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COMUNICADO
Assunto: Fusão dos Agrupamentos de Centros Saúde do Grande Porto IV - Maia e
Grande Porto III - Valongo
Considerando a recente discussão sobre a possível fusão do ACES Grande Porto IV Maia e do
ACES Grande Porto III – Valongo, as Concelhias da Maia e de Valongo do Partido Socialista
consideram não existirem condições, nem vantagens, para que venha a ser real a situação
vinda a público, podendo esta medida administrativa vir a criar sobressaltos que prejudiquem
gravemente a qualidade e os resultados do atual desempenho.
Assim, e considerando que:
1. Nos concelhos da Maia e de Valongo, a comparação dos últimos dois Censos, demonstra
uma evolução crescente da população residente, muito acima da média do Grande Porto, e
que atingia, em 2011, 228 802 mil habitantes. Nesta sequência a fusão dos ACES criará um
mega agrupamento, num território muito vasto, com uma dispersão geográfica absolutamente
inconsequente e com realidades muito distintas;
2. O Decreto-Lei n.º 28/2008 de 22 de fevereiro considera, no seu Artigo 4º, que a delimitação
da área dos ACES deve ter em conta fatores geodemográficos, nomeadamente, que o número
de pessoas residentes na área do ACES não deve, em regra, ser inferior a 50.000 nem
superior a 200.000;
3. Esta fusão contraria também os aspetos e os princípios a ter em conta para o
reagrupamento dos centros de saúde, apresentados pelo Grupo Técnico para o
Desenvolvimento dos Cuidados de Saúde Primários, que reforça a aplicabilidade do Decreto-
Lei referido e que aposta na descentralização das equipas multiprofissionais;
4. O número de utentes e a vasta área geográfica irão, certamente, colocar colossais e
insuperáveis problemas de gestão, das quais advirão dificuldades técnicas e funcionais que
irão certamente afetar a qualidade do serviço prestado às populações dos dois concelhos, não
assegurando a capacidade de acompanhamento e interação próxima e regular com as diversas
unidades funcionais;
5. As enormes assimetrias, nos modelos de gestão das unidades de saúde, que se verificam
entre os dois concelhos dará origem a dificuldades acrescidas de gestão, dificultando
igualmente o seu acompanhamento, com consequências para o apuramento dos níveis de
prestação de serviços;
6. A existência de diferentes modos de funcionamento dos Serviços de Atendimento de
Situações Urgentes (SASU), como consequência das diferentes organizações de cada ACES,
levará a maior confusão no acesso aos serviços de urgência;
7. A participação e a coresponsabilização dos cidadãos e da comunidade, pilar fundamental da
reforma dos cuidados de saúde primários, sairá prejudicada com esta fusão, uma vez que terá
impactos nas atuais dinâmicas de envolvimento e participação, designadamente nos concelhos
da comunidade e na atividade intersectorial que deve envolver, por exemplo, os municípios;
8. A criação deste mega ACES levará a um afastamento do nível de decisão, destruindo a
virtualidade da proximidade proposta e iniciada pela Reforma dos Cuidados Primários de
Saúde;
9. O valor monetário que poderá, em teoria, ser poupado é claramente anulado pelo
decréscimo de eficiência, resultado da criação de uma macroestrutura de tão complexa gestão.
Assim, as concelhias da Maia e Valongo do Partido Socialista não aceitam que se ponha como
hipótese esta medida de fusão dos dois Agrupamentos de Centros de Saúde sem qualquer
evidência de existirem vantagens reais, nomeadamente na melhoria do acesso, equidade,
qualidade assistencial, ganhos de eficiência, redução de desperdícios e ineficiências e na
satisfação dos doentes e profissionais.
Esta medida tem mais desvantagens que vantagens, não se encontrando razões económicas
significativas, de melhoria dos cuidados aos utentes e de um maior impacto na qualidade da
saúde dos Maiatos e Valonguenses e na população em geral.
As concelhias da Maia e de Valongo do Partido Socialista exigem que as autarquias
envolvidas tomem uma posição pública clara de defesa dos seus munícipes, fazendo
uso de todos os instrumentos legais possíveis para impedir a concretização desta fusão
que se trata de uma medida intencionalmente economicista que simplesmente ignora os
cidadãos.
01 de Outubro de 2012
Jorge F. Catarino José Manuel Ribeiro
Presidente da CPC Maia Presidente da CPC Valongo