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Título : Introdução ao pensamento científico sobre o social - 1° bimestre
Conteúdo :
1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração
Nesta unidade, temos como objetivo compreender os fundamentos sob os quais o capitalismo se desenvolveu na Europa a partir do século XVI. Para isso, vamos analisar dois movimentos intelectuais que levaram a mudança de mentalidade na época e propiciaram o desenvolvimento da sociedade moderna: o Renascimento e a Ilustração. Com a analise do pensamento de autores como Rousseau, Maquiavel e Comte, é possivel compreender as transformações sociais que culminaram com a formação do mundo moderno, capitalista, que é o que pretendemos analisar no decorrer deste curso.
A partir do século XV significativas mudanças ocorrem na Europa, que culminaram com a crise do sistema feudal. Inicia-se uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. O ser humano deixa de apenas explicar ou questionar racionalmente a natureza, para se preocupar com a questão de como utilizá-la melhor. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650).
O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé.
Thomas Morus (1478-1535) em A Utopia defende a igualdade e a concórdia. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e executam em rodízio os mesmos trabalhos.
Maquiavel em sua obra O Príncipe afirma que o destino da sociedade depende da ação dos governantes. Analisa as condições de fazer conquistas, reinar e manter o poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter no poder, separando a análise do exercício do poder da ética.
Segundo (COSTA: 2005,p.35) as idéias de Thomas Morus e Maquiavel expressam os valores de uma sociedade em mudança, portadora de uma visão laica* da sociedade e do poder.
Com a Ilustração*, as idéias de racionalidade e liberdade se convertem em valores supremos. A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser pautadas na liberdade contratual, no plano
político isto significa a livre escolha dos governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas concebiam a política como uma coletividade organizada e contratual. O poder passa a ser visto como uma construção lógica e jurídica.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirma que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade (COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de igualdade.
Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os direitos individuais e o respeito à propriedade. Defendia que os princípios de organização social fossem codificados em torna de uma Constituição.
Concluímos que a sociologia pré-científica é caracterizada por estudos sobre a vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005, p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das suas vontades”.
Questão:
O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido como o momento da ruptura entre o mundo medieval, com características de sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período emerge um novo pensamento social que tem por base:
a-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso, valorização da razão.
b-) Estímulo à atrividade agrária, rejeição do pensamento racional e valorização da igreja.
c-) Estímulo à vida coletiva, rejeição ao pensamento religioso e valorização das práticas consideradas mágicas.
d-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento racional e valorização da igreja.
e-) Estímulo a atividade manufatureira, rejeição ao pensamento científico e valorização do pensamento mágico.
Alternativa correta: A
2. O pensamento científico sobre o Social
A preocupação em conhecer e explicar os fenômenos sociais sempre foi uma preocupação da humanidade. Porém a explicação com base científica é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A Sociologia como ciência, surgiu no século XIX e significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e religiosas, Como afirma (COSTA: 2005, p.18).
“Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”.
Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Para este autor, o papel da Sociologia seria conhecer as leis sociais para poder prever os fenômenos e agir com eficácia. (QUINTANEIRO. 2007 p. 19); Em um contexto de grande desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, se inspirou no avanço dos conhecimentos sobre o corpo humano para traçar analogia entre o corpo humano e uma corpo social. Em sua análise compreendia a sociedade como um grande organismo, no qual cada parte possui uma função específica. e o bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão. Esta ideia é passível de ser exemplificada em nosso cotidiano se observamos as relações de trabalho em uma empresa, onde cada um depende do trabalho do outro e o bom funcionamento da organização é identificado na interrelação do trabalho de diferentes indivíduos.
Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos.
Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia.
O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si.
Questão:
O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais. Resultando assim:
a-) na possibilidade de se poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo;
b-) no tratamento das questões relativas à vida social, como temas do senso comum e não de interesse do cientista;
c-) na definição do objeto de estudo da Sociologia
d-) na criação de um vocabulário próprio com conceitos que designam aspectos precisos da vida social;
e-) numa indagação a respeito de como as sociedades devem se organizar para serem tão perfeitas quanto possível. Alternativa correta: A
Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005
Título : Tranformações do capitalismo no século XVIII - 1o. bimestre
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1. – Transformações sociais do século XVIII: Revolução Francesa
Nesta unidade nosso objetivo é compreender a maneira como o capitalismo
se afirmou como modo de organização social a partir do século XVIII. Para isso
recorreremos a análise das revoluções burguesas[1] pela capacidade de
provocar as mudanças que puseram fim ao sistema feudal. A importância
dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo
fim às monarquias absolutistas e contribuíram para a eliminação de barreiras
que impediam o livre desenvolvimento econômico.
As idéias propagadas pelo iluminismo, conduziram a crítica ao
pensamento teológico e o avanço do pensamento racional, contribuindo para
mudança dos costumes e do pensamento da época. Buscava-se transformar
não só o pensamento, mas a própria sociedade, criticando os fundamentos da
sociedade feudal. Autores como Rousseau, Montesquieu procuravam mostrar
como a sociedade feudal era injusta e irracional, impedindo o exercício da
liberdade humana.
No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os
privilégios da nobreza, que não pagava impostos e possuía o direito de receber
tributos, em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia
também se opunha ao regime monárquico, pois este, não permitia a livre
constituição de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses
econômicos.
Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade
e da liberdade, a burguesia toma o poder e passou a atuar contra os
fundamentos da sociedade feudal. Procura organizar o Estado de forma
independente do poder religioso e promove profundas inovações na área
econômica ao criarem medidas para favorecer o desenvolvimento de empresas
capitalistas. Dentre as mudanças significativas impostas pela Revolução
Francesa, vale destacar a promulgação de uma legislação que limitava o poder
da família,proibindo os abusos da autoridade paterna. Os bens da Igreja foram
confiscados e a educação deixa de ser controlada pela Igreja e se torna
obrigação do Estado.
As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas
medidas da burguesia, que proibiram as manifestações populares e os
movimentos contestatórios passam a ser reprimidos com violência.
Questão:
Podemos dizer que a Revolução Francesa (1789) foi um fato histórico crucial para o desenvolvimento e consolidação do mundo moderno, tendo em vista que:
a) Teve como principal conseqüência a centralização do poder da igreja católica, que terminou firmando-se como a principal instituição responsável pelo controle do poder político, antes muito diluído entre as famílias nobres que governavam a Europa.
b) Criou condições para a separação definitiva, no mundo ocidental, entre Estado (política) e Igreja (religião), de modo que os fatos políticos passaram a ser entendidos como fenômenos sociais definidos pelo jogo de forças entre indivíduos e grupos que formam uma dada sociedade. Em outras palavras, consolidou a política como ação livre de qualquer tipo de influência mágica ou mística, seja na condução e sentido dos acontecimentos, seja na legitimação do poder.
c) Criou as condições de florescimento da moderna indústria, tendo em vista que, pela primeira vez na história, combinou-se, no ambiente de trabalho, emprego de tecnologia (máquinas) e organização racional dos trabalhadores no processo fabril.
d) Abriu espaço para uma série de movimentos de caráter conservador, que buscavam a restauração dos princípios da sociedade feudal
e) Foi responsável pela consolidação de uma nova forma de governo, conhecido como monarquia constitucional, em que a figura do rei perdeu poder de decisão política e, em seu lugar, entrou a figura do primeiro-ministro.
Alternativa correta: B
2. Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial
A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e enriquecer.
Desde modo, a revolução industrial constitui uma autêntica revolução
social que se manifestou por transformações profundas na estrutura
institucional, cultural, política e social.
O desenvolvimento de técnicas leva os empresários a incrementar o
processo produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto leva os empresários a se
interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção,
visando produzir mais com menos gente. A relação de classes que passa a
existir entre a burguesia e os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que
permite inferir que a liberdade econômica e a democracia política – temos o
trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o empresário livre para
empregar quem desejar.(MEKSENAS:1991, p. 47) , ela significou uma
profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem.
Aspectos importantes da Revolução Industrial
1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde
predomina uma intensa divisão do trabalho.
2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias.
3. Concentração da produção industrial em centros urbanos.
4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário
A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo
para cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações
sociais. Formam-se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do
desenvolvimento do capitalismo: a miserabilidade.
No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As
fábricas não possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram
submetidos à jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas
fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de 5 anos atuando na linha
de produção. Quanto aos homens, amargavam a condição de desemprego.
Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros:
aumento da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade,
violência, doenças epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada.
Por fim, é preciso esclarecer que os problemas acima expostos são típicos da sociedade capitalista. Tornando a vida em sociedade altamente complexa, por isso precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade.
Questão:
Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial:
a-) O decréscimo da população urbana, que era explorada no penoso trabalho da indústria.
b-) A humanização imediata das relações de trabalho, principalmente no que se refere a salários, condições de higiene e jornada de trabalho.
c-) O crescente controle por parte do operário do conjunto do processo produtivo, impedindo a fragmentação do saber e a alienação.
d-) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série.
e-) Fim da exploração dos operários urbanos e o nascimento das ideias socialistas.
Alternativa correta: D
Título : As principais contribuições teóricas das Ciências Sociais - 1o. bimestre
Conteúdo :
1. As contribuições de Émile Durkheim e Max Weber
O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas
das Ciências Sociais para a compreensão da sociedade moderna. É importante
compreender como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados
para estudar os fenômenos contemporâneos.
Outro elemento importante deste conteúdo é compreender que existem
diferentes princípios explicativos para a sociedade capitalista, evidenciando o
grau de complexidade do mundo moderno.
Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram
concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se
afirmar que qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação
clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados destes
modelos.
Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo,
pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no
organismo, em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo
se mantenha saudável, na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua
função, do contrário a sociedade ficará doente, ou seja, entrará num estado
patológico.
Durkheim desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão da vida
social como: fatos sociais, que podem ser normais ou patológicos; coerção
social; solidariedade mecânica e orgânica. A importância da obra de Durkheim
é identificar como o social se sobrepõe ao individual restringindo a
possibilidade de exercício da liberdade.
Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como
a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia
suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe
parecia à expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental,
porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a
excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a
deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais do indivíduo.
Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas
gerados pelo capitalismo. Além disso, Max Weber volta sua reflexão para a
análise das subjetividades humanas analisando a importância do
protestantismo no desenvolvimento da sociedade capitalista.
Questão:
Leia com atenção a frase a seguir: "Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02) A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida:A A sociedade moderna nasceu sob o princípio da liberdade e da individualidade, por isso é garantido em todas as instâncias da vida, a livre expressão de idéias e ações.B Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir.C Existe o domínio do individual sobre o social tendo em vista que a sociedade é constituída de indivíduos livres e soberanos.D Existe uma imposição do social sobre o individual porque a democracia ainda não se manifesta como um valor universal.E Existe uma imposição do individual sobre o social pois ainda existem ditadores em vários países do mundo.
Alternativa correta: B
2. A contribuição teórica de Karl Marx
Karl Marx (1818-1883) é um pensador que exerceu grande influência sobre os
movimentos políticos do século XX. O conjunto de sua obra guarda atualidade
pela crítica que faz ao modo de organização social do mundo moderno.
Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o
gérmen da sua própria destruição. A história dos sistemas e modos de
produção é uma constante superação do velho pelo novo, segundo ele o
declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os
indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu
funcionamento.
Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos esse processo
produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre
a outra. Por esse motivo Marx cunhou uma frase que se tornou famosa: “A
história da humanidade é a história da luta de classes”.
O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx no princípio do
capitalismo se dá da mesma maneira atualmente. O trabalho do proletário
(mão-de-obra assalariada) engrossa o lucro da burguesia (industriais que
investem na produção) a medida que o trabalhador nunca ganha o salário
condizente com a sua produtividade, os salários são sempre mantidos o mais
baixos possível. Uma forma de manter os salários baixos é a existência do
desemprego e a tecnologia que gradativamente vai tomando conta dos
processos produtivos, desta maneira há sempre mais profissionais procurando
emprego do que cargos à disposição.
A análise da obra de Karl Marx é fundamental para a compreensão das
desigualdades sociais, um dos problemas centrais do mundo contemporâneo
pois mostra como a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela
classe dominate.
Karl Marx desenvolveu conceitos importantes como ideologia, concebida como
um sistema de inversão da realidade, em que as ideais da classe dominante
aparecem como as ideias dominantes de uma época. Para ele, a ideologia
burguesa tem como objetivo fazer com que as pessoas não percebam que a
sociedade é dividida em classes sociais, atuando para a manutenção das
estruturas sociais.
Desenvolveu o conceito de alienação que faz com que o trabalhador perca a
consciência da sua realidade concreta, não se percebendo como o verdadeiro
produtor das riquezas. O trabalhador passa a ser controlado externamente,
pelo seu patrão, que determina o seu salário, a sua jornada. A alienação
política, que significa que o trabalhador não se vê como agente capaz de
intervir nos rumos políticos da sociedade.
Conceitos como ideologia e alienação possibilitam a compreensão das razões
pelas quais os oprimidos não se rebelam contra o sistema, pois o sistema de
dominação e introjetado na suas cabeças, que passam a ver com naturalidade
a desigualdade e a opressão, dificultando os processos de transformação
social.
Questão:
Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma grande comtribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é:
A a condição que o ser humano alcança quando vive em razão do dinheiro, condição análoga a de um viciado. B a visão utópica da vida em sociedade C a implantação do comunismo, como solução para uma sociedade justa e igualitária. D um distúrbio mental ocasionado pelos altos índices de produtos nocivos à saúde das pessoas que trabalhavam nas indústrias sustentadas pelo capitalismo. E a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista
Alternativa correta: E
Título : A formação da sociedade capitalista no Brasil - 1º bimestre
Conteúdo :
1. A formação da sociedade capitalista no Brasil
O objetivo desta unidade é refletir sobre a maneira como o
Brasil foi inserido no mundo capitalista, e a partir daí , identificar as
causas da dependência externa.
A sociedade brasileira se formou a partir do processo de
expansão do capitalismo europeu a partir do século XV. No início
todas as relações comerciais eram voltadas para a metrópole e aqui
se mantinha relações sociais baseadas na escravidão.
Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre. Com o ciclo do café, outras atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas
Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve ligado
ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo.
O processo de industrialização teve início com a introdução do trabalho livre e
com o grande surto migratório que o país viveu no século XIX, que gerou um mercado
consumidor de produtos industriais.
Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como os negócios do café se organizaram,
possibilitou a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os fazendeiros. Pois o
capital acumulado no café era utilizado na diversificação das atividades econômicas.
Desde modo, o capital acumulado com a venda do café era investido em outra atividade
que possibilitasse a obtenção de lucro.
Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais no
Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984 p.117). Com a crise mundial
do início dos anos 30, a economia brasileira deixa de ser voltada para a exportação e se
apóia na interiorização e na industrialização. Porém, somente na década de 50, com a
chegada de um grande número de empresas estrangeiras, que buscam produzir para o
mercado externo, o desenvolvimento industrial ganha forte impulso.
Questão:
Em deterrminados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela exportação do café". Esta colocação está relacionada:A Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil, principalmente, a partir do início do século XX.B Ao processo de globalização da economia brasileira, iniciado após a industrialização da década de 50.C Ao momento gerado pela 2a. Guerra Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário nacional.D Ao processo de desenvolvimento da agricultura brasileira que sempre possuiu características de desenvolvimento capitalista.E Ao processo de industrialização atual, incentivado pelas exigências da globalização da economia.
Alternativa correta: A
2. O capitalismo dependente
O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às potências
estrangeiras pode ser compreendido a partir da análise do modelo de desenvolvimento
industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria de bens de consumo em
detrimento na indústria de bens de capital.
Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência estrangeira,
diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que optou por um modelo de
desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de
capital estrangeiro. [1]
Uma das mais importantes teorias explicativas para a dependência
estrangeira, surgiu no encontro de exilados de diversos regimes ditatoriais que
proliferavam na América Latina. Destaca-se nos estudos sobre a dependência,
a obra Dependência e desenvolvimento na América Latina de Fernando
Henrique Cardoso e Enzo Faletto. É a obra que teve maior repercussão das
Ciências Sociais em nível internacional.
A obra destaca a natureza política e social do desenvolvimento na
América Latina e trata das particularidades do desenvolvimento do capitalismo
na América Latina. A constituição social do povo brasileiro, que tem uma
burguesia nacional de origem agrária, colocou a burguesia internacional como
o principal agente do desenvolvimento capitalista brasileiro. Para não correr
os riscos inerentes ao empreendedorismo, a burguesia nacional optou por sua
aliança com o capital internacional e forte dependência do Estado.
A obra aponta a fragilidade do povo brasileiro, com uma elite que atua
como agente dependente do capitalismo internacional e do Estado. Quanto ao
povo, a ausência de uma consciência de classe (veja conteúdo sobre Karl
Marx) dada a situação inicial de um povo escravo e sem terra, atua como mero
figurante ou espectador nas principais decisões sobre os destinos do país.
Assim é exposta a fragilidade da sociedade civil, o povo age como massa e a
elite como agente dos interesses internacionais.
Por fim ,a obra nos permite compreender a dependência das elites
empresariais do Estado e do capilismo internacional e do povo como agente
passivo. Esta fragilidade da sociedade civil, contribuiu para o fortalecimento do
Estado, que assumiu entre nós a função centralizadora e agente patrocinador
do desenvolvimento econômico.
Questão:
ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da América Latina, adotaram um modelo de
desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por:A
Incorporar uma estratégia de orientação do desenvolvimento para fora, ou seja, em direção ao mercado internacional.
B
Praticar elevado grau de subsídios à exportação de produtos manufaturados com o objetivo de estimular
a produção interna destes bens.
C
Conceder elevados incentivos à exportação de insumos e produtos intermediários, como forma de estimular a produção doméstica de bens finais.
D
Utilizar barreiras comerciais para dificultar a importação de bens manufaturados e, conseqüentemente, estimular a produção interna destes bens.
E
Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria doméstica
Alternativa correta: E
4.3. Referências Bibliográficas
NOVAIS, Carlos E. Capitalismo para principiantes. 8ª. Ed. – São Paulo: Ática, 1984.
SINGER, Paul. formação da classe operária. 5ª ed. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.
VITA, Álvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo: Ática, 1989.