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Cidade Constitucional e a Capital da República: Relatório da Disciplina.
Por Anthony Calahani nº USP 7650401
Sumário1) Introdução....................................................................................................................................2
2) Partida..........................................................................................................................................2
3) Chegada.......................................................................................................................................3
4) Itamaraty......................................................................................................................................3
5) ESAF............................................................................................................................................3
6) Alvorada.......................................................................................................................................4
7) Desfile Cívico Militar...................................................................................................................4
8) ENAP – Escola Nacional de Administração Pública..............................................................4
9) CGU..............................................................................................................................................5
10) Catedral Metropolitana...........................................................................................................7
11) UNB- Universidade de Brasília.............................................................................................7
12) Bosque dos Constituintes......................................................................................................8
13) CEFOR...................................................................................................................................10
14) Visita Guiada Congresso Nacional – Casas e Plenários.................................................10
15) Ministério da Justiça.............................................................................................................10
16) Considerações Finais...........................................................................................................11
1) Introdução
A Cidade Constitucional é uma matéria do curso de Gestão de Politicas Publicas
da Escola de Artes, Ciencias e Humanidades da Universidade de São Paulo, qual
proporciona uma experiência ímpar ao graduando, realizando uma visita a Capital
da República, a cidade de Brasília.
Durante uma semana, a semana da pátria, os alunos visitarão orgãos federais dos
três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, afim de conhecer mais sobre a
estrutura geral dos orgãos, assim como seus programas atuais.
O projeto é idealizado e liderado professor Marcelo Nerling (GPP) juntamente com o
professor Douglas Andrade quais se empenharam e esforçaram para que a
execução acontecesse de maneira inesquecível à todos os envolvidos mesmo com
o cenário em que nebuloso em que a USP se encontra.
A Escola de Administração Fazendária (ESAF), coopera tecnicamente com o projeto
e oferece sua estrutura física para realização de atividades e alojamento dos alunos.
A seguir dissertarei em ordem cronológica sobre minha experiência com este
projeto, destacando os pontos mais impactantes.
2) PartidaA Partida deu se no dia 05/09 cerca das 20:00.
A experiência inicia-se na partida, a ansiedade dos graduandos pela experiência em
conjunto com a diversidade da geografia brasileira como cenário de viagem cria um
clima único.
3) Chegada A chegada deu se no dia 06/09 na Praça dos Três Poderes e nos preparamos e
dirigimos para a primeira visita, o Palácio do Itamaraty.
4) ItamaratyNossa primeira visita foi ao Ministério das Relações Exteriores, orgão da
administração direta que auxilia o governo a formular a politica exterior, manter
relacionamento diplomático com Estados estrangeiros assim como organismos
internacionais.
Fomos recebidos e guiados por uma funcionária local que nos contou um pouco
do histórico do Ministério, apresentou nos sua estrutura e as obras que nele se
encontrava, todas com um conteúdo histórico especifico e conceito individual.
Com arquiteura única, sua estrutura foi projetada e implementada por Oscar
Niemayer e inaugurado em 1970. O destaque fica por conta da disposição das
janelas, que dão vista total ao prédio situado em frente ao ministério, pregando o
conceito de transparência entre os poderes.
5) ESAF – Escola de Administração FazendáriaA seguir nos dirigimos à Escola de Administração Fazendária, para nos
alojarmos, jantarmos e recebermos as boas vindas e instruções sobre as atividades
da semana.
A ESAF é uma escola de aperfeiçoamento e capacitação do Ministério da
Fazenda, que atua como apoio técnico-acadêmico à administração direta. O Órgão
também se responsabiliza pela organização de concursos públicos da
Administração Federal.
A noite foi finalizada com as palavras do Professor Marcelo Nerling que reforçou
e incentivou o aproveitamento máximo daquela experiência e que a otimizemos em
termos acadêmicos e atitudinais.
6) AlvoradaNo dia 07/09 nos dirigimos ao Palácio da Alvorada, qual possui estrutura natural
e vista horizontal sem igual, para contemplarmos o nascer do Sol.
Tal experiência nos inspirou para o inicio daquela jornada, ampliando aquele
sentimento já construído durante o caminho.
7) Desfile Cívico Militar. O Desfile Cívico Militar de 07 de setembro, dia nacional da independência, é
famoso pela sua beleza e desempenho, sendo elogiado através de gerações,
naquele momento pudemos presenciar nossas forças armadas e escolas militares
atuando através da arte, com suas bandas marciais, ostentando seus uniformes e
equipamento logístico.
O tema do desfile focava-se na diversidade cultural do Brasil, resultado da
mistura de povos de diversas regiões do mundo. Blocos representando a herança
cultural da Itália, Japão, Estados Unidos entre outros, reforçava nossa identidade
multicultural;
O desfile, como de costume, contou com a presença da presidente Dilma
Rouseff, qual provocou alvoroço de militantes, fãs e simpatizantes da Chefe do
Executivo
8) ENAP – Escola Nacional de Administração Pública
A Palestra inicial ficou por conta de Paulo Marx, um dos diretores da escola e
Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental de carreira.
Neste momento houve uma quebra de paradigma para muitos alunos de
Gestão de Políticas Públicas, pois até então a carreira de EEPPG, almejada por
muitos, residia somente no subconsciente, projetando se num futuro um distante e
um tanto não palpavel no momento. O contato com um profissional desta carreira,
dissertando sobre sua experiência, motivou nos e aproximou nos do que pode ser o
futuro de muitos presentes ali.
Paulo Marx apresentou a Escola, cuja função é treinar e capacitar os
servidores recém chegados na carreira, assim como aqueles que à cada promoção,
frequentam a escola para passar por uma reciclagem e atualização.
Em seguida, Luiz Henrique conduziu nos apresentou o programa de cooperação
Internacional, dissertando sobre sua estrutura, países envolvidos e fluxos políticos
de atuação.
9) CGU – Controladoria Geral da UniãoO dia 09 iniciou se com as palestras que seriam ministradas na Controladoria
Geral da União, a CGU. Órgão de apoio a administração Federal, cuja missão é:
“Prevenir e combater a corrupção e aprimorar a gestão pública fortalecendo os
controle s internos, incrementar a transparência a ética e o controle social”. A CGU
atua em defesa do patrimônio público e Incremento da transparência da gestão por
conta disso o ciclo de palestras foi sobre combate a corrupção.
Foi-nos apresentado, por Henrique Rocha o “Observatório de Defesa Pública”,
unidade de produção de informação estratégica e monitoramento dos gastos
públicos.
O monitoramento levanta informações utilizadas para identificar riscos de fraude
e/ou mau uso dos recursos públicos. Alem de apoiar o processo de tomada se
decisão dos gestores públicos. Para efetividade destas atividades, a CGU conta
com uma equipe de auditores, especialistas de TI´s, advogados, além de técnicas
avançadas de tecnologia,
Seguimos para a segunda palestra, com Ronald da silva da qual foi abordado o
controle interno e o papel da CGU no aperfeiçoamento dos programas
governamentais.
Diante das questões levantadas e discutida a principal era: “Qual e o desafio do
controle interno no Brasil?”.
O sistema de controle interno que visa a avaliação da ação governamental e de
gestão dos administradores públicos,foi nos apresentado na seguinte estrutura:
Avaliação de execução de programas de governo
Avaliação de gestão
Orientação e capacitação
Ação investigativa
A terceira parte da palestra ficou por conta da temática da Cooperação jurídica
internacional.
Foi nos apresentado um contexto onde todas as convenções internacionais
destacam a necessidade de os países cooperarem entre si para medidas de
investigação e persecução dos atos a corrupção, de forma que o tema de também
ganha relevância no cenário internacional.
Dentre os temas abordados durante a palestra vale destacar:
Lei de conflito de interesses: 12.813/2013
Empresa Pro Ética: programa se prevenção à corrupção.
Lei de responsabilização de pessoas jurídicas: 12.846/2013
Diretoria de transparecia e controle social: monitoramento da sociedade
civil e acompanhamento do parceria do governo aberto.
E- SIC: portal de petição de informações
Na última parte do ciclo de palestras foi discutido o Acesso às informações e
arquivos públicos, cujo cenário atual de integração entre a política de arquivos e
política de transparência conta com baixa interação entre áreas de transparência e
de arquivos e baixa interação entre áreas de transparência e de arquivos.
Foi gratificante ver o empenho de órgãos em zelarem pela ética e bom uso dos
recursos público, criando mecanismos de apoio ao combate a corrupção. Porém é
triste constatar que estamos engatinhando neste processo ainda.
10)Catedral MetropolitanaEm seguida, após o almoço fizemos uma visita à Catedral Metropolitana de
Brasília, também projetada por Oscar Niemeyer, foi o primeiro monumento a ser
construído em na cidade. Sua estrutura interna e externa emociona e arranca
elogios até daqueles que não professam a fé cristã.
11)UNB- Universidade de BrasíliaDirigimo-nos a Universidade de Brasília onde fomos recebidos com muito
carinho pelo ex-reitor José Geraldo, que atualmente trabalha prestando assessoria
jurídica para movimentos sociais e projetos de extensão universitária da mesma
temática.
O atual trabalho de José Geraldo não é coincidência, sua expertese e
conhecimento sobre a temática ficou evidente na palestra ministrada, “O direito
achado na rua e nas instituições da cidade constitucional”.
O ex-reitor dissertou todo o contexto histórico dos movimentos das ruas desde
seu estado embrionário, até a grande explosão acontecida nas Manifestações de
Junho ano passado.
Assistir à essa palestra foi enriquecedor, é inspirador ver alguém que mesmo
com o passar do tempo continua a defender os ideais contidos em nossa
Constituição com fervor. Para nós jovens universitários ali presentes, que em sua
maioria está caminhando para a reta final da graduação é importante nos pautarmos
em pessoas como José Geraldo para seguir nossos caminhos sem nos
desapegarmos de nossos ideais.
Em seguida iniciaram se o ciclo de palestra do VII Seminário USP-MS – Políticas
públicas, saúde e esporte, onde especialistas do Ministério da Saúde e outros
especialistas, inclusive uma graduada de nossa estimada Escola de Artes Ciências
e Humanidades. Neste ciclo de palestra foi nos apresentado diversas políticas da
área da saúde em progresso, das quais aliam ás práticas esportivas, nutrição
balanceada, qualidade de vida, entre outros fatores, como itens de prioridades a
serem inseridos no cotidiano de nossa sociedade.
12)Bosque dos Constituintes
A quarta-feira dia 10/09, com certeza foi o dia mais marcante, não somente para
mim, mas para a maioria dos que integravam essa experiência da Cidade
Constitucional.
Nossa manhã iniciou-se numa reunião no Bosque dos Constituintes, ao lado da
Praça dos Três Poderes, o local é referência para conservação e sustentabilidade
ambiental, o lugar possui 20 espécies arbóreas foram selecionadas para compor
originalmente o Bosque dos Constituintes, que foi formado por 600 árvores. Quase
todas são nativas do Brasil. Existe ainda o grupo de árvores históricas e o de
árvores comemorativas, além de remeter à Assembleia Nacional Constituinte e
Constituição Federal de 88.
Diante deste contexto, fomos recepcionados por professes brasiliense e uma
equipe que nos serviu um coffee-break de qualidade, que juntamente com o
discurso inspirador dos professores preparou-nos para, talvez, o dia mais especial
da viagem.
Em sequência presenciamos o “VI Seminário USP - Comissão de Legislação
Participativa- Política, sistema e mecanismos de participação”, onde nos foi
apresentado às formas de participação da sociedade civil em projetos de lei,
ampliando assim a democracia governamental.
Neste momento, após as diversas palestras ministradas até então, ficava mais claro
o cenário democrático do Brasil. Palavras como, participação popular, combate a
corrupção, eficiência e eficácia, transversalidade, que até então eram apenas lidas
na literatura ligadas a ciências humanas, começam a se materializar nas Instituições
Públicas que zelam pelo interesse do povo, mostrando que essa uma realidade de
real democracia e de real representatividade pode estar mais próximo do que se
imagina, mesmo que estejamos caminhando à passos curtos para essa realidade.
O que nos aguardava, em sequência era a “Simulação do Trabalho das
Comissões” onde os alunos simularam a discussão na Câmara acerca de um
assunto de interesse público e tudo que à ele se conecta. O assunto era colocado
em pauta na sessão, presidida por dois parlamentares, representados por alunos e
as chapas parlamentares, também representadas por alunos, defendia seu parecer
à favor ou contra o tema em questão.
Os temas em pauta era a “Redução da Maioridade Penal” e “Audiência para
discussão sobre a legalização do uso recreativo/medicinal da maconha”, a sessão
foi presidida pela minha colega Gabriela Terentim e por mim.
Ser vice- presidente da sessão tornou a experiência mais gratificante ainda ,
podendo ter uma ótica acerca de ambos os pontos de vista e entender como
funciona toda a dinâmica nesta situação.
No meio da simulação, uma aluna ao defender a redução da maioridade penal,
emocionou-se ao relembrar o caso de um amigo que foi assassinado por um menor
de idade, sensibilizando todos no local. Esta situação nos faz refletir mais uma vez o
quão complexo é o cenário de tomada de decisão para aprovação um projeto de lei
ou implementação de políticas públicas, há inúmeros fatores que devem ser levados
em consideração pois essa decisão afetará a vida de muitos. Há quem defenda que
experiências pessoais não devem influenciar na tomada de decisão, visto que o
projeto de Lei ou política pública deve beneficiar de forma igualitária a sociedade,
evitando o apelo de interesses particulares de alguma camada social.
13)CEFORApós o almoço, nos dirigimos ao CEFOR, a escola de treinamento e capacitação
da Câmara, onde mais uma vez conhecemos a estrutura da escola, forma de
atuação, metodologias, didáticas, disponibilidade de cursos e qual o impacto dos
cursos nos processos parlamentares.
14)Visita Guiada Congresso Nacional – Casas e PlenáriosOutro ponto crucial da viagem foi a visita ao Congresso Nacional. O grupo
estava emanando uma energia ímpar, todas aquelas sessões e plenárias vistas pela
tela do televisor seriam visitadas naquele momento.
Fomos guiados inicialmente conhecendo setorialmente as estruturas do local, suas
obras de arte e seu contexto histórico.
Também visitamos as Casas e os Plenários.
No mesmo dia estava acontecendo uma sessão da qual se tratava uma CPI da
Petrobrás, qual causou euforia entre os alunos. Infelizmente a maioria não
conseguiu presenciar.
Mais tarde naquele dia encerramos a visita com uma palestra à respeito de Direitos
Humanos e Minorias.
15)Ministério da Justiça
No dia 11/09 visitamos o Ministério da Justiça onde foi ministradas palestras a
cerca das Políticas de Defesa do Consumidor e de Tráfico de Pessoas, temas
pertinentes ao cenário atual brasileiro, visto que aumento de poder de compra da
Classe C e com a era do e-commerce, que aproxima virtualmente o vendedor e o
comprador, abrem-se diversas brechas e surgem novos problemas com
necessidade de Regulação Estatal. Além disso dado ao contexto empresarial e
mercadológico atual são necessárias práticas sustentáveis para estabilidade do
fluxo como um todo.
O tráfico de pessoas é um tema que choca à todos, visto que ainda persiste tal
prática bárbara. A política apresentada focava na prevenção de tráfico dentro do
Brasil e o alinhamento para a prevenção do tráfico internacional, tanto endógeno,
quanto exógeno. Além da natureza polêmica do tema, o mesmo encontra-se em
voga devido a Copa do Mundo, que propicia um cenário sensível para tal prática.
Não podemos deixar de vincular os dois temas apresentados, uma vez que cada dia
mais surgem denúncias de grandes corporações que, para diminuir seus custos e
aumentar seu excedente, traficam pessoas para emprega-las em regime escravo,
ferindo totalmente a Constituição vigente. Se analisarmos em macro, vemos que as
políticas apresentadas cuidam de pontos chaves de um processo só.
16)Considerações Finais.
Na viagem de volta à São Paulo seguindo novamente por longas estradas
embelezadas pelo cerrado, refleti sobre a experiência como um todo e a primeira
conclusão foi a de concordância com uma frase dita pelo professor Marcelo Nerling,
qual ele definia o projeto como um privilégio único, uma experiência que deve ser
multiplicada em nossos respectivos munícipios e estados.
Ter desejo de cidadania e cobrar direitos e cumprir deveres da maneira que nos
é teorizado, não que seja tarefa fácil, porém, como vivenciado na viagem, é um
caminho de passos curtos e demorados, que aos poucos vai enraizando a vontade
de Constituição dentro de nós, até que então torna-se parte de nosso cotidiano,
como deve ser.
O que tornou a viagem mais impactante para mim e muitos colegas de curso é
ter vivenciado essa experiência no 4º ano de faculdade, período cheio de
incertezas, mudanças que mesmo que inconsciente gera ansiedade e medo. Poder
materializar muito do conteúdo visto em 4 anos de graduação é realizador.
Materialização que engloba desde conhecer Brasília, sentir que não é apenas um
postal distante, ou mesmo um ambiente virtual onde os membros dos Três Poderes
decidem o destino de uma nação sem que a mesma possa fazer algo a respeito.
Materialização por ver de perto os processos de planejamento, implementação e
avaliação de políticas públicas e de que forma os burocratas responsáveis por tais
processos agem e dialogam entre si.
A experiência com o grupo de alunos e professores fez me repensar o conceito de
sociedade, onde muitas vezes esquecemos ou mesmo ignoramos o direito alheio,
as fragilidades e a diversidade que está inserida em nosso meio, simplesmente por
seguir fluxos padronizados que não permitem essa reflexão, além de respeitar mais
a função social de cada membro de nossa sociedade, qual em conjunto construímos
uma nação.