Download - Caderno de Resumos Nietzsche e Kant
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I CONGRESSO INTERNACIONAL NIETZSCHE E A TRADIO
FILOSFICA
NIETZSCHE E A TRADIO KANTIANA
CADERNO DE RESUMOS
Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas/UFMG
Belo Horizonte
02 a 04 de Outubro de 2012.
Instituto de Filosofia, Artes e Cultura/UFOP
Ouro Preto
05 a 06 de Outubro de 2012.
Promoo:
Grupo Nietzsche da UFMG/CNPq (GruNie) Programa de Ps-Graduao em Filosofia/UFMG
Departamento de Filosofia/UFMG Programa de Mestrado em Esttica e Filosofia da Arte da UFOP
Departamento de Filosofia da UFOP
Apoio:
CAPES FAPEMIG
FAFICH FUNDEP PROEX
Programa de Ps-Graduao em Filosofia da UFMG
Programa de Mestrado em Esttica e Filosofia da Arte da UFOP
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM FILOSOFIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
INSTITUTO DE FILOSOFIA, ARTES E CULTURA
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
PROGRAMA DE MESTRADO EM ESTTICA E FILOSOFIA DA ARTE
Comit organizador
Prof. Dr. Rogrio Lopes (Filosofia/UFMG)
Profa. Dra. Giorgia Cecchinato (Filosofia/UFMG)
Prof. Dr. Bruno Guimares (Filosofia/UFOP)
Profa. Dra. Cntia Vieira (Filosofia/UFOP)
Comit Cientfico
Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Jnior (Filosofia/Unicamp)
Prof. Dr. Zeljko Loparic (Filosofia/PUC-PR)
Profa. Dra. Virgnia de Arajo Figueiredo (Filosofia/UFMG)
Prof. Dr. Olmpio Pimenta (Filosofia/UFOP)
Profa. Dra. Giorgia Cecchinato (Filosofia/UFMG)
Prof. Dr. Rogrio Lopes (Filosofia/UFMG)
Equipe de apoio
Alice Parrela Medrado (Mestranda Filosofia/UFMG)
Daniel Carvalho (Doutorando Filosofia/UFMG)
Oscar Santos (Doutorando Filosofia/UFMG)
William Mattioli (Doutorando Filosofia/UFMG)
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SUMRIO
Religio e cristianismo em Nietzsche e Kant .......................................................................... 6
Liberdade, ao e soberania ...................................................................................................... 7
Nietzsche, Kant e o (des)interesse do belo .............................................................................. 8
O querer para si em Kant e Nietzsche a mxima da ao e o carter como uma obra .. 8
Peripcias do esprito livre: do respeito ao desprezo pelo dever ........................................ 9
Una perspectiva del proyecto tico y educativo de Nietzsche y Kant, diferencias y
complementariedades .............................................................................................................. 10
Teses sobre o estatuto subjetivo do significar e comunicar: algumas aproximaes entre
Kant e Nietzsche ....................................................................................................................... 11
Ilustracin, ciencia y filosofa en el animal parlante: entre Kant y Nietzsche ................. 13
Nietzsche contra Kant: crtica da razo normativa e filocracia ...................................... 14
Apeiron and Noumena: Nietzsche on Anaximander and German Idealism .................. 15
Nietzsche: coisa em si, devir e falsificao ............................................................................ 16
Notas sobre Hegel, Nietzsche e a linguagem ....................................................................... 16
Conhecimento e Verdade: uma abordagem acerca da objetividade do conhecimento a
partir da crtica nietzschiana filosofia kantiana ................................................................ 17
A crtica de Schopenhauer ao conceito de intuio emprica kantiana ............................ 19
Beleza e Bildung em Schiller e Nietzsche ............................................................................. 19
Sobre as Leis da Liberdade ..................................................................................................... 20
La Naturaleza como Arte y el Arte como Naturaleza ......................................................... 20
Nietzsche contra Kant: a vulgarizao da filosofia transcendental ................................... 21
A More Severe Morality: Nietzsche's Critique of Kant ....................................................... 22
Kant e Nietzsche: caminhos e descaminhos da razo ......................................................... 23
Metaphysics makes strange bedfellows: Nietzsche's Neo-Kantian Theory of Causality
..................................................................................................................................................... 24
The Will to Knowledge and the Will to Power .................................................................... 25
A esttica de Kant na genealogia da arte nietzcheana: gnio, forma e criao............... 27
Nietzsche e a retomada do projeto crtico kantiano: discusso acerca da leitura
deleuzeana ................................................................................................................................. 28
A verdade na religio; consideraes schopenhauerianas acerca do aforismo 110 de
Humano demasiado humano ....................................................................................................... 29
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Objees a Kant de Schulze a Nietzsche: Vermge eines Vermgens? ................................. 30
Suicdio e Valor da Vida em Nietzsche ................................................................................. 31
Nietzsche: para alm de uma simples crtica ......................................................................... 31
Paul Feyerabend um Nietzsche de nossa poca? .......................................................... 32
Das Verdades em Schopenhauer Negao da Verdade em Nietzsche .......................... 33
Schopenhauer: Things-in-themselves, Phenomena, and the Naturalization of
Transcendental Philosophy ..................................................................................................... 34
Nietzsche on Truth and Science ............................................................................................. 35
(Im)Possibilidades de uma leitura do texto O que esclarecimento? sob uma
perspectiva nietzscheana ......................................................................................................... 37
A arte como suspenso da vontade e afirmao da vida: A influncia de Schopenhauer
na filosofia da arte de Nietzsche ............................................................................................ 38
A crtica de Nietzsche dualidade entre fenmeno e coisa em si no aforismo 16 de
Humano, demasiado humano ...................................................................................................... 39
Kant e Nietzsche: a propsito da relao entre Filosofia e idiotia..................................... 39
Entre Nietzsche e Kant: sobre os limites da razo humana e da metafsica atravs da
Histria de um erro ..................................................................................................................... 40
Ficcionalismo e realismo nos aforismos pstumos de maturidade .................................. 41
Fenmeno como verdade, verdade como iluso ................................................................. 41
Nietzsche e Teichmller: da projeo do eu ao eu como projeo .................................... 42
O impulso a verdade metafrica: divergncias na leitura francesa de Nietzsche .......... 43
Ttulo do trabalho: Acerto de contas esttico entre Nietzsche e Kant .............................. 44
Niilismo e idiotia em O Anticristo: a propsito da crtica tardia de Nietzsche a Kant ... 45
Criao e recepo na esttica nietzschiana .......................................................................... 45
Primeiras reflexes sobre a metafsica: um dilogo com o Kant de Schopenhauer ........ 46
Una relectura de la msica segn la Crtica del Juicio a la luz de El Origen de la Tragedia.
..................................................................................................................................................... 47
O papel de Nietzsche no projeto habermasiano de superao do paradigma cartesiano
..................................................................................................................................................... 48
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Caderno de Resumos 6
Religio e cristianismo em Nietzsche e Kant
Adolfo Miranda Oleare
(IFES Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Esprito Santo)
De modo enfaticamente contrrio concepo edificante do discurso tradicional, e tambm na
contramo das consideraes destas modernas, a religio crist aparece no pensamento de
Nietzsche como uma das instituies de valor promotoras da decadncia do homem. Inmeras
passagens de sua obra radiografam o esprito ocidental, desvendando as trs instncias capitais de
despotenciao da humanidade, a partir da fundao do Ocidente, a saber: religio, moral e
filosofia. Para Nietzsche, a religio ocidental veio a ser uma forma implacvel de plasmar um tipo
torpe de homem, uma vergonhosa inverso da fora aristocrtica antecessora. Baseando sua prxis
na salvao, o cristianismo alienou o homem do tempo, do sensvel e do mundo, fazendo-o voltar-
se fundamentalmente para o transmundo, para a vida futura, para a eternidade. O homem, outrora
vigoroso em sua destinao terrena, foi tornado tsico da alma. Cem anos antes, o cristianismo
era concebido por Kant como poderosa fonte de esperana e caminho para a libertao humana do
vcio, da superstio e do autoritarismo. certo que ambos os pensadores so concordantes no que
diz respeito a um profundo desprezo pelas prticas religiosas ligadas ao culto, ao sacerdcio e ao
comrcio humano com Deus, traduzido na expectativa por milagres, proteo e favorecimentos
pessoais. Contudo, justamente o aspecto moral da religio, repugnante para Nietzsche, aquele
que servir a Kant como justificao da prpria existncia humana. De fato, Kant ataca
veementemente a f histrica desenvolvida pelas igrejas. Para ele, a religio significa uma
representao sensvel de contedos supra-sensveis da razo pura prtica, necessrios em funo
da precariedade racional humana, que acaba por demandar incentivos mundanos, figurativos,
imagticos. Nesse sentido, o arqutipo de obedincia lei moral se relaciona exclusivamente f
racional pura, isto , ao mbito supra-sensvel, no qual se deve realizar a pureza do querer.
Compreendem-se, nessa equao, a f na virtude (enquanto fora contra resistncias) e a
credulidade moral humana. No livro A religio nos limites da simples razo, Kant estabelece uma
converso racional de contedos bblicos, derivando da Bblia uma filosofia da religio, isto , uma
lgica para a esperana, voltada para a fundamentao moral do agir humano. Estabelece,
portanto, uma religio moral, baseada no ncleo racional-prtico da ao moralmente arquetpica
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Caderno de Resumos 7
de Jesus no mundo, e alheia valorizao de sua presena histrico-emprica entre os homens.
Esta comunicao quer dialogar com as concepes de cristianismo encontradas em Kant e
Nietzsche, focando sobretudo noes como liberdade e autonomia moral
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Liberdade, ao e soberania
Adriano Correia
(Universidade Federal de Gois / CNPq)
O tema da liberdade central s anlises da tica e da poltica levadas a cabo por Hannah Arendt,
e central s suas reflexes a compreenso da liberdade, inspirada em Agostinho e em Kant, como
a capacidade de iniciar algo novo, de desencadear uma srie nova de eventos. Arendt jamais
admitiu que a liberdade pudesse se esgotar em algum determinado estado de esprito ou pudesse
se dar sem ao. Antes o contrrio, a liberdade se d na ao, e isso significa que para alm da
relao do indivduo consigo mesmo entre sua conscincia e sua conduta, por exemplo e da sua
capacidade de iniciar algo, pe-se o fato de que sua ao se d sempre no mundo e em meio a
outros. A hiptese que aglutina nossa reflexo a de que a anlise fenomenolgica da atividade da
ao na obra de Arendt em alta medida tributria do exame da relao entre agente, ato, motivos,
propsitos e consequncias, levada a cabo na obra nietzschiana em seus vrios movimentos. Antes
de encontrar Nietzsche no mbito das reflexes sobre a necessria redeno poltica das
vicissitudes desencadeadas pela ao, Arendt partilha com ele a rejeio da rgida separao
metafsica entre agente e ato, por um lado, e a compreenso da ao como mobilizada por um
impulso marcadamente agonstico por distino. Por se efetivar na ao que sempre se d em uma
teia de relaes estabelecidas em um espao pblico de interao com outros agentes, a liberdade
da ao poltica sempre mundana, limitada e no soberana. A concepo arendtiana da ao
poltica, a recusar a assimilao tradicional entre ao, liberdade e soberania, no se d
inteiramente compreenso sem a considerao da nfase nietzschiana no carter iniciatrio e de
virtuosidade da ao humana. Com efeito, a pluralidade, para Arendt, contamina a ao com uma
irredutvel contingncia, ela mesma o signo de uma liberdade no inteiramente controlvel. Se
Nietzsche concebe a imagem de um indivduo soberano, supramoral, que pode responder por si
no porvir, considera tambm a contingncia da ao humana e o imenso carter ocasional de todas
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Caderno de Resumos 8
as combinaes. Nosso propsito, em nossa apresentao, ser articular o carter iniciatrio e
virtuosstico da ao com a contingncia interna do agente e a contingncia externa de sua ao no
mundo, a partir da apropriao das posies de Kant e Nietzsche por Arendt no que tange
especificamente a sua compreenso da liberdade no mbito da filosofia prtica.
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Nietzsche, Kant e o (des)interesse do belo
Alexandra M. Lopes
(Mestranda Universidade Federal de Minas Gerais)
Pretendemos apresentar uma breve reflexo sobre as crticas tecidas por Nietzsche em relao
assertiva kantiana belo o que agrada sem interesse, presente no 2 da Crtica da Faculdade de
Julgar (CFJ). Exploraremos por que esta considerao expressa os sintomas da dcadence, mesmo
sabendo que Nietzsche no a trata necessariamente como um problema relacionado ao
desinteresse pela vida. Nesse sentido, evidenciaremos que o desinteresse kantiano, na realidade,
tem como pano de fundo um interesse, sugerido no 6 da terceira dissertao da Genealogia da
Moral: o do torturado que quer livrar-se de uma tortura. Essa pressuposio parte da tese do
belo como smbolo do bem moral, presente no 59 da CFJ, em que Kant enuncia que o gosto torna
possvel a passagem da atrao sensvel ao interesse moral habitual, sendo o belo o que produz em
ns o interesse pela elevao da faculdade de desejar.
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O querer para si em Kant e Nietzsche a mxima da ao e o carter como uma obra
Alexandre Roque Ott Junior
(Mestrando Universidade Federal de Santa Catarina)
Na Fundamentao, Kant vislumbra, no princpio da boa-vontade, o fundamento da ao com
carter moral: ele o nico bem ilimitado em comparao a quaisquer outros bens empricos.
Todos estes so relativos a fins que se queira; aquela possuiria valor intrnseco. Logo, se no
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Caderno de Resumos 9
agimos visando um fim, agimos por dever e ele contm em si a boa-vontade. O dever o cume do
juzo moral, pois afasta as motivaes sensveis do fundamento do arbtrio - as suas inclinaes to
somente realam o dever, diante das quais ele se erige. Com efeito, seu fundamento s pode residir
na mxima que o sustenta. Ela o princpio (subjetivo) do querer que em nossa conscincia norteia
a ao. Nesse sentido, segundo Bittner, a mxima no pode ser confundida com meros propsitos:
estes incidem apenas externamente na ao - determinando-a especificamente -, ao passo que
aquela determina internamente o escopo da sua ao - determinando-a amplamente; este
entendido como fim que desejo obter, aquela como um princpio que baliza o ser humano que
pretendo ser. Assim, o agir moral quando a vontade consuma-se segundo princpios tais que
sejam a representao da lei sancionada pela razo. Considerando tudo isto, podemos ento,
comparar o conceito de mxima em Kant com Bittner - com a noo de estilo do carter, posto
no aforisma 290, de A Gaia Cincia. Ali, Nietzsche apresenta o trabalho de moldar a si mesmo como
um fazer artstico, onde nada que constitua o indivduo pode ser desperdiado, nem mesmo as
fraquezas. Utilizando tanto a sensibilidade quanto a razo, ele se auto-interpreta, questionando e
escolhendo o qu de instintivo deve ser mantido e o qu deve ser trabalhado. Ao final, percebe que
houve neste processo um gosto predominante, e alegra-se ao encontrar algo que lhe prprio.
Aquele que for forte, ser capaz de fazer seu corpo e seus instintos obedecerem a este estilo, pois
a autntica expresso do seu querer - ser senhor de si, pois desenvolveu seu modo de viver como
sua prpria individualidade. Tal arte envolve sensibilidade e razo. Exige auto-conhecimento e
vivncia: conhecer suas potencialidades e limites; reconhecer as influncias do meio externo.
Nietzsche visa com isto, sobretudo, o estar satisfeito com o que se . Em resumo, pretendemos
traar um paralelo entre estas concepes acerca da determinao da ao pelo prprio sujeito,
atentando para suas aproximaes e distanciamentos.
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Peripcias do esprito livre: do respeito ao desprezo pelo dever
Alice Mendes Melo e Ana Teresa Campos Souza
(Graduandas Universidade Federal de Minas Gerais)
Sem inteno de exauri-lo enquanto conceito, pretendemos refazer o trajeto do esprito livre, o
personagem criado por Nietzsche que deu vida a seu projeto de crtica moral no perodo
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Caderno de Resumos 10
intermedirio de sua obra. Educado na tradio e envolvido por ela (HH p. 3) a ponto de ter seus
afetos j educados pela mesma, o esprito livre acometido por uma sbita curiosidade pelo
mundo encoberto pelo pudor da tradio, o que o leva a tomar uma repulsa pelo dever e a se
afastar de tudo que amava e respeitava. Por outras palavras, o esprito livre sente necessidade de
experimentar-se e de viajar por outras perspectivas (HH p. 4) e ento, tendo j conquistado a
madura liberdade do esprito, cultivada pela disciplina e autodomnio de seus afetos, volta para
casa com um novo olhar sobre a tradio que o faz desej-la mais do que antes. (HH p. 5). Este
retorno que nos permitir retirar algumas concluses acerca do que est em jogo quando
Nietzsche critica a tica kantiana, pois demonstra que no apenas o contedo da moral kantiana
que Nietzsche pretende atacar, mas a noo de dever e o sentimento que esta provoca no agente
em relao a si mesmo. Por outros termos, a divergncia de Nietzsche com Kant no incide tanto
na concepo normativa da tica do dever, mas na figura do agente que essa tica prope.
Nietzsche concorda com a nfase dada, por esta, ao agente moral, contudo, no pode aceitar a
imagem do agente moral autnomo proposta por Kant, como aquele que, por meio de um
processo de deliberao interior ou pela mera consulta de um padro racional universal, se v livre
de tudo o que o determina: inclinaes naturais e a insero na tradio. Nietzsche acredita que a
ruptura com a tradio se faz por um processo muito mais complexo, que envolve, no tanto uma
reforma de nossos atos, mas de nossos afetos (Abbey, e A 103). O que est em questo no so
ainda nossas aes, mas o que nos motiva e como nos sentimos em relao s mesmas. Ao
contrrio de Kant, que restringe a moralidade s aes por dever, Nietzsche amplia as
possibilidades de motivao do agente, que podem ser interessadas e passionais. O ideal alcanado
pelo esprito livre , na verdade, a confluncia de seus interesses e da lei moral, sem que este
precise se sujeitar ao respeito pelo dever.
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Una perspectiva del proyecto tico y educativo de Nietzsche y
Kant, diferencias y complementariedades
Andrea Daz
(Universidad de la Repblica, Uruguay)
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Caderno de Resumos 11
Se puede decir que se entiende una filosofa, cuando se logra comprender cules son los
interlocutores hacia los que la misma se refiere o se opone. Son reiteradas las veces en que
Friedrich Nietzsche se refiere a Immanuel Kant en toda su obra, pero sobre todo para
oponerse a l, en todas sus "crticas", tanto en su teora del conocimiento, como en su
postura tica, como en su postura esttica. Lo que vamos a analizar aqu es el Kant de
Nietzsche, figura que por cierto es resultado de una interpretacin, de una perspectiva que
"da mucho que pensar" (de un encuentro explosivo entre un autor y su intrprete-dinamita).
Y esto no slo nos permite entender mejor a Nietzsche, o tener otra perspectiva para
criticar a Kant y a los kantianos, sino que no es un tema menor analizar en algn aspecto la
oposicin de la que hablamos, teniendo en cuenta, que gran parte de la filosofa
contempornea es deudora de estos filsofos, y quizs en sentido opuesto (aunque podra
entenderse como complementario).
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Teses sobre o estatuto subjetivo do significar e comunicar: algumas
aproximaes entre Kant e Nietzsche
Andr Luis Muniz Garcia
(Universidade de Braslia)
Apesar de a Kant ter sido legado um papel secundrio na reflexo filosfica sobre a linguagem, a
pesquisa mais recente tem mostrado no apenas a importncia da mediao lingustica na anlise
kantiana da funo do juzo para o saber especulativo (uma vez que, nesse caso, o juzo porta a
unidade de significao disso que sujeitos racionais entendem, de modo determinado, por objeto
ou experincia, enquanto unidade de um nexo o que se diz da coisa e a prpria coisa
existente e fundamentado [Cf. CASSIRER, E. Filosofia das Formas Simblicas: A Linguagem]), mas
tambm sua seminal funo em sua filosofia prtica (Cf. SIMON, J. Kant: Die fremde Vernunft und
die Sprache der Philosophie). Para nossos propsitos, interessa-nos uma temtica especfica: a
linguagem, ou o aspecto significativo e comunicativo a ela inerente, ocupa papel central na noo
kantiana de crena (Glaube), porquanto no s um conceito-limite para aquilo que o
entendimento pode conhecer, mas tambm um conceito para aquilo que o entendimento significa e
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Caderno de Resumos 12
comunica em sua orientao no mundo. Crena um conceito que valida subjetivamente a razo
prtica ao promover tanto a significao daquilo que no compete ao uso terico da razo quanto
uma proposta de interatividade comunicativa entre os sujeitos. No Cnon da Razo Pura, alocado na
primeira Crtica, Kant esclarece que crena um modus da racionalidade em seu tomar-por-
verdadeiro (Frwahrhalten) algo, que se distingue de outros como opinar e saber. A crena representa,
manifestamente, a possibilidade [de ser] comunicado algo, isto , por meio dela o sujeito tem
conscincia de poder-tornar algo de algum modo inteligvel para algum (KANT, I. Kritik der reinen
Vernunft. B849 / A821). A sntese (subjetiva) alcanada por essa comunicao uma espcie
de compreenso ou significao prtica de algo-possvel tornado algo com sentido mais ou menos
claro para outro ser racional, isto , de algo que um certo sujeito racional pode dizer de tal e tal
maneira e, consequentemente, ser entendido por um outro, resguardando a sempre a
indeterminadade cognitiva do contedo significado e comunicado. Isso defendido por Kant em
uma importante passagem da terceira Crtica: Crena (como Habitus, no como Actus) o modo
de pensar moral da razo [die moralische Denkungsart der Vernunft] no tomar-por-verdadeiro aquilo
que para o conhecimento terico inacessvel (Kritik der Urteilskraft 91, B462 / A456). Tomar-
por-verdadeiro nada mais seria, grosso modo, do que um ato racional que se abre para a dimenso
da comunicao dos (pensamentos de) sujeitos entre si; a dimenso na qual se torna algo-
possvel (algo apenas pensvel) para um sujeito racional em algo-compreendido (algo com
significado) por outro. Ora, tome-se como exemplo o modo como Kant justificou as assim
chamadas ideias da razo, partindo de sua mera possibilidade
sua evidncia ou autocompreensibilidade para todo e qualquer sujeito, na medida em que valem
apenas como crenas (racionais) prticas. Orientamo-nos assim como se algo-possvel (tal como
a liberdade) no apenas portasse significado para um sujeito, mas engendrasse significao para
outro sujeito racional ao ser comunicada pelo ato habitual do pensamento de tomar-por-verdadeiro: a
esse processo, no qual o pensar jamais pode colocar a pergunta pela determinadade do seu objeto,
mas o conserva em sua plausibilidade semntica, o uso terico da razo no tem acesso, e por esse
motivo sua validade no se encontraria na determinao normativa do entendimento sobre isso (o algo
comunicado) que desde sempre subjetivo. Esse poder-comunicar algo no qual se cr, de tal modo que
comporte significado para um outro, constitui-se enquanto busca subjetiva da razo [aus eigenen
Vernunft] no estabelecimento de um horizonte de entendimento (Kant fala do conceito
de berzeugung) com uma razo estranha [fremde Vernunft], horizonte esse que, por sua vez,
jamais alcanaria validade objetiva. A partir dessas premissas, pretende-se mostrar como
Nietzsche, sob essa tica, se torna um privilegiado interlocutor de Kant. Para tanto, pretendemos
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Caderno de Resumos 13
apresentar basicamente algumas teses sobre a crtica de Nietzsche noo de conscincia como
capacidade de comunicao (entendida como vontade de estabilizao de sentido das vivncias
e experincias dos indivduos) presente nos aforismos 354 de A Gaia Cincia e 268 de Para Alm de
Bem e Mal. Neles, tornar-se- mais claro a irredutibilidade da proposta nietzscheana quanto ao fato
de que em todo horizonte de comunicao, em todo horizonte de entendimento ou os dados ou
fatos do mundo compartilhados so assumidos com a condio de que algum sempre pode mal ou
diferentemente entend-los e comunic-los ou qualquer fator individualizante de qualquer viso e
compreenso de mundo erradicado (em virtude daquilo que Nietzsche denomina perspectiva
de rebanho).
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Ilustracin, ciencia y filosofa en el animal parlante: entre Kant y
Nietzsche
Arduino Tomasi
(Universidad Casa Grande, Ecuador)
Ser que antes hay que romperles los odos
para que aprendan a or con los ojos? (Nietzsche, As habl Zaratustra)
iek escribe que es mediante el reconocimiento de las huellas e improntas de un filsofo en
nuestra experiencia cotidiana, cuando podemos dar cuenta de nuestra autntica medida de la
pasin por l. Secundando esa postura, partimos de ah para proponer en el presente trabajo un
anlisis de la crtica de Nietzsche al hombre moderno, con base en el discurso ilustrado
inaugurado por Kant: la demanda del sapere aude y la aparente salida del hombre de una minora
de edad. Y nos interrogamos: cmo leer hoy, en el marco de un aumento exponencial de
produccin de tecnologas, de dilogos e interacciones en las hipermediaciones nunca antes visto
(desde Twitter hasta Skype), de la (super)especializacin en alguna de las ramas de la ciencia, la
crtica tanto al hombre moderno como al discurso ilustrado? Esto es, en ltima instancia, cmo
mirar y escuchar al mundo contemporneo a travs de los gruesos lentes de Nietzsche, retomando
su agudo sealamiento de que lo moderno se trata de un discurso de hombres vencidos y
sometidos al nuevo dominio de la ciencia; lo cual, como seala Vanessa Lemm, va de la mano con
una negacin de la animalidad del ser humano en tanto es interpretada como una amenaza a la
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 14
humanidad, a la civilizacin. Por ello, el texto propone -a su vez- la necesidad de desempolvar el
papel del autntico filsofo nietzscheano, aquel que, consciente de su animalidad, extiende su
mano creadora hacia el futuro, como hombre necesario del maana y del pasado maana,
derrumbando todo ideal del hoy.
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Nietzsche contra Kant: crtica da razo normativa e filocracia
Bernardo Carvalho Oliveira
(Ps-doutorando IFCS Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Para Nietzsche, a filosofia de Kant representa o refinamento dogmtico das estratgias teolgicas
de dominao e produo de valores. E, de fato, se analisarmos os textos de Kant dedicados a
pensar a histria e a poltica (sobretudo em Idia de uma histria universal de um ponto de vista
cosmopolita), perceberemos alguns dos elementos listados por Nietzsche na constituio do tipo
sacerdotal: a impessoalidade do pensamento gregrio, que se deseja para todos; a ciso entre
mundo verdadeiro e mundo aparente representado pela introjeo moral da lei; a equivalncia
das aes e a razo como elemento abstrato, externo e regulador. Mas, aos olhos de Nietzsche, o
que parece limitar a crtica kantiana a edificao da razo como princpio puro, em outras
palavras, como incondicionado. Justamente porque a convico o manteve inevitavelmente
preso ao sono dogmtico, Kant no percebeu a razo como um valor que, com objetivos
diversos, passou por uma srie de apropriaes e deformaes. Nietzsche, ao contrrio, pergunta:
quem deseja a razo e por que desejvel reconhec-la como um a priori? no questionamento
deste a priori que concentra seus ataques Kant. Deus est morto, mas Kant o substituiu por
uma responsabilidade, cujo critrio de valorao permanece abstrato e impessoal. Assim, a
filosofia crtica de Kant incorpora uma espcie de platonismo moderno, prefigurando um
mundo coordenado por sbios e burocratas (ou filocratas), aptos a decodificar e cumprir a lei.
Porque busca compreender as motivaes e nuances que direcionam a constituio do corpo social,
a crtica nietzschiana acaba por indicar uma outra direo, vinculada necessidade de fomentar
outras formas de vida e de pensamento em suma, uma outra possibilidade de filocracia,
transfiguradora e de carter no-normativo.
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 15
Apeiron and Noumena: Nietzsche on Anaximander and German
Idealism
Christopher Mountenay
(Doutorando Duquesne University/Pittsburgh/USA)
Nietzsches unfinished 1873 manuscript, Philosophy in the Tragic Age of the Greeks, has sadly been
neglected by most scholars, but manages to provide a fascinating look at his philosophical
evolution during a transitional period in his career. In his earliest work, Nietzsche had been a
fairly devout Schopenhauerian, but PTAG shows some of his first conflict with his philosophical
idol. While ostensibly a philological work on Pre-Platonic philosophy, PTAG is also a collection
of philosophical archetypes that correspond to more contemporary figures.
Perhaps the most blatant correspondence between a Greek master and his German doppelganger
is the relation between Anaximander and Schopenhauer. While Schopenhauer never made any
direct reference to Anaximander, Nietzsche believes that Schopenhauers philosophical pessimism
and idea of cosmic justice originated in the Anaximander fragment. Nietzsche translates the
fragment as saying Where the source of things is, to that place they must also pass away,
according to necessity, for they must pay penance and be judged for their injustices, in accordance
with the ordinance of time. To Nietzsche, the philosophical problem raised by Anaximander is
primarily one regarding the notion of cosmic justice, particularly why it is that things come into
existence and leave it. If things deserved to exist, would they not continue to exist indefinitely? If
there is cosmic justice, then why is the world so transitory?
Nietzsche believes that Anaximanders fragment corresponds to Schopenhauers own idea of
cosmic justice. The world is consistently punishing itself for its own injustice. The cosmos acts as
both executioner and executed. The things of this world do not exist eternally because they
deserve to be destroyed. This, according to Nietzsche, is the first philosophical conception of the
world that gives it a moral significance.
Moreover, the world is broken into the transitory objects of becoming and the eternal being. For
Anaximander this eternal being is the indefinite apeiron. Nietzsche equivocates the apeiron
with later philosophical ideas that exist beyond the realm of perception, most notably the Kantian
Ding-an-sich and the Schopenhauerian Will. Thus Anaximander is the author of the first
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Caderno de Resumos 16
philosophical system that attempts to explain away the imperfections of lived existence by laying
down a more foundational world of eternal, unchanging being. Thus the Kantian tradition,
continued by Schopenhauer, had its groundwork laid in the Milesian philosopher, Anaximander.
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Nietzsche: coisa em si, devir e falsificao
Daniel Filipe Carvalho
(Doutorando Universidade Federal de Minas Gerais)
A comunicao pretende discutir a questo da teoria do erro ou tese da falsificao em
Nietzsche, a qual pode ser suscintamente definida como a concepo segundo a qual os nossos
sentidos e (ou) os nossos conceitos falsificam a realidade. As diversas abordagens do problema
divergem no apenas em relao ao que falsifica, se nossos sentidos e nossos conceitos ou se apenas
estes ltimos, mas tambm em relao ao que falsificado: a coisa em si, um caos de sensaes, um
devir absoluto, um fluxo, etc. Inicia-se, pois, com uma breve apresentao da interpretao de
Maudemarie Clak para o problema, seguida de objees que lhe foram endereadas por alguns
autores, em especial por Batrice Han-Pile e Nadeem Hussain. Passa-se, ento, a uma anlise do
tema a partir da obra Humano, demasiado humano, culminando com a anlise das passagens de
Crepsculo dos dolos (A razo na filosofia, 2 e 3) segundo as quais os sentidos no mentem,
o que fazemos do seu testemunho que introduz a mentira. Procura-se mostrar que a base para a
tese de que o conhecimento falsifica estaria ligada, por um lado, leitura naturalizada do
transcendental empreendida por Nietzsche (em dilogo com Friedrich Lange) e, por outro,
aposta na ideia heraclitiana de devir (em dilogo com Afrikan Spir). A partir da interpretao da
referida passagem procura-se mostrar que mesmo no contexto do perodo final da obra de
Nietzsche mantm-se a tese da falsificao, na medida em que o filsofo pensa as condies
perspectivas da vida em sua relao com o mundo do devir.
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Notas sobre Hegel, Nietzsche e a linguagem
Erick Lima
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Caderno de Resumos 17
(Universidade de Braslia)
Ao procurar caracterizar as tendncias diretivas da filosofia no sculo XX, Rorty sustentou, de
forma bastante geral, que o linguistic turn se associou, sobretudo, a um nominalismo metodolgico
que imprimiu filosofia terica um novo ritmo, a saber: a decidibilidade dos problemas
tradicionais estaria circunscrita ou investigao emprica da relao entre universal e particular,
ou anlise das regras de uso de expresses lingusticas (RORTY, 1962, 11). verdade que nem
todas as tendncias comumente relacionadas a este movimento se deixam classificar, sem mais,
sob a rubrica de um programa nominalista (WITTGENSTEIN, 1984, 1, 263/264). Seja como for, a
virada lingustica deve o carter radical de sua principal imposio epistemolgica segundo a
qual nos negado um acesso direto, no mediatizado pela linguagem, realidade nua a uma
laboriosa gestao ainda no sculo XIX, emblematicamente por personagens como Frege e
Humboldt (HABERMAS, 1999, 7 e 65-82). Hegel e Nietzsche no constavam, tradicionalmente,
como nomes tpicos relacionados a esta gestao, embora tenham nutrido forte e especfico
interesse pelas implicaes filosficas da linguagem. Na presente ocasio, eu gostaria,
primeiramente, de perceber a relao de Hegel e Nietzsche a duas teses que me parecem bastante
importantes para o linguistic turn em sua mais ampla envergadura, que abarca, para alm do
nominalismo, as tendncias contextualistas e hermenuticas: por um lado, a ideia de uma tenso,
constitutiva do meio lingustico, entre a singularidade da vivncia e o convencionalismo das
expresses; por outro lado, a ideia de que a linguagem estrutura, em seu carter intersubjetivo, a
experincia do mundo e, por conseguinte, a prpria cognio. Neste contexto, tentarei mostrar que
e como, apesar de intimamente ligados, cada um a seu modo, ao direcionamento lingustico da
filosofia contempornea, Hegel e Nietzsche no aderem ao nominalismo metodolgico usualmente
associado a este direcionamento (1). Em segundo lugar, eu gostaria de indicar como Hegel e
Nietzsche conectam respectivamente atravs da tese da incompletude intrnseca ao repertrio
lingustico das posturas prtico-tericas culturalmente radicadas (a), e da tese da fluidez da forma
e do sentido como base metodolgica da cincia histrica (b) suas consideraes sobre a
linguagem crtica anti-essencialista da metafsica, bem como crtica da modernidade (2).
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Conhecimento e Verdade: uma abordagem acerca da objetividade
do conhecimento a partir da crtica nietzschiana filosofia kantiana
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Caderno de Resumos 18
Gabriela Terra Deptulski
(Mestranda Universidade Federal do Esprito Santo)
De que modo so possveis os juzos sintticos a priori? se perguntava Kant.[...] Mas [...] chegou o
tempo de substituir a pergunta de Kant: Como so possveis juzos sintticos a priori?, por uma
outra pergunta: Por que necessria a crena em tais juzos? [...] (NIETZSCHE, Alm do Bem e do
Mal, 11). Essa citao resume bem o tema da pesquisa que teve durao de um ano, feita pela
atual mestranda Gabriela Terra Deptulski (UFES) durante a graduao nessa mesma universidade,
sendo orientada pelo professor Fernando Mendes Pessoa. Tal pesquisa, agora em forma de
comunicao, acontecer no mbito da abordagem nietzschiana a respeito dos conceitos
conhecimento e verdade, tendo como foco principal a crtica ao modo kantiano de trat-los.
Immanuel Kant, partindo da existncia de faculdades a priori do sujeito, ou seja, capacidades
existentes necessariamente em todo e qualquer homem, afirma a existncia de um conhecimento
capaz de criar juzos completamente objetivos. Friedrich Nietzsche questiona a existncia desse
tipo de conhecimento, assim como de juzos desinteressados dele advindos (juzos esses aqui
tratados como verdades absolutas). Nietzsche compreende que o conhecimento s possvel
como uma pulso de conservao e superao que leva o homem no verdades absolutas, mas
verdades histrico-temporais e condicionais. Para melhor compreender isso, primeiro se
discursar a respeito de uma importante noo do pensamento nietzschiano: a vontade de
verdade. Segundo Nietzsche, o que moveu Kant a fazer essa interpretao do conhecimento foi
uma vontade de obter verdades eternas. Para Nietzsche, isso ocorre porque Kant mais um
herdeiro da tradio que idealizou uma instncia atemporal e eterna, a qual seria possvel ao
homem alcanar com seu conhecimento. Nesse sentido se esclarecer de que modo Nietzsche
compreende a tradio filosfica como firmada a partir do modo de lida de um tipo de homem que
se sente sempre impulsionado a criar para si algo eterno e imutvel; em seguida se discorrer
porque Nietzsche entende que Kant continua e corrobora essa tradio. Por fim, a partir da crtica
feita ao modo kantiano de abordar conhecimento e verdade, mostrar-se- a proposta nietzschiana
de substituio da vontade de verdade por uma vontade de criao, o que abrir espao para
apontar um novo modo de compreender conhecimento e verdade, a saber: no mais como
possibilidade de fazer afirmaes incondicionais, mas sim como possibilidade de conservar e
superar sempre condicionadas por diversos fatores, sejam eles momento histrico, cultura,
experincias pessoais, etc.
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Caderno de Resumos 19
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A crtica de Schopenhauer ao conceito de intuio emprica
kantiana
Gildete dos Santos Freitas
(UNIMONTES/Doutoranda Universidade Federal de Minas Gerais)
A Esttica Transcendental segundo a apreciao de Schopenhauer a parte mais coerente e
original da filosofia kantiana, tanto que a teoria do tempo e do espao mantida na teoria do
conhecimento schopenheaueriana como formas a priori da sensibilidade. Contudo, em relao
Analtica Transcendental, Schopenhauer no faz uma apreciao afirmativa. Ele nega toda a
Analtica, considerando-a a parte mais fracassada da filosofia de Kant, pois nela, ele no s
manteve a lacuna acerca da intuio emprica (que no ficou bem esclarecida na Esttica) como a
submeteu as suas doze categorias. Em seu texto Crtica da filosofia kantiana Schopenhauer apresenta
seus argumentos contra a exposio kantiana acerca do processo cognitivo, que tem sua raiz na
determinao de que a intuio possui um carter puramente sensvel e que por isso, a partir dela,
no possvel cogitar um conhecimento propriamente dito, esse conhecimento para Kant uma
tarefa que compete ao Entendimento com suas doze categorias. Porm, o Entendimento, de acordo
com a Crtica da razo pura no est situado na esfera da intuio e sim na abstrao. O que
Schopenhauer pretende marcar a aprioridade do conhecimento intuitivo em relao ao
conhecimento abstrato. nesse ponto que ele pensou ser necessrio distinguir o conhecimento
abstrato do conhecimento intuitivo. E aqui nos aproximamos do real motivo que levou
Schopenhauer a rejeitar a teoria Kantiana, a saber, a falta de distino entre essas duas dimenses
de conhecimento.
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Beleza e Bildung em Schiller e Nietzsche
Giorgia Cecchinato
(Universidade Federal de Minas Gerais)
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Caderno de Resumos 20
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Sobre as Leis da Liberdade
Imaculada Kangussu
(Universidade Federal de Ouro Preto)
Atravs da exegese e interpretao de passagens da Metafsica dos Costumes (1785), a proposta
destacar, na fundamentao kantiana da tica, a autonomia atribuda ao sujeito. Como se sabe, ao
apresentar as leis morais leis da liberdade sob a mxima do imperativo categrico, Kant no
determina quais as normas a serem seguidas. Ao contrrio, a forma vazia deste atribui ao agente a
responsabilidade no apenas da ao moral, como tambm a de estabelecer qual essa ao. A
indeterminao normativa da lei moral ser apresentada no como o limite da tica universalista
proposta pelo filsofo e sim, distintamente, como o mago irredutvel da autonomia moral,
justamente por deixar o sujeito diante do abismo da liberdade. A ausncia de regras de condutas
especficas a serem seguidas coloca-o na situao de responsvel por traduzir a injuno abstrata,
incondicional e universal do imperativo categrico, em comportamentos concretos diante de
realidades materiais. Surge ento a pergunta sobre como enfrentar a insegurana e o relativismo
implicados na renncia s garantias das regras normativas, que a prpria condio da tica
verdadeiramente autnoma. Julgamos poder encontrar na filosofia kantiana ndices para
responder a tal questo.
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La Naturaleza como Arte y el Arte como Naturaleza
Ins Moreno
(Universidad de la Repblica del Uruguay)
Afirmar que, para expresar en imgenes la apariencia de la msica el lrico concibe la naturaleza entera, y
a s mismo dentro de ella, tan slo como lo eternamente volente, deseante, anhelante tal como lo expresa
Nietzche en el Origen de la Tragedia, fue resultado de grandes transformaciones que la reflexin
filosfica sobre el arte sufri desde la primaria definicin de la antigedad clsica del arte como
mmesis. La intencin de diferenciar claramente la belleza natural y la artstica de la esttica
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Caderno de Resumos 21
moderna, se contrapone a la ingenua concepcin del arte como rplica del mundo. Los romnticos
la expresan a travs de la inversin de la relacin de dependencia en la que la naturaleza deja de
actuar como modelo exterior de la creacin artstica -y termina por transformar el concepto
mismo de naturaleza. Defendiendo la creacin, como un impulso natural a partir del cual el artista
produce; imitando, no a la naturaleza en su aspecto exterior, sino a su fuerza generadora. Es
posible, atribuir a Kant el origen de la distincin clara entre belleza natural y belleza artstica que tuvo las
consecuencias sealadas para la reflexin esttica? Aunque no encontramos en su teora sobre el arte
ninguna afirmacin explcita en ese sentido, y su proyecto parece ser el opuesto: mostrar que en el
arte rigen los mismos fundamentos considerados en la reflexin sobre la belleza natural, tal como
lo formula al final de la Primera Introduccin a la obra mencionada. Detectamos, en su tratamiento
de los problemas referentes al arte all, un alejamiento significativo de los problemas de los que se
ocup en la primera parte de la obra relativos al juicio de gusto; fundamentalmente desde la
necesidad de explicar y justificar la legitimidad de la aspiracin de universalidad para el juicio
sobre lo bello. El conocido pasaje de la Tercera Crtica , puede ser la clave de esta cuestin La
naturaleza era bella cuando al mismo tiempo pareca ser arte, y el arte no puede llamarse bello ms que
cuando, teniendo nosotros conciencia de que es arte, sin embargo, parece naturaleza. ( 45)
Me centrar en el anlisis de este pasaje observaciones realizadas Juan Fl ( Notas para una
lectura sintomtica de la Crtica de la Facultad de Juzgar, Papeles de Trabajo, FHUCE, UDELAR.
Noviembre 2005) quien considera que es posible encontrar rastros de una posible intencin de
Kant de manera algo crptica- que apunta al hiato mencionado.
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Nietzsche contra Kant: a vulgarizao da filosofia transcendental
Ildenilson Meireles
(Universidade Estadual de Montes Claros)
Nosso propsito apresentar alguns elementos que constituem certa interpretao nietzschiana de
Kant que tem como escopo a vulgarizao da filosofia transcendental como filosofia insidiosa,
perigosa e dogmtica, e que se consuma na caricatura feita por Nietzsche de um Kant
comprometido com o ideal de verdade da tradio, de modo especial com o ideal do cristianismo.
Nos orientamos pela perspectiva de que o Kant apresentado por Nietzsche nos escritos a partir de
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Caderno de Resumos 22
Aurora, mas principalmente e com mais nfase nos escritos a partir de Alm de Bem e Mal, faz parte
de uma estratgia argumentativa que pretende tornar manifesta a filosofia transcendental como
filosofia de fachada, isto , Nietzsche no considera que Kant tenha cumprido rigorosamente com
seu projeto crtico por estar preso ao preconceito dogmtico, que alcanaria termo na formulao
da distino coisa em si e fenmeno. As anlises feitas em Alm de Bem e Mal e posteriormente em O
Anticristo representam todo o esforo de Nietzsche em mostrar que a filosofia transcendental de
Kant, malgrado todo o ar solene de filosofia crtica, esconde em suas barbas um velho preconceito
teolgico. O que interessa a Nietzsche nessa referncia direta a Kant como filsofo insidioso no
propriamente uma contra-argumentao, no sentido meramente especulativo, em relao s teses
defendidas por Kant, mas desmascarar a filosofia transcendental na sua pretenso ao
conhecimento seguro e inserir os resultados alcanados por Kant, os xitos de seu projeto crtico,
no quadro estrito de uma teologia. Pretendemos argumentar que o modo como Nietzsche ataca a
filosofia de Kant parece revelar menos um desprezo que um profundo interesse de Nietzsche em
recolocar os problemas epistmicos fundamentais da filosofia transcendental, desta feita no
registro de um programa moral. Ao explicitar a considerao vulgar de filosofia transcendental
objetivamos mostrar que as investidas de Nietzsche contra Kant fazem parte de uma estratgia
argumentativa que lana luz sobre as questes fundamentais do debate filosfico-cultural da
modernidade no sentido de abrir espao para uma considerao moral daquilo que Kant
considerou propriamente um problema especulativo, o que nossa argumentao pretende mostrar.
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A More Severe Morality: Nietzsche's Critique of Kant
Jennifer Lynn Hudgens Brown
(DoutorandaUniversity of Kentucky, EUA)
Immanuel Kants moral philosophy is notoriously severe, perhaps most famously because of his
claim that truth is such an unconditional duty that exceptions to a duty to truth would destroy
the universality on account of which alone they bear the name of principles (On a Supposed
Right to Lie, 430, p. 67). Critics from Hegel to contemporary philosophers have accused Kant of
being too rigid, formalistic, or strict. However, Nietzsches criticisms of Kants philosophy do not
center around how severe Kantian moral philosophy is, but rather on how hypocritical and self-
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Caderno de Resumos 23
undermining Kantian moral philosophy is. Indeed, Nietzsche considers his own morality to be
quite severe; after all, in a draft of a letter to Paul Ree from 1882, Nietzsche writes, referring to Lou
von Salome She told me herself that she had no morality and I thought she had, like myself, a
more severe morality than anybody. (The Portable Nietzsche, p. 102).
I will move from Nietzsches earliest discussion of Kants moral theory in Human, All Too Human to
his last in The Antichrist and attempt to explain how Nietzsches criticisms address real problems
with Kants practical philosophy, particularly those pertaining to internal consistency. Nietzsches
primary objections to Kant center around rejecting reason as primary in morality, universal
morality and universal principles in morality on the grounds that such principles are impossible
for limited human beings, as well as the fact that Kant appears to devalue subjective judgment and
the individual in favor of purported objectivity and the value of humanity as a whole. I hope to
show that while both Nietzsche and Kant claim to do critical work in the field of moral
philosophy, Nietzsches criticisms of Kant are more internally consistent than Kants Critiques.
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Kant e Nietzsche: caminhos e descaminhos da razo
Joo Bosco Batista
(Universidade Federal de So Joo del-Rei)
A crtica kantiana s provas tradicionais da existncia de Deus, o argumento cosmolgico e o
fsico-teleolgico pertencem s aporias e problemas da teologia natural. Em outros termos, no
possvel a demonstrao da existncia de Deus a partir do mundo. Kant contesta que, a partir do
mundo contingente e condicionado, possamos chegar ao do incondicional absoluto, ainda que a
razo necessite do ideal do Ser Supremo como seu princpio regulador e esteja tentada a deduzir
sua realidade de um predicado lgico. Ele ressalta a finitude do sujeito cognoscente, mantendo ao
mesmo tempo suas pretenses de autonomia e universalidade na ordem prtica, por meio da
moral. O filsofo submete a ao moral do indivduo ao reino dos fins. Ao assumir o fim como
um valor absoluto, no s subjetivo, estabelece-se uma meta objetiva em que se enraza o bem
supremo em que convergem a virtude moral e a plenitude do homem. Desta forma, convergem
deontologia e teleologia, imperativo categrico formal e o bem supremo como fim ltimo material
que torna possvel a felicidade (agir em concordncia com as mximas universais). Deste modo, a
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Caderno de Resumos 24
racionalidade e a moral convergem e no podem se dissociar. A lei moral formal e abstrata,
claramente dissociada da ordem natural (o dever inerente prpria razo obrigatoriedade
moral). Kant um dos maiores intrpretes da filosofia da conscincia moderna (sujeito
transcendental). Com Nietzsche, presenciamos a busca de um novo paradigma que rompe com a
herana humanista da filosofia da conscincia (juntamente com Marx e Freud). Nietzsche liga-se ao
vitalismo, como Schopenhauer, que contrape o saber experimental e vivencial ao racionalismo
ilustrado, por meio de um enraizamento na corporeidade e mundanidade das sensaes (pura
imanncia). Nietzsche combina a genealogia, como mtodo, para chegar s origens e relativizar os
valores, e o perspectivismo, como enfoque pluralista e realce da situao histrica. Ele no parte da
razo como fez Kant, mas analisa, como Hegel, seu processo ou devir. A razo no existe como
uma entidade absoluta, todavia h diversas razes que se do sempre enquadradas numa
linguagem e numa cultura. Da ser possvel falar em arbitrariedade da razo: as razes da razo
no so mais que construes da vontade de poder, as racionalizaes no passam de projees
subjetivas e arbitrrias que se impem na cultura, ou seja, de interpretaes moralistas e projees
voluntaristas. Eis o impasse da razo!
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Metaphysics makes strange bedfellows: Nietzsche's Neo-Kantian
Theory of Causality
John P. McGuire
(Pratt Institute & Hofstra University, EUA)
Although Nietzsches views on causality have often been critically compared with those of Hume,
surprisingly little attempt has been made to understand their relation to the views of Kant. What
makes this especially surprising, is that Nietzsche himself invites such a comparison in Gay Science
357, where he exhorts his reader to recall [] Kants tremendous question mark that he placed
after the concept of causalitywithout like Hume, doubting its legitimacy altogether. What this
passage suggests is not only that Nietzsche is not, as he has been often interpreted, a nihilist about
causation, but also that he recognized in Kant a way of overcoming the causal nihilism he
apparently attributes to Hume. My purpose in this paper will be to explicate what I take to be
Nietzsches critical engagement with Kants views on the metaphysics of causality, and the role
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Caderno de Resumos 25
they play in shaping not only Nietzsches anti-Humean views about causation, but also his
ultimately anti-Kantian views. Specifically, I will argue that Nietzsche finds in Kants conception
of mutual causality, or the concept of reciprocal action or community, argued for in his Third
Analogy of Experience (with which Nietzsche was likely familiar from his reading of Kuno
Fishers commentary) an alternative to Humes metaphysics of causation. Where for Hume,
causation involves, or is supposed to involve, a temporally asymmetric, dyadic, and external
relation between discrete, distinct existences, which are usually understood as events, in the Third
Analogy Kant argues, contra Hume, for a metaphysics of causation which involves a temporally
symmetric, dyadic, and external relation between distinct existences, which Kant understands as
substances. What Kant, I shall argue, inherits from Kants answer to Humes challenge is the
concept of symmetrical causal relations, he rejects both Humes and Kants metaphysics of the
relata that are the constituents of such a relation. On Nietzsches radicalization of Kants regional
view of reciprocal action all causality is to be understood as involving a symmetric or reciprocal,
dyadic, and internal relation between distinct existences, what Nietzsche understands as a relation
between powers and their respective manifestations.
Nietzsche rejects the metaphysics that underlies Kants solution to Humes problem of causality,
namely the challenge of justifying a necessary connection in nature.
Although Nietzsche allies himself with Kant against the nature and extent of Humes skepticism
about causation, he nevertheless disagrees with Kant about the metaphysics that may be thought
to legitimate the philosophical belief in causation. Where for Hume, any causation worthy of the
name would have to involve a necessary, asymmetrical (temporal) relation between two events, on
Kants alternative view (as articulated in the third Analogy)
On Nietzsches view of causality, the causal relata are neither Humean events nor Kantian
substances. Rather,
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The Will to Knowledge and the Will to Power
Karen Walker
(Doutoranda York University, Canad)
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Caderno de Resumos 26
Kants epistemology is subject to Nietzsches critique of skepticism (BGE, VI: 208). Kants
philosophy is a skepticism in the sense that it claims that we cannot have propositional knowledge
of the noumenal. For Kant, because we know that our judgements are subjective, we can conceive
of an in itself that lies beyond knowledge, but we cannot experience or have knowledge of the
noumenal. Kant thus wants philosophical thought to restrict itself to the realm of knowledge and
abstain from the realm of the noumenal (whether conceived of as a substantial entity or as a limit
concepti.e. depending on how Kant is interpreted). Nietzsche is critical of Kants skepticism
because it is an example of binary thought. For Nietzsche, Western rationality has been defined by
thinking in oppositions; a value can assert itself only in opposition to another value. Because
values can be asserted only by saying no to what is, new values can only show up as the
negation of what exists. This is to say that the Kantian framework of noumena/phenomena levels
difference. Nietzsches contention with epistemology, then, is that it is a slave morality. Due to its
levelled structure, the will to knowledge is unable to command; any new value asserted is
qualitatively the same as existing values and differs only quantitatively. For example, the
racialized subject is defined as the other of whiteness insofar as he or she is conceived of as lacking
the characteristics attributed to whiteness, but metaphysical thought cannot conceive of the
racialized subject as qualitatively different from the white subject. The will to knowledge is unable
to command insofar as any new value remains within the horizon of an existing value structure;
aesthetic production is impossible.
Whereas the will to knowledge is a slave morality, the will to power commands. My paper will
argue that, if the will to knowledge describes is a single perspective or a single imperative of
power that levels other perspectives (such as the way that whiteness is dominates insofar as it
appears not as the other of non-whiteness but as neutral), then the will to power describes a
hierarchical structure of wills. I will further argue that, while this interpretation of the will to
power interprets Nietzsche as claiming that domination in some form is necessary, such a
hierarchy of wills is consistent with Nietzsches explicit rejection of racialized structures such as
nationalism and anti-Semitism. As stated above, such forms of domination inhere in binary or
levelled structures of thought and being rather than in the will to power.
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Caderno de Resumos 27
A esttica de Kant na genealogia da arte nietzcheana: gnio, forma
e criao
Laurici Vagner Gomes
(Doutorando Universidade Federal de Minas Gerais)
Em Humano, demasiado, humano, Nietzsche realiza uma genealogia da arte atravs da qual torna
pblico, de maneira peculiar, uma problematizao dos prprios pilares de sustentao de sua
chamada metafsica de artista do perodo de juventude. Atravs dessa genealogia, Nietzsche
discute o processo de desenvolvimento da arte e sua manifestao na modernidade, construindo,
entre outras, duas teses extremamente significativas, que nem sempre so lidas em sua conexo.
Servindo como fio condutor do empreendimento desmistificador, a primeira tese afirma que,
expulso da religio pelo iluminismo, o sentimento religioso encontrou acolhimento na arte, o que a
tornou mais profunda e capaz de produzir efeitos que 27ietzschiana27 no lhe eram possveis.
Nesse contexto, Nietzsche realiza uma desmistificao da figura do Gnio, demarcando seu
carter humano e afirmando que a obra de arte tornar-se objeto de mistificao na medida em que
seu vir-a-ser ocultado. Essa mistificao esta na base do que Nietzsche chama de culto ao Gnio.
A segunda tese a que afirma a existncia de um progressivo processo de dessensualizao da arte.
A evoluo da arte moderna exige um exerccio cada vez maior do intelecto que acaba por
conduzir ao embotamento dos sentidos, neste percurso tanto a audio como a viso se
intelectualizam e o prazer transferido para o crebro. Em grande medida, essa tese baseada na
anlise do 27ietzsch evolutivo da msica moderna. Atravs da discusso sobre a noo de msica
absoluta, o filsofo chega a constatao, no aforismo 215 de Humano, demasiado, humano, que o
simbolismo da forma, e no a prpria forma, o pr-requisito para essa intelectualizao dos
sentidos. No confronto com essas duas teses, nas obras do segundo perodo surge uma nova
orientao esttica, que desemboca no conceito de estilo. O objetivo da comunicao , tendo em
vista essa nova orientao, mostrar como essa tese da dessensualizao da arte envolve, alm de
outros aspectos, uma problematizao da teleologia subjetiva da forma, como se apresenta na
esttica kantiana, e tendo em vista que essa experincia da forma crucial na caracterizao da
relao entre Arte e Natureza na Terceira Crtica, analisar como a abordagem 27ietzschiana nos
conduz ao ponto frgil dessa caracterizao: o problema da intencionalidade envolvida na criao
da forma artstica, que Kant procura responder atravs do estratgico conceito de Gnio.
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Caderno de Resumos 28
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Nietzsche e a retomada do projeto crtico kantiano: discusso acerca
da leitura deleuzeana
Leonardo Arajo Oliveira
(Graduando Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)
Clement Rosset acusa Deleuze de privilegiar, em sua interpretao da filosofia de Nietzsche, o
aspecto crtico, e afirma que uma filosofia afirmadora da vida s pode ter, em si, a crtica, como um
componente secundrio. Ora, a grande ruptura da filosofia de Nietzsche, enquanto um
pensamento afirmador da vida, no teria sido precisamente esse deslocamento da crtica,
retirando-a do centro da filosofia? Se no ocorresse dessa maneira, o autor de Ecce Homo no
estaria ainda atrelado a uma tradio filosfica que culmina em Kant, autor do grande projeto
crtico da histria da filosofia? Deleuze argumenta que Nietzsche retoma o projeto crtico kantiano,
porm, com novas bases, ao ponto de marcar as diferenas entre Kant e Nietzsche do ponto de
vista dos princpios e das conseqncias, e de afirmar que o plano da Genealogia da moral precisa
ser pensado como uma reformulao da Crtica da razo pura; de modo que a inovao de
Nietzsche, assim como interpretamos a leitura deleuzeana, no estaria em uma ruptura com a
filosofia crtica, mas em uma nova concepo de crtica, que a levasse at o fim de sua potncia,
abarcando, inclusive, o projeto kantiano de uma crtica totalizante e de uma concepo de filosofia
que faa da crtica o seu aspecto mais positivo. O que se pretende com o presente texto discutir a
interpretao deleuzeana da relao entre o pensamento de Nietzsche e o de Kant no que diz
respeito crtica em filosofia, e para isso, sem ignorar contra-argumentos, como o de Rosset,
necessita-se levar em conta, principalmente, alguns elementos da filosofia de Nietzsche, como a
noo de valor, o conceito de vontade de potncia e o problema da vontade de verdade, bem como
noes que Deleuze formula a partir do pensamento do criador de Zaratustra, como o problema da
imagem do pensamento ponto de suma importncia dentro da reflexo sobre o aspecto crtico
das filosofias de Kant e Nietzsche, pois nesse mbito que Deleuze pensa uma imagem dogmtica
do pensamento, que, no atacada inteiramente pelo filsofo de Knigsberg, teria sido demolida
apenas pelo filsofo do martelo, pois soube criar uma relao diferencial com a questo da
verdade.
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Caderno de Resumos 29
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A verdade na religio; consideraes schopenhauerianas acerca do
aforismo 110 de Humano demasiado humano
Leo Staudt
(Universidade Federal de Santa Catarina)
A comunicao pretende expor as diversas relaes entre religio e filosofia a partir do escrito de
Schopenhauer sobre a religio, mostrando justamente que os dois personagens do dilogo,
Demopheles e Philalethes, retratam os diferentes olhares, sombrios e cordiais, em relao ao valor
da religio. E diferentemente do que Nietzsche afirma no aforismo 110 da obra Humano demasiado
Humano, a concepo de Schopenhauer no pode ser simplesmente identificada com a do
personagem Demopheles. No pensamento de Schopenhauer ns encontramos as duas posies.
Por isto importante situar a origem comum da filosofia e da religio na necessidade metafsica de
todo homem, e apontar as diferenas entre elas e em relao cincia. As diferenas que Nietzsche
apresenta entre Iluminismo e Romantismo, as crticas que faz as religies j encontramos nos
textos de Schopenhauer. E antes de a filosofia de Schopenhauer ser uma interpretao moral-
religiosa dos homens e do mundo, ele parte da distino entre fenmeno e coisa-em-si, e no
aceit-la, como Nietzsche o faz, por exemplo, no aforismo 10 de Humano demasiado Humano , altera
toda compreenso da sua filosofia, no caso tambm da verdade na religio, nas cincias e na
prpria filosofia. Tambm iremos apresentar uma interpretao do sentido alegrico da linguagem
da religio a partir da esttica. Com isto o senso alegrico no conduz simplesmente superstio,
ou expressa o carter mtico da linguagem na perspectiva iluminista/positivista, mas uma ponte
que conduz a uma verdade intua e profundamente sentida. Por fim, daremos nfase s diferenas
entre Religio, Filosofia e Cincia no pensamento de Schopenhauer, distanciando-se, ao mesmo
tempo, do Iluminismo e do Romantismo. E se nele encontramos algumas convergncia com o
Romantismo, com a tradio iluminista que procura pr fim s iluses e na opinio de
Horkheimer, em a atualidade de Schopenhauer, um pessimista esclarecido. Penso que esta uma
boa questo para tratar a temtica do modernidade a partir do pensamento de Nietzsche e
Schopenhauer.
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 30
Objees a Kant de Schulze a Nietzsche: Vermge eines Vermgens?
Lucas Nascimento Machado
(Mestrando Universidade de So Paulo)
Em nossa apresentao, discutiremos as ligaes da crtica de Nietzsche a Kant, quanto sua
fundamentao da filosofia (e, mais especificamente, dos juzos sintticos a priori) com crticas
feitas a Kant por filsofos contemporneos a ele e tambm inseridos no que veio a se chamar de
idealismo alemo, tais como Schulze e Jacobi. Nesse sentido, veremos que a objeo nietzschiana
est intimamente a um problema central da filosofia crtica, sendo um dos principais fatores que
estimulou o seu desenvolvimento posterior e, por conseguinte, o desenvolvimento do idealismo
alemo como um todo. Mais do que isso, caber notar como a objeo de Nietzsche a Kant, ao tocar
em um problema fundamental da filosofia crtica, toca tambm, em verdade, no problema da
modernidade e sua possibilidade de auto-fundamentao por meio da razo. Em verdade, como
pretendemos mostrar, precisamente por crticas do tipo que Nietzsche faz a Kant
problematizarem a possibilidade de auto-fundamentao da razo por si prpria, ou da
modernidade por meio da razo, que alguns dos filsofos de maior destaque do idealismo alemo,
tais como Fichte, Schelling e Hegel, teriam visto a necessidade de reformular a filosofia crtica e
30oloca-la acima de objees que, de maneiras fundamentais, se identificam com a objeo
nietzschiana. Mais especificamente, veremos como as objees cticas de Schulze filosofia crtica
so em larga medida idnticas objeo nietzschiana, na medida em que afirmam que Kant teria
incorrido em petio de princpio, ao valer-se da mente como fundamento de nossas
representaes e do conceito de coisa em-si. Em seguida, veremos como essas objees, por um
lado, desencadeiam um processo de tentativas e esforos para proteger a filosofia crtica dos
ataques cticos avanados por filsofos como Schulze e, por outro, j esto inseridas em uma
dinmica fundamental ao idealismo alemo de embate entre ceticismo e filosofia, dinmica que j
est em atuao na inaugurao do idealismo alemo pela Crtica da Razo Pura. Em outras
palavras e em suma, buscaremos mostrar como a objeo de Nietzsche a Kant se insere no contexto
do embate entre ceticismo e filosofia, de cujo resultado, por sua vez, depende o sucesso ou o
fracasso de um projeto de modernidade, subjacente aos esforos de alguns dos filsofos de maior
destaque do idealismo alemo.
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 31
Suicdio e Valor da Vida em Nietzsche
Lcio Vaz
(Doutorando Universidade Federal de Minas Gerais)
O texto realiza uma anlise crtica dos escritos de Nietzsche, publicados ou no, concernentes
direta ou indiretamente ao suicdio. A estrutura geral de meus argumentos consiste em apontar a
relao de sua filosofia com dois vizinhos tericos mais importantes: os estoicos e Kant. Em
oposio ao segundo e aproximao dos primeiros, Nietzsche rejeita a possibilidade de avaliao
sobre o valor da vida e o suicdio a partir de princpios universalmente vlidos e a fortiori de
princpios morais universais. Entretanto, indo alm da ideia estoica de uma liberdade individual e
singular de determinao do ponto de sada (eulogon exagog) da existncia, Nietzsche igualmente
repele a doutrina prudencial de equilbrio e conteno prpria daquela escola helenstica. Por fim,
mostro que a filosofia sobre o ato de se matar em Nietzsche, embora radicalizando a noo de uma
singularidade do ato de se matar, guarda estreita ligao com uma valorizao muito pessoal sobre
a histria da cultura e da vontade de poder.
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Nietzsche: para alm de uma simples crtica
Luhan Galvo Alves
(Graduando Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)
Em seus escritos, Nietzsche deixa claro o seu descontentamento com a tradio filosfica,
promovendo uma srie de denncias s verdades produzidas e disseminadas pelo mundo ocidental,
que ora circunscrevem o homem, para aqum de suas capacidades ora falseiam a realidade, para
alm da cotidianidade. Para Nietzsche, as pessoas e seus maiores perscrutadores se resignaram em
expor razes para a vida, para o mundo etc., esquecendo-se, porm, da prpria humanidade e da
importncia de estarem a todo o momento criando, construindo, destruindo e interferindo na
ordem preestabelecida.
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 32
Nietzsche se preocupou com o que estava prximo, desta forma, rebaixou diversos temas
recorrentes na filosofia, tratando-os como convices dogmticas imaginadas por profetas da
verdade, indivduos mistificadores, covardes e amargurados com a vida. perceptvel o ataque
que faz queles que restringiram a ao e o pensamento humano em nome da razo. Sua averso
aos projetos filosficos de homens imoderados e incondicionais, que reflexionaram sobre a vida a
partir de uma inapreensvel conscincia interior e uma incontornvel causalidade exterior revolve a
uma dura censura estranha atitude filosfica de dizer sobre a liberdade humana, universalmente,
o que, efetivamente, no passa de uma viso limitada a um intelectualismo particular.
Estremecendo os pilares da razo (tradicional), da moralidade, da historicidade, das doutrinas
teleolgicas e da constante insero da teologia dentro da filosofia, que, sob a aparente manta
cientfica, proporcionou uma srie de dualidades ao conhecimento, Nietzsche se ps acima das
crticas e levantou questionamentos que se desprendem da circunscrita liberdade oferecida pelos
filsofos. No caso em questo, contundente a forma como confronta Kant, se referindo a ele como
uma pessoa perigosa para as mais sublimes manifestaes do esprito.
Abstendo-nos de agremiar uma das duas filosofias, encetamos a tarefa de explorar alguns aspectos
antagnicos entre estes dois autores, ressaltando a postura de Nietzsche diante do que Kant
chamou de liberdade prtica. Contudo, no restringimos a discusso liberdade. A conduo deste
ensaio traz uma srie de temas recorrentes no campo tico, metafsico e outros temas capitais em
seus pensamentos. A perspectiva no promover uma disputa entre os autores nem revelar fatores
primrios ou secundrios na discusso, mas um ponto especfico, que permita o entendimento das
duras crticas empreendidas por Nietzsche ao pensamento kantiano, evidenciando sua atitude
antiptica s explicaes que tentam fundar caminhos e princpios estticos para o homem, para a
vida e para o mundo.
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Paul Feyerabend um Nietzsche de nossa poca?
Luiz Henrique de Lacerda Abraho
(IFMG Ouro Preto/Doutorando Universidade Federal de Minas Gerais)
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 33
Alguns intrpretes do pensamento nietzschiano, tais como Nola (1987) e Robinson (1999),
sustentam uma categrica paridade entre certas noes epistemolgicas constitutivas da filosofia
de Nietzsche (em particular a doutrina do perspectvivismo e uma tendncia naturalizao do
conhecimento) com a investigao concernente ao conhecimento cientfico empreendida pelo fsico e
filsofo austraco Paul Feyerabend. Estudiosos do corpus feyerabendiano, a exemplo de Corvi
(1991), reiteram a similitude: reportam-se, para tanto, inicial situao marginal de ambos no
cenrio acadmico de seu tempo, rejeio do realismo epistemolgico ou exaltao do esprito
livre. Porm, uma anlise imanente dos escritos de Feyerabend indica um panorama bastante
mais intricado. No existe qualquer referncia quelas noes em Contra o Mtodo (1975), A Cincia
em uma Sociedade Livre (1978) ou Adeus Razo (1987), os livros mais significativos do austraco. Nas
poucas vezes que Feyerabend referiu-se diretamente a Nietzsche, as fontes foram, exclusivamente,
os pstumos A Filosofia na poca Trgica dos Gregos e Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral,
ambos de 1873. Tais citaes, cujo contedo no engloba aquelas temticas, constam nos seguintes
documentos: uma carta enviada em 1963 ao filsofo analtico Jack Smart, uma nota do artigo
Reply to Criticism (1965), no ensaio Wissenschaft als Kunst (1984) e em dois escritos da coletnea
A Conquista da Abundncia (1999). Fora isso, restam apenas outras duas menes ao pensador
alemo: em sua autobiografia Matando o Tempo (1994), Feyerabend mencionou uma visita ao
Nietzsche Haus Museum e adimitiu uma influncia da retrica de Assim Falou Zaratustra no perodo
em que foi membro do exrcito nazista; e nos Dilogos sobre o Conhecimento (1991) classificou
Nietzsche como um poeta sem talento potico, embora astucioso. Assim, partindo de um atento
exame bibliogrfico, constatamos, em consonncia como Oberheim (2006), que Feyerabend no se
filia textualmente s argumentaes nietzschianas com vistas a retomar, por exemplo, a teoria do
conhecimento kantiana em chave scio-construtivista. Por isso, se entendida como expresso
radical de uma filiao filosfica, a ilustrativa sugesto de Hollinger (1980) de que Feyerabend
seria o Nietzsche de nossa poca nos parece inadequada. Com efeito, inspirados no estudo de
Heit (2009), consideramos que uma hiptese de leitura mais frtil acerca da interlocuo filosfica
entre aqueles pensadores consiste na verificao de suas releituras historiogrficas acerca do declnio
espiritual da cultura helnica provocado pela emergncia do racionalismo filosfico ocidental.
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Das Verdades em Schopenhauer Negao da Verdade em
Nietzsche
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 34
Luiz Felipe Arajo
(Universidade Federal de Viosa)
Um dos traos caractersticos de Nietzsche que ele pode ser considerado como o eterno
insatisfeito de vises unilineares do universo e da vida. Sua filosofia prova disso, principalmente
com relao ao conhecimento e o problema da verdade. Eis uma temtica que acompanhar sua
obra at o final, aprofundando e radicalizando sua postura. Todavia, poucos intrpretes
aproximam essa reflexo sobre o conhecimento a partir da filosofia schopenhaueriana,
principalmente quando o arquirrival de Hegel abre o segundo volume do Mundo como Vontade e
como Representao, passagem esta marca claramente a tese inicial de Verdade e Mentira no sentido
extramoral. Deve-se ressaltar que os problemas do conhecimento da realidade e da verdade
perpassam a obra de Schopenhauer para adentrar no pensamento de Nietzsche, onde tais temas se
radicalizaro. O Filsofo da Vontade em especial na sua primeira obra, derivada de sua tese
doutoral, Da Quadrupla Raiz do Princpio da Razo Suficiente, se preocupa com o conceito de
Verdade. Entretanto, Schopenhauer ainda est demasiadamente influenciado pela filosofia do seu
tempo, quando todos os filsofos ainda tentavam reconstruir a possibilidade da Verdade aps a
ciso kantiana. Schopenhauer assume a distino kantiana entre Coisa em Si e Fenmeno, que em
sua Filosofia encontrar sua respectiva dualidade, mutatis mutandis, entre Vontade e
Representao. Todavia, o Filsofo de Danzig, mesmo aceitando a existncia de um princpio
metafsico, no aceitar que exista uma Verdade Metafsica. O que h para ele to somente uma
essncia por detrs das coisas, uma realidade ocultada pela Representao, mas esse princpio no
fundamenta a Verdade. O que importa nesta comunicao apresentar como as teses
schopenhauerianas sobre a verdade (Verdade Lgica, Verdade Emprica, Verdade Transcendental
e Verdade Metalgica) so relidas por Nietzsche no primeiro perodo de sua obra. O ponto de
chegada para Nietzsche ser a completa negao da verdade, levada ao limite em relao prpria
questo do conhecimento e da possibilidade do conhecimento. Nietzsche em muitos aspectos um
continuador do projeto kantiano, mas alm de Kant e contra Kant.
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Schopenhauer: Things-in-themselves, Phenomena, and the
Naturalization of Transcendental Philosophy
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 35
Marco Segala
(University of LAquila)
Schopenhauers role in attracting Nietzsche towards philosophy is well known. Nietzsches
enthusiasm for The world as will and representation, his deep acknowledgment of Schopenhauers
importance in Schopenhauers as educator, and the comparison between the two philosophers
notions of will are recurrent themes in scholarship. But some other elements of Schopenhauers
philosophy deserve careful attention and can enlighten our understanding of Nietzsches approach
to metaphysical problems.
This paper will focus on the relationship Schopenhauer established between thing-in-itself and
phenomenon and will analyse the image he proposed of himself as the authentic heir of Kantian
philosophy. Such an investigation can contribute to understand how Nietzsche intended to posit
himself in relation to the metaphysical tradition.
Also this paper will show how Schopenhauer contributed to the development of the naturalized
account of transcendental philosophy. Schopenhauer view of intellectual knowledge as a
physiological process is an essential element of both his thought and his relationship with the
Kantian tradition. A survey of both the importance of physiology in Schopenhauers analysis of
knowledge and his extensive readings on neurophysiology will show how his main works defined
a new interpretative paradigm of Kants
transcendental philosophy. Already in the 1860s some authors (Noir and Lange) considered
Schopenhauers version of the transcendental epistemology as essential to Darwinism and
materialism. Such an intellectual history deserves closer attention if we want better understand
Nietzsches ideas on the subject.
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Nietzsche on Truth and Science
Matthew Keeler
(Texas Tech University)
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I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradio Filosfica Nietzsche e a tradio kantiana
Caderno de Resumos 36
A recent and fruitful debate between Maudemarie Clark and Nadeem Hussain centers around the
related questions of (a) whether Nietzsche holds a falsification thesis (the view that any claim we
make is in principle false) and (b) whether and in what respect Nietzsche takes science to be a
cogent explanatory worldview. Clark thinks that Nietzsche is a falsificationist in his early career, a
position he later abandons once his mature thinking takes a more "scientific turn," while Hussain
thinks that Nietzsche is a falsificationist throughout his career who nonetheless holds a coherent
scientific outlook. The primary interpretive task for understanding Nietzsches view on truth is to
reconcile (if possible) his disparaging remarks about traditional conceptions of truth and cognition
with his apparent commitment to empiricism; for, as Hussain observes, "much of Nietzsche's
philosophical work, in particular his famous critiques of Christianity and morality, seem to rest on
empirical truths."
I will argue that Nietzsche's invectives against truth and knowledge can be understood as a
consequence of an anti-metaphysical methodology that rejects appeals not only to Kantian
noumena but also the idea of beings broadly construed. The result of this rejection, for Nietzsche,
is a collapse of the traditional distinction between appearance and reality: appearance is reality,
where reality is no longer taken to be composed of noumena, but continuous change and
becoming. Importantly, Nietzsche's view of the world as becoming neither commits him to a
falsification thesis nor precludes his philosophy from an endorsement of empiricism, but, as we
shall see, it does preclude the possibility of knowledge. The argument of this essay will be
advanced in two sections: In the first, I will begin by discussing some important passages from
Nietzsche's early work in order to draw out two different senses in which he uses the term "truth":
one that refers to the apparent, sensible world, and one that refers to a supra-sensible, Kantian
noumenal world. As will become clear, Nietzsche's attitude toward the prospect of truth in
reference to the sensible world is primarily skeptical he practices Pyrrhonian epoch
(suspension of judgment) wherever equipollent argument is possible. Such practice does not
amount to a claim that there is no truth, only that the truth has not been unequivocally