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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
PREFEITO
Gilberto Kassab
SECRETÁRIA MUNICIPAL DA SAÚDE
Maria Cristina Faria da Silva Cury
de: mai. de 2005 a 11 de out. de 2006
Maria Aparecida Orsini de Carvalho Fernandes
de: 11 de out. de 2006 à publicação deste
COORDENADORA DA ATENÇÃO BÁSICA
Maria de Fátima Faria Duayer
de: abr. de 2006 a 07 de nov. de 2006
Neide Miyako Hasegawa
de: 07 de nov. de 2006 à publicação deste
FICHA TÉCNICA
Projeto gráfico e editoração: Olho de Boi ComunicaçõesImpressão: Uni Repro Soluções para documentosFotos: Rogério Lacanna
Endereços: · ATENÇÃO BÁSICA · CODEPPS - DST/Aids · CRH-G/CEFOR Rua General Jardim nº 36 – República – CEP: 01223-906 – PABX: 3218-4000 · COVISA Rua Santa Isabel nº 181 – Vila Buarque – CEP: 01221-010 – PABX: 3350-6619
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA
GESTÃO DE PROGRAMAS E POLÍTICAS DE
SAÚDE – CODEPPS – ANTERIOR
Silvia Takanohashi
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA
GESTÃO DE PROGRAMAS E POLÍTICAS DE
SAÚDE – CODEPPS – ATUAL
Cassio Rogério Dias Lemos Figueiredo
COORDENAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
– CRH
Marly Hatsuco Kajimoto
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CUIDADOS DOMICILIARES DE SAÚDE GUIA DE APOIO
• CONCEITO E CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE
• NECESSIDADES DE SAÚDE
• O PROCESSO DE TRABALHO DE CUIDAR NO DOMICÍLIO
• ORIENTAÇÕES RELATIVAS AO CUIDADO DAS PESSOAS COM PERDAS FUNCIONAIS E DEPENDÊNCIA
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Coordenação da Atenção Básica
Rua General Jardim, 36 – 8° andar
Tel.: (11) 3218-4045
E-mail: [email protected]
COLABORADORES
Maria Amélia de Campos Oliveira
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDESÃO PAULO
2007
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Ficha Catalográfica
S241c
São Paulo (Cidade). Secretaria da Saúde
Cuidados domiciliares de saúde: guia de apoio./
Secretaria da Saúde. Coordenação da Atenção Básica. São Paulo: SMS, 2007.
80p.
1.Atenção à saúde. 2.Cuidados domiciliares de saúde. 3.Serviços de assistência domiciliar. 4.Manual de serviço. I.Coordenação da Atenção Básica. II.Título.
CDU 614
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É crescente a demanda por cuidados domiciliares de saúde, e são grandes
os esforços dos trabalhadores da rede municipal para provimento desses
cuidados em resposta às necessidades de assistência de pessoas que, de
forma temporária ou permanente, estão incapacitadas para se deslocarem até
os serviços de saúde. A complexidade desta assistência supõe o preparo e a
inclusão dos cuidados domiciliares.
Neste sentido a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenação da
Atenção Básica, coordenou a elaboração do presente guia que foi construído
com a participação dos trabalhadores da rede municipal de saúde, atuantes no
cuidado domiciliar de pessoas com perdas funcionais e dependência, e teve
como ponto de partida a reflexão sobre o trabalho desenvolvido na prestação
desses cuidados.
A Secretaria de Saúde apresenta, com satisfação, este Guia, que visa orientar
a prática dos trabalhadores municipais no provimento de cuidados domiciliares
de saúde.
Coordenação da Atenção Básica
APRESENTAÇÃO
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSPCoordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
01 CONCEITO E CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE ........................12
APRESENTAÇÃO ...................................................................5INTRODUÇÃO .......................................................................9
1.1 - CONCEITOS E BASES LEGAIS .............................................................................. 131.2 - A INSERÇÃO DOS CUIDADOS DOMICILIARES NO SUS ........................................ 141.3 - CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE .............................................................................. 151.4 - HIERARQUIZAÇÃO DOS CUIDADOS ..................................................................... 17
SUMÁRIO00
NECESSIDADES DE SAÚDE ................................................19
O PROCESSO DE TRABALHO DE CUIDAR NO DOMICÍLIO ...24
3.1 - TECNOLOGIAS LEVES .......................................................................................... 253.1.1 - RESPEITO À INDIVIDUALIDADE E À AUTONOMIA ..................................... 263.1.2 - ESCUTA ..................................................................................................... 273.1.3 - ESTABELECIMENTO DE UM VÍNCULO DE CONFIANÇA BASEADO NA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL ................................................................... 28
3.2 - TECNOLOGIAS LEVE-DURAS ................................................................................ 293.2.1 - TECNOLOGIAS RELATIVAS À ASSISTÊNCIA DIRETA À PESSOA COM PERDAS FUNCIONAIS E DEPENDÊNCIA E SEU CUIDADOR .......................... 293.2.2 - TECNOLOGIAS RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS ................... 45
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ORIENTAÇÕES RELATIVAS AO CUIDADO DAS PESSOAS COM PERDAS FUNCIONAIS E DEPENDÊNCIA ....48
INDICAÇÕES E REQUERIMENTOS PARA OXIGENOTERAPIA DOMICILIAR PROLONGADA (OPP) ............................................................................... 49ALGUMAS ORIENTAÇÕES PARA CONTROLE DA DOR ................................................... 49ESTUDO DOS RECURSOS FARMACOLÓGICOS ............................................................. 52PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO ...................................................................... 56CATETERISMO INTERMITENTE ..................................................................................... 56MANIPULAÇÃO DO CATETER URINÁRIO ...................................................................... 56PREPARO DE DIETAS ENTERAIS E HIGIENIZAÇÃO DOS UTENSÍLIOS ........................... 58ONDE SABER SOBRE CUIDADOS COM OSTOMIAS E TRAQUEOSTOMIA ...................... 58HIGIENE ORAL ............................................................................................................. 58ORIENTAÇÕES PARA O DIÁLOGO COM A PESSOA COM DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO ................................................................................ 59ALIMENTAÇÃO DE PESSOAS COM DISFAGIA ............................................................... 60POSICIONAMENTO DA PESSOA NO LEITO ................................................................... 62ORIENTAÇÕES PARA O MANUSEIO DA PESSOA COM DEPENDÊNCIA .......................... 63ORIENTAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DE TRANSFERÊNCIAS POSTURAIS .................... 63ORIENTAÇÕES DE PREVENÇÃO DA OCORRÊNCIA DE PERDAS FUNCIONAIS E DEPENDÊNCIA ..................................................................................... 64ORIENTAÇÕES PARA A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ATIVO .............................. 65
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO .......................66PLANO DE ATENÇÃO ..........................................................67RESUMO DE ALTA DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ..............68FICHA TÉCNICA ..................................................................69INSTRUÇÃO SIASUS ..........................................................70
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................72
INTRODUÇÃO
Os serviços para provimento de cuidados domiciliares de saúde estão em rápida expansão em todo
o mundo. No Brasil são descritas várias experiências de serviços de Assistência Domiciliar, tanto no
setor público como no privado.
No setor público, esses serviços, em sua maior parte vinculados a hospitais, originaram-se de
tentativas de otimização dos leitos e de promoção de uma melhor qualidade de vida às pessoas
com dependência para as atividades da vida diária. Tais serviços respondiam à demanda de
um grupo restrito de pessoas com formas graves de dependência, egressas de uma internação
hospitalar e que tiveram o mérito de demonstrar que é possível realizar, no domicílio e com melhoria
da qualidade de vida, cuidados até então restritos ao ambiente hospitalar.
A implementação de serviços para provimento de cuidados domiciliares de saúde no âmbito do SUS
ainda constitui um grande desafio, apesar do aumento dos serviços de Assistência e Internação
Domiciliares e da aprovação do Estatuto do Idoso pelo Congresso Nacional, em outubro de 2003,
garantindo a esse segmento o acesso a essas modalidades assistentes.
Em São Paulo, nos serviços ligados à Secretaria de Saúde do Município, houve um aumento na
oferta de cuidados domiciliares de saúde, tanto pela implantação do Programa Saúde da Família
(PSF), como pela formação de várias equipes de Assistência Domiciliar (AD) na Atenção Básica,
ligadas às UBS ou a Ambulatórios de Especialidades.
A necessidade de maior sistematização desta modalidade assistencial em expansão na Atenção
Básica no Município de São Paulo justificou a elaboração deste Guia, cuja finalidade é servir de
apoio à prática dos profissionais no provimento de cuidados domiciliares de saúde.
A sua elaboração envolveu trabalhadores da rede municipal de saúde que atuam no cuidado
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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domiciliar de pessoas com perdas funcionais e dependência, em um processo de reflexão
conjunta que revelou conhecimentos e habilidades, relações e sentimentos e formas de agir
desses trabalhadores no seu cotidiano.
Assim, o Guia foi construído a partir de três oficinas realizadas em agosto e setembro de 2003,
que contaram com a participação de 100 profissionais da rede municipal de saúde de São Paulo,
entre os quais médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, odontólogos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e
agentes comunitários de saúde de todas as regiões da cidade e atuando nas equipes do PSF ou
em equipes de Assistência Domiciliar.
Nessas oficinas discutiu-se o processo de trabalho do cuidado domiciliar de pessoas com perdas
funcionais e dependência. O material foi transcrito e reapresentado aos participantes. Reuniões
subseqüentes foram organizadas por categoria profissional para chegar-se a um consenso sobre
as atividades comuns à equipe e sobre as intervenções específicas de cada profissional na
singularidade do cuidado domiciliar e à luz dos conhecimentos técnicos disponíveis. O texto final
foi elaborado coletivamente, incorporando contribuições dos vários trabalhadores. As concepções
sobre o processo de trabalho em saúde de Mehry (1997), orientaram a fundamentação e a
ordenação do material, entre eles:
• O trabalho em saúde é um trabalho vivo, que acontece em ato.
• As práticas de saúde operam tecnologias baseadas no conhecimento científico e nas relações que
se estabelecem entre os trabalhadores e usuários dos serviços de saúde. Essas tecnologias são
classificadas por Mehry (1997) em: leves, que envolvem as relações entre trabalhador e usuário
a exemplo do acolhimento, do vínculo; leve-duras, representadas pelos saberes estruturados,
como a Epidemiologia e a Clínica; e duras, em que são exemplos os equipamentos tecnológicos.
11
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• O “encontro de subjetividades” que acontece no espaço das relações trabalhador / usuário
pode favorecer o desenvolvimento de uma prática em saúde na qual “os Sujeitos reconheçam
e expressem seus interesses e desejos para, em seguida, recompô-los segundo o interesse
e a necessidade de outros, de acordo com o contexto e com as imposições institucionais”
(Campos, 2003).
Essa construção participativa apoiou-se no entendimento de que a prática em saúde produz
conhecimentos que podem ser apropriados e compartilhados pelos próprios trabalhadores.
Segundo Campos (2003), tais conhecimentos podem contribuir para a formação dos vários
sujeitos sociais envolvidos, ampliando a capacidade deles de superar suas próprias limitações e
lidar com aquelas impostas pelas condições do trabalho.
Após isso, no segundo capítulo deste Guia são conceituadas Atenção, Assistência e Internação
Domiciliar. Também é discutida a inserção dos cuidados domiciliares no SUS, apresentando um
critério de elegibilidade para o recebimento desses cuidados e quais as atividades necessárias
para o provimento dos envolvidos. No terceiro capítulo discutem-se necessidades de saúde de
pessoas com perdas funcionais e/ou dependência que orientam as intervenções no cuidado
domiciliar. No quarto capítulo descreve-se o processo de trabalho de cuidar no domínio,
identificando as tecnologias leves e leve-duras, discriminando atividades relativas à assistência
para a pessoa com perdas funcionais e dependência, e à organização do trabalho. No quinto
capítulo apresentam-se algumas orientações voltadas aos profissionais de saúde, referentes ao
cuidado das pessoas com perdas funcionais e dependência.
Fragmentos das falas dos trabalhadores durante as oficinas foram destacados para facilitar a
compreensão, além de dar voz aos participantes.
Coordenação da Atenção Básica
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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CONCEITOS E CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE
12 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
01
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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1.1. Conceitos e bases legais
Dada a existência de controvérsias sobre os
conceitos de Atenção, Assistência e Internação
Domiciliar, adotam-se aqui as definições de
Atenção e Assistência Domiciliar que se encontram
no documento “Diretrizes para Assistência
Domiciliar na Atenção Básica/SUS” (Ministério da
Saúde, 2004).
O termo Atenção Domiciliar é utilizado para
designar o conjunto de ações integradas em
saúde que ocorrem no domicílio são destinadas
à população em geral. Compreende ações
articuladas de vigilância à saúde como visita,
assistência e internação domiciliares.
A Assistência Domiciliar constitui um recorte
da Atenção Domiciliar que ocorre no âmbito da
Atenção Básica, vinculada ou não a equipes de
PSF e destinada a pessoas que tenham sofrido
perdas funcionais e sejam dependentes na
realização de atividades da vida diária. Inserida no
processo de trabalho das equipes de saúde, ela
apresenta as seguintes características:
• Ações sistematizadas, articuladas e regulares;
• Integralidade das ações de promoção,
recuperação e reabilitação em saúde;
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• Trabalho em equipe, utilizando tecnologias de
alta complexidade (dados os conhecimentos
que requer) e baixa densidade, pelo uso de
equipamentos menos sofisticados.
Apesar da grande variedade de definições
encontradas na literatura, adota-se aqui o conceito
de Internação Domiciliar como uma modalidade
assistencial capaz de prover atenção e cuidados
de saúde a pacientes em seu domicílio, com as
mesmas características da assistência hospitalar
– tanto em quantidade quanto em qualidade
– quando tais pacientes já não precisam da infra-
estrutura hospitalar, mas necessitam de vigilância
ativa e assistência complexa (Cotta, 2001).
A Assistência e a Internação Domiciliar viabilizam
cuidados domiciliares de saúde, compreendendo
atos e relações que acontecem no domicílio,
envolvendo paciente, familiares e equipe de
saúde, com a finalidade de promover a inclusão,
a melhoria da qualidade de vida e a preservação
ou recuperação da saúde do paciente por meio
da disponibilização direta ou referenciada dos
recursos materiais e humanos necessários à sua
condição de saúde.
Várias foram as iniciativas com o objetivo de
regulamentar as práticas de Assistência e
Internação Domiciliar no território nacional:
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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• Portaria número 2.416 de 23 de março de
1998, do Ministério da Saúde, que estabeleceu
requisitos para credenciamento de Hospitais
e critérios para a realização de Internação
Domiciliar no SUS;
• Decisão COREN-SP-DIR/006/1999 que dispõe
sobre a regulamentação das empresas
que prestam serviços de Atendimento de
Enfermagem Domiciliar, home care;
• Lei 10.424 de 16 de abril de 2002, que
acrescentou o Atendimento e a Internação
Domiciliares no SUS à Lei Orgânica da Saúde;
• Portaria nº 249 de 16 de abril de 2002, da SAS/
MS, que estabeleceu a Assistência Domiciliar
como uma modalidade assistencial a ser
desenvolvida pelo Centro de Referência em
Assistência à Saúde do Idoso;
• Resolução do Conselho Federal de Medicina
CFM nº 1688/2003 que dispõe sobre normas
técnicas necessárias à Assistência Domiciliar,
definindo as responsabilidades do médico,
hospital, empresas públicas e privadas, e
a interface multidisciplinar nesse tipo de
assistência;
• Portaria número 520 de 25 de março de 2004,
do Ministério da Saúde, que instituiu um Grupo
de Trabalho para elaborar proposta de política
de atenção domiciliar no âmbito do SUS;
• Resolução RDC nº 11 de 26 de janeiro de
2006 da ANVISA. Dispõe sobre o Regulamento
Técnico de Funcionamento de Serviços que
prestam Atenção Domiciliar.
1.2. A inserção dos cuidados domiciliares no SUS
O Grupo de Estudos sobre Cuidados Domiciliares
constituído pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomenda que os cuidados domiciliares de
saúde integrem a Atenção Primária aos países em
desenvolvimento (WHO, 2000).
Segundo Cotta, et al (2001), os cuidados
domiciliares compreendem a internação
domiciliar e a assistência desenvolvida pelas
equipes da Atenção Primária. A Internação
Domiciliar deve ter caráter transitório, enquanto
a vigilância e o acompanhamento longitudinal
no domicílio devem ser de responsabilidade dos
serviços da Atenção Primária.
Assim sendo, os serviços de Assistência Domiciliar
dirigidos a pessoas com perdas funcionais e
dependência devem integrar a Atenção Básica no
SUS. Cabe salientar que ações de inclusão social
e promoção da saúde, que são as finalidades
desses cuidados, requerem o compartilhamento
de responsabilidades entre os vários setores
governamentais e ações intersetoriais.
15
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Algumas pessoas com quadros clínicos mais
graves exigem cuidados de maior complexidade
que superam aqueles que podem ser oferecidos
pela Atenção Básica, mas que não necessitam
obrigatoriamente da infra-estrutura hospitalar.
Tais pessoas devem ser assistidas por serviços
de Internação Domiciliar, que devem contar com
equipes multiprofissionais próprias e com a
retaguarda de uma unidade hospitalar para garantir
o atendimento das intercorrências e o fornecimento
do atestado para o óbito que ocorrer na residência.
1.3. Critério de elegibilidade
A finalidade do provimento de cuidados
domiciliares de saúde a pessoas funcionalmente
incapacitadas e com dependência é ampliar o
acesso aos serviços e aos cuidados de saúde,
mediante a ação conjunta e integrada da família,
da sociedade organizada e do Estado, de forma a
viabilizar a esses indivíduos a melhor qualidade de
vida e o maior grau de independência possíveis,
incentivando a autonomia, a participação social, a
dignidade e a solidariedade humana (WHO, 2000).
Pensar a implementação de cuidados domiciliares
no SUS implica garantir acesso a esses cuidados
a todos que dele necessitem dentro dos princípios
da universalidade, integralidade e equidade. Muitas
pessoas demandam cuidados domiciliares por
estarem incapazes de utilizar o transporte público
e a solução para este problema não pode ser
simplesmente o atendimento no domicílio. Isso
ampliaria enormemente a clientela ao invés de
reconhecer a necessidade de adequar o espaço
urbano e o sistema de transporte às mudanças
ocorridas na população.
Assim, a definição de um critério de elegibilidade
é de fundamental importância quando se pensa o
provimento desses cuidados frente a necessidades
crescentes e recursos limitados. Esse critério
deve permitir o acesso equânime das pessoas a
serem beneficiadas, de forma que todas aquelas
que apresentarem as mesmas condições terão
as mesmas possibilidades de acesso a cuidados
de saúde. A ausência de critérios de elegibilidade
remete ao profissional que atua nos serviços a
decisão sobre quem terá acesso a este tipo de
cuidado. Isso implica o risco de ampliar o número
de admissões no serviço sem disponibilidade de
recursos. E também o risco de conflitos éticos para
o profissional que, face à insuficiência de recursos,
deixará de incluir no serviço pessoas que dele
tenham maior necessidade.
Segundo a OMS (WHO, 2000), a população
que necessita de cuidados domiciliares inclui
portadores de doenças crônicas, transmissíveis
ou não, como tuberculose, câncer e moléstias
cardiovasculares; portadoras de deficiências
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
16 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
físicas ou sensoriais, independente da etiologia
destas; pessoas portadoras do HIV ou com
AIDS; pessoas incapacitadas definitiva ou
temporariamente devido a acidentes por causas
externas ou outras; portadores de doenças mentais
e também os cuidadores das pessoas acima
identificadas. O critério de elegibilidade para o
recebimento de cuidados domiciliares de saúde
deve basear-se no grau de incapacidade funcional,
independentemente da patologia que causou a
dependência ou do grupo etário (WHO, 2000).
Propõe-se adotar como critério de elegibilidade
para o recebimento de cuidados de saúde no
domicílio, o grau de incapacidade funcional para
as Atividades da Vida Diária definido com base na
Escala de Avaliação da Incapacidade Funcional
da Cruz Vermelha Espanhola (Papaléu Netto,
1999) e hierarquizar os cuidados domiciliares em
três níveis de cuidados domiciliares – de primeiro,
segundo e terceiro nível –, de acordo com
atividades a serem desenvolvidas na prestação
de cuidados.
Escala de Avaliação da Incapacidade Funcional da Cruz Vermelha Espanhola:
Grau 0 - Vale-se totalmente por si mesmo. Caminha normalmente.
Grau 1 - Realiza suficientemente as Atividades da Vida Diária (AVD). Apresenta
algumas dificuldades para locomoções complicadas.
Grau 2 - Apresenta algumas dificuldades nas AVD, necessitando apoio
ocasional. Caminha com ajuda de bengala ou similar.
Grau 3 - Apresenta graves dificuldades nas AVD, necessitando de apoio em
quase todas. Caminha com muita dificuldade, ajudado por pelo menos
uma pessoa.
Grau 4 - Impossível realizar, sem ajuda, qualquer das AVD. Capaz de caminhar
com extraordinária dificuldade, ajudado por pelo menos duas pessoas.
Grau 5 - Imobilizado na cama ou sofá, necessitando de cuidados contínuos.
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSPCoordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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1.4. Hierarquização dos cuidados
Cuidados domiciliares de primeiro nível
São elegíveis para esse nível de cuidado, as
pessoas com graus 1 ou 2 de Incapacidade
Funcional para as Atividades da Vida Diária,
definidos com base na Escala de Avaliação
da Incapacidade Funcional da Cruz Vermelha
Espanhola. Essas pessoas devem estar vinculadas
a uma unidade ambulatorial e não é obrigatório
que disponham de cuidador no domicílio.
Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica
que necessitam de oxigenoterapia domiciliar
prolongada, por exemplo, são elegíveis para este
nível de cuidado.
Os cuidados domiciliares de primeiro nível
abrangem as seguintes atividades:
• Avaliação das condições do domicílio com o
objetivo de identificar riscos ambientais;
• Educação para o autocuidado, que deverá
ser realizada na Unidade de Saúde à qual o
paciente está vinculado;
• Oferta de materiais e medicamentos
imprescindíveis ao provimento dos cuidados.
Cuidados domiciliares de segundo nível
São elegíveis para esse nível de cuidado, as
pessoas com grau 3 de Incapacidade Funcional
para as Atividades da Vida Diária, definido com
base na Escala de Avaliação da Incapacidade
Funcional da Cruz Vermelha Espanhola. Essas
pessoas devem estar vinculadas a uma unidade
ambulatorial e dispor, obrigatoriamente, de um
cuidador, mas não necessariamente durante as 24
horas do dia. As pessoas com limitação motora
devido a seqüelas de acidente vascular cerebral
(AVC) ou de osteoartrose são exemplos importantes
de pessoas elegíveis para este nível de cuidados.
Os cuidados domiciliares de segundo nível
abrangem as seguintes atividades:
• Monitoramento domiciliar, com periodicidade
mínima de 6 meses;
• Educação para o autocuidado;
• Oferta de materiais e medicamentos
imprescindíveis ao provimento dos cuidados;
• Apoio e treinamento do cuidador;
• Prestação de cuidados de enfermagem
eventuais no âmbito domiciliar como coleta de
exames laboratoriais, controle de dados vitais,
troca de cateteres ou outros.
A assistência médica para essas pessoas deverá
ser realizada no serviço de saúde. Quando, para
o acompanhamento clínico, houver necessidade
de consultas médicas com intervalos inferiores a
30 dias, deverá ser avaliada a necessidade desse
paciente de receber cuidados domiciliares de
terceiro nível.
Cuidados domiciliares de terceiro nível
São elegíveis para esse nível de cuidados,
as pessoas que apresentam graus 4 ou 5 de
lncapacidade Funcional para as Atividades da Vida
Diária, definidos com base na Escala de Avaliação
da Incapacidade Funcional da Cruz Vermelha
Espanhola. Essas pessoas devem dispor de um
cuidador no domicílio em tempo integral e devem
estar vinculadas a uma unidade ambulatorial ou a
uma equipe de Internação Domiciliar, dependendo
de sua condição clínica. Por exemplo, pessoas com
seqüela de AVC, restritas ao leito e clinicamente
estáveis, são elegíveis para esse nível de cuidados,
que devem ser realizados pelas equipes do PSF
ou pelos serviços da Atenção Básica. Pessoas
com rebaixamento do nível de consciência, com
traqueostomia e necessidade de aspiração
freqüente de secreções respiratórias, devem estar
vinculadas a uma equipe de Internação Domiciliar
para permitir visitas com intervalos menores,
viabilização de cuidados mais especializados e
atendimento às intercorrências clínicas.
Os cuidados domiciliares de terceiro nível
abrangem as seguintes atividades:
• Cuidados médicos, de enfermagem e outros
necessários à recuperação e preservação da
saúde no domicílio;
• Apoio e treinamento do cuidador;
• Garantia de transporte até o serviço hospitalar
referenciado, quando necessário;
• Oferta dos insumos imprescindíveis ao
provimento dos cuidados;
• Garantia de atendimento às intercorrências
clínicas e atestado para o óbito que ocorrer no
domicílio, nos casos de Internação Domiciliar.
Os cuidados domiciliares de saúde podem ser uma
alternativa assistencial para as pessoas com perdas
funcionais e dependência desde que os cuidados
necessários possam ser realizados no domicílio e
que o suporte familiar permita a realização desses
cuidados com qualidade. Assim, pobreza extrema,
a ausência de um cuidador e demais fatores podem
inviabilizar a prestação dessa assistência; assim
como a moradia em local muito íngreme pode obrigar
a prestação de cuidados de terceiro nível a pessoas
com graus mais leves de incapacidade funcional.
18 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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NECESSIDADES DE SAÚDE
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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O cuidado no domicílio tem como objeto de
trabalho as necessidades de saúde das pessoas
com perdas funcionais e dependência, e de
seus cuidadores. As teorias sobre necessidades
humanas e seus esquemas interpretativos auxiliam
a compreensão das mesmas.
Segundo Heller (1986), as necessidades podem
ser classificadas em necessidades existenciais
e necessidades propriamente humanas. As
primeiras referem-se à manutenção da vida, como
alimentação, reprodução, abrigo e proteção. As
segundas dizem respeito à realização humana,
liberdade, independência, capacidade de criar,
enfim, a efetivação das possibilidades humanas.
Para Melo-Filho (1995), as necessidades de saúde
situam-se entre as necessidades existenciais e
aquelas propriamente humanas.
Segundo Cecílio (2001), as necessidades de
saúde podem ser classificadas em quatro grandes
conjuntos. O primeiro refere-se às condições
de vida, que condicionam diferentes problemas
de saúde. O segundo, ao acesso e consumo
de tecnologias de saúde capazes de melhorar
e prolongar a vida. O terceiro, à construção de
vínculos com os profissionais de saúde, o que
significa “o estabelecimento de uma relação
contínua no tempo, pessoal e intransferível,
e calorosa: encontro de subjetividades”. O
quarto conjunto faz referência à autonomia e à
necessidade dos sujeitos de construírem seu
próprio modo de vida.
Labonte (1996) propõe uma representação
gráfica para as dimensões da saúde e do bem-
estar, que constituem o campo de ação da
Promoção da Saúde.
FIGURA 1: Dimensões da Saúde e do bem-estar
FÍSICA
Energia vital
MENTAL
Bem estar
SOCIAL
Propósito da vida
Relações sociais
Fonte: Labonte, R.
21
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Aplicada às necessidades de saúde, essa
representação permite identificar necessidades
físicas que se referem à manutenção da vida;
necessidades emocionais, à atribuição de
significados e propósitos para a vida; e sociais, ao
estabelecimento de relações sociais significativas.
A prática profissional em saúde está voltada para
o atendimento de necessidades relacionadas a
essas dimensões da existência humana, visando a
promoção da saúde e do bem-estar.
A análise da prática dos profissionais que prestam
cuidados domiciliares de saúde aos serviços
municipais, ofereceu novos elementos para a
compreensão das necessidades de saúde das
pessoas com perdas funcionais e dependência.
Embora essas necessidades sejam peculiares a
todos os seres humanos, as pessoas com perdas
funcionais e dependências, devido a suas próprias
limitações inerentes a cada caso e na dependência
da oferta de elementos facilitadores, apresentam
relativamente maiores dificuldades na satisfação
dessas necessidades.
Na dimensão física, as necessidades de
manutenção da vida têm sua satisfação afetada
pelas perdas funcionais e pela dependência do
auto-cuidado. Na dimensão emocional relativa
ao sujeito, aos significados e aos propósitos
que ele atribui à própria vida, as necessidades
são modificadas pelo sofrimento decorrente da
perda da independência, levando à busca de re-
significação da própria vida. Na dimensão social,
as necessidades de interação são afetadas pela
alteração dos papéis assumidos na família e na
comunidade em decorrência da doença, pela
perda da autonomia, isto é, a perda da capacidade
de gerir o próprio cotidiano.
Esse conjunto de necessidades direciona uma
prática profissional voltada para a “equiparação de
oportunidades” e para a inclusão das pessoas com
perdas funcionais e dependência.
21
Outra aproximação das necessidades de saúde
das pessoas com perdas funcionais e dependência
foi proporcionada pelo estudo que caracterizou
o perfil dessas pessoas em relação às atividades
da vida diária (AVD) na população da área de
abrangência do PSF do município de São Paulo e
identificou as causas da incapacidade (Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo, 2004.).
No período de janeiro a junho de 2003, foram
coletados pela equipes de PSF os seguintes
dados: identificação das pessoas com perdas
funcionais e dependência; grau de incapacidade
funcional para as Atividades da Vida Diária (AVD)
segundo a Escala de Avaliação de Incapacidade
Funcional da Cruz Vermelha Espanhola; patologia
que causou a incapacidade segundo a Lista
de Tabulação para Morbidade da CID 10;
utilização de oxigênio no domicílio; presença de
úlceras de pressão, sondas para alimentação, e
traqueostomia para aspiração de secreções.
A população estudada foi de 1.574.961 pessoas,
tendo sido identificadas 7.987 pessoas com
Equiparação de oportunidades, de acordo com as Normas de Equiparação de Oportunidades
para Pessoas com Deficiência (ONU, 1993), é o processo pelo qual os diversos sistemas
da sociedade, informações e documentação são tornados disponíveis para todos e,
particularmente, para pessoas com deficiência. Os requisitos para a igualdade de participação
são a conscientização dos direitos, a acessibilidade à informação e ao ambiente físico, a oferta
de serviços na área da saúde, educação, assistência social, transporte, meio urbano, lazer,
cultura, esportes, ou seja, em todos os setores da vida em sociedade, incluindo sistemas de
apoio como tecnologia assistiva, atendentes pessoais, intérpretes etc.
E inclusão é o processo de co-responsabilidade através do qual as pessoas excluídas
(deficientes ou não) e a sociedade buscam em parceria melhorar suas condições, equacionar
problemas, e decidir sobre propostas e ações visando garantir a participação de todos. Uma
sociedade inclusiva equaliza as oportunidades para que todos os seus cidadãos cumpram
seus deveres e se beneficiem dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de
desenvolvimento, enriquecendo-se com a diversidade e com a somatória de distintos potenciais
individuais, respeitando as diferenças em sua amplitude máxima.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, 2002.
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
22 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
incapacidades, 4.776 mulheres e 3.211 homens,
das quais 64,7% tinham 60 anos ou mais. Do
total das pessoas com perdas funcionais e
dependência, 2.672 (34,9%) foram classificadas
nos graus 4 e 5 da escala usada, ou seja, eram
totalmente dependentes para as AVD. Dentre
pessoas totalmente dependentes, 57,0% eram
idosos. Dentre as mulheres com formas graves
de incapacidade, 65,8% eram idosas, enquanto,
entre os homens, a proporção de idosos foi de
46,6%, evidenciando um contingente expressivo
de homens com idade menor que 60 anos e com
formas graves de incapacidade e dependência.
Verificou-se que apenas 8,3% das pessoas com
formas graves de incapacidade apresentavam
úlceras de pressão, que somente 2,9% utilizavam
sonda para a alimentação e que apenas 1,5%
eram portadores de traqueostomia para aspiração
de secreções respiratórias, sugerindo que os
insumos materiais e os procedimentos clínicos
para o acompanhamento das pessoas com perdas
funcionais e dependência são compatíveis com a
assistência oferecida pela Atenção Básica.
As duas principais patologias que causaram formas
graves de incapacidade e dependência na população
em estudo foram o Acidente Vascular Cerebral, a
paralisia cerebral – a primeira entre os idosos e a
segunda entre pessoas com menos de 60 anos
– entre outras síndromes paralíticas. Esses problemas
de saúde evidenciam necessidades relacionadas à
perda de autonomia e de interação social.
Verifica-se, portanto, que as necessidades de
saúde das pessoas com perdas funcionais e
dependência compõem um conjunto amplo que
inclui desde necessidades de cuidados de saúde
capazes de melhorar a qualidade e prolongar a
vida, até necessidades de autonomia e de exercício
da cidadania.
Algumas dificuldades para a satisfação dessas
necessidades advêm de restrições de mobilidade
que dificultam ou mesmo impedem o acesso
dessas pessoas aos serviços de saúde e demais
equipamentos sociais disponíveis no espaço
urbano, como áreas de lazer, escolas etc.
Políticas públicas voltadas à acessibilidade e
mobilidade nos espaços públicos (CPA/SEHAB,
2003), incluindo um sistema de transporte capaz
de garantir o deslocamento de todos os indivíduos
com segurança e autonomia, viabilizariam
oportunidades para a utilização dos serviços de
saúde pelas pessoas com restrições de mobilidade.
Entretanto, indivíduos totalmente dependentes
para as AVD, restritos ao leito, não conseguirão
deslocar-se com segurança de sua residência até
os serviços disponíveis mesmo com um sistema
de transporte eficaz e seguro. Para essas pessoas,
os cuidados domiciliares são uma resposta para
algumas de suas necessidades de saúde.
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP24 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
O PROCESSO DE TRABALHO DE CUIDADO EM DOMICÍLIO
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03
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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O conteúdo relativo ao processo de cuidado em
domicílio foi construído com a participação de
profissionais da rede municipal de saúde de São
Paulo, a partir do material produzido nas oficinas e
reuniões realizadas para a elaboração deste Guia,
tendo por base a prática diária no cuidado domiciliar
de pessoas com perdas funcionais e dependência.
Nesse trabalho, os profissionais devem atuar nas
várias dimensões das necessidades humanas,
desenvolvendo um vínculo de confiança com
a pessoa e seus familiares, embasado no
compromisso ético estabelecido entre os envolvidos.
O material resultante das oficinas e reuniões
realizadas foi ordenado e agrupado em tecnologias
leves e leve-duras, segundo a conceituação
proposta por Mehry - Mehry (1997).
3.1. Tecnologias leves
Profissionais de saúde, pessoas com perdas
funcionais e dependência, cuidadores e demais
familiares compartilham preocupações e
responsabilidades, estabelecendo relações no
processo do cuidado. Tais relações, identificadas
pelos profissionais, foram designadas como
tecnologias leves e reunidas em respeito à
individualidade e à autonomia da pessoa cuidada,
com escuta e estabelecimento de vínculo de
confiança baseado na responsabilidade profissional.
(Falas dos profissionais nas oficinas).
“Ter bom senso, iniciativa e criatividade para
resolver situações inesperadas, enfrentar
adversidades e administrar conflitos.”
“A criatividade tem como limite a
responsabilidade profissional e é necessário
buscar estratégias para sair da improvisação.”
“O cuidado no domicílio promove uma
transformação no trabalhador frente ao
problema do outro, o que demanda a revisão
de conceitos, posturas e, em especial, juízos
pré-concebidos.”
“Há necessidade de trabalhar a consciência
dos seus próprios limites, ter disposição e
humildade para aprender continuamente.”
(Falas dos profissionais nas oficinas).
“Apresentar-se”;
“Solicitar permissão para entrar no domicílio”;
“Solicitar permissão para o toque”;
“Oferecer seu trabalho”.
O cuidado domiciliar visa produzir uma melhor
qualidade de vida para pessoas com perdas
funcionais e dependência e para seus cuidadores,
minimizando as desvantagens decorrentes da
doença ou incapacidade.
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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3.1.1. Respeito à individualidade e à autonomia
Para possibilitar o cuidado domiciliar é necessária
uma atitude de respeito diante da pessoa e do
seu domicílio. Deve-se respeitar a dinâmica e os
valores da pessoa e de sua família, bem como
suas crenças, sua cultura e seus conhecimentos,
reconhecendo sua individualidade e autonomia.
No relacionamento e nas atividades desenvolvidas
no cuidado domiciliar, deve-se:
• Ter uma atitude de disposição para transmitir
conhecimentos, compartilhando saberes e
tornando a pessoa e seu cuidador
co-responsáveis pelo tratamento;
• Estar atento para controlar a tendência à excessiva
intervenção profissional que pode impedir o
exercício da autonomia da pessoa cuidada;
• Respeitar a liberdade individual e os valores
do outro;
• Abster-se de julgamentos;
• Ter sensibilidade para perceber e valorizar as
potencialidades da pessoa e não apenas os
seus limites;
• Informar em linguagem simples e ‘dar
significados’ ao que vai ser feito;
• Procurar promover a autonomia da pessoa e
o máximo de independência possível para o
momento, favorecendo assim sua auto-estima;
• Permitir e valorizar sua participação e de sua
família nas decisões referentes ao cuidado;
• “Investir” na capacidade da família em buscar
soluções.
Deve-se orientar o cuidador a realizar as atividades
cotidianas respeitando a autonomia da pessoa,
solicitando sua participação e colaboração.
Quando a pessoa cuidada não estiver consciente,
os cuidados devem ser realizados visando evitar a
dor e promover o conforto.
26 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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3.1.2. Escuta
A escuta pode diminuir o sofrimento humano,
angústias e ansiedades, criando oportunidades
para que a pessoa cuidada possa re-significar seu
sofrimento, compreender e elaborar a situação
gerada pela doença. A escuta implica estar aberto,
em não aplicar conceitos pré-estabelecidos, em
estar atento aos momentos de tensão e conflito.
“Os profissionais, quando chegam,
querem intervir, colocar tudo na devida
ordem, ‘o alcoólatra não vai beber, vão
fazer curativo assim etc.’”
“Ter uma atitude de tolerância frente às
escolhas do outro.”
“Agir sem discriminação.”
“Não julgar, aceitar o outro.”
“É necessário sensibilidade para
perceber as condições de vida do
paciente e estabelecer uma linguagem
acessível que possibilite a comunicação
e o diálogo entre equipe e paciente.”
“Desenvolver o autocuidado, porque
promover a autonomia significa
(re)integrar o paciente na família,
retirá-lo da condição de doente para a
condição de pessoa.”
(Falas dos profissionais nas oficinas).
“Ajudar o paciente a trabalhar
o sofrimento da situação
de confinamento, da saída
do mundo do trabalho,
do grupo de amigos e da
comunidade, da passagem
da independência apara a
dependência, a suportar a
doença e suas vicissitudes,
a lidar com a inversão
de papéis, as interdições
impostas pela família.”
(Falas dos profissionais nas oficinas).
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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3.1.3. Estabelecimento de um vínculo de
confiança baseado na responsabilidade
profissional
Para o sucesso da intervenção profissional, é
necessária a formação de vínculo de confiança
entre o profissional, a pessoa com perda funcional
e dependência, e seu cuidador. Esse vínculo deve
ter por base a responsabilidade profissional. É
importante distinguir a intervenção profissional da
amizade. O profissional deve estabelecer limites
para sua atuação, ter cautela para não assumir
papéis que são da família, ter discernimento para
identificar as reais necessidades da pessoa e
de seus familiares e também as emoções que a
situação mobiliza tanto na pessoa como neles
próprios. Deve reconhecer-se também o cuidador,
embora sejam distintas as ações que cabem aos
profissionais e aos familiares.
Para o estabelecimento desse vínculo, é necessário
manter diante da pessoa e de sua família
uma atitude acolhedora expressa pela escuta,
compreensão e comprometimento. Uma vez
depositário das informações e confidências, manter
sigilo profissional. (Falas dos profissionais nas oficinas).
“Olhar nos olhos.”
“O profissional deve demonstrar
interesse e disposição para falar
e ouvir, dentro de uma relação
profissional. Essa disposição não
pode ser nada forçada.”
“Saber escutar o outro, saber
enxergar o que é mostrado.”
“Compreender as situações
do dia a dia, sem negar o
sofrimento do paciente e de
seus familiares. Reconhecer e
valorizar a necessidade, o pedido,
a queixa principal do paciente,
mesmo que a nosso ver não seja
o mais importante, considerar
suas expectativas e reações aos
resultados das intervenções.”
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3.2. Tecnologias leve-duras
As tecnologias leve-duras dizem respeito aos
saberes estruturados das diversas áreas da saúde.
Serão descritas:
• Tecnologias relativas à assistência direta às
pessoas com perdas funcionais e dependência
e seus cuidadores;
• Tecnologias relativas à organização das rotinas
do serviço.
3.2.1. Tecnologias relativas à assistência
direta à pessoa com perdas funcionais e
dependência e seu cuidador
O cuidado domiciliar realizado em equipe
multiprofissional envolve uma série de atividades
realizadas por todos os membros da equipe,
dirigida a objetivos comuns e voltada para a
melhoria da qualidade de vida das pessoas
com perdas funcionais e dependência, bem
como dirigida ao fortalecimento da equipe
multiprofissional. Essas atividades compreendem:
• Leitura técnica das necessidades de saúde da
pessoa cuidada e seu cuidador, do ambiente
familiar e social e dos recursos institucionais e
assistenciais disponíveis;
• Elaboração, implementação e avaliação de um
plano de cuidados;
• Identificação de recursos institucionais e da
comunidade para viabilizar ações de promoção
da saúde e inclusão social;
• Criação de espaços que possibilitem à equipe
multiprofissional o diálogo, o apoio mútuo e
o fortalecimento de cada um encarado como
sujeito, conferindo sentido e valor ao trabalho
coletivo embasado em princípios éticos.
Esse trabalho possibilita compartilhar saberes,
incorporar novos conhecimentos e habilidades,
ampliando a capacidade dos profissionais
de compreender e intervir sobre a realidade,
construindo novas competências profissionais
próprias dessa modalidade assistencial.
Esses conhecimentos e habilidades vão possibilitar
aos profissionais da equipe o desenvolvimento
de um olhar para a pessoa e seu cuidador,
considerando suas necessidades de saúde, o
ambiente em que vivem e o contexto das relações
familiares e sociais. Também possibilitará avaliar
riscos, dar orientações gerais e identificar a
necessidade de intervenções específicas, que são
atribuições exclusivas de um ou outro membro da
equipe, dependendo do aspecto considerado.
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP30 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
No cuidado domiciliar de pessoas com perdas funcionais e dependência e seus cuidadores, todos os
profissionais da equipe de saúde devem observar:
O estímulo das funções e capacidades não afetadas pela doença:
Identificar as funções não afetadas pela doença e estimular a pessoa e seu cuidador a exercitá-las, principalmente em relação às atividades da vida diária (alimentar-se sozinho, pentear-se, participar do banho), estimulando assim a independência, o autocuidado e, ao mesmo tempo, preservando a autonomia da pessoa cuidada. Resgatar e estimular a realização de atividades prazerosas.
A adaptação do ambiente em que vive:
Avaliar o espaço físico em relação à circulação, nível de ruídos, iluminação e ventilação. Orientar medidas para a prevenção de quedas, como retirada de tapetes e de objetos que possam impedir o trânsito.
As formas de comunicação com sua família:
Estabelecer formas de comunicação com a pessoa cuidada, perceber como ela se relaciona com a família e colaborar na identificação de novas possibilidades.
O convívio familiar e social:
Estimular a família a incluir a pessoa nas atividades cotidianas da casa e no lazer, estimulando-a a permanecer períodos fora do quarto para evitar o isolamento e facilitar o convívio social.
Higiene pessoal e do ambiente domiciliar:
Perceber as condições de higiene pessoal e do ambiente em que vive, os riscos que a ausência dessas condições podem trazer tanto para a pessoa como para seus cuidadores, especialmente em relação à manipulação dos objetos de higiene pessoal (comadres e uripen) e descarte do material contaminado.
A oferta e a aceitação de alimentos:
Observar a oferta de alimentos segundo a dieta prescrita, o posicionamento e a presença de tosse ou engasgos durante a alimentação para prevenir os riscos ou detectar a ocorrência de bronco-aspiração.
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As necessidades de treinamento e de apoio ao cuidador:
Orientar, instrumentalizar e apoiar o cuidador. Oferecer orientações relacionadas ao cuidado e referentes à preservação de sua própria saúde. São exemplos dessas orientações as posturas que devem ser adotadas durante a manipulação da pessoa, a realização de exercícios de alongamento, a necessidade de estabelecer um horário de descanso, de dividir tarefas com outros membros da família e de participar de atividades de lazer. É importante a organização de atividades grupais para apoio aos cuidadores.
O conforto e a manipulação da pessoa:
Observar a posição em que a pessoa se encontra no leito, as medidas adotadas para a prevenção de úlceras de pressão, o modo como são realizadas as transferências (como, por exemplo, do leito para a cadeira) visando diminuir o risco de deformidades, preservar a funcionalidade e diminuir a ocorrência de complicações.
Os sinais de piora:
Toda a equipe deve estar atenta para novas queixas e sinais em relação à pessoa cuidada, a mudanças na aceitação de alimentos, no comportamento, no padrão de sono, o que possibilita a vigilância do seu estado de saúde e a informação do agravamento do quadro clínico ao médico que assiste a pessoa.
Os direitos da pessoa e seu cuidador como cidadãos:
Todos os profissionais devem ter conhecimento dos direitos e benefícios sociais relativos às pessoas com perdas funcionais, buscando alternativas para assegurá-los.
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Destacam-se a seguir algumas intervenções dos
vários profissionais que podem compor uma
equipe de cuidados domiciliares. Tais intervenções
são significativas para a assistência das pessoas
e para o trabalho em equipe nesta modalidade
assistencial. Não se pretende neste Guia descrever
as atribuições já consagradas dos profissionais
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem,
agentes comunitários de saúde, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos,
psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e
odontólogos; e de forma nenhuma pretende-se
reduzir a atuação profissional às intervenções
citadas. A intenção é propor um olhar além do
óbvio, que permita a todos que atuam no cuidado
domiciliar ampliar seu campo de visão.
Decidiu-se incluir as atribuições de todos esses
profissionais, mesmo sabendo que a maioria
das equipes do Programa Saúde da Família e de
Assistência Domiciliar da rede municipal de São
Paulo não conta com a retaguarda dos mesmos.
Essa opção visa mostrar possibilidades ampliadas
de cuidado e contribuir para que cada trabalhador
redimensione suas expectativas em relação à sua
própria intervenção, ao reconhecer os diferentes
focos de ação dos demais.
Médico
Destacam-se as seguintes intervenções em relação
ao cuidado das pessoas com perdas funcionais e
dependência:
• Informar sobre a condição de saúde da pessoa
cuidada:
Esclarecer para a pessoa e seus familiares
sobre a sua situação de saúde, a evolução
esperada de sua doença ou condição, os sinais
de piora do quadro clínico e as medidas a
serem tomadas nessa situação.
• Fornecer o atestado para o óbito que ocorrer no
domicílio:
O serviço deve se responsabilizar pelo
preenchimento do atestado de óbito das pessoas
que falecerem no domicílio, no horário de
funcionamento do serviço, e compete ao médico
o fornecimento dessa declaração de acordo
com a legislação em vigor. “É vedado ao médico
deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha
prestando assistência, exceto quando houver
indícios de morte violenta” (artigo 115 do Código
de Ética Médica).
Devendo: Fora do horário de funcionamento da
Unidade de acompanhamento, a família deverá
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
se dirigir à Delegacia de Polícia mais próxima de
sua residência para providências do Atestado
de Óbito.
• Acompanhar pessoas em oxigenoterapia
domiciliar prolongada:
O uso prolongado de oxigênio no domicílio,
na ausência de outras condições que causem
formas mais graves de dependência, não
é motivo para que a consulta médica seja
realizada no domicílio. Mas, como pode
acontecer que pessoas cuidadas em domicílio
utilizem oxigênio, apresentam-se as indicações
de oxigenoterapia domiciliar prolongada,
segundo consenso da Sociedade Brasileira de
pneumologia e Tisiologia na página 49.
• Controlar a dor:
A dor é definida como uma experiência
sensorial e emocional desagradável, associada
a um dano tecidual existente ou potencial. A
percepção da dor é independente do dano.
Por ser uma sensação subjetiva é determinada
por muitos fatores como a lesão que a
origina, o impacto emocional que produz, os
sentimentos já experimentados em outras
ocasiões, a personalidade de quem padece e
as circunstâncias em que está vivendo cada
indivíduo. A complexidade dessa percepção
é modificada por variáveis biológicas e
socioculturais do indivíduo e do meio.
Dra. Cecily Saunders, uma das fundadoras do
St. Christopher Hospice na Inglaterra, em 1967,
introduziu o conceito de ‘Dor Total’ constituída
pelos componentes: físico, mental, social
e espiritual. Portanto, o alívio da dor não é
alcançado sem considerar todos
esses aspectos.
O médico deve conhecer, além da farmacologia
clínica dos analgésicos, a dinâmica da dor
e as necessidades da pessoa cuidada e de
seus familiares. A dor adequadamente tratada
melhora a condição clínica da pessoa, sua
satisfação, diminui o sofrimento, contribui
para uma melhor qualidade de vida e reduz
os custos relacionados aos cuidados. O
tratamento para a dor deve ser iniciado mesmo
antes do conhecimento de sua causa. Algumas
orientações para o tratamento da dor são
apresentadas entre as páginas 49 a 55.
• Desbridar feridas:
É desejável que o desbridamento mecânico de
pequenas feridas seja feito no domicílio. Essa
decisão deverá ficar a cargo do profissional,
que deverá considerar sua experiência e as
condições do domicílio.
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSPCoordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Enfermeiro
Destacam-se as seguintes intervenções em
relação ao cuidado das pessoas com perdas
funcionais e dependência:
• Orientar o cuidador a auxiliar a pessoa na
realização das atividades da vida diária,
solicitando a participação, estimulando a
independência e preservando a autonomia da
pessoa cuidada.
• Discriminar a necessidade de visitas de
enfermagem para o acompanhamento de cada
pessoa, considerando a sua situação clínica,
as habilidades e condições do cuidador,
realizar o planejamento e a supervisão da
assistência de enfermagem.
• Realizar em domicílio “cuidados de enfermagem
de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos de base científica e capacidade
de tomar decisões imediatas”, de acordo com
o disposto na Lei 7.498/86, regulamentada pelo
Decreto-Lei 94.406/87.
Orientações sobre alguns procedimentos relativos
ao cuidado das pessoas com perdas funcionais e
dependência são apresentados na página 56 a 58.
Auxiliar de Enfermagem
Entre as atribuições do auxiliar de enfermagem,
destacam-se:
• Realizar as intervenções que forem necessárias
à vigilância do estado de saúde da pessoa,
observar o estado geral, verificar os sinais vitais
e pesquisar novas queixas.
• Realizar em domicílio procedimentos de menor
complexidade, coleta de exames laboratoriais,
curativos e administração de medicamentos,
segundo prescrição do SAE.
• Oferecer orientações ao cuidador sobre a
higiene da pessoa, do leito e do ambiente;
medidas para a prevenção de úlceras de
pressão e descarte de material contaminado.
Nutricionista
Destacam-se as seguintes intervenções em
relação ao cuidado das pessoas com perdas
funcionais e dependência:
• Avaliar o estado nutricional, prescrever dietas
e suplementos nutricionais e acompanhar
35
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
35
pessoas em risco nutricional, considerando
para essas orientações, as condições de vida.
• Participar, em conjunto com o médico que
assiste a pessoa, da indicação de sonda
enteral.
• Prescrever e orientar a formulação e o preparo
de dietas enterais.
Algumas orientações em relação à alimentação para
pessoas com perdas funcionais e dependência são
apresentadas nas páginas 59.
Odontólogo
O atendimento odontológico em domicílio é definido
como o conjunto de ações orientadas para o
autocuidado, prevenção e assistência odontológica,
dirigidas às pessoas que por qualquer motivo
necessitem desse tipo de atendimento.
Ressalta-se que a avaliação efetuada pela equipe
de saúde deve levar em conta os aspectos
socioeconômicos que permeiam cada caso, bem
como o direito da pessoa à assistência humanizada.
A avaliação minuciosa deve considerar como
alternativas para a resolução do problema
apresentado:
• Remoção para atendimento na Unidade
de Saúde;
• Atendimento domiciliar paliativo pela equipe de
saúde bucal da Unidade de Saúde mesmo sem
dispor de equipamentos portáteis, envolvendo
procedimentos que possam ser realizados com
instrumentos manuais;
• Atendimento domiciliar com equipamento
portátil, tendo a possibilidade de realizar uma
gama maior de procedimentos;
• Encaminhamento para serviços especializados
que contam com profissionais capacitados e os
insumos necessários;
• Encaminhamento para serviço de atenção
terciária em ambiente hospitalar com recursos
de anestesia geral.
Os procedimentos de biossegurança a serem
observados na assistência domiciliar são os
mesmos preconizados para o atendimento clínico,
devendo ser adaptados à realidade de cada
domicílio, porém jamais negligenciados.
Destacam-se as seguintes intervenções do
profissional em relação ao cuidado das pessoas
com perdas funcionais e dependência:
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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• Realizar avaliação clínica;
• Decidir sobre a viabilidade da intervenção
clínica em domicílio e fazer o plano de
tratamento.
Na possibilidade de utilização de equipamento
odontológico portátil, viabilizar tratamento
odontológico completo e definir plano de
manutenção. Com instrumentos manuais e sugador
portátil, realizar raspagem de cálculos, restaurações
temporárias com cimento de ionômero de vidro e
remoção dos focos de infecção.
Na impossibilidade da intervenção clínica em
domicílio, encaminhar a pessoa para a Unidade
de Referência.
Algumas orientações em relação à higiene oral são
apresentadas na página 58.
Fonoaudiólogo
Destacam-se as seguintes intervenções no
contexto do cuidado domiciliar de pessoas com
perdas funcionais e dependência:
• Avaliar e intervir na forma de comunicação:
A comunicação é essencial para a inserção
do homem na sociedade, permeando as
relações, propiciando a participação social,
a aprendizagem e contribuindo para a
integridade emocional.
O olhar do fonoaudiólogo deve focar
os diversos aspectos que interferem na
comunicação das pessoas, que podem estar
prejudicadas por diversas situações, tais
como alterações neurológicas focais e/ou
degenerativas, alterações auditivas, distúrbios
psiquiátricos, deficiência mental ou alterações
vocais. É, portanto, essencial uma avaliação
da capacidade comunicativa e das habilidades
cognitivas da pessoa.
A partir das potencialidades e dificuldades
detectadas, podem ser propostas estratégias
de reabilitação e criadas alternativas de
comunicação. Algumas orientações para o
diálogo com a pessoa com dificuldade de
comunicação são apresentadas na página 59.
• Avaliar e orientar pacientes com alterações da
função de deglutição:
A disfagia é a alteração ou dificuldade no
transporte do alimento da boca até o estômago,
o que pode levar a complicações respiratórias
e comprometer a condição nutricional e de
hidratação do paciente. Suas causas mais
freqüentes são lesões no cérebro, alguns
37
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
medicamentos, lesões nos órgãos do sistema
digestório e até mesmo o envelhecimento.
As principais manifestações clínicas da disfagia
orofaríngea são: engasgo, tosse, pigarro ou
refluxo nasal durante a alimentação; restos
de comida na boca após várias deglutições;
lentidão e cansaço ao deglutir; alteração na voz
pós-deglutição (sensação de voz molhada).
Cianose e alteração do padrão respiratório em
situação de alimentação também podem estar
associadas. A disfagia também pode ocorrer no
segmento baixo (esôfago), e os sintomas mais
freqüentes são dor epigástrica e sensação de
“empanzinamento”.
A situação de alimentação, na maioria das
vezes, promove a confraternização entre
familiares ou entes queridos e é geralmente
associada à sensação de prazer. Quando um
indivíduo apresenta dificuldades para engolir,
freqüentemente, a refeição toma-se penosa.
Algumas orientações para a situação de
alimentação são apresentadas na página 59.
Fisioterapeuta
Destacam-se os principais focos de atuação do
fisioterapeuta em relação ao cuidado das pessoas
com perdas funcionais e dependência:
• Cinesioterapia:
A fisioterapia domiciliar utiliza como principal
recurso a cinesioterapia (exercícios). A
indicação desse método está relacionada ao
diagnóstico, à idade, às condições clínicas e à
avaliação fisioterapêutica. É importante que a
pessoa seja constantemente reavaliada e que
o programa seja modificado de acordo com a
evolução apresentada.
• Orientar o posicionamento da pessoa no leito:
Os cuidados relacionados ao posicionamento
leito visam a prevenção de deformidades
causadas por úlceras de pressão, posturas
inadequadas, edema postural e complicações
respiratórias e circulatórias. O posicionamento
no leito deve ser orientado imediatamente após
lesão, evitando o agravamento de padrões
patológicos e facilitando movimentos voluntários.
Algumas orientações para o posicionamento da
pessoa no leito são apresentadas na página 62.
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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• Orientar o manuseio e transferências das
pessoas com dependência:
O cuidador deve ser orientado a incentivar a
pessoa, sempre que possível, a movimentar-se
de forma independente e em relação à melhor
forma de auxiliá-la na movimentação, tomando
os devidos cuidados para que não corram,
ambos, risco de acidentes.
Algumas orientações para o manuseio das
pessoas com dependência e para a realização
de transferências posturais são apresentadas
nas páginas 63 e 64.
• Orientar a realização de adaptações no
domicílio:
O domicílio da pessoa com dependência
necessita de uma atenção especial por parte
do fisioterapeuta e da equipe, verificando
degraus, pisos escorregadios, tapetes e
móveis que dificultam a locomoção e podem
ocasionar quedas.
Algumas adaptações no ambiente domiciliar
podem ser propostas, como a construção de
rampas para facilitar o acesso, instalação de
corrimãos (corredor, banheiro etc.) utilização
de pisos apropriados (não escorregadios),
de tapetes antiderrapantes ou eliminação
dos mesmos, adequação de altura do vaso
sanitário, mudança na distribuição dos móveis
(com consentimento dos familiares do paciente)
e adequação da iluminação.
• Avaliar a possibilidade de marcha:
Após uma avaliação detalhada da pessoa,
verifica-se a possibilidade de marcha. A
locomoção pode ser facilitada pelo uso de
andadores, muletas, bengalas ou cadeiras de
rodas. A indicação desses equipamentos para
o treino de locomoção depende da motricidade,
do equilíbrio, das condições cognitivas e
especialmente da vontade da pessoa.
• Indicar e orientar a utilização de órteses:
Órteses são dispositivos aplicados a um ou
mais segmentos corporais com objetivos
de: estabilizar articulações, compensar
fraquezas musculares, prevenir a instalação
ou o agravamento de deformidades articulares
obtidos com procedimentos cirúrgicos, reduzir
a dor e diminuir parcialmente a sobrecarga em
um determinado segmento corporal.
Se mal indicadas ou mal confeccionadas
podem trazer prejuízos à pessoa. Uma vez
iniciado o uso, devem ser constantemente
revisadas não somente pela necessidade de
modificações, mas também para reavaliação
39
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dos benefícios reais em termos funcionais. É
importante lembrar ao cuidador que a órtese
necessita ser higienizada, pois fica em contato
direto com o corpo da pessoa.
Terapeuta Ocupacional
A ação do terapeuta ocupacional deve ir além de
orientações e procedimentos como exercícios,
trocas posturais ou quaisquer outras intervenções
que visem a prevenção de deformidades ou
de quadros álgicos. Destacam-se quatro focos
principais que deverão nortear a ação do
terapeuta ocupacional junto à pessoa com perdas
funcionais e dependência, sua família e sua
equipe de trabalho:
• Vislumbrar a linha tênue que separa
a autonomia da independência e da
interdependência:
Deve-se olhar além do corpo doente ou
deficiente. O olhar deve atravessar o sujeito e
observar sua história de vida, suas relações
e seus desejos futuros. Mesmo nos quadros
considerados mais graves, deve-se identificar
o quanto a pessoa é capaz de se comunicar e
expressar algo de sua personalidade.
É importante diferenciar independência de
autonomia, na medida em que a última diz
respeito à capacidade de decidir sobre o
modo de gerir o seu cotidiano. Ainda que
extremamente dependente dos cuidadores
para as atividades básicas de manutenção
da vida, uma pessoa pode ter sua autonomia
preservada na medida em que sua dignidade
e seus desejos são respeitados pelos seus
familiares, pela comunidade local e pelo serviço
de saúde.
A autonomia é compreendida e valorizada
quando se reconhece que o indivíduo, mesmo
dependente de cuidadores e familiares para
se vestir, higienizar-se ou mudar de posição, é
capaz de fazer escolhas como a cor da roupa,
o tipo de alimento, se quer permanecer deitado
olhando para a janela ou para a televisão.
O terapeuta ocupacional deve orientar os
cuidadores sobre a importância de estimular
ao máximo a independência e autonomia da
pessoa na realização das atividades básicas
para sua sobrevivência. O fato de conseguir
realizá-Ias, mesmo que com dificuldades e
em ritmo lento, eleva a auto-estima e promove
uma postura ativa, em que a pessoa busca
novas formas de produzir seu autocuidado,
participando mais ativamente de suas rotinas.
Na interdependência foca-se a relação familiar,
buscando compreender o lugar que a pessoa
40
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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ocupa na dinâmica e na história familiar. A
relação de cuidado é de dependência mútua,
tanto a pessoa depende do cuidador quanto
este depende dessa relação para organizar sua
vida prática e afetiva.
• Utilizar os conhecimentos da tecnologia
assistiva:
Tecnologia assistiva refere-se ao conjunto
de objetos, equipamentos e sistemas de
produtos adquiridos comercialmente ou
desenvolvidos artesanalmente, produzidos
em série, modificados ou feitos sob medida,
que são utilizado para aumentar, manter, ou
melhorar as habilidades de pessoas com
limitações funcionais. Por exemplo, adaptações
para atividades da vida diária, sistemas de
comunicação alternativa ou Língua de Sinais,
dispositivos para computadores, adequação
em cadeiras de rodas, adaptações sonoras e
visuais e adequação do ambiente físico.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, 2002.
Através do conhecimento da tecnologia
assistiva, o terapeuta ocupacional tem a
possibilidade de:
1) Propor e projetar conjuntamente com a pessoa
e seus familiares, dentro de suas possibilidades
e disponibilidade, alterações no ambiente
doméstico a fim de facilitar o posicionamento,
a locomoção, a segurança e a independência
funcional da pessoa na residência;
2) Confeccionar, a partir de demandas da
pessoa e do cuidador, adaptações para facilitar
o manuseio de objetos utilitários, tais como
talheres, canetas, barbeadores e outros.
A análise da atividade da pessoa é a parte
inicial do processo. No cuidado domiciliar ela
torna-se mais fidedigna, porque é realizada no
espaço real, ou seja, no domicílio do indivíduo.
Num segundo momento, faz-se a avaliação dos
objetos, verifica-se se são utilizados somente
pela pessoa doente ou com deficiência, ou se
também por outros membros da família.
Caso sejam de uso comum, torna-se
imprescindível conhecer todos os familiares
e solicitar a participação na realização das
adaptações necessárias, respeitando-se a
funcionalidade pretendida, a estética, a higiene
e as peculiaridades da família em questão.
Na fase final da adaptação/confecção,
realiza-se o teste do objeto. Quando o teste
é realizado no uso cotidiano, a assimilação é
41
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mais fácil, visto que foi apropriada por todos
aos poucos, à medida em que participaram
desde o processo de seleção ou confecção até
sua conclusão.
Vale ressaltar que a inclusão de qualquer
tecnologia assistiva deve passar por uma
avaliação de sua real necessidade pela
pessoa, que deve participar, na medida do
possível, do planejamento e da confecção
dessas adaptações que servirão para apoiá-Ia
na realização das atividades. Caso contrário,
quando impostas pelo terapeuta, acabam
sendo desprezadas tanto pela pessoa como
pela família e pelos profissionais que realizam o
cuidado domiciliar.
• Estimular a criação de espaços de negociação
entre pessoa, familiares e equipe de saúde
acerca da condução das atividades cotidianas,
de modo a contemplar desejos e interesses
muitas vezes conflitantes
Ao partilhar com a família a negociação
das rotinas, o terapeuta ocupacional tem
a possibilidade de favorecer uma relação
familiar que promova interações em que
demandas diárias da pessoa e dos familiares
são reconhecidas e supridas, evitando assim
animosidades que emergem nas situações
estressantes e dilemáticas, geralmente fruto de
ruídos e mal entendidos na comunicação.
Conhecendo a dinâmica de funcionamento
da casa, o terapeuta ocupacional pode
auxiliar na organização das tarefas a serem
realizadas, de forma a proporcionar uma
melhor administração do tempo. A rotina
inicialmente construída pode ser modificada
através do diálogo familiar, de acordo com
as experiências vivenciadas diariamente e no
transcorrer do tempo, estabelecendo-se assim
novos ‘contratos’ mais eficientes e adequadas
ao grupo familiar em questão.
O estabelecimento de rotinas deve considerar
a necessidade e os desejos de todos os
envolvidos. Não basta que todas as tarefas
domésticas e de cuidado sejam executadas, é
necessário saber como são divididas: se algum
membro da família fica sobrecarregado demais
e não tem tempo para seu próprio cuidado e
lazer, por exemplo.
Não é o bastante que tudo esteja limpo
e organizado, que tabelas de horários e
atividades sejam seguidas. Não se trata de
um hospital, antes de tudo é uma casa. É a
residência de pessoas que são mais do que
paciente e cuidador. E pessoas precisam de
tempo: tempo para dedicar a si, tempo para
disponibilizar ao outro, tempo para comer e
para se higienizar.
42
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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• Investigar aspectos da cultura e da história
ocupacional da pessoa e do seu cuidador:
A história ocupacional compreende o conjunto
de aptidões e de atividades (de autocuidado,
lúdicas, educativas, artesanais, esportivas,
laborais ou de lazer) acumuladas no decorrer de
sua biografia, englobando o seu jeito particular
de fazer: o jeito de cuidar da casa, cozinhar,
vestir-se, relacionar-se com o transcendente,
enfim, o que dá sentido à sua existência.
Muitas vezes, possibilitar que a pessoa e seus
familiares continuem a exercer atividades
significativas, é trabalhar com o sentido da
vida. Conseguir continuar a cuidar das plantas,
fazer aquele artesanato que a apraz, ler o jornal
diário, fazer um bolo, conversar na calçada com
os vizinhos, acender uma vela para o santo
padroeiro e atividades assim representam estar
vivo e presente em seu cotidiano.
Agente Comunitário de Saúde
Destacam-se as seguintes intervenções no
contexto do cuidado domiciliar de pessoas com
perdas funcionais e dependência:
• Identificar, na sua micro-área, as pessoas com
perdas funcionais e dependência;
• Desenvolver ações, em conjunto com a
equipe de saúde, no sentido da prevenção da
ocorrência de perdas funcionais e dependência,
e para promoção do envelhecimento ativo.
Algumas orientações neste sentido são
apresentadas na página 65;
• Desenvolver ações em conjunto com sua
equipe de saúde para criar oportunidades de
inclusão das pessoas com perdas funcionais e
dependência e também proporcionar apoio a
seus cuidadores.
Assistente Social
Merecem destaque as seguintes intervenções,
em relação ao cuidado das pessoas com perdas
funcionais e dependência:
• Informar a pessoa e seu cuidador sobre
os benefícios previdenciários, recursos
institucionais e da comunidade, e dê os
encaminhamentos necessários;
• Avaliar a dinâmica familiar e oferecer suporte
à reacomodação dos papéis familiares, o que
ocorre em virtude da doença, identificando e
procurando remover bloqueios que interfiram
no tratamento;
43
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• Ajudar a pessoa e seu cuidador a interpretar
a realidade social procurando, em conjunto,
viabilizar novas oportunidades;
• Estabelecer parcerias e viabilizar redes de
apoio para atendimento às necessidades das
pessoas e seu cuidador.
Psicólogo
As intervenções do psicólogo, no contexto do
cuidado domiciliar, são dirigidas à pessoa com
perdas funcionais e dependência, à sua família e à
própria equipe.
• Intervenções junto à pessoa cuidada:
A doença tem um significado peculiar para cada
pessoa. Cabe ao psicólogo compreender como
a pessoa vê sua doença ou incapacidade,
ajudá-Ia a dar sentido ao seu sofrimento e a
lidar com a nova situação.
Num primeiro momento, é importante ouvir
a pessoa em suas dificuldades, sofrimento,
revolta, ou seja, os sentimentos mobilizados
pela dependência, as perdas decorrentes
do afastamento do trabalho e do convívio
social, da mudança dos papéis familiares,
da diminuição da renda, entre outros. Ao
descobrir suas limitações, as pessoas podem
sentir resignação, revolta, ter atitudes de
negação, de questionamento (“Por que eu?”).
Segundo Elisabeth Kluber-Ross, as pessoas,
ao vivenciarem grandes perdas, passam por
quatro estágios: um choque inicial ao constatar
a situação; um segundo momento, de raiva e
revolta; uma fase de depressão; e, depois, a
aceitação do que não pode ser mudado. Esses
“estágios” não são necessariamente lineares
ou na ordem descrita. Muitas vezes essas fases
se sobrepõem umas às outras e, em outras
vezes, algumas delas não acontecem. Cabe ao
psicólogo ouvir a pessoa em suas diferentes
“falas” e momentos de tensões e conflitos, com
escuta e olhar diferenciado.
Deve-se procurar envolver toda a família no
cuidado, frisando a importância de manter
a autonomia, a independência (dentro das
possibilidades de cada pessoa) e o convívio
social da pessoa cuidada.
• Intervenções junto à família:
É parte do trabalho do psicólogo ouvir o
cuidador, seus sentimentos em relação ao
cuidar, os conflitos que daí surgem. Identificar
se existem outras pessoas na família que
possam dividir com o cuidador as atividades.
Muitas vezes os outros familiares acabam se
omitindo e, em outras situações, o cuidador
44
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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não permite que outras pessoas participem,
acreditando que “só ele sabe cuidar”. Deve-se
trabalhar com o cuidador a possibilidade de
divisão de tarefas, a necessidade de períodos
de descanso, e até lazer para evitar que ele
próprio adoeça.
Observe se o local do domicílio onde se
encontra a pessoa cuidada permite ou não
o convívio com as outras pessoas da família.
Muitas vezes a família procura ”esconder” o
doente, excluindo-o do meio familiar/social, o
que dificulta a recuperação.
O psicólogo deve estar atento à dinâmica
familiar. Esse é o momento, muitas vezes,
em que mágoas, ressentimentos e raiva
reaparecem e “surge a oportunidade da
vingança”. Compete a ele entender os
mecanismos inconscientes que estão em jogo,
as relações de poder ali presentes e o papel de
cada membro nessa dinâmica.
• Intervenções junto à equipe:
O psicólogo deve criar espaços de discussão
com a equipe, transmitir informações relevantes
para as intervenções dos profissionais e orientar
a melhor atitude diante dos conflitos familiares.
Auxiliar a equipe a compreender as relações
familiares, mostrar como a história de vida
da pessoa, antes da doença, influenciam
no momento do cuidado. Permitir que os
profissionais identifiquem quais sentimentos
são mobilizados nele por aquela família,
seus preconceitos, os julgamentos de valor
que interferem no atendimento. Mostrar a
importância de não tomar partido da pessoa
cuidada ou de seu cuidador nas situações de
conflito, mas tentar compreender o que está por
trás de cada situação.
Deve-se criar um espaço permissivo que
favoreça o aparecimento dos sentimentos,
angústias e ansiedades dos profissionais com
relação às suas intervenções, e também na
relação com os outros membros da equipe,
para que possam elaborá-los e, dessa forma,
melhorar o relacionamento no trabalho e a
própria atuação profissional.
3.2.2. Tecnologias relativas à organização dos
serviços
Admissão
Após uma solicitação ou da identificação da
necessidade de cuidado domiciliar, a pessoa
deve ser avaliada pela equipe para o recebimento
dessa atenção. A avaliação deve considerar o
45
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grau de dependência para as atividades da vida
diária medido pela Escala da Cruz Vermelha
Espanhola: a gravidade do quadro clínico, a
disponibilidade de cuidador e a residência na área
de abrangência do serviço.
Decidida a inclusão, o familiar deve receber
informações sobre o serviço, ser esclarecido
quanto às características do atendimento, e as
responsabilidades de ambas as partes devem ser
definidas. O Termo de Consentimento Informado
deve ser assinado como garantia de que ambas as
partes estão cientes das suas responsabilidades.
O cuidado no domicílio envolve a participação
da pessoa, da família e da equipe de saúde. Aos
familiares compete zelar para que o ambiente do
domicílio seja próprio para o cuidado, assumindo
a responsabilidade pela alimentação, cuidados
de higiene, administração de medicamentos orais
e demais atividades para a pessoa com perda
funcional e dependência. Aos profissionais de
saúde cabe a responsabilidade pelas orientações e
execução dos procedimentos técnicos pertinentes
ao provimento do cuidado.
A equipe deve avaliar as necessidades da pessoa
e de seu cuidador, definir as ações e orientações
adequadas, a periodicidade das visitas de
cada profissional e, então, elaborar o Plano de
Atenção, que deve ser pactuado com a família e
modificado de acordo com a evolução da pessoa.
É importante que os familiares sejam esclarecidos
sobre as finalidades, rotinas de serviço e
procedimentos a serem adotados pela família no
caso de intercorrências clinicas ou óbito.
Sugestões de modelos para o Termo de
Consentimento Informado e para o Plano de
Atenção são apresentados na páginas 66 e 67.
Agendamento de visitas
O coordenador da equipe deve elaborar o
planejamento das visitas domiciliares em conjunto
com os profissionais que assistem à pessoa. A
partir desse planejamento serão feitas as agendas
de visitas dos diversos profissionais da equipe.
A definição da periodicidade das visitas
deverá considerar o quadro clínico da pessoa
com perdas funcionais e dependência,
as necessidades de seu cuidador e o
estabelecimento de uma relação de confiança
entre os profissionais da equipe, a pessoa
cuidada e seus familiares. A presença de
algumas condições como antecedentes de
processos infecciosos nos últimos meses,
utilização de sondas, presença de úlceras de
pressão, estabilidade dos níveis pressóricos
e glicêmicos são subsídios para as decisões
pertinentes ao agendamento. As visitas de rotina
46
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
dos profissionais médicos e enfermeiros devem
ser organizadas de forma intercalada, otimizando
recursos e permitindo visitas em intervalos menores.
A equipe deve definir uma forma de comunicação
entre seus membros com o intuito de que
todos possam manter-se informados sobre as
demandas de cada pessoa. É importante que
sejam identificadas as pessoas que necessitam
de coletas de exames laboratoriais, curativos ou
visita médica por alguma intercorrência. Sugere-
se que cada profissional, ao voltar de uma
visita ao domicílio, faça um relatório sucinto da
condição de saúde das pessoas visitadas para
permitir a troca de informações e a elaboração ou
alterações das agendas.
Apresenta-se aqui uma sugestão para o
agendamento de visitas de rotina do médico e
do enfermeiro, sem considerar a necessidade de
visitas para o atendimento das intercorrências
clínicas. Entretanto, cada equipe deve fazer o seu
agendamento conforme a necessidade da pessoa,
do cuidador e os recursos disponíveis.
Sugestões para o agendamento de visitas
Pessoas com níveis pressóricos e glicêmicos
estáveis:
• Visitas médicas a cada 90 dias.
Pessoas com antecedentes de quadros
infecciosos os últimos 3 meses:
• Visitas médicas a cada 60 dias,
• Visitas da enfermeira a cada 60 dias.
Pessoas com úlceras de pressão extensas:
• Visitas médicas a cada 30 dias,
• Visitas da enfermeira a cada 7 ou 10 dias.
Pessoas estáveis clinicamente com grande
dificuldade na aceitação ou ingestão de
alimentos, ou com sonda nasoenteral ou
quadros álgicos de difícil controle:
• Visitas médicas a cada 30 dias,
• Visitas da enfermeira a cada 15 dias.
Pessoas com rebaixamento do nível de
consciência ou com comprometimento
importante do estado geral, em internação
domiciliar:
• Visitas médicas a cada 7 dias,
• Visitas da enfermeira a cada 3 ou 5 dias.
Desligamento
Ocorrerá o desligamento do serviço em casos de alta,
óbito, mudança de residência ou não cumprimento
das condições acordadas na admissão.
47
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
No caso de alta, a pessoa deixará de receber os
cuidados de saúde no domicílio, mas continuará
vinculada à Unidade de Saúde para seguimento.
A equipe deve empenhar-se e esgotar todas as
tentativas de conversação com a família antes de
desligar uma pessoa do serviço devido à falta de
cumprimento dos itens acordados pelos familiares.
Sugestão de modelo para alta é apresentado na
página 68.
Prontuário
Os prontuários das pessoas cuidadas no
domicílio devem ser feitos em duas vias, que
serão mantidas uma no domicílio e outra no
serviço, para que as informações possam ser
disponibilizadas a outros profissionais que
assistirem a essas pessoas nos casos de
intercorrências ou óbito. O cuidador deve ser
orientado sobre a importância do prontuário e da
confidencialidade das informações ali registradas.
Os seguintes relatórios devem compor o prontuário:
ficha clínica, prescrição médica, evolução
médica, consulta de enfermagem, prescrição de
enfermagem, orientações da enfermeira para o
cuidador, controles do auxiliar de enfermagem,
relatórios de cada um dos profissionais da equipe e
resultados de exames laboratoriais.
Sugestão de modelo para Ficha Clínica é
apresentado na página 69.
Registro das Atividades
O Sistema de Informação Ambulatorial (SIA-SUS)
não permite discriminar as visitas realizadas pelos
profissionais da Atenção Básica com a finalidade
da prestação de Assistência Domiciliar, daquelas
realizadas para uma investigação de óbito, ou uma
ação de vigilância epidemiológica.
Com a finalidade de discriminar essas ações
foi feita uma Instrução pela Gerência Técnica
de Administração de Dados da Coordenação
de Integração e Regulação do Sistema para
documentação das atividades de Assistência
Domiciliar no âmbito da Secretaria de Saúde
Municipal, onde as visitas dos profissionais de nível
superior deverão ser informadas através do código
0704102-0 e as visitas dos profissionais de nível
médio pelo código 01 02304-7. Essa instrução é
apresentada na pagina 70.
48
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP48 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
ORIENTAÇÕES RELATIVAS AO CUIDADO DE PESSOAS COM PERDAS FUNCIONAIS E DEPENDÊNCIA
48 Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
49
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Neste capítulo são apresentadas algumas
orientações, voltadas aos profissionais, relativas:
• Ao cuidado das pessoas com perdas funcionais
e dependência;
• Aos impressos para registro das atividades
realizadas;
• Aos recursos sociais de utilidade para as
pessoas com perdas funcionais e dependência.
Indicações e requerimentos para Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP)
Oxigenoterapia de forma contínua:
a) Pa02 < 55 mmHg ou Sa02 < 88%, ou
b) Pa02 = 56-59 mmHg ou Sa02 = 89%,
associado a:
1) Edema por insuficiência cardíaca
2) Evidência de cor pulmonale
3) Hematócrito > 56%
Requerimentos:
a) Gasometria após otimização do manejo clínico;
b) Checar, no período de três meses, quando
a terapêutica for iniciada no hospital ou com
paciente instável;
c) Prescrição médica;
d) Revisar prescrição periodicamente (a cada seis
meses).
Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2000.
Algumas orientações para controle da dor
A OMS propõe seis princípios para controle da dor
em pacientes com câncer:
1. Pela boca – a via oral é a via de escolha para a
administração de analgésicos.
2. Pelo relógio – nos casos de dor moderada
e intensa, a medicação analgésica deve ser
administrada em intervalos fixos de tempo,
de modo a não ocorrer interrupção do efeito
analgésico.
3. Pela escada – a OMS desenvolveu uma escada
analgésica para guiar o uso seqüencial de
drogas para tratamento da dor.
4. Para o indivíduo – na escolha do analgésico e
da dosagem dele, considerar as características
da dor do paciente, uma vez que as
necessidades para a analgesia são variadas.
50
Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
5. Uso de adjuvantes – são indicados para
aumentar a analgesia, para controlar os
efeitos adversos dos opiáceos e para controlar
sinais de ansiedade, depressão e insônia que
contribuem para a dor.
6. Atenção aos detalhes – dar aos pacientes e
cuidadores todas as instruções necessárias.
A OMS orienta a abordagem dessa escada
analgésica de forma escalonada e de acordo com
a intensidade da dor, simultaneamente. Assim,
utiliza-se uma droga de maior potência analgésica
na medida do aumento da intensidade da dor.
Intensidade esta que orienta a escolha da droga
inicial para tratamento.
Para pacientes com dor leve a moderada,
o primeiro degrau é usar droga não
opiácea, com adição de uma droga
adjuvante, conforme a necessidade.
Se a droga não opiácea, dada na dose e
frequência recomendada não alivia a dor,
passa-se para o segundo degrau, onde
se adiciona um opiáceo fraco.
Se a combinação de opiáceo fraco
com o não opiáceo também não for
efetiva no alívio da dor, substitui-se
o opiáceo fraco por um forte.
ESCADA ANALGÉSICA
OMS 1982
DOR INTENSA
Opiáceo Forte + Adjuvante
DOR MODERADA
Não Opiáceo + Opiáceo Fraco + Adjuvante
DOR LEVE A MODERADA
Não Opiáceo + Adjuvante
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SUMÁRIO
DEGRAU CATEGORIA PROTÓTIPO SUBSTITUTO
1 Não opiáceo ASS® AINE’s / Paracetamol
2 Opiáceo Fraco Codeína Tramadol
3 Opiáceo Forte Morfina Metadona / Fentanil / Oxicodona
Fonte: Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
51
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
ESTUDO DOS RECURSOS FARMACOLÓGICOS
• Grupo recomendado como primeiro degrau da escada analgésica da OMS para dor leve/moderada. • Como co-analgésico nas metástases ósseas e doses de resgate nas titulações de narcóticos fracos. • Deve-se observar a característica de droga de potência limitada pelo “efeito teto” para a MDD - Máxima Dose Diária a partir da
qual não se reduz a dor, e inflamação, inibindo a síntese da prostaglandina, substância algiogênica do sistema nociceptivo.
GRUPO
Maior grupo de analégisicos de potência moderada, caracterizado pelo efeito teto e largamente utilizado.
Analgésicos, Antiinflamatórios e Antipiréticos
Reduz dor e inflamação pela inibição da enzima cicloxigenase-COX, responsável pela síntese de prostagiandinas.
Inibidor da Cox2
PADRÃO
DIPIRONANovalgina® e Baralgin®
PARACETAMOLTylenol® e Dórico®
ASS®
Aspirina®
DICLOFENACOSódicoBiofenac® Voltaren®
PotássioCataflan®
CELEBRA®
VIOXX®
TENOXICAMTilatil®
CUIDADOS
Verificar alergias.Preocupação no Hipotenso.
Preocupação na disfusão hepática e renal.Sem efeitos GI.Efeito aumentado por métodos físicos e massagem.
Verificar história de sangramentos.Investigar queixas GI.Não inteirar com citostáticos.Associar protetor GI.
Preocupação em pacientes com restrição sódica.Hipertensos em uso de diuréticos ou hiperpotassemial.Investigar GI.
Evitar uso prolongado.
Evitar com queixas GI.
VIAS
OralEVRetal
Oral
Oral
OralRetalRetard
OralRetal
DOSES
500 a 1000mg4/6 horasMDD = 6g
500 a 1000mg4/6 horasMDD = 6g
500 a 1250mg4/6/8 horasMDD = 5g
50 a 100mg6/8 horasRetard 6/12 horas
MDD = 200mg
Para pacientes com sobrevida longa
20 a 40mg1 x diaMDD = 40mg
OBSERVAÇÕES
Alergias sérias são rarasExacerbação de hipotensão
Hepatotóxico em altas doses e de excreção renal.Não deve ser a droga de escolha nas disfunções hepática e renal.Sem necessidade de associação de protetor GI.
Tinido e surdez no aumento da MDD.Toxicidade em uso com citostáticos (interferon e metrotexato).Importantes DGI e melena.Uso prolongado = sangramentos.
Efeitos no SNC.Tonturas e fadigas.Gastrites, erosões e dispepsias.Associar antiácidos.Diminui efeito de diuréticos.Monitorar equilíbrio.Hidro-eletrolítico.Monitorar hipertensão.Restringir sódio/potássio na dieta.
Uso restrito a 5/7 dias com retirada progressiva.
Na dor aguda ou crônica de intensidade leve a moderada, nas metástases ósseas e artrite, ou como adjuvante e resgate nas titulações de narcóticos fracos.
AINE´s
Agente Antálgico - Não Opiáceo
Indomectacina - Não Padronizada pelo CSTO
Fonte: Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
• Grupo recomendado como segundo degrau da escada da OMS para dor LEVE quando da contra-indicação de um AINE’s por efeito colateral importante ou baixo efeito. Indicado, também para dor MODERADA INTENSA.
• Reduz a dor pela ligação com receptores morfínicos do sistema modulador da dor. • NÃO DEVE SER USADO COMO DOSE RESGATE EM ESQUEMAS COM OPIÁCEO FORTE. Competem pelo mesmo
receptor inibindo a ação de ambos e prejudicando avaliações da resposta terapêutica. Em esquemas com tylex não agregar xarope à base de codeína sem considerar o acréscimo da dose diária na avaliação da resposta.
Dor aguda ou crônica, de intensidade leve (nas contra-indicações dos AINE’s), moderada e intensa Não usar como resgate de opiáceo forte
NarcóticoFraco
Agentes Antiálgicos - Opiáceo FracoGRUPO
NARCÓTICO OUOPIÁCEO OUOPIÓIDE OUMORFÍNICOS
Analgésicos, Antisiolítico e Euforizante
Reduz dor pela ligação com receptores morfínicos no encéfalo, medula e SNP.
Receptores = MUKappa e Delta
PADRÃO
TRAMADOL
TRAMAL® / SYLADOR®
AGONISTA PARCIAL DE RECEPTORES OPIÁCEOS
Tylex
CODEÍNA + Paracetamol
AGONISTA DE RECEPTORES OPIÁCEOS
CUIDADOS
Compete com Codeína e Morfina
Com antidepressivos aumenta risco de convulsão.
Permite outras interações.
NÃO USAR COMO RESGATE DE OPIÁCEO FORTE.
NÃO USAR COMO RESGATE DE OPIÁCEO FORTE.
VIAS
Oral
EV
Oral
DOSES
50 a 100mg
4/6 horas
MDD = 600mg
30 a 120mg
4/6 horas
MDD = 720mg
OBSERVAÇÕES
SNC - Ansiedade, sudorese, cefaléia, tontura, euforia, disfagia, disforia e convulsão.
SGI - Náusea, vômito e boca seca
SCV - Taqui/bradicardia e hipotensão
Avaliar doses de antidepressivos
Investigar antiemético.
Avaliar neurolépticos.
Pouca ou nenhuma constipação.
Náusea e Cefaléia.Supressão da tosse.Efeito diminuído com barbitúricos, carbamazepina e rifampicina.Diminui efeito da Zidovudina.
Fonte: Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos controle a dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
Propoxifeno - Meperidina e Oxicodona Não Padronizados pelo CSTO
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• Grupo recomendado no terceiro e último degrau da escada da OMS para dor crônica de MODERADA INTENSA já avaliada para outras drogas.
• Reduz a dor pela ligação com receptores morfínicos do sistema modulador.• A morfina é a droga, padrão do grupo, mais versátil em apresentações e vias de administração. Além do mais largo
espectro de analgesia sem efeito teto conhecido. Recomenda-se a MDD acima como base assistencial. • O Fentanil traz em sua apresentação sua grande vantagem e desvantagem. A via transdérmica é útil em diversas situações
mas depende das condições de aderência da pele que podem variar impedindo a manutenção do tratamento pelo tempo necessário.
• A Metanona, útil especialmente aos clientes morfino-resistentes, ou com agitação, delírio, mioclonia ou sedação impõe risco de acúmulo desconhecido e tempo de eliminação de mais de 25 horas. De inclinação médica restrita.
Dor aguda intensa, dor crônica, moderada e intensarefratária ao controle com outras drogas
NarcóticoForte
Agente Antálgico - Opiáceo Forte GRUPO
OPIÁCEO OUOPÓIDE OUMORFÍNICO
ANALGÉSICOS,ANSIOLÍTICO EEUFORIZANTE.
AGONISTA DE RECEPTORES OPIÓIDES
Reduz dor pela ligação com receptores morfínicos MU, Kappa e Delta.
PADRÃO
MORFINADimorf®
METADONAMetadon®
FENTANILDurogesic®
CUIDADOS
ASSOCIAR LAXATIVO
Clearance aumentado com:Fenitoína, carbamazepina e fenobarbital.Diminuído com: Amitriptilina e Fluconazol.Toxicidade com:Benzodiazepinicos.Sinergismo com: Ibuprofeno.
Não aplicar em condições de baixa aderência.100 vezes mais potente que a morfina.
VIAS
Oral
SC
EV
Oral
TD
DOSES
5 a 200mg 4/4 horas 2 a 10mg
MDD = 1200mg
2,5 a 10mg6/12 horasEliminação em 25 horas.
MDD = 40mg
25 a 150mg/h12/72 horasMDD = 300mg
OBSERVAÇÕES
Vômitos - pesquisar e alterar antieméticos e neurolépticos.
Depressão respiratória em altas doses. Antagonizado por:Naloxona/Narcon EV
SNC - Sedação, tonturas, alucinação e hipotensão postural.
Metabolismo hepático e excreção fecal.Ausência de metabólicos ativos.Biodisponibilidade oral de 80%.Meia vida longa e imprevisível.
Retirar em quadros piréticos e trocar por outro agente.
Fonte: Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
Buprenorfina - Não Padronizada no CSTO
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Co-analgésicos de uso nas dores Neuropáticas ou Mistas, Lombalgicas, Cefaleías, Nevralgias e Artrite, na Insônia e na Inapetência
AntidepressivosTricíclicos
Adjuvante Antiálgico - Antidepressivo GRUPO
Reduzem dor pelo bloqueio da recaptação de serotonina e noradrenalina.
DOSES BAIXASElevadas a cada 3 dias
Início de efeito analgésico em 4 a 5 dias
PADRÃO
AMITRIPTILINATryptanolAmytril®
IMIPRAMINATofranil®
CITALOPRANCipramil®
SERTRALINAZoloft
CUIDADOS
Preocupação na presença de retenção urinária.
Pesquisar história de convulsão.
Administrar à noite.
Não usar com glaucoma ou hipertireoidismo.
Preocupação na disfunção hepática e no idoso.Evitar uso em risco de gravidez.
Precaução na disfunção hepática e no idoso.
VIAS
Oral
Oral
Oral
Oral
DOSES
10 a 75mg1 x à noite (esquema)
MDD = 150mg
10 a 75mg1 x à noite MDD = 150mg
20 a 40mg1 x de manhãMDD = 40mg
25 a 50mg1 x diaMDD = 50mg
OBSERVAÇÕES
Sedação e hipotensão.
Diminui efeito da Metadona.
Interação com cimetidina aumenta efeito antidepressivo.
Contra-indicado com glaucoma ou tratamento de tireóide com Puran.
Insuficiência cardíaca e hipertrofia prostática.
Interação com barbitúricos aumenta risco de depressão do SNC no idoso.Ginecomastia.
SNC - Cefaléia e parestesia. SGI - Flautulência.Ingerir com alimento.
SNC - Cefaléia, nervosismo.SGI - Náusea.SCV - Hipertensão e arritmias.Ressecamento da pele.
Clomipramina, Fluoxetina e Nortriptilina Não Padronizados no CSTO
• Co-analgésicos adjuvantes em doses baixas e progressivas de início lento e efeito a partir da 1ª semana.• Efeito teto a partir da MDD recomendada para analgesia.• Reduz dor bloqueando a recaptação da serotonina.
Fonte: Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
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Prevenção de úlceras de pressão
• Orientar o cuidador para manter a pessoa limpa
e hidratada;
• Orientar a utilização de colchão caixa-de-ovo;
• Mudar a posição da pessoa de duas em duas
horas para aliviar a pressão sobre a pele.
Manter a cama livre de farelos de comida e a
roupa que fica embaixo, lisa e sem dobras.
Fonte: http://www.sarah.br/
Cateterismo intermitente
• Utilizar cateteres uretrais plásticos, de látex ou
de materiais similares, com calibres de acordo
com a prescrição médica;
• Orientar a pessoa para, antes do procedimento,
lavar as mãos e o meato urinário com sabão
neutro. Não é necessária a utilização de anti-
séptico, luvas ou qualquer material estéril;
• Instruir a pessoa a manter uma posição
confortável para a realização do procedimento.
Para homens, a melhor posição é a sentada
ou ortostática. Mulheres podem permanecer
sentadas ou em pé. Quando sentadas, devem
fletir os joelhos e as coxas, mantendo os pés
juntos em um local onde pode ser colocado um
espelho para facilitar a visualização do meato;
• Após o uso, lavar o cateter externa e
internamente com água e sabão neutro. Para
a lavagem interna, utilizar uma seringa de 10
ou 20ml. Enxaguar e secar bem com um
pano limpo;
• Guardar o cateter na geladeira em recipiente
limpo;
• Realizar o cateterismo vesical quatro vezes
ao dia após tentativa de micção e manobras
de Credê (quando não contra-indicada).
O procedimento deverá ser realizado com
esta freqüência durante sete dias para se
estabelecer o número de cateterizações
necessárias, dependendo do volume residual:
• até 100ml: nenhuma cateterização
• de 100 a 200ml: 2 sondagens por dia
• de 200 a 300ml: 3 sondagens por dia
• de 300 a 400ml: 4 sondagens por dia
• acima de 400ml: 5 sondagens por dia.
Fonte: http://www.cih.com.br/infecurin.htm/
Manipulação do cateter urinário
• Orientar a higiene diária do meato urinário com
água e sabão;
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• Utilizar, preferentemente, um sistema fechado
de drenagem de urina;
• Fixar a sonda adequadamente: nas mulheres,
na parte interna da coxa e, nos homens, no
abdômen. Esta indicação pode variar de acordo
com o conforto e a preferência do paciente;
• Manter a bolsa de drenagem sempre abaixo do
nível da bexiga para evitar o refluxo de urina;
• Esvaziar a bolsa sempre que estiver cheia;
• Trocar o sistema fechado de drenagem só
quando for necessária a troca do cateter
vesical;
• Não recomendar a troca dos cateteres em
intervalos fixos. Trocar o sistema sempre que
apresentar depósitos muito evidentes. Sondas
de látex formam mais incrustações que as de
PVC e essas mais do que as de silicone. Essas
incrustações predispõem à infecção. Cateteres
de material biocompatível, como teflon, silicone
e hidrogel devem ser preferidos para minimizar
a irritação da bexiga;
• As incrustações podem causar enrijecimento
do balonete, tornando difícil a retirada da
sonda. Quando ocorrer o enrijecimento do
balonete, sua retirada deverá ser feita com
acompanhamento radiológico. Não deve ser
cortada a via do cateter no intuito de desinflá-Io.
Fonte: http://www.cih.com.br/infecurin.htm/
Manuseio de sondas e infusão de dietas
enterais
• Fixar a sonda enteral externamente;
• Caso a pessoa puxe a sonda (ou ocorra um
acidente na mobilização), orientar o cuidador
a não recolocá-Ia. Lavá-Ia com água e sabão
e guardá-Ia em lugar seco e limpo, pois pode
ser reutilizada. Dependendo do tipo de sonda
enteral, ela pode ser utilizada por até 6 meses,
desde que não obstrua, fure ou vaze;
• Manter a pessoa em decúbito elevado durante
toda a infusão da dieta e 30 minutos após o
término para evitar vômitos e aspiração;
• Infundir a dieta lentamente por gotejamento
em aproximadamente 60 minutos para evitar
diarréia, distensão abdominal, vômitos e
má absorção;
• Fracionar a dieta durante o dia de modo que o
volume em cada horário não ultrapasse 350ml;
• Após administrar cada frasco da dieta, passar
pela sonda cerca de 20ml de água filtrada
e fervida para evitar acúmulo de resíduos e
entupimento dela;
• Infundir água filtrada e fervida, em temperatura
ambiente, nos intervalos entre os horários da
dieta por meio de seringa ou no próprio frasco,
para evitar desidratação;
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• Manter a sonda fechada quando não estiver
em uso;
• Liquidificar bem os alimentos e coar em peneiras
finas. Se for necessário, colocar uma gaze na
peneira. Preparar quantidades suficientes para
no máximo um dia. Os excessos podem estragar
de um dia para o outro;
• Guardar a dieta caseira na geladeira. Retirar 30
minutos antes do uso;
• Nunca introduzir a dieta muito quente ou
muito gelada. Ela pode ser aquecida em
banho-maria ou fora do fogo até alcançar a
temperatura ambiente.
Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protocolo/man_cuid_idosos/sumario.htm/ e http://www.inca.gov.br/
Preparo de dietas enterais e higienização dos utensílios
• Lavar as mãos cuidadosamente com a água e
sabão antes de preparar a dieta;
• Reservar os utensílios somente para o preparo
da dieta;
• Seguir rigorosamente as instruções do preparo
e utilizar sempre água filtrada ou fervida;
• Lavar os utensílios usados para a preparação
da dieta com água corrente e sabão, assim
como os frascos, seringas e equipamentos
utilizados para a infusão e que, após lavados,
devem ser deixados de molho por 30 minutos
em solução de hipoclorito de sódio a 1% (em 1
litro de água acrescentar 20ml ou 2 coIheres de
sopa de hipoclorito);
• Guardar o material em lugar limpo e seco.
Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protocolo/man_cuid_idosos/sumario.htm/ e http://www.inca.gov.br/
Onde saber sobre cuidados com ostomias e traqueostomia
http://www.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protocolos/man_cuid_idosos/sumario.htm/
http://www.inca.gov.br/
http://www.sarah.br/
Higiene oral
• Orientar a escovação e a adaptação da escova
de dentes, se necessário;
• Orientar a higiene da Iíngua com escova macia
ou raspador para a remoção de sujidades. Na
presença de saburra lingual, recomendar uma
solução de bicarbonato de sódio, na proporção
de 1 colher de café de bicarbonato de sódio em
1copo com água. A limpeza deve ser feita com
movimentos suaves, sem esfregar para não
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alterar as papilas, e de dentro para fora para
evitar traumatismos.
Em relação à alimentação:
• Oferecer alimentos da preferência da pessoa,
de fácil digestão e aspecto agradável, que
favoreçam o apetite e o prazer de comer;
• Evitar a monotonia, variando os temperos e o
modo de preparo dos alimentos;
• É importante dar preferência à utilização de
óleos vegetais no preparo e no cozimento de
alimentos, sempre em pequena quantidade.
Sempre que possível, procurar substituir frituras
por preparações cozidas;
• No caso das funções mastigatórias e de
deglutição estarem íntegras, não é necessário
modificar a consistência dos alimentos. Não
deixar de oferecer carnes, legumes, verduras e
frutas na ausência parcial ou total dos dentes e,
sim, oferecer os alimentos picados, moídos ou
batidos no liquidificador;
• Para manter um bom hábito intestinal, oferecer
líquidos e alimentos ricos em fibras (verduras,
legumes, frutas e cereais integrais) e manter os
horários das refeições. Evitar o uso de laxantes.
Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protocolos/man_cuid_idosos/sumario.htm
Orientações para o diálogo com a pessoa com dificuldade de comunicação
• Manter postura acolhedora e ter disponibilidade
para a escuta são essenciais para estabelecer
a comunicação;
• Respeitar as opiniões da pessoa e contribuir
para que ela continue a desempenhar o máximo
possível das atividades antes desenvolvidas;
• Evitar comentários que possam prejudicar o
bem estar da pessoa. Lembrar que, mesmo
que ela não consiga se expressar, pode estar
compreendendo o que se passa;
• Manter sempre atitudes positivas, ajudar a
pessoa a entender sua dificuldade e valorizar
suas potencialidades. Tratar a pessoa de
acordo com sua idade cronológica;
• Procurar certificar-se da compreensão do que
foi dito;
• Respeitar o tempo de elaboração da fala;
• O aumento exagerado da intensidade da voz
não é facilitador, nem mesmo no caso de
deficiência auditiva.
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Quando necessário:
• Solicitar aos familiares ou ao cuidador para
realizar mudanças no ambiente a fim de
melhorar a iluminação, diminuir ruídos ou
intervir em fatores que possam desviar a
atenção da pessoa;
• Falar mais devagar e de frente para a pessoa;
• Usar linguagem simples e frases mais curtas;
• Repetir a frase algumas vezes ou modificar a
sentença para possibilitar melhor entendimento;
• Usar gestos associados à fala;
• Procurar verificar a possibilidade do indivíduo
responder “sim” ou “não”, falando ou realizando
movimentos de afirmação ou negação com
a cabeça. Caso essas respostas não sejam
possíveis, tentar estabelecer outra forma de
resposta como piscar uma vez (sim), piscar
duas vezes (não), por exemplo;
• A pessoa que possui leitura e escrita pode se
beneficiar dela para se comunicar, mesmo sem
a capacidade motora para escrever. Nestes
casos, pode ser utilizada uma prancha (uma
folha de sulfite num apoio firme, que pode ser
de madeira, plástico duro ou papelão) com as
letras do alfabeto, de forma a possibilitar que
a pessoa aponte com o dedo ou com o olhar
quando tiver necessidade de se comunicar.
Caso a pessoa não leia ou escreva, pode ser
utilizada prancha de fotos ou figuras, fotos
individuais das pessoas de convívio, inclusive
a foto dela própria, figuras representativas de
rotinas e necessidades básicas (comer, beber,
ir ao banheiro, tomar banho, pentear o cabelo,
escovar os dentes, trocar de roupa, trocar
a fralda), estados físicos ou de ânimo (dor,
cansaço etc) e atividades sociais ou de lazer;
• Nem sempre o uso da indicação de fotos
e figuras é possível. Em alguns casos, o
comportamento da pessoa pode indicar
necessidades e desejos. Permanecer atento
à pessoa em sua integralidade e lembrar que
a comunicação é facilitada pelo vínculo que
se estabelece.
Alimentação de pessoas com disfagia
Ressaltar a importância de manter a independência
da pessoa, realizando adaptações nos utensílios
ou até mesmo ofertando alimentos que possam ser
levados à boca com as mãos.
Antes da refeição:
• Escolher lugar calmo e iluminado (sem rádio,
TV, animais, conversas ou outras distrações);
• Verificar as preferências alimentares do
paciente;
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• Adequar consistência, temperatura e
quantidade do alimento;
• Adequar o utensílio (se ele conseguir se
alimentar sem ajuda), usar colher de sobremesa
em lugar do garfo (engrossar o cabo se
necessário), utilizar prato fundo para evitar que
a comida derrame e oferecer copo com boca
larga para possibilitar a ingestão do líquido sem
reclinar a cabeça;
• Fracionar e estabelecer horários para as
refeições, respeitando as dificuldades
da pessoa.
Durante a refeição, se a pessoa necessitar do
cuidador para alimentá-la:
• Orientar o cuidador a manter um
comportamento tranqüilo e equilibrado;
• Manter a pessoa sentada, o mais verticalizada
possível, com a cabeça alinhada ao tronco;
• Orientar o cuidador a colocar-se na mesma
altura da pessoa;
• Ao suspeitar que a pessoa não engoliu a
colherada completa, solicitar que engula outras
vezes, ou engula forte, ou pigarreie e em
seguida engula novamente;
• Utilizar guardanapo e não a colher para limpar
os resíduos alimentares em volta da boca;
• Dar o tempo necessário para a pessoa mastigar
e engolir o alimento antes da próxima oferta;
• Modular a quantidade em cada colherada e a
velocidade de oferta de acordo com a pessoa,
respeitando suas dificuldades e seu cansaço;
• Em pessoas com rejeição à colher de aço,
substituir por uma colher revestida por silicone
ou colher de plástico resistente.
Após a refeição:
• Certificar-se de que a pessoa engoliu tudo, de
que não há sobras de alimento dentro da boca;
• Ao conversar com a pessoa, verificar se sua voz
permanece inalterada. Caso tenha percebido
mudança na voz (molhada), solicite que engula
outras vezes, ou que engula forte, ou que
pigarreie e engula. Certifique-se de que a voz
esteja limpa novamente;
• Manter a pessoa sentada por no mínimo 30
minutos após a refeição (para garantir que o
alimento não retome e entre nos pulmões);
• Escovar os dentes e/ou próteses dentárias
e limpar a boca, língua e gengiva após
cada refeição.
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Observações gerais:
• Não oferecer alimentos se a pessoa estiver
sonolenta, agitada, agressiva ou tendo
crises convulsivas;
• Respeitar as restrições orientadas pelo
médico, nutricionista, fonoaudiólogo ou outro
profissional que esteja acompanhando
a pessoa.
Posicionamento da pessoa no leito
• Utilizar almofadas e rolos confeccionados com
toalha para que o posicionamento no leito seja
o mais adequado possível;
• Posicionar a cama da pessoa de forma
que o hemicorpo afetado não fique voltado
para a parede, possibilitando que o lado
comprometido do corpo receba mais estímulos;
• Manter a proporção corporal: cabeça
alinhada, membros superiores ao lado do
corpo e com possibilidade de apoio, e
membros inferiores apoiados em semi-flexão.
Deve-se observar o alinhamento dos membros
inferiores, evitando rotações exageradas (pés
para dentro ou para fora);
• Alterar a posição da pessoa no leito conforme
as duas situações acima. Cada posição tem
uma função especifica nas experimentações
corporais após o trauma, seja para vivenciar
o suporte de peso sobre o lado acometido
ou deixar o hemicorpo acometido livre para
realizar atividades. Observar a simetria corporal,
especialmente o tronco, mantendo o membro
superior apoiado. Lembrar que, freqüentemente,
o padrão flexor predomina nos membros
superiores, com conseqüente diminuição na
funcionalidade. Propor a utilização de rolinhos, DEITADO SOBRE O LADO COMPROMETIDO
DEITADO SOBRE O LADO NÃO
COMPROMETIDO
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apoios e outras adaptações que inibem
atitudes pouco funcionais e possibilitam uma
movimentação com menor esforço e mais eficaz.
Orientações para o manuseio da pessoa com dependência
• Sempre informar a pessoa o que será feito,
permitindo assim sua colaboração;
• Não “puxá-la” pelo lado acometido, evitando
luxações no ombro que causariam dor e
prejudicariam o processo de reabilitação;
• Segurar a pessoa bem próxima ao corpo;
• Ter certeza de que a pessoa está firme para
não cair.
• Apoiar o peso do corpo nos músculos das
pernas e não nos músculos das costas;
• Pessoa e cuidador devem usar sapatos
confortáveis sem saltos. Dê preferência a
solas antiderrapantes;
• Se a pessoa for muito pesada, solicitar ajuda de
mais alguém;
• Estimular a pessoa a andar até o banheiro se
for possível, evitando o uso de fraldas e outros
recursos. Isso estimula a independência e a
auto-estima, e facilitando o cuidado;
• Valorizar os pequenos progressos de cada dia,
incentivando novas aquisições.
Orientações para a realização de transferências posturais
• A cadeira deve ser posicionada próxima à
cama, com as costas voltadas para a cabeceira.
Assegurar-se de que a cadeira suporte o peso
do paciente, que seja estável e não deslize
durante a transferência;
• Mudança da cama para a cadeira deve ser feita
com ajuda do paciente;
1 - Sentar a pessoa na beirada da cama. Pedir a sua colaboração.
2 - Abraçados, levantá-lo devagar.
3 - Girar o corpo junto.
4 - Sentar devagar, dobrar. Não forçar as costas.
64
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• Mudança da cama para a cadeira, para
pacientes totalmente dependentes, deve ser
feita com ajuda de duas pessoas.
Orientações para a prevenção da ocorrência de perdas funcionais e dependência
O estudo realizado para caracterizar o perfil das
pessoas com perdas funcionais e dependência
para as atividades da vida diária na população
da área de abrangência do PSF do município de
São Paulo (2003) mostrou que as duas principais
patologias que causaram formas graves de
incapacidade e dependência nessa população
foram o Acidente Vascular Encefálico, a Paralisia
Cerebral (a primeira entre idosos e a segunda entre
pessoas com menos de 60 anos), entre outras
síndromes paralíticas.
Sabe-se que:
• Há forte correlação da Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) com 80% dos casos de
Acidente Vascular Encefálico (AVE);
• A Hipertensão Arterial Sistêmica, cuja
prevalência estimada é de 20% da população
adulta, e o Diabetes Mellitus (DM) constituem os
principais fatores de risco populacional para as
doenças cardiovasculares;
• Cerca de 60 a 80% dos casos de HAS e DM
podem ser tratados na rede básica e vários
estudos mostram que a redução em cerca de
1 - Segurá-lo perto do corpo.
2 - Levantar a pessoa junto.
3 - Devagar, fazendo movimentos juntos.
4 - Dobrar as pernas. Não forçar as costas.
65
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4mmHg da pressão arterial diastólica média de
uma população reduz, em um ano, 35 a 42%
dos casos de Acidente Vascular Encefálico
nessa comunidade (Ministério da Saúde, 2001);
• A asfixia perinatal é uma importante causa de
Paralisia Cerebral, mas esta pode também estar
associada a anormalidades durante a gravidez, a
lesões traumáticas durante o parto, a hemorragia
intra-ventricular, a isquemia em crianças
prematuras e a outras causas perinatais como:
meningite, encefalite viral, alterações metabólicas
como hipoglicemias e kemicterus severos e
prolongados (Hall, HiII, 1996).
Dessa forma, as ações voltadas à prevenção da
ocorrência de perdas funcionais e dependência
devem buscar ampliar o acesso da população às
ações básicas de saúde, em especial à assistência
pré-natal e ao parto, à detecção precoce e ao
controle da Hipertensão Arterial Sistêmica e do
Diabetes Mellitus.
Orientações para a promoção do envelhecimento ativo
Segundo orientação da OMS (1999), o declínio
da capacidade funcional é determinado
principalmente por condicionantes externos, ou
seja, eventos e oportunidades que acontecem
ao longo da vida. O baixo peso ao nascer e a
desnutrição na infância (que estão associados ao
aumento do risco de doenças cardiovasculares e
ao Diabetes Mellitus na idade adulta), a presença
de “fatores de risco” para as doenças crônico-
degenerativas, as desvantagens sócio-econômicas
e as iniqüidades no acesso aos cuidados médicos
podem levar a perdas funcionais e incapacidades
no processo do envelhecimento.
“Para promover o envelhecimento ativo, os
sistemas de saúde necessitam tomar a perspectiva
do curso da vida que focaliza a promoção da
saúde, a prevenção das doenças e a eqüidade no
acesso aos cuidados primários de saúde e aos
cuidados prolongados.” (OMS, 2002).
65
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
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1 – Objetivo do serviço de assistência domiciliar- Oferecer cuidados domiciliares de saúde para
pacientes restritos ao leito;- Promover melhor qualidade de vida;- Oferecer uma assistência humanizada que favoreça
o exercício da autonomia e da responsabilidade pela própria saúde;
- Apoiar o cuidado familiar.
2 – Descrição do serviço de assistência domiciliar- Oferta de visitas domiciliares nos dias úteis (de
segunda a sexta-feira) das 7h às 17h, de acordo com cronograma pré-estabelecido no Plano de Atenção que será revisado de acordo com a evolução do paciente;
- As medicações prescritas poderão ser retiradas nas farmácias dos Postos de Saúde sempre que fizerem parte dos itens distribuídos pela Secretaria Municipal de Saúde;
- Materiais serão fornecidos sempre que houver disponibilidade;
- Quando o paciente se encontrar em condições clínicas de urgência/emergência, o cuidador deverá solicitar ao Serviço Municipal de Resgate pelo telefone 192 para transportá-lo para o Pronto Socorro mais próximo;
- O Serviço não se compromete pelo transporte do(s) paciente(s) para fins de consultas, exames ou internações hospitalares;
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
- A declaração para o óbito que ocorrer no domicílio, de segunda a sexta-feira, no horário de poderá ser fornecida pelo serviço.
3 – Direitos do paciente e cuidador- Receber serviço de qualidade sem qualquer
discriminação, contando com total respeito, consideração e postura ética de todos os profissionais que atuam em seu domicílio;
- Obter informações sobre seu diagnóstico e ter acesso ao seu prontuário e a relatórios e atestados necessários para a continuidade de seu tratamento.
4 – Deveres do paciente e do cuidador- O paciente deverá residir no território de abrangência
do Serviço. O paciente deverá ter um cuidador que se responsabilize por sua higiene, alimentação, administração dos medicamentos por via oral e garanta um ambiente físico e psicológico seguro para seu cuidado no domicílio. Fornecer informações e notificar o Serviço sobre as alterações no estado de saúde do paciente.
Tratar a equipe de atendimento domiciliar com consideração e respeito. Informar o Serviço nos casos de mudança de endereço residencial ou de cuidador. O cuidador, ou responsável, deve estar presente durante a visita da equipe.
Obs.: Os pacientes cujos cuidadores não atenderem aos requisitos estabelecidos neste Termo serão excluídos do Serviço de Atendimento Domiciliar.
Eu, ______________________________________________________________________________________________ ________________________________________________,_________________________________________________ Parentesco, RG
Estou ciente e concordo com as normas deste Termo, responsabilizando-me como cuidador(a) do(a) paciente.
__________________________________________________________________________________________________
São Paulo, _____/_____/_____
__________________________________
Assinatura do cuidador(a)
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PLANO DE ATENÇÃO
Composição da Equipe:______________________________________________________________________
Periodicidade das Visitas:
Médico: _________________________________ Enfermeiro: _____________________________________
Auxiliar / Técnico de Enfermagem: ___________________ Outros profissionais: ______________________
Estrutura oferecida pelo Serviço:
Materiais:___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Medicamentos: _____________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Atendimento de Urgência / Emergência: (Contato com Serviço Municipal de Resgate 192)
_____________________________________________ Data: ______/______/______
Responsável
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RESUMO DE ALTA DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR
Nome do Paciente: _________________________________________________________________________
Nº Prontuário: ______________________________________________________________________________
Data de Nascimento: ________________________________________________________________________
Data Nasc.:____________________ Idade:_____ Sexo:_______________ Estado Civil:________________
Natural de Estado: __________________________________________________________________________
Profissão: __________________________________________________________________________________
Cuidador:__________________________________ Parentesco:_____________________________________
Data de Admissão:__________________________ Data Alta:_______________________________________
Diagnósticos: ______________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Resumo da Evolução: _______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Condições de Alta: __________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Encaminhamento para: ______________________________________________________________________
Responsável: ________________________________ Data: ______/______/______
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FICHA CLÍNICANome do Paciente: ________________________________________________________________ No Prontuário:_________________Data Nasc. ______________ Idade: _________ Sexo: ____________ Estado Civil: ______________ No RG: ____________________Natural de: _____________________ Estado: _________ Escolaridade: ______________________ Profissão: __________________Parentesco: _________________________________ No RG: ________________________________
Queixa Principal: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
HPMA: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Interrogatório sobre Diversos Aparelhos: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Antecedentes Pessoais: _________________________________________________________________________________________Antecedentes Familiares: ________________________________________________________________________________________
Medicação em uso: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Exame Físico: __________________________________________________________________________________________________
Escala Cruz Vermelha:- Grau 0 (zero) - Vale-se totalmente por si mesmo. Caminha normalmente.- Grau 1 (um) - Realiza sufucientemente as Atividades da Vida Diária (AVD). Apresenta algumas dificuldades, locomoções complicadas.- Grau 2 (dois) - Apresenta algumas dificuldades nas AVD, necessitando de apoio ocasional. Caminha com ajuda de bengala ou similar.- Grau 3 (três) - Apresenta graves dificuldades nas AVD, necessitando de apoio em quase todas. Caminha com muita dificuldade, ajudado por pelo menos uma pessoa.- Grau 4 (quatro) - Impossível realizar, sem ajuda, qualquer das AVD. Capaz de caminhar com extraordinária dificuldade, ajudado por pelo menos duas pessoas.- Grau 5 (cinco) - Imobilizado na cama ou sofá, necessitando de cuidados contínuos.
Hipóteses Diagnósticas: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Conduta Médica: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Profissional: __________________________________________ CRM: __________________________ Data: _______/______/______
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Assunto: Assistência Domiciliar
A Assistência Domiciliar prestada por equipe multidisciplinar ligada ao estabelecimento de saúde ambulatorial deve seguir as seguintes instruções para a documentação das atividades realizadas:
1. Manter cadastro e prontuário atualizados dos pacientes que necessitam de atendimento domiciliar terapêutico contínuo e regular.
2. Preenchimento da Ficha do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - FCES
Incluir os profissionais que prestam essa modalidade de assistência e o número de horas de trabalho de cada um por semana, preenchendo o formulário FCES nº 8.
Observar as definições pela Tabela SIASUS específicas para executar esse procedimento.
3. Preenchimento da Ficha de Programação Orçamentária - FPO
Incluir os procedimentos na Ficha de Programação Orçamentária do estabelecimento de saúde e estimar a capacidade operacional máxima para cada um:
- Para profissionais de níveI superior: 0704102-0 - Atendimento domiciliar terapêutico multiprofissional para paciente portador de outras patologias por visita em equipe. Atendimento contínuo e regular ao paciente realizado por equipe multidisciplinar. Inclui todas as ações inerentes ao atendimento como curativos, coleta de material para exames laboratoriais, colocação e troca de sonda, troca de cânulas de traqueostomia, aspiração traqueal, ECG, testes de glicemia, alimentação naso-enteral, soroterapia, analgesia por cateter, fisioterapia domiciliar, fornecimento de medicação, concentrador de oxigênio. Inclui materiais e equipamentos para os procedimentos terapêuticos, além de avaliação, orientação e treinamento ao paciente e à família.
- Para profissionais de nível médio: 0102394-7 - Visita domiciliar por profissional de nível médio. Visita domiciliar solicitada por profissional de nível superior, segundo rotinas de serviços programados, já incluindo cuidados executados durante a visita tais como curativos, retirada de pontos e outros, e convocação de faltosos.
4. Preenchimento do Boletim de Produção Ambulatorial - BPA
O Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) corresponde ao consolidado das ações executadas pelo estabelecimento de saúde. Todas as ações realizadas no estabelecimento de saúde deverão ser codificadas segundo a tabela de Procedimentos do SIASUS. O código 0704102-0 é apontado por visita/equipe, independentemente do número de profissionais que participaram daquela visita e só poderá ser faturado por profissionais de nível superior. Se a visita foi realizada por profissionais de nível superior e simultaneamente com profissionais de nível médio, deverá ser apontada uma única vez no código 0704102-0.
Se a visita foi realizada apenas por profissionais de nível médio, deverá ser apontada no código 0102394-7, também uma única vez.
Digitar os dados no Sistema de Informação Ambulatorial - SIASUS e encaminhar transferência para a respectiva Coordenadoria de Saúde, que encaminhará para a SMS/Coordenação de Integração e Regulação do Sistema/Gerência Técnica de Faturamento conforme rotinas e cronograma vigentes.
INSTRUÇÃO SIASUS
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Cuidados Domiciliares de Saúde - Guia de Apoio
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
1 – CAMPOS, G.W.S. Saúde Paidéia. São Paulo:
Hucitec, 2003.
2 – CECÍLIO, L.C.O. As necessidades de saúde como
conceito estruturante. In: PINHEIRO R., MATTOS
R.A. (orgs.). Os sentidos da integridade na atenção
no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, 2001.
p.113-26.
3 – COTTA, R.M.M.; MORALES SUÁREZ-VARELA,
M.; LLOPIS GONZÁLEZ, A.; COTTA FILHO,
J.S.; RÁMON REAL, E.; DIAS RICÓS, J.A.D. La
hospitalización domiciliaria: antecedentes, situación
actual y perspectivas. Revista Panam Salud Publica,
2001; 10(1): 45-55.
4 – CPA/SEHAB. Guia para Mobilidade acessível em
vias públicas. São Paulo: Secretaria da Habitação
do Município de São Paulo, 2003.
5 – HALL, D.M.B.; HILL, P.D. Cerebral palsy. In: The child
with disability. Oxford: Blackwell Science, 1996. Cap.
14, p. 237-76.
6 – HELLER A. Teoria da las necessidades en Marx. 2a
Edição. Barcelona: Península, 1986.
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7 – MELO-FILHO, D.A. de. Repensando os Desafios de
Ulisses e Fausto: A Saúde, o Indivíduo e a História.
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 11,
no 1, p. 5-33, jan/mar, 1995.
8 – MEHRY, E.E. Em busca do tempo perdido: a
micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: Merhy,
E.E e Onocko, R.T. (orgs.). Agir em Saúde: um
desafio para o público. São Paulo, Hucitec, 1997.
9 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de Atenção
Básica. Área Técnica de Diabetes e Hipertensão
Arterial. Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes
Mellitus, Cadernos da Atenção Básica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2001.
10 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de
Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle
da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.
11 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Saúde
da Pessoa Portadora de Deficiência – Manual de
Legislação em Saúde da Pessoa Portadora de
Deficiência. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
73
Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
12 – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria da Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. Diretrizes
para Assistência Domiciliar na Atenção Básica/SUS/
(Documento Preliminar, 15a versão) 2004.
13 – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS.
Resolução 48/96: Normas sobre Equiparação de
Oportunidades para as Pessoas com Deficiência.
Assembléia Geral das Nações Unidas, 20 de
dezembro de 1993.
14 – PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia: a velhice e o
envelhecimento em visão globalizada. São Paulo:
Atheneu, 1999.
15 – SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Caderno
do Adolescente. Mimeografado, 2004.
16 – SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO PAULO.
Caracterização das pessoas com perdas funcionais
e dependência na área de abrangência do PSF
do Município de São Paulo, Relatório e Pesquisa.
Mimeografado, 2004.
17 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E
TISIOLOGIA. Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada
(OSP). Jornal de Pneumologia, nov/dez, 2000. p.
341-350.
18 – WORLD HEALTH ORGANIZATION. A life course
perspective of maintaining independence in older
age. Report. Geneva, 1999.
19 – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Home-based
long-term care. Report. Geneva, 2000. (WHO-
Technical Report Series, 898)
20 – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Active ageing: a
policy framework. Geneva, 2002.
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Coordenação da Atenção Básica - SMS - PMSP
Adeilton Jorge de Jino
Amanda Ferreira Esteves
Ana Maria da Silva
Ana Maria Pelhas da Silva
Andréa Lúcia Torres Amorim
Carmem Silvia Queluz Toledo Salles
Célia Aparecida Barbosa Aguirre
Célia Aparecida Teodoro de Carvalho
Clarice Marques
Claudia Aparecida Radica
Daniela Rodrigues de Morais
Débora Dupas G. Nascimento
Denise Gomes da Costa
Edjane Mercia Ribeiro Bittencourt de Araújo
Eliana Aparecida Garcia
Eliane Reny do Nascimento
Eunice do Nascimento
Responsáveis técnicos:
Maria Amélia de Campos Oliveira
Maria de Fátima Faria Duayer
Relação dos profissionais que participaram das Oficinas para elaboração deste Guia
Evânia Pessoa da Trindade
Evelani Martins da Silva
Fátima Moreira Mongelli
Fernanda Oropallo
Flavia Gabriele Petrone
Francisca Cunha de Mesquita
Iara Maria Ferreira Gomes da Silva
Iva Alves Santos
Ivone Ragozzini
Janete Aparecida da Costa
Jerusa Aparecida Bertanha
Jessé Dantas Leite
Josane Cássia Proetti
José Carlos Alves
Josênia Santos
Josevaldo Alves de Assis
Jozy Ferazim Pinheiro
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Leomax Araújo da Silva
Lia Likier Steinberg
Lígia Silva Orquiza
Lílian Aparecida Angotti
Lorena Martinez Barrales
Luciana Aparecida Tamborim
Luciana da Silva Rodrigues
Luzia Rumi Komai Rodriguez
Luzia Souza Costacurta
Magda Helena Monico Scheffer
Márcia Aparecido Galdino
Márcia Regiane Borges Antognetti
Márcia Tsuha Moreno
Marcus Frank
Maria Aparecida Ferreira
Maria Aparecida Pedro
Maria Apparecida Sarmento Monteleone
Maria Beatriz Benedita Boldrin Durães
Maria Cecília Ariozo
Maria Cecília Bernardo Pinto
Maria do Carmo Goffo
Maria Izabel Lopes
Maria Luzimar Sales dos Santos
Maria Tereza Suráimi de Andrade
Mariana Elston Brannware de Oliveira
Marineia Picinim
Marlene Cristina Quintal Bonilha
Marly de Almeida Pedra
Mary Rute Gusmão da Silva
Milene Teixeira Franco Freitas de Aro
Mônica Alves Borges
Nemísia Maria Araújo de Souza
Nilda Mahnis
Noely Gouveia dos Santos
Pedro Arthur Gimaiel Nascimento
Ricardo Juniti
Roberta Fonseca Pereira
Rosa Maria Bruno Marcucci
Sabrina Goursand de Freitas
Sandra Maria Sabio
Sandra Sayuri Kanda
Silvana Capellini
Silvia de Morais Rego
Solange Mara da Silva Oliveira
Sônia Regina Morais
Stella Maris Nicolau
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Sueli Aparecida Pinto da Silva
Terezinha Mazzeo
Vera Lúcia dos Santos Andrade
Veríssimo Simões Cardoso
William Taiji Hagoolin
Relação dos profissionais que participaram das Reuniões para elaboração deste Guia
Adeilton Jorge de Jino
Adriana Fernandes dos Santos
Ana Maria da Silva
Ana Maria Policastro da Costa de Meo
Antônio José Martins Freire
Cláudia Aparecida Radica
Débora Dupas G. Nascimento
Diana S. Oliveira
Edna Cezar Balbino
Fernanda Rocco Oliveira
Francisca Cunha de Mesquita
Gilda Rosana Vidal Bertoli
Heloísa Sawada Suzuki
Iara Maria Ferreira Gomes
Isabelle Rodota Imai
Janete Aparecida da Costa
Lílian Aparecida Angotti
Lorena Martinez Barrales
Luciana Aparecida Tamborim
Lucila Faleiros Neves
Luiz Cláudio Sartori
Maisa Gavassa Silva
Márcia Tsuha Moreno
Maria Aparecida Ferreira
Maria Cecília Bernardo Pinto
Maria Gorete Bavoso
Maria Inês Tadoni
Marineia Picinim
Mário Ivo Serinolli
Neusa Meza Gomes
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Nilda Mahnis
Participaram da redação deste Guia
Priscila O. Arruda Cândido
Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida
Silvana Capellini
Sílvia de Morais Rego
Stella Maris Nicolau
Vera Cristina Sampaio Alves Vianna
Wilton Queiroz da Fonseca
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Anotações