UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
Comparação do crescimento através de Fusões e
Aquisições da Mittal e da Gerdau de 1999 até 2008.
Carolina da Silva Pereira
Matrícula: 104074840
E-mail: [email protected]
Orientador: Prof. Ronaldo Fiani
E-mail: [email protected]
SETEMBRO 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
Comparação do crescimento através de Fusões e
Aquisições da Mittal e da Gerdau de 1999 até 2008.
__________________________________
Carolina da Silva Pereira
Matrícula: 104074840
E-mail: [email protected]
Orientador: Prof. Ronaldo Fiani
E-mail: [email protected]
SETEMBRO 2011
As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade da autora
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo realizar uma comparação na trajetória de
crescimento de duas empresas siderúrgicas, a Arcelor Mittal e a Gerdau, ambas
originadas em países em desenvolvimento. Para tal análise, focou-se no crescimento de
ambas através de constantes fusões e aquisições, e quais foram as diferenças cruciais
para que uma empresa apresentasse um crescimento significativamente maior que outra.
5
SUMÁRIO
ABREVIAÇÕES .............................................................................................................. 6
INTRODUÇÂO ................................................................................................................ 7
1. Fusões e Aquisições ..................................................................................................... 9
1.1 Tipos: ............................................................................................................... 10
1.1.1 Vertical ........................................................................................................... 10
1.1.2 Horizontal ....................................................................................................... 12
1.1.3 Conglomerado ................................................................................................ 13
1.2 Internacionalização ............................................................................................... 15
1.3 Conclusão .............................................................................................................. 18
2. História do setor siderúrgico....................................................................................... 19
3. Uma Análise Comparativa das Empresas ................................................................... 27
3.1. Gerdau .................................................................................................................. 28
3.2. Arcelor Mittal ...................................................................................................... 29
3.3. Comparação ......................................................................................................... 31
3.3.1 Endividamento e Estruturas: Análise Comparativa ....................................... 35
3.3.2. Rentabilidades Comparadas .......................................................................... 39
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 43
ANEXO – TABELAS .................................................................................................... 47
6
ABREVIAÇÕES
F&A – fusões e aquisições
NICs – Newly industrialized countries
SEC - U.S. Securities and Exchange Commission
TCE - Transition Cost Economics
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
7
INTRODUÇÂO
A indústria siderúrgica, em países em desenvolvimento, com frequência foi
criada para atender as necessidades específicas de desenvolvimento percebidas por cada
governo. Por isso, sua internacionalização é recente, o que dificulta que sejam
encontrados estudos comparativos.
Com a reestruturação econômica dos países desenvolvidos e alguns em
desenvolvimento, a siderurgia, como indústria de base, tornou-se uma setor fundamental
ao crescimento voltado para a competição internacional, buscando tornar-se mais
competitiva para crescer. É preciso analisar diferentes perspectivas para avaliar como se
deu esse crescimento, e porque nem todas as empresas tiveram sucesso em trilhar tal
caminho.
Este trabalho tem como objetivo principal analisar comparativamente o
crescimento de duas empresas, a Mittal e a Gerdau, que tiveram pontos de partida
próximos, pois ambas originaram-se em países em desenvolvimento, e estudar porque
em 2008 a Mittal tornou-se a maior produtora de aço mundial (Tabela 1 do anexo),
enquanto a Gerdau assumiu a oitava posição no ranking, apresentando uma diferença de
produção de 82,9Mt (tal diferença não era tão expressiva antes da união da Arcelor com
a Mittal como é possível observar na Tabela 2 do anexo).
Para tal análise, focou-se no crescimento de ambas através de constantes fusões
e aquisições, e quais foram as diferenças cruciais para que uma empresa apresentasse
um crescimento significativamente maior que outra. Na análise, foi revista a história de
ambas as empresas e o seu desempenho como um todo, utilizando índices para
avaliação.
Os dados do trabalho foram obtidos através dos Formulários 20-F das duas
empresas, além de bibliografia específica sobre fusões e aquisições. Os 20-F são
relatórios anuais contendo todas as informações financeiras ou gerais da empresa,
exigidos pela U.S. Securities and Exchange Commission - SEC para que se tenha o
registro de ações e outros títulos e valores mobiliários de emissores estrangeiros
privados. A utilização de tais relatórios trouxe diversos benefícios, já que os mesmo
são padronizados e disponibilizados obrigatoriamente por empresas que tenham ações
na Bolsa americana, sendo os dados de fácil análise e comparação.
8
A primeira parte do trabalho apresenta o embasamento teórico necessário para o
entendimento do processo de fusões e aquisições das empresas, explicando porque tais
movimentos ocorrem e quais os resultados esperados, ou seja, se são benéficos ou não
para as empresas.
A segunda parte do trabalho traça um panorama histórico da indústria
siderúrgica, para que seja possível entender características comuns das empresas
analisadas.
A terceira e última parte do trabalho traça o panorama das duas empresas,
analisando as aquisições realizadas ao longo do tempo, além de explorar os riscos e a
efetiva comparação de estratégias e resultados obtidos, até o limite de 31 de dezembro
de 2008, ano que a Mittal atingiu o cume de produção mundial. São apontados os
processos de fusão e aquisição de ambas ao longo da trajetória de crescimento.
Conclui-se do trabalho que decisões de fusões e aquisições adotadas ao longo de
anos de desenvolvimento tiveram impactos diretos nos crescimentos das duas empresas,
destacando-se os pontos comuns e os pontos divergentes para tal.
9
1. Fusões e Aquisições
Existem diversos estudos que abordam fusões e aquisições (F&A). No entanto,
um número reduzido desses estudos aborda o setor siderúrgico. Quando o processo
ocorre em condições especiais, como em países em desenvolvimento, o número de
estudos fica ainda mais reduzido.
O objetivo do presente trabalho é analisar o desenvolvimento de duas empresas
que cresceram de formas parecidas e que têm em seus países de origem características
muito semelhantes. Grande parte deste crescimento se deu através de fusões e
aquisições. Portanto faz-se necessário discutir qual o princípio econômico que norteia
fusões e aquisições, como ocorrem e como devem ser analisadas em uma perspectiva
internacional.
O ponto de partida para o trabalho é a avaliação de redução dos custos de
transações que foram realizadas pelas duas firmas. Tal escolha foi baseada em Hitt et al
(2004) que afirma: “Our synthesis of the prior work suggests that the predominant
theoretical perspectives employed in research on entry mode choice have been TCE
[Transaction Costs Economics]” (p.346). Ou seja, a visão deste trabalho é voltada para
avaliação de custos de transação e economias obtidas nos processos de F&A.
Tal economia começa a ser pensada para realização de investimento, provocando
o crescimento da firma. O tema é discutido por Penrose (1959), que argumenta que o
crescimento da empresa pode ser por meio do uso de recursos internos ou por meio da
aquisição de ativos por outras empresas. Como destaca Kupfer (2002), a firma possui
duas alternativas para a diversificação dos processos: criação de uma unidade produtiva
completamente nova, que é chamada greenfield investiment, ou comprar plantas já
existentes que estejam sendo operadas por outra empresa, através de fusões ou
aquisições (F&A).
Sendo assim, a noção de fusão e aquisição está relacionada ao crescimento
externo da firma e, desta forma, pode gerar um aumento da capacidade produtiva na
empresa, como alternativa aos greenfield investments.
As F&As são formas de integração de duas ou mais empresas, sejam físicas,
financeiras ou apenas de canais de distribuição. De acordo com Gomes et al (2006), a
fusão é quando duas ou mais empresas passam a realizar suas operações conjuntamente;
10
enquanto que na aquisição, uma empresa adquire o controle de outra e disso resulta de
apenas uma empresa com duas ou mais plantas.
A literatura econômica apresenta diversos motivos para as fusões e aquisições
(F&As), dentre elas a velocidade do processo (é mais rápido aproveitar uma planta
existente do que construir uma nova), a possibilidade de economias de escala e escopo,
a obtenção de ativos estratégicos de forma mais rápida e a redução de ineficiências
gerenciais, todas apontadas por Poplawski (2002, p. 15-16)
1.1 Tipos:
1.1.1 Vertical
As fusões verticais são aquelas onde as empresas têm uma relação de cliente-
fornecedor. Ou seja, as empresas não estão na mesma linha de produção, mas estão
ligadas por fazer parte de uma mesma cadeia. O processo pode ocorrer à montante,
quando a empresa compra um de seus fornecedores, por exemplo; ou à jusante, quando
a empresa compra uma empresa que demande seu produto (POPLAWSKI, 2002, p.25).
Quando os ativos envolvidos não apresentam especificidade e as operações são
recorrentes, a empresa deve ser capaz de adquirir seus insumos no mercado, se
aproveitando do ganho de escala de seus fornecedores. No entanto, como explicado por
Fiani (2002, p. 280), a aquisição de ativos específicos em transações recorrentes pode
apresentar altos custos de transação.
Estes custos refletem o impacto da natureza humana e das incertezas nas
relações interfirmas, como colocado por Prochnik (2006):
“...a informação disponível é incompleta (por exemplo, o bem pode ter qualidades totalmente desconhecidas,como são a qualidade de um carro usado, o potencial de uma mina). Os agentes não conseguem captar toda a informação disponível e nem estimar as ocorrências futuras...”(p.4)
Isto porque a teoria dos custos de transação pressupõe que os agentes tenham
racionalidade limitada, isto é, dadas as complexidades e incertezas do mundo real, nem
todas as contingências podem ser antecipadas em tempo suficiente. Se a firma depende
do mercado para adquirir insumos essenciais e distribuir seus produtos, ela está sujeita a
uma série de choques e circunstâncias que possam surgir, impossibilitando a efetivação
da operação, conforme planejado anteriormente.
11
Pela integração vertical, as relações insumo-produto ocorreriam no ambiente
intrafirma, o que lhe traria uma flexibilidade indisponível no mercado, no caso de
contratos que têm de especificar ações VISCUSI et al a priori, além da redução de
comportamento oportunista. Tal comportamento foi explicado por Fiani (2002):
“Por oportunismo entende-se a transmissão de informação seletiva, distorcida e promessas “autodesacreditadas” (self-disbelieved) sobre o comportamento futuro do próprio agente...Como não se pode distinguir ex-ante a sinceridade dos agentes, há problemas na execução e renovação do contrato.” (p.270)
Segundo Prochnik (2006), não é preciso que todos os agentes tenham o mesmo
comportamento, basta que alguns o tenham para impactar diretamente o mercado.
Outros fatores avaliados na decisão de integrações verticais seriam as distorções
na escolha dos insumos (quando a empresa evita que o seu produto seja substituído
pelas empresas jusantes que o utilizam, podendo aumentar o preço de seu produto caso
tenha poder de mercado), a redução das informações assimétricas (os produtores a
jusante terão um incentivo para integrar-se verticalmente, de forma a melhorar a
qualidade de suas informações sobre o mercado de insumos) e a discriminação de
preços, todos apontados por Câmara (2007, p.32).
Como apontado por Poplawski (2002, p.27): “Um benefício adicional da
integração vertical, embora seja de caráter second best, é a eliminação de sucessivos
monopólios”, ou seja, se houver monopólios em etapas sucessivas da cadeia de
produção, várias margens são aplicadas uma sobre as outras, o que apresenta um
impacto grande no preço do produto final, reduzindo a demanda. Ao se integrarem em
uma única empresa, a nova empresa aplica uma única margem. Isso aumenta o seu lucro
e, ao mesmo tempo, aumenta a demanda.
Como uma firma verticalmente integrada claramente reduz seus custos de
transação, pode reduzir o valor do produto ao mercado, tornando a entrada de novos
competidores no mercado mais difícil. A integração vertical, ao diminuir estes custos de
transação, poderia gerar uma forma organizacional mais eficiente, mas isso só é
observado caso não haja dificuldades gerencias, como observado por Hitt et al (2004,
p.344).
12
1.1.2 Horizontal
As F&As horizontais são aquelas onde as empresas absorvidas agiam como
concorrentes, atuando em um mesmo setor. Podem ter como objetivo reduzir o número
de rivais, o que tem como conseqüência a redução da concorrência e o aumento de
market share da empresa compradora, ou se aproveitarem de economias de escala e
escopo.
Fusões, diferentemente de fixação de preços via cartelização, envolvem a
integração das instalações das firmas, aumentando a possibilidade de benefícios
econômicos advindos de tal operação. No entanto, é justamente no processo horizontal
que os efeitos negativos podem ser observados de forma mais clara, já que as empresas
atuantes podem passar a agir como um monopólio, dificultando a entrada de novos
competidores.
Essa modalidade de F&A se aproveita diretamente das economias de escala, que
resulta da diluição dos custos fixos, à medida que o volume da produção de um
determinado bem aumenta. Os custos médios de longo prazo declinam com a adição de
novas unidades até o volume máximo da capacidade instalada, como explicado por
Lootty e Szapiro (2002, p.54).
Uma das fontes de economia de escala neste caso é a redução do custo do
transporte, pois podem compartilhar os custos de armazenagem de insumos e produtos,
bem como sua distribuição, considerando a existência de mercados geograficamente
dispersos.
Se comparados com os greenfields investment, as F&A horizontais ainda têm o
benefício das economias de reinício (set up) (estão associadas à necessidade de reinício
e a regulagem de equipamentos usados para várias tarefas de acordo com Câmara
(2007). Há um custo em parar os equipamentos, e este custo pode ser evitado já que as
empresas têm linhas de produção parecidas. Tal benefício também pode ser aproveitado
em economias de aprendizado, que ocorre com maior facilidade em empresas que já
produzem o mesmo bem. Lootty e Szapiro (2002, p.60).
13
1.1.3 Conglomerado
As F&A que não se encaixam em nenhuma classificação acima são chamadas
conglomerados e como apresentado em Poplawski (apud VISCUSI et al, 2002), a
Federal Trade Comission – autoridade de defesa da concorrência nos Estados Unidos –
subdivide as fusões de conglomerados em três tipos:
• “A fusão de extensão de produto ocorre quando as firmas envolvidas na fusão não
vendem produtos que competem entre si, mas utilizam canais de mercado ou processos
de produção relacionados” (POPLAWSKI, 2002, p.14). Os benefícios obtidos podem
ser comparados a de uma integração vertical.
• “A fusão de extensão de mercado é a junção de duas firmas que vendem o mesmo
produto em mercados geográficos separados. Por exemplo, em países diferentes.”
(POPLAWSKI, 2002, p.14). No caso de ocorrência da fusão, não há risco de
monopólio, como na integração vertical, portanto, suas motivações são diferenciadas
das F&A horizontais.
• “A categoria pura de fusões de conglomerado entre companhias sem nenhuma
relação óbvia entre elas de qualquer tipo” (POPLAWSKI, 2002, p.14), apenas para
expandir a gama de produtos oferecidos. Normalmente é observado em empresas que
desejem diversificar em muito sua produção, por questões estratégicas.
Para tornar possível um conglomerado, é necessário que haja as seguintes
condições de acordo com Poplawski (2002, p.21-22):
a) Diversificação do Risco
Tal estratégia tem como objetivo reduzir as flutuações de demanda, pois a
atividade principal da firma pode apresentar certa sazonalidade. Para atingir tal objetivo,
a empresa desenvolve atividades que tenham ciclos diferentes, atuando em mercados
completamente diferentes.
Se a firma buscar esta estratégia de estabilização da renda, ela pode melhorar sua
avaliação perante os agentes econômicos e assim, reduzir seus custos de capital. Este
benefício pecuniário reduzirá seu custo de operação e diminuirá seus custos em todas as
indústrias em que ela opera. A sociedade também se beneficiará desta produção mais
eficiente.
14
b) Custos de Transação
O uso comum de know-how e ativos físicos indivisíveis e especializados também
favorece a diversificação, mesmo que não haja relação com o core bussines da empresa.
Isto ocorre quando há oportunidades de negócios lucrativos, e pode ser baseado na
motivação por riqueza dos administradores.
c) Construção de Império
A construção de impérios é um motivador dos grandes conglomerados. São as
firmas maiores que terão mais recursos para destinar a aquisições e também são as
menos ameaçadas pela possibilidade de takeover. Quanto maior o alvo de takeover,
maior é a necessidade de recursos e maiores os custos de transação causados pela
operação. Juntando-se à resistência natural de grandes firmas a tentativas de takeover
com o fato de que a lei antitruste dificultar a possibilidade de diversificação horizontal e
vertical, resulta num forte argumento para que as firmas cresçam através de
conglomerações.
Ainda em relação aos benefícios potenciais deste tipo de operação, as firmas
conglomeradas variam extensamente em sua estrutura interna de organização. Em
algumas, o pessoal central de gerenciamento pode estar razoavelmente ciente a respeito
dos problemas operacionais de cada divisão. Em outras, o topo do controle pode estar
direcionado apenas ao lucro de seus componentes, ou seja, realizar apenas o controle
financeiro e não o operacional. Por este motivo, é perigoso generalizar sobre as
propriedades de eficiência dos conglomerados. Uma má administração pode trazer mais
prejuízos que lucros a uma empresa em expansão sem relação de atividade.
Em relação aos efeitos anticompetitivos deste tipo de fusão, os conglomerados
têm sido apresentados como criadores de oportunidades para negociações recíprocas, ou
seja, relações de exclusividade de fornecedores. Há ainda a utilização de preços
predatórios, quando os preços são reduzidos intencionalmente para afetar a
concorrência, já que em grandes empresas, prejuízos temporários são aceitáveis,
evitando ainda a entrada de empresas potenciais (POPLAWSKI, 2002).
Ainda de acordo com Poplawski (2002, p. 23): “Competidor potencial é todo
aquele que pode rapidamente mudar sua produção de quantidades nulas para valores
positivos no mercado relevante da operação de fusão em questão.”, ou seja, é por
15
exemplo, a empresa que já produz um bem e pode expandir sua produção para um novo
mercado sem necessidade de aprendizado.
Isso poderia ser feito mesmo sem atuação direta no mercado, o que poderia
aumentar os custos de transação da empresa, optando por realizar importações a preços
que possam concorrer com produtos internos através de importações. Portanto, uma
alternativa simples para atuação em outros mercados seria a internacionalização,
assunto que será abordado na próxima seção.
1.2 Internacionalização
No caso de F&A entre empresas de um mesmo país, seus efeitos são mais
facilmente mensuráveis e muitas vezes seu principal motivador é a eliminação de
concorrência, ou aumento de market share. No entanto, com o processo de
internacionalização econômica, as F&A romperam os limites domésticos, acontecendo
com empresas de países diferentes, o que caracteriza uma entrada em um novo mercado
como colocado por Hitt et al (2004):
“The dynamics of cross-border M&As are largely similar to those of domestic M&As. However, due to their international nature, they also involve unique challenges, as countries have different economic, institutional (i.e., regulatory), and cultural structures.”(p.309)
Tal estratégia só foi possível graças à internacionalização econômica (processo
de globalização comercial e financeira), ocorrida principalmente na década de 1990. Em
um mundo mais internacionalmente integrado, emergiu a idéia de que a
internacionalização da produção passaria a ser considerada uma estratégia-chave de
sobrevivência externa e interna para as empresas. Deste modo, a década de 1990 foi
marcada por uma intensificação dos movimentos de centralização e internacionalização
de capital, em vários setores industriais. (LOURENÇO, 2006, p.22).
Hitt et al (2004) afirmam que F&A foram usadas para acessar novos e lucrativos
mercados, ou ainda para expandir a firma para outros mercados. Eles ainda afirmam que
o processo de aquisição nacional tem características muito parecidas com a de cross
border M&A.
No entanto, duas diferenças básicas colocam o cross border como mais
complicado, pois envolvem outras variáveis: a alternância de ambiente institucional e
16
divergências culturais entre países. As diferenças podem ser mais claramente apontadas
no texto a seguir:
In general, differences in the institutional environments may be based on different regulations, accounting standards, value systems, etc. Differences in the national cultures largely imply different individual values, risk propensity, acceptance of uncertainty, etc., while differences in corporate cultures suggest different organizational routines, managerial practices and styles, communication systems, etc. (p.325)
Lourenço (2006, p. 22) define o processo de internacionalização como a maneira
pela qual uma firma irá se mover além de suas fronteiras nacionais originais, o que pode
ser explicado pelo nível de comprometimento da empresa com o mercado estrangeiro, e
pelas decisões da empresa com relação a este mercado, as quais abarcam não somente
aquelas relacionadas à produção e comercialização, mas também as de investimentos
em P&D. Tal aprofundamento refletiria o impacto nas economias e o bem-estar gerado.
No entanto, como o objetivo é avaliar o impacto no crescimento da produção das
firmas que realizam os investimentos diretos estrangeiros (IDE) cabe explorar quais
fatores foram levados em consideração pelas firmas, começando pelo tipo de
investimento.
O investimento estrangeiro direto (IED) pode ocorrer de duas formas: por meio
da instalação de uma nova subsidiária no país hóspede, chamado também de greenfield
investment, ou através da F&A de uma firma já existente no país hóspede.
Hitt et al (2004) explicam que os greenfield investments envolvem o
estabelecimento de subsidiárias em um novo mercado geográfico. Assim, os
controladores da nova unidade fornecem condições melhores de gestão dos recursos
internos e do conhecimento, mas também apresentam custos mais elevados. Custos que
envolvem tanto o estabelecimento de uma nova unidade produtiva quanto de construção
de uma rede de relacionamento com novos fornecedores, distribuidores e unidades
governamentais para operação eficiente no novo ambiente. Além disso, o tempo
demandado para tal tipo de investimento também é maior.
Em uma F&A internacional (cross-border), os ativos e operações de duas firmas
pertencentes a dois diferentes países são combinados, estabelecendo uma nova empresa.
Numa aquisição internacional, o controle dos ativos e operações é transferido de uma
companhia local para uma estrangeira e a primeira torna-se uma filial da segunda. Estas
17
aquisições podem ser minoritárias (posse da firma estrangeira de 10% a 50% da
empresa doméstica), majoritárias (posse de 50% a 99% da firma doméstica pela firma
internacional) ou totais (posse de 100% da firma doméstica pela firma internacional).
Um dos grandes incentivos para realização do F&A, além daqueles discutidos
anteriormente, é a possibilidade de reestruturação das operações existentes nacional ou
globalmente para explorar economias de escala e de escopo e obter vantagens
estratégicas em um curto espaço de tempo.
Além disso, como pesquisado e concluído por Hitt et al (2004), o nível da
indústria e do país de destino quanto à perspectiva de crescimento do mercado,
diferenças culturais entre a empresa entrante e a empresa de destino e incerteza quanto à
receptividade no novo mercado incentivam a preferência por F&A.
Se o setor em que a F&A ocorre é dinâmico e robusto no país hóspede do IDE, o
resultado tende a ser superior. Como colocado por Hitt et al (2004):
“In pursuing cross-border M&As, firms consider various conditions, including country-, industry-, and firm-level factors, which relate both to the acquiring and to the target firm. At national and industry levels, factors such as capital, labor, and natural resource endowments, in addition to institutional variables such as the legal, political, and cultural environment, are highly significant.” (p.310)
UNCTAD (2000) aponta alguns fatores que serão determinantes para a correta
avaliação dos transbordamentos do IED (spillovers): se esta operação visa à estratégia
de busca por mercado (market-seeking), busca por eficiência (efficiency-seeking), ou
busca por recursos naturais (natural-resource-seeking). Levando em consideração os
pontos relevantes obtidos através do UNCTAD (2000) na comparação entre as possíveis
formas de IED, cabe destacar:
a) Tecnologia
A velocidade com que as alterações serão realizadas depende da necessidade da
firma adquirida de transferir conteúdo num dado contexto de dotação local de fatores,
condições de mercado e orientação das filiais. No entanto, no processo de F&A, o
capital humano pode ser mais bem aproveitado, incluindo o know how dos empregados
se o staff for mantido.
b) Competitividade internacional
18
As F&A podem ser importantes em países onde as empresas estão começando a
se internacionalizar, como no caso de substituição de importações, onde é necessário
levar em consideração ao realizar o investimento o custo de uma reestruturação da
firma.
Há ainda mais dois pontos apontados por Hitt et al (2004):
f) Tempo
Se o investidor tem pouco tempo para realizar a entrada em um novo mercado, a
única alternativa aceitável seria a F&A com uma firma. Entradas através de novas
unidades produtivas requerem uma abordagem mais lenta e moderada. Como colocado
em seu texto: “if the target market has a high growth rate, the choice of an acquisition
allows the investor to penetrate it more quickly” (Hitt et al, 2004, p. 321).
g) Cultura
Alguns autores acreditam que quanto maior a diferença cultural, mais difícil será
realizar uma aquisição, dados os custos para adequação da mão de obra à forma de
gerenciamento. No entanto, outros autores acreditam que grandes diferenças culturais
são superadas justamente pelas aquisições, já que aumentam a legitimidade no mercado
entrante. Além disso, ‘‘companies without significant foreign experience may find it
necessary to buy existing firms for the purpose of acquiring the capability of dealing
with the local environment’’(Hitt et al, 2004, p. 322).
1.3 Conclusão
De acordo com a Teoria de Custos de Transação, as empresas buscam redução
de custos para realização de investimento. E como meio de crescimento, a firma pode
optar por investir em uma nova planta ou expandir se unindo ou comprando outra firma.
A velocidade de expansão a velocidade de adaptação cultural no caso de uma F&A são
pontos que podem ter contribuído para tal escolha.
Resumidamente, existem três tipos de processo: o vertical, o horizontal e o
conglomerado. O primeiro liga empresas de uma mesma cadeia de produção e ocorre
porque as incertezas advindas da racionalidade limitada quanto aos contratos no
mercado tornam mais barato para a empresa produzir internamente, do que adquirir o
19
produto no mercado. Pode haver ainda outras motivações, como a discriminação de
preços e a escolha dos insumos.
Já nas F&A horizontais, as empresas que passam a trabalhar juntas já atuavam
em um mesmo mercado como concorrentes, aproveitando assim ganhos de escala e
market share. Há ainda vantagens em relação a construção de uma nova planta, pela
velocidade de manutenção das operações.
Os conglomerados, ao contrário das formas anteriores de F&A, reúnem firmas
que não atuam no mesmo ramo de atividades ou setores correlacionados, mas que
podem aproveitar os canais de distribuição ou mesmo contribuir para a redução de risco
da atividade principal da empresa.
Qualquer um dos tipos de F&A pode ocorrer também internacionalmente, como
foi observado em diversos setores e nas duas empresas estudadas. Ao expandir-se
internacionalmente, algumas vantagens adicionais ao processo podem ser apontadas,
como a redução de risco de monopólio em F&A horizontais, melhor aproveitamento de
cadeias internacionais de distribuição e atividade; mas também são observadas
dificuldades como a dificuldade de adaptação cultural e ambientação institucional.
Ainda assim, tal estratégia pode ter sido crucial para o crescimento e
sobrevivência de ambas a empresas analisadas. Por isso, o próximo capítulo mostra a
análise histórica de ambas as empresas para verificar como tais processos influenciaram
em seus crescimentos.
2. História do setor siderúrgico
Inicialmente, é preciso conhecer a indústria e como o setor alcançou o atual
nível de desenvolvimento, assim como sua organização industrial, para
compreendermos o contexto do desenvolvimento das empresas estudadas.
Por isso, neste capítulo será abordada a história do setor siderúrgico em geral. O
trabalho não se propõe a descrever detalhadamente toda a trajetória da indústria
siderúrgica, mas fornecer um contexto para a análise do desenvolvimento de duas
empresas com sede em países emergentes, considerando o desenvolvimento geral do
setor.
20
Os primeiros anos do aço
Embora o aço seja um produto conhecido desde a Antigüidade, sua produção
sistemática e seu amplo uso industrial iniciaram-se somente no final do Século XIX.
Considerado um produto-chave da Segunda Revolução Industrial de acordo com
Morandi (1997), o aço abriu novas possibilidades para os processos produtivos,
permitindo criar e consolidar novos produtos e mercados e contribuindo para aumentar a
produtividade do trabalho através do aperfeiçoamento das máquinas.
Tornou possível, ainda, a produção em larga escala em muitos setores
industriais, com a conseqüente concentração industrial, além de encurtar as distâncias
entre os espaços geográficos e, por extensão, dos mercados, por meio de melhorias nas
modalidades de transporte, sobretudo ferroviário e naval.
A Siderurgia é reconhecida como uma indústria intensiva em capital e recursos
naturais, como minério de ferro, carvão e também de insumos processados como a
sucata e a energia elétrica. No início de sua evolução, diversos países consideraram
imprescindível a implantação de uma indústria siderúrgica nacional que viesse a servir
de base e suporte para a construção de seu próprio parque industrial e,
consequentemente, torná-la uma robusta ferramenta para o desenvolvimento econômico
interno, de acordo com Holmo e Moura Neto (2010). Por essa razão, a indústria
siderúrgica tornou-se uma indústria presente entre as mais variadas nações ao redor do
mundo.
Ainda de acordo com Morandi (1997), o aço está presente em muitos setores da
atividade econômica, tanto que alguns indicadores da indústria siderúrgica, tais como o
consumo per capita de aço ou a intensidade do consumo em relação ao produto interno
são utilizados para indicar o nível de desenvolvimento industrial de um país.
Tal comportamento foi facilmente observável no período do final da Segunda
Guerra Mundial até o início dos anos 1970, que foi considerada a “era do aço” (PINHO,
2001, p.88), com um grande dinamismo na indústria siderúrgica. Esta seria a primeira
fase identificada por Morandi (2007) no pós-guerra, já que foi necessária a reconstrução
da capacidade produtiva e da infra-estrutura econômica dos países europeus e do Japão,
além do crescimento da demanda dos setores-líderes do crescimento industrial desse
período (metal-mecânica, automobilística e bens de consumo duráveis).
21
Desenvolvimento a partir de 1974
Já a segunda fase, iniciada no ano de 1974, se caracterizou pela estabilidade da
produção siderúrgica mundial, apresentando pequenas oscilações anuais e nenhum
crescimento expressivo. O ano de 1973, como apontado por Pinho (2001), foi o último
da década a apresentar uma expansão de 10,5% da produção mundial de aço bruto. A
demanda, em escala global, jamais voltaria a sustentar um ímpeto vigoroso por períodos
longos e, assim, o crescimento médio anual da produção refletiu no período 1973-97
para 0,6%, chegando a atingir meros 0,2% entre os dois últimos picos da série, em 1989
e 1997 (PINHO, 2001).
De acordo com Morandi (1997), outras características importantes ajudam a
distinguir essas duas fases. Além das mudanças relacionadas com o comportamento da
demanda, o setor passou por uma profunda reestruturação sob múltiplos aspectos:
modificações nos fluxos e na intensidade do comércio internacional, alterações na
distribuição geográfica da produção mundial, inovações tecnológicas em processos e em
produtos, bem como mudanças na condução das políticas econômicas para o setor.
Entretanto, o quadro de estagnação da demanda global simplesmente não
espelha a evolução que ocorria nos países em desenvolvimento, nos quais o consumo
continuou a crescer durante os anos 1970 a uma taxa anual de 8,8% (0,9% no resto do
mundo) (PINHO, 2001, p.90). A produção de aço do conjunto desses países aumentou
de 26 Mt, em 1970, para 51 Mt, em 1980, atingindo 91 Mt, em 1990, correspondentes a
11,8% da produção mundial (MORANDI, 1998, p.15).
Ainda de acordo com Modandi (1998, p.15): “A evolução dessa capacidade
produtiva foi decorrência de uma política deliberada dos seus respectivos governos para
substituir importações, sobretudo de bens intermediários.” De virtuais importadores, os
países em desenvolvimento passaram a ofertar aço no mercado mundial, uma vez que os
investimentos realizados geraram capacidade produtiva acima da capacidade de
consumo interno, acumulando vantagens competitivas com as novas plantas e/ou
ampliação em usinas já existentes, pois foi possível incorporar as tecnologias mais
avançadas disponíveis no momento das decisões desses investimentos. (MORANDI,
1998)
Outras alterações a partir de 1979 até a estagnação em 1990
22
No período de 1979-89, a siderurgia mundial deixou de encontrar nas economias
do Leste Europeu uma compensação para a evolução negativa da procura nas economias
capitalistas desenvolvidas. A partir daí, uma fase de maturação e estagnação na indústria
siderúrgica mundial instaurou-se definitivamente, provocada pela desaceleração do
ritmo de crescimento econômico mundial.
O quadro nos países do Leste Europeu também foi de estagnação, com o
modesto aumento na URSS sendo quase que completamente anulado pelo decréscimo,
também pequeno, do restante da Europa Oriental. Também nos NICs (sigla em inglês
para Países Recentemente Industrializados – Newly industrialized countries e que inclui
China, Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Coréia do Sul, Taiwan, Formosa, Cingapura,
HongKong, Brasil e África do Sul) ocorreu desaceleração do crescimento, mas pelo
menos nos casos da Coréia do Sul, Taiwan e China a evolução foi positiva, da mesma
forma que nos NICs europeus (Turquia). O aumento da demanda nestas economias foi,
aliás, o maior responsável pelo crescimento de 1% ao ano no consumo do conjunto de
países que viriam a compor a União Européia (PINHO, 2001, p.96).
Ainda ocorreram efeitos adversos da crise da dívida sobre as economias latino-
americanas e africanas, se traduzindo em forte redução nas taxas de crescimento da
demanda por aço no conjunto das economias em desenvolvimento. De acordo com
Holmo e Moura (2010), isso ocorreu em função principalmente do excesso de oferta, da
retração da demanda mundial ocorrida até meados dos anos 1990 devido às crises
econômicas em países emergentes, dos dois choques do petróleo e da fragmentação da
antiga União Soviética
A retração da demanda, como apontado por Pinho (2001), deveu-se também à
diminuição do ritmo de construção de infra-estrutura. Em 1990, boa parte das malhas de
infra-estrutura física dos países produtores de aço podia ser considerada como quase
“completa”, isto é, encontravam-se atendidas as demandas por investimentos em
construção de residências, edificações de uso social e redes de transporte e saneamento
básico.
É possível apontar diversos fatores estruturais que contribuíram para a
estagnação completa da demanda entre 1979 e 1989. Tanto Pinho (2001) como
Lourenço (2006) apontam os fatores examinados a seguir:
a) Mudanças no perfil da demanda final em favor de produtos pouco intensivos em
aço
23
Ocorreu uma mudança no perfil de demanda de países de renda per capita mais
elevada, com decréscimo relativo da participação de bens industrializados de fabricação
fortemente dependente do aço – como automóveis e outros bens de consumo duráveis.
Tais mudanças ocorreram por conta de inovações tecnológicas (novas ligas de
aço) que resultam na introdução de novos produtos e alterações da estrutura de
preferências dos consumidores (PINHO, 2001, p.97).
b) Substituição de matéria-prima:
Houve uma substituição por materiais alternativos, como plásticos, cerâmica e
alumínio, nas indústrias automobilísticas e de embalagens, o que causou a queda na
demanda de produtos intermediários, como o aço. A tendência de modificar padrões de
design industrial, de maneira a alcançar um uso mais eficiente de materiais em geral, foi
outro contribuinte para esse quadro (OLIVEIRA, 2001 apud LOURENÇO, 2006, p.15).
c) Diminuição dos requisitos de aço nos processos de produção metal-mecânicos
A redução da quantidade de aço na produção de ligas metálicas foi destacada
apenas por Pinho (2001), que afirma que:
“Mesmo que não houvesse ocorrido qualquer tendência de substituição de aço por outros materiais, a quantidade de aço utilizada em muitos produtos teria diminuído no período analisado, Essa redução de uso sem substituição está associada a dois conjuntos distintos de fatores. De um lado aumentou a eficiência do uso do aço – e de matérias em geral – nas indústrias consumidoras e, de outro, foram introduzidas e/ou difundidas variedades de aço que atendem aos critérios de com menor quantidade do material.” (p.106).
Desta forma, as limitações advindas desta estagnação acabaram por restringir a
capacidade de diluição dos custos fixos, por meio do incremento da produção, e
representaram um fator de estímulo dos mecanismos alternativos de redução de custos.
Além disso, o setor siderúrgico é caracterizado por preços cíclicos, como
demonstrado no estudo de Prates (2007, p.17), pois é sensível a retrações de demanda e
alterações de preço no mercado mundial. Mas, no longo prazo, verifica-se uma
tendência de queda dos preços reais (GOMES, 2006, p.4), pelas razões já apontadas
acima, já que novas ligas metálicas são desenvolvidas pela indústria, levando a redução
do uso do aço. A conseqüência é uma forte pressão sobre as empresas siderúrgicas para
que as mesmas reduzam seus custos.
Entre 1980 e 1990, houve um ligeiro aumento no consumo mundial de aço que
se deveu integralmente á expansão da demanda nos países em desenvolvimento, mais
24
especificamente naqueles do continente asiático, cuja elevação do consumo
correspondeu a 134,5% da variação em todo o mundo. (PINHO, 2001, p. 90)
A década de 1990
Na década de 1990, os países em desenvolvimento, agora escudados também na
recuperação da América Latina, mantiveram-se como principal esteio da demanda
mundial de produtos siderúrgicos. Isso pode ser atestado pelos dados de variação de
124Mt nos países em desenvolvimento, muito maior que o incremento de 20,3Mt dos
integrantes do G-7 (PINHO, 2001, p.95).
Pinho (2001) coloca, no entanto, um ponto muito importante para recuperação
do setor no período apresentado: o crescimento não poderia ser explicado somente pelo
crescimento de demanda dos países, mas também por fatores estruturais específicos, tais
como o esgotamento do processo de substituição de materiais, o desenvolvimento de
novos materiais pela indústria siderúrgica que teriam maior aplicabilidade, a ampliação
da utilização do aço na construção civil, incluindo construções residências e o aumento
do tamanho dos automóveis (movimento contrário ao ocorrido em 1970 e 1980).
Na China, Coréia do Sul e Brasil, o incremento do consumo acelerou-se em
relação ao período anterior de acordo com Pinho (2001) e, embora isso não tenha
ocorrido em Taiwan, neste país o crescimento prosseguiu a uma taxa bastante elevada:
7,5% ao ano. Nos países em desenvolvimento como um todo, a demanda cresceu a taxas
anuais superiores a 6% no período 1989-97.
Apesar da recuperação nos países desenvolvidos e do forte crescimento nos
países em desenvolvimento, houve nesse período retração da demanda em escala global.
A profunda crise que os países do Leste Europeu atravessaram na transição para
economias de mercado é inequivocamente a responsável por esse resultado. Entre 1989
e 1997, essa crise suprimiu do mercado uma demanda por 117,5Mt de laminados de
aço, o que corresponde a uma queda de 74% no consumo desses países. (PINHO, 2001,
p.90)
A diminuição da demanda foi de nada menos que 80% na ex-URSS, mas
também foi muito severa nos demais países da Europa Oriental, cortando pela metade os
valores iniciais. Além da intensidade da depressão, outra diferença entre o Leste
Europeu e a ex-URSS é a duração do período de retração da demanda. Impulsionado
pelo desempenho daqueles países que mais rapidamente conseguiram estabelecer laços
25
com a fronteiriça economia capitalista européia - como a Hungria, etc.-, um movimento
de recuperação na demanda começou a ser observado na maior parte da Europa Oriental
a partir de 1993. Na ex-URSS, todavia, o consumo de aço prosseguiu caindo até pelo
menos 1999. (PINHO, 2001, p.92).
Por conta disso, o setor passou por uma reestruturação, conforme é apontado por
Lourenço (2006), apresentando uma redução do número de empresas. De acordo com
Gomes (2006), mesmo existindo esse esgotamento das possibilidades de reestruturação
produtiva no âmbito de uma usina, a estratégia empresarial é a promoção de uma maior
especialização produtiva entre usinas, o que é facilitado pelas F&A.
Considerando também as influências da globalização, o movimento mundial de
reestruturação do setor siderúrgico foi caracterizado notadamente pelos mecanismos
apontados por Holmo e Moura (2010, p.179 apud BNDES, 1998):
• concentração: fusões, incorporações e fechamentos de unidades;
• maiores escalas de produção;
• especialização, principalmente nos produtos especiais;
• ênfase à questão do meio ambiente;
• continuidade dos processos de privatização;
• desenvolvimento tecnológico de produto e de processo;
• tendência à maior produção de aços especiais e maior ênfase à questão da qualidade;
• novos modelos de administração;
• internacionalização das empresas;
• deslocamento de parte da produção e do consumo de aço dos países desenvolvidos
para os países em desenvolvimento;
• expansão considerável da siderurgia no sudeste asiático;
• formação de grandes blocos regionais; e
• desenvolvimento das mini-mills1.
A partir do processo de forte crescimento da demanda siderúrgica na China, o
ritmo de fusões e aquisições, iniciado em 1998, estabelece uma nova fase de
crescimento no ciclo de vida da indústria, tornando a consolidação do setor uma
realidade no início do século XXI. Isto se dá principalmente com a intenção de
1 Tipo de planta produtiva que opera duas fases de produção de aço: refino e laminação. São chamadas
também de semi-integradas.
26
racionalizar a produção à demanda decorrente do aumento dos preços do aço em nível
mundial a partir de 2002, causados principalmente pelos ganhos de especialização.
Dentro deste contexto, o preço do aço ficou bastante favorável às siderúrgicas, o
que contribui para o aumento das margens e da lucratividade. Em relação ao mercado
internacional, pode-se dizer que houve um grande crescimento no comércio dos
produtos siderúrgicos na década de 1990.
Com a reestruturação ocorrendo, o estudo de Lourenço (2006, p.28 apud NEIT,
2005) aponta que o surgimento de atores globais neste setor é um processo originado
durante a década de 1990. Até o início daquela década, os maiores grupos mundiais –
Nippon Steel e Posco – produziam em média 25 milhões de tons./ano. Após o processo
de concentração e intensificação da internacionalização produtiva, em 2004, houve a
fusão da Ispat International, International Steel e LNM Holdings, que originou a maior
fabricante de aço do mundo, o grande grupo mundial, Mittal Steel, que produziu, em
2004, aproximadamente 59Mt/ano, seguido da Arcelor, com aproximadamente 47
milhões de tons./ano. (NEIT, 2005), representando 6,1% e 4,9% da produção mundial
respectivamente (produção total de 962MT).
No período de 1990-95, o mercado mundial de aços especiais cresceu mais
intensamente que o de aços comuns, com o desempenho favorável sendo reproduzido
em quase todas as categorias de aços ligados, de acordo com Pinho (2001, p.120). Além
desse maior dinamismo, o mercado dos aços especiais caracteriza-se pela superioridade
em termos de valor agregado e grau de sofisticação tecnológica. Trata-se, porém, de um
mercado mais restrito, já que exige investimento em plantas mais especializadas e
Pesquisa e Desenvolvimento. Empregando estimativas de preços e volumes, compilada
por Pinho (2001), pode-se inferir que as 57Mt de aços especiais consumidas
mundialmente em 1995 correspondiam a uma cifra em torno de US$50 bilhões, menos
de um quinto do valor das vendas de aço laminado em geral.
Desenvolvimento a partir de 2003
O setor passou por outra mudança, principalmente a partir de 2003, quando o
mercado chinês transformou a siderurgia ao elevar a demanda pelo produto. De acordo
com os Formulários 20-F de 2003 a 2008 de grandes empresas do setor, uma forte
expansão da economia do Sudeste Asiático, principalmente através do aumento
expressivo das importações da China, contribuiu para a maior comercialização do
27
produto. Este aumento de demanda estimulou ainda mais o crescimento do setor através
de F&A.
Em 2003 ocorreu a fusão da estatal chinesa Baosteel com a privada Baoshan
Iron Steel, criando uma única empresa listada em bolsa e se tornando a siderúrgica com
maior valor de mercado do mundo. A Baosteel comanda um décimo do mercado na
China (Valor Econômico, 11 de agosto de 2004, versão online).
Em agosto de 2005, o grupo Techint anunciou a criação da Ternium, formada
pela união da argentina Siderar, da venezuelana Sidor e da mexicana Hylsamex,
companhia voltada à produção de aços planos e longos. A nova empresa tem sede legal
em Luxemburgo, mesmo domicílio legal da Tenaris, que fabrica tubos de aço sem
costura e é uma das empresas controladas pelo grupo (Valor Econômico, 23 de agosto
de 2005).
Em junho de 2006, depois de seis meses de negociação, a líder mundial do setor
siderúrgico, a indiana Mittal Steel, assumiu o controle da européia Arcelor, por 27
bilhões de euros, criando uma gigante na produção de aço, que se propunha a ser três
vezes maior que suas concorrentes imediatas (Gazeta Online, 26 de junho de 2006). A
Mittal Steel anunciou que suas negociações envolveram 92% das ações da Arcelor, o
que deu origem a um conglomerado (Arcelor-Mittal) capaz de produzir mais de 120
milhões de toneladas de aço por ano. Houve a troca de mais de 665 milhões de ações da
Mittal, além de um investimento de 7,7 bilhões de euros para concluir a operação (Valor
Econômico, 27 de julho de 2006).
Até 2008, data limite para estudo neste trabalho, a produção de aço mundial
apresentou crescimento, principalmente na China. O crescimento da indústria no país
pode ser apontado como motivo para redução de 2008, já que as taxas de importação se
tornam cada vez menores. No entanto, a maior empresa no setor continua sendo a
Arcelor Mittal em 2010, seguida da Baosteel. A Gerdau perdeu posições, ficando em
décimo no ranking dos maiores produtores (WORLDSTEEL, 2010).
3. Uma Análise Comparativa das Empresas
Nesta parte do trabalho, será realizada a análise dos F&A de cada uma das
empresas e quais foram as características principais para decisão de cada expansão. Ao
término, será realizada a comparação do processo de expansão e ambas.
28
3.1. Gerdau
De acordo com o Formulário 20-F (2007, p.12), a empresa iniciou suas
atividades em 1901 como uma fábrica de pregos controlada pela família Gerdau. Até
1969, sua expansão buscou incorporar novos produtos e serviços relacionados ao aço,
atendendo Porto Alegre, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Até 1979, acumulou a compra de 11 usinas siderúrgicas no Brasil e em 80 inicia
seu processo de internacionalização adquirindo uma produtora de aços longos no
Uruguai (F-20, GERDAU, 2007, p.12). O segundo passo da internacionalização,
contudo ocorreu apenas nove anos depois no Canadá (F-20, GERDAU, 2007, p.12).
Entre 1992 e 2007, a Gerdau realizou mais de 23 aquisições de empresas
espalhadas por diversos países como Argentina, Canadá, EUA, México, Espanha,
Colômbia, Venezuela e até Índia, mas suas unidades de produção principal encontram-
se no Brasil e América do Norte (Canadá e EUA) ((F-20, GERDAU, 2007, p.12-15).
De acordo com o Formulário 20-F (GERDAU, 2007, p.16), a aquisição das
usinas visa a aproximação com os clientes e fontes de matéria-prima para produção
direcionada ao fornecimento dos mercados locais e exportação a preços competitivos.
Boa parte das dívidas assumidas pela empresa foram destinadas a modernização
de plantas e novas aquisições (F-20, GERDAU, 2007, p.64), sendo indicados como os
dois principais focos de crescimento da Gerdau. Até 2008, a Gerdau era a 13º maior
produtora de aço bruto de acordo com a WorldSteel (WORLDSTEEL IN FIGURES,
2009, p.8).
Na seção Fatores de risco ((F-20, GERDAU, 2008, p.12) são apontados riscos
inerentes a todo o setor siderúrgico, mas cabe analisar as dificuldades específicas
enfrentadas pela Gerdau para efeito comparativo posterior.
O primeiro ponto que merece destaque: a Gerdau no Brasil produz mais aço do
que é demandando internamente, por isso, depende de exportações (F-20, GERDAU,
2007, p.10). Qualquer diminuição na demanda internacional pode afetar negativamente
a empresa, incluindo as causadas por excesso de capacidade instalada como na China.
(F-20, GERDAU, 2007, p.29).
29
Um total de 77% da produção total de aço bruto da Gerdau em 2008 ocorreu em
unidades produtivas do tipo mini-mills ((F-20, GERDAU, 2008, p.14), que na empresa
utilizam sucata metálica como insumo, tornando a produção vulnerável a esse tipo de
insumo.
Em termos tecnológicos, a Gerdau adquire tecnologia no mercado e firma
acordos de transferência de tecnologia com outras empresas, como a Nippon Steel,
Sumitomoto Steel, Thyssen, Daido Steel e BSW ((F-20, GERDAU, 2008, p.36),
gerando custos de manutenção de contrato, apesar de não ser dependente de licenças e
patentes.
Como boa parte das operações da Gerdau se concentra nos EUA – 39% da
produção de aço bruto da empresa (F-20, GERDAU, 2008, p.45), e está voltada para o
mercado interno Norte-americano, a concorrência com produtos cada vez mais baratos
pode levar a uma redução de vendas e margens de lucro, como colocado no Formulário
20-F de 2008. (p.15).
A análise comparativa é realizada mais adiante. Antes é necessário analisar a
Arcelor Mittal.
3.2. Arcelor Mittal
A Mittal Steel foi fundada em 1989 por Lakshmi N. Mittal e começou a realizar
aquisições ainda no mesmo ano em Trinidad e Tobago, estabelecendo que esta seria a
principal estratégia de crescimento da empresa (20-F, ARCELOR MITTAL, 2008, p.
23).
Sua segunda aquisição mostrou um fato que iria se repetir muitas vezes, a
aquisição da Siderurgica Del Balsas aconteceu na privatização da indústria do aço
Mexicana (20-F, MITTAL, 2003, p. 18), o que iria se repetir também em 96 em acordo
com a Irlanda (20-F, MITTAL, 2003, p. 19).
Outra característica do processo de aquisição da Mittal é a compra de empresas
endividadas, como no caso da Ispad Hamburg em 95, onde a Mittal assumiu uma dívida
de $39 milhões ((20-F, MITTAL, 2003, p. 18).
A empresa realizou aquisições na Alemanha, Romênia, EUA, República Checa,
Bósnia, Polônia, África do Sul, China, Ucrânia e Canadá até 2005 de acordo com o
30
Formulário 20-F de 2008 (p.18), mas destaca-se a compra da Arcelor em 2006, na época
a segunda maior produtora de aço mundial em 46,7 Mt em 2005, sendo uma empresa de
tamanho equivalente (20-F, ARCELOR MITTAL, 2008, p. 18).
Em 2007, a empresa já unificada Arcelor Mittal realizou em torno de 35
transações de compra total ou parcial de outras empresas, incluindo nos seus países
atendidos a Argentina, França, Itália, Uruguai e África do Sul. (20-F, ARCELOR
MITTAL, 2008, p. 19) e em 2008, as aquisições passaram a objetivar a verticalização
das atividades da empresa em países que já tem atuação (20-F, ARCELOR MITTAL,
2008, p. 19).
Além das aquisições, a empresa tem outra característica interessante: desenvolve
processos e produtos internamente. Até 2007, havia mais de 5.500 patentes registradas e
há preocupação da empresa em continuar o desenvolvimento e proteger as patentes
existentes, já que as mesmas são percebidas como fonte de renda e inovação. (20-F,
ARCELOR MITTAL, 2007, p. 37).
A própria empresa define sua estratégia baseada em três pontos: presença
geográfica, atuando em quatro continentes – América, África, Europa e Ásia – com uma
grande gama de produtos oferecidos e uma cadeia produtiva extensa, com expressiva
integração vertical. Tão extensa que a própria Mittal é produtora de parte de sua
matéria-prima – 47% do minério de ferro utilizado é produzido pela empresa, assim
como 13% do carvão, 90% de suas necessidades dedo coque, além de ser a maior
produtora mundial do Direct Reduced Iron (DRI), substituto da sucata na produção dos
mini-mills, como uma produção de 8,1Mt em 2008. (20-F, ARCELOR MITTAL, 2008,
p. 18).
A empresa ainda conta com uma cadeia de distribuição de produtos própria, isto
é, desenvolve a integração vertical também downstream e busca oferecer produtos de
alto valor agregado, resumindo assim sua estratégia em seu Formulário 20-F de 2008:
“ArcelorMittal has been built on a management strategy that emphasizes size and scale, vertical integration, product diversity and quality, continuous growth in higher value products, a strong employee well-being and customer service focus. ArcelorMittal intends to continue to play a leading role in the consolidation of the global steel industry and to remain the global leader in the steel industry. The Company’s three-dimensional strategy, as described below, is its key to sustainability and growth. ArcelorMittal has unique geographical and product diversification coupled with upstream and
31
downstream integration designed to minimize risk caused by cyclicalities.” (p.17)
Dentre os riscos apontados nos Formulários 20-F de 2003 a 2008, cabe destacar o
endividamento presente ao longo de toda a história da empresa, limitando a
flexibilização do negócio e tornando-a mais dependente de financiamento, como
colocado no Formulário 20-F de 2007:
“In connection with the acquisition of some of its operating subsidiaries, ArcelorMittal has made significant capital expenditure commitments and other commitments with various governmental bodies involving expenditures required to be made over the next few years. In 2007, capital expenditures amounted to $5.4 billion. As of December 31, 2007, ArcelorMittal and its subsidiaries had capital commitments outstanding of approximately $1.9 billion under privatization and other major contracts. ArcelorMittal expects to fund these capital expenditure commitments and other commitments primarily through internal sources, but ArcelorMittal cannot assure you that it will be able to generate or obtain sufficient funds to meet these requirements or to complete these projects on a timely basis or at all.” (p. 9)
Outros riscos seriam a dependência do capital obtido pelas subsidiárias apontado no
Formulário 20-F de 2007 (p. 9) ou a capacidade de gerenciar todas as empresas
compradas (20-F, MITTAL, 2004, p. 6).
3.3. Comparação
Inicialmente, é preciso considerar que as motivações para as F&A no setor
siderúrgico são variadas. Primeiramente, o fato de a siderurgia estar no meio da cadeia
produtiva metal-mecânica faz com que seu poder de barganha seja naturalmente afetado
pelos processos de F&A de setores fornecedores de insumos (minério de ferro e
equipamentos, por exemplo) e nos consumidores de produtos siderúrgicos
(automobilística e construção naval).
Ao se concentrarem, as indústrias siderúrgicas adquirem uma maior capacidade
de negociação tanto no mercado a montante (fornecedores de matéria prima como, por
exemplo, produtores de ferro gusa) quanto à jusante (como a indústria automobilística).
A própria natureza do setor já gera características propícias à obtenção de significativos
ganhos de escala e a uma forte concentração de mercado de acordo com Gomes et al
(2006). Tais características propiciam, na Teoria da Organização Industrial, o
aparecimento de elevadas barreiras a entrada (grande volume de capital e necessidade
32
de apropriação de economias de escala) e a saída (ativos especializados) como discutido
no primeiro capítulo.
Por apresentar plantas grandes, a indústria siderúrgica em geral consegue ganhos
de escala com a indivisibilidade técnica, já que os custos fixos da produção são diluídos
à medida que o volume de produção de um mesmo bem aumenta. Isso deve ser
diretamente buscado pelas empresas siderúrgicas, já que os custos fixos são muito altos
em função da instalação da planta.
O processo de F&A no setor siderúrgico apresenta vantagens claras, como
abordadas no primeiro capítulo, mas podem incorrer em custos como economias de
reinício se as F&A da siderurgia não forem bem planejadas (HITT et al 2004), já que
apresentam um maquinário complexo.
Outra tendência facilmente observável no setor é a produção de diversos tipos de
aço em uma mesma planta para se aproveitar de economias de escopo. No entanto, a
Gerdau e Mittal apresentam plantas especializadas em algumas partes do mundo, de
acordo com os produtos mais demandados, mais ainda assim oferecem variedade, ou
seja, ao mesmo tempo aproveitam os ganhos de especialização e existência de reservas
de capacidade e fatores comuns para diversos bens produzidos, além de
complementariedades tecnológicas e comerciais, evitando com isso abrir mão
totalmente das economias de escopo.
Os ganhos obtidos com a verticalização são claramente apontados no
desenvolvimento histórico de ambas as empresas. As duas tendem a realizar F&A
envolvendo não só empresas com produções similares, mas também empresas
complementares a produção, como a compra de hidrelétricas pela Gerdau (20-F,
GERDAU, 2007, p.92) e de portos e linhas férreas pela Mittal (20F, MITTAL, 2008,
p.26).
É possível observar, dado o desenvolvimento histórico do setor, que algumas
vezes os efeitos de crises e redução de demanda foram sentidos por países
desenvolvidos e em desenvolvimento da mesma forma, como na crise da década de
1970. Em outras crises, apenas os países em desenvolvimento foram afetados, no
entanto o país de origem das duas – Índia no caso da Mittal e Brasil o caso da Gerdau –
não teve impacto direto no desenvolvimento de ambas, uma vez que já atuavam em
outros países.
33
De Paula (2002) mostrou que a maioria das empresas do setor siderúrgico
começou sua internacionalização em 1998, com a reestruturação do setor, como
abordado no segundo capítulo. No entanto, tanto a Mittal como a Gerdau deram início
ao processo de F&A e 1989, mostrando seu pioneirismo nesta área. Ambas optaram
estrategicamente pela atuação em diversos países, rompendo com o caso clássico de
firmas familiares ou estatais.
A Mittal ainda se aproveitou desse processo de reestruturação. Analisando seu
desenvolvimento histórico, é possível observar que suas primeiras aquisições
aconteceram com empresas que estavam sendo privatizadas em outros países, como no
caso da mexicana Siderurgica Del Balsas, da Sidbec-Dosco Inc. pertencente ao Governo
de Quebec, dentre outras (20-F, MITTAL, 2003, p. 18).
Isto demonstra a característica inicial para F&A da Mittal: empresas com
privatizações em curso ou empresas privadas em processo de falência, assumindo as
dívidas e se comprometendo com os governos dos países hospedeiros a realizar obras de
infra-estrutura no país de destino, como na Libéria ou na Romênia (20-F, MITTAL,
2003, p. 17-18).
Já a estratégia da Gerdau foi impulsionada pelo crescimento anterior da empresa
no pós-guerra. Esta cresceu primeiro no Brasil, realizando inclusive greenfields
investments antes mesmo de realizar sua primeira compra no exterior (F-20, GERDAU,
2007, p.12). A Gerdau tende a localizar suas empresas próximas das fontes de matéria-
prima e dos mercados consumidores, reduzindo drasticamente o custo de logística. Em
suas F&A, busca empresas que apresentam possibilidade de melhoria de gestão dos
recursos e produtividade através de investimentos tecnológicos (F-20, GERDAU, 2008,
p.26).
No entanto, raramente assume empresas endividadas. Nos Formulários 20-F de
2003 a 2008 são encontradas apenas três aquisições em que assumiu a dívida das
empresas compradas: a SiderPeru (20-F, GERDAU, 2006, p.20), a Quenex (20-F,
GERDAU, 2007, p.15) e a MacSteel Inc (20-F, GERDAU, 2008, p.58). Tal
comportamento acaba reduzindo o risco de liquidez, mesmo realizando o investimento
necessário para que sejam implementadas melhorias.
34
Neste ponto, ambas enfrentam o risco de gestão das empresas adquiridas. É
preciso que a empresa compradora faça um esforço no sentido de melhoria da empresa
comprada, além de melhoria de processos, gestão, tecnologia e ainda garantir que os
empregados sejam mantidos em alguns casos, para aproveitar o ganho advindo do
learnig by doing além da superação das diferenças culturais abordadas no primeiro
capítulo, e manutenção de pessoal competente para administrar a integração das
atividades.
É por isso que as empresas apresentam divergência na velocidade com a qual
realizam suas aquisições. A Gerdau tenta se estabelecer e crescer em um país para
depois proceder com a expansão para outros, como no caso dos Estados Unidos, onde a
empresa adquiriu 15 unidades antes de realizar seu primeiro investimento na Europa
(Espanha). Já a Mittal realiza aquisições em diversos países em um mesmo período,
aparentando possuir maior capacidade de gestão de unidades internacionalizadas,
provavelmente por toda a experiência adquirida ao longo dos anos.
O sucesso da Mittal tem sido construído sobre uma estratégia que enfatiza:
dimensão e escala, a integração vertical, a diversidade de produtos, contínuo
crescimento em produtos de maior valor agregado e um produto diferenciado para
atendimento das necessidades de seus clientes de acordo com os relatórios estudados,
como mostrado anteriormente.
A Mittal foi alterando sua política de F&A ao longo do tempo, iniciando com
empresas endividadas e passando para empresas líderes em seus mercados a partir de
2005 (20-F, MITTAL, 2005, p. 11), seja pela redução de empresas ineficientes ocorrida
pela restruturação do setor, ou pelo crescimento da companhia que permitiu realizar
melhores negócios. Além disso, a partir de 2007 começa a realizar greenfield
investments (20-F, ARCELOR MITTAL, 2007, p. 17), dada sua grande experiência em
internacionalização.
Um ponto de divergência entre as empresas que cabe ressaltar é a questão
tecnológica. Como mencionado anteriormente, a Mittal é uma grande desenvolvedora
de tecnologia, recebendo recursos pelo uso de suas patentes. Já a Gerdau realiza acordos
com outras empresas para implementação de tecnologia que já existe, ou seja, ao invés
de gerar, tem custo com tecnologia.
35
Cabe analisar detalhadamente os riscos apresentados nos relatórios de ambas as
empresas. Os riscos de negócios, como os inerentes à mineração, conflitos laborais e
danos as instalações por catástrofes naturais obviamente são compartilhados por ambas,
já que são riscos do setor em que atuam. No entanto, alguns riscos podem ser diferentes
para cada empresa.
Como apresentado anteriormente, a Mittal realiza suas F&A em diversos países,
incluindo aqueles ainda em desenvolvimento, gerando assim um risco alto, pois pode
haver instabilidade política em tais países. (20F, MITTAL, 2007, p.11). Além disso, a
dependência do mercado interno de algumas empresas subsidiárias pode trazer prejuízos
(20F, MITTAL, 2003, p.10).
Um risco citado por ambas as empresas é o nível de endividamento de ambas,
relacionado a utilização constante de capital de terceiros. Este ponto também está ligado
com a localização das firmas compradas para análise de custo de crédito, já que em
países desenvolvidos as taxas de captação de recursos podem ser mais altas, mas
apresentarem menos incerteza (20F, MITTAL, 2004, p.7), ou ainda ao resultado no
balanço da empresa mensurado por moedas desvalorizadas frente ao dólar (20F,
MITTAL, 2007, p.10 e 20F, GERDAU, 2007, p.9).
3.3.1 Endividamento e Estruturas: Análise Comparativa
Para aprofundar a análise de resultados das empresas frente aos riscos
apontados, cabe examinar detalhadamente alguns índices de endividamento e estrutura.
A análise se inicia no quociente de participação de capitais de terceiros sobre os
recursos totais, medido pela participação do patrimônio líquido no passivo total da
Mittal, o qual demonstra que a empresa apresentou no período entre 1999 e 2007 um
elevado grau de dependência financeira (sempre acima de 50%), chegando a seu ápice
em 2002, com 97,68% de endividamento, ou seja, quase todos os recursos da empresa
estavam na mão de terceiros, mostrando que a Mittal adotou uma estratégia muito
arriscada, mas que foi efetiva, já que o índice mostrou queda, praticamente se igualando
ao da Gerdau como demonstrado no Gráfico 3.1.
36
Gráfico 3.1: Comparação do capital de terceiros x recursos totais
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Outro importante índice utilizado para mensurar o grau de endividamento de
uma empresa é a relação entre o capital de terceiros e o capital próprio da companhia.
Neste caso, a Mittal, como é possível observar no gráfico abaixo, apresentou até 2002
um crescente endividamento, pois seu capital de terceiros ultrapassou em muito o
capital próprio da empresa. Ainda assim, apresentou uma queda muito significativa,
passando de 42,06% em 2002 para 1,17% em 2007.
Gráfico 3.2: Capital de terceiros x capital próprio - Gerdau
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Gráfico 3.3: Capital de terceiros x capital próprio - Mittal
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
37
Já a Gerdau atingiu um máximo de 2,41% em 2002, encerrando 2007 com
1,34%. É possvel observar que a Gerdau assume uma postura muito mais conservadora
quanto ao seu endividamento, como expresso no Gráfico 3.4.
Gráfico 3.4: Comparação do capital de terceiro x capital próprio
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs das empresas de 2003-2008
O último índice importante para análise do endividamento é a imobilização dos capitais
permanentes, que serve para calcular o percentual dos recursos de longo prazo que está
financiando ativos permanentes. Pela característica do setor siderúrgico de investimento em
grandes plantas produtivas, tal índice deve ser alto.
Gráfico 3.5: Índices de endividamento da Mittal
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mittal
Gerdau
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mittal
Capital de terceiros x
recursos totais
dividas curto prazo x
endividamento total
Grau imobilização de ativos
permanentes
38
Gráfico 3.6: Índices de endividamento da Gerdau
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
No caso da Mittal, o índice atingiu 87,06% em 2007, maior marca desde 2001-2002,
quando os valores ultrapassaram os 90%, referente aos Índices de endividamento da Mittal. Já
na Gerdau, é possível observar maior oscilação do índice (entre 21% em 2001 e 86% em 2002),
com média de 57% nos anos analisados (1999-2007), como no Gráfico 3.6. Comparativamente,
o grau de imobilização de ativos da Mittal é muito superior ao da Gerdau, o que mostra o
superior investimento em plantas produtivas realizado pela primeira (Gráfico 3.7).
Gráfico 3.7: Comparação do grau de imobilização dos ativos permanentes
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Podemos concluir que ambas passam pelos mesmos riscos, além daqueles
particulares apresentados por cada uma das empresas, mas a Mittal tem uma postura
muito mais arriscada em termos de investimentos realizados, apresentando um
endividamento maior, mas provavelmente por conta dessa postura, assumiu o primeiro
lugar na produção mundial.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Gerdau
Capital de terceiros x
recursos totais
dividas curto prazo x
endividamento total
Grau imobilização de
ativos permanentes
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mittal
Gerdau
39
3.3.2. Rentabilidades Comparadas
Outros indicadores econômicos devem ser analisados para que uma comparação
mais precisa seja realizada, com o intuito de demonstrar porque empresas com
princípios de desenvolvimento tão parecidos puderam apresentar até 2008 uma
diferença tão grande na produção de aço no mundo, mesmo optando pelo processo de
internacionalização.
Para tal, deve-se avaliar a rentabilidade da empresas através da análise da
margem de ambas. Enquanto a margem operacional avalia o ganho operacional da
empresa em relação a seu faturamento (lucro operacional/receita operacional líquida), a
margem líquida reflete a eficiência global da empresa, demonstrando o retorno líquido
sobre o faturamento e se diferenciando da margem operacional por descontar os
resultados não-operacionais e impostos e contribuições.
Gráfico 3.8: Comparação de margem operacional
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Comparando a margem operacional, a Mittal apresenta volatilidade muito maior,
tendo apresentado melhora entre 2001 e 2004, e posterior queda. O lucro operacional
cai de 2004 para 2005, mas volta a se recupera em 2006, a receita líquida apresenta alta,
mas os custos de venda também sobem. Isto demonstra certa ineficiência da empresa, já
que boa parte das F&A têm como objetivo a redução de custos, para a melhora de tal
índice e tal resultado não foi obtido pela Mittal. Neste caso, os índices da Gerdau são
muito mais constantes, pois tanto a receita quanto o custo crescem proporcionalmente,
mantendo o índice mais estável enquanto a Mittal apresenta variações grandes de um
ano para o outro, com aumento de custos e redução de receita líquida.
Realizada a análise completa das duas empresas, é possível concluir que a Mittal
assumiu muito mais riscos em seu desenvolvimento do que a Gerdau, desde o início da
internacionalização, admitindo que a única forma de manter sua liderança mundial é
-0,1
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mittal
Gerdau
40
realizar constantes processos de F&A internacionais, para que seu crescimento não seja
superado por nenhuma outra empresa.
Em seu desenvolvimento ao longo dos anos, a Mittal assumiu empresas com
dificuldades financeiras, mesmo sem os recursos próprios necessários para assumir a
dívida, chegando ao extremo de utilizar 98% aproximadamente de capital de terceiros
para financiar sua produção em 2002.
Com o amadurecimento da Mittal,o perfil de suas aquisições e investimentos
mudou um pouco, passando às aquisições de grandes empresas nos novos mercados
(aquisição horizontal), para se aproximar ainda mais de seus clientes, reduzindo os
custos de transporte. Há ainda a construção de novas plantas produtivas, que só foi
permitida pela experiência acumulada pela empresa em seus inúmeros processos de
F&A.
A estratégia de estabelecimento firme em um país para só depois expandir para
outro, além da redução de riscos, levou a Gerdau a permanecer abaixo de sua
concorrente, mesmo com estabelecimento em países onde há grande capacidade de
produção e demanda elevada.
Algumas limitações como o baixo endividamento e poucas localidades
exploradas através de F&A podem explicar a posição atual da Gerdau no mercado
mundial. Ainda assim, como oferece produtos de alto valor agregado e altamente
especializados, a empresa ainda tem muitas oportunidades de crescimento com risco
reduzido se compararmos com a Mittal, como a aquisição em 2006 da empresa
Corporación Sidenor S.A. realizada na Espanha (20-F, GERDAU, 2006, p.14).
Para que a Mittal mantenha sua posição, será necessário manter seu processo
continuo de F&A com gestão adequada, como feita até 2008. Possivelmente será
preciso que a empresa também reduza seus riscos, já que o setor foi afetado
recentemente por uma crise global que ainda não mostrou quais foram as reais
dimensões de queda de aço e de liquidez mundial como um todo.
41
CONCLUSÃO
No primeiro capítulo do trabalho, foi construído o embasamento teórico para
análise das F&A realizadas pelas duas empresas comparadas no trabalho. Já no segundo
capítulo, foi analisado o desenvolvimento da indústria como um todo, abordando os
fatos históricos pertinente ao entendimento do desenvolvimento da Mittal e Gerdau.
O terceiro capítulo fez analise detalhada do desenvolvimento de cada uma das
empresas e realizou diversas comparações.
A indústria siderúrgica iniciou seu processo de internacionalização somente em
1998 de acordo com Paula (2002), bem depois do início do processo realizado pela
Mittal e Gerdau. Este é um dos motivos para tamanha dificuldade em encontrar estudos
específicos sobre o tema, quando tratando especificamente de fusões e aquisições.
Ambas as empresas analisadas optaram pela redução dos custos de transação
como forma de crescimento, utilizando as F&A ao invés de greenfiels investiments para
expandir sua capacidade produtiva. Também apresentam interesses em integrações
verticais e horizontais, aproveitando ganhos de escala e escopo e criando barreiras a
entrada, como explicado no primeiro capítulo.
A Mittal mostra nos Formulários 20-F de 2003 a 2007 que realiza
reestruturações das operações globais para obter vantagens em um curto espaço de
tempo, reconhecendo que as F&A são essenciais para seu crescimento (20-F, MITTAL,
2003, p.8).
Enquanto isso, as expansões da Gerdau ocorriam em busca de proximidade com
as fontes de matéria-prima e dos mercados consumidores. Como colocado no capítulo
dois, a reestruturação do setor na década de 90 contribui para a consolidação das duas
empresas, pois ambas optaram pela especialização produtiva facilitada através das F&A
realizadas.
Em sua expansão a Gerdau concentrou suas aquisições nos Estados Unidos e
Canadá, enquanto a Mittal se expandiu para países onde encontrava oportunidades de
aquisição de empresas em processo de privatização.
A Gerdau dependia do preço dos insumos enquanto a Mittal já consegue suprir
ela mesma boa parte de suas necessidades de matéria-prima e ainda recebe remuneração
por suas licenças e patentes.
Ao analisar o endividamento, é possível concluir que a Mittal teve uma postura
muito mais arriscada, atingindo 97,68% de endividamento, mas que soube administrar
42
tal risco, baixando o índice para valores no mesmo patamar da Gerdau. Quando
analisado o grau de imobilização do capital, a Mittal mais uma vez apresentou índices
elevados mostrando que sua estratégia de assumir riscos nem sempre levou a redução de
custos esperada, mas tornou-a a maior produtora de aço bruto do mundo.
43
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47
ANEXO – TABELAS
Tabela 1: Maiores produtoras de aço bruto em 2008.
Fonte: World Steel Association
48
Tabela 2: Maiores produtoras de aço bruto em 2005.
Fonte: World Steel Association
49
Tabela 3: Índices de Endividamento da Mittal
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Tabela 4: Índices de liquidez da Mittal
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
50
Tabela 5: Índices de Rentabilidade da Mittal
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Tabela 6: índices de Endividamento da Gerdau
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008
Tabela 7: Índices de Rentabilidade da Gerdau
Fonte: Elaboração própria com base nos 20Fs da empresa de 2003-2008