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Page 1: Curiosidades Café do Caparaó · café produzido na Região do Caparaó, no Sul do Estado, e ... Brasil, foi ele quem ... para o outro lado do planeta. Curiosidades sobre os japoneses

Re g i o n a lVITÓRIA, ES, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 ATRIBUNA 19

FOTOS: ALESSANDRO DE PAULA

CURIOSIDADE NO SUL DO ESTADO

Café do Caparaóvai parar no JapãoEmpresários japonesesviajam 18,5 mil kmpara conhecer deperto a história portrás dos cafezais daRegião do Caparaó

GRUPO DE JAPONESES no distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto. Empresários conheceram o processo de colheita e beneficiamento do café

Alessandro de PaulaDORES DO RIO PRETO

Os japoneses descobriram ocafé produzido na Região doCaparaó, no Sul do Estado, e

aprovaram o sabor, tanto que estãosaindo do outro lado do mundo pa-ra conhecer de perto as proprieda-des onde são colhidos os frutos queagradaram ao paladar oriental.

Na semana passada, um grupode 13 empresários japoneses, do-nos de cafeterias e de lojas de tor-refação, visitou o distrito de PedraMenina, em Dores do Rio Preto.Eles tomaram cafezinho nas casasdos agricultores e tiraram fotos aolado das famílias.

Filha de japoneses e dona depousada e cafeteria na região, a em-presária Cecília Nakao explica queo povo oriental tem costumes dife-

Agricultores viram destaqueSe o café é a estrela principal dos

japoneses, os produtores ruraissão os garotos-propaganda. Emcada uma das embalagens de cafétorrado vendido no Japão há a fotoda propriedade ou do dono da ter-ra onde o produto foi colhido.

O produtor Manoel Protázio deAbreu, do sítio Pedra Menina, fi-cou feliz ao receber dos irmãosAnjima pacote de café, igual aos

JAPONÊS peneira o café

Empresária ée m b a i x a d o rados produtoresrurais da região

A empresária Cecília Nakao,proprietária da pousada e cafete-ria Villa Januária, vem atuando co-mo espécie de embaixadora dosprodutores da região junto aosempresários japoneses, desde queconheceu o exportador de caféCarlos Akio Yamaguchi, que orga-nizou a excursão.

Cecília e o marido, Hélio Ricar-do de Mendonça, 46, são Q-grader,especialistas com certificaçãomundial para classificar cafés dequalidade. Além deles, somente oprodutor Jhone Milanez de La-cerda, do sítio Santa Rita, recebeua certificação na região.

O café produzido no Caparaó temconseguido diversos prêmios. Oprodutor José Alexandre Abreu deLacerda, 40 anos, foi campeão na-cional em 2012 e conta que há cincoanos seguidos o sítio da família,Forquilha do Rio, conquista o pri-meiro lugar em concurso mineiro.

O clima e a altitude são funda-mentais, mas para ter um café dequalidade, o produtor precisa sercuidadoso, fazendo análise do solopara a adubação correta, cata degrãos maduros, preparação adequa-da do terreiro, seleção dos grãos earmazenamento da maneira certa.

CECÍLIA NAKAO, a “e m b a i x a d o ra ”

O QUE ELES DIZEM

“Dá vontade de ficar aqui”Morador de Tóquio, uma das

maiores cidades do mundo, Hiroyu-ki Kimura disse que ficou encanta-do com a paisagem e a hospitalida-de da população do Caparaó.

“As pessoas que conhecemosnos hotéis, os produtores rurais, to-dos têm um coração grande, sãosimples, amigáveis. Estou impres-sionado. A gente fica até com von-tade de ficar aqui e não voltar maispara o Japão”, disse.

Primeira vez no BrasilPela primeira vez no Brasil, os ir-

mãos Tokunao Anjima, 55, e Tet-suya Anjima, 60, que vieram de Na-goia, terceira maior cidade do Ja-pão, são apaixonados por café.

No ano passado, compraram osgrãos do Caparaó e ficaram anima-dos. “Estamos felizes por ter conhe-cido essa região. Fiquei até emocio-n a d o”, disse Tokunao. Ele começoua trabalhar com café aos 28 anos,quando montou uma cafeteria.

que são vendidos no Japão, comsua foto na embalagem e textos eminglês e japonês.

Em cada propriedade visitada,os japoneses produziram fotos dasfamílias e, sempre que podiam, po-savam ao lado delas. O objetivo écomprovar para seu cliente no Ja-pão de onde o café é colhido.

O café chegou a outros países. Oagricultor José Alexandre Abreu de

D e g u s ta ç ã o> ANTES DE SAIR A CAMPO, o gru-

po recebeu uma aula sobre a re-gião, a cultura local e o processode produção do café.

> CORDIAIS E EDUCADOS, os japo-neses chegam e saem da pro-priedade com discrição. Cum-primentam a todos, conversambaixo. Até fruta no pé só pegamcom autorização.

> UMA MESA foi preparada paraque os empresários pudessemfazer a degustação do café.

Fo t o g ra f i a> COMO OS PAPARAZZI, os japone-

ses registram com suas câme-ras fotográficas e celulares cadamomento: os cafezais, a nature-za, um cãozinho, as famílias.

> PARA ELES, a foto é fundamentalpara o negócio. No Japão ou nossites de suas lojas, eles expõemas fotos das famílias para com-provar a origem do produto.

rentes. Não basta apenas que o cafétenha sabor e qualidade. Eles fa-zem questão de saber quem produ-ziu e de conhecer a cultura local.

Em outras palavras, diz Cecília, osjaponeses querem “beber ” um pou-co da história por trás do café quelevam para casa. Na visita, acompa-nhada por tradutores, os empresá-rios japoneses conversaram com osagricultores e buscaram informa-ções sobre o processo de colheita ebeneficiamento do café.

Para conhecer seus fornecedo-res, os empresários viajaram

18,5 mil quilômetros. Cada umgastou entre R$ 17,7 mil a 21,3 milpelo pacote de nove dias de via-gem, incluindo passagem aérea.

Os japoneses começaram a com-prar café do Caparaó em 2014. Foiquando o empresário Carlos AkioYamaguchi, filho de japoneses, co-nheceu Cecília numa feira do setorem Minas Gerais.

A partir do primeiro contato, elefoi ao Caparaó e adquiriu os primei-ros lotes de café. Até o final do ano,os produtores esperam comerciali-zar no mercado japonês pelo menos150 sacas do produto a preços quevariam entre R$ 600 e R$ 800.

No mercado comum, a saca decafé arábica – espécie produzidano Caparaó – varia de R$ 321 a R$411, segundo o Centro de Comér-cio de Café de Vitória.

“Quem toma café é humano.Quem produz, também. Nossaproposta é ligar essas pessoas,mostrar o lado humano e nãoaquela visão industrial”, diz Akio.

Filho de japoneses e nascido noBrasil, foi ele quem organizou aexpedição. Akio mora em MinasGerais e é presidente da CerradCoffee, que exporta os produtospara o outro lado do planeta.

Curiosidadessobre osjaponeses

Lacerda, 40, se animou ao ver a fotode uma prateleira na Noruega compacotes de café da propriedade desua família, o Sítio Forquilha do Rio.

“A gente fica feliz ao saber quenosso trabalho está sendo reco-nhecido”, disse o produtor, que le-vou os visitantes para conhecer alavoura de café, onde ele e o irmãoAfonso Donizete, 43, foram foto-g ra f a d o s.

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