conselho municipal de assistência social de uma cidade...

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO TÉCNICO 1 Conselho Municipal de Assistência Social de uma Cidade localizada na Região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, o perfil dos conselheiros e sua atuação. Márcia Cristina da Silva Ribas[email protected] UFF/ICHS Resumo Este relatório apresenta o perfil e as ações do Conselho Municipal de Assistência Social de uma cidade de pequeno porte da região sul fluminense. Avaliando a efetividade deliberativa do Conselho. Foi utilizado como instrumento de coletas de dados, a aplicação de um questionário, análise documental e observação comportamental. Os Conselhos Municipais são instâncias de suma importância para a efetiva participação popular, transparência dos recursos públicos, consolidação da democracia; bem como: instrumento de priorização e alocação das verbas públicas no atendimento às demandas sociais. O resultado da pesquisa apontou que há um grande esforço dos atores envolvidos no processo para o alcance dos objetivos dos Conselhos. Após a apreciação da documentação do referido órgão, relatos e entrevistas; conclui-se que os conselhos estão num caminho natural de amadurecimento, se empenhando para atuar de forma transparente, democrática e deliberativa, mas há muito que avançar para que os Conselhos Gestores de Políticas Setoriais sejam efetivos e alcancem sua função precípua de espaços democráticos, de forma à atender às demandas sociais, consolidar à Gestão Participativa, atuando na formulação de políticas públicas, aprimorando o controle social e consolidando a democracia. Palavras-chave: Conselho Municipal de Assistência Social - Gestão Participativa- Democracia. 1 - Introdução No Brasil, a participação popular teve início na década de 70, com os movimentos sociais, tais como os conselhos populares, em que participavam apenas representantes do povo, e as comissões de fábrica (PILETTI,1996). Os Conselhos que são órgãos responsáveis por estreitar a relação entre o governo e a sociedade civil, são compostos na sua forma de representatividade por diversos segmentos sociais, tem como finalidade: fiscalizar, deliberar, consultar, normatizar e fazer proposições.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

1

Conselho Municipal de Assistência Social de uma Cidade localizada

na Região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, o perfil dos

conselheiros e sua atuação.

Márcia Cristina da Silva Ribas–[email protected] UFF/ICHS

Resumo

Este relatório apresenta o perfil e as ações do Conselho Municipal de Assistência

Social de uma cidade de pequeno porte da região sul fluminense. Avaliando a

efetividade deliberativa do Conselho. Foi utilizado como instrumento de coletas de

dados, a aplicação de um questionário, análise documental e observação

comportamental. Os Conselhos Municipais são instâncias de suma importância para a

efetiva participação popular, transparência dos recursos públicos, consolidação da

democracia; bem como: instrumento de priorização e alocação das verbas públicas no

atendimento às demandas sociais. O resultado da pesquisa apontou que há um grande

esforço dos atores envolvidos no processo para o alcance dos objetivos dos Conselhos.

Após a apreciação da documentação do referido órgão, relatos e entrevistas; conclui-se

que os conselhos estão num caminho natural de amadurecimento, se empenhando para

atuar de forma transparente, democrática e deliberativa, mas há muito que avançar para

que os Conselhos Gestores de Políticas Setoriais sejam efetivos e alcancem sua função

precípua de espaços democráticos, de forma à atender às demandas sociais, consolidar à

Gestão Participativa, atuando na formulação de políticas públicas, aprimorando o

controle social e consolidando a democracia.

Palavras-chave: Conselho Municipal de Assistência Social - Gestão Participativa-

Democracia.

1 - Introdução

No Brasil, a participação popular teve início na década de 70, com os

movimentos sociais, tais como os conselhos populares, em que participavam apenas

representantes do povo, e as comissões de fábrica (PILETTI,1996).

Os Conselhos que são órgãos responsáveis por estreitar a relação entre o

governo e a sociedade civil, são compostos na sua forma de representatividade por

diversos segmentos sociais, tem como finalidade: fiscalizar, deliberar, consultar,

normatizar e fazer proposições.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Com o amadurecimento da nossa sociedade, surgiu a necessidade da criação dos

referidos conselhos e de outros órgãos de controle para limitar os poderes dos

governantes e alocar de forma mais eficaz os recursos públicos.

De acordo com Piletti (1996,p.414 e 415):

A organização de uma sociedade democrática, na qual um número

crescente de brasileiros possa se integrar economicamente, trabalhando e

consumindo os bens que produz, e possa participar das decisões políticas

como cidadãos conscientes, deixando de ser objetos para se transformar em

sujeitos sociais, constitui sem dúvida o grande desafio do Brasil neste final

de século. A superação desse desafio é possível e poderá ocorrer se nos

empenharmos em realizar pelo menos três mudanças fundamentais: a

ampliação do conceito de democracia, a criação de condições para que os

brasileiros possam participar democraticamente da vida do país e a execução

de uma reforma do Estado de acordo com o interesse da maioria dos

brasileiros.

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o perfil dos conselheiros e sua

atuação no âmbito do Conselho Municipal de Assistência Social de um município,

localizado na região sul fluminense, do Estado do Rio de Janeiro.

A fim de relatar todo o procedimento identificado no local, pesquisou-se de forma

abrangente para que todos os tópicos inerentes ao conselho fossem explicitados, desse

modo, poderá se ter uma visão ampla de todo o procedimento do referido órgão no que

concerne a participação dos conselheiros na definição de políticas implementadas no

município e de modo amplo nas tomadas de decisões dos gestores públicos. Como por

exemplo: como são definidos os seus membros, como são formuladas as políticas

públicas, qual o grau de participação social, se há uma representatividade efetiva e

como se dá todo esse processo.

Diante do exposto, o objetivo geral da pesquisa é verificar a ação e o perfil dos

membros do Conselho Municipal de Assistência Social em seu âmbito.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Para atingir o objetivo geral do trabalho, serão perseguidos os seguintes objetivos

específicos:

Identificar através de análise documental a participação dos conselheiros na

gestão dos recursos públicos;

Identificar nos processos do Conselho a transparência;

Identificar nas ações do Conselho a democracia;

Identificar nas ações do Conselho a deliberação;

Identificar o perfil dos membros do Conselho.

2- Apresentação do Caso

2.1 Município de Mendes

O município de Mendes está localizado na região Sul- Fluminense do Estado do

Rio de Janeiro, estando a uma altitude de 446 metros. Sua população no Censo

Demográfico 2010 é de 22.881 habitantes. No passado possuía uma economia forte,

hoje sua economia baseia-se no turismo, no comércio e na gráfica Santa Cruz. Seu PIB

per capita é de R$ 8.112,73 (IBGE,2008).

A cidade possui diversos Conselhos: da Merenda Escolar, Conselho da Saúde,

Conselho da Criança e do Adolescente, Conselho municipal de Assistência Social,

Conselho do Meio Ambiente, Conselho dos Idosos, Conselho da Pessoa Portadora de

Deficiência. O Conselho Municipal de Assistência Social, foi escolhido para o

desenvolvimento da pesquisa, devido a facilidade de apurar dados, em decorrência de já

ter pertencido ao quadro de membros do referente Conselho. O espaço destinado às

reuniões do referido Conselho e dos demais foi cedido pela prefeitura que

disponibilizou no ano de 2014, uma sala para atender todos os Conselhos, onde todas as

reuniões são ministradas neste espaço e dispõe de um funcionário para prestar auxílio

aos membros dos conselhos. Para o presente estudo foi priorizado o Conselho

Municipal de Assistência Social, devido a facilidade de obter dados para a pesquisa, e

por já haver participado como membro do referido Conselho.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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3- Referencial Teórico

Os Conselhos de Direito ou Conselhos Gestores de Políticas Públicas Setoriais

são órgãos colegiados permanentes, paritários e deliberativos, com incumbência de

formulação, supervisão e avaliação das Políticas Públicas. Os Conselhos são criados por

lei, com âmbito Federal, Estadual e Municipal. É através dos Conselhos que a

comunidade (através de seus representantes) participa da gestão pública. São Conselhos

de constituição obrigatória para repasse de verbas federais, com atribuição de formular

ou de propor, supervisionar, avaliar, fiscalizar e controlar as Políticas Públicas, no seu

âmbito temático.

Os conselhos podem contribuir para a democratização da gestão pública, a

ampliação quantitativa e qualitativa da participação, a condução coletiva de políticas

sociais, a responsabilização de governantes (accountability), o controle social pró-ativo

e para o intercâmbio de informações entre população e poder local. Contudo, podem ser

transformados em órgãos cartoriais (que apenas referendam as decisões do executivo),

em mecanismos de legitimação do discurso governamental ou em estruturas formais

(sem reuniões frequentes, programas de trabalho, representatividade social, vigor

argumentativo, rotinas de capacitação e acesso aos poderes instituídos (GOHN,2001).

3.1 - Da formação dos conselhos

Os Conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e

Sociedade Civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja função é formular e controlar a

execução das políticas públicas societais. Os Conselhos são o principal canal de participação

popular encontrado nas três instâncias de governo (federal, estadual e municipal). ( CGU-

Portal da Transparência,2004).

Os conselhos devem ser compostos por um número par de conselheiros, sendo

que, para cada conselheiro representante do Estado, haverá um representante da

sociedade civil (exemplo: se um conselho tiver 14 conselheiros, sete serão

representantes do Estado e sete representarão a sociedade civil). Mas há exceções à

regra da paridade dos conselhos, tais como na saúde e segurança alimentar. Os

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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conselhos de saúde, por exemplo, são compostos por 25% de representantes de

entidades governamentais, 25% de entidades não-governamentais e 50% de usuários

dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). (CGU-Portal da

Transparência,2004).

3.2 Responsabilidades dos Conselhos:

Conselho Função Origem do

recurso

Destino do

Recurso

Conselho de

Alimentação

Escolar(CAE)

Atua no Controle,

acompanhamento, análise e

fiscalização do dinheiro da

merenda escolar

Parte da

verba vem do

governo

federal, outra

vem da

prefeitura

Merenda Escolar

Conselho

Municipal de

Saúde

Controla o dinheiro da saúde;

acompanha as verbas que

chegam pelo Sistema Único de

Saúde (SUS) e os repasses de

programas federais ; participa

da elaboração das metas para a

saúde; controla a execução das

ações na saúde

Repasses do

Sistema

Único de

Saúde (SUS)

e os repasses

de programas

federais ;

Promoção da

saúde

Conselho de

Controle Social

do Bolsa

Família

controla os recursos do

programa; verifica se as

famílias do Programa atendem

aos critérios para fazer parte;

verifica se o programa atende

com qualidade às famílias que

Governo

federal

Repasse de

verbas às famílias

de baixa renda

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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realmente precisam; contribui

para a manutenção do

Cadastro Único.

Conselho do

FUNDEB

acompanha e controla a

aplicação dos recursos, quanto

chegou e como está o seu

gasto. supervisiona

anualmente o Censo da

Educação; controla também a

aplicação dos recursos do

Programa Recomeço (

Educação de Jovens e Adultos)

e comunica ao FNDE a

ocorrência de irregularidades

Governo

federal

Repasse de

verbas para

valorização do

Ensino Básico

Conselho de

Assistência

Social

acompanha a chegada do

dinheiro e a aplicação da verba

para os programas de

assistência social. 0 Conselho

aprova o plano de assistência

social feito pela prefeitura.

Governo

federal

Os programas são

voltados para

atender às

necessidades

das crianças

(creches), idosos,

portadores de

deficiências

físicas

Fonte: CGU-Portal da Transparência

Elaborada pela autora- Ano2015

3.3 LEGISLAÇÃO MUNICIPAL SOBRE O CONSELHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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A lei Orgânica do Município, dispõe sobre os Conselhos Municipais nos seus

artigos 79 e 80.

A Mesa Diretora da Câmara Municipal, em 27 de setembro de 1993,

acrescenta o artigo 81, que dispõe sobre as Fundações e Associações mencionadas no

artigo 78, terão precedência na destinação de subvenções ou transferências à conta do

orçamento municipal ou de outros auxílios de qualquer natureza por parte do Poder

Público, ficando, quando os recebam, obrigadas à Prestação de contas.

A lei municipal nº956 de 10 de novembro de 2003 cria o Conselho Municipal

de Assistência Social e o Fundo Municipal de Assistência Social.

3.4 Participação Popular:

A participação popular na construção de uma "gestão democrática" foi

regulamentada pela Constituição Federal de 1988, que estabelece a introdução de vários

mecanismos que possam permitir o acesso dos "cidadãos" ao poder público

governamental e a participação nas decisões de interesse local, por representantes de

segmentos da sociedade, no intuito de exercer influência significativa na formulação e

implementação de Políticas Públicas locais, constituindo-se um elo entre a sociedade e o

poder público governamental.

Nesse sentido, a construção coletiva de decisões por meio do diálogo entre

indivíduos politicamente iguais representa a essência da democracia deliberativa, que

pode ser exercida em diferentes contextos – público, público não governamental e

privado – e níveis – nacional, regional e local.

Em todos os casos, estruturas e regras de interação e pactuação devem ser

concebidas. Além disso, desafios como a busca por consensos racionais, a pluralidade

de visões e interesses e a participação em larga escala colocam em evidência aspectos

como a argumentação pública (e não a simples votação), a simetria de forças entre

sociedade e Estado, a delegação de poderes (representação) e o potencial de replicação

desses arranjos institucionais.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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De acordo com Teixeira (1996):

Nas últimas duas décadas, principalmente em virtude do movimento

constituinte, novos meios de reconhecimento e promoção da vontade coletiva

foram formalizados. Destacam-se, entre estes, referendos, plebiscitos, ações

civis públicas, leis de iniciativa popular, audiências públicas, fóruns

temáticos, orçamentos participativos e conselhos gestores. Alguns, porém,

não comportam a deliberação pública. Outros destinam-se a fins precisos e

possuem vigência temporário.

3.5 Gestão Participativa:

A democracia direta é a forma mais antiga de participação nos processos

decisórios, surgiu na Grécia Antiga, onde os cidadãos se reuniam na Ágora, a praça do

mercado e, deliberavam sobre assuntos da cidade. Desse modo exerciam o poder sem

representantes. Com o passar dos anos, devido a fatores de extensão territorial,

densidade demográfica, complexidade dos problemas sociais, surgiu a democracia

indireta ou representativa.

O Estado Democrático de Direito, previsto positivamente no preâmbulo e no

artigo 1º da Constituição Federal de 1988, de forma que o anseio principal é a limitação

do poder através da participação do povo na organização do Estado, na formação e na

atuação do governo, expressando livremente sua vontade soberana (DALLARI, 2001).

Deste modo, conclui-se nas palavras de Silva (2005), que o Estado Democrático de

Direito brasileiro consiste na busca por uma sociedade livre, justa e solidária, em que o

poder emana do povo, e deve ser exercido em proveito desse, diretamente ou por

representantes eleitos (art.1º, parágrafo único, da CF); participativa, porque envolve a

participação do povo no processo decisório e na formação dos atos do governo;

pluralista, porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe assim, a

convivência entre opiniões divergentes na sociedade, sem causar conflitos (SILVA,

2005).

4- Metodologia

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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A presente pesquisa foi realizada para apontar o perfil dos conselheiros e sua

atuação presentes nos processos do Conselho Municipal de Assistência Social. Foi

desenvolvida uma pesquisa quantitativa e descritiva, por meio da aplicação de um

questionário, contendo 8 questões, para identificar a atuação dos conselheiros. Foram

seguidas as etapas de determinação do problema , pré-teste, elaboração, distribuição,

aplicação, tabulação dos dados , análise e interpretação dos dados.

O estudo foi desenvolvido na sala dos conselheiros. Um espaço pequeno, com

pouca infraestrutura, mas o espaço ideal para apurar todos os detalhes da pesquisa. O

instrumento utilizado na coleta de dados foi um questionário estruturado, com perguntas

fechadas, através da abordagem qualitativa, aplicado aos 12 membros do conselho.

Outros instrumentos foram utilizados na pesquisa, tais como: a observação, o relato de

conselheiros e a análise de documentos no âmbito do conselho. O período analisado

compreende o ano de 2013 à 2015.

Os conselheiros entrevistados tem o seguinte perfil:

Figura1-Gênero dos Conselheiros

Fonte: Questionário aplicado no COMAS

Dos 12 conselheiros pertencentes ao Conselho Municipal de Assistência Social 2 eram do sexo

masculino e 10 eram do sexo feminino.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Figura 2- Faixa etária dos Conselheiros

Fonte: Questionário aplicado no COMAS

Dos 12 Conselheiros, 4 possuem faixa etária entre 50 a 100 anos, 3 possuem entre 41 a 50

anos, 2 possuem entre 31 a 40 anos e 3 possuem entre 22 a 30 anos.

Figura 3-Renda familiar dos Conselheiros

Fonte: Questionário aplicado no COMAS

Dos entrevistados 4 ganham um salário mínimo, 5 ganham até 2 salários mínimos, 3 ganham

mais de 2 salários mínimos e nenhum ganha menos de 1 salário mínimo.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Figura 4- Grau de escolaridade dos Conselheiros

Fonte: Questionário aplicado no COMAS

Os que possuem Ensino Fundamental incompleto são 2, os possuem Ensino Fundamental

completo são 3, os que possuem Ensino Médio são 2, os que possuem Ensino superior

incompleto são 2 e os que possuem Ensino Superior Completo são 3.

5- Plano de Ação

Para identificar o perfil dos conselheiros e sua atuação e apontar as ações de

efetividade, presentes nos processos do Conselho Municipal de Assistência Social, foi

aplicado um questionário aos conselheiros. Ao iniciar a aplicação, todos os participantes

foram conscientizados sobre o motivo da aplicação do questionário, e foi reafirmado

que todas as informações contidas no documento seriam de sigilo absoluto. De antemão,

foi agradecida a participação de todos. Segue as questões e seus resultados:

1) Qual a percepção de vocês quanto à participação, se ela é espontânea ou

não? dos 12 conselheiros, 4 responderam que sim e o restante respondeu que

participa, para contribuir com a institucionalização do conselho. Percebe-se

que quase sua maioria responderam que tornaram-se integrantes dos

Conselhos para ajudar o município a receber verbas que são repassadas pelo

Governo do Estado ou Governo Federal.

2) Quanto à transparência nos processos, à promoção da democracia e à

deliberação. O conselho apresenta esses mecanismos? O conselho não

apresenta esses mecanismos? O conselho está caminhando para alcançar

esses objetivos? Dos 12 conselheiros, 3 responderam que apresenta, 3

responderam que não apresenta e 6 responderam que o conselho está

caminhando para alcançar esse objetivos.

3) Quanto a deliberação, você já contribuiu para algum processo decisório,

enquanto membro do conselho? 8 responderam que sim, 4 responderam que

não.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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4) Você já participou da aprovação de algum projeto deliberado no Conselho?

8 responderam que sim e 4 responderam não.

5) Com que frequência participa das reuniões do conselho? 6 responderam a

cada 15 dias , 2 responderam 1 vez por mês, 2 responderam a cada

bimestre e 2 não souberam responder a frequência exata.

6) Você tem experiência na participação de conselhos? 7 responderam que

sim, 5 responderam que não.

7) Você se sente preparado para os debates dentro do conselho? 7 responderam

que sim, 5 responderam que não.

8) Você considera as práticas no conselho democráticas? 8 responderam que

sim, 4 responderam que não.

Há época em que fui membro do Conselho Municipal de Assistência Social nas

reuniões das quais participei, presenciei práticas pouco participativas. Uma certa relação

de submissão por parte dos membros do Conselho, o que me fez pensar que tal fato

ocorreu por não terem capacitação prévia e esclarecimento sobre os assuntos em

debate. O que foi justificada pelos gestores, que por falta de tempo, não houve

capacitação prévia dos membros do Conselho.

Diante dos dados apontados no questionário, a falta de transparência,

participação e controle são observados apenas em alguns atos encaminhados ao

Conselho para apreciação e aprovação, pôde-se perceber que foram por questões

burocráticas que houve tal ocorrência, mas na maioria dos casos buscou-se cumprir os

objetivos dos Conselhos, discutindo sobre orçamentos, apresentando demandas sociais,

estreitando laços entre o Estado e a sociedade, acompanhando e controlando a alocação

dos recursos públicos.

A participação dos cidadãos nos Conselhos como membro integrante é um

problema recorrente. Através do relato de diversos conselheiros, muitos reclamaram da

falta de capacitação, da falta de autonomia dos Conselhos, dos problemas enfrentados

no local de trabalho, quando necessitam de afastar-se para participar das reuniões, da

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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falta de credibilidade dos políticos, entre outros fatores que influenciam na falta de

interesse em participar. Até o momento não foi apresentado nenhuma estratégia para

minimizar esses problemas, mas houve em alguns momentos promessas de viabilizar

melhoramentos nesses aspectos.

A conscientização da população através dos meios de comunicação, de

reuniões informando sobre a funcionalidade dos Conselhos, só se tornaria possível se

houvesse interesse por parte dos governantes em fortalecer essas instituições, de modo

a repassar verbas para os Conselhos, garantindo sua autonomia, e faz-se necessário

também a criação de parcerias com o governo, pois só através dessas ações

desenvolvidas no âmbito da sociedade e que se poderá despertar o interesse da

sociedade em participar e interagir nas proposições externadas nos diversos Conselhos,

contribuindo para a consolidação da democracia e viabilizando uma gestão

participativa.

Partindo do princípio que os Conselhos em sua maioria são pouco divulgados, e

isso acarreta dificuldade das pessoas participarem. Recomenda-se portanto, uma

divulgação mais efetiva, utilizando-se todas as mídias disponíveis, de forma maciça,

com a finalidade de conscientização da população, contribuindo para uma maior

diversidade dos participantes, haja visto que a maioria identificada na pesquisa foi do

sexo feminino, pessoas com mais de 50 anos, com renda de até 2 salários e Ensino

fundamental completo, necessita-se criar mecanismos de ampliação do conhecimento,

desenvolvendo assim uma cultura de participação. Os membros dos referidos conselhos

estão setorizados ( representantes do governo por segmento Educação, saúde,

assistência social, etc.), por isso eles tem pouca representatividade, na maioria das vezes

é muito difícil conseguir a participação das pessoas nesses Conselhos, as pessoas acham

trabalhoso, sentem-se perdidos por não acompanhar os assuntos debatidos e

apresentados para aprovação. Em função disso que há a necessidade de uma preparação

prévia dos membros dos Conselhos, antes da apresentação das pautas expostas nas

reuniões. Muitos conselheiros tem que ausentar-se do trabalho para comparecer às

reuniões, mesmo os Conselhos emitindo declaração de comparecimento, muitas vezes

se deparam com chefes que não gostam dessas ausências, há também os membros de

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Conselhos que não querem envolvimento devido as responsabilidades adquiridas ao

tornassem membros dos Conselhos. Devido à falta de tempo hábil para estudar e

inteirar-se previamente sobre os assuntos debatidos nos encontros, a capacitação dos

conselheiros torna-se um fator relevante para que os conselheiros sintam-se seguros e

confiantes em suas proposições e debates e isso requer disponibilidade de tempo para

preparar-se, a capacitação pode se desenvolver obtendo parcerias com o governo, que

disponibilizaria funcionários de diversas áreas temáticas, afim de oferecer seus

conhecimentos e diremir dúvidas dos membros dos Conselhos. Outro tópico importante

é oferecer algum tipo de vantagem pela participação, isso pode ser um incentivo para

angariar participantes. Esses são alguns dentre muitos fatores que inibem a participação

nos Conselhos.

Como alguns Conselhos são obrigatórios há toda uma conscientização e apelo

dentro dos setores para alcançar a quantidade de membros necessários para a formação

dos Conselhos. A sociedade em geral necessita de uma conscientização das formas de

representar-se e adquirir conhecimento sobre os mecanismos existentes para tal ação, os

Conselhos embora pouco divulgados são importantes meios de representatividade.

6- Conclusão

Dentre alguns problemas identificados no Conselho, pôde-se destacar a falta de

motivação dos conselheiros em participar, o que acaba limitando a participação e a

democracia que são os princípios básicos do Conselho.

O Conselho Municipal tem poucos membros motivados a participarem com a

finalidade de exercerem a sua cidadania plena, pois uma parte expressiva dos

integrantes que os compõem, o fazem para atenderem a legislação, que exige a

composição dos Conselhos nos municípios, para o repasse de verbas.

A sociedade revela-se sem vontade de envolver-se com aquilo que é público,

como no caso do Conselho, o que acarreta certa dificuldade de se conseguir membros

para a sua institucionalização.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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Seja por desconhecimento da funcionalidade dos Conselhos, falta de divulgação,

falta de credibilidade da classe política, falta de iniciativas que promovam uma cultura

de participação, entre outros fatores, que contribuem de forma negativa afastando o

cidadão daquilo que é público e tem coadunado para aumentar a falta de interesse da

sociedade na participação dos Conselhos.

Alguns conselhos por serem de caráter obrigatório acabam tendo que ter um

número de representantes da sociedade civil e do governo para se institucionalizarem,

dependendo desses fatores, para receberem verbas federais e de convênios.

Os atores envolvidos nesses processos acabam participando dos referidos

conselhos pela necessidade do Município receber verbas. Outro problema encontrado

foi a necessidade de aprimoramento do processo deliberativo, pois ainda é pouco

efetivo, devido a falta de capacitação e formação dos conselheiros.

Através da pesquisa foi identificado que o conselho está caminhando para

alcançar a finalidade precípua do Conselho que é a de promover uma gestão

participativa, estreitar relações entre estado e sociedade e ser promotor de debates e

decisões públicas.

Para que os Conselhos se transformem em espaços de atuação, debates,

proposições, deliberações, muito temos a avançar, aprimorando a divulgação e

ressaltando a importância dos conselhos no atendimento às demandas sociais, dando

especial relevância à importância da participação da comunidade, estreitando a relação

entre Estado e Sociedade, contribuindo para uma melhor alocação dos recursos

públicos, dando transparência aos atos públicos, implementando políticas públicas

oriundas dessas arenas decisórias, fortalecendo a participação e a representatividade,

construindo assim, uma sociedade mais justa , solidária e democrática.

A conscientização da população através dos meios de comunicação, de reuniões

informando sobre a funcionalidade dos conselhos poderá despertar o interesse da

sociedade em participar e interagir nas proposições externadas nos diversos conselhos,

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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contribuindo para a consolidação da democracia e viabilizando uma gestão

participativa.

Comparando resultados obtidos nos Conselhos em geral, o que mais mostrou

eficácia foram os Conselhos desenvolvidos dentro do âmbito escolar devido a

proximidade e interação entre gestor e comunidade escolar. Foram os que mais

demonstraram o desempenho esperado.

Os Conselhos Escolares, Conselho do PDDE e PDE se mostraram eficientes na

apresentação de propostas, deliberações, acompanhamento, destinação e controle dos

recursos. Isso nos leva a salientar o quanto é relevante a aproximação entre o Estado e o

cidadão. Esse mecanismo nos proporciona uma gestão eficiente e eficaz dos recursos

públicos.

7 - Referências

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Participação Política no Brasil, Disponível em www.aatr.org,br/ site/ revista

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BRASIL. Constituição,1988. Constituição da República Federativa do Brasil:

promulgada em 5 de outubro de 1988.

BRASIL.CGUhttp://www.portaltransparencia.gov.br/controleSocial/Conselhos

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DAGNINO, Evelina. Anos 90 Política e Sociedade no Brasil,São Paulo. Ed.

Brasiliense.1994

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado, 22ª ed. São

Paulo:Malheiros, 2005.

GOHN,Maria da Glória.Conselhos Gestores e Participação Sociopolítica.São

Paulo, Cortez, (coleção questões da nossa época,v.84), 2001.

GOHN,Maria da Glória.Participação Popular e Estado. São Paulo, Universidade de

São Paulo(tese de doutorado),1983.

MENDES,RJ. Lei Orgânica do Município de Mendes-RJ,05 de abril de 1990.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – RELATÓRIO TÉCNICO

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NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e

políticos da gestão democrática. São Paulo: Cortez, 2005.

PILETTI, Nelson. História do Brasil, editora Ática,1996.

TEIXEIRA, Elenaldo Celso, Movimentos Sociais e Conselhos. Cadernos ABONG,nº

07, julho de 1996.