Considerações preliminares
Abordagem analítica
1) História das ideias
Brasil e integração como ideias políticas
2) Visão estruturalista e construtivista da História
Estruturalismo – longo prazo (Ecole des Annales) Crítica à visão tópica e conjuntural de curto prazo
da imprensa e de setores do empresariado
Construtivismo – região como polo de poder Multilateralismo e regionalismo na configuração
multipolar do pós-Guerra Fria
Considerações preliminares
Tese do Curso de Altos Estudos (CAE) 2007
Ciências sociais – relação pesquisador/objeto
Homenagem à Argentina
Demonstrar evidências que sustentem ação
diplomática de cooperação e integração
Pressupostos - matrizes política externa: “Forças profundas” (Renouvin)
História, geografia, cultura
Diplomacia como cultura política, capítulo da
história intelectual matriz de mentalidades: visão de mundo, lugar no
mundo e interesses estratégicos
daí decorrem alianças políticas, econômicas,
comerciais
adaptação, transformação interna e externa
Considerações preliminares A “visão do outro”
Alteridade como recurso cognitivo, heurístico,
explicativo
Política externa não auto-referenciada, sem
contrapontos
Seminários FUNAG 1997-1999
Bibliografia argentina
Pesquisas de opinião pública – visão do Brasil: Respeito, interesse e pragmatismo
Sócios > amigos, hermanos
Conveniencia con un poquito de desconfianza
Percepção positiva em todo o espectro ideológico Eleitores de direita, centro e esquerda
Entre os que defendem Estado forte ou privilegiam o
setor privado
Grande mercado
Turismo, cultura popular
Futebol...
PLANO DA APRESENTAÇÃO
1) História de síntese da relação bilateral
2) Brasil e integração na história das ideias
políticas da Argentina
3) Conclusão: Argentina-Brasil, século XXI
“Picos” 1856 – Mitre – Tratado de Amizade, Comércio e Navegação
1865 – Tríplice Aliança
1898 – Tratado de Fronteira (Misiones)
1899-1900 – Visitas Roca e Campos Salles
1910 – Visita Sáenz Peña (“tudo nos une, nada nos separa”)
1933 – Visita Justo
1935 – Visita Getúlio Vargas
1961 – Uruguaiana (Quadro-Frondizi)
1979 – Acordo Tripartite com Paraguai (Itaipu-Corpus)
1980 – Acordo Nuclear (Figueiredo-Videla)
1982 – Malvinas
1983-1985 – Redemocratização, Iguaçu (Sarney-Alfonsín)
1987-1988 – Mecanismos de Integração (Sarney-Alfonsín)
1991 – Mercosul, ABACC (Collor-Menem)
1994 – Mercosul (Ouro Preto) (Fernando Henrique – Menem)
1997 – Aliança estratégica (Fernando Henrique – Menem)
2002-2003 – Crise argentina (Fernando Henrique, Lula – Duhalde,
N. Kirchner)
2008 – Unasul (Lula – N. Kirchner)
Avanços e recuos na relação
Brasil-Argentina
“Vales”
1851-2 – Rosas – Guerra do Prata
1870-76 – Oposição à anexação territorial no Paraguai
1904-1908 – Rearmamento naval, período Zeballos
1976-1979 – Tensão em torno de projetos hidrelétricos
Avanços e recuos na relação
Brasil-Argentina
Aproximações com pouca sustentabilidade até 1979 Urquiza, Mitre, Roca, Sáenz Peña, Justo, Perón e Frondizi
Intensificação desde 1979 Videla, Alfonsín, Menem, De la Rúa, Duhalde, Kirchner
(Néstor e Cristina) e Macri
Contextos diversos Centro direita, centro esquerda, populistas, ortodoxos
Crises econômico-institucionais, hiperinflação, crescimento,
estagnação, depressão, variações cambiais e crises em
mercados globais
Guerra Fria, pós-Guerra Fria, globalização Se relação não fosse poderosa e relativamente autônoma,
não teria sobrevivido
Ao contrário, se aprofunda – embora não trajetória linear
A relação Brasil-Argentina é
uma política de Estado
Periodização
Elementos:
Instabilidade vs estabilidade
Estrutural vs conjuntural
Predomínio da rivalidade, cooperação, integração
Primeiro momento: instabilidade estrutural (1810-1880)
Predomínio da rivalidade (1810-1851)
Predomínio da cooperação (1852-1870)
Predomínio da rivalidade (1870-1880)
Segundo momento: instabilidade conjuntural (1880-1979)
Períodos curtos de rivalidade e cooperação (1880-1915)
Busca sistemática de cooperação, com momentos de
rivalidade (1915-1979)
1) História de síntese da relação bilateral
Periodização
Terceiro momento: construção da estabilidade estrutural (1979-)
Pela cooperação (1979-1988)
Pela integração (1988-)
1) História de síntese da relação bilateral
Colônia – reflexos da rivalidade das Metrópoles ibéricas
1º Momento: instabilidade estrutural
i. Com predomínio da rivalidade (1810-1851) 1810, 1816 e 1822 – Processo de independência. Desconfiança do sistema
monárquico e receio de “expansionismo imperial”
1825-1828 – “Guerra contra o Império do Brasil”
1827 – Queda de Rivadavia. As Províncias Unidas se tornam Confederação
Argentina
1829 – Rosas assume o Governo da Província de Buenos Aires
1833 – Ocupação das Malvinas pelo Reino Unido
1838-1850 – Bloqueios navais de Inglaterra e França e processo de paz.
Rosas se fortalece estrategicamente
1850 – Aliança contra Rosas. Suspensão das relações
1851-2 – Guerra do Prata (contra Rosas)
ii. Com predomínio da cooperação (1852-1870) 1853 – Constituição argentina. Urquiza instaura distensão no Prata
1856 – Tratado de Amizade, Comércio e Navegação
1863 – Mitre teme avanço do Brasil sobre o Paraná
1865 a 1870 – Tríplice Aliança e Guerra do Paraguai
iii. Com novo predomínio da rivalidade (1870-1880) 1870 a 1876 – Oposição à anexação territorial argentina
2º Momento: instabilidade conjuntural
i. Com períodos curtos de cooperação e rivalidade (1880-1915)
1889 – Proclamação da República. I Conferência Panamericana
1895 – Laudo arbitral sobre a região de Missões
1898 – Tratado de fronteira sobre Missões
1899 – Visita do Presidente Roca ao Brasil
1900 - Visita do Presidente Campos Salles à Argentina
1902 – Brasil não apoia a doutrina Drago
1904 a 1908 – Tensões em torno do rearmamento naval. Ação do Chanceler
Zeballos
1910 – Visita do Presidente Sáenz Peña ao Brasil
1914 – Primeira Guerra Mundial
1915 – Tratado de Cordial Inteligência Política e Arbitragem (ABC)
2º Momento: instabilidade conjuntural
ii. A busca de cooperação, com momentos de rivalidade (1915-1979) 1921 – Argentina não ratifica o ABC. Oposição do Presidente Yrigoyen
1933 – Visita do Presidente Justo ao Brasil. Tratado de Comércio e Navegação.
Tratado Anti-Bélico de Não-Agressão
1935 – Visita do Presidente Vargas à Argentina.
1941 –Osvaldo Aranha assina Tratado de Livre Comércio
1942 – Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e neutralidade
argentina. Desconfianças sobre pretensões do GOU.
Vargas não aceita o plano dos EUA de bombardear Buenos Aires
1946 a 1955 – Primeiro e segundo Governos de Perón. Projetos de reedição do
ABC e união aduaneira. Golpe militar contra Perón (1955)
1953 – Vargas não adere ao novo ABC. Reação de Perón contra o Itamaraty
1958 – Visita do Presidente Frondizi ao Brasil. Encontro com JK
1961 – Encontro dos Presidentes Quadros e Frondizi em Uruguaiana.
Declaração e Convênio de Amizade e Consulta
1962 – Golpe militar contra Frondizi. Interrupção do “espírito de Uruguaiana”
1966 – Golpe militar contra Illia. Brasil e Paraguai assinam a “Ata das Cataratas”.
Início do litígio com a Argentina sobre Itaipu
1969 – Assinatura do Tratado da Bacia do Prata
1973 – Brasil e Paraguai firmam o Tratado de Itapiu. Tensões com a Argentina,
que denuncia o “Acordo de Nova York”
1973 a 1974 – Presidências de Cámpora e Perón
1976 a 1979 – Ditadura militar. Rivalidade com o Brasil e crescimento do diferencial de poder
3º Momento: construção da estabilidade estrutural
i. Pela cooperação (1979-1988)
1979 – Acordo Tripartite Brasil, Argentina e Paraguai (Itaipu e Corpus)
1980 – Visitas dos Presidentes Figueiredo à Argentina e Videla ao Brasil.
Acordo de Cooperação para o uso pacífico da energia nuclear
1981 – Encontro de fronteira - Presidentes Figueiredo e Viola
1982 – Guerra das Malvinas
1983 – Encontro dos Presidentes Figueiredo e Bignone
1983 – Assume o Presidente Raúl Alfonsín. Redemocratização
1985 - Encontro dos Presidentes Sarney e Alfonsín. Declaração do Iguaçu.
Declaração sobre Política Nuclear
1986 – Ata para a Integração. Programa de Integração e Cooperação
Econômica (PICE). Protocolos
1987 e 1988 – Intensificação de visitas presidenciais. Protocolos
3º Momento: construção da estabilidade estrutural ii. Pela integração (desde 1988)
1988 – Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento
1989 – Hiperinflação. Menem assume a presidência
1990 – Ata de Buenos Aires firmada pelos Presidentes Menem e Collor. Previsão do
Mercado Comum em 1994 e criação do GMC
1991 – Tratado de Assunção (Mercosul). Acordo para uso pacífico da energia nuclear
e criação da ABACC. Acordo quadripartite com a AIEA. Guerra do Golfo - participação
argentina. Lei de conversibilidade
1994 – Mercosul – Protocolo de Ouro Preto.
1997 – Aliança Estratégica – Declaração do Rio de Janeiro firmada pelos Presidentes
Fernando Henrique Cardoso e Menem. Processo de Itaipava. Argentina obtém status
de major non-NATO ally.
1999 – Argentina e OTAN. Divergências sobre ampliação do Conselho de Segurança
se intensificam. Desvalorização do Real. Aprofundamento da recessão argentina
2000 – Argentina resiste à reunião de Presidentes da América do Sul
2001 – Cavallo assume o Ministério da Economia. Fortes críticas ao Brasil. De la Rúa
abandona a presidência. Caos político-econômico
2002 – Duhalde assume a presidência. Fim da conversibilidade e desvalorização do
peso. Crise social. Início da recuperação econômica
2003 – Kirchner assume a presidência. Lula faz Visita de Estado à Argentina.
Crescimento sustentado da Argentina
2004 – Disputas comerciais e questão dos investimentos da Petrobrás. Ata de
Copacabana. Resistência à liderança brasileira e à Comunidade Sul-Americana.
2006 a 2007 – Relações bilaterais se aprofundam. Gradual superação de atritos
comerciais e crescente entendimento político. Lançamento da União Sul-Americana.
Cooperação energética.
Excepcionalidade e história comum
Grandeza e decadência
Europeísmo e americanismo
Liberalismo
Nacionalismo
Radicalismo
Peronismo
Terceira posição e autonomia heterodoxa
Desenvolvimentismo
Menemismo
Realismo periférico
Rivalidade
Cooperação e integração
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Oscilação entre disjuntivas
grandeza x decadência
europeísmo x americanismo
peronismo x antiperonismo
“relações carnais” x antinamericanismo
agrícola x industrial, exportador x importador
isolacionismo x sobreatuação
rivalidade x cooperação
Excepcionalidade vs história comum
Formação étnico-cultural, Europa transplantada
Generaciones de 37 e 80
Valores: pacifismo, moralismo, direito
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Europeísmo
Rivadavia, Alberdi
Transplantação cultural e étnica: mananciais de
população, comércio, investimentos, cultura
Americanismo
Alinhamento Guerra Fria e pós Guerra Fria
Liberalismo
Base ideológica do extraordinário crescimento
Nacionalismo
Conservador antiliberal (Ibarguren, Lugones)
Revisionismo histórico – Rosas
Populismo – Yrigoyen, FORJA, Jauretche
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Radicalismo
Liberalismo, populismo, nacionalismo,
democracia, moral administrativa, legalidade
Classe média em ascensão
Soberanista, anti-americanismo
Frondizi e industrialização
Peronismo
Justiça social, mobilização de massas
urbanizadas e sindicalizadas
Desenvolvimento, nacionalismo econômico
Matriz ideológica complexa, pragmatismo,
não dogmatismo, absorve contradições
Terceira posição e autonomia heterodoxa
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Desenvolvimentismo
FORJA, Perón, Frondizi
Menemismo
Síntese de forças da cultura política argentina
Generación del 80: liberalismo, prosperidade
econômica, estabilidade política, prestígio
externo, relação especial com superpotência
Peronismo: populismo, pragmatismo,
integração
Realismo periférico
Escudé: país dependente, vulnerável, pouco
estratégico, perfil baixo, não confrontação,
cálculo de custos e benefícios materiais, atrair
investimentos, objetivo: bem-estar material do
cidadão
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Rivalidade
Herança das disputas coloniais ibéricas
Brasil visto como expansionista e imperial, ou
como representante do imperialismo dos EUA
Disputas de hegemonia no Prata
Alberdi, Mitre, Sarmiento
Inferior do ponto de vista étnico-cultural
Mito da nação amputada
Outra corrente: percepção de ameaça
do Brasil atuou como força aglutinadora
Rivalidade econômica
Assimetria do PIB e do comércio exterior
Brasildependencia
Indústria e agricultura
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Crescimento do PIB Brasil / Argentina (US$ bilhões)
1910 1940 1950 1960 1976 1988 2016
Fontes: Boris Fausto (Brasil-Argentina), IBGE e FMI
Cooperação e integração regional
San Martín
Alberdi – aproximação hispano-americana
(sem Brasil, resistência aos EUA)
Bunge
1909 – Unión del Plata = Mercosul
(Brasil poderia ser convidado)
1929 e 1940 – Unión Arancelaria del Sur
Ugarte – Patria común latinoamericana,
Patria Grande (hispanoamericana)
Até anos 1960 – Brasil não parte
Cepal, teoria da dependência
Exílio intelectuais Fernando Henrique, Helio Jaguaribe, Darcy Ribeiro...
Redemocratização
2) Brasil e integração na
história das ideias políticas da Argentina
Período Kirchner (Néstor, Cristina):
Antecedentes: crise, De la Rúa, Duhalde
Peronismo de centro-esquerda Afinidade ideológica com Lula/Dilma
Aprofundamento da relação/integração
Brasil e Mercosul continuam sendo prioridade?
Sim, Mercosul é parte da identidade argentina em política exterior
Apoio dos setores agrícola e industrial (acesso ao
mercado brasileiro)
Integração das cadeias produtivas
Negociações multilaterais e birregionais Parceria estratégica em temas da agenda global
Relação estruturante para a estabilidade regional
Mecanismo de Cooperação e Integração Brasil-
Argentina (MICBA)
Recuperação do crescimento nos dois países
3) Conclusão: Argentina-Brasil, século XXI