Download - Compaction Grouting Argila
Samuel Felipe Mollepaza Tarazona
Análise numérica da técnica “compaction grouting” aplicada a uma argila mole com
recurso a drenos verticais
Rio de JaneiroJaneiro de 2014
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Sumário
1 Introdução 10
1.1. Objetivo 11
1.2. Estrutura 11
2 Revisão Bibliográfica 13
2.1. Descrição do Problema 14
2.2. Técnicas de Melhoramento de solos 15
2.2.1. Compactação 15
2.2.2. Reforço 21
2.2.3. Fixação 24
2.3. Fundamentos teóricos do fenômeno de Adensamento 29
2.3.1. Teoria de Biot (1941) 29
2.3.2. Adensamento Unidimensional 29
2.3.3. Adensamento Tridimensional 29
2.3.4. Efeito Mandel-Cryer 29
2.3.5. Adensamento Radial para Drenos Verticais 29
3
3 Modelagem Numérica 30
3.1. Modelos Constitutivos 30
3.1.1. Modelo Elástico 31
3.1.2. Modelo Soft Soil 31
3.2. Geometria dos modelos e Condições de Fronteira 31
3.2.1. Adensamento Vertical 32
3.2.2. Adensamento Radial com condição de Fronteira drain 32
3.2.3. Adensamento Radial com dreno de material solo 33
3.2.4. Adensamento Radial combinada com condição de fronteira drain 34
3.2.5. Adensamento Radial combinada com dreno de material solo 34
3.3. Materiais 34
3.4. Fases de Carregamento 35
4 Analise de Resultados 70
4.1. Introdução 70
4.2. Adensamento Vertical 70
4.3. Adensamento Radial 71
4.3.1. Análise de Modelos Elásticos 71
4.3.2. Análise de Modelos em Soft Soil 73
4.4. Adensamento Combinado (radial + vertical) 73
4.4.1. Verificação da influência da base rígida na eficiência da técnica 74
4.5. Comparação da análise numérica com a solução analítica 74
4.6. Limitações da análise axissimétrica 74
6 Conclusões e Sugestões 117
Referências Bibliográficas 119
10
1Introdução
O crescimento da população apresenta como consequência mediata a
expansão das áreas urbanizadas para zonas desabitadas, que apresentam na
maioria dos casos solos com teores de água e índices de vazios elevados assim
como também apresentam uma compressibilidade muito acentuada neste contexto
também estes solos encontram-se com graus de saturação elevados que quando
submetidos a carregamento experimentarão uma redução de volume assim como
uma proximidade das suas partículas solidas o que levara ao solo expulsar a água
contida nos seus vazios.
Tal conjuntura demanda a necessidade de melhorar os solos existentes com
capacidade de urbanização, desenvolvendo tecnologias sustentáveis que permitam
seu uso com estabilidade e segurança a longo prazo.
O desenvolvimento de meios tecnológicos e o aparecimento de novos
matérias de construção ao longo do século XX, entre outros fatores, viriam a
permitir encontrar varias soluções de melhoramento dos solos em profundidade
com inclusões de materiais externos.
Segundo Bergado (1996) as técnicas de melhoramento do solo dividem-se
de forma geral em duas categorias. A primeira categoria envolve técnicas usando
materiais adicionais assim como utilização de reforços, baseados no uso de
materiais de reaterro arenoso (“Stone columns”), sistema de estacas que ainda não
atingem o estrato do solo (“creep piles”) ou por uma mistura do solo in situ com
agentes químicos (“deep stabilization”). A segunda categoria inclui métodos que
incrementam a resistência do solo através da drenagem da água contida nos poros
permitindo o aumento das tensões efetivas e reduzindo seu índice de vazios assim
como a sua permeabilidade, destaca-se como exemplo desta categoria as diversas
técnicas de pré-carregamento algumas vezes combinadas com uso de drenos
verticais.
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1.1.Objetivo
O objetivo desta dissertação é apresentar uma analise numérica da técnica
de melhoramento e reforço de solos moles, “Compaction Grouting com uso de
Drenos verticais”, a qual é amplamente usada no meio geotécnico, no entanto
carece de uma base teórica definida que aborde a execução desta técnica visando a
segurança e estabilidade do solo no uso do método.
Para tal fim serão utilizados alguns dos modelos disponíveis no programa de
calculo Plaxis 2D AE, baseado no método dos elementos finitos, para modelar
células unitárias em axissimetria e deformação plana que simulem inicialmente o
efeito isolado de cada um dos fenômenos associados e finalmente a atuação
conjunta dos mesmos, comparando os seus resultados.
1.2.Estrutura
O desenvolvimento deste trabalho está organizado em cinco capítulos. No
presente capitulo – Introdução- Procura-se situar o tema no contexto geral da
Engenharia Civil Geotécnica destacando a sua importância e os objetivos.
No capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica referente aos assuntos
que serão tratados no presente trabalho. Apresentam-se detalhes teóricos que
ajudaram como base no processamento e analise dos resultados.
No capítulo 3 descrevem-se as analises numéricas efetuadas no programa de
elementos finitos Plaxis 2D AE: características e modelos constitutivos dos
materiais utilizados, geometria, condições de fronteira, sequencia de calculo.
No capítulo 4 são apresentados e analisados os resultados obtidos, assim
como as suas validações em comparação à literatura existente.
Este capítulo também apresenta a escolha dos elementos que simularão o
sistema de drenos verticais assim como os bulbos de compactação.
Finalmente no capítulo 5 apresentam-se as principais conclusões obtidas
deste trabalho desenvolvido e são indicadas sugestões para futuros
desenvolvimentos.
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2Revisão Bibliográfica
Investigações geotécnicas permitem identificar e analisar regiões, camadas,
ou depósitos de solos em condições desfavoráveis, onde medidas de engenharia
podem tomadas para seu melhoramento e, dessa forma, permitir a execução de
projetos de construção sobre esses solos.
Existem muitas tecnologias aplicáveis ao melhoramento de solos fofos (ou
moles). Estas técnicas variam desde uma simples compactação mecânica até um
sofisticado tratamento de congelamento do terreno. No entanto, um tratamento em
particular poucas vezes satisfaz todos os requerimentos de custo, qualidade ou
eficiência.
A tecnologia grouting é uma destas tecnologias de melhoramento utilizadas
frequentemente no subsolo ou sob construções de fundação. Esta tecnologia não é
recente, pois seu desenvolvimento tem sido expandido desde a primeira metade do
século XX e foram observadas como última tentativa ou de forma precipitada para
estabilizar solos em condições inadequadas. Através dos anos estas técnicas têm
experimentado um maior aperfeiçoamento no processo de execução, onde a
integração das técnicas foi um pouco demorada no tempo, porém, consistente. E
hoje em dia tem-se convertido em uma tecnologia muito difundida a ser usada,
quando requerida, em um processo de construção.
Segundo Hussin (2006), esta tecnologia é dividida em três categorias,
esquematizada na Figura 1.1
1. Compactação. - são técnicas usadas para compactar ou densificar o solo
in-situ.
2. Reforço. – são técnicas onde se implantam elementos de reforço na
massa do solo sem alterar necessariamente suas propriedades. Isto é, o
comportamento da massa de solo é melhorado mediante a inclusão de
elementos de reforço.
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3. Fixação. – são técnicas que permitem a fixação ou ligação das partículas
de solo em conjunto, aumentando assim a resistência do solo e
diminuindo a sua compressibilidade e permeabilidade.
Figura 1.1 – Esquema conceptual da tecnologia do grouting
Algumas técnicas para o tratamento de solos fofos são apresentadas nos
itens a seguir:
2.1.Descrição do Problema
Solos argilosos moles, que no se estado natural e devido a seu ambiente de
formação (pluviais e marinhas) apresentam uma compressibilidade muito
acentuada assim como uma baixa permeabilidade que conjuntamente a seu estado
inicial de índice de vazios, geralmente saturados, quando solicitados sob
carregamento experimentam redução de volume devido à expulsão demorada da
água presente nos seus vazios, dão origem a assentamentos que se estendem por
longos períodos de tempo os mesmos que dificultam e muitas vezes impedem o
desenvolvimento de obras civis.
Quando um solo mole é carregado, à medida que a água é expulsa, processo
que é designado como Adensamento ocorre uma deformação volumétrica,
aumento da tensão efetiva e um decréscimo da pressão intersticial. No entanto
Compactação dinâmica
Vibrocompactação
Compaction Grouting
Vibrosubstituição
Microestacas
Compensation grouting
Permeation Grouting
Jet Grouting
COMPACTAÇÃO
REFORÇO FIXAÇÃO
TECNOLOGIA GROUTING
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concluída a expulsão da água, não se verifica de fato a completa estabilização das
deformações volumétricas da argila continuando a ocorrer deformações sob tensão
efetiva constante, que resulta da fluência do esqueleto solido.
Para minimizar estes assentamentos derivados do processo de adensamento,
torna-se imperativo recorrer a processos artificiais de aceleração do adensamento
assim como o reforço do solo o que em obras de grande extensão representa uma
solução de porte econômico (Hussin, 2002).
2.2.Técnicas de Melhoramento de solos
As técnicas de melhoramento de solos têm sido situadas na categoria que
com maior frequência são utilizadas mesmo quando varias destas técnicas podem
ser catalogadas em mais de uma categoria (Hussin, 2006), dentro desse contexto
podem se determinar três principais categorias, que são:
4. Compactação. - são técnicas usadas para densificar o solo in-situ através
de métodos estáticos ou dinâmicos.
5. Reforço. – são técnicas que implantam elementos de reforço no maciço
sem alterar necessariamente suas propriedades. Isto é, melhorando-o
mediante a inclusão de elementos de reforço.
6. Fixação. – são técnicas que permitem a fixação ou ligação das partículas
de solo em conjunto, aumentando assim a resistência do solo e
diminuindo a sua compressibilidade e permeabilidade.
2.2.1.Compactação
2.2.1.1.Compactação Dinâmica
Compactação dinâmica, também conhecida como compactação dinâmica
profunda, surgiu nos meados dos anos 60 por iniciativa de Luis Menard, no
entanto existem reportes de procedimentos usados nesta técnica há mais de 1000
anos atrás. O processo envolve basicamente a queda livre de um peso sobre a
16
superfície do solo para compactar os sólidos a profundidades maiores do que
12,50 m, este método é bastante usado para reduzir recalques de fundações e
reduzir o potencial de liquefação em solos fofos colapsiveis.
2.2.1.2.Vibro Compactação
O uso de vibradores foi patenteado na Alemanha nos meados dos anos 30 como
um dos métodos de densificação do solo, a ideia de compactar solos não coesivos
acima e debaixo do lençol freático para atingir uma compactação efetiva seria
somente possível se o vibrador estivesse localizado dentro do solo na
profundidade requerida de compactação. Assim o equipamento de vibração estaria
diretamente em contato com o solo enquanto vai emitindo forças vibratórias
horizontais (Griffith, 1991).
Dentre das técnicas de vibração mais usadas encontram-se: (1) a
vibrocompactação (ou vibroflutuação) e (2) a vibrosubstituição.
a. Vibroflutuação
A técnica de vibrocompactação é uma técnica de “vibro-densificação” que
consiste na introdução de um vibrador no terreno tanto por peso próprio quanto
por vibração até uma profundidade requerida, e de ser necessário para uma melhor
penetração do vibrador, este é ajudado pelo lançamento de água a pressão através
da ponta do vibrador. As vibrações transmitidas ao solo provocam um movimento
vibratório, principalmente horizontal, de frequência igual a do vibrador e de
amplitude variável de acordo com a sua potência.
Figura 2.1 – Vibrocompactação: (a) esquematização da técnica, (b) implementação em
campo. (Fonte: Hussin, 2006).
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A compactação comumente produz uma perda de volume do material
durante a densificação (perda de vazios), a qual é preenchida por um material
arenoso de contribuição externa ou por material do mesmo terreno que causaria a
depressão da superfície do terreno. O material de preenchimento usualmente
consiste em areias com teores de silte menor a 10% e sem argila, ainda que,
pedregulhos possam ser usados para melhorarem a efetividade desta técnica. Esta
técnica é mais efetiva em solos granulares com teor de finos inferior a 10-15%,
em condição drenada, embaixo do lençol freático. A aplicabilidade deste
tratamento pode atingir até 20m de profundidade.
b. Vibrosubstituição
A vibrosubstituição é uma técnica de processo construtivo similar à
vibrocompactação, que a diferença do caso anterior, considera o melhoramento de
solos coesivos. Devido a que os solos coesivos com um teor de finos superior a
15% não respondem à vibração, a vibrosubstituição apela à construção de colunas
de pedregulho ou areias para seu melhoramento, provendo uma verdadeira
substituição nos pontos de tratamento (Wehr et al., 2010). A figura 2.2 apresenta
um esquema geral desta técnica.
Figura 2.2 – Vibrosubtituição: (a) esquematização da técnica, (b) implementação em
campo (http://www.nce.co.uk)
No caso deste sistema, o vibrador penetra até a profundidade prevista e o
furo resultante é preenchido com um material granular sem finos. Em alguns
casos o processo é ajudado por jatos de água que eliminam os finos, para meios
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saturados; e com ajuda do ar-comprimido, para os casos de ausência de água. Em
ambos os casos o material granular de preenchimento pode ser colocado desde a
superfície ou pelo fundo.
Esta técnica é aplicável a solos finos ou orgânicos de alta plasticidade e
compressibilidade (Mc Cabe et al. 2007). O material de substituição é densificado
por vibração resultando em um elemento de reforço, que torna o solo fino em
tratamento mais rígido pelo aumento da resistência ao cisalhamento da coluna
granular.
A partir de publicações realizadas desta técnica por Datye (1982) e Mitchell
(1981), Griffith (1991) mencionou alguns dos usos da vibrocompactação, a seguir:
Prevê rupturas em fundações, ainda que possam existir recalques.
Reduz recalques em um 40% em comparação aos recalques nas áreas sem
tratamento.
Pode ser utilizado como suporte de estruturas.
Pode ser aproveitado como uma trajetória de drenagem para acelerar o
processo de adensamento.
Pode ser aplicado para propósitos de estabilidade em barragens ou taludes
devido ao aumento na resistência ao cisalhamento das colunas.
2.2.1.3.Compaction Grouting
Esta técnica densifica o solo por injeção de uma argamassa de baixa
movilidade e um baixo slump, que ao ser injetado se expande como uma massa
homogênea deslocando e compactando o solo circundante. Esta técnica
providencia o aumento da resistência ao cisalhamento e rigidez do solo mediante
um processo de aplicação de deslocamentos controlados evitando que acorra o
faturamento do solo assim como o escoamento do grout através dos vazios do
solo (Graf, 1969; Warner e Brown, 1974 e ASCE, 2010).
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Figura 2.3 – Esquema do processo de execução da técnica compaction grouting (Fonte:
Hussin, 2006).
Esta técnica é mais efetiva em solos que podem ser facilmente densificáveis
mediante a expulsão da água e ar desde os vazios do solo através da
movimentação de suas partículas que são deslocadas pelo aumento do volume do
bulbo em expansão. Solos finos, tais como argilas de alta plasticidade,
particularmente debaixo do lençol freático não são adequados para a aplicação
desta técnica (Hussin, 2006 e ASCE, 2010).
Entre as aplicações da técnica de compaction grouting podemos mencionar
as seguintes (Graf, 1992, Warner e Brown, 1974 e ASCE, 2010):
Melhora de terreno em solos fofos ou colapsáveis, com valores de NSPT
típicos de 0 a 15-20.
Compensação de recalques em estruturas.
Mitigação do potencial de liquefação.
Melhoramento da resistência lateral de estacas ou outras fundações quando
a injeção é executada em zonas circundantes a estas.
Construções subterrâneas (túneis) na qual a densificação do solo reduz os
efeitos de recalque na superfície que ocorre durante o processo
construtivo.
Entre as aplicações mais recentes desta técnica podemos destacar a
compensação de recalques diferenciais na base militar em Pearl Harbor, Hawai,
que foi construída originariamente em 1943, como parte da Unidade de Rádio da
Frota Marina do Pacífico dos Estados Unidos (USPACFLT). Também esta técnica
foi utilizada para estabilidade de fundações nos novos prédios de ciência e
engenharia da Universidade de Califórnia, Santa Cruz, onde se aumento a
densidade do aterro de preenchimento fofo localizado nas dolinas encontradas no
solo subjacente do campus da universidade (Geraci, 2005).
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Andrus e Chung (1995) utilizaram este sistema aplicado à mitigação do
potencial de liquefação como foi o caso da barragem Pinópolis (South Carolina),
subjacente de camadas de areia muito fofa ou areia siltosa de 1,2 a 2,4m de
espessura, com um valor médio de NSPT de 4. Foi determinado que a camada de
areia apresentaria liquefação durante um evento sísmico e que um N1 (NSPT
corrigido por tensão efetiva de sobrecarga e por história de tensões) de 11 seria
suficiente para evitar a liquefação na base da barragem. A técnica de compaction
grouting foi executado nessa areia fofa com pressões não maiores a 2 MPa (2000
kPa) que resultou em um aumento de N1 de 11 para 17 medido na região entre as
colunas de injeção. Foi verificada também o acréscimo da resistência da areia
medida com CPT, de 2,3 para 7,9 MPa, assim como o incremento do módulo de
elasticidade medido pelo DMT que registrou um aumento de 10 para 66 MPa.
Outras aplicações registradas similares a esta foram realizadas na zona Fontvielle,
no principado de Mônaco e no Hospital Kaiser em São Francisco (Califórnia).
2.2.1.4.Pre-carregamento com Drenos Verticais
Esta técnica combina o método estático de pre-carregamento com a
utilização de drenos verticais, consistindo em colocar uma carga temporal sobre o
solo a melhorar para pre-adensar o solo antes de ser solicitado pela estrutura
planejada. O processo melhora o solo comprimindo-o, incrementando assim sua
rigidez e resistência ao cisalhamento. Em solos parcialmente saturados ou
saturados, drenos verticais pré-fabricados podem ser colocados antes de colocar o
pre-carregamento para acelerar a drenagem, reduzindo a trajetória de percorrido
da agua assim como o tempo necessário de manter o pre-carregamento in situ.
Esta técnica serve para melhorar praticamente todo tipo de terreno, sendo a mais
empregada em solos argilosos, no entanto apresenta o inconveniente de ter uma
duração muito elevada pelo que as vezes sua aplicação é imprópria para tempos de
construção estabelecidos
2.2.1.5.Outras técnicas não convencionais
21
2.2.2.Reforço
2.2.2.1.Colunas de Grava
As colunas de grava são perfurações verticais no terreno que se enchem no
sentido ascendente com brita introduzida mediante um vibrador, que vai
compactando o material colocado. O conceito de empregar inclusões granulares
no solo mole é relativamente antigo, sendo empregado pela primeira vez no ano
1836 pelo francês Burbach quem empregou este método para substituir pilotes de
madeira comumente usados em aquela época, mas que se degradavam
rapidamente em terrenos sometidos a flutuações do lençol freático.
Figura 2.4 Esquema de empleo de colunas de grava (CEDEX, 2005)
2.2.2.2.Colunas de Concreto Vibrado
A técnica de colunas de concreto vibrado (VCCs) consiste na construção de
colunas de concreto in situ, densificando solos granulares e transfere as cargas
através de solos moles e solos orgânicos. Este método es usado para reduzir
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recalques, para incrementar a capacidade de carga, incrementar a estabilidade de
taludes, e como alternativa para estaqueamento.
Durante a elaboração dos VCCs devem ser considerados parâmetros
importantes para o monitoramento e documentação da execução destes métodos
tais parâmetros são: localização, profundidade, verticalidade, pressão de injeção e
qualidade de concreto.
2.2.2.3.Áncoras
Ancoragem é uma técnica in situ para reforçar, estabilizar e reter escavações
e cortes profundos a traves da introdução de inclusões relativamente pequenas
(usualmente barras de aço) dentro do maciço do solo. Esta técnica foi usada por
quatro décadas na Europa e mais recentemente nos Estados Unidos.
As ancoras são desenhadas para dar ao solo uma aparente coesão pela
transferência de forças tensionais resistentes geradas nas inclusões dentro do solo.
Iteração friccional entre o solo e as inclusões de aço restringem o movimento do
solo. O objetivo principal do método é assegurar que a iteração solo-inclusão seja
efetivamente mobilizada para restringir os deslocamentos do solo.
2.2.2.4.Compensation Grouting
A técnica de compensation grouting, também conhecida como “fracture
grouting” consiste na hidrofraturação deliberada do terreno mediante a injeção de
grout sob pressão, onde o grout é forçado a escoar a através das fraturas do solo
geradas pela injeção junto às possíveis fissuras naturais existentes, causando
assim, uma expansão do grout que controla o recalque produzido pelo peso da
fundação (Hussin, 2006 e Bezuijen, 2010) (Figura 2.5).
Estas descontinuidades e fissuras se produzem na direção mínima de
resistência, na qual em teoria seria a direção da tensão principal maior. Para solos
normalmente consolidados a tensão vertical é maior que a tensão horizontal,
portanto, as fraturas são inicialmente orientadas na direção vertical. Na prática,
estas direções são controladas pela anisotropia do terreno (Essler et al., 2000).
23
Figura 2.5 – Compensation grouting: (a) esquematização da técnica, (b) implementação
em campo. (Fonte: Hussin, 2006).
Desde que o solo é naturalmente um sistema fraturado, esta técnica pode ser
executada em qualquer tipo de solo (Hussin, 2006). No entanto, esta técnica tem
sido geralmente associada a uma imagem comercial de sua aplicação em solos
finos, na qual não seria possível a aplicação de tecnologias favoráveis como as
técnicas permeation ou jet-grouting (Essler et al., 2000).
O objetivo principal de todas as técnicas de grouting (permeation grouting,
jet grouting e compaction grouting) esta baseado no aumento da resistência do
terreno. No entanto, o objetivo da técnica de compensation grouting consiste no
levantamento do solo em tratamento, principalmente, por se tratar de uma técnica
de melhoramento localizada.
Esta técnica é utilizada para reduzir ou eliminar recalques prévios em
estruturas, ou prevenir recalques durante a construção de revestimentos de túneis
ou qualquer atividade construtiva dentro do subsolo. Também, pode ser utilizada
como método de reforço em terrenos com potencial de liquefação. Esslet et al.
(2000) reportaram aplicações desta técnica durante a construções subterrâneas
para a prevenção de recalques como o projeto do túnel St. Clair River no Canadá,
no prolongamento da Jubilee Line do metropolitano de Londres, e no projeto do
sistema de metrô Docklands Light Railway em Londres onde esta técnica se
aplicou para solos arenosos com pedregulho.
24
2.2.3.Fixação
2.2.3.1.Permeation Grouting
Esta técnica consiste na injeção de grout de baixa viscosidade através dos
poros (ou vazios) do solo fofo em tratamento sem alterar sua estrutura. A técnica é
geralmente utilizada pare reduzir a permeabilidade do terreno e controlar o fluxo
da água, mas também pode ser efetuado para aumentar a resistência do solo em
tratamento. A figura 2.6 mostra uma esquematização do uso desta técnica.
A eficiência desta técnica foi analisada por Dayakar et al. (2012) variando a
radiologia do grout para diferentes relações de água:cimento para um corpo de
prova de areia fofa, concluindo que com um incremento no teor de cimento,
incrementa-se a capacidade de resistência em um solo arenoso.
Figura 2.6 – Permeation grouting: (a) esquematização da técnica, (b) detalhe do
escoamento do grout através dos vazios do solo. (Fonte: Hussin, 2006 e Henriquez,
2007).
Nesta técnica o grout pode conter lamas de cimento fino ou soluções
químicas sendo a mais utilizada o silicato de sódio para o aumento da resistência
do solo. Excessivas pressões e taxas de injeção podem resultar no fraturamento do
solo, porém, recomenda-se que as pressões de injeção sejam mantidas em redor de
25% da pressão de fraturamento, determinada previamente em provas de campo
(Andrus e Chung, 1995).
O processo de injeção pode ser realizado mediante perfuração de um tubo
com revestimento (casing), expulsando-se o grout fluido a través da sua cavidade
25
inferior. Este processo se realiza extraindo o tubo em direção à superfície em
estágios de 0,3 a 0,9m. Adicionalmente, a injeção do grout também pode ser
realizada por meio do uso dos denominados “tubes à manchetes” (TAM) que são
tipicamente usados na técnica de compensation grouting, a ser abordada na
seguinte seção.
A aplicabilidade desta técnica é principalmente para solos permeáveis como
areias e pedregulhos com teores de silte menores a 18%, e de argila menores a
2%. A profundidade do lençol freático não é critica em solos que apresentam
drenagem livre, uma vez que a água é afastada conforme o grout é injetado
(Hussin, 2006).
Esta técnica tem sido utilizada com sucesso para controlar o fluxo da água,
estabilização de escavações em solos fofos, sustentação de fundações existentes, e
para prevenção sísmica de recalques devido à liquefação (Andrus e Chung, 1995).
De acordo com os autores, esta técnica foi empregada: a) na ribeira da ponte San
Lorenzo em Santa Cruz (Califórnia), na qual suas colunas da ponte apresentavam
recalques devido à erodibilidade do solo; b) na escola Roosevel em São Francisco
(Califórnia), onde o solo do terreno era muito fofo com teor de finos inferior a
5%.
2.2.3.2.Jet Grouting
A solução de jet grouting pode ser aplicável para todos os tipos de solo. Esta
técnica consiste na injeção de calda de cimento a altas pressões (de 20 a 40 MPa)
realizado no interior do terreno sem escavação prévia. A injeção da calda de
cimento é executada através de jatos horizontais, provenientes da transformação
de energia potencial de bombeamento da calda em energia cinética, que tem a
capacidade de desagregar a estrutura do terreno natural e assim misturar as
partículas do solo com a calda de cimento, proporcionando um material resultante
com melhores características mecânicas e de menor permeabilidade do que o
terreno original.
Esta técnica combina movimentos de rotação e de translação ascendente da
haste com os bicos jateadores, formando colunas cilíndricas de solo-cimento cujo
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diâmetro e resistência estão em função da característica do terreno e do método de
execução (TECNOGEO). A figura 2.7 apresenta um esquema geral desta técnica.
Figura 2.7 – Jet Grouting: (a) croqui esquemático da columa de Jet grouting e (b)
Implantação do equipamento. (Fonte: Hussin, 2006).
No mercado brasileiro existem três sistemas de execução desta técnica, os
quais são denominados como Simples (CCP), Duplo (JSG ou JG) e Triplo (CJG).
A seleção do tipo de sistema de injeção terá que ser o mais favorável levando em
consideração as características do terreno, o objetivo da intervenção, o prazo de
execução da obra e dos custos associados, podendo assim obter as características
desejadas proporcionando o melhor comportamento da coluna. Estes três sistemas
se definem a seguir (Hussin, 2006; Ribeiro, 2010 e TECNOGEO):
O CCP utiliza em seu bico de injeção apenas uma haste de aço para
jateamento da calda de cimento, sem o emprego de ar-comprimido,
formando, desta maneira, colunas de diâmetros menores. Neste processo,
uma haste dupla pode ser usada para maior cobertura, porém, sem o uso de
ar-comprimido (Figura 2.8a). Geralmente é utilizado na consolidação da
abóbada de túneis, na “impermeabilização” de solos e ancoragens.
No caso do JSG ou JG utilizam-se duas hastes coaxiais: a calda de cimento
circula pela vara interior a elevada pressão, enquanto o ar comprimido,
gerado por um compressor, passa pelo espaço anelar entre as duas varas,
obtendo-se desta forma colunas de diâmetros maiores do que aquelas
obtidas sem o emprego de ar comprimido (Figura 2.8b). Este sistema é
utilizado em estabilização de solos, painéis “impermeabilizantes” e reforço
de fundações.
Já no caso do CJG utilizam-se três hastes coaxiais (água, ar-comprimido e
grout), e dois bicos jateadores. No bico jateador superior injeta-se água a
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pressões elevadas, envolvida por ar-comprimido, e no bico jateador inferior
injeta-se a calda de cimento a pressões relativamente mais baixas, obtendo-
se colunas de grande diâmetro (até 3 m) (Figura 2.8c).
Este método tem como principio básico a separação da duas ações, tanto de
erosão (resultante do jato de água e ar-comprimido) quanto de preenchimento (ou
mistura) da calda de cimento com o solo desagregado. Cada jato apresenta uma
função distinta neste sistema:
Jato de água. – É utilizado para erodir a estrutura do terreno.
Jato de ar. – É injetado através do mesmo bico de injeção de água para
aumentar o efeito de erosão do jato de água.
Jato de cimento. – É injetado através de um segundo bico posicionado
abaixo do bico de água e ar-comprimido, o qual se mistura com o terreno
que permanece na cavidade após a passagem do jato de água e ar-
comprimido, dando origem a um corpo solidificado.
Em geral, esta técnica se utiliza geralmente em reforço de
fundações/escavações, para a diminuição da permeabilidade e na estabilização dos
solos. Este processo, pelo elevado custo da bomba, é raramente empregado no
Brasil (TECNOGEO).
Figura 2.8 – Esquema dos três hastes existentes para a aplicação da técnica de jet-
grouting: (a) Simples (CCP), (b) Duplo (JSG ou JG) e (c) Triplo (CJG). (Fonte: Roberto,
2012).
Devido a que esta técnica está baseada no fenômeno de erosão, a
erodibilidade do solo cumpre um role importante na obtenção geométrica da
mistura resultante e na qualidade desta técnica. Os solos granulares são mais
28
erodíveis do que as argilas plásticas, e, portanto, esta técnica é mais efetiva em
solos granulares do que nas argilas plásticas. Desde que o solo é um componente
da mistura final, o solo também afeta na resistência da mistura final solo-cimento,
denominado como “soilcrete” (Hussin, 2006). Entretanto, para solos orgânicos e
turfosos ou solos contaminados, o uso desta técnica pode ser um problema, uma
vez que podem apresentar ácidos em sua composição, o que pode dificultar a
reação do cimento injetado com os solos naturais causando baixas resistências
(Nogueira, 2010).
Pereira (2008) descreve uma aplicação deste sistema como reforço em
escavação de túnel para a construção da estação Cais do Sodré em Lisboa. Andrus
e Chung (1995) apresentaram casos de aplicações para a mitigação do potencial
de liquefação no prédio Charleston (South Carolina), na estrutura da planta de
Energia em Sacramento (California) e na estação do Metro em Taipei (Taiwan),
que estão construídos sobre solos arenosos com suscetibilidade a liquefação. A
seguir, apresentam-se os vários campos de aplicação desta técnica (Figura 2X.).
Figura 2.9 – Utilização da técnica de Jet Grouting: (a) Estabilização de taludes, (b)
Reforço de fundações, (c) Aplicação sub-horitontal no reforço em escavação de tuneis, e
(d) Cortina de estanqueidade em fundações de barragens. (Fonte: Roberto, 2012).
29
2.2.3.3.Soil Mixing
2.3.Fundamentos teóricos do fenômeno de Adensamento
2.3.1.Teoria de Biot (1941)
2.3.2.Adensamento Unidimensional
2.3.3.Adensamento Tridimensional
2.3.4.Efeito Mandel-Cryer
2.3.5.Adensamento Radial para Drenos Verticais
Au et al. (2003) avaliou a eficiência desta técnica em argila na condição não
drenada por meio de testes de injeção no laboratório para examinar as
propriedades do grout e os efeitos de adensamento. Os testes demostraram que a
eficiência desta técnica diminui dramaticamente em solos normalmente adensados
devido ao extensivo cisalhamento durante a injeção. Enquanto ao efeito do
escoamento, verificou-se maior eficiência desta técnica quando não existe
escoamento do grout dentro do solo. Também se efetuou testes de re-injeção de
grout e se concluiu que re-injeções de grout por estágios não é efetivo devido aos
efeitos extra de adensamento. Finalmente, demostrou-se que a máxima eficiência
desta técnica está quando as injeções de grout ficam os mais próximas possíveis.
30
3Modelagem Numérica
O uso da técnica compaction grouting em argilas esta limitada ao uso
combinado de drenos verticais devido à alta compressibilidade dos mesmos assim
como o desenvolvimento de poropressoes elevadas nas regiões muito próximas
aos bulbos o que pode levar facilmente a ruptura do solo. Quando o bulbo é
injetado ocorre uma seria de temáticas relacionadas tanto à resposta do solo como
ao processo de injeção, atualmente não existe nenhuma metodologia que possa
abordar todos os fenômenos envolvidos no processo da aplicação da técnica pelo
que, com o propósito de modelar esta técnica, devem-se estabelecer hipóteses
simplificadoras no que diz da geometria assim como das condições de fronteira.
Neste capitulo são descritas as analises numéricas efetuadas com a
finalidade de construir um modelo numérico consistente que permita desenvolver
as hipóteses simplificadas assumidas retratando os principais fenômenos
envolvidos na aplicação do método de melhoramento dos solos argilosos com o
uso de bulbos de grout e drenos verticais.
Para tal fim foi realizada a modelagem dos modelos envolvidos no processo
de adensamento vertical, radial e combinado (deformação plana e axissimétrico)
assim como no uso de drenos verticais, considerando os efeitos das condições de
contorno bem como a resposta do modelo constitutivo escolhido.
3.1.Modelos Constitutivos
Com o propósito de validar as soluções analíticas existentes que abordam o
fenômeno de adensamento vertical, radial e combinado, foram realizadas
modelagens assumindo que o solo tem um comportamento elástico-linear, esta
primeira abordagem é de simples compreensão e permite aferir a qualidade dos
modelos feitos para a representação da realidade. Outra vantagem de realizar estas
modelagens é que para as mesmas condições de contorno os resultados deverão
coincidir com os resultados fornecidos pelas soluções analíticas.
31
Uma vez aferidas as soluções existentes com os modelos individuais
propostos, se realizara a modelagem real do problema utilizando o modelo
constitutivo soft soil, disponível no programa plaxis 2D AE.
3.1.1.Modelo Elástico
3.1.2.Modelo Soft Soil
3.2.Geometria dos modelos e Condições de Fronteira
No âmbito deste trabalho, foram realizados vários modelos de calculo com o
propósito de comportar os fenômenos existentes envolvidos na aplicação da
técnica, pelo que foram feitas hipóteses simplificadoras para simular um estrato de
argila de espessura variável, submetido à aplicação de injeções de grout assim
como com o uso de drenos verticais.
Excetuando os casos em que se realizam complicados analises numéricos
que envolvem a geometria real do problema, em geral, é muito custoso realizar
uma analise que considere todas e cada uma das columas de grout a ser injetadas
assim como os drenos verticais a ser utilizados, as colunas de grout são de
pequeno tamanho quando comparadas com as dimensões totais do problema, pelo
que requereriam de um complexo analise em três dimensões.
Normalmente se realizam varias hipóteses para poder passar do estudo
global a um estudo mais simples, existem evidencias em estudos similares porem
com outros materiais da conversão do solo tratado com colunas de grava num solo
homogêneo com características melhoradas (Schweiger, 1989). Outra opção seria
converter as colunas de grout em trincheiras longitudinais para passar do
problema tridimensional a um problema em deformação plana. Finalmente uma
opção interessante a ser utilizada é estudar o problema em duas dimensões com
uma única coluna de grout e o solo circundante em simetria axial. Estas duas
transformações também são habituais em drenos verticais.
Em todos os modelos realizados a malha é composta por elementos finitos
de 15 nos, podendo ser refinada dependo da geometria dos elementos a ser
32
considerados, por outro lado as condições de carregamento são aplicadas em
condições de confinamento lateral, garantindo assim apenas a ocorrência de
deformações verticais
3.2.1.Adensamento Vertical
Foi analisado um estrato com espessura igual a 1m e largura de 1m pois as
condições de borda não permitem que o estrato se deforme horizontalmente, que
representa um ensaio edométrico ou, se se pensar em grande escala, o mesmo que
simular um estrato submetido a carregamento de grandes dimensões.
Consequentemente, nos casos em que se estuda o adensamento puramente vertical
é Independiente a escolha do estado plano de deformação ou de axissimetria.
3.2.2.Adensamento Radial com condição de Fronteira drain
Este modelo é usado para simular o adensamento puramente radial, tendo
como variáveis que influenciam este modelo primeiramente o raio de influencia
do dreno assim como a largura do modelo a ser considerado. A espessura da
camada apenas influencia nos modelos em que a rigidez varia com a
profundidade.
Com a finalidade de representar o dreno recorre-se, neste modelo ao uso da
condição de fronteira drain, que simula um contorno drenante que permite o
escoamento da água e em que o excesso de poropressao é nulo. Para garantir que
o adensamento seja puramente radial todas as restantes fronteiras são consideradas
fechadas, tanto nas condições de fluxo como nas condições de adensamento.
Para garantir que os deslocamentos verticais na fronteria superior sejam
iguais, é colocada uma placa de rigidez muito elevada, isto é feito para que as
condições de contorno sejam idênticas às hipóteses da solução de Barron (1948).
As analises realizadas neste modelo foram feitas em condições de
axissimetria, pelo que apenas a metade do domínio necessita ser modelado, é por
isso que a dimensão representada na horizontal é o raio e não o diâmetro. O eixo
de simetria coincide com o contorno lateral esquerdo.
As disposições referidas acima são apresentadas na figura 3.1
33
Figura 3.1 Configuracao Geometrica do modelo com condicao de contorno
drain
3.2.3.Adensamento Radial com dreno de material solo
À semelhança do modelo anterior, este modelo pretende simular o
adensamento puramente radial, mas a grande diferencia reside que neste modelo
se materializa o dreno com um material com um coeficiente de permeabilidade
muito superior à da argila correspondente a uma areia ou cascalho. As demais
condições de contorno são iguais ao modelo anterior.
Tendo em vista que uma diferença de rigidezes faria com que se produzam
transferências de tensões no dreno materializado o que complicaria a analise assim
como o entendimento dos fenômenos envolvidos, pelo que se usara os mesmos
parâmetros da argila, mas diferindo apenas na permeabilidade.
Dentro do calculo dos excessos de poropressao desenvolvidos no modelo
com dreno de raio variável, foram desenvolvidas algumas combinações para
determinar a variação do raio do dreno no processo de adensamento puramente
radial.
Espe
ssur
a da
cél
ula
unitá
ria =
2m
Axisymmetric Axis
Periferia da célula
(Contorno Impermeável)
Base da célula (Contorno
Impermeável)
Placa RigidaCondição
de contorno tipo drain
Raio da célula unitária = 2m
Clay layer
Topo da célula(Contorno
Impermeável)
50 kN
34
Figura 3.2 Configuracao Geometrica do modelo com dreno materializado
de solo.
3.2.4.Adensamento Radial combinada com condição de fronteira drain
3.2.5.Adensamento Radial combinada com dreno de material solo
3.3.Materiais
Os parâmetros geotécnicos adotados para o solo argiloso, são apresentados
na tabela 3.1 e correspondem em geral a valores típicos de argilas normalmente
consolidadas. Nos modelos em que se usa dreno de material solo os parâmetros
considerados são iguais à argila, mudando-se unicamente a permeabilidade,
querendo com isto eliminar qualquer eventual efeito de transferência de tensões
que poderia ocorrer se o dreno apresentasse uma rigidez superior ao do solo
considerado.
Espe
ssur
a da
cél
ula
unitá
ria =
2m
Axisymmetric Axis
Periferia da célula
(Contorno Impermeável)
Base da célula (Contorno
Impermeável)
Placa Rigida
Dreno de solo
Raio da célula unitária = 2m
Clay layer
Topo da célula(Contorno
Impermeável)
50 kN
rw = 0,2m
35
Tabela 3.1 – Parâmetros geotécnicos dos materiais empreguem.
Parâmetro Unidade Argila Mole Dreno
General
Modelo - Elástico Linear Soft Soil Elástico Linear
γunsat KN/m3 15 15 15
γsat KN/m3 17 17 17
eini - 1,40 1,40 1.40
ky m/s 1E-9 1E-9 1E-1
kx m/s 1E-9 1E-9 1E-1
Parâmetros dos modelos
Eref’ KN/m2 543.20 - 543.20
Cc KN/m2 - 0.6 -
CS KN/m2 - 0.08 -
λ KN/m2 - - -
κ - - - -
cref’ KN/m2 - 1 -
ϕ' ° - 26 -
ν' - 0,3 - 0,3
3.4. Fases de Carregamento
A simulação do carregamento do solo é dividida nas seguintes fases,
primeiro é aplicado um incremento de tensão vertical igual a 50 kPa em condições
drenadas, esta fase é aplicada num intervalo de tempo instantâneo (t=0) para os
dois materiais a analisar. Na segunda fase é aplicado um novo carregamento de 50
kPa (tensão total aplicada à superfície igual a 100 kPa) num intervalo de tempo
zero e em condições não drenadas. A terceira fase e as subsequentes são fases de
adensamento, sendo apenas aplicado o tempo.
70
4Analise de Resultados
4.1.Introdução
Neste capitulo são apresentados os resultados das modelagens realizadas,
com a finalidade de compreender como os modelos estudados influenciam a
previsão do fenômeno de adensamento de maneira individual comparando-as com
as soluciones teóricas (Terzaghi, Barron). As analises foram realizadas de forma
sequencial. Primeiro analisou-se o adensamento vertical, depois a radial e por
ultimo a combinada.
4.2. Adensamento Vertical
Neste analise de adensamento vertical foi considerado a evolução de três
parâmetros ao longo do tempo, nomeadamente o excesso de pressão intersticial na
base da camada e o grau médio de adensamento.
71
4.3.Adensamento Radial
As análises numéricas realizadas para este modelo são dividas em dois sub-
capitulos. No primeiro, analisam-se somente os modelos usando o modelo
constitutivo linear elástico, verificando-se a influencia das variáveis envolvidas
tanto de geometria como das condições de contorno. No segundo, analisam-se as
implicações do adensamento considerando a não linearidade dos solos com a
utilização do modelo soft soil.
Todos os modelos realizados para o analise do adensamento radial
apresentam uma placa com elevada rigidez para garantir a ocorrência de iguais
deformações na superfície livre do solo com o propósito de compara-os com a
teoria de Barron (deformação vertical uniforme).
4.3.1. Análise de Modelos Elásticos
Neste estudo foram considerados os seguintes aspectos:
Resposta à aplicabilidade da condição de contorno drain como
elemento representativo de drenos verticais.
Resposta da modelagem de drenos verticais utilizando material
permeável e considerando a influencia do raio.
Implicações do raio de influencia.
Com o objetivo de verificar a aplicabilidade da condição de contorno drain
como um elemento dreno, foram realizadas modelagens verificando a
concordância com as soluções analíticas para diferentes valores de n (solução de
Barron).
Os resultados podem se resumir na figura XXX onde pode-se verificar que
conforme aumentam os valores de n começando com valores para n=10 até
n=5000 a solução obtida numericamente tende a se ajustar a valores muito
elevados de n, cociente do raio de influencia da célula unitária dividido entre o
raio do dreno, considerados para a modelagem do modelo.
Isto pode estar associado a que a condição de contorno drain não tem
nenhum significado geométrico e não representa nenhum efeito de escala.
72
Por outro lado com o objetivo de estudar a influencia da permeabilidade do
dreno, foram modeladas um conjunto de situações idênticas, mas variando
unicamente a permeabilidade do material dreno, as analises da figura xx se
referem às modelagens realizadas em axissimetria correspondentes a adensamento
puramente radial de uma columa de solo com 2m de raio, com um dreno de 0.2 de
raio de eixo. O material dreno foi modelado considerando uma permeabilidade
muito maior à camada de solo circundante, pudendo estabelecer o rango de
permeabilidades em que a solução numérica coincide com uma determinada
solução analítica. As soluções analíticas de 10 e 20 correspondem aos valores de
Barron.
Dos resultados da figura xx pode-se concluir que os modelos elásticos
coincidem com boa aproximação com os resultados analíticos de Barron para um
n=10, para todas as modelagens exceto quando a permeabilidade do dreno toma o
valor de 1E-8 m/s. O fato de se variar a permeabilidade do solo não influencia o
processo de adensamento desde que a permeabilidade do dreno este dentro de um
rango de permeabilidades maior a K=1E-6 m/s.
73
4.3.2. Análise de Modelos em Soft Soil
4.4.Adensamento Combinado (radial + vertical)
74
4.4.1.Verificação da influência da base rígida na eficiência da técnica
4.5.Comparação da análise numérica com a solução analítica
4.6.Limitações da análise axissimétrica
Comparação da análise axissimétrica com um modelo 3D (para uma coluna de
injeção e várias colunas de injeção).
117
6Conclusões e Sugestões
119
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