Download - Carta Programa: Compor e Ouvir
Sumário
1. Nós temos que unir, compor e ouvir! 2. A conjuntura nacional e o DCE da USP 3. Projeto para Universidade de São Paulo: popular, democrática e de excelência
3.1. A função social da Universidade 3.2. A importância da inclusão social 3.3. Equilíbrio no tripé universitário 3.4. Produção de soluções para os desafios da sociedade 3.5. Democracia na USP e a importância da representação discente 3.6. Orçamento, segurança, inclusão, infraestrutura e transportes: decisões coletivas no espaço universitário
4. Um Movimento Estudantil baseado na construção coletiva 4.1. Receptividade das opiniões diferentes e divergentes nos fóruns 4.2. Por um movimento que Componha e Ouça conjuntamente com os Centros Acadêmicos, Atléticas, coletivos de curso, grupos de pesquisa e de extensão 4.3. Sem preconceito racial, sem machismo, pela livre expressão de nossa sexualidade e amor 4.4. Articulação e colaboração entre os diversos campi
5. A reedificação do DCE Livre da USP 5.1. Compromisso com os interesses dos estudantes da USP 5.2. Modelo de gestão do DCE 5.3. Função integradora: política, cultura, festas e esportes 5.4. Finanças do DCE 5.5. Sede física do DCE 5.6. Diálogo com a comunidade USP 5.7. A importância do fomento acadêmico na excelência do ensino 6. Só muda quem pode, ouvir o som dessas vozes! Nota: cada sub-item da Carta Programa apresenta ao seu final as propostas concretas da Compor e Ouvir sobre o tema. No blog http://www.comporeouvir.org/ está publicado documento com a sistematização das propostas apresentadas ao longo desta carta-programa.
Nós temos que unir, compor e ouvir!
A eleição para o DCE Livre Alexandre Vanucchi Leme e para Representantes Discentes 2014 nos Conselhos centrais da USP é um momento de reflexão para o conjunto de
estudantes sobre os rumos da Universidade e do Movimento Estudantil. É o momento em que
debatemos como é possível, a partir da organização política dos estudantes, questionar e
intervir nos rumos da USP.
Acreditamos que os estudantes devem ser sujeitos ativos na construção da
Universidade, assim como os funcionários e professores. A vivência universitária não pode se
restringir a assistir aulas, porque a Universidade também é espaço para conviver, participar de
atividades culturais e artísticas, praticar esporte, debater política, produzir ciência e tecnologia,
conhecer gente, construir relações, entre outras coisas. Assim, é papel do Movimento
Estudantil intervir de forma propositiva, construindo e lutando por espaços mais democráticos e
com maior participação das três categorias, construindo um projeto de Universidade que
atenda às demandas de toda a comunidade universitária e também da sociedade.
Mas isso só será possível com um Movimento Estudantil que tenha como pilar a
construção radical de democracia interna e a busca pela participação massiva dos estudantes,
pois isso é o que garante a força para influenciar nos rumos da Universidade. Acreditamos que
é possível construir um Movimento Estudantil que paute demandas e obtenha vitórias
concretas, mas para isso é necessário mudar. O DCE deve estar próximo aos estudantes, em
contato direto com a base dos cursos, entendendo as realidades diversas, construindo
cotidianamente com os estudantes, que são aqueles que vivenciam a universidade e
experienciam todos os dias os seus problemas e deficiências. Para termos um Movimento
Estudantil massivo e com ampla participação, é necessária que a construção do movimento
seja de coletiva, com espaço para que os mais variados posicionamentos se expressem,
procurando construir sínteses entre opiniões divergentes.
Apenas um Movimento Estudantil fortalecido, que articule a representação discente e
todas as entidades estudantis (centros acadêmicos, diretórios acadêmicos, secretarias
acadêmicas, grupos de extensão, coletivos, atléticas, etc), poderá ser agente da mudança
necessária em nossa Universidade. Apenas um Movimento Estudantil que exista para além da
FFLCH, que abarque todos os cursos e campi na edificação concreta de um movimento
democrático, nos trará força para transformar a Universidade como um todo. Apenas
construindo unidade conseguiremos reformar a estrutura de poder anti-democrática, conquistar
um projeto integral de permanência e pautar a inclusão social.
Essa é a perspectiva defendida pela Compor e Ouvir. Compor com a multiplicidade que
existe entre as e os estudantes, ouvindo suas vontades, suas angústias e sua criatividade,
organizando as demandas estudantis, colocando a luta pelos anseios coletivos - construídos
nos fóruns do Movimento Estudantil de maneira democrática - acima de qualquer outro
estandarte.
Quem somos: A Compor e Ouvir é formada por 70 membros de 22 diferentes cursos
dos campi Butantã, EACH, São Carlos, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Francisco.
Começamos a compor em 2013, quando membros de diversos Centros Acadêmicos
começaram a se articular na busca de um Movimento Estudantil mais agregador, que dialogue
mais com as questões locais de cada curso e busque melhorias concretas na vida do
estudante. O desafio de ouvir uns aos outros, que fazem parte de diferentes realidades,
avançou porque o grupo tem em comum um trabalho ativo e cotidiano como oposição sólida e
responsável à política de cima para baixo da gestão do DCE e ao fraco trabalho de base da
entidade (que se manteve distante dos CAs e demais entidades estudantis). Discordamos
também da prática da autoconstrução de coletivos ou partidos acima dos interesses do
estudante e em detrimento da potencialização da entidade. Precisamos construir uma política
que esteja comprometida com avanços concretos nas demandas acadêmicas e de
permanência estudantil. Esse grupo mobilizou dezenas de outros estudantes que já estavam
na luta por um Movimento Estudantil mais abrangente e por um DCE mais participativo,
organizando a Compor e Ouvir. Os membros da chapa, tanto os organizados quanto os independentes, assumem o compromisso de colocar os interesses dos estudantes da USP acima de qualquer vínculo partidário ou de coletivo estudantil, sob o objetivo de construir um DCE que realmente represente e vocalize cada estudante da USP.
A conjuntura nacional e o DCE da USP
O ano de 2013 foi marcante para a juventude brasileira. Mais do que baixar tarifas de
transporte, a juventude recuperou a convicção de que é necessário lutar para garantirmos e conquistarmos nossos direitos. Os movimentos de junho e julho de 2013 mostraram que o
Brasil está em um novo patamar de crescimento das lutas sociais. Ao mesmo tempo, nesses
protestos, ficou evidente que a juventude não se vê representada no atual sistema político e
repudia a atual estrutura política brasileira.
O ano de 2014 marca os 50 anos do Golpe Militar, que instaurou uma terrível ditadura
em nosso país. A ditadura torturou, matou e perseguiu muitos jovens, muitos deles estudantes
universitários como nós. Para além das perseguições e mortes no período, a ditadura deixa
muitos legados negativos para a sociedade brasileira, inclusive para a Universidade de São
Paulo: a aposentadoria compulsória de muitos professores e a estrutura anti-democrática de
poder até hoje não rediscutida. Há ainda outros resquícios da ditadura na sociedade brasileira,
com destaque para a estrutura militarizada da polícia, que ainda hoje serve mais para a
proteção da propriedade privada do que das pessoas, e que faz ações bárbaras como as que
vimos com Amarildo, Douglas e Cláudia; e para o sistema político brasileiro, que permanece
refém das grandes empresas e da grande imprensa. Temos que enfrentar essas heranças para
conseguirmos instaurar no país uma verdadeira democracia, sem os vestígios autoritários do
período ditatorial.
As lutas por universidades mais democráticas e por uma educação pública de qualidade
não se restringem à USP, e por isso é também função do DCE se articular nacionalmente com
outras entidades estudantis. A USP é a maior Universidade do país, e por isso o DCE da USP
deveria ter atuação e destaque no Movimento Estudantil nacional, em especial articulado à
UNE e à UEE-SP, entidades às quais o DCE é filiado por resolução congressual. Para isso é
fundamental construir a UNE e a UEE no cotidiano dos estudantes, trazê-las para dentro da
Universidade, fortalecendo suas referências junto aos estudantes e realizando projetos em
conjunto com as demais entidades estudantis. Nesse sentido, enquanto DCE, propomo-nos a
participar de todos os fóruns da UNE e UEE-SP, e a articular uma relação de proximidade
cotidiana com essas entidades e com os DCEs da UNICAMP, UNESP e FATEC, para a
construção de ações conjuntas.
Propostas concretas:
- Trabalho conjunto com Adusp e Sintusp em uma proposta de reorganizar oficialmente a
Comissão da Verdade da USP nos moldes da construída pelo Forúm Aberto pela
Democratização da USP, dado que a Comissão instituída arbitrariamente pela gestão Rodas
tem se mostrado totalmente ineficaz e improdutiva.
- Articulação da campanha por um Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e
Soberana para o Sistema Político na USP.
- Articulação constante com UNE, UEE-SP, DCEs de Unicamp, Unesp e Fatec para
desenvolvimento de ações e projetos conjuntos.
Projeto para Universidade de São Paulo: popular, democrática e de excelência
A função social da Universidade
A Universidade de São Paulo, instituição de ensino superior pública mantida pelo
Governo do Estado às custas do ICMS pago pela população paulista, foi criada em 1934 com
os objetivos de formação das classes dirigentes e elites do país e do desenvolvimento da alta
cultura nacional. Desde então, a perspectiva elitista da USP pouco se alterou, dado seu acesso
restrito a apenas uma parcela da população (no ensino, na pesquisa e na extensão). Tal
perspectiva deve ser substituída pela garantia da popularização real do conhecimento e a excelência de ensino, para que a USP seja de fato pólo de transformação da sociedade paulista e brasileira em direção ao progresso socioeconômico.
A Compor e Ouvir entende que a USP deve ter sempre como objetivo cumprir sua
função social: garantir uma formação superior de excelência para a população que dê respostas aos debates e questões essenciais da sociedade, para pensar soluções dos desafios estaduais e nacionais de curto e longo prazo (em todos os campos do
conhecimento). Somente assim a USP estará a serviço dos interesses da população que a
mantém.
A importância da inclusão social
A divulgação dos resultados do questionário socioeconômico da FUVEST aponta que
dos 12 mil alunos ingressantes 78,7% são brancos, 62,9% cursaram a escola particular e nos
10 cursos mais concorridos cerca de 50% dos alunos são de Classe A (renda acima de
R$12.440,00) ou Classe B (acima de R$6.200,00). Hoje existe um claro recorte de classe e raça no ingresso universitário, fazendo com que a USP continue sendo uma instituição das e para as elites, afastando a sua função social de popularização do conhecimento,
no que diz respeito à participação do conjunto da população no ensino superior oferecido pela
USP. Esse debate já está muito avançado nas Universidades Federais, que adotam Cotas
Raciais e Sociais, após um longo debate no STF que entende as Cotas como uma maneira de
combate ao racismo estrutural que existe na sociedade brasileira, mas a USP ainda está
atrasada: o PIMUSP é ineficiente para garantir uma inclusão social e racial de fato. A USP precisa caminhar no mesmo ritmo da sociedade brasileira nas políticas de inclusão.
Para garantir uma inclusão de fato, as políticas de acesso devem estar acompanhadas
de políticas de Permanência Estudantil. O ritmo puxado de muitos cursos, em especial os
integrais, impede que qualquer pessoa que precise trabalhar para se manter estudando
consiga concluir os estudos. Estudar é um direito que deve ser garantido em todos os aspectos, inclusive garantindo moradia, alimentação, material escolar e possibilidade de auxílio financeiro para os que precisam.
Propostas concretas:
- Defesa do PL de Cotas, construído pela Frente Estadual Pró-Cotas, que estabelece a
obrigatoriedade de cotas raciais e sociais nas Universidades Estaduais Paulistas, construído
conjuntamente com o movimento negro.
- Defesa de um projeto que efetive a permanência estudantil em todos os campi: garantia de
moradia e bolsas para estudantes de baixa renda, bandejão aberto com três refeições diárias e
aberto aos fins de semana, bolsa para compra de livros, transporte circular gratuito dentro dos
campi e creches para as mães estudantes.
Equilíbrio no tripé universitário
A Universidade de São Paulo tem como base de sustentação o tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão. Para cumprir suas funções sociais a USP deveria desenvolver
de maneira integrada e equilibrada as três pernas desse tripé. Mas não é isso que acontece
hoje. É visível a sobrevalorização da pesquisa em relação à extensão e ao ensino - em
especial pela adoção dos parâmetros dos rankings internacionais como norte da Universidade,
para obter melhor reputação. Dessa forma, ensino e extensão recebem menor atenção tanto nos planos de incentivos a docentes quanto na distribuição orçamentária. Ė preciso
pautar a mudança da perspectiva da gestão universitária, em direção ao equilíbrio entre ensino-
pesquisa-extensão, como forma de garantir a excelência nos nossos cursos de graduação e
pós-graduação e a ampliação do relacionamento Universidade-sociedade por meio de projetos
de extensão. Também é fundamental a construção de um incentivo à pesquisa plural que ao
mesmo tempo estimule trabalhos que dialoguem com direfentes áreas do conhecimento e a
pesquisa também na graduação.
Propostas concretas:
- Fomento à avaliação dos professores por estudantes nas unidades, em parceria com os
Centros Acadêmicos.
- Trabalho dos representantes nos órgãos colegiados pelo equilíbrio entre pesquisa, ensino e
extensão nos projetos de incentivo docente e no orçamento geral da Universidade.
- Atuar com grupos de extensão incentivando, fomentando, divulgando e fortalecendo as
iniciativas que já existem, bem como o DCE participar do Fórum de Extensão da USP.
Produção de soluções para os desafios da sociedade
Para a Universidade cumprir sua função social de pensar soluções dos desafios
estaduais e nacionais (em todos os campos do conhecimento), é fundamental que a USP organize com frequência debates, cursos e simpósios sobre temas em pauta na sociedade. Aproximando-se das demandas da população paulistana, paulista e brasileira,
debatendo-as propositivamente dentro da academia, a USP volta a exercer seu papel como
protagonista de mudanças sociais.
Hoje isso acontece de maneira muito tímida, sem políticas deliberadas nem da Reitoria
nem do DCE nesse sentido: não houve, nos últimos anos, iniciativas das organizações centrais
da Universidade com o fim de reunir especialistas para debater programas e políticas sociais
específicas, tais como Planos Diretores dos municípios onde se localizam os campi, programas
de assistência social nacionais, políticas educacionais do Estado de São Paulo, medidas de
desenvolvimento industrial, entre outros tantos exemplos.
Acreditamos que o Diretório Central dos Estudantes tem condições de, em 2014,
revigorar a função social da Universidade e seu potencial de colaboração com entidades da
sociedade civil e conectar as discussões do Movimento Estudantil com o que se passa fora da
USP.
Propostas concretas:
- Organização de debates eleitorais imparciais na USP com candidatos ao Governo do Estado
de São Paulo, ao Senado e com representantes das candidaturas à Presidência da República.
- Realização do evento “Balanço sobre a Copa”, reunindo especialistas para discutir o
desempenho social, econômico e político do país relacionado a esse evento.
- Ciclo de discussões da Região Metropolitana de São Paulo no campus da capital - em
parceria com CAs. O objetivo é colocar em contato os Secretários dos municípios da região
metropolitana com a comunidade USP.
- Ciclo de discussões do Estado de S. Paulo, a ser realizado em diversos campi - em parceria
com CAs e Adusp. O objetivo é colocar em contato os Secretários do Governo do Estado com
a comunidade USP.
Democracia na USP e a importância da representação discente
A representação discente nos órgãos colegiados da USP é parte importante na atuação
do Movimento Estudantil, porque é nesse espaço que é possível a construção conjunta de
deliberações que afetam os rumos da universidade. No entanto, as representações de
estudantes e funcionários nas instâncias da Universidade são muito pequenas - a USP é a
Universidade Pública mais antidemocrática do Brasil e não respeita nem a Lei de Diretrizes e
Bases, que estabelece como máximo uma representação de 70% de professores. Por isso defendemos a construção de um processo Estatuinte, para que o todo da Universidade possa repensar a estrutura de poder que temos hoje e construir uma nova estrutura, mais democrática.
Ainda assim, acreditamos que devemos participar ativamente nas poucas cadeiras
destinadas aos estudantes, com os RDs marcando presença nas reuniões, vocalizando as
demandas estudantis nesses palcos decisórios e colocando-se como canal entre o Movimento
Estudantil e a burocracia universitária.
O DCE deve dar suporte a todos os RDs eleitos, independentemente de suas chapas,
dando apoio institucional às demandas discentes nos órgãos colegiados, fazendo a
comunicação de pautas e atas, coordenando os trabalhos de RDs de diferentes órgãos. A Compor e Ouvir se compromete a que seus Representantes Discentes estejam presentes nas reuniões colegiadas durante a totalidade de seu mandato. Além disso, disponibilizaremos todas as pautas de todas as reuniões assim que tivermos acesso a elas, pelo site do DCE, e serão divulgadas as atas com as posições que os RDs tomaram. Acreditamos que só assim os estudantes da USP ser efetivamente representados
nas decisões sobre os rumos da Universidade.
Propostas concretas:
- Luta por uma Estatuinte livre, democrática e soberana: que se realize uma Estatuinte livre
e soberana para debater e rever a proporção de participação das categorias nos órgãos e
colegiados da Universidade, bem como o regimento disciplinar com vias de democratizar as
instâncias internas da USP;
- Comprometimento dos RDs da chapa Compor e Ouvir de estarem presentes a todas as
reuniões de seus órgãos colegiados.
- Disponibilização virtual das pautas de todos os Conselhos antes destes, assim como suas
atas e as posições tomadas pelos RDs.
- Politica de diálogo aberto e responsável com as categorias e com a Administração da USP
para firmar a posição dos estudantes nas decisões sobre os rumos da Universidade.
Orçamento, segurança, inclusão, infraestrutura e transportes: decisões coletivas no
espaço universitário
A estrutura antidemocrática da Universidade, expressa nos órgãos colegiados e na falta de consulta pública pela reitoria, impede que sejam construídos processos de decisão coletiva no espaço universitário, processos de contribuição massiva entre as três categorias (estudantes, docentes e servidores) que teriam como princípio o debate e
o diálogo. Projetos universitários que não são postos sob avaliação e questionamento de um
grupo mais amplo de membros da comunidade USPiana costumam apresentar graves falhas,
além de poucos pontos que sejam consensuais entre as categorias. A Compor e Ouvir acredita
que é preciso transformar a estrutura de poder da Universidade para que seja possível a
construção coletiva no espaço universitário, por exemplo em questões orçamentárias, de
transportes nos campi e do plano de segurança da USP.
Com a crise orçamentária que veio à tona no final da gestão Rodas, ficou claro que a
falta de transparência e debate aberto sobre as prioridades nos gastos levaram a uma situação
catastrófica. Nem Rodas nem Zago construíram um processo de debate público com a
comunidade ao adotar orçamentos (com gastos excessivos ou cortes desproporcionais) que
afetaram cotidianamente a vida de todos. Só o diálogo extenso entre todo o corpo universitário,
questionando os gastos imensos em infraestrutura feitos pela gestão Rodas e revendo
prioridades para os cortes e investimentos é que conseguiremos construir uma USP de todos.
Devemos aprofundar a discussão sobre o modelo de financiamento da Universidade,
principalmente sua dependência direta ao ICMS, imposto de caráter altamente regressivo.
Trabalhar em conjunto com a Adusp, que já possui acumulo sobre o assunto e defende, por
exemplo, a suspensão do desconto da parcela da Habitação, bem como a inclusão da Dívida
Ativa, no cálculo do percentual da quota-parte do Estado do ICMS destinado às universidades
estaduais.
Sobre o plano de segurança da Universidade, o DCE deve ter a iniciativa de retomar a discussão, com a perspectiva da USP criar um sistema próprio, que abarque princípios humanitários e de prevenção, além de se estruturar nas especificidades de cada campus. O Movimento Estudantil, juntamente com Adusp e Sintusp, podem apresentar
um plano efetivo de segurança que seja alternativa ao convênio com a PM. A segurança na
Universidade precisa ter em foco o caráter público de nossa instituição, devendo prezar pela
integração dos espaços como fundamento de sua política de prevenção. Assim, a Compor e Ouvir defende uma USP sem catracas, com portas e portões abertos para que a população possa usufruir do espaço físico que financia. Projetos segregadores de
segurança na Universidade tem se mostrado, como discute o NEV-USP (Núcleo de Estudos da
Violência), inócuos para efeito de redução da violência e criminalidade universitárias;
defendemos assim um projeto de segurança de integração e ocupação dos espaços dos campi.
Por fim, os sistemas de transportes dentro dos campi da USP e em seus arredores precisam ser discutidos amplamente pela comunidade universitária que precisa se
movimentar todo dia pelos campi. A Compor e Ouvir defende uma campanha para
priorização das politicas de transporte público, mobilidade e acesso aos campi, com a criação
de transporte ligando os diversos campi, ampliação do número de circulares e faixas de ônibus
exclusivas nos pontos de maior congestionamento. Em termos de alternativas de transporte,
propomos a reativação dos sistemas de bicicletas compartilhadas, a exemplo do que foi o
Pedalusp, para facilitar a locomoção dentro dos campi, assim como a criação de ciclovias nos
canteiros centrais.
Propostas concretas:
-Exigência para que sejam revistos os cortes de gastos no orçamento universitário,
principalmente aqueles relacionados à permanência estudantil. Ė necessário ampliar o debate
sobre o orçamento da universidade, no que tange às prioridades nos gastos e ao financiamento
da USP.
- Aprofundar o debate sobre novos modelos de financiamento da Universidade, principalmente
sua dependência direta ao ICMS, imposto de caráter altamente regressivo. Nesse sentido,
trabalhar em conjunto com a Adusp, que já possui acúmulo sobre o assunto.
- Campanha para priorização das políticas de transporte público, mobilidade e acesso aos
campi, com a criação de transporte ligando os diversos campi, ampliação do número de
circulares e faixas de ônibus exclusivas nos pontos de maior congestionamento. Assim como
campanha por respeito ao pedestre e às faixas de pedestre.
- Propor a reativação dos sistemas de bicicletas compartilhadas, a exemplo do que foi o
pedalusp, para facilitar a locomoção dentro dos campi, assim como a criação de ciclovias nos
canteiros centrais.
- Criação de ferramenta virtual de compartilhamento de caronas da USP (tanto ida quanto
volta), em todos os campi e entre os campi.
- Retomar a discussão sobre o plano de segurança da Universidade com a perspectiva da USP
criar um sistema próprio, que abarque princípios humanitários e de prevenção, além de se
estruturar nas especificidades de cada campus.
- Defesa de um projeto de segurança baseado na integração e ocupação dos espaços dos
campi, rejeitando propostas segregadoras como a instalação de catracas nas unidades.
- Pressionar pela criação de pontos de recarga de bilhete único nas unidades dos campi da
capital (incluindo USP Leste, Pinheiros e São Francisco).
- Pressionar pelo aumento do número de pontos e horários de recarga de tickets do bandejão
em todos os campi, buscando reduzir as grandes filas nos horários de pico, além de propor a
criação de sistema de recarga online.
Um Movimento Estudantil baseado na construção coletiva
Receptividade das opiniões diferentes e divergentes nos fóruns
É fato que boa parte dos alunos tem aversão à maioria dos fóruns do Movimento Estudantil. Essa situação é ainda mais grave quando consideramos cursos menos envolvidos
com política estudantil, como é o caso da Poli ou da FEA, e de boa parte dos campi do interior.
Isso ocorre porque o Movimento Estudantil hoje funciona numa lógica pouco convidativa e
democrática. Acreditamos que devemos mudar essa lógica e construir debates sadios e politizados, sempre procurando respeitar todas as opiniões, sem estigmatização ou sectarismo. É só ouvindo outras opiniões que podemos amadurecer as nossas próprias, além
construir a possibilidade de sínteses entre as diferentes opiniões. A construção coletiva que a Compor e Ouvir pretende estabelecer potencializa a força do Movimento Estudantil para que a mobilização estudantil tenha no seu horizonte vitórias reais para as suas demandas.
Outro aspecto é a convicção de nossa chapa de que um modelo de escolha de decisão
para um curso não é necessariamente o ideal para um outro curso. Com isso, defendemos que
seja dada cada vez mais prioridade para que cada curso escolha como será feita sua consulta
aos alunos e como será feito o debate. Acreditamos principalmente na importância de
assembleias gerais da USP como maneira de criar as grandes linhas de debate que devem ser
construída em cada curso, mas essas precisam ter um método de construção que possibilite
uma ampla participação.
Propostas concretas:
- As Assembleias Gerais devem ser precedidas por assembleias dos campi, e acontecer em
diversos lugares, não apenas no Butantã. Sempre que possível, devem ser divulgadas com
antecedência, junto com a pauta e propostas, além de ser pensada uma metodologia para o
transporte para quem quiser participar e for de outros campi.
- Fomento para a realização de assembleias de curso sobre os mesmos temas em toda a USP,
articuladas através do CCA.
- As mesas de fóruns coordenadas pela gestão do DCE devem prezar pelo respeito ao direito
de fala dos estudantes, trabalhando para conter atos sectários que atrapalhem a livre
expressão dos estudantes.
Por um movimento que Componha e Ouça conjuntamente com os Centros
Acadêmicos, Atléticas, coletivos de curso, grupos de pesquisa e de extensão
Acreditamos que somente com organização coletiva, espaços acolhedores e espaços de deliberação conjunta, conseguindo compor e ouvir, que o Movimento Estudantil da USP pode avançar e, consequentemente, alterar a Universidade.
Infelizmente o Movimento Estudantil cada vez mais se reduz ao mesmo grupo de
pessoas e repete, sem autocrítica, uma lógica de funcionamento e gestão: as assembleias
gerais são espaços pouco representativos e pouco convidativos à participação; as greves há
mais de uma década culminam em fracassos; os Conselhos de Centros Acadêmicos e as
reuniões ordinárias do DCE são organizados sem a ajuda das entidades de base, não são
aceitas outras maneiras de construir a política, nem mesmo opiniões dissidentes.
A entidade máxima dos estudantes, o DCE, mal se faz conhecer em todos os cursos da
capital, e, nos campi do interior existe apenas nos momentos eleitorais ou quando algum diretor
faz uma breve passada. Sua sede no campus da capital está abandonada e nenhuma
campanha pela retomada do espaço total da mesma foi realizada nos últimos dois anos; as
finanças não são conhecidas - nem as dívidas da entidade - e não se pensa uma política e
negociação eficazes para reverter esse quadro.
Acreditamos que o Diretório Central dos Estudantes deve ser uma entidade
representativa e presente, com uma política de comunicação e financeira eficazes, que fomente
debate e atividades junto aos Centros Acadêmicos. Que proporcione espaços diversos de
construção e debate político, bem como organize eventos culturais e esportivos.
Os grupos que já existem hoje organizados na Universidade devem participar da dinâmica do Movimento Estudantil: Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos e
Secretarias Acadêmicas, bem como Atléticas, grupos de pesquisa, grupos de extensão,
coletivos de mulheres, coletivos LGBT, etc, devem ter espaço e devem ser respaldados pela entidade geral dos estudantes, que tem como dever organizar a diversidade que existe hoje
nas organizações de base e encaminhar as demandas construídas por elas. Tais entidades
permitem capilarizar a mobilização una e potente dos estudantes, assim como têm papel
fundamental para vocalizar demandas discentes específicas para o conjunto dos estudantes.
Propostas Concretas:
- Programa de financiamento para deslocamentos de alunos entre os campi, para participação
em eventos do DCE (incluindo CCA).
- Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) divulgados com antecedência, junto com as
propostas que serão defendidas pela gestão do DCE, para que haja tempo para os CA’s
debaterem com profundidade nos cursos.
- CCA’s rotativos, realizados nos diferentes campi.
- Encontro de Centros Acadêmicos em que haja espaço para troca de experiências e para um
Centro Acadêmido aprender e sugerir com o outro e para o outro.
- Criação de lista de e-mails de Centros Acadêmicos e Atléticas para facilitar a troca constante
de informações e possibilitar o aumento das ações conjuntas.
- Reuniões Ordinárias abertas, com pauta divulgada com antecedência e atas publicadas
sistematicamente.
- Criação de calendário unificado das entidades de base, disponível no site do DCE. Quatro
calendários integrados: de festas, de eventos acadêmicos, de eventos políticos e de eventos
culturais.
- Debater com os Centros Acadêmicos a construção do próximo Congresso de Estudantes da
USP e a melhor data para a construção da principal instância deliberativa do Movimento
Estudantil da USP.
- Criação de espaço no site do DCE onde as entidades de base poderão veicular as atividades
que oferecem.
- Auxiliar os Centros Acadêmicos e Atléticas na resolução de pendências burocráticas para
festas e na regularização jurídica de suas estruturas.
Sem preconceito racial, sem machismo, pela livre expressão de nossa sexualidade e
amor
Acreditamos que em nenhum espaço qualquer tipo de opressão deve ser aceita. A Universidade não está fora disso, só há produção de conhecimento livre num espaço livre de preconceito, discriminação e violência. Para isso, é necessário rever algumas
estruturas da universidade (como o acesso, para permitir mais negros nos bancos da
universidade) e o compromisso claro no combate a essas opressões.
Entendemos que a Frente Feminista vem cumprindo ao longo desses anos de sua
existência um papel importante no combate ao machismo, com lançamento de campanhas
gerais, espaços de debate, conscientização e realização do manual da caloura, etc.
Endossamos ainda a necessidade da construção do II Encontro de Mulheres Estudantes da USP. Também defendemos políticas de assistência estudantil com recorte para estudantes-
mães e que nenhuma mulher seja expulsa da moradia estudantil por engravidar.
Acreditamos que os casos de homofobia dentro da USP precisam ser combatidos
através de campanhas formativas, mecanismos de denúncia e fortalecimento das lésbicas,
gays, bissexuais, transexuais. Entendemos que a Frente LGBTTT da USP é o espaço
prioritário para isso e que essa deva ser fortalecida e fomentada.
Propostas concretas:
- Apoio ao Núcleo de Consciência Negra e à luta pelo seu espaço;
- Apoio ao coletivo de negros e negras da USP;
- Apoio à Frente Feminista e à Frente LGBT da USP
- Construção do II Encontro de Mulheres Estudantes da USP
- Construção de campanhas de combate ao machismo, ao racismo e à homofobia.
Articulação e colaboração entre os diversos campi
É notável a falta de articulação entre os grupos estudantis dos diferentes campi da USP: não existem projetos construídos coletivamente e há pouca solidariedade entre quem
atua nos diferentes campi, e há muita dificuldade em construir uma perspectiva de totalidade
universitária na atuação do Movimento Estudantil. A atual forma de organização e atuação não
compreende nem dialoga com a realidade dos interiores, e raramente para além da FFLCH. O
Movimento Estudantil parece existir apenas no campus Butantã da capital, e muitas vezes só
na FFLCH.
A falta de apoio para a situação atual da EACH é sintoma desse Movimento Estudantil
centralizado. A situação é caótica: o semestre dos estudantes acabou de começar e estão
tendo aula em lugares espalhados na cidade de São Paulo. Apesar de esse assunto estar em
pauta nos jornais e outros veículos de informação, os estudantes da USP pouco se
solidarizaram e ajudaram na luta dos eachianos.
Uma maior articulação entre os campi se faz necessária para que estes discutam suas
demandas, compartilhem seus desafios e promovam uma maior integração entre os estudantes
da USP. Também é preciso que o DCE se faça presente no cotidiano dos estudantes, com
informes periódicos e uma real articulação com as entidades de base (CAs, SAs, centrinhos
etc.), elaborando atividades e eventos em conjunto, promovendo essa perspectiva de
integração e respeitando as necessidades específicas de cada campus.
É claro que há diferenças entre o Movimento Estudantil do Butantã e dos outros campi,
porém, isso não justifica a falta de diálogo e a imposição de pautas. O desafio é justamente
aproveitar-se da diversidade do movimento, promovendo o avanço coletivo nas formulações e
nas lutas, a partir do diálogo e da troca de experiências das diversas realidades. O DCE,
enquanto entidade que articula e unifica o movimento estudantil, possui papel fundamental
nessa relação, tendo o dever de criar instrumentos e condições para isso. Dessa forma,
construiremos um movimento estudantil mais democrático, que envolva cada vez mais
entidades e estudantes e avance na luta pela transformação da Universidade e da sociedade.
Pautas concretas:
- Realização de festas e eventos culturais do DCE, em parceria com entidades acadêmicas e
atléticas dos interiores, nos diversos campi.
- Debater junto aos estudantes problemas nas grades curriculares (como grandes quantidades
de créditos-aula e créditos-trabalho) verificando se há problemas comuns para buscar solução
conjunta, respeitando as particularidades das demandas de reestruturação das grades
curriculares.
- Reuniões abertas do DCE em todos os campi (para além das reuniões ordinárias que ocorrem
semanalmente na sede do DCE).
- Atuar conjuntamente com as entidades acadêmicas de todos os campi para a manutenção e
conquista de espaços físicos para que as entidades ganhem autonomia de trabalho.
- Análise da situação dos restaurantes universitários nos campi do interior e consequente
proposta de plano de melhorias à reitoria da USP.
- Fiscalizar o andamento da reforma nas moradias e espaços estudantis garantindo agilidade e
qualidade.
- Incentivar a prática esportiva nos campi do interior principalmente via trabalho de pressionar
por melhorias nas estruturas de esportes.
- Defender a manutenção do espaço dos estudantis.
- Fortalecer os centros acadêmicos e entidades estudantis, através da utilização dos canais de
comunicação do DCE para divulgar as atividades bem como projetos.
A reedificação do DCE Livre da USP
O DCE Livre da USP Alexandre Vannucchi Leme precisa ser reconstruído.
Construir legitimidade perante os estudantes e entidades de base. Construir relações sólidas
com os outros setores da Universidade. Ocupar a sede e construir mais espaços estudantis, em parceria com os Centros Acadêmicos. Um DCE que esteja presente
cotidianamente e que faça sentido para a vida dos estudantes da Universidade.
Sabemos que para isso é necessário um método de construção coletiva da entidade, o
mais adequado para edificar grandes projetos de interesse do conjunto dos estudantes. Não
queremos um DCE do qual se sintam parte apenas os diretores eleitos e, ao mesmo tempo,
acreditamos que é fundamental que todos os estudantes saibam o que está sendo construído
pela entidade. Além disso, é papel do DCE articular e contribuir para as atividades construídas
pelos estudantes nos cursos, fortalecendo todo o Movimento Estudantil da Universidade.
Compromisso com os interesses dos estudantes da USP
O compromisso fundamental de uma gestão de DCE deve ser acima de tudo com os interesses dos estudantes da USP que ela representa. Nos últimos anos, membros do
DCE que reiteradamente empreenderam processos de autoconstrução de seus coletivos
coletivos políticos em detrimento da potencialização da entidade levaram à perda de
legitimidade do DCE perante um grande número de estudantes. Os membros da chapa, tanto
os organizados quanto os independentes, comprometem-se a colocar as demandas dos
estudantes da USP acima de qualquer vínculo partidário ou de coletivo estudantil, sob o
objetivo de construir um DCE que realmente represente e vocalize cada estudante da USP.
Nesse sentido, a Compor e Ouvir defende que o DCE paute sua política fundamentalmente pelas deliberações dos fóruns do Movimento Estudantil (Reuniões Ordinárias, CCA’s e Assembleias) e a construção de uma metodologia que permita que cada
vez mais gente participe e conheça essas decisões. Para isso é fundamental que o DCE tenha
uma política de comunicação eficiente que propicie o diálogo e a informação rápida para todos,
por exemplo no que tange à disponibilização de pautas e atas dos fóruns do Movimento
Estudantil e dos órgãos colegiados.
Propostas concretas:
- Disponibilização das atas de todas as reuniões do DCE e de órgãos colegiados onde o DCE
possui representantes, no site da entidade. No caso das reuniões ordinárias do DCE,
disponibilização virtual da pauta com dois dias de antecedência.
Modelo de gestão do DCE
A Compor e Ouvir tem a convicção de que, para fins de representação dos estudantes e
execução dos projetos, o DCE da USP deve ter modelo de gestão mais semelhante ao dos
Centros Acadêmicos. Isso pressupõe o trabalho diário baseado nos preceitos de
proximidade máxima com as bases, de luta cotidiana pelos interesses políticos e acadêmicos dos estudantes e de ampla comunicação com o corpo e entidades discentes.
Nesse último ponto reside um dos grandes focos propositivos da Compor e Ouvir afim
de estabelecer uma prática de construção coletiva saudável no Movimento Estudantil, o DCE
deve reestruturar seus canais de comunicação, expandindo sua capacidade de informação
dos projetos tocados pela entidade e escuta das demandas estudantis.
A gestão do DCE deve envolver centenas, milhares de estudantes na dinâmica do
movimento. No entanto, acreditamos que é mais honesto para com os estudantes apresentar a
chapa apenas com aqueles e aquelas estudantes que se comprometem com a construção de
fato de uma possível gestão. Inflar a chapa com pessoas que não cumprem o papel de gestão
(como vimos acontecer nos últimos anos) não serve para ampliar a referência da entidade nem
para capilarizar as políticas do DCE. Optamos por esse modelo de chapa porque acreditamos
que o enraizamento do DCE se dá essencialmente através da construção de espaços
democráticos, do envolvimento das entidades de base e dos estudantes.
Para que uma gestão funcione de fato, com execução real das propostas de seu
programa, é necessária uma divisão eficiente de tarefas entre os membros, através da
responsabilização pública de membros pela execução de determinados projetos. Por outro
lado, acreditamos que as decisões políticas, que dão as diretivas de atuação do DCE, devem
ser tomadas de maneira coletiva por todos os diretores, por isso não estabeleceremos
nenhum grau de hierarquia entre as diferentes funções dentro da gestão. O cumprimento
das metas e objetivos, individuais e coletivos, pela diretoria do DCE deve ser seguido pelos
estudantes da USP através de uma transparência total (via mecanismos de comunicação) da
evolução dos projetos tocados pelo DCE.
Propostas concretas:
- Definição das tarefas individuais dos membros do DCE (com prazos, metas e objetivos) e
criação de comissões abertas aos estudantes da Universidade para construção coletiva de
projetos do DCE. Tarefas, prazos, metas e objetivos individuais serão divulgados no site da
entidade para responsabilização dos diretores.
- Criação de um Jornal dos estudantes da USP (com nome a ser definido no primeiro CCA da
gestão), de frequência eletrônica quinzenal, mas com edição impressa uma vez por mês.
Distribuído gratuitamente. Tiragem impressa superior a 10.000 exemplares. O periódico deve
conter espaço aberto aos estudantes da Universidade e colunas destinadas aos Centros
Acadêmicos da USP.
- Elaboração semanal de um Boletim Informativo do DCE da USP, a ser divulgado somente de
forma eletrônica aos domingos, trazendo os temas mais relevantes discutidos na última
Reunião Ordinária e os principais eventos discentes da semana que se inicia.
- Divulgação mensal no Jornal impresso da prestação de contas do DCE.
- Transmissão online das reuniões abertas do DCE.
Função integradora: política, cultura, festas e esportes
A Compor e Ouvir baseia grande parte de sua proposta de revitalização da construção
coletiva no Movimento Estudantil e de participação discente massiva na noção de que o DCE deve atuar como agente integrador dos estudantes da USP. Os projetos do DCE devem ter
sempre o caráter democrático e de abrangência - divergências políticas entre os estudantes
devem ser aceitas como pilar de fortalecimento, desde não atuem como geradoras de
segregação e minimização de potencial do Movimento Estudantil.
A proposta é que, através de eventos culturais, esportivos, festas e cervejadas em
parceria com CAs e Atléticas de todos os campi, o DCE poderá exercer sua função integradora
de unir os diferentes e divergentes, criando um Movimento Estudantil verdadeiramente uno e
capaz de transformar a Universidade. Essa proposta está estruturalmente aliada à necessidade
de maior comunicação do DCE com as entidades estudantis, imprescindíveis à realização
desses eventos que de fato marcarão a vivência universitária.
Propostas concretas:
- Realização de festas temáticas pelo DCE com possibilidade de organização em parceria com
os Centros Acadêmicos.
- Realização pelo DCE em conjunto com Centros Acadêmicos de um festival de bandas em
cada campus da USP.
- Organização de cervejadas com Centros Acadêmicos e Atléticas de todos os campi.
- Reativação do Palco do Lago como pólo de eventos culturais da USP.
- Organização de campeonatos e concursos de artes no geral para todos os estudantes da
USP. Bem como Semana de Arte e Cultura da USP.
Finanças do DCE
Para que o DCE tenha independência econômica a fim de construir uma verdadeira
capacidade de execução de projetos de interesse dos estudantes, é necessário que as próximas gestão da entidade deem grande atenção às suas contas, diferente do que foi feito pelas últimas gestões do DCE. Tal cuidado passa por duas políticas estruturais:
transparência nos gastos - de modo que não se cometa o mesmo erro da reitoria em gerir de
forma não democrática as prioridades de gastos - e criação de novas formas de receita para o
DCE.
O resultado ensejado é que o DCE tenha capacidade financeira de gestar um projeto de
orçamento participativo, nos moldes dos realizados por alguns Centros Acadêmicos, garantindo
assim o real apoio da entidade - definido democraticamente - à criação de projetos
acadêmicos, de pesquisa e de extensão pelos próprios estudantes da USP.
Propostas concretas:
- Divulgação mensal da prestação de contas da entidade no Jornal dos estudantes da USP.
- Ampliar as formas de receita do DCE com: festas, cervejadas, inscrições em eventos
esportivos/culturais, venda de camisetas temáticas, uso das sedes do DCE (locação de
espaços, por exemplo), sebo de livros didáticos e feira de livros.
- Criação de orçamento participativo do DCE, onde o DCE disponibilizaria determinada verba
para aplicação em projetos estudantis de ensino, pesquisa e extensão, definidos a partir dos
fóruns do movimento estudantil.
Sede física do DCE
A sede do DCE no campus Butantã, localizada ao lado do bandejão central, está abandonada há muitos anos, sem qualquer tipo de infraestrutura para receber reuniões ou para trabalho dos diretores. A área da vivência, que foi utilizada para atividades culturais,
festas e reuniões por muitos anos, além do aluguel de lanchonetes e lojas que financiavam a
entidade, hoje está fechada. Não é aceitável que uma entidade que se proponha a executar
grandes projetos em defesa dos interesses dos estudantes não possua uma sede adequada
para o exercício cotidiano de suas funções.
Deve ser pauta fundamental do Movimento Estudantil a obtenção de prédios de Vivência para o DCE e Centros Acadêmicos, em todos os campi (garantindo a presença
frequente da entidade e de seus membros), oferecendo espaço para saraus, festivais de
bandas, entretenimento dos alunos.
Propostas concretas:
- Campanha massiva junto à Reitoria para obtenção de prédios de Vivência do DCE e Centros
Acadêmicos, em todos os campi, oferecendo espaço para saraus, festivais de bandas,
entretenimento dos alunos. Nos prédios de Vivência, o DCE firmaria contratos de concessão de
espaços para cooperativas de funcionários administrarem lanchonetes. Os espaços podem ser
alugados a baixos custos para realização de eventos diversos (configurando fonte de receita
para o DCE).
- Abrir um concurso arquitetônico para estudantes da USP, em parceria com a Reitoria, para
uma reforma da Praça do Relógio, para que esta vire um verdadeiro lugar de encontro dos
estudantes.
Diálogo com a comunidade USP
A Compor e Ouvir defende uma política de diálogo constante com docentes, servidores e reitoria, como meio de firmar a participação dos estudantes nos necessários
debates sobre remodelagem da gestão universitária, da segurança nos campi, do uso das
verbas públicas da Universidade e da política de inclusão social. Tal aproximação permitirá
encampar lutas conjuntas pelas categorias e a criação de projetos em parceria, ampliando a
concretização dos interesses dos estudantes da USP. O diálogo do DCE com a comunidade
USP, assim, fortalecerá a entidade e sua capacidade de interferir nos rumos da Universidade.
Da mesma forma, dialogar com as categorias das outras Universidades estaduais paulistas
permitirá tocar projetos conjuntos que englobam deficiências e desafios da educação superior
pública no Estado de São Paulo.
Propostas concretas:
- Reuniões mensais com representantes da ADUSP, SINTUSP e Reitoria, para tocar projetos
em conjunto.
- Participar ativamente e com transparência das reuniões do Fórum das Seis (que reúne
entidades representativas das categorias das estaduais paulistas) e das reuniões de
negociação com o CRUESP (conselho de reitores das estaduais paulistas).
A importância do fomento acadêmico na excelência do ensino
Com o intuito de ampliar a excelência dos cursos de formação superior da USP,
garantindo uma educação de maior qualidade para os estudantes da Universidade, o DCE
deve ter compromisso claro e concreto com o fomento acadêmico ao ensino. Sob a perspectiva
do desafio de aliar a bandeira política da inclusão social com a excelência no ensino de nossa
Universidade, o DCE tem papel preponderante em incentivar projetos de Centros Acadêmicos e conquistar mudanças acadêmicas que de fato consigam incrementar a qualidade de nossos cursos de graduação e pós-graduação.
Propostas concretas:
- Organizar cursos semestrais de formação de pensamento político em diferentes linhas
ideológicas, em plataformas presenciais e virtuais. Os temas poderão ser escolhidos e
sugeridos por todos os estudantes . Apoio institucional e eventualmente financeiro às entidades
de base e grupos discentes organizados que ambicionem realizar cursos com outras matizes
ideológicas.
- Realização de um sebo de livros didáticos dos alunos a cada início de semestre.
- Realização de uma feira de livros volante da USP no primeiro semestre, iniciando-se no
campus da capital e depois sendo organizada nos campi do interior.
- Luta por cotas de impressão mínimas de 150 folhas/mês pros alunos em todas as Faculdades
da USP.
- Criação de diretrizes que unifiquem os sites das disciplinas em um sistema “moodle”.
- Trabalho conjunto com os Centros Acadêmicos para a criação de um portal virtual de
armazenamento de materiais de estudo e avaliação de diversas matérias dos cursos da USP,
com ênfase naqueles que possuem maior número de vagas para outras unidades.
Só muda quem pode, ouvir o som dessas vozes!
Convidamos a todas e todos a construírem conosco um movimento estudantil diferente, capaz
de atuar no cotidiano da universidade e mudar, concretamente, a USP, fazendo dela um
espaço mais democrático, participativo e popular!
Veja quem compõe a chapa e os apoiadores em: http://www.comporeouvir.org/
Participe das eleições para o Diretório Central dos Estudantes e Representantes Discentes!