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IZABELLA PAIVA MONTEIRO DE BARROS
CARACTERSTICAS PSICOLGICAS DA PRIMEIRA EDA SEGUNDA GRAVIDEZ: O USO DO DFH E DO TAT
NA ASSISTNCIA PR-NATAL
So Paulo2004
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IZABELLA PAIVA MONTEIRO DE BARROS
CARACTERSTICAS PSICOLGICAS DA PRIMEIRA EDA SEGUNDA GRAVIDEZ: O USO DO DFH E DO TAT
NA ASSISTNCIA PR-NATAL
Dissertao apresentada ao Instituto de Psico-logia da Universidade de So Paulo como par-te dos requisitos para obteno do grau deMestre em Psicologia.
rea de Concentrao: Psicologia Clnica
Orientadora: ProfaDraEliana Herzberg
So Paulo
2004
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CARACTERSTICAS PSICOLGICAS DA PRIMEIRA EDA SEGUNDA GRAVIDEZ: O USO DO DFH E DO TAT
NA ASSISTNCIA PR-NATAL
IZABELLA PAIVA MONTEIRO DE BARROS
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________
(Nome e assinatura)
______________________________________
(Nome e assinatura)
______________________________________
(Nome e assinatura)
Dissertao defendida e aprovada em: ______ / ______ / ______.
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iii
Aos meus filhos Diogo e Rafael,
cujas existncias me proporcionam a alegria
necessria para viver,
Ao meu amor Lus,
cuja confiana incondicional na realizao
deste trabalho foi o meu refgio nas horas difceis e,
minha me, Sheila,
que me transmitiu seu intenso desejo de ser me.
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AGRADECIMENTOS
professora Dr Eliana Herzberg pela admirvel dedicao e competncia na
orientao deste trabalho, processo permeado por amizade e parceria, elementos que
foram essenciais.
Ao Lus, meu marido e exemplo de dedicao pesquisa, que tanto me incen-
tivou e, carinhosamente, esteve sempre ao meu lado contribuindo para a realizao
de meus objetivos profissionais.
Aos meus amados filhos, Diogo e Rafael, pela compreenso, carinho e pronta
colaborao tanto na confeco dos crivos para as anlises dos desenhos como tam-
bm nos momentos em que precisei ser criativa, j que estavam sempre dispostos acontribuir com sugestes.
minha me Sheila pelo que de mais essencial vivemos como me e filha e
que hoje norteia minha vida pessoal e profissional, e pelas trabalhosas transcries de
fitas e digitao do complexo material manuscrito. S mesmo me capaz de deci-
frar e entender certos enigmas.
Ao meu pai Jos Romeu, meu pai-heri, pelo incentivo e vibrao com mi-
nhas conquistas.s minhas avs Alice e Ezolede e, especialmente minha av Germana que
sempre me incentivou a estudar, meu padrasto Luiz Felipe, meus irmos Mariana,
Daniel e Mariuza e minhas tias Sandra e Evone, pelo carinho e torcida.
s professoras, Dra Isabel Cristina Gomes e Dr Audrey Setton Lopes de Sou-
za, pelas pontuais sugestes apresentadas no exame de qualificao.
superintendncia do Hospital Universitrio que, atravs do Dr. Paulo Basto
de Albuquerque, diretor da diviso obsttrica e ginecolgica do Hospital Universit-rio permitiu a realizao da pesquisa.
s Dras. Ana Maria Mello Isern e Wilma Monteiro Frsca, integrantes da
comisso de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitrio, pelas informaes presta-
das ao longo dos processos de autorizao para pesquisa e coleta de dados.
Dr Ana Lcia Gaudenci Alves, mdica assistente da diviso obsttrica, que
gentilmente me encaminhava suas pacientes de pr-natal, colaborando assim para
que eu pudesse completar a amostra.
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v
Dr Marisa Makiama pela disponibilizao da sala, enfermeira Rosana
Sabato Montano pelas valiosas informaes de sua prtica de um trabalho de anos
com as gestantes, e aos atendentes Mari, Cris e Robson pela ajuda na localizao das
grvidas e por me deixarem invadir o balco de atendimento para consultar os pron-
turios.
s grvidas que, gentilmente dividiram comigo suas experincias, e dessa
forma viabilizaram a realizao desta pesquisa.
professora Dr Maria Cristina Machado Kupfer, minha supervisora, pela a-
tenciosa colaborao nos momentos cruciais.
minha analista Slmia Sobreira que, com sua escuta, pode me re-orientar na
busca pelos meus objetivos.Aos meus amigos e colegas de trabalho da Secretaria de Educao de Santana
de Parnaba, particularmente professora Eliana Maria da Cruz pelo apoio realiza-
o deste trabalho, ao Joo Rodrigo pela digitalizao dos desenhos e Edinia pela
fora.
Aos meus companheiros, professores da Universidade Presbiteriana Macken-
zie, especialmente Patrcia Gazire, Eloane e Jos Maurcio, que acompanharam e
contriburam para a realizao desta pesquisa.s bibliotecrias do Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo, em
especial Aparecida Anglica Sabadini e Lcia Terezinha Votta de Carvalho, pela
ateno e contribuio com suas consistentes experincias.
s secretrias do Departamento de Psicologia Clnica do Instituto de Psicolo-
gia da Universidade de So Paulo, Ccera, Arlete e Cludia e ao pessoal da Secretaria
de ps-graduao pela pacincia e contribuio com informaes essenciais no pro-
cesso de execuo deste trabalho.Aos meus pacientes, pelos ensinamentos e manuteno do meu desejo de ana-
lista e pesquisadora.
s minhas queridas amigas Andra, pelos bilhetinhos incentivadores e pela
companhia e Silvana que, com sua garra, foi uma companheira maravilhosa e cons-
tante estmulo ao longo do desenvolvimento desta pesquisa.
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Aos amigos, Hlio, Daniel, Samuel, Ane e Vtor, Paulinho, Anglica e Gabri-
el, Elaine e Nlson pelos momentos em que fizeram companhia para os meus filhos
enquanto estive ocupada.
Cristiane pela amizade, ateno e carinhosa ajuda com o material das gr-
vidas, alm do bom humor constante, mesmo nos dias em que eu estava uma pssima
companheira de trabalho.
Maria Lucia de Souza Campos Paiva, companheira efetiva desde o primei-
ro dia de mestrado, sempre presente e disposta a contribuir. A amizade construda
uma prova de que os resultados de uma pesquisa vo alm do mbito profissional.
Dora, cuja ajuda foi fundamental para que eu conseguisse trabalhar em meu
material. parte de Belm do Par da minha famlia, D. Helena, Virgnia e Giovana,
Luzia, Hugo, Marina e Aline, Augusto, Katiane e Lucas, pelo carinho e, especial-
mente Socorro, Rui, Marcos e Bruno que tornaram vivel, no momento mais difcil
da realizao deste trabalho, a conciliao da minha vida acadmica com os cuidados
com meus filhos, aspecto essencial para mim e fundamental para a concluso dessa
dissertao.
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... a maternidade tem uma essncia problemtica... no se situa pura e simplesmente
no nvel da experincia.
(Lacan, 1956/1988, p.204).
H, contudo, uma coisa que escapa trama simblica, a procriao em sua raizessencialque um ser nasa de um outro. A questo de saber o que liga dois seres no
aparecimento da vida no se pe para o sujeito seno a partir do momento em que
esteja no simblico, realizado como homem ou como mulher, e mesmo que um
acidente o impea de ter acesso a isso. Isso pode ocorrer tambm em virtude dos
acidentes biogrficos de cada um.
(Lacan,1956/1988, p.205)
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SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... xv
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... xv
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................ xvii
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................ xvii
RESUMO ............................................................................................................. xviii
ABSTRACT .............................................................................................................. xix
1 INTRODUO ........................................................................................ 1
1.1 Conceitos gerais ........................................................................................ 51.1.1 Gravidez .................................................................................................... 5
1.1.1.1 Aspectos biopsicossociais da gravidez: breve retomada .......................... 6
1.1.1.2 Consideraes tericas sobre a segunda gravidez e o nascimento do
segundo filho ............................................................................................ 9
1.1.2 Maternidade, maternagem e os primrdios do vnculo me-beb: uma
leitura psicanaltica ................................................................................. 11
1.2 Reviso da literatura ............................................................................... 181.3 Tcnicas Projetivas ................................................................................. 28
1.3.1 O Desenho da Figura Humana ................................................................ 30
1.3.2 O Teste de Apercepo Temtica ........................................................... 31
1.3.3 Observaes sobre o atual contexto de avaliao dos Testes Projetivos 33
1.4 Justificativa do estudo ............................................................................ 37
1.4.1 Relevncia clnica ................................................................................... 37
1.4.2 Relevncia cientfica ............................................................................... 381.5 Objetivos geral e especficos .................................................................. 38
1.6 Problema de pesquisa ............................................................................. 39
1.7 Hipteses ................................................................................................ 39
2 MTODO ............................................................................................... 40
2.1 Tipo de pesquisa ..................................................................................... 40
2.2 Caracterizao da instituio onde a pesquisa foi realizada ................... 41
2.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................ 42
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2.3.1 Critrios de incluso ............................................................................... 42
2.3.2 Critrios de excluso .............................................................................. 43
2.3.3 Consideraes a respeito dos critrios .................................................... 43
2.4 Instrumentos utilizados na coleta de dados ............................................ 44
2.4.1 A Entrevista Clnica ................................................................................ 44
2.4.2 DFHDesenho da Figura Humana ....................................................... 45
2.4.3 TATTeste de Apercepo Temtica (TAT) ........................................ 45
2.5 Procedimentos adotados para coleta de dados ........................................ 50
2.6 Critrios e procedimentos para anlise dos dados .................................. 53
2.6.1 Entrevista ................................................................................................ 53
2.6.2 DFHDesenho da Figura Humana ....................................................... 542.6.2.1 Aspectos Gerais ...................................................................................... 54
2.6.2.2 Aspectos estruturais ou formais .............................................................. 55
2.6.2.3 Aspectos de contedo ............................................................................. 55
2.6.2.4 Procedimentos ........................................................................................ 56
2.6.3 TATTeste de Apercepo Temtica ................................................... 57
2.6.3.1 Tempo de latncia inicial (TLI) ou reao ............................................. 58
2.6.3.2 Tempo total ............................................................................................. 592.6.3.3 Apercepo ............................................................................................. 59
2.6.3.4 Estrutura da histria ................................................................................ 60
2.6.3.5 Tipo de soluo ....................................................................................... 60
2.6.3.6 Procedimentos ........................................................................................ 61
2.7 Outras anlises ........................................................................................ 61
2.8 Observaes sobre o processo de coleta de dados .................................. 62
3 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ....................... 653.1 Desenho da Figura Humana (DFH) ........................................................ 66
3.1.1 Aspectos gerais ....................................................................................... 67
3.1.2 Aspectos estruturais ou formais .............................................................. 79
3.1.3 Aspectos de contedo ............................................................................. 97
3.2 Teste de Apercepo Temtica (TAT) ................................................. 104
3.2.1 Tempo de latncia inicial e tempo total ................................................ 104
3.2.2 Apercepo ........................................................................................... 106
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x
3.2.2.1 Anlise da apercepo na Prancha 1 ..................................................... 106
3.2.2.2 Anlise da apercepo na Prancha 2 ..................................................... 110
3.2.2.3 Anlise da apercepo na Prancha 7MF ............................................... 115
3.2.2.4 Anlise da apercepo na Prancha 8MF ............................................... 121
3.2.3 Estrutura da histria .............................................................................. 123
3.2.4 Tipo de soluo ..................................................................................... 125
4 DISCUSSO DOS RESULTADOS .................................................... 133
4.1 Caractersticas do DFH das grvidas de primeiro e segundo filhos ..... 133
4.1.1 Quanto aos aspectos gerais ................................................................... 133
4.1.2 Quanto aos aspectos estruturais ou formais .......................................... 134
4.1.3 Quanto aos aspectos de contedo ......................................................... 1364.1.4 Comparao com outras pesquisas ....................................................... 137
4.2 Caractersticas do TAT das grvidas de primeiro e segundo filhos ..... 141
4.2.1 Tempo de latncia inicial (ou reao) e Tempo total ........................... 141
4.2.2 Apercepo ........................................................................................... 141
4.2.3 Estrutura da histria .............................................................................. 142
4.2.4 Tipo de soluo ..................................................................................... 143
4.2.5 Comparao com outras pesquisas ....................................................... 1434.3 Caractersticas do DFH e do TAT das grvidas de primeiro e segundo
filhos ..................................................................................................... 146
5 LIMITAES E SUGESTES DE ESTUDO .................................... 150
6 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS ................................. 152
ANEXO ATABELAS DE ANLISE DO DFH (MODELO UTILIZADO) ...... 157
ANEXO BTABELAS DE ANLISE DO tat (MODELO utilizado) .................. 161
ANEXO CTERMO DE CONSENTIMENTO PS-INFORMAO (MODELOUTILIZADO) ....................................................................................... 167
ANEXO DROTEIRO DE ENTREVISTA .......................................................... 169
ANEXO EREGISTRO DO DESENHO DA FIGURA HUMANA ..................... 174
ANEXO FREGISTRO COMPLEMENTAR GRAVAO DO TAT ............. 176
ANEXO GPRODUES NO DESENHO DA FIGURA HUMANA ................ 178
ANEXO HTEMPO DE LATNCIA INICIAL E TEMPO TOTAL POR
PRANCHA ........................................................................................... 189
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ANEXO IESTRUTURA DA HISTRIA POR PRANCHA .............................. 195
ANEXO JTIPO DE SOLUO POR PRANCHA ............................................. 201
REFERNCIAS ....................................................................................................... 207
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mtodo .................................................................................................... 53
Figura 2 Resumo esquemtico dos procedimentos para anlise do DFH ............. 57
Figura 3 Resumo esquemtico dos procedimentos para anlise do TAT ............. 62
Figura 4 Manuteno da posio vertical da folha de papel. ................................ 67
Figura 5 Desenho da figura feminina da primpara 1 ........................................... 68
Figura 6 Localizao da figura na folha. Figura feminina. ................................... 69
Figura 7 Localizao da figura na folha. Figura masculina. ................................. 70
Figura 8 Desenho da figura feminina da primpara 5. .......................................... 72
Figura 9 Desenho da figura masculina da grvida 11 de segundo filho. .............. 73Figura 10Tamanho da figura em relao folha. Figura feminina. ....................... 75
Figura 11Tamanho da figura em relao folha. Figura masculina. ..................... 75
Figura 12Desenho da figura feminina da primpara 2. .......................................... 77
Figura 13Desenho da figura feminina da grvida 17 de segundo filho. ................ 78
Figura 14Tipo de imagem do corpo. Figura feminina. .......................................... 79
Figura 15Tipo de imagem do corpo. Figura masculina. ........................................ 80
Figura 16Exemplos de desenhos de figuras femininas realistas. ........................... 81Figura 17Exemplos de desenhos de figuras masculinas realistas. ......................... 82
Figura 18Exemplos de desenhos de figuras femininas compensatrias. ............... 83
Figura 19Exemplos de desenhos de figuras masculinas compensatrias. ............. 84
Figura 20Inclinao. Figura feminina. ................................................................... 85
Figura 21Inclinao. Figura masculina. ................................................................. 86
Figura 22Desenho da figura feminina da primpara 6. .......................................... 87
Figura 23Desenho da figura masculina da grvida 14 de segundo filho. .............. 88Figura 24Ordem de desenho das figuras ................................................................ 89
Figura 25Desenho da figura feminina da grvida 14 de segundo filho ................. 90
Figura 26Tratamento diferencial. Figura feminina X masculina. Tamanho. ......... 93
Figura 27Tratamento diferencial. Figura feminina X masculina. Elaborao
(quantidade de detalhes). ........................................................................ 94
Figura 28Tratamento diferencial. Figura feminina X masculina. Tempo. ............. 95
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xiii
Figura 29Exemplos de desenhos em que houve tratamento diferencial com relao
ao tamanho. ............................................................................................. 95
Figura 30Exemplos de desenhos em que houve tratamento diferencial com relao
quantidade de detalhes. ........................................................................ 96
Figura 31Exemplos de desenhos em que houve tratamento diferencial com relao
ao tempo utilizado para a realizao das figuras. ................................... 96
Figura 32Marcao da regio dos seios. Figura feminina. .................................... 97
Figura 33Marcao da regio dos seios. Figura masculina. .................................. 98
Figura 34Desenho da figura feminina da primpara 7. .......................................... 99
Figura 35Desenho da figura masculina da primpara 7 ....................................... 100
Figura 36Desenho da cintura e/ou cinto. Figura feminina. .................................. 101Figura 37Desenho da cintura e/ou cinto. Figura masculina. ................................ 102
Figura 38Desenho da figura feminina da primpara 3. ........................................ 103
Figura 39Mdia em segundos dos tempos de latncia inicial/Prancha. ............... 105
Figura 40Mdia em segundos do tempo total/Prancha. ....................................... 105
Figura 41Percepto menino. .................................................................................. 107
Figura 42Percepto violino. ................................................................................... 108
Figura 43Percepto mesa. ...................................................................................... 109Figura 44Percepto jovem mulher. ........................................................................ 111
Figura 45Percepto homem (trabalhando no campo). ........................................... 112
Figura 46Percepto mulher mais velha (observando). ........................................... 113
Figura 47Percepto livros. ..................................................................................... 114
Figura 48Percepto campo. .................................................................................... 115
Figura 49Percepto mulher mais velha (sentada em um sof). ............................. 116
Figura 50Percepto menina. .................................................................................. 117Figura 51Percepto boneca ou beb (no colo da menina). .................................... 118
Figura 52Percepto sof. ........................................................................................ 119
Figura 53Percepto livro. ....................................................................................... 120
Figura 54Percepto mulher jovem. ........................................................................ 121
Figura 55Percepto cadeira. ................................................................................... 122
Figura 56Percepto pedao de tecido. ................................................................... 123
Figura 57Histrias com boa estruturao. ............................................................ 124
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Figura 58Tipo de soluo. Prancha 1. .................................................................. 126
Figura 59Tipo de soluo. Prancha 2. .................................................................. 127
Figura 60Tipo de soluo. Prancha 7MF. ............................................................ 129
Figura 61Tipo de soluo. Prancha 8MF. ............................................................ 130
Figura 62Tipo de soluo. Prancha 16. ................................................................ 131
Figura 63Exemplos de desenhos de figuras masculinas da primpara 6 e da grvida
11 de segundo filho. .............................................................................. 135
Figura 64Exemplos de desenhos de figuras femininas e figuras masculinas da
primpara 8 e da grvida 18 de segundo filho. ..................................... 139
Figura 65Exemplos de desenhos da primpara 2. ................................................ 140
Figura 66Maior quantidade de detalhes na figura masculina da grvida 16 desegundo filho. ....................................................................................... 147
Figura 67Produes do DFH das primparas 1 e 2 .............................................. 179
Figura 68Produes do DFH das primparas 3 e 4 .............................................. 180
Figura 69Produes do DFH das primparas 5 e 6 .............................................. 181
Figura 70Produes do DFH das primparas 7 e 8 .............................................. 182
Figura 71Produes do DFH das primparas 9 e 10 ............................................ 183
Figura 72Produes do DFH das grvidas 11 e 12 de segundo filho .................. 184Figura 73Produes do DFH das grvidas 13 e 14 de segundo filho .................. 185
Figura 74Produes do DFH das grvidas 15 e 16 de segundo filho .................. 186
Figura 75Produes do DFH das grvidas 17 e 18 de segundo filho .................. 187
Figura 76Produes do DFH das grvidas 19 e 20 de segundo filho .................. 188
Figura 77Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 1. ............................. 190
Figura 78Tempo total em segundos. Prancha 1. .................................................. 190
Figura 79Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 2. ............................. 191Figura 80Tempo total em segundos. Prancha 2. .................................................. 191
Figura 81Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 7MF. ....................... 192
Figura 82Tempo total em segundos. Prancha 7MF. ............................................ 192
Figura 83Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 8MF. ....................... 193
Figura 84Tempo total em segundos. Prancha 8MF. ............................................ 193
Figura 85Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 16. ........................... 194
Figura 86Tempo total em segundos. Prancha 16. ................................................ 194
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Descrio original das Pranchas. ............................................................ 46
Tabela 2 Categorias de anlise da apercepo ...................................................... 59
Tabela 3 Categorias de anlise do tipo de soluo ................................................ 61
Tabela 4 Dados coletados de Julho de 2001 Novembro de 2002 no Hospital
Universitrio da Universidade de So Paulo. ......................................... 65
Tabela 5 Posio da folha de papel ....................................................................... 67
Tabela 6 Localizao da figura na folha. Figura feminina. ................................... 69
Tabela 7 Localizao da figura na folha. Figura masculina. ................................. 70
Tabela 8 Tamanho da figura em relao folha. Subcategorias. .......................... 74Tabela 9 Tamanho da figura em relao folha. Categorias. ............................... 74
Tabela 10Tipo de imagem do corpo ....................................................................... 79
Tabela 11Inclinao. ............................................................................................... 85
Tabela 12Ordem de desenho das figuras. ............................................................... 89
Tabela 13Tratamento diferencial ............................................................................ 91
Tabela 14Tratamento diferencial. Figura feminina X masculina. .......................... 92
Tabela 15Marcao da regio dos seios. ................................................................ 97Tabela 16Desenho da cintura e/ou cinto .............................................................. 101
Tabela 17Mdias em segundos do tempo de latncia inicial/Prancha. ................ 104
Tabela 18Mdias em segundos do tempo total/Prancha. ...................................... 105
Tabela 19Categorias para anlise da apercepo. ................................................ 106
Tabela 20Apercepo Prancha 1. ......................................................................... 106
Tabela 21Apercepo Prancha 2. ......................................................................... 111
Tabela 22Apercepo Prancha 7MF .................................................................... 116Tabela 23Apercepo Prancha 8MF .................................................................... 121
Tabela 24Histrias com boa estruturao ............................................................. 124
Tabela 25Categorias para anlise do tipo de soluo. .......................................... 125
Tabela 26Tipo de soluo. Prancha 1. .................................................................. 126
Tabela 27Tipo de soluo. Prancha 2. .................................................................. 127
Tabela 28Tipo de soluo. Prancha 7MF. ............................................................ 129
Tabela 29Tipo de soluo. Prancha 8MF. ............................................................ 129
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Tabela 30Tipo de soluo. Prancha 16. ................................................................ 131
Tabela 31Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 1 .............................. 190
Tabela 32Tempo total em segundos. Prancha 1. .................................................. 190
Tabela 33Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 2. ............................. 191
Tabela 34Tempo total em segundos. Prancha 2. .................................................. 191
Tabela 35Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 7MF. ....................... 192
Tabela 36Tempo total em segundos. Prancha 7MF. ............................................ 192
Tabela 37Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 8MF. ....................... 193
Tabela 38Tempos total em segundos. Prancha 8MF. ........................................... 193
Tabela 39Tempo de latncia inicial em segundos. Prancha 16. ........................... 194
Tabela 40Tempo total em segundos. Prancha 16. ................................................ 194Tabela 41Estrutura da histria. Prancha 1. ........................................................... 196
Tabela 42Estrutura da histria. Prancha 2. ........................................................... 197
Tabela 43Estrutura da histria. Prancha 7MF. ..................................................... 198
Tabela 44Estrutura da histria. Prancha 8MF. ..................................................... 199
Tabela 45Estrutura da histria. Prancha 16. ......................................................... 200
Tabela 46Tipo de soluo. Prancha 1. .................................................................. 202
Tabela 47Tipo de soluo. Prancha 2. .................................................................. 203Tabela 48Tipo de soluo. Prancha 7MF. ............................................................ 204
Tabela 49Tipo de soluo. Prancha 8MF. ............................................................ 205
Tabela 50Tipo de soluo. Prancha 16. ................................................................ 206
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LISTA DE ABREVIATURAS
DFH Desenho da Figura Humana
TAT Teste de Apercepo Temtica
APA American Psychological Association
Pr Prancha
HU Hospital Universitrio
USP Universidade de So Paulo
TLI Tempo de latncia inicial ou reao
TT Tempo total
CFP Conselho Federal de Psicologiagrav. Gravidez
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RESUMO
Barros, I. P. M. de (2004). Caractersticas psicolgicas da primeira e da segunda
gravidez: o uso do DFH e do TAT na assistncia pr-natal.Dissertao de Mes-trado, Instituto de Psicologia, Universidade de So Paulo, So Paulo (p.215).
O objetivo geral da pesquisa consiste da ampliao do conhecimento acerca das ca-
ractersticas psicolgicas das grvidas de primeiro e segundo filhos e, em especial,
das diferenas existentes entre esses dois grupos, a fim de contribuir tanto para o
aperfeioamento da utilizao do Desenho da Figura Humana (DFH) e do Teste de
Apercepo Temtica (TAT) com grvidas, como contribuir para as suas assistncias
pr-natais. Para tanto, por meio de estudo exploratrio, identificou-se caractersticaspsicolgicas observadas na primeira e na segunda gravidez, e comparou-se os dois
grupos, cada um composto por 10 grvidas. Os dados foram coletados no Servio de
Obstetrcia do Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo atravs de entre-
vistas individuais semi-dirigidas e aplicao do DFH e das pranchas 1, 2, 7MF, 8MF
e 16 do TAT. O material resultante foi analisado, principalmente em seus aspectos
estruturais, sendo que os dados da entrevista tiveram funo complementar neste
processo. Realizou-se uma avaliao sistemtica do DFH e do TAT a fim de contri-buir para o aumento da confiabilidade no uso dessas tcnicas. Os resultados foram
exemplificados com o material clnico obtido. As caractersticas psicolgicas das
grvidas de primeiro filho apresentaram-se semelhantes entre si, porm diferentes
das caractersticas psicolgicas das grvidas de segundo filho, as quais, como no
primeiro caso, tambm se apresentam similares. As ansiedades da primpara parecem
mais ligadas s modificaes biopsicossociais resultantes da gravidez, enquanto as
caractersticas psicolgicas na segunda gestao parecem estar influenciadas pelo
amadurecimento obtido na experincia anterior de gravidez. Diante dos resultados,
ressalta-se a importncia do psiclogo conhecer as caractersticas psicolgicas da
primeira e da segunda gravidez, no s para a atuao clnica individual, mas tam-
bm em equipe multiprofissional. Por fim, sugeriu-se investigao longitudinal para
avano do conhecimento sobre o tema.
Palavras-chave: 1. Gravidez, 2. Maternidade 3. Assistncia pr-natal, 4. Tcnicas
projetivas, 5. Desenho de Figuras Humanas, 6. Teste de Apercepo Temtica.
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ABSTRACT
Barros, I. P. M. de (2004). Psychological characteristics of first and second preg-
nancies: the use of HFD and TAT in prenatal care.Masters Dissertation, Instituteof Psychology, University of So Paulo, So Paulo (215 pages).
The general aim of this research is to extend knowledge on the psychological charac-
teristics of mothers who are pregnant with their first and second children and, more
specifically, on the differences between these two groups, in order to contribute both
to streamlining the use of Human Figure Drawing (HFD) and Thematic Appercep-
tion Test (TAT) with pregnant women, and also to contribute to their prenatal care.
Therefore, by means of an exploratory study, this dissertation identified the psycho-logical characteristics found in first and second pregnancies and makes a comparison
of the two groups, each one comprised of 10 pregnant women. The data were ga-
thered at the Obstetrics Service of the Hospital of the University of So Paulo, from
individual, semi-structured interviews and the application of HFD and cards 1, 2,
7GF, 8GF and 16 of TAT. The results of the study were analised mainly in its struc-
tural aspects, and the interview data had complementary function in this process. A
systematic evaluation method for HFD and TAT was made, as a means of contribut-ing to improve the reliability of these techniques. The results were exemplified with
the acquired clinical material. The psychological characteristics of first children
pregnants were found similar, although different from psychological characteristics
of second children pregnants, which were, as in the latter, equally found having simi-
larities. The anxieties of the first pregnancy seem to be more associated with the bi-
opsychosocial changes that occur during pregnancy, while the psychological charac-
teristics of second pregnancy appear to be influenced considerably by the maturing
experience of the earlier pregnancy. From the results, the dissertation emphasizes the
importance for psychologists to understand the psychological characteristics of first
and second pregnancies, not only in their individual clinical work, but also in multi-
professional teamwork. Finally, it recommends longitudinal research to advance
knowledge on the matter.
Key words: 1. Pregnancy, 2. Maternity, 3. Prenatal care, 4. Projective techniques,
5. Human Figure Drawings, 6. Thematic Apperception Test.
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1 INTRODUO
O vento o mesmo. Mas sua resposta em cada folha diferente.
(Meireles, 1967, p.339)
Curiosidade e desejo pela investigao mais profunda e sistemtica sobre o
tema da gravidez foram despertados a partir das diferenas significativas sentidas e
percebidas em experincias pessoais na primeira (1991) e segunda gestaes (1992)
da autora deste trabalho.
Ao final da graduao em Psicologia, houve a primeira oportunidade concreta
de pesquisar sobre o assunto (Barros, 1999). Ao longo do trabalho foi percebido queo tema era, no s, bastante complexo, como tambm havia pouco material para con-
sulta, em especial sobre a segunda gravidez, o que se mantm at hoje.
Fazendo uma consulta ao estado da arte dos ltimos 10 anos (1984-2004) en-
contra-se apenas o trabalho de Nobile (1987). Antes disso, localizam-se as pesquisas
de Tsu (1980) e Doty (1967) com multparas.
Fora isso, alguns livros como os de Raphael-Leff (1997), Szejer e Stewart
(1997) e Wilheim (1997) fazem rpida meno a algumas caractersticas de outrosprocessos gestacionais que no s o primeiro.
No estudo exploratrio da poca da graduao (Barros, 1999), a anlise dos
protocolos do Teste de Apercepo Temtica (TAT) sugeriu que as primparas teriam
as projees mais influenciadas pelas suas respectivas histrias de vida do que as
grvidas de segundo filho. Aquela pesquisa teve como objetivo geral caracterizar,
utilizando o referencial psicanaltico, as projees em relao gravidez e a partir
disso, traar os lugares ocupados pelos filhos no inconsciente materno, entendendo oque estaria representando a vinda destes. Os dados foram coletados atravs da aplica-
o das Pranchas 2, 7MF e 8MF do Teste de Apercepo Temtica (TAT) escolhidas
para tal fim, alm de uma entrevista semi-dirigida, cujo roteiro foi desenvolvido ex-
clusivamente para complementar o levantamento de dados.
Naquela ocasio, a amostra foi composta de 5 primparas, 5 grvidas de 2 fi-
lho e 3 mulheres na terceira gestao, todas pertencentes classe mdia. A pesquisa
apoiou-se prioritariamente na teoria psicanaltica, cujos elementos puderam propiciar
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uma leitura clnica das entrevistas semi-dirigidas e do material resultante da aplica-
o do TAT, sendo possvel a identificao de padres comuns de respostas, especi-
almente nos protocolos do TAT. As informaes da entrevista semi-dirigida auxilia-
ram na interpretao do material e, portanto, na compreenso das representaes do
filho no inconsciente da me: amigo, frgil, queridinho, entre outros (Barros,
1999).
Assim, nas mulheres primparas, o que mais se destacou foi a interferncia de
revivescncias de suas histrias de vida nas expectativas imaginrias que tm em
relao ao filho, sendo ento este esperado como devendo compensar seus traumas
pessoais. O desejo mais presente nas mulheres grvidas de segundo filho referiu-se
preferncia por determinado sexo para o beb, devendo ser o oposto do de seu pri-meiro filho. Nesse caso, parece que o filho estava sendo esperado como devendo
satisfazer seus desejos de conhecer como ser me de menino/menina (dependendo
do sexo do primeiro filho). A dificuldade financeira e as preocupaes profissionais
tomam o lugar das expectativas frente vinda do 3 filho que parece ser esperado
como devendo, pelo menos, preencher os aspectos que os outros dois no preenche-
ram (Barros, 1999).
Levando-se em conta toda responsabilidade e comprometimento que um filhoexige, este foi visto como agente involutivo j que muitas vezes percebido como en-
trave vida profissional. Isto se manifestou, na maioria das vezes, sob a forma de
rejeio gravidez. A maternidade, que poderia ser uma vivncia de realizao, pas-
sou a ser secundria, j que, em alguns casos, a realizao profissional prioridade
(Barros, 1999; Gomes, 2000; Settee, 1991).
Diante da hiptese geral de que as diferenas de expectativas para cada filho
so determinadas pelo lugar que estes ocupam no inconsciente da me, o materialobtido com a pesquisa foi extremamente precioso j que a utilizao do TAT possibi-
litou a emergncia de aspectos essenciais da subjetividade das gestantes no referente
aos aspectos inconscientes. Alm dos complexos, as influncias do pessoal e do con-
texto tambm puderam ser inferidas, e concluiu-se que, circunstncias da vida pre-
gressa da mulher interferem na aceitao da gravidez e do beb.
Este incipiente trabalho originou indcios mais consistentes a respeito da idia
de que cada gravidez nica, no s do ponto de vista mdico e histrico, mas tam-
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bm psicolgico j que envolve, em um determinado momento, a atitude particular
de cada mulher, frente gravidez e maternidade.
Diante deste ponto de partida (Barros, 1999), a pesquisa atual visou ao apro-
fundamento da investigao sobre o assunto ampliando-se a amostra e sistematizan-
do o mtodo de investigao.
Como em toda tarefa psicolgica, tambm no campo da gravidez se pode tra-
ar certas pautas de carter geral, mas a observao direta de cada paciente a nica
maneira de chegar a uma adequada compreenso de seu psiquismo (Soifer, 1992).
Soma-se a isto o fato de que a psicodinmica da gestante sofre influncias de vari-
veis do momento em que se encontra e as que esto ligadas sua histria de vida e s
suas relaes com as suas imagens parentais (Bowlby, 2001; Mazet & Stoleru, 1990).Diante dessas afirmaes, parece muito pertinente que, querendo-se saber a-
cerca das semelhanas e diferenas entre as caractersticas psicolgicas observadas
na primeira e na segunda gravidez, se estude in locuas grvidas de primeira e segun-
da gravidez para se ter acesso atividade psquica atuante ao longo da gestao, pos-
sibilitando a identificao da penetrao dos contedos inconscientes e cenrios ima-
ginrios (pr-conscientes), desejos e fantasias, enraizados nas camadas infantis e
inconscientes da vida psquica da me.Concordando com alguns autores tais como Bowlby (2001), Maldonado
(2000), Souza-Dias (1999) e Wilheim (1997), pensa-se que a relao me-filho j se
inicia no perodo pr-natal, sendo este, portanto, um perodo crtico tanto para a me,
que como denomina Bowlby, tambm recm-nascida, como para o beb:
As leses provocadas na estrutura emocional do ser por acidentes graves ocorridos na
comunicao entre a me e o beb durante o perodo pr-natal, vo constituir imprints
traumticos, cujos efeitos propagar-se-o, seguindo o modelo de propagao das ondas
acsticas, vida afora. (Wilheim, 1997, p. 66-67).
As emoes maternas representam um ambiente pr-natal que influencia os
padres de conduta do novo ser (Maldonado, 2000). Sendo assim, a disponibilidade
afetiva da me fundamental para que ocorra o desenvolvimento psico-afetivo do
indivduo, de clula a feto, de feto a beb e de beb a criana (Wilheim, 1997, p.
66).
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A partir disso surge a necessidade de aprofundamento do conhecimento sobre
as caractersticas psicolgicas observadas na gravidez a fim de que se possa desen-
volver propostas de intervenes especficas para a primeira e segunda gestaes,
visando a um aprofundamento das pesquisas na rea das vivncias pr-natais e um
posterior desenvolvimento da qualidade das relaes iniciais das mes com seus be-
bs.
A seguir (item 1.1) sero apresentados os conceitos gerais de gravidez, ma-
ternidade e maternagem em seus aspectos biopsicossociais e psicanalticos respecti-
vamente. Tambm sero apresentadas consideraes sobre a segunda gravidez e o
nascimento do segundo filho. O item 1.2 traz os trabalhos mais relevantes em uma
reviso da literatura sobre o tema, destacando o uso do Teste de Apercepo Temti-ca (TAT) e do Desenho da Figura Humana (DFH) em pesquisas empricas. Este pri-
meiro captulo composto ainda por um rpido apanhado sobre as Tcnicas projeti-
vas, especialmente o DFH e o TAT, alm de algumas observaes sobre o atual con-
texto de avaliao das mesmas. Finalizando, tratar-se- da relevncia da pesquisa, do
problema de pesquisa e sero esclarecidos seus objetivos e hipteses.
No captulo 2, denominadoMtodo, aps definio do tipo de pesquisa, ser
apresentado o conjunto de estratgias metodolgicas, tanto para coleta de dados co-mo para anlise dos dados, a caracterizao da instituio onde a pesquisa foi reali-
zada, os critrios de incluso e excluso da amostra utilizada e os instrumentos utili-
zados. O captulo se encerra com as observaes sobre o processo de coleta de dados.
Os principais resultados so apresentados no captulo 3 e discutidos no cap-
tulo seguinte denominadoAnlise e discusso dos resultados.
Por ocasio do captulo 5 so apontadas algumas limitaes do estudo, assim
como so sugeridas novas investigaes sobre o tema, a partir de questes que surgi-ram ao longo da realizao deste trabalho.
No ltimo captulo, Concluses e consideraes finais, so apresentados os
aspectos conclusivos em torno da resposta ao problema lanado ao incio do trabalho,
em torno da consecuo dos objetivos propostos, bem como da submisso preliminar
da hiptese aos achados mais relevantes desta pesquisa.
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O referencial psicanaltico foi utilizado como linha terica para embasamento
da pesquisa, tendo em vista que esta manteve o mesmo objeto de estudo da psicanli-
se: o inconsciente e sua interao com a instncia consciente.
1.1 Conceitos gerais
Vale a pena fazer uma ressalva sobre a diferena entre gravidez e maternida-
de. Ocorre que ambas assemelham-se pelo fato de estarem repletas de aspectos psico-
lgicos e culturais e, alm disso, a maternidade pode, ou no, estar presente na gravi-
dez. No Novo Dicionrio Aurlio encontra-se o seguinte: Gravidez: estado da mu-
lher, e das fmeas em geral, durante a gestao (Ferreira, 1986, p.866) e Matern i-dade: qualidade ou condio de me; lao de parentesco que une a me ao filho
(Ferreira, 1986, p. 1103).
Esta diferenciao de suma importncia, levando-se em conta que os resul-
tados dessa pesquisa visam, atravs da possibilidade de interveno precoce, a au-
mentar as chances da maternidade se incluir na gravidez, de forma a contribuir com o
desenvolvimento saudvel do vnculo me-filho. A seguir, ambos os conceitos sero
definidos e trabalhados um pouco mais.
1.1.1 Gravidez
Em termos conceituais, ao longo de todo o desenvolvimento dessa disserta-
o, estaro sendo considerados como sinnimos os termos: grvida e gestante, assim
como gravidez e gestao. Maldonado (2000) define a gravidez, assim como outros
perodos crticos do ciclo vital, como um perodo de transio biologicamente deter-minado, caracterizado por mudanas orgnicas complexas, o que gera uma instabili-
dade de equilbrio temporria devido s mudanas envolvidas nos aspectos biopsi-
cossociais, incluindo a mudana de identidade.
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1.1.1.1Aspectos biopsicossociais da gravidez: breve retomada
Apesar da existncia da expressiva quantidade de material na literatura sobre
os aspectos fsicos e mudanas orgnicas na gravidez (Maldonado, 2000; Soifer,
1992; Souza-Dias, 1999; Wilheim, 1997) assim como aspectos mais psico-afetivos
tambm relacionados a este perodo da vida da mulher (Fernandes, 1988; Maldona-
do, 2000; Settee, 1991; Soifer, 1992; Szejer & Stewart, 1997) alguns pontos mere-
cem nesse momento ser retomados.
A literatura especializada costuma dividir a gravidez em trs trimestres a par-
tir principalmente dos sintomas e modificaes corporais e aspectos psicodinmicos,
os quais estaro sendo apresentados de forma resumida nas linhas que se seguem.O primeiro trimestre caracterizado por uma crise frente s intensas mu-
danas fsicas e psicolgicas, tanto para a me, gestante, como para o beb conforme
apontam estudiosos sobre o psiquismo pr-natal (Fernandes, 1988; Souza-Dias,
1999; Wilheim, 1997). Souza-Dias, a partir de suas pesquisas com estudos ultrasso-
nogrficos retrata a primeira experincia de dor frente impotncia de ser quando o
concepto tem apenas de 24 a 48 horas de vida, e para que possa sobreviver, precisa
nidar-se parede uterina. Wilheim (1997) por sua vez vai alm e aponta que todos osacontecimentos biolgicos, sem exceo, pelos quais o feto passa desde que era clu-
la at que se constitua beb, ficam registrados numa memria, uma memria celular
que far parte de uma bagagem inconsciente. O ataque por parte do sistema imuno-
lgico da me logo que o concepto passa a existir, e portanto, caracteriza-se como
um corpo estranho ao qual o organismo da me reage, representa para Wilheim
(1997) a primeira matriz dos sentimentos de rejeio e de angstia, angstia de ani-
quilamento.Quando se fala em crise, refere-se ao conceito de crise evolutiva, ou seja, pe-
rodos da vida das pessoas onde a emergncia de fatos, naturais ou acidentais, exige
resposta adaptativa. Tais perodos, momentos crticos da evoluo afetiva humana
(Fiori, 1982), implicam na utilizao de novos recursos e solues, contribuindo,
para o desenvolvimento da personalidade do sujeito e o estabelecimento de um novo
perodo de equilbrio (Maldonado, 2000). Parece haver expectativas de que as mu-
danas sejam boas (Fernandes, 1988), mas, h ao mesmo tempo angstia frente ao
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desconhecido. Essa ambivalncia caracterstica da psicodinmica da grvida (Soi-
fer, 1992; Bowlby, 2001). Outro aspecto que pode estar presente nessa ambivalncia
a diferena, para a qual chamam a ateno Szejer e Stewart (1997) entre o desejo
de ter um filho e o projeto de ser me. Ter um projeto de ser me projetar-se a si
mesma no futuro como me desse filho. J quando se deseja um filho, o filho que
se projeta imaginariamente no futuro. Tambm se destacam na categoria ambivaln-
cia, os conflitos entre o desejo inconsciente e vontade consciente. Neste ltimo caso,
uma ilustrao desse impasse so as gestaes que surgem devido a falhas nos pro-
cedimentos anti-concepcionais.
Pela gravidez a mulher tem necessidade de voltar-se para dentro de si e reto-
mar as suas vivncias infantis, numa regresso que lhe facilitar o contato com ofilho. Soifer (1992) caracteriza a gravidez como uma experincia regressiva, caracte-
rizada por sintomas tais como a hipersonia, ou sonolncia, e retraimento tornando-se
a mulher ensimesmada. A regresso em si tem origem, como aponta Soifer (1992),
na percepo inconsciente das mudanas orgnicas e hormonais e na sensao de
incgnita, ou seja, a percepo tanto consciente como inconsciente, no consegue
definir a causa das mudanas que vm ocorrendo: diante do conflito suscitado, a
mulher adota a soluo de afastar os estmulos, tanto internos como externos, por viado repouso. (Soifer, 1992, p. 22). Encontra-se na literatura (Brazelton, 1988; Mal-
donado, 2000) destaque para possveis repercusses do aumento deste retraimento na
vida familiar. No caso da multpara, por exemplo, a partir do momento em que seus
outros filhos captem inconscientemente ou sejam informados de tais mudanas, po-
dem vir a desenvolver sintomas de inquietao, dificuldades de sono e alimentao
com os quais a gestante se deparar. Portanto, para minimizar esses comportamentos
reativos e preparar a criana mais velha para a chegada do irmozinho, recomenda-seque o filho mais velho seja informado sobre o que est acontecendo.
Os vmitos e os enjos fazem parte do rol de sintomas que surgem muitas ve-
zes no sentido de confirmar e anunciar a gestao, levando-se em conta que as altera-
es do esquema corporal ainda so bastante discretas neste primeiro trimestre (Fer-
nandes, 1988; Maldonado, 2000; Settee, 1991; Soifer, 1992).
So sintomas comuns nesse perodo inicial o aumento de apetite e da sensibi-
lidade nas reas de olfato, paladar e audio e tambm emocional, sendo essa ltima
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caracterizada por oscilaes de humor manifestadas na maioria das vezes por maior
irritabilidade e vulnerabilidade a estmulos externos e ao choro e/ou ao riso fceis
(Maldonado, 2000).
O segundo trimestre caracterizado pelo incio da percepo dos movimentos
fetais (Fernandes, 1988; Settee, 1991; Soifer, 1992). Conforme Maldonado (2000),
a percepo dos movimentos fetais que possibilitar mulher atribuir certas caracte-
rsticas pessoais ao filho, segundo a interpretao que fizer destes: o feto pode ser
sentido como carinhoso, agitado, agressivo, dentre outras caractersticas, dependendo
da intensidade e freqncia dos movimentos.
Este o perodo de maior estabilidade j que a mulher est segura da gravidez
e ainda distante do parto. O estado gravdico evidente devido instalao das mo-dificaes corporais (arredondamento do ventre, perda da cintura, aumento dos seios,
dentre outros). As ansiedades esto agora em torno do temor do filho nascer disforme
e do sentimento de fealdade, ou seja, angstia frente ao corpo disforme e medo de
permanecer assim para sempre. Esse tambm o momento em que h uma baixa na
libido sexual (Soifer, 1992).
No ltimo trimestre, da metade do stimo ms em diante a criana se coloca
de cabea para baixo encaixada no canal do parto. A percepo dos movimentos ute-rinos e fetais provoca uma intensa crise de ansiedade que pode expressar-se pelo par-
to antecipado, manifestaes psquicas ou ainda por vrias somatizaes: hiperten-
so, diarrias, lipotimias, cimbras, que traduzem diferentes fantasias inconscientes.
(Soifer, 1992). Aparecem os temores em relao ao parto. Novamente a mulher se
depara com sentimentos contraditrios: a vontade de ter seu filho nos braos e termi-
nar a gravidez e, ao mesmo tempo, a vontade de prolong-la, visando adiar a neces-
sidade de fazer novas adaptaes exigidas pela vinda do beb (Maldonado, 2000),visto que a estrutura e o relacionamento familiar sofrem modificaes aps o nasci-
mento de um filho. Segundo De Felice (2000), essas mudanas so muito significati-
vas quando se trata da vinda do primeiro filho por causa da passagem para triangular
da antes relao dual a que o casal estava acostumado.
Como visto, com relao parte emocional, ambivalncia afetiva, temores,
medo, tenso e ansiedade so alguns dos sentimentos caractersticos ao longo da gra-
videz (Fernandes, 1988; Maldonado, 2000; Settee, 1991; Soifer, 1992). Um dos te-
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mores mais universais a alterao do esquema corporal, receio de no conseguir
recuperar a forma antiga, ou que possa ficar modificada como pessoa, num sentido
mais profundo. H ainda o receio de ser incapaz de dar luz e nutrir o filho, de o
beb nascer deformado, alm do temor quanto aos prprios sentimentos destrutivos
contra ele (Maldonado, 2000). Sobre a origem dos sentimentos hostis contra o beb,
Bowlby (2001) aponta que estes so despertados nos pais semelhana dos que fo-
ram suscitados quando estes pais eram ainda crianas por seus respectivos pais e ir-
mos: A me que, quando criana, tinha cimes de um irmo mais novo, poder
experimentar agora uma hostilidade absurda e exorbitante pelo novo e pequenino
estranho que veio instalar-se na famlia (Bowlby, 2001, p. 34).
A partir das consideraes de De Felice (2000) pode-se acrescentar ainda que:
A identificao com a figura materna e a plena aceitao do papel materno podem entrar
em conflito com aspectos narcsicos da mulher. As mudanas corporais devidas gravi-
dez, parto e amamentao, podem conflituar com os desejos narcsicos da mulher de pre-
servar o corpo como objeto de atrao ertica (De Felice, 2000, p. 91).
A gravidez, no um perodo transitrio para a maternidade j que essa con-
dio pode ou no estar presente a priori, assunto que ser tratado nos prximos i-
tens, mais especificamente no intitulado Maternidade, maternagem e os primrdios
do vnculo me-beb: uma leitura psicanaltica.
1.1.1.2Consideraes tericas sobre a segunda gravidez e o nascimento do se-
gundo filho
Cada gravidez vivenciada como nica (Fernandes, 1988; Szejer & Stewart,
1997). No entanto, Fernandes (1988) define que na primeira experincia de gravidez
as mudanas demarcam um momento irreversvel: mudana de identidade, de papis
e sensaes jamais vividas. Alm disso, a gestante sente-se impotente frente a isto.
Segundo Raphael-Leff (1997), os obstetras se referem s gestaes como a-
contecimentos sem conexo, cada uma das quais como acontecimentos isolados. Po-
rm para esta autora (Raphael-Leff, 1997), cada concepo influenciada por todas
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as concepes anteriores e influenciar as futuras j que ocorre um reembaralhamen-
to da constelao familiar cujos efeitos so sentidos por todos os membros.
Toda gravidez evoca na mulher, sua prpria histria e a remete a ela. Szejer e
Stewart (1997) do um exemplo: se a me primognita, sua relao com seu pri-
meiro filho ser marcada pela forma como ela mesma viveu esse lugar. Assim, o
lugar singular de cada filho do casal far eco muitas vezes inconsciente - aos dife-
rentes lugares ocupados por seus pais entre os prprios irmos.
Os resultados da pesquisa de Doty (1967) indicaram que as atitudes maternais
no ps-parto variaram consideravelmente em funo de j terem passado pela experi-
ncia da gravidez antes. As idias de Raphael-Leff (1997) tambm concursam com
as de Doty, j que apontam a influncia da experincia de criar o beb anterior, nodesenvolvimento emocional e na resoluo de conflitos no interior da psique da me.
Quais so as caractersticas psicolgicas observadas na segunda gravidez, que fazem
essa diferena?
Como j foi dito, as gestaes so diferentes e cada uma vai ter seu prprio
significado. Ser que existem caractersticas que se repetem nas grvidas de segunda
gravidez? Se possvel traar um perfil da psicodinmica da primpara (Cury, 1997;
Fernandes, 1988; Maldonado, 2000; Soifer, 1992), ser que h diferena significativaentre as caractersticas psicolgicas observadas na primeira e na segunda gravidez?
Voltando-se para o nascimento do segundo filho, Brazelton (1988) com base
em suas experincias clnicas aponta que a coisa mais difcil por ocasio da chegada
deste a necessria desero do primeiro (p. 45). Segundo ele, h uma grande
dificuldade por parte da me de conceber a idia de diluir o vnculo com o filho mais
velho em funo do nascimento do outro beb. Brazelton (1988) aponta que este
um medo universal, at baseado em termos reais porque a me precisar se afastarum pouco para cuidar do novo beb, ficando em jogo o prejuzo que o filho mais
velho poder sofrer com a rivalidade junto ao irmo. Ser que esta caracterstica po-
der ser observada no grupo de grvidas de segundo filho da pesquisa aqui em ques-
to?
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1.1.2 Maternidade, maternagem e os primrdios do vnculo me-beb: uma
leitura psicanaltica
Entende-se por maternidade a relao me-filho como um todo sociolgico,
fisiolgico e afetivo. A relao da mulher com o marido e com a famlia, sua situao
econmica e a posio do beb em sua existncia do uma matiz pessoal tendncia
maternal de cada mulher (Fernandes, 1988). Essa tendncia maternal no um pen-
samento compartilhado pelas autoras Badinter (1985) e Chodorow (1990) que acredi-
tam que a responsabilidade pela criao e cuidados com os filhos por parte da mulher
no passa de uma exigncia da sociedade machista e patriarcal que se repete ao longo
dos tempos.A gerao de mes dos anos 50 tinha a funo materna bem definida, limitada
e valorizada dentre os papis femininos. O estudo e o trabalho eram considerados
secundrios, diferente do que vem ocorrendo com a gerao de mes dos anos 80,
nas quais verifica-se diferenas marcantes em relao ao significado da maternidade
a comear pela possibilidade de programar a gravidez para um momento mais con-
veniente especialmente no que se refere conciliao da maternidade com as metas
profissionais (Settee,1991).Badinter (1985) e Chodorow (1990) se contrapem ao pensamento de que o
amor materno algo instintivo, ou seja, uma espcie de tendncia inata das mulheres.
Defendem que assim como as atitudes maternas, o papel de me tem se modificado
ao longo da histria, o que faz pensar que a maternidade um comportamento social
que se adequa a um determinado contexto scio-histrico no qual deve se incluir a
necessidade da diviso entre mulheres e homens, dos cuidados com os filhos medi-
da que a mulher se insere no mercado de trabalho. Gomes (2000) tambm chama aateno para a importncia do psiclogo clnico estar atento s situaes crticas den-
tro da famlia que surgem a partir da ascenso profissional da mulher e de questes
sociais atuais:
A famlia na maioria das vezes se desestrutura quando o papel de mantenedor passa a ser
desempenhado por ela(grifo da autora), pois essa prpria mulher se sente desconfortvel,
explorada, culpada, roubando(grifo da autora) esse lugar, em vez de simplesmente ocu-
p-lo (Gomes, 2000, p.162).
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Independente de quem venha a exercer a funo materna, e das diferenas i-
deolgicas e no constructo terico de cada uma das correntes dentro da psicanlise,
ao abordarem o processo de constituio da subjetividade, de uma forma geral, h
um ncleo comum que diz respeito ao peso significativo que o sentimento materno e
a qualidade do vnculo na maternagem1possuem neste processo. A me est assen-
tando, sem que o saiba, as bases da sade mental do indivduo quando constri a sub-
jetividade deste: a princpio imaginariamente quando deseja o filho e posteriormente,
atravs de seus cuidados. Sendo assim pode-se considerar que a dimenso primeira
da experincia psquica intersubjetiva (Souza, 2000).
1Por maternagem entende-se aqui o exerccio da funo materna, que como o prprio nome diz, uma funo que pode ser desempenhada por qualquer pessoa que se disponha a cuidar da criana e porela se interesse. Neste trabalho, particularmente, a maternagem ser associada diretamente com a
figura da me biolgica em funo da especificidade da pesquisa.
Alis, o processo de constituio de um sujeito, desde os momentos mais ini-
ciais, tem sido j h bastante tempo um dos temas com o qual os psiclogos no secansam de trabalhar, ainda mais levando em conta o aprimoramento de parmetros
de escuta e manejo clnico que pesquisas e estudos nessa rea tm agregado cincia
psicanaltica.
Grandes tericos como Freud (1913/1973, 1937/1996a e 1937/1996b) e La-
can (1969/1998), assim como seus discpulos e comentadores Dolto (1996), Mannoni
(1995), Spitz (1988), Bowlby (2001), Lebovici (1999), Cramer (1997), dentre outros,
inclusive alguns brasileiros tais como Jerusalinsky (1997), Lajonquire (1999), Cori-at (1997), Rosenberg (1994), Batista Pinto (1999) etc. se dedicaram a estudar o que
est em jogo nas primeiras relaes que estabelecem (ou no...) as mes com seus
filhos.
Dolto (1996) faz referncia aos sentimentos de uma mulher por seu filho co-
mo essencialmente um modo de linguagem que instrumenta todos os gestos e todas
as palavras que ela dirige ao filho. A autora define que se trata de uma linguagem
pr-verbal que ao mesmo tempo, produto da educao da menina, das interaesfamiliares e scio-culturais e das influncias do momento presente, incluindo neste,
sua relao com o genitor da criana. Essa linguagem, a qual chamou sentimento
materno, inconscientemente ensinada e se constitui na infncia, no contato com e a
exemplo das mulheres das duas linhagens (materna e paterna) e posteriormente tam-
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bm com suas educadoras, segundo as relaes de identificao ou a recusa da iden-
tificao da criana com estas.
Algum tempo depois, j adulta, a mulher que teve suas emoes marcadas por
aquelas mulheres tutelares do passado, idealiza quantos filhos quer ter, como sero
chamados, imagina suas fisionomias. Ao encontrar um parceiro, juntos comeam a
unir as expectativas que tiveram incio, desde o tempo em que ainda eram cuidados.
Menino ou menina? Qual a melhor poca para nascer? Que nome escolher?
essa representao do futuro beb e dela prpria como futura me que dar
impulso para quando do nascimento do beb, a me invista afetivamente e libidinize
o corpo que lhe entregue (Piccinini, Gianlupi, Levandowski, De Nardi & Oliveira,
V., no prelo). Essa capacidade imaginativa dar origem ao vnculo primordial me-beb.
Diante disso, pode-se perceber que o exerccio da funo materna j supe a
colocao em prtica de um desejo (Falsetti, 1990). O desejo da me encontra-se no
modo como ela se ocupa da criana j que as manobras, atenes, atitudes e cuidados
... tm a marca de um interesse particularizado, ainda que o seja pela via de suas
prprias faltas (Lacan, 1969/1998, p.5).
Perante o que teorizou Lacan, Laznik-Penot (1997), fez uma analogia entre omito de Ado e Eva e a ligao entre uma me e seu filho e contou que Lacan evocou
o mito da costela de Ado em seu seminrio de 1968 para ilustrar a questo do papel
do objeto ano desejo de um homem por uma mulher. Ele se perguntou por que teria
Ado desejado justamente esta Eva, constituda a partir de uma falta nele mesmo?
Encontrou a resposta no fato de que para uma criana ser desejvel para sua me,
convm que seja portadora, aos seus olhos, daquilo que a ela falta.
Soma-se a isso o fato de que a criana um ser dependente e assim se encon-tra durante longos anos. Necessita de cuidados especiais, tanto em relao s suas
necessidades materiais como depende de amor. Isto a faz submeter-se e adequar-se
aos desejos e presses dos outros. Para manter-se na vida, a criana precisa que o
Outro a impulsione a viver (Lajonquire, 1999).
As mes no so culpadas, mas responsveis pelo destino subjetivo de seus filhos. Enten-
de-se a a me em posio de Outro materno, atravessa pela articulao entre a sua fan-
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tasmtica e sua posio de falada pelo discurso social, e que tem diante de si um beb que
se apresenta com uma materialidade que no pode ser negada. (Kupfer, 1999, p.101)
Barros (2002) ressalta que a famlia, como primeira ordem social em que oindivduo inserido, estruturalmente regida por uma srie de mitos que servem, no
processo de constituio subjetiva, como ponto de ancoragem simblica e imaginria
que situam o beb em um lugar pr-determinado no grupo familiar.
Ao fazer referncia a esse lugar previamente estipulado encontra-se conso-
nncia nas idias de Cramer (1997) que discorre sobre um tipo de memria que per-
corre geraes, j que justamente porque a memria das geraes anteriores se ins-
creve to cedo no desenvolvimento da nova gerao, que sua marca se torna indel-vel. Referiu-se tambm s marcas que se estabelecem desde as primeiras trocas cor-
porais as quais denotam tal intimidade que o beb parece ligado diretamente aos pen-
samentos e sentimentos de seus pais, como se durante esses perodos precoces, hou-
vesse continuidade entre o inconsciente dos pais e o do beb.
Freud (1937/1996a) em Anlise terminvel e interminvel j havia aponta-
do essa marca indelvel:
De todas as errneas e supersticiosas crenas da humanidade que foram supostamente su-
peradas, no existe uma s cujos resduos no perdurem at hoje entre ns, nos estratos
inferiores dos povos civilizados ou mesmo nos mais elevados estratos da sociedade cultu-
ral. O que um dia veio vida, aferra-se tenazmente existncia. Fica-se s vezes inclina-
do a duvidar se os drages dos dias primevos esto realmente extintos (Freud,
1937/1996a, p. 261).
Mannoni (1999) e Andrade (1994) assinalam a importncia, para o psicanalis-ta, da escuta da fala materna no tratamento da criana, j que essa j sabe, mesmo
que inconscientemente, desde antes do nascimento do filho a satisfao ou a no sa-
tisfao, dentre outros aspectos, que aquela criana trar. A fala da me, segundo ela,
contribui para a escuta do lugar ocupado pela criana no inconsciente materno.
Infante (1997) e Mannoni (1999) discorreram sobre a importncia da escuta
do discurso familiar, uma vez que a partir dos significantes disponveis nesse dis-
curso que podemos discernir o lugar que a criana ocupa no imaginrio dos pais.
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Rosenberg (1994) tambm compartilha semelhante opinio dizendo que des-
de que o beb concebido, o inconsciente materno empresta ao filho pedaos de fan-
tasias, empresta-lhes palavras e permite estruturar representaes para formar seu
prprio imaginrio, havendo posteriormente um entrecruzamento das duas subjetivi-
dades num dado momento. Os determinantes da qualidade desse tipo de ligao co-
meam a ser agrupados desde quando a menina, ao brincar de boneca, cuida de seu
beb. Levando isso em conta, so inmeros os fatores que permeiam a espera de
um filho. A criana que chega, j est, das mais variadas formas, idealizada. Ela j
faz parte do desejo da me. Quase sempre tem um lugar determinado, seja o de satis-
fazer as aspiraes narcsicas dos pais, unir o casal, preencher o vazio deixado pela
morte de um ente querido, ser o herdeiro da fortuna da famlia, ser o que vai vencerna vida diferente do que aconteceu com os pais, entre outros.
Assim, a futura mame est longe de funcionar como uma tbula rasa, j que
est habitada pela lei, pelo desejo, pela lei da linguagem (Lajonquire, 1999). Essa
mulher que espera um filho pode esper-lo ansiosa, desejante, enlouquecida, depri-
mida, para depois vend-lo, abandon-lo, cuidar como ensina os manuais, cuidar da
maneira como no foi cuidada, manuse-lo com toda sua devoo primria materna,
dentre inmeras outras maneiras e um sem nmero de razes mais ou menos consci-entes.
De maneira geral, o filho que espera produto de um campo de desejos con-
traditrios e de fantasias ambivalentes inconscientes. Laplanche (1992) aponta que a
me intervm junto de seu filho com todos os seus desejos recalcados. Esse um
campo delimitado pelo entrelaamento de sua histria singular, como sujeito desejan-
te, como desejo de seus pais, avs, enfim do Outro. As expectativas ainda podem
estar cifradas pela forma na qual o filho vem a se inserir no imaginrio do casal. Des-ta maneira, a criana antes mesmo de nascer, j objeto depositrio de inmeras ex-
pectativas e projees, que vo sendo lanadas anacronicamente sua real existncia.
Na medida em que aquilo que deseja no decurso da gravidez , antes de mais nada, a re-
compensa ou a repetio de sua prpria infncia, o nascimento de um filho vai ocupar um
lugar entre os seus sonhos perdidos: um sonho encarregado de preencher o que ficou va-
zio no seu prprio passado, uma imagem imaginria que se sobrepe pessoa real do fi-
lho. Esse filho de sonho tem por misso restabelecer, reparar o que na histria da me foi
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julgado deficiente, sentido como falta, ou de prolongar aquilo a que ela teve que renunciar
(Mannoni, 1995, p. 4).
Perante a investigao das particularidades desses momentos iniciais da rela-o materno filial, so relevantes as contribuies de Jerusalinsky(1997) que assina-
lou que, cada ato da me que rodeia a criana, atualiza passado e futuro, inscrevendo
no presente a filiao e o ideal, aos quais espera que a criana responda.
preciso deixar claro desde j que a passagem pela identificao com essas
expectativas que refletem o desejo da me no algo prejudicial, mas fundante para
que o sujeito se constitua de forma saudvel.
Diante disso Aulagnier (1979) diz que todo indivduo toma seu lugar no mitofamiliar a partir do discurso dos seus pais, o qual ir constitu-lo como sujeito.
Provavelmente, a verdadeira fora que impulsiona o desenvolvimento numa
trajetria natural esteja nestas primeiras experincias subjetivas j que se conhece na
prtica clnica a violncia perceptvel do medo, ressentimento, efeitos da privao e
no contingncia de nunca ter se sentido querido, esperado, desejo de um Outro.
Lacan (1969/1998) em Duas notas sobre a criana teorizou que a funo de
resduo que sustenta (e ao mesmo tempo mantm) a famlia conjugal, na evoluodas sociedades, valoriza o irredutvel de uma transmisso, ou seja, a relao da cons-
tituio do sujeito com um desejo que no seja annimo.
Quanto investigao da relao me e filho que se estabelece a partir dessa
dinmica inconsciente, Aulagnier (1989) trouxe grandes contribuies em seus traba-
lhos, quando discorreu sobre a decodificao de experincias marcantes que permite
ao sujeito saber de que desejo seu nascimento foi culminao. Aponta que a partir
da se obtm um contato com a qualidade dos projetos que os desejantes (em espe-
cial a me) esperavam realizar por meio de sua vinda ao mundo.
Nesse sentido, Coriat (1997) reforou essa idia, quando comentou que a i-
magem que propicia que um sujeito advenha aquela que se constitui incluindo os
significantes do desejo dos pais.
Alm disso, a criana tem um certo papel no jogo dos desejos infantis e das
pulses da me. A criana que vai nascer est, em particular, integrada na dinmica
do conflito edipiano da me (e do pai), que, em cada gestao, tem de maneira com-
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plexa seus desejos edipianos exaltados e, igualmente reavivadas, as angstias que lhe
so correlativas (Mazet & Stoleru, 1990).
A me atua na constituio subjetiva do filho criando a criana imaginria, a
partir da recuperao de seu narcisismo perdido na infncia, e a criana simblica, a
que vai substituir uma equao simblica, ter um valor flico de equivalncia (Vor-
caro, 1999). Lacan (1969/1998) considera que a criana envolvida em uma fantasia
que diz respeito subjetividade da me j que substitui nessa fantasia o seu objeto de
desejo. Com isso, ela acaba por saturar o modo de falta em que se especifica o pr-
prio desejo.
Bowlby (2001) teorizou que se a mulher teve bons vnculos iniciais, mais
chances ter de estabelecer bons vnculos. Fonagy (2000), Golse (2001) e Rappaport(1981) tambm tm estudos entre o tipo de vnculo que a me teve com sua prpria
me e o tipo de vnculo dela com o seu beb.
O psiclogo deve aprofundar a pesquisa nesta rea, de forma a ampliar o en-
tendimento e facilitar sua prtica, no sentido de desenvolver estratgias de manejo
cada vez mais eficazes, diante da psicodinmica da gravidez, evitando assim que
sintomas psicofuncionais ou mesmo patologias mais graves se instalem na me e no
beb. Alm disso, pode-se estar diante de situaes de risco para a interao, e con-seqentemente para o vnculo, no caso da criana no se mostrar com condies de
desempenhar bem o papel que lhe foi atribudo pela famlia (Batista Pinto, 1999).
Ainda segundo essa autora, cabe a interveno psicolgica precoce detectar e tratar
conflitos relativos maternagem, contribuindo assim para o estabelecimento de vn-
culos saudveis, favorecendo o desenvolvimento da criana e prevenindo psicopato-
logias.
Por outro lado, Freud (1937/1996b) alertou para o cuidado de no haver qual-quer supervalorizao mstica da hereditariedade, no sentido de achar que antes
mesmo do ego surgir, as tendncias e reaes que o indivduo apresentar j esto
pr-estabelecidas para ele.
No se trata, portanto, como ressaltou muito bem Cramer (1997), de abolir a
memria, mas antes, de torn-la consciente, a fim de estabelecer em seguida novas
relaes com o passado.
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1.2 Reviso da literatura
Diversos autores pesquisaram e escreveram sobre a gravidez com enfoques
variados. Cabe destacar que, embora a gestao seja sempre tratada nesses trabalhos,
o , de forma geral ou especificamente, como primigestao. Sendo assim, so escas-
sas as pesquisas que abordam a segunda, terceira (e assim por diante) gestao, tendo
sido encontradas apenas as j citadas pesquisas de Tsu (1980), Doty (1967) e Nobile
(1987).
Muitas pesquisas associaram o estudo de algum aspecto da gravidez ao uso de
tcnicas projetivas e/ou testes psicomtricos. So exemplos nacionais, Grant (1984),
Herzberg (1986,1993), Nobile (1987), Fernandes (1988), Settee (1991), Aguirre(1995), Villac e Herzberg (1996), Cury (1997), Falivene (1997), Dias e Lopes (no
prelo) e Piccinini, Gianlupi, Levandowski, De Nardi e Oliveira, V. (no prelo).
Davids e De Vault (1960), Doty (1967), Baz (1994), Nathan (1995), Kenner
(1996) e Bucci (2000) realizaram pesquisas fora do Brasil relacionando os dois te-
mas.
Fazer-se- um rpido panorama das pesquisas mencionadas, a comear pelas
nacionais.Em seu trabalho sobre regresso a partir da anlise de sonhos de gestantes,
Tsu (1980) aps apresentar um estudo histrico-crtico do conceito de regresso,
discute o relato dos sonhos das gestantes, material coletado em 7 grvidas, com ida-
des entre 21 e 30 anos, todas multparas. Parte primeiramente de uma anlise de con-
tedo baseada nas categorias tericas de Oralidade, Analidade e Genitalidade, para
posteriormente interpretar os relatos em termos da situao objetal interna, segundo
um referencial kleiniano. Os resultados demonstraram a ocorrncia de contedosonricos de carter regressivo durante a gravidez uma vez que no relato desses foi
observada a presena das categorias avaliadas. Alm da constatao da existncia de
amplas diferenas individuais na forma como cada gestante revive seu passado emo-
cional, Tsu (1980) tambm observou que o carter da regresso depende da fase ges-
tacional, o que indicou inclusive a existncia de relao entre os dois fenmenos.
Como a pesquisa foi realizada somente com multparas, fica a lacuna da existncia
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ou no de diferenas entre as caractersticas regressivas na primeira e nas demais
gestaes.
Grant (1984) comparou um grupo de grvidas perfazendo um total de 30 pri-
mparas no terceiro trimestre da gravidez com 32 mulheres no grvidas, com o obje-
tivo de estudar os ndices de ansiedade nos dois grupos. Para tanto, fez uso do Inven-
trio de Ansiedade Trao-Estado (IDATE) de Spielberger e dos ndices de ansiedade
de Handler (IA). O ndice Tamanho da figuraapresentou-se mais intensamente no
grupo experimental, evidenciando mais ansiedade nas gestantes do que nas no ges-
tantes, apesar de desenhos menores em tamanho. Comprovou-se assim uma de suas
hipteses com relao ao tamanho mdio das figuras, no Desenho da Figura Huma-
na, como indicativo de menor nvel de ansiedade. Esse dado foi avaliado a partir daEscala de Handler a qual define como expresso de ansiedade desenhos abaixo de
13,9 cm e os acima de 21,1 cm. Dentre outros resultados esto tambm a constatao
que, ao serem comparados com dados de outras pesquisas, os desenhos das mulheres
grvidas, alm do tamanho menor, apresentaram mais figuras nuas enfatizando os
genitais assim como distoro da figura. Posteriormente esses dados tambm foram
encontrados em Herzberg (1986, 1993). Com base na Escala utilizada para a avalia-
o dos resultados, o abaulamento do ventre no foi considerado como distorosendo associado pela autora com a qualidade da vivncia do processo de gravidez: se
a grvida estava se sentindo bonita ou monstruosa.
Herzberg (1986) em sua pesquisa de mestrado buscou caracterizar as gestan-
tes atendidas no Setor de Obstetrcia do Hospital Universitrio e refletir sobre as re-
laes entre aspectos da personalidade das gestantes e a assistncia que o hospital
oferecia naquela ocasio. Para tanto, acompanhou 8 primparas desde o ltimo tri-
mestre de gravidez at o ps-parto imediato. Fez uso das duas tcnicas projetivas quea presente pesquisa utilizou: o DFH e o TAT. Dentre os dados obtidos no Desenho
da Figura Humana, destacam-se:
a) quanto ordem do desenho das figuras apenas 2 gestantes desenharam o
prprio sexo em primeiro lugar;
b) com relao ao tamanho relativo das figuras, foi observado que, embora
desenhadas com maior freqncia em segundo lugar, as figuras femininas apresenta-
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ram tamanho igual ou maior que a figura masculina, o que indica uma valorizao da
prpria imagem corporal;
c) quanto postura, foi observado em 5 desenhos de um total de 12 que
houve um pequeno desequilbrio vertical, geralmente para a direita, principalmente
nas figuras femininas;
d) com relao categoria tipo de imagem do corpo da figura do prprio se-
xo, apenas duas gestantes fazem figuras realistas, ou seja, apresentaram visvel alar-
gamento da regio da cintura (os outros trs desenhos foram figuras compensatrias).
No TAT, destacam-se aqui as anlises das Pranchas 2, 7MF e 16, a partir das
quais Herzberg (1986) identificou:
a) das 8 gestantes apenas 3 caracterizaram a mulher mais velha da Prancha 2como grvida;
b) na Prancha 7MF, 2 gestantes viram boneca ou nen, 3 viram animal e 1
referiu-se somente s outras duas mulheres ignorando a boneca ou beb;