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Curso de Direito Artigo Original A APLICAÇÃO DA ARBITRAGEM COMO FERRAMENTA NA RESOLUÇÃO DE DISSÍDIOS INDIVIDUAIS TRABALHISTAS
THE APPLICATION OF ARBITRATION AS A TOOL IN SOLVING INDIVIDUAL LABOR DISPUTES Rubens dos Santos Pires
1, Keila de Lima dos Santos
2
1 Aluno do Curso de Direito 2 Professora Especialista do Curso de Direito
Resumo
Introdução: Este trabalho acadêmico tem como objetivo abordar a problemática quanto à utilização da arbitragem dentro do Direito do
Trabalho, em questões individuais, e demonstrar os inúmeros benefícios da resolução dos conflitos por meio da arbitragem, como a
maior celeridade, economia e eficiência processual comparada ao Poder Judiciário. Objetivo: Esclarecer o conceito e a utilização da
arbitragem, mediação e conciliação nas questões de dissídios individuais do trabalho. Metodologia: Para o desenvolvimento do
presente artigo contou-se com o estudo de casos do TJADF – Tribunal de Justiça Arbitral do Distrito Federal, que utiliza a arbitragem
como método de resolução de conflitos nas questões individuais trabalhistas no que se refere a homologações. Resultado: Com o
desenvolvimento dos aspectos culturais, entre outros efeitos causados por parte da globalização, impulsiona o direito brasileiro a
utilizar novas ferramentas, como a arbitragem.
Palavras-Chave: Arbitragem; Celeridade; Dissídios Coletivos, Dissídios Individuais.
Abstract
Introduction: This academic paper aims to address the issues regarding the usage of arbitration within the Labour Law in individual
issues and demonstrates the numerous benefits of conflict resolution through arbitration, such as greater speed, economy and efficiency
compared to the Judiciary procedural. Purpose: Clarifying the concept and the usage of arbitration, mediation and conciliation in
matters of individual labor disputes. Methodology: For the development of this article, it was counted with the case study of TJADF -
Arbitration Court of Justice of Distrito Federal, using arbitration as a method of conflict resolution in individual labor issues in relation to
approvals. Result: With the development of the cultural aspects and other effects caused by the globalization, it propels Brazilian law to
use new tools, such as arbitration. Keywords: Arbitration; Collective bargaining, Individual Bargaining; Celerity.
Contato: [email protected]
1. Introdução
O presente trabalho tem como intuito
conceituar de modo prático a arbitragem, a
mediação e a conciliação como ferramentas
essenciais para combater a lentidão processual
dentro do Poder Judiciário e a sua utilização nas
questões de direito do trabalho.
Ao realizar pesquisas sobre o conceito e
utilização da arbitragem, da mediação e da
conciliação como mecanismo para se combater a
lentidão processual, nas causas de direito
patrimonial disponível, é possível visualizar
inúmeras vantagens da utilização das formas
extrajudiciais de resolução de conflitos.
Devido à falta de profissionais e
equipamentos na administração pública e no
Poder Judiciário, a prestação da tutela jurisdicional
é muito lenta. Portanto, acredita-se no uso de
novas ferramentas de resolução de conflitos como
resposta ao combate a morosidade processual.
Desta maneira a arbitragem poderá ser utilizada
como ferramenta para alcançar maior eficiência e
aumentar a produtividade do Poder Judiciário.
2. Antecedentes históricos da arbitragem
A arbitragem é um meio de solução de
2
conflitos, que surgiu no começo da sociedade,
com os julgamentos realizados no período cristão,
por meio da arbitragem. Em outro momento
histórico, a arbitragem aparece em 1494, com o
Tratado de Tordesilhas, quando foi utilizada
durante a partilha das terras descobertas. O árbitro
eleito para tratar desta questão foi o Papa
Alexandre VI, neste conflito estavam Portugal e
Espanha. Em 1872, no caso Alabama, questão
derivada da Guerra de Secessão entre Estados
Unidos e Inglaterra, que resultou na nomeação do
árbitro brasileiro indicado por D. Pedro II: Visconde
de Itajubá.
A arbitragem também esteve presente em
vários aspectos da história brasileira como previsto
nas legislações a seguir:
Em 1824, na primeira Constituição Federal
do Brasil, a Constituição Imperial, e previa o uso
da arbitragem corrigindo distorções das
Ordenações Filipinas e assegurou sentenças sem
recursos;
A resolução de 26 de julho de 1831 e a Lei
ordinária nº 108, de 11 de outubro de 1837, tratam
sobre a arbitragem nas questões relativas à
locação e serviços.
Em 1850, o Código Comercial autoriza a
utilização da arbitragem nas questões contratuais
e comerciais internacionais.
Em 1894, a Lei nº 221 previa a arbitragem,
no âmbito da Justiça Federal.
Em 1916, o código civil, nos artigos 1037 a
1048, cita que as pessoas capazes de contratar
poderão, em qualquer tempo, firmar compromisso
escrito.
Em 1939 o código Buzaidiano,1 confirma a
utilização da arbitragem.
Em 1975, a convenção de Nova Iorque,
1 Dá-se este nome, pois, em 1963, é encomendado ao jurista Alfredo
Buzaid, professor da Faculdade de Direto de São Paulo, que seria
posteriormente Ministro da Justiça, a elaboração de um anteprojeto de
Código Processual Civil.
reconheceu a arbitragem no âmbito do Comércio
Internacional.
O artigo 114 da Constituição Federal, foi
incluído pela Emenda Constitucional 45. Este
artigo permite a utilização da arbitragem para
resolver questões de dissídios coletivos
trabalhistas.
Entretanto, existem outros momentos
dentro da história global que retrataram a
arbitragem como grande ferramenta jurídica para a
resolução de controvérsias, como o
reconhecimento da ONU (Organização das
Nações Unidas) 2, na Convenção Interamericana,
sobre Arbitragem Internacional (Decreto nº.
1.902/1996) e a Lei-Modelo, da comissão das
Nações Unidas para o Desenvolvimento do
Comércio Internacional – UNCITRAL, sobre a
Arbitragem Internacional.
É interessante destacar o caso dos
Estados Unidos que, em seu ordenamento
jurídico, prevê a utilização do mecanismo da
arbitragem, sendo que a mesma é facultativa e
privada, porém, em outros países, como na
Austrália e na Nova Zelândia, o uso da arbitragem
é de caráter oficial e obrigatório3.
O marco inicial da arbitragem no Brasil foi
a Lei n. 9.307, de setembro de 1996, conhecida
como “Lei Marco Maciel”, que dispõe sobre a
arbitragem como um sistema extrajudicial de
solução de conflitos.
Nesta mesma data, o Dr. Geraldo
Brindeiro, procurador-geral da República, emitiu
um parecer satisfatório pela constitucionalidade da
lei.
(...) o que o princípio da
inafastabilidade do controle
jurisdicional estabelece é que a lei
2 Xavier, Ana Isabel . A Organização das Nações Unidas - HUMANA
GLOBAL – Associação para a Promoção dos Direitos Humanos, da
Cultura e do Desenvolvimento www.humanaglobal.org (p. 21, 62, 66).
3 Nascimento, Amauri Mascaro Curso de Direito Processual do
Trabalho, São Paulo: Saraiva, 1988, p17.
3
não exclui da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça ao
Direito. Não estabelece que as
partes interessadas não excluirão
da apreciação judicial suas
questões ou conflitos. Não
determina que os interessados
devam sempre levar ao Judiciário
suas demandas. Se admite como
lícita a transação relativamente a
direitos substanciais objeto da lide,
não se pode considerar violência à
Constituição abdicar do direito
instrumental de ação através de
cláusula compromissória. E, em se
tratando de direitos patrimoniais
disponíveis, não somente é lícito e
constitucional, mas é também
recomendável aos interessados –
diante do acúmulo de processos e
do formalismo excessivo que têm
gerado a lentidão das demandas
judiciais – abdicarem do direito ou
do poder de ação e buscarem a
composição do conflito por meio de
sentença arbitral cujos efeitos
sejam idênticos àquele das
decisões prolatadas pelo Poder
Judiciário4.
Desta forma, os ministros do
Supremo Tribunal Federal declararam a
constitucionalidade da Lei, considerando o
Tribunal, por maioria de votos, que a manifestação
de vontade parte da cláusula compromissória,
quando da celebração do contrato, e a permissão
legal dada ao juiz para que substitua a vontade da
parte recalcitrante em firmar o compromisso
arbitral, não ofendem o art. 5º, XXXV da
Constituição5.
4 No Parecer nº 8.062/GB, sobre a SEC 5.206-8/Espanha, datado de 17
de março de 1997, foi juntado aos autos citados na nota de rodapé n. ,
5 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
A ministra Ellen Gracie, em julgamento de
agravo, compartilha de sua opinião ao emitir seu
voto no processo nº 5206-7, reconhecendo a arbi-
tragem:
Como se vê, o cidadão pode invo-
car o judiciário para a solução de
conflitos, mas não está proibido de
valer-se de outros mecanismos de
composição de litígios. Já o Esta-
do, este sim, não pode afastar do
controle jurisdicional as divergên-
cias que a ele queiram submeter
os cidadãos6.
A arbitragem também aparece no âmbito
do Direito do Trabalho, com previsão constitucional
do artigo 114, como também existe a previsão da
arbitragem na Lei de Greve (artigos 3º e 7º da Lei
nº 7.383/89) e no artigo 4º, da Lei n. 10.101/2000,
que dispõe sobre a participação dos trabalhadores
nos lucros ou resultados das Empresas.
A previsão exposta no art. 114 7da
Constituição Federal prevê a utilização da
arbitragem para solução de conflitos trabalhistas
coletivos.
O Tribunal Regional do Trabalho
de São Paulo, inclusive, já se
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729607/inciso-xxxv-do-
artigo-5-da-constituicao-federal-de-1988
Informativo do STF nº 345, de 26 a 30 de abril de 2004 –link:
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo345.
htm
6 STF. SE 5.206 – AgR; Rel. Min. Sepúlveda Pertence; Tribunal
Pleno. Julgado em 12.12.2001; DJ 30.4.2004, PP. 00029, Ement vol-
02149-06, PP-00958.
7 Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) §1°.
Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. §2°.
Recusando-se qualquer uma das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir
o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
4
pronunciou favorável à
possibilidade de sua utilização no
âmbito das elações trabalhistas,
senão vejamos: “a atual redação
dos parágrafos 1º e 2º do art. 114
da CF como alteração promovida
pela Emenda Constitucional nº
45/2004 prevê expressamente a
possibilidade de submissão dos
conflitos coletivos entre sindicatos
dos empregadores e de
empregados, ou entre sindicatos
dos empregados e empresas, à
arbitragem, nada dispondo a cerca
dos conflitos individuais.
No entanto, o silêncio do
legislador leva a crer que é
possível submeter os dissídios
individuais trabalhistas à
arbitragem em relação aos
direitos patrimoniais
disponíveis. Mesmo por que a
mediação que se faz através das
comissões de Conciliação
Prévia, muito embora não tenha
previsão constitucional, é aceita.
Idêntico raciocínio deve ser
empregado em relação à
arbitragem.
Ademais, o escopo da Lei nº
9.307/1996 de pacificação social
harmoniza-se do Direito do
Trabalho.8 (Griffo Nosso).
Já a autora Selma Maria Ferreira Lemes
conceitua a arbitragem como sendo:
(...) meio extrajudicial de solução
de controvérsias, na qual as
partes, ao firmarem um contrato,
outorgam à terceiro(s), árbitro(s), a
competência para dirimir futuras
controvérsias que surgirem e forem
decorrentes dessa avença9.
8TRT 2, RO. nº 00417200604802005, 12º T, rel. Marcelo Freire Gonç
alves, DJ 28.03.02. 9 LEMES, Selma Maria Ferreira. A arbitragem na concessão de
Ante o exposto, observa-se que a prática
da arbitragem, tem sido cada vez mais assimilada
pela sociedade, até como forma de simplificar e
reduzir o número de demandas processuais,
algumas empresas estrangeiras utilizam a mesma
em seus regulamentos, como dispositivos de
resolução de controvérsias como, por exemplo,
segundo a Revista Exame, a arbitragem é utilizada
nos contratos do Metrô de São Paulo e nas
concessões de blocos de exploração de
petróleo10
.
3. A arbitragem no ordenamento jurídico
brasileiro
A utilização da arbitragem como
mecanismo de solução de controvérsias em
questões de direito do trabalho individual, se faz
necessária a conceituar o que vem a ser
mediação, conciliação e arbitragem.
A mediação é um dos procedimentos para
resolução de conflitos, em que o mediador assume
o papel de assistir e conduzir as partes
negociantes a identificarem os pontos de conflito
e, após a identificação, desenvolve uma solução
mútua que ponha fim ao conflito. O mediador
participa de todo o processo coordenando todas
as problemáticas existentes, sempre preservando
o canal de comunicação entre os envolvidos, e
dispondo de uma postura imparcial perante as
partes, sem prestar a sua opinião, garantindo
ambiente propício para a pacificação social11
.
Na Conciliação, o conciliador assume
serviço público – perspectivas. Revista de Direito Bancário do
Mercado de Capitais e da Arbitragem. São Paulo, SP, Editora
Revista dos Tribunais, Ano 5, p. 342, julho/setembro de 2002.
10 EXAME.com:
http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/empresas-ja-preferem-
arbitragem-ao-judiciario-2 , Publicada em 24/12/2012.
11 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Editora
Método, 9ª Edição Revista e atualizada, p 1231.
5
também a postura de ser imparcial, entretanto, ele
se diferencia do mediador por buscar juntamente
com as partes envolvidas uma solução da
controvérsia existente12
.
A arbitragem, prevista na lei nº 9.307 de
23 de setembro de 1996, é conceituada como
forma de solução de conflitos, na qual existe uma
terceira pessoa, que tem conhecimento da matéria
a ser discutida, que decidirá a lide por meio de
sentença, porém a arbitragem somente é possível
nos casos de direito patrimonial disponíveis13
.
Com a acessão da arbitragem no
ordenamento jurídico brasileiro, este meio de
resolução extrajudicial de conflito tem sido cada
vez mais utilizada devido aos efeitos da
globalização que possibilitou maior contato com as
diversas culturas de outras nações, as quais
utilizam, em seu ordenamento jurídico,
ferramentas como: conciliação, mediação e
arbitragem.
A então Ministra Ellen Gracie, convidada a
participar do 5º Congresso Internacional de
Arbitragem da Amcham e ICDR (International
Centre for Dispute Resolution), fez
pronunciamento favorável à utilização da
arbitragem:
“A posição que o Judiciário tem em
relação à arbitragem é altamente
favorável. Isso se verifica desde
2002, ao vermos que os números
das câmaras de arbitragem
crescem exponencialmente.”
4. Processo de arbitragem
O jurista J. E. Carreira Alvim conceitua
12
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Editora
Método, 9ª Edição Revista e atualizada, p 1231 13 Art. 1° As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da
arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.
que a arbitragem nada mais é ‘que a resolução do
litígio por meio de árbitro’, com a mesma eficácia
da sentença judicial
Para Walter Brasil Mujalli, a arbitragem:
é uma convenção privada,
celebrada entre duas ou mais
pessoas, para solução de suas
controvérsias, através da
intervenção de uma ou mais
pessoas (árbitros), que recebem os
seus poderes dos seus
convenientes, para que, com base
nesta convenção, decidirem os
seus conflitos, sem a intervenção
do Estado, sendo que a decisão
destinada às partes tem a eficácia
da sentença judicial14
.
Todas as pessoas físicas e jurídicas que
tenham interesse em submeter seus conflitos a
procedimentos arbitrais podem recorrer às institui-
ções de arbitragem; essas instituições são fiscali-
zadas através de inspeções ou denúncias feitas
diretamente ao Ministério Público que fiscaliza os
procedimentos da utilização da arbitragem e seus
efeitos.
O Ministério Público fixou os
procedimentos quanto à utilização de símbolos e
terminologias a serem adotadas pelas instituições
arbitrais por meio da TAC- Termo de Ajustamento
de Conduta – nº3/200615
, que fixou procedimentos
que se diferenciam do Poder Público.
Tendo em vista que, a própria Lei de
Arbitragem dispõe, em seu art. 13, sobre o perfil
do árbitro, não faz referência, em nenhum
momento, sob a formação necessária para exercer
a função de árbitro. Entretanto, em visita feita ao
TJADF – Tribunal de Justiça Arbitral do Distrito
Federal visualizou-se que este tribunal utiliza
14 MUJALLIS, Walter Brasil. A nova lei de arbitragem. São Paulo:
Editora de Direito. 1997, p.52.
15 TAC – Termo de Ajustamento de Conduta nº 03/2006 – Fonte:
http://www.mpdft.mp.br/pdf/tacs/TAC_2006-03_PDDC.pdf
6
vários critérios para a escolha de seus árbitros,
para isso fornece curso de formação em
mediação, conciliação e arbitragem, além de
cobrar que os árbitros possuam formação
acadêmica, ou tecnóloga, a fim de garantir
precisão e agilidade no processo, além da devida
coerência e coesão dos procedimentos arbitrais a
serem utilizados.
O art. 1716
da Lei da Arbitragem assegura
aos árbitros a equiparação dos direitos ao dos
servidores públicos em relação à legislação penal
respondendo pelos seus atos com base nas
mesmas regras aplicadas aos servidores.
Este procedimento garante às partes
interessadas na utilização da arbitragem uma
decisão imparcial, isenta de deturpações e desvios
éticos e morais.
A arbitragem pode ser utilizada como
forma de resolução de conflitos desde que exista
um compromisso arbitral ou uma cláusula
compromissória, consoante ao art. 3º17
da Lei de
Arbitragem.
4.1 Cláusulas Compromissórias
A cláusula compromissória é instituída
antes de existir o conflito. Já no momento da
pactuação, insere-se no contrato uma cláusula de
compromisso estabelecendo que, todas as demais
questões, submetidas ao juízo arbitral, conforme o
art. 4º18
, da Lei nº 9.307/96.
16 Lei nº 9.307 de 23 de Setembro de 1996 - Dispõe sobre a
arbitragem, Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções
ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para
os efeitos da legislação penal.
17 Lei nº 9.307 de 23 de Setembro de 1996 - Dispõe sobre a
arbitragem, Art. 3º As partes interessadas podem submeter à solução
de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem,
assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.
18 Lei nº 9.307 de 23 de Setembro de 1996 - Dispõe sobre a arbitra-
gem, Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual
A utilização das cláusulas
compromissórias asseguram os direitos privados
de maneira preventiva, ou seja, caso surja uma
lide, esta será resolvida por meio da arbitragem.
Segundo o § 1º do art. 4º, a cláusula
compromissória deve ser estipulada por escrito,
podendo estar inserta no próprio contrato ou em
documento apartado que a ele se refira, esta
cláusula compromissória só terá eficácia se o
aderente tomar a iniciativa de instituir a
arbitragem ou concordar, expressamente, com a
sua instituição por escrito.
Além da cláusula compromissória que
antecede as controvérsias, o compromisso arbitral
é outra maneira de firmar a arbitragem. Entretanto,
este último é utilizado após o surgimento da
controvérsia.
4.2 Compromisso Arbitral
O compromisso arbitral é a forma pela
qual se faz presente o uso da arbitragem, após o
acontecimento de uma lide em que duas ou mais
pessoas envolvidas se submetem a arbitragem,
firmando um compromisso arbitral por escrito
consoante ao art. 9º da lei 9.307/96.
A principal diferença entre o compromisso
arbitral e a cláusula compromissória é que no
compromisso arbitral já existe o conflito, que será
resolvido por meio da arbitragem, diferente da
cláusula compromissória, em que ainda não há
nenhuma lide, mas, no contrato, a arbitragem foi
escolhida para dirimir uma futura lide. No entanto,
as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.§ 1º A
cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo
estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele
se refira.§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só
terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem
ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por
escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula.
7
para que o compromisso arbitral seja válido,
deverão ser observados os requisitos
estabelecidos no art. 10º e 11º da Lei de
Arbitragem.
Após o esclarecimento de como são os
procedimentos para que qualquer indivíduo possa
recorrer à utilização da arbitragem é necessário
também conhecer quais seriam os profissionais
envolvidos em ter em suas mãos a
responsabilidade de dirimir sobre questões
arbitrais.
5. Vantagens e desvantagens da utilização da
arbitragem
A arbitragem é uma ferramenta contra a
morosidade processual que pode ser utilizada no
Direito Processual do Trabalho, o qual dentre os
ramos do Direito, é considerado o mais célere.
Evidentemente que como toda e qualquer
ferramenta a arbitragem apresenta vantagens e
desvantagens sobre o seu emprego em questões
trabalhistas.
Em relação às vantagens de submeter os
conflitos trabalhistas á arbitragem pode se
destacar as seguintes:
É facultada a presença do advogado art.
21, § 3º 19
.
As instituições de arbitragem auxiliam na
confecção da petição inicial, respeitando o
dispositivo legal do art. 282, CPC e a Lei de
Arbitragem.
O árbitro tem o prazo de 180 (cento e
19 Lei nº 9.307 de 23 de Setembro de 1996 - Dispõe sobre a
arbitragem, Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento
estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá
reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio
árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. § 3º As partes
poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a
faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento
arbitral.
oitenta) dias para sentenciar.
Os valores das custas processuais são
mais reduzidos, em relação ao processo judicial;
O árbitro utiliza termos que facilitam a
interpretação dos procedimentos jurídicos
adotados.
Na arbitragem o procedimento arbitral é
sigiloso, o que se difere do processo judicial que é
público.
Os árbitros designados são especialistas,
peritos ou técnicos, na matéria discutida no
conflito, o que possibilita uma sentença mais
perfeita, fundada em parecer técnico de um
profissional com formação específica.
Após a notificação das partes quanto à
sentença, a regra, é que esta decisão não será
passível de recursos, como previsto no art. 18 da
lei nº. 9.30720
ressalvados as exceções, como os
embargos de declaração.
A sentença arbitral é considerada titulo
executivo extrajudicial, segundo o art. 31 da Lei de
Arbitragem e art. 584, VI, do CPC.
Para alguns doutrinadores como Cintra,
Dinamarco e Grinover (1999, p. 26), a arbitragem
deve ser sim utilizada.
Abrem-se os olhos agora, todavia,
para essas modalidades de
soluções não jurisdicionais dos
conflitos tratadas como meios
alternativos de pacificação social.
Vai ganhando corpo a consciência
de que, se o que importa é
pacificar, torna-se irrelevante que a
pacificação venha por obra do
Estado ou por outros meios, desde
que eficientes. Por outro lado,
cresce também a percepção de
que o Estado tem falhado muito na
sua missão pacificadora, que ele
tenta realizar mediante o exercício
20 Lei nº 9.307 de Setembro de 1996 – Dispõe sobre a arbitragem. Art.
18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não
fica sujeita a recursos ou a homologação pelo Poder Judiciário.
8
da jurisdição e através das formas
do processo civil, penal ou
trabalhista.
Entretanto, apesar da sentença arbitral ser
considerada uma sentença judicial, como o árbitro
não tem poderes executórios, para que ocorra a
execução da sentença, a parte deverá ajuizar uma
ação de execução autônoma na justiça comum,
conforme previsto no art. 475-N CPC21
.
Portanto, o artigo da lei de arbitragem
outorga ao árbitro apenas o poder decisório, mas
não atribui força executiva sendo a maior
desvantagem do procedimento arbitral.
6. A arbitragem e o Direito do Trabalho
De acordo com o autor Wagner D. Giglio22
,
se no momento da assinatura do pacto laboral
ocorrer submissão do empregado ao sistema da
arbitragem, por meio da cláusula compromissória,
esta ocasião não é a melhor oportunidade para
firmar a arbitragem, devido a situação de
hipossuficiência do empregado.
Porém a arbitragem é utilizada no Direito
do Trabalho em questões de dissídios trabalhistas
individuais homogêneos ou coletivos, como prevê
o art. 114 da CF.
Portanto, temos correntes doutrinárias que
defendem a utilização da arbitragem como
ferramenta de agilidade processual nas questões
trabalhistas.
O autor José Celso Martins23
, por
exemplo, em defesa da arbitragem, afirma que:
21 LEI No 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Art. 475-N. São títulos
executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005), Inciso IV
– a sentença arbitral;
22 Wagner D. Giglio, “Os conflitos trabalhistas, a arbitragem e a
justiça do trabalho”, in Revista LTr, 47:273, março de 1983.
23 MARTINS, José Celso. A transação na reclamação trabalhista.
Disponível em
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/vi
ewFile/23614/23177>. Acesso em: 05 de fevereiro de 2009.
O procedimento arbitral, quando li-
vre e espontaneamente contrata-
do, é válido e deverá ter sua deci-
são mantida a rigor do cumprimen-
to da lei que instituiu o modelo pro-
cessual, sob pena de faltarmos
com o cumprimento da lei e provo-
carmos a falta de garantia jurídica
necessária para se promover a pa-
cificação social.
A autora Alice Monteiro de Barros24
, afirma
que o laudo arbitral é fonte de direito, sem, contu-
do, fazer descrição entre o laudo coletivo e o indi-
vidual.
E possível constatar que no art. 7º na Lei
7.783/8925
, há previsão da utilização da arbitragem
nos conflitos decorrentes do exercício do direito a
greve.
Várias discussões se instauram quando se
sustenta a utilização da arbitragem em dissídios
individuais trabalhistas, uma vez que os direitos
trabalhistas são irrenunciáveis. Como jurisprudên-
cia, abaixo aponta:
“RECURSO DE REVISTA -
CONVENÇÃO COLETIVA COM
PREVISÃO DE ARBITRAGEM E
DE MEDIAÇÃO - ACORDO
RESCISÓRIO FIRMADO EM
CÂMARA SETORIAL ARBITRAL -
VALIDADE. O Direito do Trabalho
não cogita da quitação em caráter
irrevogável em relação aos direitos
do empregado, irrenunciáveis ou
de disponibilidade relativa,
consoante imposto no art. 9º
consolidado, porquanto se admitir
24 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 2. Ed.
São Paulo: Ltr, 2006, p121.
25 Lei nº 7.783 de 28 de Junho de 1989 - Art. 7º Observadas as condi-
ções previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato
de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser
regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça
do Trabalho.
9
tal hipótese importaria obstar ou
impedir a aplicação das normas
imperativas de proteção ao
trabalhador. Nesse particularismo
reside, portanto, a nota singular do
Direito do Trabalho em face do
Direito Civil. A transação firmada
em juízo arbitral não opera efeitos
jurídicos na esfera trabalhista,
porque a transgressão de norma
cogente importa não apenas a
incidência da sanção respectiva,
mas a nulidade ipso jure, que se
faz substituir automaticamente pela
norma heterônoma de natureza
imperativa, visando à tutela da
parte economicamente mais
debilitada, num contexto
obrigacional de desequilíbrio de
forças. Em sede de Direito do
Trabalho a transação tem
pressuposto de validade na
assistência sindical, do Ministério
do Trabalho ou do próprio órgão
jurisdicional, por expressa
determinação legal, além da
necessidade de determinação das
parcelas porventura quitadas, nos
exatos limites do art. 477, § 1º e §
2º, da Consolidação das Leis do
Trabalho. Recurso de revista não
conhecido”26
.
Apesar do Direito do Trabalho ser conside-
rado indisponível, quando o trabalhador ajuizar
reclamações trabalhistas ele poderá realizar um
acordo judicial renunciando parte do seu direito.
Portanto, alguns doutrinadores entendem ser pos-
sível resolver conflitos individuais trabalhistas por
meio da arbitragem.
26 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processual Trabalhista.
Recurso de Revista. RR 30934/2002-900-02-00.9. - Data de
Julgamento: 27/05/2009, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, 1ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 05/06/2009.
Segundo o art. 7º da Constituição Federal
os direitos trabalhistas são normas de ordem pú-
blica, classificados como direitos patrimoniais in-
disponíveis. Entretanto, o doutrinador Plá Rodri-
guez afirma que:
No campo do Direito do Trabalho,
existem normas imperativas que
não excluem a vontade privada,
mas a cercam de garantias para
assegurar sua livre formação e
manifestação. 27
Em relação à utilização da arbitragem nos
dissídios individuais do trabalho, o doutrinador
Márcio comenta o art. 114 da Constituição Federal:
A simples omissão da Constituição
Federal no artigo 114 não induz, de
forma alguma, à conclusão de que
há vedação implícita de sua
adoção no âmbito dos conflitos
individuais de trabalho. Sustentam
que o princípio da legalidade
assegura a licitude do
procedimento arbitral nesse tipo de
relação jurídica, haja vista que a
Constituição tampouco contém
dispositivo autorizando a
arbitragem de litígios cíveis e
comerciais e nem precisa,
porquanto o princípio da legalidade
prevê que as proibições não se
presumem da omissão da lei, nos
termos do artigo 5, II, CF28
.
Na questão abordada referente à
desigualdade das forças entre empregador e
empregado na convenção laboral, isso se torna
impactante para a utilização da arbitragem, pois
neste momento o empregado se vê a mercê do
empregador para assinatura do contrato laboral
que esteja presente a cláusula compromissória.
As ciências de estudo ocupacionais
27 PLÁ ROGRIGUEZ, Américo. Princípios de Direito do Trabalho. 3ª
ed., São Paulo: LTR, 2000, p. 151.
28 YOSHIDA, Márcio. op. cit., p. 91.
10
consideram que no momento da assinatura do
contrato laboral que possua a cláusula
compromissória, o empregado estaria submisso à
assinatura do contrato de adesão, visto que o
empregador impôs a forma de resolução de
conflito de futuras lides trabalhistas por meio do
instituto da arbitragem. Ao se ter conhecimento
sobre este conflito doutrinário seria incabível a
utilização da arbitragem no contrato de trabalho,
invalidando a inclusão da cláusula compromissória
nos contratos individuais, como também no pacto
laboral devido á situação em que o trabalhador
hipossuficiente se depara com o empregador,
detentor do poder financeiro, gerando um
empasse referente a renúncia aos seus direitos
em prol da manutenção do emprego, ou seja, a
submissão a arbitragem gerada pela necessidade
do emprego.
Admite-se o emprego da arbitragem após
o pacto laboral por meio do compromisso arbitral,
o qual o empregado encontra-se em uma situação
favorável, não se encontrando sujeito as pressões
do empregador, de comum acordo com este, opta
entre a jurisdição do estado e a arbitragem, para
solucionar o litígio trabalhista.
Para que se possa usar a convenção
arbitral, nos dissídios individuais, deverá se
revestir de algumas cautelas a fim de proteger os
interesses dos trabalhadores, garantindo a
eficiência da arbitragem para que não se
transforme em um meio de burlar as normas
trabalhistas.
Apesar deste cenário de conflitos e
divisões de opiniões quanto á utilização da
arbitragem em questões trabalhistas, já existem
casos concretos de empresa de pequeno, médio e
grande porte que utilizam a arbitragem em
dissídios individuais trabalhistas, como uma
ferramenta célere, reduzindo o número de
reclamações trabalhistas.
Um exemplo claro da utilização da
arbitragem em questões individuais trabalhistas,
utilizado por diversas empresas, são as
homologações de trabalho do TRTC – Termo de
Rescisão de Contrato de Trabalho por meio da
arbitragem.
A relatora Juíza Convocada Maria Doralice
Novaes, pronuncia-se da seguinte forma29
:
“Cumpre salientar por primeira,
que o juízo arbitral – órgão
contratual de jurisdição restrita
consagrado em nossa legislação
que tem por finalidade submeter ás
controvérsias a uma pronta
solução, sem as solenidades e
dispêndio do processo ordinário,
guardada apenas a ordem lógica
indispensável de formulas que
conduzem a uma julgamento
escorreito de direito e de equidade
– a meu ver, tem plena
aplicabilidade na esfera
trabalhista porque há direitos
patrimoniais disponíveis no
âmbito do direito do trabalho,
data vênia de doutas opiniões em
sentido contrário. É que, ao se
afirmar, genericamente, que os
direitos trabalhistas constituem
direitos patrimoniais
indisponíveis, não se leva em
conta que o principio da
irrenunciabilidade de tais
direitos, foi em diversas
situações, mitigado pelo
legislador...” (Grifo Nosso).
Conforme pronunciamento da Desembar-
cadora Nélia Alves, do tribunal Regional do Traba-
lho da 5ª Região Bahia, é possível sim a utilização
da arbitragem nas questões de trabalho individual:
JUÍZO ARBITRAL. DISSÍDIOS IN-
DIVIDUAIS TRABALHISTAS.
29 TST-RR-1650/1999-003-15-00.3, Acordão 4ª Turma, Publicação
DJ: 30/09/2005.
11
POSSIBILIDADE. É cabível o ins-
tituto da arbitragem nos dissí-
dios individuais trabalhistas,
desde que sejam obedecidas as
exigências previstas na Lei nº
9.307/96 e que o empregado a ele
tenha se submetido de livre e es-
pontânea vontade, sem qualquer
espécie de coação.30
(Grifo Nos-
so).
Aduzidos pelo pensamento da Deise Coe-
lho de Almeida31
Mestre em Direito do Trabalho
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais – PUC Minas
de que é uma grande defensora da aplicação da
arbitragem nos dissídios trabalhistas:
A arbitragem, ao ser utilizada,
traz inúmeras vantagens não só
para o empregador, mas também
para o empregado.
Diferentemente do Poder
Judiciário, uma lide a esta
submetida será resolvida com
maior rapidez, menos burocracia
e de forma sigilosa, sem
publicidade. Sem contar que a
sentença, proferida nesta via,
não está sujeita a gama
infindável de recursos ou
mesmo a homologação do
Judiciário, tendo status de título
executivo extrajudicial e
podendo ser executada neste
último, caso reste descumprida.
(Grifo Nosso).
Em estudo de caso realizado no TJADF –
Tribunal Justiça Arbitral e do Distrito Federal,
30 Processo 02253-2003-009-05-00-9 RO, ac. nº 022096/2009,
Relatora Desembargadora NÉLIA NEVES, 4ª. TURMA, TRT da 5ª
Região, Bahia DJ 16/12/2006.
31 ALMEIDA, Denise Coelho de. Arbitragem nos dissídios individu-
ais trabalhistas. Repertório IOB de Jurisprudência: trabalhista e previ-
denciário, n. 2, p. 70-68, 2. quinz. jan. 2008
constatou-se que a arbitragem é utilizada em
questões de dissídios coletivos e nos dissídios
individuais trabalhistas. Como no caso da empresa
POLIEDRO que utiliza a arbitragem para
resolução de todos os conflitos trabalhistas
individuais e inclusive nas homologações
trabalhista via procedimentos arbitrais.
O presidente TJADF, Hélio Ortiz Junior,
afirma que o uso da arbitragem nas questões
individuais trabalhistas se deve ao processo célere
entre os envolvidos, reduzindo custos e despesa
para as partes, antes de audiências de instrução,
conciliação e julgamento o que garante maior
transparência e aceitas das partes. Outro fator que
impacta na aceitação das partes em se
submeterem aos procedimentos arbitrais e a
celeridade em que os procedimentos são
realizados.
Conclusão:
Sob o pretexto das considerações
finais deste trabalho, é necessário que se visualize
a distinção entre o procedimento arbitral da
mediação e da conciliação, uma vez que o
mediador assume o papel de ser um pacificador
do conflito, sem opinar na solução do litigio, pois
ele apenas sugere uma proposta de acordo. Já o
conciliador utiliza-se das mesmas técnicas da
mediação, porém não é um profissional
especialista na matéria objeto do conflito, como é
o mediador. Entretanto, o conciliador pode opinar
na solução do litígio junto às partes, auxiliando
com a proposta de acordo. E, por último, o árbitro
também é um profissional especialista, escolhido
pelas partes que impõe a solução do conflito por
meio da sentença arbitral.
A Lei nº 9.307/96, já declarada
constitucional, preserva os princípios
constitucionais como o princípio da
inafastabilidade do Poder Judiciário, quanto a sua
12
apreciação para a análise do conflito.
Como citado neste trabalho, a
arbitragem está referenciada na Constituição
Federal no art. 114, no âmbito de sua utilização
em dissídios coletivos de trabalho. Contudo, a
utilização da arbitragem em dissídio individual
trabalhista é discutida, visto que existe uma
omissão na Carta Magna. Porém, esta simples
omissão, em não prevê a atualização da
arbitragem em dissidio individual, não pode ser
interpretada como uma vedação a esta aplicação
da arbitragem como meio de solução extrajudicial
de conflitos individuais trabalhistas.
Com base nas pesquisas realizadas
para o desenvolvimento deste trabalho, foi
possível demonstrar que a arbitragem está cada
vez mais presente no cenário jurídico brasileiro e
começa a galgar um novo patamar, uma vez que a
redução do número de processos se dá, devido à
procura da utilização da arbitragem como método
de solução de controvérsias.
Assim, a aplicação da arbitragem
como ferramenta de solução de dissídios
individuais trabalhistas deve ser considerada, visto
que apresenta várias vantagens, como o combate
a morosidade processual pelo fato da arbitragem
ser um método de resolução de conflitos
extrajudicial, mais célere e eficiente que o Poder
Judiciário, visto que o árbitro tem um prazo de 180
(cento e oitenta) dias para sentenciar. Outra
vantagem seria o desafogamento de ações dentro
do Poder Judiciário, através da utilização da
arbitragem. A arbitragem também apresenta como
benefício para as partes a facultatividade da
presença de advogado, e a utilização de termos
que facilitam a interpretação dos procedimentos
jurídicos adotados.
Portanto, a aplicação da arbitragem
apresenta várias vantagens sendo razoável a sua
utilização para resolver questões de dissídios
individuais trabalhistas, até mesmo para contribuir
com o amadurecimento do ordenamento jurídico
brasileiro. A aplicação do direito comparado aos da
(...) países de primeiro mundo, que utilizam a
arbitragem como ferramenta, nota-se que o
cidadão tem o livre arbítrio de escolher onde e
como irá submeter seus conflitos para resolução, o
que possibilita maior utilização da arbitragem, e
como conseqüência reflete na redução de
processos dentro do Poder Judiciário.
Agradecimentos:
Agradeço a primeiramente a Deus, ao meu
pai Cristiano Pires Filho, á minha mãe Maria Lúcia
dos Santos Pires, á minha esposa Elaine Silva
Alves e ao meu filho Gustavo Henrique Alves dos
Santos que sempre me motivaram e estiveram
comigo em todos os momentos especiais e
sempre me apoiaram ao longo desses anos.
Não poderia também se esquece de citar
os amigos e doutores Hélio Junior Ortiz e Laura
Ortiz que contribuíram para o meu
desenvolvimento profissional e intelectual na área
de direito.
Também não poderia deixar de citar minha
orientadora Professora Keila de Lima dos Santos,
a qual disponibilizou do seu tempo nas
orientações, para o direcionamento deste trabalho
acadêmico, por tanto fica aqui o meu
reconhecimento e agradecimento a todos que me
proporcionaram este momento.
.
Referências:
13
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Arbitragem: estudo em homenagem ao Prof. Guido Fernando da Silva Soares – São Paulo: Atlas, 2007.
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3. CAMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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5. CAPPELETI, Mauro. OS métodos alternativos de solução de conflitos no quadro do movimento universal
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15. MARTINS, Sergio Pinto. Comentários à CLT. 5ª ed. São Paulo: Altas, 2002.
16. MARTINS, SÉRGIO PINTO. Direito processual do trabalho. 20ª Ed, São Paulo: Atlas, 2005.
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