TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Conselho Municipal de Assistência Social de uma Cidade localizada
na Região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, o perfil dos
conselheiros e sua atuação.
Márcia Cristina da Silva Ribas–[email protected] UFF/ICHS
Resumo
Este relatório apresenta o perfil e as ações do Conselho Municipal de Assistência
Social de uma cidade de pequeno porte da região sul fluminense. Avaliando a
efetividade deliberativa do Conselho. Foi utilizado como instrumento de coletas de
dados, a aplicação de um questionário, análise documental e observação
comportamental. Os Conselhos Municipais são instâncias de suma importância para a
efetiva participação popular, transparência dos recursos públicos, consolidação da
democracia; bem como: instrumento de priorização e alocação das verbas públicas no
atendimento às demandas sociais. O resultado da pesquisa apontou que há um grande
esforço dos atores envolvidos no processo para o alcance dos objetivos dos Conselhos.
Após a apreciação da documentação do referido órgão, relatos e entrevistas; conclui-se
que os conselhos estão num caminho natural de amadurecimento, se empenhando para
atuar de forma transparente, democrática e deliberativa, mas há muito que avançar para
que os Conselhos Gestores de Políticas Setoriais sejam efetivos e alcancem sua função
precípua de espaços democráticos, de forma à atender às demandas sociais, consolidar à
Gestão Participativa, atuando na formulação de políticas públicas, aprimorando o
controle social e consolidando a democracia.
Palavras-chave: Conselho Municipal de Assistência Social - Gestão Participativa-
Democracia.
1 - Introdução
No Brasil, a participação popular teve início na década de 70, com os
movimentos sociais, tais como os conselhos populares, em que participavam apenas
representantes do povo, e as comissões de fábrica (PILETTI,1996).
Os Conselhos que são órgãos responsáveis por estreitar a relação entre o
governo e a sociedade civil, são compostos na sua forma de representatividade por
diversos segmentos sociais, tem como finalidade: fiscalizar, deliberar, consultar,
normatizar e fazer proposições.
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Com o amadurecimento da nossa sociedade, surgiu a necessidade da criação dos
referidos conselhos e de outros órgãos de controle para limitar os poderes dos
governantes e alocar de forma mais eficaz os recursos públicos.
De acordo com Piletti (1996,p.414 e 415):
A organização de uma sociedade democrática, na qual um número
crescente de brasileiros possa se integrar economicamente, trabalhando e
consumindo os bens que produz, e possa participar das decisões políticas
como cidadãos conscientes, deixando de ser objetos para se transformar em
sujeitos sociais, constitui sem dúvida o grande desafio do Brasil neste final
de século. A superação desse desafio é possível e poderá ocorrer se nos
empenharmos em realizar pelo menos três mudanças fundamentais: a
ampliação do conceito de democracia, a criação de condições para que os
brasileiros possam participar democraticamente da vida do país e a execução
de uma reforma do Estado de acordo com o interesse da maioria dos
brasileiros.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o perfil dos conselheiros e sua
atuação no âmbito do Conselho Municipal de Assistência Social de um município,
localizado na região sul fluminense, do Estado do Rio de Janeiro.
A fim de relatar todo o procedimento identificado no local, pesquisou-se de forma
abrangente para que todos os tópicos inerentes ao conselho fossem explicitados, desse
modo, poderá se ter uma visão ampla de todo o procedimento do referido órgão no que
concerne a participação dos conselheiros na definição de políticas implementadas no
município e de modo amplo nas tomadas de decisões dos gestores públicos. Como por
exemplo: como são definidos os seus membros, como são formuladas as políticas
públicas, qual o grau de participação social, se há uma representatividade efetiva e
como se dá todo esse processo.
Diante do exposto, o objetivo geral da pesquisa é verificar a ação e o perfil dos
membros do Conselho Municipal de Assistência Social em seu âmbito.
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Para atingir o objetivo geral do trabalho, serão perseguidos os seguintes objetivos
específicos:
Identificar através de análise documental a participação dos conselheiros na
gestão dos recursos públicos;
Identificar nos processos do Conselho a transparência;
Identificar nas ações do Conselho a democracia;
Identificar nas ações do Conselho a deliberação;
Identificar o perfil dos membros do Conselho.
2- Apresentação do Caso
2.1 Município de Mendes
O município de Mendes está localizado na região Sul- Fluminense do Estado do
Rio de Janeiro, estando a uma altitude de 446 metros. Sua população no Censo
Demográfico 2010 é de 22.881 habitantes. No passado possuía uma economia forte,
hoje sua economia baseia-se no turismo, no comércio e na gráfica Santa Cruz. Seu PIB
per capita é de R$ 8.112,73 (IBGE,2008).
A cidade possui diversos Conselhos: da Merenda Escolar, Conselho da Saúde,
Conselho da Criança e do Adolescente, Conselho municipal de Assistência Social,
Conselho do Meio Ambiente, Conselho dos Idosos, Conselho da Pessoa Portadora de
Deficiência. O Conselho Municipal de Assistência Social, foi escolhido para o
desenvolvimento da pesquisa, devido a facilidade de apurar dados, em decorrência de já
ter pertencido ao quadro de membros do referente Conselho. O espaço destinado às
reuniões do referido Conselho e dos demais foi cedido pela prefeitura que
disponibilizou no ano de 2014, uma sala para atender todos os Conselhos, onde todas as
reuniões são ministradas neste espaço e dispõe de um funcionário para prestar auxílio
aos membros dos conselhos. Para o presente estudo foi priorizado o Conselho
Municipal de Assistência Social, devido a facilidade de obter dados para a pesquisa, e
por já haver participado como membro do referido Conselho.
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3- Referencial Teórico
Os Conselhos de Direito ou Conselhos Gestores de Políticas Públicas Setoriais
são órgãos colegiados permanentes, paritários e deliberativos, com incumbência de
formulação, supervisão e avaliação das Políticas Públicas. Os Conselhos são criados por
lei, com âmbito Federal, Estadual e Municipal. É através dos Conselhos que a
comunidade (através de seus representantes) participa da gestão pública. São Conselhos
de constituição obrigatória para repasse de verbas federais, com atribuição de formular
ou de propor, supervisionar, avaliar, fiscalizar e controlar as Políticas Públicas, no seu
âmbito temático.
Os conselhos podem contribuir para a democratização da gestão pública, a
ampliação quantitativa e qualitativa da participação, a condução coletiva de políticas
sociais, a responsabilização de governantes (accountability), o controle social pró-ativo
e para o intercâmbio de informações entre população e poder local. Contudo, podem ser
transformados em órgãos cartoriais (que apenas referendam as decisões do executivo),
em mecanismos de legitimação do discurso governamental ou em estruturas formais
(sem reuniões frequentes, programas de trabalho, representatividade social, vigor
argumentativo, rotinas de capacitação e acesso aos poderes instituídos (GOHN,2001).
3.1 - Da formação dos conselhos
Os Conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e
Sociedade Civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja função é formular e controlar a
execução das políticas públicas societais. Os Conselhos são o principal canal de participação
popular encontrado nas três instâncias de governo (federal, estadual e municipal). ( CGU-
Portal da Transparência,2004).
Os conselhos devem ser compostos por um número par de conselheiros, sendo
que, para cada conselheiro representante do Estado, haverá um representante da
sociedade civil (exemplo: se um conselho tiver 14 conselheiros, sete serão
representantes do Estado e sete representarão a sociedade civil). Mas há exceções à
regra da paridade dos conselhos, tais como na saúde e segurança alimentar. Os
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conselhos de saúde, por exemplo, são compostos por 25% de representantes de
entidades governamentais, 25% de entidades não-governamentais e 50% de usuários
dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). (CGU-Portal da
Transparência,2004).
3.2 Responsabilidades dos Conselhos:
Conselho Função Origem do
recurso
Destino do
Recurso
Conselho de
Alimentação
Escolar(CAE)
Atua no Controle,
acompanhamento, análise e
fiscalização do dinheiro da
merenda escolar
Parte da
verba vem do
governo
federal, outra
vem da
prefeitura
Merenda Escolar
Conselho
Municipal de
Saúde
Controla o dinheiro da saúde;
acompanha as verbas que
chegam pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) e os repasses de
programas federais ; participa
da elaboração das metas para a
saúde; controla a execução das
ações na saúde
Repasses do
Sistema
Único de
Saúde (SUS)
e os repasses
de programas
federais ;
Promoção da
saúde
Conselho de
Controle Social
do Bolsa
Família
controla os recursos do
programa; verifica se as
famílias do Programa atendem
aos critérios para fazer parte;
verifica se o programa atende
com qualidade às famílias que
Governo
federal
Repasse de
verbas às famílias
de baixa renda
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realmente precisam; contribui
para a manutenção do
Cadastro Único.
Conselho do
FUNDEB
acompanha e controla a
aplicação dos recursos, quanto
chegou e como está o seu
gasto. supervisiona
anualmente o Censo da
Educação; controla também a
aplicação dos recursos do
Programa Recomeço (
Educação de Jovens e Adultos)
e comunica ao FNDE a
ocorrência de irregularidades
Governo
federal
Repasse de
verbas para
valorização do
Ensino Básico
Conselho de
Assistência
Social
acompanha a chegada do
dinheiro e a aplicação da verba
para os programas de
assistência social. 0 Conselho
aprova o plano de assistência
social feito pela prefeitura.
Governo
federal
Os programas são
voltados para
atender às
necessidades
das crianças
(creches), idosos,
portadores de
deficiências
físicas
Fonte: CGU-Portal da Transparência
Elaborada pela autora- Ano2015
3.3 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL SOBRE O CONSELHO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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A lei Orgânica do Município, dispõe sobre os Conselhos Municipais nos seus
artigos 79 e 80.
A Mesa Diretora da Câmara Municipal, em 27 de setembro de 1993,
acrescenta o artigo 81, que dispõe sobre as Fundações e Associações mencionadas no
artigo 78, terão precedência na destinação de subvenções ou transferências à conta do
orçamento municipal ou de outros auxílios de qualquer natureza por parte do Poder
Público, ficando, quando os recebam, obrigadas à Prestação de contas.
A lei municipal nº956 de 10 de novembro de 2003 cria o Conselho Municipal
de Assistência Social e o Fundo Municipal de Assistência Social.
3.4 Participação Popular:
A participação popular na construção de uma "gestão democrática" foi
regulamentada pela Constituição Federal de 1988, que estabelece a introdução de vários
mecanismos que possam permitir o acesso dos "cidadãos" ao poder público
governamental e a participação nas decisões de interesse local, por representantes de
segmentos da sociedade, no intuito de exercer influência significativa na formulação e
implementação de Políticas Públicas locais, constituindo-se um elo entre a sociedade e o
poder público governamental.
Nesse sentido, a construção coletiva de decisões por meio do diálogo entre
indivíduos politicamente iguais representa a essência da democracia deliberativa, que
pode ser exercida em diferentes contextos – público, público não governamental e
privado – e níveis – nacional, regional e local.
Em todos os casos, estruturas e regras de interação e pactuação devem ser
concebidas. Além disso, desafios como a busca por consensos racionais, a pluralidade
de visões e interesses e a participação em larga escala colocam em evidência aspectos
como a argumentação pública (e não a simples votação), a simetria de forças entre
sociedade e Estado, a delegação de poderes (representação) e o potencial de replicação
desses arranjos institucionais.
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De acordo com Teixeira (1996):
Nas últimas duas décadas, principalmente em virtude do movimento
constituinte, novos meios de reconhecimento e promoção da vontade coletiva
foram formalizados. Destacam-se, entre estes, referendos, plebiscitos, ações
civis públicas, leis de iniciativa popular, audiências públicas, fóruns
temáticos, orçamentos participativos e conselhos gestores. Alguns, porém,
não comportam a deliberação pública. Outros destinam-se a fins precisos e
possuem vigência temporário.
3.5 Gestão Participativa:
A democracia direta é a forma mais antiga de participação nos processos
decisórios, surgiu na Grécia Antiga, onde os cidadãos se reuniam na Ágora, a praça do
mercado e, deliberavam sobre assuntos da cidade. Desse modo exerciam o poder sem
representantes. Com o passar dos anos, devido a fatores de extensão territorial,
densidade demográfica, complexidade dos problemas sociais, surgiu a democracia
indireta ou representativa.
O Estado Democrático de Direito, previsto positivamente no preâmbulo e no
artigo 1º da Constituição Federal de 1988, de forma que o anseio principal é a limitação
do poder através da participação do povo na organização do Estado, na formação e na
atuação do governo, expressando livremente sua vontade soberana (DALLARI, 2001).
Deste modo, conclui-se nas palavras de Silva (2005), que o Estado Democrático de
Direito brasileiro consiste na busca por uma sociedade livre, justa e solidária, em que o
poder emana do povo, e deve ser exercido em proveito desse, diretamente ou por
representantes eleitos (art.1º, parágrafo único, da CF); participativa, porque envolve a
participação do povo no processo decisório e na formação dos atos do governo;
pluralista, porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe assim, a
convivência entre opiniões divergentes na sociedade, sem causar conflitos (SILVA,
2005).
4- Metodologia
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A presente pesquisa foi realizada para apontar o perfil dos conselheiros e sua
atuação presentes nos processos do Conselho Municipal de Assistência Social. Foi
desenvolvida uma pesquisa quantitativa e descritiva, por meio da aplicação de um
questionário, contendo 8 questões, para identificar a atuação dos conselheiros. Foram
seguidas as etapas de determinação do problema , pré-teste, elaboração, distribuição,
aplicação, tabulação dos dados , análise e interpretação dos dados.
O estudo foi desenvolvido na sala dos conselheiros. Um espaço pequeno, com
pouca infraestrutura, mas o espaço ideal para apurar todos os detalhes da pesquisa. O
instrumento utilizado na coleta de dados foi um questionário estruturado, com perguntas
fechadas, através da abordagem qualitativa, aplicado aos 12 membros do conselho.
Outros instrumentos foram utilizados na pesquisa, tais como: a observação, o relato de
conselheiros e a análise de documentos no âmbito do conselho. O período analisado
compreende o ano de 2013 à 2015.
Os conselheiros entrevistados tem o seguinte perfil:
Figura1-Gênero dos Conselheiros
Fonte: Questionário aplicado no COMAS
Dos 12 conselheiros pertencentes ao Conselho Municipal de Assistência Social 2 eram do sexo
masculino e 10 eram do sexo feminino.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Figura 2- Faixa etária dos Conselheiros
Fonte: Questionário aplicado no COMAS
Dos 12 Conselheiros, 4 possuem faixa etária entre 50 a 100 anos, 3 possuem entre 41 a 50
anos, 2 possuem entre 31 a 40 anos e 3 possuem entre 22 a 30 anos.
Figura 3-Renda familiar dos Conselheiros
Fonte: Questionário aplicado no COMAS
Dos entrevistados 4 ganham um salário mínimo, 5 ganham até 2 salários mínimos, 3 ganham
mais de 2 salários mínimos e nenhum ganha menos de 1 salário mínimo.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Figura 4- Grau de escolaridade dos Conselheiros
Fonte: Questionário aplicado no COMAS
Os que possuem Ensino Fundamental incompleto são 2, os possuem Ensino Fundamental
completo são 3, os que possuem Ensino Médio são 2, os que possuem Ensino superior
incompleto são 2 e os que possuem Ensino Superior Completo são 3.
5- Plano de Ação
Para identificar o perfil dos conselheiros e sua atuação e apontar as ações de
efetividade, presentes nos processos do Conselho Municipal de Assistência Social, foi
aplicado um questionário aos conselheiros. Ao iniciar a aplicação, todos os participantes
foram conscientizados sobre o motivo da aplicação do questionário, e foi reafirmado
que todas as informações contidas no documento seriam de sigilo absoluto. De antemão,
foi agradecida a participação de todos. Segue as questões e seus resultados:
1) Qual a percepção de vocês quanto à participação, se ela é espontânea ou
não? dos 12 conselheiros, 4 responderam que sim e o restante respondeu que
participa, para contribuir com a institucionalização do conselho. Percebe-se
que quase sua maioria responderam que tornaram-se integrantes dos
Conselhos para ajudar o município a receber verbas que são repassadas pelo
Governo do Estado ou Governo Federal.
2) Quanto à transparência nos processos, à promoção da democracia e à
deliberação. O conselho apresenta esses mecanismos? O conselho não
apresenta esses mecanismos? O conselho está caminhando para alcançar
esses objetivos? Dos 12 conselheiros, 3 responderam que apresenta, 3
responderam que não apresenta e 6 responderam que o conselho está
caminhando para alcançar esse objetivos.
3) Quanto a deliberação, você já contribuiu para algum processo decisório,
enquanto membro do conselho? 8 responderam que sim, 4 responderam que
não.
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4) Você já participou da aprovação de algum projeto deliberado no Conselho?
8 responderam que sim e 4 responderam não.
5) Com que frequência participa das reuniões do conselho? 6 responderam a
cada 15 dias , 2 responderam 1 vez por mês, 2 responderam a cada
bimestre e 2 não souberam responder a frequência exata.
6) Você tem experiência na participação de conselhos? 7 responderam que
sim, 5 responderam que não.
7) Você se sente preparado para os debates dentro do conselho? 7 responderam
que sim, 5 responderam que não.
8) Você considera as práticas no conselho democráticas? 8 responderam que
sim, 4 responderam que não.
Há época em que fui membro do Conselho Municipal de Assistência Social nas
reuniões das quais participei, presenciei práticas pouco participativas. Uma certa relação
de submissão por parte dos membros do Conselho, o que me fez pensar que tal fato
ocorreu por não terem capacitação prévia e esclarecimento sobre os assuntos em
debate. O que foi justificada pelos gestores, que por falta de tempo, não houve
capacitação prévia dos membros do Conselho.
Diante dos dados apontados no questionário, a falta de transparência,
participação e controle são observados apenas em alguns atos encaminhados ao
Conselho para apreciação e aprovação, pôde-se perceber que foram por questões
burocráticas que houve tal ocorrência, mas na maioria dos casos buscou-se cumprir os
objetivos dos Conselhos, discutindo sobre orçamentos, apresentando demandas sociais,
estreitando laços entre o Estado e a sociedade, acompanhando e controlando a alocação
dos recursos públicos.
A participação dos cidadãos nos Conselhos como membro integrante é um
problema recorrente. Através do relato de diversos conselheiros, muitos reclamaram da
falta de capacitação, da falta de autonomia dos Conselhos, dos problemas enfrentados
no local de trabalho, quando necessitam de afastar-se para participar das reuniões, da
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falta de credibilidade dos políticos, entre outros fatores que influenciam na falta de
interesse em participar. Até o momento não foi apresentado nenhuma estratégia para
minimizar esses problemas, mas houve em alguns momentos promessas de viabilizar
melhoramentos nesses aspectos.
A conscientização da população através dos meios de comunicação, de
reuniões informando sobre a funcionalidade dos Conselhos, só se tornaria possível se
houvesse interesse por parte dos governantes em fortalecer essas instituições, de modo
a repassar verbas para os Conselhos, garantindo sua autonomia, e faz-se necessário
também a criação de parcerias com o governo, pois só através dessas ações
desenvolvidas no âmbito da sociedade e que se poderá despertar o interesse da
sociedade em participar e interagir nas proposições externadas nos diversos Conselhos,
contribuindo para a consolidação da democracia e viabilizando uma gestão
participativa.
Partindo do princípio que os Conselhos em sua maioria são pouco divulgados, e
isso acarreta dificuldade das pessoas participarem. Recomenda-se portanto, uma
divulgação mais efetiva, utilizando-se todas as mídias disponíveis, de forma maciça,
com a finalidade de conscientização da população, contribuindo para uma maior
diversidade dos participantes, haja visto que a maioria identificada na pesquisa foi do
sexo feminino, pessoas com mais de 50 anos, com renda de até 2 salários e Ensino
fundamental completo, necessita-se criar mecanismos de ampliação do conhecimento,
desenvolvendo assim uma cultura de participação. Os membros dos referidos conselhos
estão setorizados ( representantes do governo por segmento Educação, saúde,
assistência social, etc.), por isso eles tem pouca representatividade, na maioria das vezes
é muito difícil conseguir a participação das pessoas nesses Conselhos, as pessoas acham
trabalhoso, sentem-se perdidos por não acompanhar os assuntos debatidos e
apresentados para aprovação. Em função disso que há a necessidade de uma preparação
prévia dos membros dos Conselhos, antes da apresentação das pautas expostas nas
reuniões. Muitos conselheiros tem que ausentar-se do trabalho para comparecer às
reuniões, mesmo os Conselhos emitindo declaração de comparecimento, muitas vezes
se deparam com chefes que não gostam dessas ausências, há também os membros de
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Conselhos que não querem envolvimento devido as responsabilidades adquiridas ao
tornassem membros dos Conselhos. Devido à falta de tempo hábil para estudar e
inteirar-se previamente sobre os assuntos debatidos nos encontros, a capacitação dos
conselheiros torna-se um fator relevante para que os conselheiros sintam-se seguros e
confiantes em suas proposições e debates e isso requer disponibilidade de tempo para
preparar-se, a capacitação pode se desenvolver obtendo parcerias com o governo, que
disponibilizaria funcionários de diversas áreas temáticas, afim de oferecer seus
conhecimentos e diremir dúvidas dos membros dos Conselhos. Outro tópico importante
é oferecer algum tipo de vantagem pela participação, isso pode ser um incentivo para
angariar participantes. Esses são alguns dentre muitos fatores que inibem a participação
nos Conselhos.
Como alguns Conselhos são obrigatórios há toda uma conscientização e apelo
dentro dos setores para alcançar a quantidade de membros necessários para a formação
dos Conselhos. A sociedade em geral necessita de uma conscientização das formas de
representar-se e adquirir conhecimento sobre os mecanismos existentes para tal ação, os
Conselhos embora pouco divulgados são importantes meios de representatividade.
6- Conclusão
Dentre alguns problemas identificados no Conselho, pôde-se destacar a falta de
motivação dos conselheiros em participar, o que acaba limitando a participação e a
democracia que são os princípios básicos do Conselho.
O Conselho Municipal tem poucos membros motivados a participarem com a
finalidade de exercerem a sua cidadania plena, pois uma parte expressiva dos
integrantes que os compõem, o fazem para atenderem a legislação, que exige a
composição dos Conselhos nos municípios, para o repasse de verbas.
A sociedade revela-se sem vontade de envolver-se com aquilo que é público,
como no caso do Conselho, o que acarreta certa dificuldade de se conseguir membros
para a sua institucionalização.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO
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Seja por desconhecimento da funcionalidade dos Conselhos, falta de divulgação,
falta de credibilidade da classe política, falta de iniciativas que promovam uma cultura
de participação, entre outros fatores, que contribuem de forma negativa afastando o
cidadão daquilo que é público e tem coadunado para aumentar a falta de interesse da
sociedade na participação dos Conselhos.
Alguns conselhos por serem de caráter obrigatório acabam tendo que ter um
número de representantes da sociedade civil e do governo para se institucionalizarem,
dependendo desses fatores, para receberem verbas federais e de convênios.
Os atores envolvidos nesses processos acabam participando dos referidos
conselhos pela necessidade do Município receber verbas. Outro problema encontrado
foi a necessidade de aprimoramento do processo deliberativo, pois ainda é pouco
efetivo, devido a falta de capacitação e formação dos conselheiros.
Através da pesquisa foi identificado que o conselho está caminhando para
alcançar a finalidade precípua do Conselho que é a de promover uma gestão
participativa, estreitar relações entre estado e sociedade e ser promotor de debates e
decisões públicas.
Para que os Conselhos se transformem em espaços de atuação, debates,
proposições, deliberações, muito temos a avançar, aprimorando a divulgação e
ressaltando a importância dos conselhos no atendimento às demandas sociais, dando
especial relevância à importância da participação da comunidade, estreitando a relação
entre Estado e Sociedade, contribuindo para uma melhor alocação dos recursos
públicos, dando transparência aos atos públicos, implementando políticas públicas
oriundas dessas arenas decisórias, fortalecendo a participação e a representatividade,
construindo assim, uma sociedade mais justa , solidária e democrática.
A conscientização da população através dos meios de comunicação, de reuniões
informando sobre a funcionalidade dos conselhos poderá despertar o interesse da
sociedade em participar e interagir nas proposições externadas nos diversos conselhos,
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contribuindo para a consolidação da democracia e viabilizando uma gestão
participativa.
Comparando resultados obtidos nos Conselhos em geral, o que mais mostrou
eficácia foram os Conselhos desenvolvidos dentro do âmbito escolar devido a
proximidade e interação entre gestor e comunidade escolar. Foram os que mais
demonstraram o desempenho esperado.
Os Conselhos Escolares, Conselho do PDDE e PDE se mostraram eficientes na
apresentação de propostas, deliberações, acompanhamento, destinação e controle dos
recursos. Isso nos leva a salientar o quanto é relevante a aproximação entre o Estado e o
cidadão. Esse mecanismo nos proporciona uma gestão eficiente e eficaz dos recursos
públicos.
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