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DADAISMO Prof.: Cristiane Seibt
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Não à guerra!
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• O ano era 1916. O local: Zurique, na Suíça. Paris desta vez não serviu de berço para mais um movimento cultural, estético e filosófico de vanguarda. A atitude proposta por este movimento teve alcance internacional, ganhando outros países, como Alemanha, França e Estados Unidos, em seus sete anos de vida.
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O nome do movimento: “dada”. Mas o que significa “dada” e de
onde surgiu este nome?
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• Um grupo de jovens artistas e intelectuais de diversas nacionalidades, adeptos da paz e não dispostos a participar da Primeira Guerra Mundial, com tendências niilistas, refugiou-se na zona neutra de Zurique e fundou um movimento literário para expressar sua indignação e repúdio às atrocidades da guerra.
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• Nesse grande conflito mundial, entre mortos nas trincheiras, mutilados e inválidos, contaram-se mais de dez milhões de pessoas.
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• Esses jovens não se conformavam com a impotência da filosofia, das ciências, da religião e das artes e, ainda, com a incapacidade de todo o conhecimento humano em deter a guerra e evitar a destruição da Europa.
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Mas faltava um nome para essa indignação!
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• Reunidos no Cabaret Voltaire, em Zurique, Hugo Ball, poeta e escritor alemão, e o poeta romeno Tristan Tzara abriram, ao acaso, um dicionário de francês e correndo o dedo aleatoriamente na página pararam sobre a palavra dada, que em francês significa cavalinho-de-pau, esses que as crianças usam para brincar.
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• Esse nome nonsense, desprovido de qualquer relação aparente com os propósitos do grupo, era mais uma forma de protesto.
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• A palavra poderia ser essa ou qualquer outra: que diferença faria, Já que a vida, o bem mais precioso do homem, estava sendo-lhe negada pela guerra e a arte perdera completamente sua função e seu sentido?
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• As teorias de Freud também foram consideradas, ao revelarem que muitas ações humanas são automáticas e desvinculadas de razões lógicas ou conscientes.
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• O dadaísmo embasou sua proposta no fato de que eles não podiam mais confiar na razão, nos valores tradicionais e na ordem estabelecida. Passaram, então, a negar todas as tradições sociais, os valores culturais e estéticos, e, por isso, foi chamado até de antiarte.
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De acordo com Fiona Bradley: • Como o surrealismo, o dadá ridicularizava a confiança
irrestrita do Ocidente na razão e denunciava a divisão e especialização mediante as quais se pretendia neutralizar as complexidades da vida moderna e torná-la mais segura. Os artistas dadá declaravam que tudo estava em constante estado de fluxo criador. Interessavam-se por certa atitude mental mais do que por um movimento artístico propriamente dito: numa tentativa de estabelecer um conceito radicalmente novo de criatividade, a ação era tão importante para eles quanto qualquer consequência que ela mesma viesse a produzir.
• (In: Surrealismo. Movimentos da arte moderna. São Paulo, Cosac-Naify, 1998)
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• Por conta disso, muitos autores tratam do dadá não como um movimento, mas como uma disposição que tinha expressão artística. Politicamente, apresentou-se como um protesto contra uma civilização que cultuava a guerra.
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• Um evento dadaísta típico tinha em sua programação poetas declamando versos desconexos e em várias línguas ao mesmo tempo, enquanto outros latiam pelo palco. Alguns personagens insultavam a plateia, dançarinos em trajes estranhos vagavam pelo palco e uma doce menina, em traje para a primeira comunhão, recitava obscenidades para o público.
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• A partir daí, o dadaísmo propôs que a criação artística rompesse com os ditames da estética aceita e do pensamento racionalista e produzisse somente a partir do automatismo psíquico, escolhendo e organizando elementos e materiais ao acaso. Uma das técnicas mais utilizadas na pintura dadaísta foi a colagem livre, feita por acaso, onde pedaços de papel e outros materiais eram jogados aleatoriamente sobre a superfície.
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• Os ready-mades de Duchamp, como A fonte, o mictório de louça, que após sofrer pequena interferência do artista, é elevado à categoria de obra de arte, as máquinas e objetos sem funções de Picabia ou mesmo quadros de Merzbilder e Schwitters produzidos com detritos identificam o dadaísmo. O importante era a mudança de contexto dos objetos.
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• O dadaísmo ganhou internacionalidade, atravessou o Atlântico e descobriu Man Ray no território norte-americano, graças a Francis Picabia que cuidou da divulgação do movimento fora do território europeu.
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Características
• Ruptura com os ditames da estética aceita e com o pensamento racionalista;
• Defesa do automatismo psíquico, da organização de elementos e materiais ao acaso, da técnica da colagem e da mudança de contexto dos objetos, entre outros aspectos.
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Alguns de seus artistas e suas obras
• Hans (Jean) Arp (1886-1966), artista nascido na Alemanha e naturalizado francês, foi um dos fundadores do dadaísmo e esteve presente no primeiro encontro no Cabaré Voltaire.
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• Arp, considerado como um dos artistas mais abstratos do movimento, experimentou o desenho espontâneo (baseado no automatismo) além de muitas colagens e relevos em suas obras.
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• Arp foi defensor da produção artística comandada pelo automatismo psíquico, produziu obras a partir de colagens e trilhou um caminho abstracionista em sua arte. Duchamp ficou conhecido por seu ready-mades e por seus mecanismos ópticos, buscando a descontextualização dos objetos, entre outros aspectos.
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Hans Arp - Torse des Pyrénees (1959)
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Marcel Duchamp
• Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês. Suas ideias radicais e suas criações que chocaram o meio artístico nasceram de seu exercício de experimentar e provocar.
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• Criador dos famosos ready-mades (uso de objetos industrializados âmbito da arte) e de mecanismos ópticos foi um dos mais importantes artistas do dadaísmo. Sua obra abriu caminho à pop art e à op art das décadas de 1950 e 1960 e pode também ser considerado, sem sombra de dúvida, como o pai da arte conceitual.
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• Duchamp fez uma nova leitura do cubismo e o reinterpretou à sua maneira, interessando-se pelo ritmo e pelo movimento das formas.
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• Duchamp criou também “interferências”: uma das mais importantes refere-se ao bigode e ao cavanhaque pintados na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional.
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• Duchamp ficou conhecido por seu ready-mades e por seus mecanismos ópticos, buscando a descontextualização dos objetos, entre outros aspectos.
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Marcel Duchamp = A fonte
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O URINOL DE DUCHAMP• Em 1917, com o pseudônimo de R. Mutt, Marcel Duchamp enviou para o
Salão da Associação de Artistas Independentes um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de "A Fonte". A escultura foi rejeitada pelo júri que disse não ver nela nenhum sinal de trabalho artístico. Mas suposta obra de arte tornou Duchamp famoso. Provavelmente foi o gesto iconoclasta do artista que o tornou especial, afinal a obra era apenas um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção. Mas muitos viram nisso arte. Surgiu depois o conceito de readymade – apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio artístico.Alguns abordaram a peça sob o ângulo psicanalítico e viam nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que induzia o espectador a pensar no membro masculino lançando urina sobre a forma feminina. Waal.No fim, ficou mesmo a frase de Marcel Duchamp: “Joguei o urinol na cara deles como um desafio e agora eles o admiram como um objeto de arte por sua beleza.”
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Monalisa com bigode, de Duchamp
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Francis Picabia• Francis Picabia (1879-1953), artista plástico
e escritor, filho de pai espanhol e mãe francesa, nasceu em Paris em 1879, onde cursou a Escola de Belas-Artes. Dono de um temperamento extrovertido e irônico, sempre esteve envolvido com os principais movimentos de vanguarda do início do século XX. Foi colaborador de Tristan Tzara na revista Dada e, juntamente com Man Ray e Marcel Duchamp, ajudou a editar revistas dadaístas nos Estados Unidos.
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• Em suas obras gostava de escandalizar. Incansável em sua pesquisa estética, transitou pelo cubismo, dadaísmo, surrealismo e abstracionismo, onde permaneceu até sua morte.
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• Fez também incursões pelo futurismo, mas suas obras mais significativas são do período dadaísta e surrealista.
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Amorous Parade - Picabia
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Man Ray
• Man Ray (1890-1976), fotógrafo e pintor norte-americano. Em 1914, fundou o movimento dadaísta de Nova York, após conhecer Marcel Duchamp e Francis Picabia.
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• Em 1921, mudou-se para Paris, onde trabalhou como fotógrafo, fazendo retrato das personalidades da vanguarda intelectual do momento. Valeu-se da fotografia para sobreviver e para financiar sua nova atividade: a pintura.
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• Sem muito sucesso na pintura, voltou à fotografia e continuou, em suas pesquisas, criando a raiografia, uma nova forma de se registrar a imagem fotográfica de um objeto colocado diretamente sobre a superfície sensível e exposto à luz, criando imagens abstratas inusitadas.
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• Considerado um dos maiores fotógrafos do século XX, Man Ray experimentou suas ideias nos movimentos dadaísta e surrealista, usando para essas experiências uma linguagem singular.
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• Os dadaístas foram os primeiros artistas a se valer da fotografia e do cinema como meios de expressão para suas ideias.
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“Lágrimas de Vidro”, em 1931Em 1993, a foto “GLASS TEARS” (abaixo), de MAN RAY, torna-se a fotografia mais cara do mundo, ultrapassando o valor de 65 mil dólares. Um olho feminino, com esferas de vidro na face, significando lágrimas...
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Max Ernest
• Max Ernest (1891-1976) nasceu em Bruhl, Colônia, na Alemanha. Após a Primeira Guerra Mundial, em que foi soldado do exército alemão, começou a pintar copiando obras de Van Gogh e fez também uma breve incursão no universo cubista.
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• Em 1919, fundou em sua terra natal o grupo Dada, juntamente com Jean Arp.
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• No movimento dadaísta, com sua mente inquiridora e brilhante, fez inúmeras colagens e fotomontagens e contribuiu com novas técnicas, como a decalcomania e o frottage. Esta última consistia em colher com um papel e grafite imagens de uma superfície áspera como madeira, pedra ou outra qualquer. A partir do padrão colhido na folha de papel, criava imagens fantásticas.
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• Emigrou para a França em 1922, onde, após conhecer André Breton, um dos mentores do surrealismo, aderiu à nova tendência e tal foi sua participação no surrealismo que tornou-se um de seus grandes expoentes. Em 1954, rompeu também com o surrealismo.
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A Grande Roda orthochromatique fazer amor na medida - Max Ernest = 1920
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Marcel Janco
• Marcel Janco (1895-1984), pintor romeno, nascido em Bucareste, participou ativamente do início do dadaísmo
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Dadaga – Marcel Janco