ética dos alunos e seus familiares e mostrar à comunidade as diferenças entre ambientes equilibrados, saudáveis e locais poluídos ou degradados. É importante que estes percebam que constatar um mal não é motivo de desânimo, mas de mobilização da escola e da comunidade para sua solução. O agendamento das atividades de campo deve ser feito de forma a aproveitar as datas comemorativas que se relacionam com algum elemento da natureza como, por exemplo, o dia da árvore, a semana da ave, dia da água, a semana do meio ambiente, o dia do índio, dia mundial da alimentação, etc. Ex.: Atividades para o dia da árvore: - Realizar a recuperação de áreas degradadas através do plantio de espécies de árvore nativas da região. Esta prática deverá ser desenvolvida uma vez por ano, no dia da árvore e as mudas adquiridas através de convênio com o IEF. - Atividades que mostrem a importância das árvores na natureza também devem ser exploradas. É importante que os assentados construam e mantenham aceiros sempre limpos em torno das áreas de reserva legal e de preservação permanente com o intuito de proteger as matas e possibilitar sua exploração, usando-os como trilhas interpretativas para serem percorridas durante atividades de campo. - Para cada atividade de campo poderá ser formulado um roteiro predeterminando alguns pontos importantes a serem observados, contendo algumas dicas e perguntas que os alunos poderão responder durante o passeio. - No caso do dia da árvore, os alunos poderão observar, anotar e refletir sobre alguns pontos como a quantidade de espécies arbóreas observadas, a presença e importância de árvores em diferentes estágios de desenvolvimento (árvores com copa mais fechada podem servir de abrigo e de ninho para muitas espécies de vertebrados; árvores com frutos ou flores, bem como árvores secas e, ou, caídas ao solo servem de abrigo para várias espécies de animais e fonte de alimento, por abrigarem uma enorme gama de insetos e larvas), etc.
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2.5. RECURSOS HUMANOS E LOGÍSTICOS NECESSÁRIOS, INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS E RES-PONSÁVEIS
A capacitação dos professores e voluntários do próprio Assentamento para permitir a implantação e manutenção das atividades propostas neste projeto poderá ser iniciada com a realização de uma reunião com técnicos dos órgãos direta ou indiretamente envolvidos (UFV, IBAMA, IEF, etc), na qual serão demonstrados os métodos adequados e mais eficientes para o resgate da consciência ecológica da comunidade. As instituições envolvidas serão aquelas com as quais a comunidade dos assentados puder realizar convênios, acrescidas dos órgãos de fomento do poder público e privado.
2.6. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
O desenvolvimento do projeto poderá ser avaliado pelos próprios assentados; espera-se que todos tomem a iniciativa fiscalizar a área do PA, principalmente as áreas de reservas legais e de preservação permanente, no intuito de promover a manutenção do equilíbrio ecológico criado dentro da comunidade a qual pertencem. A avaliação dos resultados poderá ser feita também pelos próprios assentados, na forma de inspeções visuais e comparações com fotografias tiradas antes e depois do início do projeto. Desta forma, poderão ser avaliadas qualitativamente e quantitativamente a recuperação e recomposição das áreas de reserva, da fauna e flora local, das matas ciliares, das nascentes, etc. Serão realizadas reuniões com toda a equipe envolvida no projeto (comunidade, entidades e demais instituições) no final de cada ano para avaliação dos resultados obtidos, solução para possíveis problemas observados durante o desenvolvimento do projeto, necessidade de adaptação e implantação de novas atividades e comemoração do resultado obtido.
2.7. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O projeto será executado durante o período letivo das escolas e as atividades de campo serão realizadas nas datas comemorativas citadas anteriormente (ver Estratégia para implementação das ações). Ao final de cada ano o projeto deverá ser reavaliado e novamente implantado com as devidas atualizações para o ano seguinte, sendo, portanto, um projeto cujas ações serão permanentemente executadas, de forma contínua e sistemática.
3. CUSTOS
3.1. MATERIAIS
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO VALOR
Materiais de papelaria como: cartolinas, papel A4, canetinhas, tintas guache, pincéis, lápis de cera, borrachas, cola, durex, etc.
Previsão para 50 alunos
R$ 40,00 R$ 2.000,00
Faixas de pano para os alunos pintarem 8 R$ 40,00 R$ 320,00
Banners 8 R$ 100,00 R$ 800,00
VALOR PARCIAL R$ 3.120,00
3.2. VIAGENS
DESCRIÇÃO QTDE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
Diárias R$80,00 R$240,00
Transporte R$100,00 R$300,00
VALOR PARCIAL R$540,00
3.3. CURSOS
DESCRIÇÃO Carga horária
VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
Capacitação das equipes 16 hs R$ 75,00 R$ 1.200,00
Realização do “dia de campo” 06 hs R$ 50,00 R$ 300,00
VALOR PARCIAL R$ 1.500,00
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3.4. RESUMO DO CUSTO
DESCRIÇÃO VALOR
MATERIAIS R$ 3.120,00
DESPESAS DE VIAGENS R$540,00
CURSOS R$ 1.500,00
VALOR TOTAL R$5.160,00
4. BIBLIOGRAFIA e INSTITUIÇÕES CONSULTADAS
BRUGGER, P. Educação ou Adestramento Ambiental? Editora: Letras Contemporâneas, Ilha de Santa Catarina, SC, 1994. CASCINO, F. Educação Ambiental: princípios, história e formação de professores. São Paulo: Editora SENAC, São Paulo, 1999. FONTES, L.E.F & BOMTEMPO, G.C. Metodologias Utilizadas em Educação Ambiental. Revista Ação Ambiental, Ano V, nº 4; Editora UFV, Viçosa, MG, 2002. Fonte consultada: www.redeambiente .org.br Fonte consultada: www.ibama.gov.br Fonte consultada: www.revistaea.arvore.com.br LIMA, G.S.; RIBEIRO, G.A.. Curso de Educação Ambiental: Amar para Preservar. Sociedade de Investigações Florestais, Ministério do Meio Ambiente, 2002. SUTHERLAND,W.J. The Conservation Handbook: Research, Manangement and Policy. Blackwell Science Ltd, Osney Mead, Oxford, 2000.
Anexo IV
Esquema para construção de fossas sépticas
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Construa um Sistema para o Esgoto da sua casa
1. Fossas Sépticas
As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico, nas quais são
feitas a separação e transformação da matéria sólida contida no esgoto.
As fossas sépticas, uma benfeitoria complementar e necessária às moradias, são fundamentais
no combate a doenças, verminoses e endemias (como a cólera), pois evitam os lançamentos
dos dejetos humanos diretamente em rios, lagos, nascente ou mesmo na superfície do solo. O
seu uso é essencial para a melhoria das condições de higiene das populações rurais.
3
Esse tipo de fossa nada mais é que um tanque enterrado, que recebe os esgotos (dejetos e
água servidas), retém a parte sólida e inicia o processo biológico de purificação da parte líquida
(efluente); todavia é preciso que esses efluentes sejam filtrados no solo para completar o
processo biológico de purificação e eliminar o risco de contaminação.
As fossas sépticas não devem ficar muito perto das moradias (para evitar mau cheiro), nem
muito longe (para evitar tubulações muito longas). A distância recomendada é de 4 metros.
Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar curvas nas canalizações e
também devem ficar num nível mais baixo do terreno e longe de poços ou de qualquer outra
fonte de captação de água (no mínimo 30 metros de distância), para evitar contaminações, no
caso de eventual vazamento.
O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela é dimensionada
em função de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa por dia, porém sua
capacidade nunca deve ser inferior a 1000 litros.
As fossas sépticas podem ser de dois tipos:
o Pré-moldadas;
o Feitas no local.
Fossas sépticas pré-moldadas
De formato cilíndrico, são encontradas no mercado. A menor fossa pré-moldada tem
capacidade de 1000 litros, medindo 1,1 X 1,1 metros (altura X diâmetro). Para volumes maiores
é recomendável que a altura seja maior que o dobro do diâmetro. Para sua montagem,
observar as orientações dos fabricantes.
FOSSAS SÉPTICAS FEITAS NO LOCAL
A fossa séptica feita no local tem formato retangular ou circular e para funcionar bem, devem
ter as seguintes dimensões:
Dimensões internas (metro) Sumidouro Retangulares Circulares
Número de pes-
soas Comprimento Largura Altura Diâmetro Altura
Capacidade (litros) Altura Diâmetro
Até 7 2,00 0,90 1,50 1,35 1,50 2.160 3,00 2,00 Até 10 2,30 0,90 1,50 1,45 1,50 2.480 2,90 2,00 Até 14 2,50 0,90 1,50 1,52 1,50 2.700 3,50 2,00 Até 21 2,70 1,20 1,50 1,62 1,90 3.890 4,00 2,00 Até 24 3,20 1,20 1,50 1,70 2,00 4.600 4,50 2,00
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A execução desse tipo de fossa séptica começa pela escavação do buraco onde a fossa vai
ficar enterrada no terreno.
O fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e coberto com uma camada de 5 cm de
concreto magro (1 saco de cimento, 8 lt de areia, 11 lt de brita e 2 lt de água; a lata de medida
é de 18 litros); sobre o concreto magro é feito uma laje de concreto armado de 6 cm de
espessura (1 saco de cimento, 4 lt de areia, 6 lt de brita e 1,5 lt de água), malha de ferro 4,2 a
cada 20 cm.
As paredes são feitas com tijolo maciço ou cerâmico ou com bloco de concreto. Durante a
execução da alvenaria já devem ser colocados ou tubos de entrada e saída da fossa (tubos
100 mm) e deixadas ranhuras para o encaixe das placas de separação das câmaras, no caso
da fossa retangular.
As paredes internas da fossa devem ser revestidas com argamassa à base de cimento (1 saco
de cimento, 5 lt de areia e 2 lt de cal).
Na fossa séptica circular (que apresenta maior estabilidade) utiliza-se para retentores de
espumas na entrada e na saída, tês de PVC de 90 graus de diâmetro 100 mm.
Na fossa séptica retangular a separação das câmaras (chicanas) e a tampa são feitas com
placas pré-moldadas de concreto. Para a separação das câmaras são necessárias cinco
placas: duas de entrada e três de saída. Essas placas têm quatro centímetros de espessura e
armadura em forma de tela.
5
A tampa é subdividida em placas com 5 cm de espessura para facilitar a sua execução e até a
sua remoção e sua armação também é feita em forma de tela.
LIGAÇÃO DA REDE DE ESGOTO À FOSSA
A rede de esgoto da moradia deve passar inicialmente por uma caixa de inspeção, que serve
para fazer a manutenção do sistema, facilitando o desentupimento e essa caixa deve ter 60 cm
X 60 cm e profundidade de 50 cm e ser construída a cerca de 2 metros de distância da casa. A
caixa deve ser construída em alvenaria ou pré-moldada, com tampa de concreto.
2. Distribuição dos Efluentes no Solo
Há duas maneiras de distribuir os efluentes no solo:
- Valas de infiltração;
- Sumidouros.
6
A utilização de um ou outro vai depen-
der do tipo de solo e dos recursos dis-
poníveis para a sua execução. Consulte
um profissional habilitado ou a própria
CAESB antes de definir qual a melhor
opção.
VALAS DE INFILTRAÇÃO
Recomendadas para locais onde o len-
çol freático é próximo à superfície, esse
sistema consiste na escavação de uma
ou mais valas, nas quais são colocados
tubos de dreno com brita ou bambu,
preparados para trabalhar com dreno,
retirando o miolo, o que permite, ao lon-
go do seu comprimento, escoar para
dentro do solo os efluentes provenientes da fossa séptica.
O comprimento total das valas depende do tipo de solo e quantidade de efluentes a ser tratado.
Em terrenos arenosos, 8 m de valas por pessoa são suficientes; em terrenos argilosos são
necessários 12 m de valas por pessoa; entretanto, para um bom funcionamento do sistema,
cada linha de tubos não deve ter mais de 30 m de comprimento. Portanto, dependendo do
número de pessoas e do tipo de terreno, pode ser necessária mais de uma linha de
tubos/valas.
7
SUMIDOUROS
O sumidouro é um poço sem laje de fundo, que permite a penetração do efluente da fossa
séptica no solo.
O diâmetro e a profundidade dos sumidouros dependem da quantidade de efluentes e do tipo
de solo, mas não deve ter menos de 1 m de diâmetro e mais de 3 m de profundidade, para
simplificar a construção.
Os sumidouros podem ser feitos com tijolo maciço ou blocos de concreto ou ainda com anéis
pré-moldados de concreto.
A construção de um sumidouro começa pela escavação do buraco, a cerca de 3 m da fossa
séptica, num nível um pouco mais baixo para facilitar o escoamento dos efluentes por
gravidade. A profundidade do buraco deve ser 70 cm, maior que a altura final do sumidouro, o
que permite a colocação de uma camada de pedra, em seu fundo, para infiltração mais rápida
no solo e de uma camada de terra de 20 cm sobre a tampa.
Os tijolos ou blocos só devem ser assentados com argamassa de cimento e areia nas juntas
horizontais. As juntas verticais devem ter espaçamentos (no caso de tijolo maciço de um tijolo)
e não devem receber pré-moldados; eles devem ser apenas colocados uns sobre os outros,
sem nenhum rejuntamento, para permitir o escoamento dos efluentes.
A laje ou tampa do sumidouro pode ser feita com uma ou mais placas pré-moldadas de
concreto ou executada no próprio local, tendo o cuidado de armar em forma de tela.
Anexo V
Sugestões para uso do cloro nos reservatórios de água para uso doméstico
2
USO DO CLORO NOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA PARA USO DOMÉSTICO
Por que tratar a água?
A água pode transmitir muitas doenças perigosas, principalmente para crianças, como
verminose, diarréias e outras. Quando um poço não possui uma construção certa, ele é fonte
de grande contaminação da água, sendo necessário protegê-lo e ainda desinfetar a água. O
melhor desinfetante para a água de beber é o cloro e uma maneira de aplicá-lo é através do
uso do clorador por difusão.
Materiais necessários para fazer um clorador
• 350 gramas de cloro (na forma de pó, sob o nome comercial de hipoclorito de cálcio e
cal clorada);
• 850 gramas de areia grossa lavada (é aconselhável que não seja de córregos e rios que
recebam um nível elevado de poluição);
• 1 garrafa vazia de plástico de 01 litro. Ex.: água sanitária, álcool;
• 1 prego 17 x 27 cm (para furar a garrafa de plástico);
• 1 funil;
• fio de nylon.
O preparo da mistura
É necessário usar luvas ou proteger as mãos com embalagem de plástico, porque o cloro é
irritante para a pele.
Como preparar o cloro
• Com a ponta do prego quente, fazer 2 furos de 1 cm em cada lado da garrafa;
• Com o funil, colocar a mistura na garrafa, de modo que fique abaixo dos furos;
• Prender a garrafa pelos furos laterais com o fio de nylon.
.
Como deverá ficar o clorador no poço
• O clorador, que foi amarrado com o fio de nylon, deverá ser colocado no poço de modo
que fique coberto pela água.
• O fio de nylon poderá ser amarrado na própria tampa da cisterna.
• Este clorador tem capacidade para desinfetar 2.000 litros de água.
3
• O clorador poderá ficar 20 dias no poço. Depois deverá ser retirado e substituído por
outro.
Calculando a quantidade de água do poço
Você deverá saber a altura de água dentro do poço e a sua largura (diâmetro). Veja na tabela,
a seguir:
Dimensões Altura da água 90 cm 100 cm 120 cm
1,0 a 1,5 m 600 a 900 L 800 a 1200 L 1100 a 1700 L 1,5 A 2,0 m 900 a 1300 L 1200 a 1600 L 1700 a 2300 L 2,0 a 2,5 m 1300 a 1600 L 1600 a 2000 L 2300 a 2900 L 2,5 a 3,0 m 1600 a 1900 L 2000 a 2400 L 2900 a 3500 L 3,0 a 3,5 m 1900 a 2200 L 2400 a 280 L 3500 a 410 L 3,5 a 4,0 m 2200 a 2500 L 2800 a 3200 L 4100 a 4700 L 4,0 a 4,5 m 2500 a 2800 L 3200 a 3600 L 4700 a 5300 L 4,5 a 5,0 m 2800 a 3200 L 3600 a 4000 L 5300 a 5900 L
Compilado de: http://www.emater.df.gov.br/ecntratagua.html
Anexo VI
Sugestões para reforma das estradas internas do PA XV de Novembro
2
Roteiro para recuperação das estradas do PA XV de Novembro8
1. ESTRADAS VICINAIS
Tendo em vista a importância que as estradas vicinais possuem dentro de um sistema viário,
como primeiro elo de ligação entre o produtor e a sede do município ou estrada troncal,
principalmente para escoamento da produção agrícola, é necessário que se proporcione aos
projetos de assentamento uma infra-estrutura viária mínima, com implantação/recuperação de
estradas de forma mais modesta, sem comprometimento de sua função principal, que é permitir
o fluxo contínuo de veículos durante todo o ano, com um mínimo de segurança.
1.1. Características técnicas
1.1.1. Classes de estradas
o Estrada Classe A - Coletoras: permitem a ligação entre a estrada vicinal e a sede do
núcleo dos projetos de assentamento
o Estrada Classe B - Penetração: estradas que fazem a ligação da sede do núcleo até os
inúmeros lotes objetos do assentamento.
DISCRIMINAÇÃO CLASSE A CLASSE B 1. FAIXA DE DOMÍNIO (m) 8,0 - 10,0 6,0 - 8,0
2. LARGURA DA PLATAFORMA (m) 6,0 4,0 - 3,0 3. RAMPA MÁXIMA (%) 12 14 4. ABAULAMENTO (%) 3 3
5. FAIXA DE REVESTIMENTO (m) 4,0 4,0 6. ESPESSURA DO REVESTIMENTO (m) 0,10 0,10
1.1.2. Alinhamento horizontal
No que diz respeito ao alinhamento horizontal (curvas), não deverá haver grandes restrições,
podendo ter pequenos raios, tendo em vista que as características dos veículos utilizados pelos
assentados, geralmente, são de baixa capacidade de carga.
1.1.3. Greide
O greide das estradas deverá ser o mais rolado possível, acompanhando sempre o perfil
natural do terreno, além de se procurar sempre em lançá-lo nos divisores de água.
8 Adaptado do roteiro de Projetos Básicos fornecido pelo INCRA SR06.
3
1.2. Terraplenagem e pista de rolamento
Para o caso de simples elevação de greide, desde que o material seja de boa qualidade (como
os arenosos e os argilosos), deverá ser executado o “bota dentro”, que consiste na retirada do
material das laterais da plataforma e na sua colocação sobre a pista, para posterior
compactação.
O material retirado dos cortes nas proximidades também deverá ser aproveitado na execução
dos aterros, desde que seja de boa qualidade.
1.2.1. Desmatamento, destocamento, limpeza e regularização
O objetivo desses serviços é a remoção, dentro dos limites destinados à implantação das
estradas, de árvores e materiais de baixa qualidade, não utilizáveis na construção da mesma.
1.2.2. Desmatamento, destocamento
É a derrubada e remoção de toda a vegetação existente ao longo da diretriz da estrada, dentro
da faixa de domínio definida no projeto geométrico e deverá ser realizada por tratores
equipados com implementos adequados, como “correntão”. A faixa de desmatamento não
poderá exceder de 18,00 m (essa atividade não será necessária no PA XV de Novembro).
1.2.3. Limpeza e regularização
A operação da limpeza tem como objetivo o corte da camada superficial do terreno numa pro-
fundidade variável (dependendo da região), de aproximadamente 0,10 a 0,20 m para o expurgo
4
da camada vegetal existente, onde posteriormente deverá ser colocado material selecionado
de maior capacidade de suporte.
A regularização se constitui na preparação do leito da estrada para receber a camada de
revestimento primário. Deverão ser utilizados os seguintes equipamentos: motoniveladora, rolo
liso ou pé de carneiro, compactadores manuais e caminhões basculantes.
1.2.4. Seleção de materiais para construção rodoviária
Os materiais mais utilizados na construção, recuperação e manutenção de estradas não
pavimentadas são:
o Argila: material fino de cor vermelha, cinza, amarela ou marrom, de grãos muito
pequenos, não visíveis a olho nu.
Quando úmida, forma uma massa plástica, podendo ser moldada com as mãos. Quando seca,
aparenta resistência elevada, não podendo ser esmagada pelos dedos.
As argilas pretas ou cinzas, encontradas nas várzeas dos rios, e aquelas que apresentam
cores variadas, não devem ser utilizadas nos serviços de estradas por não apresentarem
propriedades satisfatórias. É importante não confundir silte com argila, pois enquanto a argila é
um material fundamental para as estradas de terra, o silte apresenta péssimas características
técnicas. O silte se distingue da argila por dificultar a moldagem quando úmido e oferecer
pouca resistência à pressão dos dedos quando seco.
o Areia: material granular de cores claras, com partículas visíveis a olho nu.
São encontradas principalmente sobre duas formas: em várzeas e nos leitos dos rios (areias
lavadas de rios), ou em camadas na superfície do terreno (areias de barranco).
o Saibro: material granular, composto geralmente por areia e silte, provavelmente da
alteração de rochas.
o Cascalhos e pedregulhos: materiais granulares com diâmetro elevado, encontrados
principalmente em cascalheiras nos leitos dos rios, terraços aluvionares e linhas de
seixos. Quando encontrados no leito dos rios são geralmente muito resistentes e de
forma arredondada.
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1.2.5. Aterro compactado
Após limpeza e raspagem do terreno natural, deverá ser colocada uma camada de material
previamente selecionado (argiloso, arenoso, cascalhos), proveniente de jazidas, com a
finalidade de reforçar o subleito e o leito da estrada.
Ocorrendo o aproveitamento do leito de uma estrada existente, poderá ser utilizado o material
das laterais desta como empréstimo, desde que seja de boa qualidade ou de jazidas
localizadas nas proximidades.
Na execução poderão ser utilizados tratores de esteira com lâmina, motoniveladora, caminhão
basculante, rolo liso ou pé de carneiro, compactadores manuais, caminhão pipa e grade de
disco.
Nos locais em curva deve-se construir a superelevação, que é o caimento interno a partir do
acostamento no lado externo da curva, até atingir o lado interno da pista.
O material selecionado deverá ser transportado por caminhões basculantes, depositado ao
longo da pista e espalhado por uma motoniveladora.
Após o espalhamento, estando o material úmido, aguarda-se um pouco a sua secagem
podendo, inclusive, ser revirado com a utilização de uma grade de disco puxada por um trator
agrícola. Estando o material muito seco, o mesmo deverá ser molhado utilizando-se um
caminhão pipa.
Concluídas essas atividades, inicia-se a compactação, com a utilização de rolos tipo pé de
carneiro ou liso. A compactação deve ser realizada partindo-se das bordas para o eixo da
estrada. Durante a execução da compactação, atenção especial deve ser dada ao abaulamento da pista
recomendado no projeto, essencial para a drenagem. A espessura das camadas de
compactação deverá ser de máximo, 0,15 m cada.
1.2.6. Revestimento primário
Para a execução do revestimento primário devem ser obedecidas as mesmas recomendações
do item anterior, sendo que nas rampas e contra rampas acentuadas a espessura da camada
de revestimento deve ser no mínimo de 0,10 m, assim como a compactação deve ser mais
cuidadosa. A espessura da camada de revestimento primário poderá variar de 0,05 a 0,10 m
de acordo com a pluviometria da região e da topografia.
6
1.3. Drenagem obras de arte correntes
Constitui-se basicamente de drenagem superficial e transversal, como bueiros, valas de corte
ou sarjetas, valetas sangradouros, barragens nas valetas, revestimento nas valetas de drenos.
1.3.1. Bueiros
Obras enterradas na infra-estrutura da estrada e destinadas a assegurar a passagem das
águas de um lado para outro da mesma, são constituídos de corpo, boca e caixas coletoras.
Os bueiros devem ser empregados em aterros e quando são destinados a escoar as águas das
valetas, são geralmente chamados de bueiros de greide, que podem ser construídos de tubos
de concreto ou com laje de pedras, desde que haja disponibilidade na região. Na construção de
bueiros são utilizados carrinho de mão, betoneira, caminhão basculante, compactador manual,
além de outras ferramentas manuais.
1.3.1.1. Corpo do bueiro
O bueiro deve ter no mínimo 0,40 m de diâmetro, podendo ser de tubo de concreto ou de pedra de
mão argamassada, sendo que seu topo deverá estar a uma profundidade mínima de uma vez e
meia a medida de seu diâmetro. Em regiões de índice pluviométrico alto, não deve ser construído
bueiro com diâmetro inferior a 0,80m e não deve ser descartada a possibilidade da construção de
pequenas pontes de madeira. O corpo do bueiro deve ser assentado sobre berço de concreto
ciclópico (soleira) ou pranchões de madeira sobre colchão de areia ou alvenaria de pedras.
1.3.1.2. Bocas
Podem ser feitas com os mesmos materiais empregados na construção do corpo do bueiro.
1.3.2. Sarjetas
São canais abertos destinados à coleta das águas superficiais (principalmente de chuva) e à
sua condução a locais distantes, de modo que não fiquem na estrada.
Na execução das valetas deverão ser utilizados equipamentos manuais como enxadas,
enxadões, pás, picaretas e outros.
1.3.3. Drenos transversais
Nos casos de ocorrência de atoleiros e pequenas infiltrações de água, deverão ser construídos
drenos, utilizando-se pedras e seixos rolados. Podem ser perpendiculares ou inclinados (espi-
nha de peixe) ao eixo da estrada.
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São construídos utilizando-se pedras colocadas no fundo de valas, dispostas transversalmente
em relação ao eixo da estrada.
1.3.4. Drenos longitudinais
São construídos de forma idêntica aos anteriores, mas paralelos ao eixo da estrada, no
acostamento.
Anexo VII
Ata da reunião de apresentação do Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental e do Projeto Final de Assentamento