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CSO 001 – Introdução à Sociologia
Aula 3 – 20/03/[email protected]
www.auladesociologia.wordpress.com
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895)
• Marx nasce em Trier, Alemanha. • Estuda direito em Bonn e Berlim, entrando em
contato com a teoria de Hegel. • Freqüenta círculos de Hegelianos de esquerda. • Trabalha como jornalista na Gazeta Renana,
conhecendo Engels em 1842. Jornal é fechado em 1843.
• Começa seu exílio pela Europa (Paris, Bruxelas, Inglaterra).
Pressupostos teóricos de Marx e Engels
• Para se compreender a obra de Marx e Engels é necessário, antes de tudo, reportar-se a conceitos-chave desenvolvidos por teóricos como:
• Georg W. Hegel (1770 – 1831) • Ludwig Feuerbach (1804-1872)
Conceitos a serem esclarecidos
• Dialética (método dialético, totalidade histórica)• Materialismo (histórico, dialético)• Estrutura (infra-estrutura e superestrutura)• Ideologia • Trabalho e ontologia social• Divisão social do trabalho• Capitalismo• Reificação e fetichização• Alienação
Dialética
• Divisão entre ente e ser (estática ou dinâmica, Heráclito ou Parmênides?)
• Três movimentos da dialética:
• Tese (afirmação)• Antítese (negação)• Síntese (negação da negação)
Dialética do Senhor e do Escravo
Dois homens lutam entre si. Um deles é pleno de coragem. Aceita arriscar sua vida no combate, mostrando assim que é um homem livre, superior à sua vida. O outro, que não ousa arriscar a vida é vencido. O vencedor não mata o prisioneiro; ao contrário, conserva-o cuidadosamente como testemunha e espelho de sua vitória. Tal é o escravo, o "servus", aquele que, ao pé da letra, foi conservado.
Afirmação (Tese)
O senhor obriga o escravo, ao passo que ele próprio goza os prazeres da vida. O senhor não cultiva seu jardim, não faz cozer seus alimentos, não acende seu fogo: ele tem o escravo para isso. O senhor não conhece mais os rigores do mundo material, uma vez que interpôs um escravo entre ele e o mundo. O senhor, porque lê o reconhecimento de sua superioridade no olhar submisso de seu escravo, é livre, ao passo que este último se vê despojado dos frutos de seu trabalho, numa situação de submissão absoluta.
Negação (Antítese)
Entretanto, tal situação vai se transformar dialeticamente, porque a posição do senhor abriga uma contradição interna: o senhor só o é em função da existência do escravo, que passa a condicionar a sua. O senhor só o é porque é reconhecido como tal pela consciência do escravo e também porque vive do trabalho desse escravo. Neste sentido, ele é uma espécie de escravo de seu escravo.
Negação da Negação (Síntese)O escravo, que era antes de tudo o escravo da vida, mais até do que o escravo de seu senhor (pois foi por medo de morrer que se submeteu), vai encontrar uma nova forma de liberdade. Colocado numa situação infeliz, em que só conhece provações, aprende a se afastar de todos os eventos exteriores, a libertar-se de tudo o que o oprime, desenvolvendo uma consciência pessoal. Mas, sobretudo, o escravo incessantemente ocupado com o trabalho aprende a vencer a natureza ao utilizar as leis da matéria e recupera certa forma de liberdade (o domínio da natureza) por intermédio de seu trabalho. Por meio de uma conversão dialética o trabalho servil devolve-lhe a liberdade. Desse modo, o escravo, transformado pelas provações e pelo próprio trabalho, ensina a seu senhor a verdadeira liberdade, que é o domínio de si mesmo.
Dialética hegeliana
• Dois aspectos: Ontológico e Metodológico • Aspecto ontológico: dialética explica a
realidade como eterno devir, vir a ser.• Todo ser, segundo Hegel, contém uma
contradição intrínseca, sua existência pressupõe sua negação (ex.: flor).
• Contradição explica movimento perpétuo dos seres e do mundo.
Aspectos metodológicos
• Tudo é História: toda a realidade é a modificação perpétua, o movimento constante.
• Realidade para Hegel é o Espírito, ou seja, síntese que supera a oposição entre Idéia e Matéria. É a unidade dos opostos em um patamar superior.
• História divide-se em três momentos: 1 - pensamento puro (idéia em si), 2 – matéria (idéia sai de si) 3 – Espírito (idéia para-si, consciente de si).
História
• Para Hegel é o movimento do Espírito que sai de si e torna para si em outro patamar. Realidade é movida pelas contradições de todos os entes do mundo. Cada síntese transforma-se em nova tese e assim sucessivamente.
• É a tomada de consciência que o Espírito Absoluto realiza de si mesmo. Ocorre também em cada indivíduo em particular.
Dialética Marxista• Embora Marx aceitasse o método dialético de compreensão
da realidade histórica, ele dizia que o conteúdo de Hegel estava de cabeça para baixo.
• Marx coloca no lugar do “pensamento” a matéria, fundando o materialismo dialético.
• O ideal, para Marx, é o material interpretado pela a cabeça do ser humano, nada além disso.
• Pressupostos de Marx são reais, não mais ideais.• A consciência é um produto social determinado pelas
condições sociais. Nasce da necessidade de intercâmbio entre os homens.
Feuerbach e a Alienação
• Homem se despe de suas melhores qualidades para inventar a Idéia de Deus: esta é a alienação, segundo Feuerbach, filósofo neo-hegeliano. Deus seria, assim, a própria essência humana alienada de si.
• Marx agrega o conceito de alienação à sua obra em diversos momentos, sobretudo em termos de avaliação do trabalho no mundo capitalista.
• Bens sociais provenientes do trabalho social figuram como seres autônomos e independentes aos homens, os dominando - alienação.
Capitalismo
• Sistema social que aliena o homem de sua essência: o trabalho (o que o diferencia das outras espéies), que passa a não mais pertencer-lhe.
• A propriedade privada seria a mantenedora estrutural da situação de alienação no capitalismo.
• Alienam-se o produto do trabalho, o processo de produção, a natureza humana (trabalho a serviço do capital) e o homem de sua espécie (relações mediadas).
Materialismo dialético
• Síntese da dialética hegeliana e do materialismo de Feuerbach.
• De Hegel absorve método dialético, rejeitando conteúdo idealista.
• De Feuerbach retém fundamento materialista, sem estaticidade que lhe era própria.
• Luta de classes e desenvolvimento das forças produtivas são elementos mínimos da epistemologia de Marx.
Materialismo histórico
• História não é fruto do Espírito Absoluto, mas do trabalho humano.
• Homens interagem para satisfazer suas necessidades: “o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral” - Karl Marx.
• Sociedades se transformam quando homens alteram modo de produzir.
Infra-estrutura e superestrutura
• Infra-estrutura: forças produtivas + relações de produção de determinada sociedade (estrutura econômica)
• Superestrutura: Política (jurídica e política) e Ideológica (formas sociais de consciência).
Infra-estrutura• Sociedade: síntese do processo dialético pelo qual o
homem atua sobre a natureza, transformando-a (trabalho). • Trabalho envolve duas dimensões: homem com a natureza
(mediada pelas matérias-primas e instrumentos) e homem com o homem (relações de produção).
• Aqui se insere a questão da Divisão Social do Trabalho, que conforma as relações de produção de determinada sociedade.
• Forças produtivas entram em contradição com relações de produção, eclodindo em revoluções.
Superestrutura
• Sociedade se divide em classes sociais, que surgem quando grupo social se apropia dos meios de produção.
• Propriedade privada dá origem às classes sociais.
• Para consolidar o domínio, dominantes fazem uso da força persuasiva (leis, imprensa) ou de violência pura por meio do Estado, o “comitê da burguesia”.
Ideologia
• Idéias da sociedade são idéias da classe dominante.• Grupo que ascende ao poder político e econômico
difunde sua visão de mundo e valores.• Ideologia: conjunto de representações da realidade
que servem para legitimar e consolidar o poder das classes dominantes; expressão ideal das relações materiais dominantes.
• Exemplos religiosos.
Fetichismo e Reificação
• Mercadoria, por exemplo, que parece ser coisa trivial à primeira vista, é cheia de sutilezas e argúcias, conformando um caráter “misterioso”.
• Ela encobre características sociais do trabalho do homem, oculta a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total.
• Ao perder contato com o trabalho a mercadoria parece ganhar vida própria, como se ela tivesse um “algo a mais” contido em si.
• Por outro lado, o capital, desvinculado do trabalho, aliena o ser humano da produção de sua existência social.
• O capitalismo inverte o sentido das relações sociais: o homem (sujeito) se torna objeto, enquanto o objeto (mercadoria) se torna sujeito.
• A acumulação rege a lógica do mundo social. As coisas controlam os homens em vez de serem controladas por ele (processo produtivo).
• Aí reside a fantasmagoria da mercadoria, o seu fetiche e a reificação (coisificação) do mundo.
Movimento Dialético da História• Para Marx, a história dos homens é a história da luta de
classes.• Pré-história da humanidade chegará ao seu termo com o
fim do capitalismo, forma última, mais bem-acabada de produção e de dominação dos homens pelos homens.
• Aí se instaurará a sociedade comunista, uma sociedade em que a produção será dirigida ao homem, sem divisão do trabalho social.
• O Homem em sua essência, e não o Espírito, se verá realizado.