FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – VRPG
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM
ENFERMAGEM
COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE
ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO
FABRICIO BEZERRA ELERES
FORTALEZA – CEARÁ
SETEMBRO/ 2020
FABRICIO BEZERRA ELERES
COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE
ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO
Dissertação apresentada à coordenação do
Mestrado Profissional em Tecnologia e
Inovação em Enfermagem da Universidade de
Fortaleza – UNIFOR, como requisito parcial à
obtenção do Título de Mestre em Tecnologia e
Inovação em Enfermagem.
Área de Concentração: Tecnologias do Cuidar
em Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Tecnologias na
Complexidade do Cuidado em Enfermagem.
Orientadora: Prof.a Dr.
a Rita Neuma Dantas
Cavalcante de Abreu.
Co-orientadora: Prof.a Dr.
a Fernanda Jorge
Magalhães.
FORTALEZA - CEARÁ
SETEMBRO/2020
Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de
geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza
ELERES, FABRICIO.
COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE
ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO /
FABRICIO ELERES. - 2020
74 f.
Dissertação (Mestrado Profissional) - Universidade de
Fortaleza. Programa de Mestrado Profissional Em Tecnologia E
Inovação Em Enfermagem, Fortaleza, 2020.
Orientação: RITA NEUMA ABREU.
Coorientação: FERNANDA MAGALHÃES.
1. Coronavírus. 2. Pandemia. 3. Ansiedade. 4. Enfermagem
5.Pós- graduação. I. ABREU, RITA NEUMA. II. MAGALHÃES, FERNANDA.
III. Título.
FABRICIO BEZERRA ELERES
COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE
ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profª. Dr.a Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu (Orientadora)
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
________________________________________________
Profª. Dr.a Karla Maria Carneiro Rolim
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
____________________________________________________________
Profª. Dr.a Thereza Maria Magalhães Moreira
Universidade Estadual do Ceará - UECE
____________________________________________________________
Profa. Ms. Virna Ribeiro Feitosa Cestari
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Aprovado em: 02/09 /2020
LISTA DE SIGLAS
CHD - Classificação Hierárquica Descendente
COVID-19 - Coronavirus Disease 2019
IDATE – Inventário de Ansiedade Traço-Estado
IES – Instituição de Ensino Superior
IRAMUTEQ – Acrômio de Infertace de R pour les Analyses muldimensionnelles de Textes et
de Questionaires
MERS-COV - Sindrome Respiratória do Oriente Médio
MPTIE – Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem
NANDA – North American Nursing Diagnosis Association
OMS – Organização Mundial de Saúde
SARS-COV 2 – Sindrome Respiratória Aguda Graves
SPSS - Statiscal Package for the Social Sciences
SRAG - Sindrome Respiratória Aguda Grave
TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UCE- Unidade de Contexto Elementar
RESUMO
Objetivo: Averiguar as repercussões na saúde mental de enfermeiros e abordagem das
estratégias de enfrentamento no contexto da Covid-19. Método: Estudo transversal, realizado
com 58 enfermeiros mestrandos de Instituição de Ensino Superior, privada, localizada em
capital do nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos por meio de dois questionários de um
momento de orientação organizado pelos pesquisadores. Os dados foram organizados no
software IRaMuTeQ. A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha
eletrônica Excel 2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise
estatística por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão
23.0). Resultados: Os discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e
dor dos enfermeiros. Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos
discursos ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas
falas. Quanto ao momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16
enfermeiros, e, oito desses, conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança;
aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras. Buscou-se identificar os níveis de ansiedade
estado e seus fatores intervenientes. Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52 (89,7%)
eram mulheres e 38 (65,5%) eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos. Observou-se
que a maioria dos participantes possuía carga horária semanal de até 40 horas (37; 63,8%),
com mínima de 30 horas e máxima de 114 horas. Observou-se que o estado de ansiedade
apresentou variação entre baixo à alto, sendo, a maioria, agrupada no nível médio (62,1%).
Conclusão: Na pandemia, foi evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares,
bem como medo, preocupação e ansiedade nos discursos e termos, requisitando ações da
gestão de pessoas no sentido de favorecer o controle/administração desses sentimentos.
Descritores: Coronavírus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: To investigate the repercussions on nurses' mental health and to address coping
strategies in the context of Covid-19. Method: Cross-sectional study, carried out with 58
nurses master's students from a Higher Education Institution , private, located in the capital of
northeastern Brazil. The data were obtained through two questionnaires from an orientation
moment organized by the researchers. The data were organized in the IRaMuTeQ software.
Quantitative data were entered using the Excel 2003 for Windows spreadsheet, and these data
were subsequently submitted to statistical analysis using the Statistical Package for the Social
Sciences program (SPSS version 23.0). Results: The speeches revealed nurses' anxiety,
tiredness, fear, insecurity, anguish and pain. However, the appearance of words such as
tranquility and well in the speeches highlight attitudes of confrontation, overcoming and hope,
as identified in the statements. As for the Synchronous moment, organized by the researchers,
16 nurses participated, and eight of them managed to define this strategy as optimism;
confidence; learning; gratitude; excellence, among others. We sought to identify the levels of
state anxiety and its intervening factors. Among those who reported feeling anxious, 52
(89.7%) were women and 38 (65.5%) were married. The mean age was 36.0 ± 6.9 years. It
was observed that most participants had a weekly workload of up to 40 hours (37; 63.8%),
with a minimum of 30 hours and a maximum of 114 hours. It was observed that the state of
anxiety varied from low to high, with the majority being grouped at the medium level
(62.1%). Conclusion: In the pandemic, the nurses' concern with their families was evident, as
well as fear, concern and anxiety in the speeches and terms, requesting people management
actions in order to favor the control / administration of these feelings.
Descriptors: Coronavirus. Pandemic. Anxiety. Students. Postgraduate studies. Nursing.
RESUMEN
Objetivo: investigar las repercusiones en la salud mental de las enfermeras y abordar
estrategias de afrontamiento en el contexto de Covid-19. Método: Estudio transversal,
realizado con 58 estudiantes de maestría en enfermería de una Institución de Educación
Superior, privada, ubicada en la capital del noreste de Brasil. Los datos se obtuvieron a través
de dos cuestionarios de un momento de orientación organizado por los investigadores. Los
datos se organizaron en el software IRaMuTeQ. Los datos cuantitativos se ingresaron
utilizando la hoja de cálculo Excel 2003 para Windows, y estos datos fueron posteriormente
sometidos a análisis estadístico mediante el programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS versión 23.0). Resultados: Los discursos revelaron ansiedad, cansancio,
miedo, inseguridad, angustia y dolor de las enfermeras. Sin embargo, la aparición de palabras
como tranquilidad y bien en los discursos resaltan actitudes de enfrentamiento, superación y
esperanza, como se identifica en las declaraciones. En cuanto al Momento Sincrónico,
organizado por los investigadores, participaron 16 enfermeras y ocho de ellas lograron definir
esta estrategia como optimismo; confianza; aprendizaje; gratitud; excelencia, entre otros.
Buscamos identificar los niveles de ansiedad estatal y sus factores intervinientes. Entre los
que informaron sentirse ansiosos, 52 (89,7%) eran mujeres y 38 (65,5%) estaban casados. La
edad media fue de 36,0 ± 6,9 años. Se observó que la mayoría de los participantes tenían una
carga de trabajo semanal de hasta 40 horas (37; 63,8%), con un mínimo de 30 horas y un
máximo de 114 horas. Se observó que el estado de ansiedad varió de bajo a alto, siendo la
mayoría agrupada en el nivel medio (62,1%). Conclusión: En la pandemia se evidenció la
preocupación de las enfermeras por sus familias, así como miedo, preocupación y ansiedad en
los discursos y términos, solicitando acciones de gestión de personas para favorecer el control
/ administración de estos sentimientos.
Descriptores: Coronavirus. Pandemia. Ansiedad. Estudiantes. Posgraduación. Enfermería.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me conduzir e guiar até aqui me dando força,
sabedoria e coragem para que eu pudesse continuar e chegar a este momento!
Aos meus pais Maria José Bezerra Eleres e Almir Barata Eleres Filho, que com
todas as dificuldades me ajudaram e nunca deixaram faltar nada para que eu pudesse realizar
este sonho!
A minha irmã Florice Bezerra Eleres por todo apoio durante o período do mestrado e
demais momento da minha vida!
Aos mestres do Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em
Enfermagem que foram essenciais e se tornaram mais que professores. Obrigado por todos os
ensinamentos e pela amizade!
A professora Doutora Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu, por todo apoio, pela
amizade e por acreditar na minha capacidade e no tema escolhido para o trabalho de
conclusão de curso. A senhora minha gratidão e obrigado por ser minha referência como
pessoa e profissional.
A Coordenação do Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em
Enfermagem professora doutora Karla Maria Carneiro Rolim por todo apoio e por sempre
acreditar no êxito de todas as ações que levei até ela!
Aos professores que contribuíram na banca de qualificação e defesa, minha gratidão
pelas contribuições no trabalho de conclusão de curso!
Aos meus amigos, por toda a ajuda e apoio durante este período tão importante da
minha formação acadêmica e profissional.
Ao meu Amigo Everton Wanzeler que sempre me incentivou a desenvolver minhas
habilidades e potencial, Obrigado!
A todos que contribuíram de alguma forma para que esse estudo e esse sonho fosse
possível, minha gratidão!
Fabricio Bezerra Eleres
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
1.1 sobre o tema ........................................................................................................................ 11
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 14
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 14
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 15
3.1 Ansiedade: Conceitos, Reações e Sintomatologia .............................................................. 15
2.2 Impactos na saúde mental psicológica diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19)
.................................................................................................................................................. 16
4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 22
4.1 Tipologia ............................................................................................................................ 22
4.2 Local da pesquisa................................................................................................................ 22
4.3 População e amostra ........................................................................................................... 23
4.4 Intervenção e coleta de dados ............................................................................................. 23
4.5 Análise e interpretação dos resultados................................................................................ 25
4.6 Aspectos éticos e legais ...................................................................................................... 26
4.7 Riscos e Benefícios ............................................................................................................ 26
5. RESULTADOS ................................................................................................................. 28
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 54
APÊNDICES ...................................................................................................................... 61
ANEXOS ........................................................................................................................... 67
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Sobre o Tema
No final do ano 2019, um novo surto de pneumonia se espalhou na população mundial,
causado por um vírus denominado de SARS-CoV-2, (COVID-19), originado na China, o que
obrigou os diferentes países a se mobilizarem para enfrentar as consequências da
contaminação na saúde e na economia. A quarentena, forma principal de contenção da
velocidade da contaminação pela COVID-19 e da letalidade, adotada em várias regiões do
mundo, promoveu o isolamento e o confinamento de um grande número de pessoas e a
mobilização de um contingente significativo de profissionais da saúde para o enfrentamento
da situação da crise. A dimensão global dos reflexos da COVID-19, fez com que a
Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse a sua transmissão como uma pandemia
(ZWIELEWSKI et al., 2020).
Dados mais recentes indicam que até o dia 23 de abril o número de casos confirmados
de COVID-19 excedia 2.700.000 no mundo. Em 30 de janeiro de 2020, 9.976 casos de
COVID-19 haviam sido relatados em pelo menos 21 países. Um mês depois, foram
confirmados 83.652 casos, com 2.791 óbitos (mortalidade de 3,4%). Foram relatados casos
em 24 países, em 5 continentes. No Brasil, especificamente, até 3 de março, haviam sido
registrados 488 casos suspeitos, em 23 estados. Adicionalmente, até 23 de abril haviam sido
confirmados aproximadamente 49.500 casos e 3.313 óbitos (FERRARI, 2020).
A elevada infectividade do SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, na
ausência de imunidade prévia na população humana, bem como de vacina contra esse vírus,
faz com que o crescimento do número de casos seja exponencial. Nesse contexto, são
indicadas intervenções não farmacológicas, visando inibir a transmissão entre humanos,
desacelerar a contaminação da doença, e consequentemente diminuir e postergar o pico de
ocorrência na curva epidêmica (GARCIA, DUARTE, 2020).
A Pandemia do novo coronavírus (COVID-19) é a maior emergência de saúde pública
que a comunidade internacional enfrenta em décadas. Além das preocupações quanto à saúde
física, traz também preocupações quanto ao sofrimento psicológico que pode ser
experienciado pela população em geral e pelos profissionais de saúde envolvidos (SCHMIDT
et al., 2020).
O contexto da pandemia requer maior atenção ao trabalhador de saúde: ele está mais
sujeito a ter sua saúde mental afetada; seja por situações, vivenciadas direta ou indiretamente.
12
É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono,
aumento do uso de drogas lícitas e ilícitas, sintomas psicossomáticos e medo de se infectar ou
transmitirem a infecção aos membros da família. Manter a equipe protegida contra esse
estresse crônico e problemas de saúde mental significa que eles terão uma melhor capacidade
para desempenhar suas funções (BRASIL, 2020).
Atualmente, todos os esforços para combater o adoecimento do trabalhador da área da
saúde são extremamente fundamentais, e entendemos que os estudos que focalizam o estresse
ocupacional, os problemas relacionados à saúde física e mental assim como os mecanismos de
enfrentamento do estresse têm contribuído para melhor compreensão da situação laboral
desses profissionais e para o início da conscientização dos gerentes quanto à importância de
elaboração de medidas preventivas para o ambiente de trabalho, considerado como altamente
estressante e repleto de fatores predisponentes à depressão, à ansiedade entre seus
trabalhadores (SCHMIDT, DANTAS, MARZIALE, 2011).
Diante desse contexto, tem-se a necessidade de intervenções direcionadas aos
profissionais de saúde, especialmente, enfermeiros que estão na “linha de frente” contra a
pandemia da COVID-19. Portanto, é conveniente esse aprofundamento técnico-científico e
ressalta-se a importância dessa abordagem integral.
Durante uma pandemia é esperado que, frequentemente, estejamos em estado de
alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às
incertezas do momento. Estima-se que entre um terço e metade da população exposta a uma
pandemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma
intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. Os fatores que
influenciam o impacto psicossocial estão relacionados à magnitude da epidemia e o grau de
vulnerabilidade em que a pessoa se encontra no momento (BRASIL, 2020).
Estudos anteriores em Toronto, Hong Kong e Cingapura onde profissionais de saúde
também enfrentaram surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados por
outro tipo de coronavírus (MERS-CoV-síndrome respiratória do Oriente Médio) identificaram
um nível significativo de angústia, sendo este mais alto para os enfermeiros, uma vez que os
mesmos tinham sensação de perda de controle da situação, receio pela própria saúde e pela
propagação do vírus. Na China, mais precisamente na província de Wuhan em Hubei, onde o
surto começou, foram identificados entre os profissionais de saúde problemas psicológicos,
incluindo ansiedade, depressão e estresse (BARBOSA et al., 2020).
Sobre a COVID-19, em particular, os desafios enfrentados pelos profissionais da
saúde podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de
13
ansiedade, depressão e estresse, especialmente quando se trata daqueles que trabalham na
“linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram infectadas pelo vírus. Em
geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira próxima com
outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado com mudanças
frequentes nos protocolos de atendimentos, em decorrência de novas descobertas sobre a
COVID-19, e, ainda costumam despender um tempo significativo do seu dia para colocar e
remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão relacionada ao
trabalho (SCHMIDT et al., 2020).
O enfrentamento de situações críticas como as geradas pela COVID-19 pode levar
profissionais de Enfermagem ao confronto com seus recursos psicológicos o que pode ser
capaz de gerar um maior nível de estresse (BARBOSA et al., 2020).
O interesse pelo estudo partiu da vivência e do compartilhamento de colegas
profissionais de Enfermagem da linha de frente sobre os impactos da COVID-19 na saúde
mental, pois, o estresse e a pressão de lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer e ser
contaminado provocam severos problemas de saúde mental, aumentando o turnouver e
a síndrome de burnout, além de gerar graves problemas como ansiedade e depressão.
Estudos sugerem que esta pandemia provoca efeitos deletérios na saúde mental dos
estudantes universitários (MAIA; DIAS, 2020). Nesse contexto, cabe destacar enfermeiros
mestrandos que estão na “linha de frente”.
No cotidiano do mestrado também são configuradas demandas micro-estressoras que
tendem a se acumular durante o período em que o estudante está envolvido com múltiplas
atividades, dentro e fora da pós-graduação (SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007). Portanto,
considerando a soma desses fatores, decidiu-se identificar os sentimentos dos enfermeiros
mestrandos e averiguar a necessidade de intervenção sobre estratégias de enfrentamento,
nesse contexto de Pandemia.
14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar repercussões do COVID-19 na saúde mental de enfermeiros e abordagem das
estratégias de enfrentamento.
2.2 Objetivos Específicos
Averiguar os sentimentos dos enfermeiros (matriculados em um curso de mestrado)
sobre a pandemia Covid-19.
Avaliar os níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade Traço – Estado;
Identificar os níveis de ansiedade e seus fatores intervenientes em Enfermeiros durante
a pandemia Covid-19.
15
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Ansiedade: Conceitos, Reações e Sintomatologia
A sociedade, nas últimas décadas, tem utilizado a palavra estresse e suas derivações de
forma corriqueira e quase instintiva. Sem maiores reflexões, diferentes formas de mídia
colaboram para este acontecimento, o que generaliza e simplifica os reais significados da
problemática do estresse. No transcurso da vida, em determinadas ocasiões, as pressões
biopsicossociais são responsáveis por desequilíbrios na homeostase do indivíduo,
prejudicando seu desempenho nas mais variadas circunstâncias. Essas pressões geradoras de
estresse são vivenciadas em diversas oportunidades tanto na vida pessoal, social, profissional
e, não menos diferente, durante a trajetória acadêmica (MONTEIRO; FREITAS; RIBEIRO,
2007).
Consoante os autores supracitados, no ambiente acadêmico, a resolução de problemas
se faz imperiosa. Além disso, é sabido que os estudantes universitários passam por momentos
de mudança, desenvolvimento, frustração, crescimento, temores e angústias. Assim, o
ambiente que contribuiria na edificação do conhecimento e ser a base para as suas
experiências de formação profissional se torna, por vezes, o desencadeador de distúrbios
patológicos, quando ocorre uma exacerbação da problemática do estresse acadêmico nos
estudantes.
O estresse é um estado produzido por uma alteração no ambiente que é percebida
como desafiadora, ameaçadora ou lesiva para o balanço ou equilíbrio dinâmico da pessoa. A
pessoa fica ou se sente incapaz de satisfazer às demandas da nova situação. A alteração ou
estímulo que gera este estado é o estressor. A natureza do estressor é variável; um evento ou
alteração que produzirá estresse em uma pessoa pode ser neutra para outra, e um evento que
produz o estresse em um momento e local para uma pessoa pode não fazê-lo para a mesma
pessoa em outra momento e local. Uma pessoa percebe situações mutáveis e lida com elas. A
meta desejada é adaptação ou ajuste à alteração de modo que a pessoa fique novamente
equilibrada e tenha a energia e a capacidade de satisfazer às novas demanda. Esse é o
processo de enfrentamento com o estresse, um processo compensatório com componentes
fisiológico e psicológicos (BRUNNER et al., 2010).
Os fenômenos mais destacados da reação do estresse são o aumento das glândulas
suprarrenais, com sinais histológicos de hiperatividade, involução timolinfática com
manifestações no quadro hemático (eosinopenia e linfocitopenia) e ulcerações no trato
16
gastrointestinal. Ocorre, pois uma reação de alarme geral, mobilizando forças defensivas com
os órgãos do corpo apresentando variações tipo involutivas e degenerativas, enquanto que a
suprarrenal se hiperativa (CASTRO, 2002).
Cada indivíduo reage de forma diferente ao estresse e aos diferentes estímulos aos
quais são expostos, alterando os níveis de normalidade das pessoas sem distinguir idade, sexo,
nível social ou atividade profissional (FRANÇA et al., 2012). O estresse se define como
esgotamento físico, mental ou emocional, que resulta na interação do indivíduo ao ambiente
(RIBEIRO; MELO; RIBEIRO, 2011).
A ansiedade é um dos comportamentos mais relacionados com as doenças
psicossomáticas. Métodos que minimizem este tipo de comportamento certamente ajudarão na
prevenção de inúmeras doenças que tenham origem nos fatores emocionais (SALES; SILVA,
2012).
A busca de conhecimento mais aprofundado acerca do tema estresse e suas interfaces
tem se intensificado cada vez mais no meio técnico-científico e na mídia, devido aos efeitos
negativos gerados ao organismo humano e suas implicações na qualidade de vida dos
indivíduos (FRANÇA et al., 2012).
Identificou-se na literatura estudos sobre estresse envolvendo acadêmicos da área da
saúde, quando se constatou a referência à sintomatologia clássica da fase de alarme ao
estresse: taquicardia, tensão muscular, pele e extremidades frias, dentre outras. Houve
também a menção da problemática relacionada às fases secundárias de resposta ao estresse,
como cefaleia, sonolência, irritabilidade e dificuldade de concentração, além da citação de
sentimentos subjetivos como raiva, passividade e o desestímulo (MONTEIRO; FREITAS;
RIBEIRO, 2007).
Diante do exposto e sabendo que desequilíbrios na vida do indivíduo e insatisfações na
realização de atividades pessoais e profissionais desencadeiam o estresse, sendo necessários
segundo França et al., (2012), diagnósticos precoces e acompanhamento terapêutico por
profissionais qualificados, para promover a saúde pública e a proteção da vida, suscitou-se a
pesquisar sobre este tema.
3.2 Impactos na saúde mental, psicológica diante da pandemia do novo coronavírus
(COVID-19)
O primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi reportado na China, no início
de dezembro de 2019 (WANG et al., 2020; XIAO, 2020). A rápida escalada da doença
17
(Coronavirus Disease 2019–COVID-19), com disseminação em nível global, fez com que a
Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerasse uma pandemia.
Em 03 de abril de 2020, 206 países registravam infecções pelo novo coronavírus, com
o total de 976.249 casos confirmados e 50.489 mortes (OMS, 2020a). Nessa mesma data, o
Brasil contava com 9.056 casos confirmados e 359 mortes (BRASIL, 2020a). Entretanto,
estima-se que esses números sejam ainda maiores, dado que não levam em conta atrasos nas
notificações ou casos positivos não testados (RUSSELL et al., 2020). Nesse sentido,
estatísticas sugerem que o número de reprodução da COVID-19 varia de 1,4 a 3,9 em
diferentes localidades (VILLELA, 2020).
Assim, o tempo de duração e os desdobramentos da pandemia ainda permanecem
imprevisíveis (XIAO, 2020). Até em abril de 2020, já trazia um profundo impacto global,
sendo considerada a síndrome respiratória viral mais severa desde a pandemia de influenza
H1N1, em 1918 (FERGUSON et al., 2020). As estimativas são de que essa pandemia,
também conhecida como “gripe espanhola”, levou a óbito entre 20 e 50 milhões de pessoas
em todo o mundo, há pouco mais de 100 anos (MATOS, 2018).
O significativo número de casos que demandam internação hospitalar (DUAN; ZHU,
2020), incluindo cuidados em unidade de terapia intensiva, bem como a ausência de
intervenções farmacológicas eficazes e seguras, tais como medicamentos ou vacinas, gerou
um colapso no sistema de saúde em diferentes nações (FERGUSON e al., 2020).
Com o objetivo de reduzir os impactos da pandemia, diminuindo o pico de incidência
e o número de mortes, alguns países adotaram medidas como o isolamento de casos suspeitos,
fechamento de escolas e universidades, distanciamento social de idosos e outros grupos de
risco, bem como quarentena de toda a população (BROOKS et al., 2020; FERGUSON et al.,
2020).
Estima-se que essas medidas tendam a “achatar a curva” de infecção, ao favorecer um
menor pico de incidência em um dado período, reduzindo as chances de que a capacidade de
leitos hospitalares, respiradores e outros suprimentos sejam insuficiente frente ao aumento
repentino da demanda, o que se associaria à maior mortalidade (FERGUSON et al., 2020).
Em linhas gerais, na vigência de pandemias, a saúde física das pessoas e o combate ao
agente patogênico são os focos primários de atenção de gestores e profissionais da saúde, de
modo que as implicações sobre a saúde mental tendem a ser negligenciadas ou subestimadas
(ORNELL et al., 2020). Contudo, medidas adotadas para reduzir os impactos psicológicos da
pandemia não podem ser desprezadas nesse momento (BROOKS et al., 2020; XIAO, 2020).
18
Se isso ocorre, geram-se lacunas importantes no enfrentamento dos desdobramentos
negativos associados à doença, o que não é desejável, sobretudo porque os impactos
psicológicos podem ser mais duradouros e prevalentes que o próprio acometimento pela
COVID-19, com ressonância em diferentes setores da sociedade (ORNELL et al., 2020).
Estudos sobre implicações na saúde mental em decorrência da pandemia do novo
coronavírus ainda são escassos, por se tratar de fenômeno recente, mas apontam para
repercussões negativas importantes. Além disso, pesquisas anteriores sobre outros surtos
infecciosos revelaram desdobramentos desadaptativos, em curto, médio e longo prazo, para a
população geral e para os profissionais da saúde (JIANG et al., 2020; TAYLOR, 2019).
Por exemplo, na epidemia de Ebola de 1995, os sobreviventes relataram
principalmente medo de morrer, de infectar outras pessoas, de se afastar ou sofrer abandono
nas relações com familiares e amigos, bem como estigmatização social (HALL; CHAPMAN,
2008). Os profissionais da saúde, por outro lado, reportaram, sobretudo medo de contrair a
doença e, ainda, transmiti-la a seus familiares, bem como sofrimento por estarem afastados de
seus lares, estresse, sensação de perda de controle e de desvalorização, além de preocupação
com o tempo de duração da epidemia (HALL et al., 2008; SCHIMIDT et al., 2020).
Situação semelhante ocorreu em 2003, durante a epidemia de Síndrome Respiratória
Aguda Grave (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus -SARS), um outro tipo de
coronavírus, quando as implicações psicológicas decorrentes da doença foram maiores que as
implicações médicas, em termos de número de pessoas afetadas e tempo de duração em que
elas foram afetadas (TAYLOR, 2019).
Afora a população geral, profissionais da saúde também costumam experienciar
estressores no contexto de pandemias, a saber: risco aumentado de ser infectado, adoecer e
morrer; possibilidade de inadvertidamente infectar outras pessoas; sobrecarga e fadiga;
exposição a mortes em larga escala; frustração por não conseguir salvar vidas, apesar dos
esforços; ameaças e agressões propriamente ditas, perpetradas por pessoas que buscam
atendimento e não podem ser acolhidas pela limitação de recursos; e afastamento da família e
amigos (TAYLOR, 2019; SCHIMIDT et al., 2020).
Sobre a COVID-19 em particular, os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde
podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de ansiedade,
depressão e estresse (BAO et al., 2020), especialmente quando se trata daqueles que
trabalham na chamada “linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram
infectadas pelo vírus (LI et al., 2020a).
19
Em geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira
próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado
com mudanças frequentes nos protocolos de atendimento, em decorrência de novas
descobertas sobre a COVID-19; e, ainda, costumam despender um tempo significativo do seu
dia para colocar e remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão
relacionada ao trabalho (ZHANG et al., 2020a). Nesse sentido, na China, equipes de saúde
mental passaram a observar sinais de sofrimento psicológico, irritabilidade aumentada e
recusa a momentos de descanso por parte de profissionais da saúde que trabalhavam na linha
de frente (CHEN et al., 2020; SCHIMIDT et al., 2020).
Outro estudo, realizado em um hospital chinês de grande porte, por meio de entrevistas
a 13 médicos da linha de frente, revelou que esses profissionais demonstravam preocupação
quanto à escassez de equipamentos de proteção, apresentavam dificuldades para lidar com
pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus e não compreendiam as
recomendações ou se recusavam a aderir ao tratamento (ex.: quarentena no hospital), sentiam-
se incapazes quando confrontados com casos graves, bem como temiam preocupar suas
famílias e levar o vírus para suas casas (CHEN et al., 2020; SCHIMIDT et al., 2020).
Dentre as estratégias propostas para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus,
destaca-se o apelo para que a população geral fique em casa, buscando diminuir a
transmissão, ao passo que a tendência é que os profissionais da saúde mantenham ou
aumentem sua jornada de trabalho (BARRO; DELBEN et al., 2020).
Muitos profissionais da saúde que atuam na linha de frente, expostos ao vírus
diariamente, foram infectados em todo o mundo; na Itália, esse número chegou a 20% no final
do mês de março de 2020, de forma que o acesso a equipamentos de proteção individual para
eles é preocupação central (THE LANCET, 2020). No Brasil, a imprensa tem divulgado a
escassez de equipamentos de proteção individual e o maior índice de licenças médicas a
profissionais da saúde, como parece ser o caso de servidores municipais de São Paulo, na
comparação entre a primeira e a segunda quinzena de março de 2020 (RODRIGUES, 2020).
Ainda que não atuem na linha de frente ou que precisem se afastar dessa atuação
temporariamente, profissionais da saúde podem apresentar sofrimento psicológico em
contextos de emergências de saúde (BROOKS et al., 2020; LI et al., 2020b). Nesse sentido,
destaca-se o fenômeno da “traumatização vicária”, também denominado “traumatização
secundária”, em que pessoas que não sofreram diretamente um trauma passam a apresentar
sintomas psicológicos decorrentes da empatia por quem o sofreu (LI et al., 2020a;
SCHIMIDT et al., 2020).
20
Em estudo realizado na China, Li et al. (2020a) investigaram a traumatização vicária
relacionada à COVID-19 junto a uma amostra composta por 214 pessoas da população geral,
234 enfermeiros que trabalhavam na linha de frente e 292 enfermeiros que não trabalhavam
na linha de frente (n = 740).
Os achados evidenciaram níveis significativamente maiores de traumatização vicária
em enfermeiros que não trabalhavam na linha de frente em comparação àqueles que
trabalhavam na linha de frente. Segundo os autores, uma das possíveis explicações para esse
resultado é que a traumatização vicária em enfermeiros que trabalham na linha de frente é
derivada da empatia pelas pessoas que têm COVID-19, ao passo que enfermeiros que não
trabalham na linha de frente mostram empatia pelas pessoas que têm COVID-19, mas também
empatia e preocupação com os colegas da linha de frente. Além disso, enfermeiros que
trabalham na linha de frente podem ter maior preparo e habilidades psicológicas para lidar
com emergências de saúde em comparação àqueles que não trabalham na linha de frente (LI
et al., 2020b; SCHIMIDT et al., 2020)
Assim, mesmo quando precisam se afastar das funções laborais (ex: quando a
quarentena é necessária), profissionais da saúde tendem a reportar culpa, raiva, frustração e
tristeza (BROOKS et al., 2020), o que sugere a importância da atenção psicológica a essa
população no contexto de pandemias.
De acordo com o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis (2018), a
ansiedade é caracterizada como sofrimento físico e psíquico, aflição, agonia, angústia, ânsia e
nervosismo, sendo um estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso no qual um
indivíduo se sente impotente e indefeso.
A ansiedade é um estado de maior vigilância e capacidade de resposta que resulta em
uma série de comportamentos defensivos mensuráveis. Esses comportamentos servem para
prevenir ou reduzir os danos ao organismo diante de situações inesperadas e potencialmente
perigosas e, portanto, a ansiedade é antes de tudo um mecanismo fisiológico adaptativo,
essencial para a sobrevivência. No entanto, a desregulação dos circuitos de ansiedade devido a
causas genéticas ou adquiridas devida a diversos fatores como estresse, carga emocional de
medo e apreensão excessivos, que podem levar a distúrbios patológicos de ansiedade
(CRASKE, 2016).
Nessa lógica de adoecimento, o Brasil figura como o país com a maior taxa de pessoas
com transtornos de ansiedade, visto que 9,3% dos brasileiros sofre por algum transtorno de
ansiedade. Para Han (2015), isso é decorrente da conjuntura secular de adoecimento neural,
onde temos arraigado em nosso contexto social a violência neuronal, fazendo com que as
21
pessoas se cobrem cada vez mais, em busca de resultados, tomando-as elas mesmas carrascas
e vigilantes de suas ações; sendo essa condição contribuinte do aumento significativo dos
transtornos mentais, sobretudo os de ansiedade.
O indivíduo com ansiedade apresenta ambas as respostas: simpática e parassimpática.
As respostas dependem do nível de ansiedade, mas o indivíduo relata sentimentos de incerteza
(SOUSA et al., 2013). Alguns fatores que podem estar relacionados à ansiedade são: conflitos
inconscientes de valores e metas essenciais da vida, ameaça do autoconceito, ameaça de
morte, ameaça ou mudança no estado de saúde, ameaça ou mudança na função do papel,
ameaça ou mudança no ambiente, ameaça ou mudança na interação dos padrões, crise
situacional ou existencial, contágio ou transmissão interpessoal, necessidades não atendidas
(GIORDANI, 2016).
Conforme as informações apresentadas nota-se a importância de identificar os fatores
que contribuem para o surgimento da ansiedade no período da pandemia visto que, em
contextos de promoção a saúde mental de estudantes e profissionais tais descobertas
contribuem para sanar vários conflitos e demandas de desempenho pessoal e
profissional, deixando-os mais propensos a desenvolverem esses transtornos mentais,
dessa forma cria-se apoio e suportes psicológicos adequados para os alunos nos diversos
níveis de ensino da formação profissional.
22
4 METODOLOGIA
4.1 Tipologia
Estudo descritivo, de natureza predominantemente qualitativa. A pesquisa descritiva
tem como objetivo principal a descrição de fatos e fenômenos de determinada realidade,
exigindo que o investigador busque por uma série de informações sobre o assunto desejado
para a elaboração da pesquisa (TEXEIRA, 2013).
Dentre as pesquisas descritivas destacam-se aquelas que têm por objetivo estudar as
características de um determinado grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível
de escolaridade, nível de renda. Exigindo que o investigador busque por uma série de
informações sobre o assunto desejado para a elaboração da pesquisa (TRIVIÑOS, 2009).
A pesquisa qualitativa busca diminuir a distância entre dados e a teoria para então
compreender os fenômenos pela sua descrição e interpretação (SOUSA; CARMO, 2017).
4.2 Local da Pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior (IES), privada, no
município de Fortaleza, Ceará, Brasil. A universidade conta com uma estrutura de 720 mil
metros quadrados, onde se encontram cerca de 300 salas de aula, mais de 230 laboratórios
especializados. O campus também é composto por auditórios, salas de vídeo, biblioteca,
centro de convivência, núcleo de atenção médica, clínica odontológica, parque desportivo,
teatro, espaço cultural, escritório para a prática jurídica, empresas juniores, TV universitária,
escola de ensino infantil e fundamental e diversos outros núcleos de prática acadêmica e
pesquisa. A universidade é composta pelos seguintes centros: Saúde, Humana, Tecnológica,
Jurídica e Administrativa (UNIFOR, 2020).
O Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE) tem
como objetivo desenvolver, avaliar e divulgar tecnologias inovadoras de forma a atender às
necessidades do cuidado de enfermagem com vistas ao desenvolvimento local, regional e
nacional, assim como desenvolver estudos baseados em evidências por meio da utilização do
método científico para transformação da prática profissional, como também contribuir para a
melhoria da integração entre a universidade e os serviços de saúde nos diferentes níveis de
atenção.
23
O Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE) da
Universidade pesquisada se diferencia dos demais cursos na área por uma série de razões. A
primeira delas é a utilização de metodologias inovadoras. O curso tem também foco na
formação do aluno enquanto tomador de decisões e líder, na utilização experiências do aluno
em sala de aula e adoção periódicos científicos de referência. Além disso, conta com foco
prático com rigor teórico e metodológico, um modelo de dissertação diferenciado (projeto de
intervenção) e módulo internacional.
Outras características do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em
Enfermagem são o forte alinhamento com instituições de saúde, utilização de metodologias de
ensino adequadas à moderna educação em saúde e networking com professores, pesquisadores
e profissionais de saúde. Ademais o curso conta com reconhecimento da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e viés internacional.
4.3 População e Amostra
A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou
egressos de um Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE),
de uma Universidade privada cearense. Integraram a população 120 enfermeiros da linha de
frente de combate à Covid-19 e 63 deles responderam um questionário, dos quais 58
confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante a Pandemia.
4.4 Intervenção e Coleta de Dados
Considerando esse período de distanciamento social, o convite para participação no
estudo foi por meio de e-mail ou Whatsapp. Esse convite foi para o preenchimento de
questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito
pela ferramenta Google Forms, que teve sua primeira parte direcionada a investigar as
características sociodemográficas (sexo, idade, formação acadêmica, tempo de formação,
locais de trabalho, carga-horária de trabalho, unidade de atuação, estado civil, entre outros).
Foi realizada uma avaliação dos níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade
Traço - Estado (IDATE).
A Ansiedade-Estado é considerada como um estado emocional transitório ou condição
do organismo humano, que é caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e
24
apreensão conscientemente percebidos, que variam de intensidade segundo as formas de
reação aos estímulos (SPIELBERGER, 1966).
Inventário de Ansiedade Traço - Estado (IDATE), é constituído por duas escalas, uma
para medir a ansiedade – traço e outro para medir a ansiedade – estado, sendo cada uma
composta por 20 itens, contendo, cada uma, quatro alternativas para a resposta e requer que os
sujeitos descrevam como geralmente se sentem, assinalando uma das alternativas: 1- quase
nunca; 2- às vezes; 3- frequentemente; 4- quase sempre. A escala ansiedade-estado requer que
o sujeito responda como se sente num determinado momento, assinalando uma das
alternativas: 1-absolutamente não; 2- um pouco; 3- bastante e 4- muitíssimo. O total da escala
varia de 20 a 80, sendo que os pontos mais altos indicam maior nível de ansiedade. O
instrumento utilizado para coleta de dados foi adaptado de Santos e Galdeano (2009).
Para quantificação e interpretação das respostas, atribui-se a pontuação correspondente
à resposta dada para cada uma das perguntas. Os escores para as perguntas de caráter positivo
são invertidos, ou seja, se o indivíduo responder 4, atribui-se valor 1 na codificação; se
responder 3, atribui-se valor 2; se responder 2, atribui-se valor 3; e se responder 1, atribui-se
valor 4. Para o IDATE – estado, as perguntas negativas são: 3, 4, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 17,18; e
as positivas: 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20. E para o IDATE – traço, as perguntas negativas
são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas: 1, 6, 7, 10, 13, 16, 19 (KAIPPER,
2008). Sendo, nível normal 40 pontos não sendo significativo dois para cima ou dois para
baixo. Tende a ansiedade acima de 42 e tende a depressão abaixo de 38 pontos.
Quanto às perguntas abertas têm-se: Fale sobre os seus sentimentos e emoções por
ocasião da Pandemia; Descreva como você se sente neste exato momento.
Os que aceitaram participar voluntariamente registraram sua aceitação no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os que preencheram o questionário e desejaram
participar de um momento de orientações, por meio de comunicação síncrona, os
pesquisadores organizaram esse momento. Para preservar a identidade dos participantes, foi
atribuído um código numérico para cada participante.
Foi encaminhado um convite, informando data, hora, link de acesso do Google Meet e
objetivo da intervenção, por meio dos grupos do Whatsapp do mestrado em tecnologia e
inovação em enfermagem. No dia da abordagem, 16 mestrandos acessaram o Link e
participaram desse momento de intervenção.
Após a abordagem, foi enviado outro formulário com a seguinte pergunta: Diante
desse contexto de Pandemia, como foi para você participar desse momento.
25
4.5 Análise e Intepretação dos Resultados
Para apoiar a análise textual e temas relevantes nos discursos dos sujeitos, foi utilizado
o software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de
Questionnaires). Este programa é livre, desenvolvido na linguagem Python e utiliza
funcionalidades providas pelo software estatístico R e, sob enfoque qualitativo, possibilita
diferentes processamentos e análises estatísticos de corpus textuais e de tabelas
indivíduos/palavras (SOUZA et al., 2018).
A análise dos discursos foi realizada separadamente para comparação das respostas.
Inicialmente, foram exploradas as estatísticas textuais clássicas, lexicografia básica e pesquisa
de especificidades por grupos. Para as análises multivariadas, foi considerada a Classificação
Hierárquica Descendente (CHD), a Análise de Similitude ou de Semelhanças e a Nuvem de
Palavras, disponíveis no software.
Na CHD, os seguimentos textuais ou unidades de contexto elementar (UCE) são
classificados em função dos seus respectivos vocábulos e de valores de qui-quadrado mais
elevados na classe, e organizados em um dendograma (SALVADOR et al., 2018). O teste do
qui-quadrado é utilizado para verificar a associação da UCE com determinada classe
(CAMARGO; JUSTO, 2013); todas as palavras a serem selecionadas para compor as classes
devem possuir p<0,001, indicando associação significativa.
A análise de similitude se apoia na teoria dos grafos, que constitui o modelo
matemático ideal para o estudo da relação entre objetos discretos de qualquer tipo e possibilita
identificar as ocorrências entre as palavras e seu resultado; traz indicações da conexidade
entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura de um corpus textual, distinguindo
também as partes comuns e as especificidades em função das variáveis ilustrativas
(descritivas) identificadas em análise (CAMARGO; JUSTO, 2013).
No intuito de identificar as palavras-chave das falas dos atores, foi apresentada a
nuvem de palavras, pois esta possibilita o agrupamento das palavras e as organiza
graficamente em função da sua frequência.
Ressalta-se que o uso do software não é um método de análise de dados, mas uma
ferramenta para processá-los. Portanto, não conclui essa análise, já que a interpretação é
essencial e é de responsabilidade do pesquisador (KAMI et al., 2016).
A partir da leitura e análise crítica, foi realizada a discussão e intepretação dos
resultados obtidos, com a apresentação das evidências encontradas.
26
A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha eletrônica Excel
2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise estatística por
meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 23.0).
Estatísticas descritivas foram realizadas para as variáveis qualitativas por meio de
frequências absolutas e relativas. Para as variáveis quantitativas contínuas e discretas foram
calculadas a média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo.
4.6 Aspectos Éticos e Legais
Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução
nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012).
A pesquisa foi realizada com a anuência formal dos participantes, por meio da leitura e
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICES A e B). A
importância do TCLE se dá por respeito à dignidade humana, e exige que qualquer pesquisa
realizada com seres humanos se torne efetiva a partir do consentimento livre e esclarecido dos
participantes, de forma que os mesmos possam se manifestar, de forma autônoma, consciente,
livre e esclarecida (BRASIL, 2013).
Os participantes foram convidados via aplicativo whatsapp onde foi apresentado o
estudo e conforme o aceite dos mesmo foi enviando um email contendo o TCLE onde era
assinado e devolvido ao pesquisador. Os participantes da pesquisa tiveram sua integridade
emocional e física preservadas, direito à livre desistência, sigilo e confidencialidade das
informações e identificações concedidas, tendo acesso às essas informações. Não houve aos
participantes, prejuízo financeiro.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de
Fortaleza (UNIFOR) com o Número de Parecer: 4.119.658.
4.7 Riscos e Benefícios
Durante a coleta dos dados ocorreram riscos considerados mínimos, como
constrangimento devido à verificação dos níveis de alterações psicoemocionais e/ou
comportamentais. Assim, para minimizar o constrangimento, os pesquisadores acolheram e
27
acompanharam os participantes nas etapas e explicaram que o mesmo poderia desistir de
participar da pesquisa a qualquer momento, ressaltando que as informações obtidas na
pesquisa são confidenciais, garantindo o sigilo da identidade do participante. Será explicado a
técnica de GF, a duração, o tema proposto, os objetivos de pesquisa, os aspectos éticos,
considerando o recurso de gravação de áudio e o sigilo da participação na pesquisa.
28
5. RESULTADOS
A Covid-19 chegou no Brasil. E agora?: Sentimentos de Enfermeiros.
Fabrício Bezerra Eleres
Fernanda Jorge Magalhães
Karla Maria Carneiro Rolim
Thereza Maria Magalhães Moreira
Virna Ribeiro Feitosa Cestari
Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu
Resumo
Objetivo: Averiguar os sentimentos de enfermeiros sobre a pandemia Covid-19. Método:
Estudo qualitativo, realizado com 58 enfermeiros mestrandos de uma Instituição de Ensino
Superior (IES) privada, localizada em capital do Nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos
via dois questionários. Os dados foram organizados no software IRaMuTeQ. Resultados: Os
discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos enfermeiros.
Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos ressaltam
atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas falas. Quanto ao
momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16 enfermeiros, e, oito
desses, conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança; aprendizado; gratidão;
excelência, dentre outras. Conclusão: Na pandemia, foi evidente a preocupação dos
enfermeiros com seus familiares, bem como medo, preocupação e ansiedade nos discursos e
termos, requisitando ações da gestão de pessoas no sentido de favorecer o
controle/administração desses sentimentos.
Descritores: Coronavírus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.
29
Introdução
O atual surto de Covid-19 permanece grave mundialmente e foi designado emergência
de Saúde Pública e preocupação internacional da Organização Mundial de Saúde-OMS
(VILELAS, 2020). À medida que a Covid-19 se espalhou globalmente, o cenário da pandemia
evidenciou o elevado risco de infecção a que estão expostos os profissionais de saúde,
chegando em alguns países, como a Espanha, a comprometer até 20% da força de trabalho
somente durante a primeira onda da doença, em março de 2020 (OLIVEIRA et al., 2020).
Assim, considerando que o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, é um agente novo para
profissionais de saúde e o mundo, pesquisadores buscam entender as consequências físicas e
psicológicas dessa doença em curto, médio e longo prazos (BARBOSA et al., 2020).
Estima-se que um terço da metade da população exposta a uma epidemia pode sofrer
alguma manifestação psicopatológica na ausência de intervenções cuidativas específicas para
reações e sintomas manifestos. Os fatores intervenientes nas repercussões psicossociais estão
relacionados à magnitude da epidemia e grau individual de vulnerabilidade (FIOCRUZ,
2020).
Já se esboçam reflexões hodiernas sobre se a pandemia do novo coronavírus que
atuam como gatilho para estresse agudo ou pós-traumático, depressão, insônia, irritabilidade,
raiva e exaustão emocional (OLIVEIRA et al., 2020), especialmente dos trabalhadores de
saúde da “linha de frente”, em contato com infectados pelo vírus (SCHMIDT et al., 2020).
Estudos de revisão publicados recentemente permitem perceber os efeitos da
quarentena (BROOKS et al., 2020). Tomando-se 24 estudos que envolveram mais de 11 mil
residentes ou pessoal médico de áreas afetadas por Middle East Respiratory
Syndrome (MERS, Síndrome Respiratória do Oriente Médio), Severe Acute Respiratory
Syndrome (SARS, Síndrome Respiratória Aguda Grave), Gripe Suína (H1N1) ou Ébola,
observa-se que a maioria deles aponta para efeitos psicológicos negativos, principalmente em
termos de confusão, raiva e até estresse pós-traumático (MAIA; DIAS, 2020).
Alguns desses efeitos mantiveram-se num período de tempo mais alargado. Dentre os
principais fatores de estresse identificados, sobressaem o efeito da duração do período de
quarentena, os receios em relação ao vírus ou à infeção, a frustração, a diminuição de
rendimentos, a informação inadequada e o estigma.
Portanto, o interesse pelo estudo partiu da vivência e do compartilhamento de colegas
profissionais de Enfermagem da linha de frente sobre os impactos da COVID-19 na saúde
mental, pois, o estresse e a pressão de lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer e ser
30
contaminado provocam severos problemas de saúde mental, aumentando o turnouver e
a síndrome de burnout, além de gerar graves problemas como ansiedade e depressão.
Estudos já sugerem que a Covid-19 provoca efeitos deletérios na saúde mental de
estudantes universitários da área de saúde (MAIA; DIAS, 2020), mas não há ainda estudos
com pós-graduandos, que se imagina tenham mais informação e experiência para lidar com a
doença. Assim, nesse contexto, cabe destacar enfermeiros mestrandos que estão na “linha de
frente”. No cotidiano do mestrado também há demandas micro-estressoras cumulativas do
ambiente de dentro e fora da pós-graduação (SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007).
Diante do exposto, objetivou-se averiguar os sentimentos dos enfermeiros
(matriculados em um curso de mestrado) sobre a pandemia Covid-19.
Método
Estudo descritivo, realizado em uma Instituição de Ensino Superior (IES), privada, no
município de Fortaleza-Ceará-Brasil.
A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou
egressos de um Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE),
de uma Universidade privada cearense. Integraram a população 120 enfermeiros da linha de
frente de combate à Covid-19 e 63 deles responderam um questionário, dos quais 58
confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante a Pandemia.
Considerando esse período de distanciamento social, inicialmente, o convite para
participação no estudo foi por meio de WhatsApp. Esse convite foi para o preenchimento de
questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito
pela ferramenta Google Forms. O formulário foi enviado pelo grupo do Whatsapp dos cinco
grupos do mestrado. Os que aceitaram participar voluntariamente registraram sua aceitação no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para preservar a identidade dos
participantes, foi atribuído um código numérico para cada participante.
Quanto às perguntas do formulário têm-se: Fale sobre os seus sentimentos e emoções
por ocasião da Pandemia; Descreva como você se sente neste exato momento.
Para apoiar a análise textual e temas relevantes nos discursos dos 63 sujeitos, utilizou-
se o software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et
de Questionnaires). Este programa é livre, desenvolvido na linguagem Python e utiliza
funcionalidades providas pelo software estatístico R e, sob enfoque qualitativo, possibilita
diferentes processamentos e análises estatísticos de corpus textuais e de tabelas
indivíduos/palavras (SOUZA et al., 2018).
31
A análise dos discursos foi realizada separadamente para comparação das respostas.
Inicialmente, foram exploradas as estatísticas textuais clássicas, lexicografia básica e pesquisa
de especificidades por grupos. Para as análises multivariadas, optou-se pela Classificação
Hierárquica Descendente (CHD), a Análise de Similitude ou de Semelhanças e a Nuvem de
Palavras, disponíveis no software.
Na CHD, os seguimentos textuais ou unidades de contexto elementar (UCE) são
classificados em função dos seus respectivos vocábulos e de valores de qui-quadrado mais
elevados na classe, e organizados em um dendograma (SALVADOR et al., 2018). O teste do
qui-quadrado é utilizado para verificar a associação da UCE com determinada classe
(CAMARGO; JUSTO, 2013); todas as palavras selecionadas para compor as classes
possuíam p<0,001, indicando associação significativa.
A análise de similitude se apoia na teoria dos grafos, que constitui o modelo
matemático ideal para o estudo da relação entre objetos discretos de qualquer tipo e possibilita
identificar as coocorrências entre as palavras e seu resultado; traz indicações da conexidade
entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura de um corpus textual, distinguindo
também as partes comuns e as especificidades em função das variáveis ilustrativas
(descritivas) identificadas em análise (CAMARGO; JUSTO, 2013). No intuito de identificar
as palavras-chave das falas dos atores, recorreu-se à nuvem de palavras, pois esta possibilita o
agrupamento das palavras e as organiza graficamente em função da sua frequência.
Ressalta-se que o uso do software não é um método de análise de dados, mas uma
ferramenta para processá-los. Portanto, não conclui essa análise, já que a interpretação é
essencial e é de responsabilidade do pesquisador (KAMI et al., 2016). A partir da leitura e
análise crítica, procedeu-se à discussão e intepretação dos resultados obtidos, com a
apresentação das evidências encontradas.
Os que preencheram o formulário foram convidados a participar de um momento de
reflexão sobre as estratégias de enfrentamento no contexto da pandemia, por meio de
comunicação síncrona, os pesquisadores organizaram esse momento.
Foi encaminhado um convite, informando data, hora, link de acesso do Google Meet e
objetivo da intervenção, por meio dos grupos do Whatsapp do mestrado em tecnologia e
inovação em enfermagem. No dia da abordagem, 16 mestrandos acessaram o Link e
participaram desse momento de intervenção.
Após a abordagem, foi enviado outro formulário com a seguinte pergunta: Diante
desse contexto de Pandemia, como foi para você participar desse momento.
32
Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução
nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi aprovado pelo
Comitê de ética em pesquisa com o Número de Parecer: 4.119.658.
Resultados
A partir dos discursos dos sujeitos processados no software IRAMUTEQ, o presente
estudo obteve 71 UCE, com aproveitamento de 70,4% do corpus. Após o dimensionamento
dessas UCE, definiram-se as classes, apresentadas no dendograma da CHD e nomeada
conforme seu conteúdo específico. O corpus foi dividido em dois sub-corpus; de um dos sub-
corpus obteve-se as Classes 1 e 5, que concentraram 14% e 24% das UCE do corpus total,
respectivamente. Do outro sub-corpus, obteve-se as Classes 6 (16% das UCE) e 4 (14% das
UCE), que sofreu uma partição, originando as Classes 2 e 3 (16% das UCE, cada) (Figura 1).
Figura 1. Dendograma das classes referentes aos discursos dos sujeitos da pesquisa.
As Classes 1 e 5 evidenciam preocupação dos enfermeiros com seus familiares diante
da pandemia Covid-19. As falas a seguir demonstram esse sentimento: “[...] Medo pelos meus
familiares. Estou aflita com o crescimento de casos no interior da cidade dos meus parentes”
(E3). “Fico sempre tensa ao retornar para casa, pois tenho um filho. Corro um risco muito
33
grande no hospital e exponho toda a minha família” (E15). “Medo de levar a infecção para os
familiares que moram em minha casa, medo de estar assintomática e infectar todos” (E26).
Na outra vertente, as Classes 6, 3, 2 e 4 expõem sentimentos conflituosos. Os
discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos enfermeiros.
“Vivo cansada e preocupada, com medo e angústia pelo que passamos” (E12). “Dúvidas e
incertezas me deixam preocupada e insegura quanto ao vírus e ao futuro” (E14). “Sinto
cansaço e medo, às vezes desmotivado” (E15). “Sinto cansaço físico e tristeza pelas inúmeras
mortes” (E20).
Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos
ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas falas:
“Entendo o momento difícil e desafiador. Com empenho e sabedoria iremos encontrar a
solução. Sou grata por ter sobrevivido e ter contribuído com a recuperação de muitas pessoas”
(E11). “Estamos nos tranquilizando e acreditando que o pior já passou” (E14). “Tenho certeza
que Deus está comigo. Temos que confiar na Sua proteção” (E28).
Em concordância à CHD, a análise de similitude desvela os sentimentos centrais
exteriorizados pelos enfermeiros participantes da pesquisa. Na análise, pode-se identificar a
estrutura, o núcleo central e o sistema periférico da representação da pandemia, onde o grande
eixo organizador foi o medo; em menor proporção, surgem outros eixos como preocupado e,
numa zona da periferia, destaca-se o termo tranquilo (Figura 2).
Nas falas, o medo mostrou-se atrelado às diversas mudanças causadas pelo COVID-
19, entre eles, lidar com a perda, à exigência de uma nova forma de organizar o processo do
cuidado e as exaustivas horas de trabalho, mau remuneradas. “Estamos perdendo parentes e
amigos muito rápido e sem o direito de velar por eles, situações jamais vivenciadas e que
nunca serão esquecidas. “Angustiada com toda situação do momento”. Temos que praticar a
empatia” (E25).
No tocante à organização do processo de trabalho e excesso de trabalho, os
enfermeiros revelaram insegurança. “É um desafio enorme e não sinto confiança na gestão”
(E1). “Sobrecarregada por estar liderando uma equipe inexperiente, temerosa pela qualidade
da assistência que vem sendo prestada aos pacientes e pela sua segurança” (E49). “Estou
cansada e preocupada com o excesso de trabalho” (E12). “O aumento da carga horário para
cobrir colegas que foram infectados causa cansaço mental e físico. O aumento de
responsabilidade gera nervosismo. O aumento da cobrança gera ansiedade, uma corrida contra
o tempo que exige de nós uma tomada de decisão rápida que, por vezes, gera insegurança”
34
(E26). “Trabalho sobre momentos de estresse e pressão, não valorização e não remuneração
adequada ao risco ocupacional de exposição ao COVID” (E64).
Figura 2. Análise de similitude.
A preocupação com o futuro esteve presente nas falas. “A pandemia causou mais insegurança
e incerteza quanto ao futuro” (E27). “Uma sensação de futuro incerto” (E64). Contudo, o
otimismo é observado em vários discursos. “Momentos de tristeza e angústia no início, porém
agora mais confiante e otimista” (E36). “Apesar dos problemas que ocorrem no mundo, meu
humor é estável, estou bem” (E23). “Sensação de dever cumprido por fazer o meu melhor
dentro do meu local de trabalho, para evitar que mais pessoas morram” (E20).
Pelo método da nuvem de palavras, os termos que apresentaram frequência no corpus
foram medo (33 vezes), preocupado (15 vezes), ansioso (14 vezes), tranquilo (13 vezes),
momento (12 vezes) e cansado (11 vezes) (Figura 3).
Figura 5. Nuvem de palavras.
35
Nota-se na figura que as palavras são posicionadas aleatoriamente de tal forma que as
mais frequentes aparecem maiores que as outras, demonstrando, assim, seu destaque no
corpus de análise da pesquisa. Pode-se constatar que a nuvem de palavras corrobora os
resultados explicitados pelas CHD e análise de similitude.
Diante desses resultados, buscou-se realizar uma intervenção intitulada: Orientações
quanto às estratégias de enfrentamento para redução da ansiedade. A abordagem foi realizada
por um enfermeiro mestre em enfermagem psiquiátrica pela EERP/USP.
Do total de 16 mestrandos acessaram o Link e participaram desse momento de
intervenção, oito registraram a participação por meio de resposta à pergunta do formulário.
Os registros mostraram que o momento de orientação proporcionou a reflexão da
necessidade de se conhecer e identificar as reações fisiológicas, sinais de alerta do organismo,
apresentadas diante desse contexto de Pandemia.
Foi ótimo definir que tipo de sentimento estamos desenvolvendo nesse
momento, saber que estamos expostos a reações fisiológicas e que
podemos não deixar isso dominar e tornar patológico (E1)
Foi essencial, pois pude reconhecer sinais de alerta e ter uma
orientação objetiva das formas de atuar frente aos momentos de
ansiedade (E8).
Os registros referentes ao momento síncrono permitiram ainda identificar sentimentos
conflituosos, ressaltando “altos e baixos”.
Altos e baixos, mas sempre com otimismo e confiante (E2).
Tenso (E4)
Excelente (E6)
36
Os participantes conseguiram ainda definir esse momento como aprendizado,
relaxamento e estratégias para os momentos de preocupação, dentre outras.
Esse aprendizado em técnicas de respiração, relaxamento pra mim são
sempre muito relevantes (E3).
Foi muito gratificante, momento muito rico de conhecimentos (E5).
A reunião foi ótima para entendemos que a mente cria muita
preocupação com o futuro nesse momento de pandemia, mas
precisamos criticar os pensamentos e ver qual a real probabilidade de
acontecer. O mindfulness e o protocolo acalmem-se ajuda muito a
diminuir a ansiedade e preocupação (E7)
Como podemos perceber os participantes relataram por meio de respostas as perguntas
do formulário, diferentes tipos de sentimentos que desenvolveram ao participar do momento
de orientação proposto pelos pesquisadores.
Discussão
A epidemia de COVID-19 determina impactos negativos na economia, na assistência
médica e na saúde mental da sociedade como um todo (MEDEIROS, 2020). Destaca-se os
profissionais de saúde que estão na “linha de frente”. Em geral, esses profissionais vêm sendo
desencorajados a interagir de maneira próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o
sentimento de isolamento; têm lidado com mudanças frequentes nos protocolos de
atendimentos, em decorrência de novas descobertas sobre o COVID-19, e, ainda costumam
despender um tempo significativo do seu dia para colocar e remover os equipamentos de
proteção individual, o que aumenta a exaustão relacionada ao trabalho (SCHMIDT et al.,
2020).
Nesta pesquisa, ficou evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares
diante da pandemia do novo coronavírus, bem como o medo, preocupação e ansiedade
estavam presentes nos discursos e nos termos com maior frequência no corpus.
Autores ressaltam que a enfermagem, devido às características da profissão, é o grupo
de profissionais que permanece um maior tempo ao lado do paciente durante todo o processo
de cuidar. Assim, além do trabalho técnico desempenhado por estes profissionais, deve ser
levado em conta também seus aspectos psicológicos e emocionais, principalmente o medo de
adoecer e morrer e ainda o medo da contaminação dos seus familiares (BARBOSA et al.
2020), revelando que os profissionais de saúde experimentam exaustão emocional relacionada
ao medo de se contaminar no trabalho, como um dos impactos imediatos da atuação
37
profissional. Mas o medo de perder a própria vida talvez seja superado pelo temor de colocar
a vida de outras pessoas em perigo. Tal perspectiva permite pensar que se vive o luto
antecipatório, vinculado ao medo de perder o sentido da vida e o significado existencial da
própria profissão (OLIVEIRA et al., 2020).
Sobre o novo coronavirus (COVID-19), em particular, os desafios enfrentados pelos
profissionais da saúde podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de
sintomas de ansiedade, depressão e estresse, especialmente quando se trata daqueles que
trabalham na “linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram infectadas
pelo vírus. Em geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira
próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado
com mudanças frequentes nos protocolos de atendimentos, em decorrência de novas
descobertas sobre o COVID-19, e, ainda costumam despender um tempo significativo do seu
dia para colocar e remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão
relacionada ao trabalho (SCHMIDT et al., 2020).
Por outro lado, esses profissionais revelaram, nos discursos, as palavras tranquilidade,
ressaltando atitudes de superação e esperança, sensação de dever cumprido, bem como a
confiança em Deus.
Na atualidade, diante da pandemia, a espiritualidade aponta para o sentido da
esperança, o poder da resiliência, tende a aumentar no profissional, a atenção, valorização da
pessoa e absorve todo sentido de solidariedade, cooperação e do seu juramento profissional a
partir da premissa que “amará o teu próximo como a ti mesmo”. Embora o profissional não
consiga atravessar todas essas etapas do cuidado ileso de algum tipo de
sofrimento/adoecimento, a manifestação da espiritualidade voltada às forças que abraçam a
positividade e a proteção do bem comum favorece o respeito à pessoa e família, e
redimensiona os sentimentos de desolação com empatia e doação de si (TAVARES, 2020).
Diante do contexto identificado, nesse estudo, resolveu-se realizar um momento de
orientação quanto às estratégias de enfrentamento. Assim, foi reforçado a importância de se
identificar os sinais de alerta e as manifestações de medo e ansiedade apresentadas pelo
organismo, bem como as estratégias para que essas manifestações não venham a se tornar
patológica. Nesse contexto, autores ressaltam que a maneira prática de se diferenciar
ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta
duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não (CASTILLO et al.,
2000).
38
Vale ressaltar que os participantes também descreveram a importância de se conhecer
e entender a técnica da respiração, o mindfulness e o protocolo acalmem-se para que se possa
perceber os sinais de alerta e ter orientações no momento da crise de ansiedade.
Uma das enfermeiras mestrandas que participou do momento remoto, ressaltou a
abordagem da estratégia A.C.A.L.M.E. -S.E, que cada letra representa um passo necessário
para o manejo adequado de uma situação percebida como ameaçadora, como a iminência de
novas sensações corporais (RANGE, 2008). Nessa abordagem, um aspecto importante diz
respeito à ideia de que essas sensações parecem antecipações de “perigos”. Na verdade, não
são antecipações, são consequências dos pensamentos que o indivíduo tem a partir de suas
sensações (RANGE, 2008).
A partir dos discursos desses enfermeiros, conseguimos nos aproximar do mundo
vivido no contexto da Pandemia. Suas falas expressam que convivem com sentimentos
díspares e que, mesmo diante a estas circunstâncias, eles procuram prestar uma assistência de
qualidade. Assim, esses profissionais ficam expostos ao risco de desenvolverem tais estresse
ocupacional.
Diante do exposto, faz-se necessário rever tais situações e desenvolver mecanismos
que reestruturem a prática da enfermagem, com vistas a melhores condições de trabalho e
diminuição dos efeitos deletérios à saúde mental desses profissionais devido a pandemia.
Também se torna importante a realização de novos estudos, que visem identificar fatores de
risco para a saúde desses profissionais, para que se criem estratégias de enfrentamento do
cotidiano laboral que possam levar à reabilitação dos problemas ou marcas que foram
deixados pela pandemia.
Limitações do estudo
Devido à pandemia do novo coronavírus somente foi possível à realização do estudo
apenas com uma parte da população devido ao distanciamento e isolamento social, vale
ressaltar que a intervenção presencial ficou comprometida pelo fato já mencionado acima e
que muitas participantes tiveram dificuldade em participar por falta de tempo ou por estarem
em seus ambientes de trabalhos.
Considerações Finais
39
Ficou evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares diante da pandemia
do novo coronavírus, bem como o medo, preocupação e ansiedade estavam presentes nos
discursos e nos termos com maior frequência no corpus textual.
Quanto ao momento síncrono, os participantes conseguiram definir o momento como
otimismo; confiança; aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras.
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42
NÍVEIS DE ANSIEDADE DE ENFERMEIROS DURANTE A PANDEMIA COVID-19:
estudo transversal
Fabrício Bezerra Eleres
Fernanda Jorge Magalhães
Karla Maria Carneiro Rolim
Thereza Maria Magalhães Moreira
Virna Ribeiro Feitosa Cestari
Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu
Resumo
Objetivo: Identificar os níveis de ansiedade e seus fatores intervenientes em
Enfermeiros durante a pandemia Covid-19. Método: Estudo transversal analítico, realizado
com 58 mestrandos de Instituição de Ensino Superior (IES) privada, localizada em capital do
Nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos por meio de dois questionários: um com dados
sociodemográficos e o Inventário de Ansiedade Traço-Estado. A associação entre as variáveis
foi testada com uso do teste qui-quadrado de Pearson (p<0,05) e a força dessa associação pela
razão de chances, sendo a regressão logística (método backward) utilizada para ajuste do
modelo. Resultados: Buscou-se identificar nos enfermeiros pesquisados seus níveis de
ansiedade estado e fatores intervenientes. Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52
(89,7%) eram mulheres e 38 (65,5%) eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos.
Observou-se que a maioria dos participantes possuía carga horária semanal de até 40 horas
(37; 63,8%), com mínimo de 30 horas e máximo de 114 horas. Observou-se que o estado de
ansiedade apresentou variação de baixo até alto nível, sendo a maioria com nível médio de
ansiedade (62,1%). Observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de
ansiedade: ter até 36 anos foi fator protetor para ansiedade média/alta (p=0,032;
OR=0,28[0,09-0,92]). Entraram no modelo de regressão as variáveis faixa etária e ter
companheiro (p=0,133). Conclusão: Ficou evidente que a ansiedade está presente entre os
enfermeiros durante a pandemia do novo coronavírus.
Descritores: Coronavirus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.
43
Introdução
A ansiedade é um estado de maior vigilância e capacidade de resposta, que resulta em
uma série de comportamentos defensivos mensuráveis. Esses comportamentos servem para
prevenir ou reduzir os danos ao organismo diante de situações inesperadas e potencialmente
perigosas. Portanto, a ansiedade é um mecanismo fisiológico adaptativo, essencial à
sobrevivência. No entanto, a desregulação dos circuitos de ansiedade devido a causas
genéticas ou adquiridas devida a diversos fatores, como estresse, carga emocional de medo e
apreensão excessivos, que podem levar a distúrbios de ansiedade (CRASKE, 2016).
Na classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA International, Inc
(NANDA), ansiedade e medo são definidos respectivamente como: “um estado subjetivo no
qual o indivíduo experimenta um sentimento de incômodo e inquietação, cuja fonte é,
frequentemente, inespecífica ou desconhecida por ele” e como o “estado no qual o indivíduo
apresenta um sentimento de temor relacionado a uma fonte identificável que ele pode
verificar” (NANDA-I, 2018). Portanto, o contexto da pandemia requer maior atenção ao
enfermeiro, que está mais sujeito a ter sua saúde mental afetada, seja por situações
vivenciadas direta ou indiretamente. É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade,
depressão, perda da qualidade do sono, aumento do uso de drogas lícitas e ilícitas, sintomas
psicossomáticos e medo de se infectar ou transmitira infecção a membros da família
(BRASIL, 2020).
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) (State-Trait Anxiety Inventory –
STAI) é um instrumento de autoaplicação. As versões mais atuais do STAI são consideradas o
padrão-ouro para avaliação e mensuração de ansiedade em diferentes contextos de pesquisa,
bem como para diversas situações clínicas(GORENSTEIN; WANG; HUNGERBÜHLER,
2016). Estudos sugerem que esta pandemia provoca efeitos deletérios na saúde mental dos
estudantes universitários (MAIA; DIAS, 2020). Nesse contexto, cabe destacar enfermeiros
mestrandos que estão na “linha de frente”. No cotidiano do mestrado também são
configuradas demandas micro-estressoras que tendem a se acumular durante o período em que
o estudante está envolvido com múltiplas atividades, dentro e fora da pós-graduação
(SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007).
Portanto, considerando a soma desses fatores, objetivou-se identificar os níveis de
ansiedade e seus fatores intervenientes em Enfermeiros durante a pandemia Covid-19.
Método
44
Tipo do estudo e local
Estudo transversal analítico, realizado em uma Instituição de Ensino Superior (IES)
privada, no município de Fortaleza-Ceará-Brasil e adotou como embasamento o guideline
STROBE para estudos transversais.
População e amostra
A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou
egressos do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE), de
uma Universidade privada cearense. Integraram a população e foram convidados ao estudo
120 enfermeiros da linha de frente de combate à Covid-19 e 63 deles retornaram um
questionário respondido, dos quais 58 confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante
a Pandemia.
Coleta de dados
Considerando esse período de distanciamento social, inicialmente, o convite para
participação no estudo foi por meio de WhatsApp. Esse convite foi para o preenchimento de
questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito
pela ferramenta Google Forms, que teve sua primeira parte com características
sociodemográficas (sexo, idade, carga-horária de trabalho, estado civil). Foi realizada
avaliação dos níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade Traço - Estado
(IDATE). O formulário foi enviado pelo grupo do WhatsApp dos cinco grupos do mestrado.
Os que aceitaram participar voluntariamente registraram via e-mail sua aceitação no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) é constituído por duas escalas, uma
para medir a ansiedade – traço e outro para medir a ansiedade – estado, sendo cada uma
composta por 20 itens, cada uma contendo quatro alternativas resposta, que descreviam como
geralmente sensações presentes nos sujeitos, que assinalavam uma das alternativas: 1-quase
nunca; 2-às vezes; 3-frequentemente; 4-quase sempre. A escala ansiedade-estado requer que o
sujeito responda como se sente num determinado momento, assinalando uma das alternativas:
1-absolutamente não; 2- um pouco; 3-bastante e 4-muitíssimo. O somatório dos valores
obtidos em cada resposta (escore final) varia de 20 a 80 pontos e corresponde ao nível de
ansiedade, sendo estratificados em baixo nível de ansiedade (20-40 pontos); médio nível de
ansiedade (41-60 pontos) alto nível de ansiedade (61-80 pontos). O instrumento utilizado para
coleta de dados foi adaptado de Santos e Galdeano (2009).
45
Para quantificação e interpretação das respostas, atribui-se uma pontuação
correspondente à resposta dada para cada uma das perguntas. Os escores para as perguntas de
caráter positivo são invertidos, ou seja, se o indivíduo responder 4, atribui-se valor 1 na
codificação; se responder 3, atribui-se valor 2; se responder 2, atribui-se valor 3; e se
responder 1, atribui-se valor 4. Para o IDATE – estado, as perguntas negativas são: 3, 4, 6, 7,
9, 12, 13, 14, 17,18; e as positivas: 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20. E para o IDATE – traço,
as perguntas negativas são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas: 1, 6, 7, 10,
13, 16, 19 (KAIPPER, 2008), sendo estratificado em normal (40 pontos), ansiedade (>42
pontos) e depressão (<38 pontos).
Análise e interpretação dos achados
A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha eletrônica Excel
2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise estatística no
programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 23.0). Estatísticas
descritivas foram realizadas para as variáveis qualitativas, por meio de frequências absolutas e
relativas. Para as variáveis quantitativas contínuas e discretas foi calculada média, desvio-
padrão, mediana, mínimo e máximo. A normalidade das variáveis foi verificada pelo teste
Kolmogorov-Smirnov.
A associação entre as variáveis sexo, faixa etária, presença de companheiro e carga
horária de trabalho semanal e o desfecho (ansiedade baixa ou média/alta) foi avaliada com
uso do teste qui-quadrado de Pearson, sendo considerado estatisticamente significativo o
valode p<0,05. A força dessa associação foi mensurada utilizando o cálculo da razão de
chances (Odds Ratio-OR) e regressão logística pelo método backward para ajuste do modelo.
Para entrada das variáveis no modelo, foi considerado o p<0,20 e para a sua permanência o
p<0,05.
Aspectos Éticos e Legais
Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução
nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi aprovado pelo
Comitê de ética em pesquisa com o Número de Parecer: 4.119.658.
46
Resultados
Buscou-se identificar os níveis de ansiedade estado e seus fatores intervenientes. Em
análise à Figura 1, observou-se que o estado de ansiedade apresentou variação de baixo até
alto, tendo a maioria nível médio de ansiedade (62,1%).
Figura 1. Níveis de estado de ansiedade dos enfermeiros. Fortaleza, Ceará. 2020.
Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52 (89,7%) eram mulheres e 38 (65,5%)
eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos, com mínima de 25 anos e máxima de 55
anos; 30 (51,7%) tinham até 36 anos. Observou-se que a maioria dos participantes possuía
carga horária semanal de até 40 horas (37; 63,8%), com mínima de 30 horas e máxima de 114
horas. No que concerne às associações entre as variáveis e o desfecho clínico de ansiedade
(Tabela 1), observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de ansiedade: ter até
36 anos foi fator protetor para ansiedade média/alta (p=0,032; OR=0,28[0,09-0,92]). Entraram
no modelo de regressão as variáveis faixa etária e ter um companheiro (p=0,133).
Tabela 1. Fatores intervenientes no nível de ansiedade. Fortaleza-Ceará. 2020.
Variáveis Ansiedade p-valor OR (IC95%)c
Baixa Média/Alta
n % n %
Faixa etária 0,032a
Até 36 anos 06 20,0 24 80,0 0,28 (0,09-0,92)
> 36 anos 3 46,4 15 53,6 1
Sexo 0,355b
Feminino 16 30,8 36 69,2 0,44 (0,81-2,44)
Masculino 03 50,0 03 50,0 1
Companheiro(a) 0,133a
32,8%
62,1%
5,2%
Baixo
Médio
Alto
0 50 100
Baixo Médio Alto
47
Sim 15 39,5 23 60,5 2,60 (0,73-9,32)
Não 04 20,0 16 80,0
Carga horária semanal 0,217a
Até 40 horas 10 27,0 27 73,0 0,49 (0,16-1,52)
> 40 horas 09 42,9 12 57,1 1
Legenda: a = Qui-Quadrado de Pearson; b = Razão de Verossimilhança; c = Odds ratio
(intervalo de confiança de 95%).
Conforme mostra a Tabela 2, permaneceu no modelo final da regressão apenas a faixa
etária (p=0,036; OR = 0,288[0,090-0,923]), revelando-se como fator protetor para o nível de
ansiedade nos participantes desta pesquisa.
Tabela 2. Etapas do modelo de regressão logística para as variáveis sociodemográficas.
Fortaleza--Ceará. 2020.
Etapas Ba OR
b
ajustado
Intervalo de
confiança a 95%
p-valor
Inferior Superior
1ª etapa
Constante 1,746 (2,068) 5,734 0,150
Sexo 0,843 (0,760) 2,323 0,349 15,465 0,383
Faixa etária -1,280 (4,001) 0,278 0,079 0,974 0,045
Companheiro -1,134 (2,331) 0,322 0,075 1,380 0,127
Carga horária semanal -0,673 (0,974) 0,510 0,134 1,941 0,324
2ª etapa
Constante 2,496 (8,576) 12,129 0,003
Faixa etária -1,164 (3,581) 0,312 0,093 1,043 0,058
Companheiro -1,138 (2,436) 0,320 0,077 1,338 0,119
Carga horária semanal -0,867 (1,832) 0,420 0,120 1,475 0,176
3ª etapa
Constante 1,963 (8,579) 7,121 0,003
Faixa etária -1,188 (3,889) 0,305 0,094 0,993 0,049
Companheiro -0,871 (1,684) 0,419 0,112 1,559 0,194
4ª etapa
Constante 1,386 (9,225) 4,000 0,002
Faixa etária -1,243 (4,392) 0,288 0,090 0,923 0,036
R2
= 0,077 (Cox e Snell), R2 = 0,108 (Nagelkerke); x2 do modelo = 68,697; p < 0,001
Legenda: a = erro padrão; b = Odds ratio.
48
Discussão
Todas as pandemias são geradoras de forte impacto social, econômico e político. Em
2020, além de todos os esforços da comunidade científica para se chegar à etiologia e ao
tratamento da COVID-19, as respostas à questão têm sido várias e têm implicado áreas
diversas do conhecimento (MAIA; DIAS, 2020).
Na área de saúde mental, cabe destacar o impacto em profissionais de saúde. Em
estudo realizado por Zhang et al. (2020a) junto a 1.563 médicos que atuavam em hospitais de
diferentes cidades chinesas, constatou-se prevalência de sintomas de estresse em 73,4% dos
respondentes, depressão em 50,7%, ansiedade em 44,7%, e insônia em 36,1%. No que diz
respeito ao estresse e insônia, em particular, é provável a ocorrência de círculo vicioso, em
que as dificuldades para dormir aumentavam os níveis de estresse e vice-versa (ZHANG et
al., 2020a).
Há implicações psicológicas também em estudantes. Um estudo teve como objetivo
explorar os níveis de ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários
portugueses, comparando dois momentos distintos, isto é, um período normal (2018 e 2019) e
o período pandêmico (entre a suspensão das aulas e a decretação do estado de emergência em
Portugal), os resultados confirmam aumento significativo de perturbação psicológica
(ansiedade, depressão e estresse) entre estudantes universitários no período pandêmico
comparativamente a períodos normais (MAIA; DIAS, 2020).
Diante do exposto, neste estudo, foi aplicado o instrumento para avaliação da
Ansiedade-Estado dos enfermeiros mestrandos, que atuam em serviços de saúde neste período
da Pandemia. Os resultados mostraram que, concerne às associações entre variáveis e
desfecho ansiedade, observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de
ansiedade.
A Ansiedade-Estado é considerada como um estado emocional transitório ou condição
do organismo humano, que é caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e
apreensão conscientemente percebidos, que variam de intensidade segundo as formas de
reação aos estímulos (SPIELBERGER, 1966). Os resultados mostraram que o estado de
ansiedade apresentou variação de baixo até alto, estando a maioria com nível médio de
ansiedade(62,1%).
O IDATE é um instrumento de fácil aplicação e interpretação, e de boa/ótima
aceitação pelo respondente. É uma escala versátil a diferentes contextos e situações de
ansiedade e estresse. Sua validade foi adequadamente investigada e estabelecida em diferentes
49
populações e países, com bons níveis de confiabilidade. As versões brasileiras do STAI estão
adequadamente traduzidas e validadas, bem como se mostram úteis aos clínicos aos
pesquisadores. Ressalta-se também que o IDATE é um instrumento sensível de rastreamento
de sinais e sintomas de ansiedade traço-estado, mas não foi especificamente desenvolvido
para estabelecer diagnóstico de psicopatologias relacionadas à ansiedade (GORENSTEIN;
WANG; HUNGERBÜHLER, 2016).
Estudos têm sugerido que o medo de ser infectado por um vírus potencialmente fatal,
de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ainda são pouco conhecidos, acaba
por afetar o bem-estar psicológico de muitas pessoas (ASMUNDSON; TAYLOR, 2020;
CARVALHO et al., 2020). Sintomas de depressão, ansiedade e estresse diante da pandemia
têm sido identificados na população geral (WANG et al., 2020) e, em particular, nos
profissionais da saúde. Ademais, casos de suicídio potencialmente ligados aos impactos
psicológicos da COVID-19 também já foram reportados em alguns países, como na Coreia do
Sul e na Índia (JUNG; JUN, 2020; GOYAL et al., 2020).
Afora os impactos psicológicos diretamente relacionados à Covid-19, medidas para
contenção da pandemia também podem consistir em fatores de risco à saúde mental. Em
revisão de literatura sobre a quarentena, Brooks et al., (2020) identificaram que os efeitos
negativos dessa medida incluem sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva.
Preocupações com a escassez de suprimentos e as perdas financeiras também acarretam
prejuízos ao bem-estar psicológico (SCHIMIDT et al., 2020).
Com base na ideia de que uma pandemia pode se tornar uma catástrofe em saúde
mental, e nos fatos de que, diferentemente do que ocorreu com a SARS, o novo coronavírus é
propagado por pessoas ainda assintomáticas e não há expectativas claras a respeito de quando
será possível controlar a disseminação, pode-se dizer que as proporções atualmente tomadas
pela pandemia da Covid-19 se aproximam daquela definição. Entretanto, a adequação a essa
noção de catástrofe só não se consolida na íntegra, neste momento, porque o evento ainda está
em curso e há diferentes estágios da pandemia em diferentes países (e mesmo dentro de cada
país).
O atual cenário de potencial catástrofe em saúde mental requer ainda mais atenção do
poder público e somente será devidamente conhecido depois de passado o período de
pandemia. Portanto, esforços imediatos devem ser empregados, em todos os níveis e pelas
mais diversas áreas de conhecimento, a fim de minimizar resultados negativos na saúde
mental dos profissionais de saúde e população. Cabe, enfim, investir em adequada assistência
50
à saúde e, sobretudo, na ciência em geral, para que esse período seja abreviado e que os
profissionais de saúde estejam capacitados para os desafios do cuidado.
Limitações do estudo
Devido à pandemia do novo coronavirus somente foi possível realização do estudo
com parte dos mestrandos atuais e egressos, devido ao distanciamento e isolamento social.
Vale ressaltar que a intervenção presencial inicialmente prevista ficou comprometida porque
muitas participantes tiveram dificuldade de participar por falta de tempo por estarem dando
plantão, cuidando de pessoas com Covid-19.
Considerações finais
A maioria dos enfermeiros pesquisados apresentou nível de ansiedade-estado
moderado, ressaltando a necessidade de intervenções direcionadas à busca de estratégias de
enfrentamento.
Sugerem-se novas pesquisas com enfermeiros em nível de pós-graduação para que se
possa realizar outras intervenções para buscar identificar os níveis de ansiedade estado e
assim elaborar estratégias para trabalhar com esse publico-alvo.
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53
6. CONCLUSÃO
Os discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos
enfermeiros. Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos
ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança
Quanto ao momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16
enfermeiros e oito desses conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança;
aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras.
Buscou-se identificar os níveis de ansiedade estado e seus fatores intervenientes.
Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, a grande maioria era de mulheres e mais da metade
de casadas e na quarta década de vida. Observou-se que a maioria dos participantes possuía
carga horária semanal de até quarenta horas. Observou-se que o estado de ansiedade
apresentou variação de baixo até alto, estando a maioria com nível médio de ansiedade.
Houve associação significativa entre faixa etária e nível de ansiedade, pois ter até 36
anos foi fator protetor para ansiedade média/alta. Entraram no modelo de regressão as
variáveis faixa etária e ter um companheiro.
Na pandemia, foi evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares, bem
como medo, preocupação e ansiedade nos discursos. Requisitam-se ações da gestão de
pessoas para favorecer o controle/administração desses sentimentos.
54
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ALVES, Kisna Yasmin Andrade Alves; BEZERRIL, Manacés dos Santos; SANTOS, Viviane
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61
APÊNDICE A
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE
MENTAL DE ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO
NOME DOS PESQUISADORES: Profa. Dra. Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu e
Fabrício Bezerra Eleres.
ENDEREÇO: Av. Washington Soares, 1321. Bloco E, Sala, E1. Bairro: Edson Queiroz.
CEP: 60.811.341. Fortaleza - CE.
TELEFONE: (85) 3477-3000.
Prezado(a) Participante,
Você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa, desenvolvida pelo mestrando do
Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem Fabricio Bezerra Eleres
sob a orientação da Profa. Dra. Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu. Esse primeiro
convite será para o preenchimento de questionários referentes aos sinais e sintomas de
ansiedade. Os que aceitarem participar voluntariamente, deverão registrar sua aceitação no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os que preencherem o questionário e
desejarem participar de um momento de relaxamento por meio de comunicação síncrona, os
pesquisadores organização esse momento. Nós estamos desenvolvendo esta pesquisa porque
queremos contribuir, por meio do uso de intervenções, no manejo da ansiedade de
enfermeiros mestrandos do curso de Enfermagem.
Nós estamos desenvolvendo esta pesquisa porque queremos contribuir, por meio do uso do
uso de intervenções de Enfermagem, no manejo da ansiedade de enfermeiros mestrandos do
curso de Enfermagem.
1. POR QUE VOCÊ ESTÁ SENDO CONVIDADO A PARTICIPAR?
O convite para a sua participação se deve à você, ter 18 anos idade ou mais,
ser um mestrando do curso de Graduação em Enfermagem.
2. COMO SERÁ A MINHA PARTICIPAÇÃO?
Ao participar desta pesquisa, os seus níveis de ansiedade serão avaliados. Lembramos que a
sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória, e você tem plena autonomia e
liberdade para decidir se quer ou não participar. Você pode desistir da sua participação a
62
qualquer momento, mesmo após ter iniciado o(a)/os(as) AVALIAÇÕES, RESPOSTAS, ETC.
sem nenhum prejuízo para você. Não haverá nenhuma penalização caso você decida não
consentir a sua participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito importante para a
execução da pesquisa. A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você
poderá solicitar do pesquisador informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o
que poderá ser feito através dos meios de contato explicitados neste Termo.
3. QUEM SABERÁ SE EU DECIDIR PARTICIPAR?
Somente o pesquisador responsável e sua equipe saberá que você está participando desta
pesquisa. Ninguém mais saberá da sua participação. Entretanto, caso você deseje que o seu
nome / seu rosto / sua voz ou o nome da sua instituição conste do trabalho final, nós
respeitaremos sua decisão. Basta que você marque ao final deste termo a sua opção.
4. GARANTIA DA CONFIDENCIALIDADE E PRIVACIDADE.
Todos os dados e informações que você nos fornecer serão guardados de forma sigilosa.
Garantimos a confidencialidade e a privacidade dos seus dados e das suas informações. Tudo
que o(a) Sr.(a) nos fornecer ou que sejam conseguidas por AVALIAÇÕES, DADOS
PESSOAIS, EXAMES, RESPOSTAS, ETC. serão utilizadas(os) somente para esta pesquisa.
O material da pesquisa com os seus dados e informações será armazenado em local seguro e
guardados em arquivo, por pelo menos 5 anos após o término da pesquisa. Qualquer dado que
possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da pesquisa. Caso você autorize
que sua voz seja publicada, teremos o cuidado de anonimizá-la, ou seja, sua voz ficará
diferente e ninguém saberá que é sua. Caso você autorize que sua imagem seja publicada,
teremos o cuidado de anonimizá-la, ou seja, seu rosto ficará desfocado e/ou colocaremos uma
tarja preta na imagem dos seus olhos e ninguém saberá que é você.
5. EXISTE ALGUM RISCO SE EU PARTICIPAR?
Durante a coleta dos dados poderão ocorrer riscos considerados mínimos, como
constrangimento devido a verificação dos níveis de alterações psicoemocionais e/ou
comportamentais. Assim, para minimizar o constrangimento, os pesquisadores acolherão e
acompanharão os participantes nas etapas e explicarão que o mesmo poderá desistir de
participar da pesquisa a qualquer momento, ressaltando que as informações obtidas na
pesquisa serão confidenciais, garantindo o sigilo da identidade do participante. Será explicado
a técnica de GF, a duração, o tema proposto, os objetivos de pesquisa, os aspectos éticos,
considerando o recurso de gravação de áudio e o sigilo da participação na pesquisa.
6. EXISTE ALGUM BENEFÍCIO SE EU PARTICIPAR?
Os benefícios esperados com o estudo são no sentido de intervir, por meio de intervenções
como Técnica para Acalmar; Apoio Emocional; Arteterapia; Grupo de Apoio; Redução da
Ansiedade; Terapia de Relaxamento e Terapia de Grupo, no manejo da ansiedade de
mestrandos, discentes e docentes do curso de graduação em Enfermagem.
7. FORMAS DE ASSISTÊNCIA E RESSARCIMENTO DAS DESPESAS.
Se você necessitar de esclarecimento ou orientação durante a pesquisa, será encaminhado(a)
por Fabricio Bezerra Eleres (94) 99210-5030, para a pesquisadora principal Profa. Dra. Rita
Neuma Dantas Cavalcante de Abreu (85) 99603-1059, ou poderá entrar em contato com o
Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza – COÉTICA (85) 34773122, para receber
maiores orientações sobre a pesquisa. Caso você aceite participar da pesquisa, não receberá
nenhuma compensação financeira. No caso de algum gasto resultante da sua participação na
63
pesquisa e dela decorrentes, você será ressarcido, ou seja, o pesquisador responsável cobrirá
todas as suas despesas e de seus acompanhantes, quando for o caso, para a sua vinda até o
centro de pesquisa.
8. ESCLARECIMENTOS Se você tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos utilizados na mesma,
pode procurar a qualquer momento a pesquisadora responsável.
Nome do pesquisador responsável: Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu
Endereço: Av. Washington Soares, 1321, Bloco E, Sala, E1.
Telefone para contato: (85) 34773000
Horário de atendimento: 07:30 – 11:10
Se você. desejar obter informações sobre os seus direitos e os aspectos éticos envolvidos na
pesquisa poderá consultar o Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza, Ce. O Comitê de
Ética tem como finalidade defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua
integridade e dignidade e tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de modo
que a pesquisa respeite os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da dignidade,
da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.
Assinatura do pesquisador____________________________________________
Assinatura do participante____________________________________________
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – COÉTICA Universidade de Fortaleza. Av. Washington Soares, 1321, Sala da Divisão de Desenvolvimento, Pesquisa e Inovação – DPDI, Bloco M.
Horário de Funcionamento: 08:00hs às 12:00hs e 13:30hs às 18:00hs.
Bairro Edson Queiroz, CEP 60811-341.
Telefone (85) 3477-3122, Fortaleza, CE.
9. CONCORDÂNCIA NA PARTICIPAÇÃO.
Se você estiver de acordo em participar da pesquisa deve preencher e assinar este documento
que será elaborado em duas vias; uma via deste Termo ficará com você e a outra ficará com o
pesquisador.
O participante de pesquisa ou seu representante legal, quando for o caso, deve rubricar todas
as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, apondo a sua assinatura na
última página do referido Termo.
O pesquisador responsável deve, da mesma forma, rubricar todas as folhas do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, apondo sua assinatura na última página do
referido Termo.
10. USO DE VOZ E/OU IMAGEM Caso você deseje que seu nome, seu rosto, sua voz ou o nome da sua instituição apareça nos
64
resultados da pesquisa, sem serem anonimizados, marque um dos itens abaixo.
____ Eu desejo que o meu nome conste do trabalho final.
____ Eu desejo que o meu rosto/face conste do trabalho final.
____ Eu desejo que a minha voz conste do trabalho final.
____ Eu desejo que o nome da minha instituição conste do trabalho final.
Assinatura do pesquisador____________________________________________
Assinatura do participante____________________________________________
11. CONSENTIMENTO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o
Sr.(a)__________________________, portador(a) da cédula de
identidade__________________________, declara que, após leitura minuciosa do TCLE,
teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que foram devidamente explicadas
pelos pesquisadores. Ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido e, não
restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta pesquisa. E, por estar de
acordo, assina o presente termo.
Fortaleza-Ce., _______ de ________________ de _____.
__________________________________________________
Assinatura do participante ou Representante Legal
___________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
65
APÊNDICE B
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
EM ENFERMAGEM
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS*
*Instrumento adaptado de SANTOS; GALDEANO. REME - Rev. Min. Enferm., v.13, n. 1,
p. 76-83, jan./mar., 2009.
Data:
Idade
Sexo:
Estado Civil:
1ª PARTE – Questionário de autoavaliação para traço de ansiedade*
Por favor, leia cada um dos itens abaixo e assinale o número que melhor indica como você
geralmente se sente. Não gaste muito tempo em um único item.
Quase nunca – 1
Às vezes – 2
Frequentemente – 3
Quase sempre – 4
1. Sinto-me bem ............................................................................................................. 1 2 3 4
2. Canso-me com facilidade ............................................................................................1 2 3 4
3. Tenho vontade de chorar ............................................................................................ 1 2 3 4
4. Gostaria de ser tão feliz como os outros parecem ser ................................................ 1 2 3 4
5. Perco oportunidades porque não consigo tomar decisões rapidamente ..................... 1 2 3 4
6. Sinto-me descansada .................................................................................................. 1 2 3 4
7. Sou calma, ponderada e senhora de mim mesma ...................................................... 1 2 3 4
8. Sinto que as dificuldades estão se acumulando de tal forma que não consigo resolvê-las ......
1 2 3 4
9. Preocupo-me demais com coisas sem importância .................................................. 1 2 3 4
10. Sou feliz ................................................................................................................... 1 2 3 4
11. Deixo-me afetar muito pelas coisas......................................................................... 1 2 3 4
12. Não tenho confiança em mim mesma .................................................................... 1 2 3 4
13. Sinto-me segura ...................................................................................................... 1 2 3 4
14. Evito ter que enfrentar crises ou problemas............................................................ 1 2 3 4
15. Sinto-me deprimida ................................................................................................. 1 2 3 4
16. Estou satisfeita ........................................................................................................ 1 2 3 4
17. Ideias sem importância me entram na cabeça e ficam me pressionando. .............. 1 2 3 4
18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo tirá-los da cabeça ............. 1 2 3 4
66
19. Sou uma pessoa estável .......................................................................................... 1 2 3 4
20. Fico tensa e perturbada quando penso em meus problemas do momento ................. 1 2 3 4
2ª PARTE – Questionário de autoavaliação para estado de ansiedade
Por favor, leia cada um dos itens abaixo e assinale o número que melhor indica como você se
sente. Não gaste muito tempo em um único item.
Absolutamente não – 1
Um pouco – 2
Bastante – 3
Muitíssimo – 4
1. Sinto-me calma .......................................................................................................... 1 2 3 4
2. Sinto-me seguro........................................................................................................... 1 2 3 4
3. Estou tensa ................................................................................................................. 1 2 3 4
4. Estou arrependida ....................................................................................................... 1 2 3 4
5. Sinto-me à vontade ..................................................................................................... 1 2 3 4
6. Sinto-me perturbada ................................................................................................... 1 2 3 4
7. Estou preocupada com possíveis infortúnios ...............................................................1 2 3 4
8. Sinto-me descansada .................................................................................................. 1 2 3 4
9. Sinto-me ansiosa ........................................................................................................ 1 2 3 4
10. Sinto-me “em casa” ................................................................................................. 1 2 3 4
11. Sinto-me confiante ................................................................................................. 1 2 3 4
12. Sinto-me nervosa .................................................................................................... 1 2 3 4
13. Estou agitada .......................................................................................................... 1 2 3 4
14. Sinto-me “uma pilha de nervos” .............................................................................. 1 2 3 4
15. Estou descontraída .................................................................................................. 1 2 3 4
16. Sinto-me satisfeita .................................................................................................. 1 2 3 4
17. Estou preocupada ................................................................................................... 1 2 3 4
18. Sinto-me superexcitada e confusa .......................................................................... 1 2 3 4
19. Sinto-me alegre ........................................................................................................ 1 2 3 4
20. Sinto-me bem ............................................................................................................. 1 2 3 4
3ª PARTE - Descreva como você se sente neste exato momento.
Fale sobre os seus sentimentos e emoções por ocasião da Pandemia.
Descreva a sua experiência de participação nas atividades propostas no projeto.
67
ANEXO A
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
EM ENFERMAGEM
CARTA DE NUÊNCIA PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA
Ilma Sra. Antonia Karoline Araújo Oliveira, Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da
Universidade de Fortaleza. Solicitamos autorização institucional para a realização da pesquisa intitulada:
PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR EM MESTRANDOS, ACADÊMICOS E
DOCENTES DO CURSO DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19, a ser realizada na
Universidade de Fortaleza (UNIFOR), sob a coordenação da professora: Profa. Dra. Rita Neuma Dantas C. de
Abreu, que tem como objetivo principal Avaliar a presença dos diagnósticos de enfermagem, seus fatores
relacionados ou de risco, as características definidoras e as respostas às intervenções aplicadas junto aos
enfermeiros mestrandos, acadêmicos e docentes do curso de enfermagem no contexto da Pandemia de COVID-
19.; E Objetivos Específicos: - Identificar as características sociodemográficas, fatores de risco, condições
associadas e alterações psicoemocionais/comportamentais de enfermeiros mestrandos, acadêmicos e docentes
do curso de enfermagem; - Verificar a presença dos diagnósticos de enfermagem frequentes em enfermeiros
mestrandos, acadêmicos e docentes do curso de enfermagem; - Aplicar as intervenções e/ou atividades
sugeridas pela Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), junto enfermeiros mestrandos, acadêmicos
e docentes do curso de enfermagem; - Analisar as respostas antes e após a aplicação das intervenções
sugeridas pela Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), junto enfermeiros mestrandos, acadêmicos
e docentes do curso de enfermagem. A pesquisa utilizará para a propositura investigativa a metodologia (Trata-
se de uma pesquisa quase-experimental. A população será composta por todos os enfermeiros mestrandos em
tecnologia e inovação em enfermagem; acadêmicos regularmente matriculados no curso de Enfermagem da
instituição de ensino, bem como os docentes do curso de enfermagem. Ao mesmo tempo, solicitamos a
autorização para que o nome desta instituição possa constar no relatório final, bem como em publicações
futuras, sob a forma de artigo científico. Asseguramos que os dados coletados nesta instituição serão utilizados
tão somente para a realização deste estudo e mantidos em sigilo absoluto, conforme determina o item III.2 “i” da
Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Na certeza de
contarmos com a colaboração e empenho desta DIRETORIA, agradecemos antecipadamente a atenção, ficando
à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.
( x ) Concordo com a solicitação
( ) Não concordo com a solicitação
Fortaleza, 28 de abril de 2020
Profa. Antonia Karoline Araújo Oliveira
Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)