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BOLETIM CONTEDO JURDICO N. 807
(Ano IX)
(24/06/2017)
ISSN
BRASLIA2017
BoletimContedoJurdicoISSN
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ConselhoEditorial
VALDINEI CORDEIRO COIMBRA (DF) - Coordenador-Geral. Fundador do Contedo Jurdico. Mestre em Direito Penal Internacional Universidade de Granda/Espanha.
MARCELO FERNANDO BORSIO (MG): Ps-doutor em Direito da Seguridade Social pela Universidade Complutense de Madrid. Ps-Doutorando em Direito Previdencirio pela Univ. de Milo. Doutor e Mestre em Direito Previdencirio pela Pontifcia Universidade Catlica/SP.
FRANCISCO DE SALLES ALMEIDA MAFRA FILHO (MT): Doutor em Direito Administrativo pela UFMG.
RODRIGO LARIZZATTI (DF/Argentina): Doutor em Cincias Jurdicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino - UMSA.
MARCELO FERREIRA DE SOUZA (RJ): Mestre em Direito Pblico e Evoluo Social u, Especialista em Direito Penal e Processo Penal.
KIYOSHI HARADA (SP): Advogado em So Paulo (SP). Especialista em Direito Tributrio e em Direito Financeiro pela FADUSP.
SERGIMAR MARTINS DE ARAJO (Montreal/Canad): Advogado com mais de 10 anos de experincia. Especialista em Direito Processual Civil Internacional. Professor universitrio.
Pas: Brasil. Cidade: Braslia DF. Endereo: SHN. Q. 02. Bl. F, Ed. Executive Office Tower. Sala 1308. Tel. 61-991773598 ou 61-3326-1789 Contato: [email protected] WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR
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SUMRIO
COLUNISTADASEMANA
16/06/2017EduardoLuizSantosCabetteInfiltraovirtual:algunsbrevesapontamentos
ARTIGOS
23/06/2017GiulianaFreitasSpanoAquebradosigilodasoperaesfinanceirassobaticadafazendapblica
23/06/2017ClvisdosSantosAndrade
Consideraessobreaatuaodasassociaesemjuzo
23/06/2017LuizaZacouteguyBueno
Aresponsabilidadecivilnasrelaespaternofiliais
23/06/2017ErickJosephRabeloChagas
DaimpossibilidadedededuodoPisedaCofinsemvendasnoadimplidas
23/06/2017MariaTerezaTarginoHora
ODireitodeArrependimentonoCdigodeDefesadoConsumidor
23/06/2017AlineAnteloMachadodeOliveira
Oconceitodesentenaestrangeiraparafinsdeprocessodehomologaodesentenaestrangeira
23/06/2017AltamiroModestodaSilvaFilho
Limitesaosmeiosdeproduodeprova:aaocontroladacomomeiodeproduodeprova
23/06/2017VitorHugoMedeirosGalvo
Timeshareeodireitodearrependimento
22/06/2017MateusBenatoPontalti
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Fenomenologiadasisenestributrias
22/06/2017AndrDiegodeLimaLeite
OImpostoSobreGrandesFortunasnoDireitoComparadoenaLeiBrasileira
22/06/2017PedroRamosLyradaSilva
Da(in)aplicabilidadedatcnicadejulgamentodoart.942doCPC/2015emsedeinfracionalrecursal
22/06/2017LuizaZacouteguyBueno
Aresponsabilidadecivilnasrelaesconjugais
22/06/2017ErickJosephRabeloChagas
DainexistnciadeisenodePiseCofinsnasvendasrealizadasemoperaesinternasnazonafrancademanaus
22/06/2017EricCostaCandido
IntolernciareligiosaeoEstadodemocrticodedireito
22/06/2017MariaTerezaTarginoHora
AaplicaodoCdigodeDefesadoConsumidornoscontratosdeserviospblicos
22/06/2017FbioAndrUemaOliveira
DireitodeprefernciadaAdministraoPblicanaaquisiodebenstombados
22/06/2017AlineAnteloMachadodeOliveiraArelaoentreoprocessodehomologaodesentenaestrangeiraeoprocessobrasileirosobreamesmalide
21/06/2017ClvisdosSantosAndrade
AadvocaciapblicaeoNovoCdigodeProcessoCivil
21/06/2017MariaTerezaTarginoHora
AResponsabilidadeCivildosPaisluzdaJurisprudnciadoSuperiorTribunaldeJustia
21/06/2017ErickJosephRabeloChagas
Acorreomonetrianoressarcimentodocrditoescritural
21/06/2017EricCostaCandido
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OpapeldoPoderJudicirionaetivaododireitosade
21/06/2017AmandaExpsitoTenriodeArajoDireitorepactuaonoscontratosadministrativosdevidoaosintrumentoscoletivosdetrabalho
21/06/2017RaphaelRodriguesValenadeOliveira
Consideraessobreaaposentadoriaespecialdoservidorpblicofederal
21/06/2017RaulCesarJungesCarvalho
Adenunciaodalidenavisoampliativaerestritiva
21/06/2017LuizaZacouteguyBueno
Dodanomoralindenizvel
21/06/2017ElizianeChagasSilva
Opedidodefinaldefilaemconcursospblicoseajurisprudnciadostribunaisptrios
20/06/2017RaphaelRodriguesValenadeOliveira
OprincpiodafundamentaodasdecisesjudiciaiseoCdigodeProcessoCivilde2015
20/06/2017AmandaExpsitoTenriodeArajo
Direitofiliaoedireitoidentidadegentica
20/06/2017WellingtonCacemiro
AliquidaodesentenaluzdovigenteCPC:apontamentosacadmicosaotema
20/06/2017EduardoHenriqueFerreira
AtutelaprovisrianoNovoCdigodeProcessoCivileapossibilidadedeestabilizaodatuteladeurgnciasatisfativa
20/06/2017BrunodeUgaldeMello
Dosefeitosdacondenaopelocrimedetorturaimprpria
20/06/2017ElizianeChagasSilva
Areservadopossveleaefetividadedaspolticaspblicas
20/06/2017ricaIzabeldaRochaCosta
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Dainexistnciadeobrigatoriedadedesimetriaremuneratriaentreamagistraturafederaleestadual
20/06/2017LuizCesarBarbosaLopes
Impeachmentconfusojurdica
20/06/2017RaianeAcioliMatos
OsdireitosfundamentaisnasConstituiesbrasileiras:comnfasenaConstituioFederalde1988
20/06/2017RaulCesarJungesCarvalho
DaevoluodaresponsabilidadecivilnoBrasil
20/06/2017RobertoMonteiroPinho
precisounirerepensarajustialaboral
19/06/2017ElizianeChagasSilva
OpapeldoPoderLegislativoeofenmenodareaolegislativa
19/06/2017RafaelDrumonddeLima
CrticaSumulan501doSuperiorTribunaldeJustia,luzdaTeoriadaLinguagem
19/06/2017EduardoHenriqueFerreira
AaudinciadeconciliaonoNovoCdigodeProcessoCivileaFazendaPblica
19/06/2017EduardoGuimaresBorges
Apossibilidade,excepcional,deoHabeasCorpusserutilizadocomosubstitutodeRevisoCriminal
19/06/2017ThaisMinelleSilvadeSouzaGuardacompartilhada:umestudoempricosobresuaaplicabilidadenacomarcadeIgaporBAapartirdavignciadaLei11.698/2008
19/06/2017EduardoHenriqueFerreira
Apaternidadesocioafetivanasociedadebrasileiracontempornea.
19/06/2017ricaIzabeldaRochaCosta
DanecessidadedenormatizaodetalhadasobreasregraspararequisiodeservidorespelaJustiaEleitoral
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19/06/2017RafaelleJhonathasdeSousaGuimaraes
Manutenododesacatocomocrime
19/06/2017GeraldoUchadeAmorimJnior
BrevesconsideraessobreasprerrogativasdoTribunaldeContasnafiscalizaodaAdministraoPblica
MONOGRAFIA20/06/2017MicheleLucasdeCastroEstadodeexceonapenitenciria:umaanlisedocaosinstaladonapenitenciriaestadualdoRioGrandePERG
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ODETETIVEPARTICULAREAHIPTESEDAEQUIPARAOAFUNCIONRIOPBLICONAINVESTIGAOCRIMINAL
EDUARDOLUIZSANTOSCABETTE:Delegadode Polcia,Mestre em Direito Social, Ps graduado com especializao em DireitoPenal e Criminologia, Professor de DireitoPenal, Processo Penal, Criminologia eLegislaoPenaleProcessualPenalEspecialnagraduaoenapsgraduaodaUnisaleMembrodoGrupodePesquisadeticaeDireitos Fundamentais do Programa deMestradodaUnisal.
1INTRODUO
ALei13.432/17veioregularaatividadedeDetetiveParticularouDetetive
Profissionalemsolobrasileiro(artigo2.e1.).
Em regra a atuao do Detetive Particular ser vinculada a questes de
interesse privado do contratante (artigo 2., caput, da Lei 13.432/17).
Entretanto, permite o artigo 5. que o profissional investigador atue em
colaborao com aPolcia Judiciriaem investigaopolicialem curso,desde
queautorizadoexpressamenteporseucliente.
Isso , sem dvida, um avano na chamada Investigao Criminal
Defensiva, pois que no h bices legais a que qualquer pessoa investigue
crimes,sendoaseguranaresponsabilidadedetodosnostermosdoartigo144,
caput,CF.Noobstante,claroqueoparticularnotemosmesmosatributos
queosrgosoficiaisdeinvestigaocriminal.[1]
H,porm,outrasbalizasque limitamaatividadedoDetetiveParticularna
InvestigaoCriminal.Elenecessita,porexemplo,deaceiteporpartedoDelegado
dePolcia,[2]oqual,discricionariamente,poderadmitirourejeitar,aqualquer
tempo,suaparticipao(artigo5.,Pargrafonico,daLei13.432/17).Tambm
devercumpriros requisitosexigidosporoutras leise regulamentosque regem
suaatividadeequenoforamexpressamenterevogadospelanovaLei13.432/17
e,portanto,continuamemvigornaquiloquenohouverconflito,sendoosdois
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principaisdiplomas referentesmatria a Lei3.099/57eoDecreto50.532/61.
Finalmente, insta observar que ao Detetive Particular vedada a participao
direta em diligncias policiais, nos estritos termos do artigo 10, IV, da Lei
13.432/17.[3]
O objeto deste trabalho esclarecer se o Detetive Profissional, ao ser
habilitado no Inqurito Policial oumesmo na Investigao Criminal promovida
peloMinistrio Pblico, de acordo com os requisitos legais acima delineados,
passa a ser equiparado a funcionrio pblico e responder criminalmente por
crimesprpriosfuncionais.
Paratanto,ser feitaumabreveanlisedoconceitode funcionriopblico
para finspenais,bem como,especialmente,dos casosdeequiparao.Apartir
da,serpossvelconcluirseoDetetiveParticularpodeounoserequiparadoa
funcionrio pblico e responder por eventuais crimes funcionais e no crimes
comuns no exerccio de sua atividade de investigao criminal. A questo
relevante,pois tem reflexosna tipificaopenaldecondutasena reaopenal
estatalfrenteadeslizesperpetradospeloDetetivenocursodeuma investigao
criminal.
2OCONCEITODEFUNCIONRIOPBLICOPARAFINSPENAIS
noartigo327,CPqueseencontraoconceitode funcionriopblicopara
finspenais,considerandoestetodoaquelequeemboratransitoriamenteousem
remunerao,exercecargo,empregooufunopblica.
Evidentemente o Detetive Particular, mesmo atuando na investigao
criminalcomobeneplcitodoPresidentedas Investigaes,noseadequariaa
esteconceitodefuncionriopblicoque,emboramaisamplodoqueodaseara
administrativa, no chegaria a abranger a situao enfocada. Na verdade o
prprionomedafuno,adjetivadodeparticular,estaafastaraconfigurao
dacondiodefuncionriopblico,aindaquesomenteparafinspenais.
Ocorrequeo1.doartigo327,CPpromoveumaequiparaoafuncionrio
pblico, sendo de se indagar se, neste caso, poderia haver tal atribuio ao
DetetiveParticularoficialmenteatuandona investigao criminal.Novamentea
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respostasomentepodesernegativa.O1.doartigo327,CPfazmenoqueles
queexercemcargo,empregoou funoementidadesparaestataisouqueles
que trabalhamparaempresas contratadasou conveniadaspara aexecuode
atividade tpica da Administrao Pblica. Ora, o Detetive Particular, embora
atuando na investigao criminal, juntamente com os rgos estatais, defende
interessesparticulares(doinvestigadooudavtimadeumcrime)queocontratou.
Ele no empregado, no tem cargo ou funo pblica.No contratado ou
conveniado pelo Estado. E, principalmente, no lhe dado exercer atividade
tpicadaAdministraoPblica,uma vezque aprpria Lei13.432/17 impede,
comojvisto,suaparticipaodiretaemdilignciaspoliciais.
OquefazoDetetiveParticulardefenderinteressesprivados,particulares,
na investigao criminal, quais sejam, os interesses do seu contratante. Assim
sendo, sua atuao se adequa perfeitamente no ao conceito de funcionrio
pblicopara finspenaisouadministrativos (muitomenos),masaoexercciodo
chamadomnuspblico.
Exerceummnuspblico todoaquelequeatuaemdefesade interesses
particulares no cumprimento de uma funo publicamente relevante. So
exemplos o advogado constitudo, o curador, o tutor, o inventariante, o
administradorjudicialetc.
ensinamentodeGreco:
Oexercciodeuma funopblica,ou seja, aquela
inerente aos servios prestados pela Administrao
Pblica, no pode ser confundido com mnus pblico,
entendido como encargo ou nus conferido pela lei e
imposto pelo Estado em determinadas situaes, a
exemplodoqueocorrecomtutores,curadoresetc..[4]
entendimento corrente que a prevalncia do interesse privado
incompatvel com o conceito de funcionrio pblico ou mesmo com sua
equiparao. Tambm no se podem admitir como atividades tpicas de
Administrao Pblica aquelas que, em verdade, so tpicas da iniciativa
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privada,como,porexemplo,a indstria,ocomrcio,prestaodeserviosem
geraletc..[5]
O Detetive Particular certamente um prestador de servios que exerce
atividadeempresarialindividualousocietria,tantofatoqueaLei3.099/57eo
Decreto 50.532/61 exigem o registro do Detetive Particular individual ou do
estabelecimentodecoletadeinformaesnorgocomercialdoEstado.
Dessa maneira se, no exerccio da atividade, em investigao criminal,
perpetrar crimes, responder como particular, por exemplo, por extorso,
violaodesegredo informticooutelemticoou interceptaotelefnica ilegal,
roubo, ameaa, furto, violao de domiclio, leso corporal, tortura sem o
aumentodepenapelofatodeseragentepblicoetc.Noresponder,anoser
emconcursodeagentescomefetivofuncionriopblico(intelignciadosartigos
29e30,CP)porcrimescomopeculato,concusso,corrupopassivaetc.Noque
tangeaoscrimesdeAbusodeAutoridade,previstosnaLei4898/65,tambmno
hpossibilidadedesubsunodoDetetiveParticularaoconceitode funcionrio
pblicosimilaraodoCdigoPenalaliexpostonoartigo5.Almdisso,nocaso
especficodoAbusodeAutoridade,ofuncionriopblicohqueserenquadrvel
tambm no conceito de Autoridade, ou seja, deve ser daqueles que detm
poder de mando, capacidade de determinar, de subordinar ou de se fazer
obedecer.[6]Ora,comovisto,oDetetiveParticularatuasobcontrato,prestando
servios privados, bem como somente tem autorizao limitada pelo poder
discricionriodoDelegadodePolciaououtra autoridadeestatalquepresida a
investigaocriminal.Inexistepoderdedeterminao,subordinaooudeimpor
obedincia aquemquerque seja.Muito ao reverso,oDetetiveParticular est
subordinado intensamenteaoDelegadodePolciaououtropresidentedo feito
investigativo, at mesmo para poder ali atuar, no sendo dotado sequer de
autonomiaouindependncia.
3CONCLUSO
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ConstatouseinicialmentequeaLei13.432/17ummarcoparaaatuaodo
Detetive Particular na investigao criminal e, especialmente, para o
desenvolvimentodachamadaInvestigaoCriminalDefensiva.
Porm,aatividadedoDetetiveProfissional limitadapela legislao,tendo
emcontaareservadeatribuiestpicasdeEstado, inclusivepelomonopliodo
empregodaforaedarestriolegaleproporcionaldedireitosindividuais.
Foipossvelestabeleceroconceitolegaledoutrinriodefuncionriopblico,
bemcomooscasosdeequiparao,concluindosequeoDetetiveParticularno
funcionriopblico,aindaqueatuandoeminvestigaocriminaldeformaoficial,
sejaparafinspenaisou,piorainda,parafinsadministrativos.
Dessa forma, em caso de cometimento de infraes penais durante a
atividadeemquesto,serpunidodeacordocomoscrimescomunsenocrimes
funcionais,anoserqueatueemconcursodeagentescom funcionriopblico
noexerccioouemrazodafuno,cientedisso,poisqueentooliamesubjetivo
permitirqueaselementarespessoaisse transmitamdeacordocomodisposto
nosartigos29c/c30infine,doCdigoPenal.
4REFERNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Cdigo Penal Comentado. 5. ed. So Paulo:
Saraiva, 2009.
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. O Detetive Particular na Investigao
Criminal. Disponvel em www.jusbrasil.com.br , acesso em 13.04.2017.
COGAN, Arthur. Crimes contra a Administrao Pblica. So Paulo: Juarez
de Oliveira, 2003.
FREITAS, Gilberto Passos de, FREITAS, Vladimir Passos de. Abuso de
Autoridade.7.ed.SoPaulo:RT,1997.
GRECO, Rogrio. Cdigo Penal Comentado. 10. ed. Niteri: Impetus, 2016.
PRUSSAK, Jucineia. Lei 13.432/17, detetive particular e investigao
criminal defensiva. Disponvel em www.jusbrasil.com.br , acesso em 13.04.2017.
NOTAS:
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[1] PRUSSAK, Jucineia. Lei 13.432/17, detetive particular e investigao
criminal defensiva. Disponvel em www.jusbrasil.com.br , acesso em 13.04.2017.
[2] Acaso a hiptese de investigao seja um PIC do Ministrio Pblico,
tambm, obviamente, poder atuar e necessitar de anuncia do Promotor oficiante.
A Lei 13.432/17, embora faa meno expressa somente ao Delegado de Polcia
em seu artigo 5., Pargrafo nico, trata no caput da investigao criminal,
usando expresso ampla e no a expresso restrita Inqurito Policial, como no
poderia ser diverso.
[3] Para maiores detalhes a respeito da atuao do Detetive Particular na
Investigao Criminal vide nosso artigo: CABETTE, Eduardo Luiz Santos. O
Detetive Particular na Investigao Criminal. Disponvel em www.jusbrasil.com.br
, acesso em 13.04.2017.
[4] GRECO, Rogrio. Cdigo Penal Comentado. 10. ed. Niteri: Impetus,
2016, p. 1102. No mesmo sentido, em obra especializada: COGAN, Arthur. Crimes
contra a Administrao Pblica. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2003, p. 112.
[5] BITENCOURT, Cezar Roberto. Cdigo Penal Comentado. 5. ed. So
Paulo: Saraiva, 2009, p. 1066 1067.
[6] Cf. FREITAS, Gilberto Passos de, FREITAS, Vladimir Passos de. Abuso
de Autoridade. 7. ed. So Paulo: RT, 1997, p. 86.
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A QUEBRA DO SIGILO DAS OPERAES FINANCEIRAS SOB A TICA DA FAZENDA PBLICA
GIULIANA FREITAS SPANO: Bacharela em Direito pela Universidade Federal do Esprito Santo - UFES. Ps-graduada em Direito Constitucional. Advogada.
RESUMO: Recentemente, o Supremo Tribunal Federal ps fim polmica envolvendo a possibilidade de quebra do sigilo das operaes financeiras diretamente pela administrao tributria, independentemente de autorizao judicial, na forma prevista na Lei Complementar n. 105/2001, hiptese que, na ocasio, foi declarada constitucional pela Suprema Corte. O teor do julgado provoca certa averso da populao em geral, em virtude da possibilidade de devassa dos dados das operaes financeiras realizadas pelas pessoas fsicas e jurdicas, o que, em tese, seria protegido pelo direito fundamental privacidade. Com isto em mente, este artigo pretende, por meio de concluses obtidas a partir de estudos doutrinrios e jurisprudenciais, apresentar um contraponto aos argumentos contrrios Lei Complementar n. 105/2001, j amplamente explorados pela comunidade jurdica em geral, enriquecendo o debate sobre o tema. Privilegia-se o interesse arrecadatrio do Fisco, atravs do incremento dos processos de fiscalizao e da reduo dos ilcitos tributrios, o que se faz especialmente necessrio no atual contexto de queda da arrecadao, que vem forando o Estado brasileiro a reduzir sua atuao em setores sociais de suma importncia, como a sade, a educao e a previdncia social, atingindo especialmente as parcelas mais necessitadas da populao.
Palavras-chave: Privacidade, Sigilo Financeiro, Lei Complementar n. 105/2001.
Sumrio: 1. Introduo. 2. A importncia do sigilo financeiro para a ordem econmica. 3. O sigilo financeiro na Lei Complementar n. 105/2001. 4. Da ausncia de violao ao direito fundamental privacidade: transferncia do sigilo ao fisco. 5. Da ausncia de clusula de reserva de jurisdio. 6. Do dever fundamental de pagar tributos. 7. Consideraes finais. Referncias bibliogrficas.
1. INTRODUO
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A Constituio Federal de 1988 assegura, em seu art. 5, inciso X, os direitos intimidade e vida privada, e no inciso XII a inviolabilidade do sigilo de dados.
Paralelamente a esses direitos, a CF/88 faculta administrao tributria "identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte" (art. 145, 1), como um instrumento de aferio da capacidade contributiva.
Com base nesse dispositivo constitucional, o Congresso Nacional editou a Lei Complementar n 105/01[1], cujo art. 5, caput,[2] prev que as instituies financeiras devero informar administrao tributria da Unio as operaes financeiras efetuadas pelos usurios de seus servios.
Por sua vez, o art. 6, caput,[3] permite que a administrao tributria da Unio, dos Estados, Distrito Federal e Municpios examine documentos, livros e registros de instituies financeiras, se houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso.
Os referidos dispositivos legais geraram grande polmica quanto sua constitucionalidade, em virtude da tenso com os direitos vida privada e inviolabilidade do sigilo de dados, os quais, segundo os defensores da inconstitucionalidade dos arts. 5 e 6 da LC n. 105/2001, s poderiam ser relativizados mediante pronunciamento judicial, e, ainda assim, para fins de investigao criminal ou instruo processual penal.
Por outro lado, segundo a tese pr Fazenda Pblica, no haveria quebra, mas transferncia do sigilo Administrao, nos moldes do art. 198 do Cdigo Tributrio Nacional e art. 5, 5, da LC n. 105/2001. Ademais, haveria autorizao constitucional para tanto, sediada no art. 145, 1.
Ainda, segundo os defensores da constitucionalidade da Lei Complementar em questo, recairia sobre os contribuintes um dever fundamental de pagar tributos, teoria defendida por parcela da doutrina
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ptria, que autorizaria a adoo, por parte do Fisco, de mecanismos rigorosos de fiscalizao, a fim de permitir a eficincia da arrecadao de tributos, que, afinal, de onde provm a maior parte da receita destinada a concretizao dos direitos fundamentais, em especial os direitos sociais.
Em um primeiro momento, o Supremo Tribunal Federal, ao examinar a matria em fevereiro de 2013, no Recurso Extraordinrio n. 389.808[4], definiu, por 5 votos 4, que a quebra do sigilo seria inconstitucional.
Entretanto, a polmica teve fim no incio de 2016, com o julgamento conjunto das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF[5], nas quais o Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade dos arts. 5 e 6 da Lei Complementar n 105/2001 e dos seus decretos regulamentadores. Entendeu a Corte Suprema que no h, na hiptese, quebra de sigilo e ofensa a direito fundamental.
O resultado do julgamento em apreo, ao consagrar a tese favorvel Fazenda Pblica, objeto de grande irresignao social, tendo em vista a suposta devassa perpetrada no patrimnio do contribuinte. Contudo, uma anlise mais atenta da LC n. 105/2001 e dos Decretos que a regulamentam, demonstra que o direito privacidade do contribuinte no posto em risco.
2. A IMPORTNCIA DO SIGILO FINANCEIRO PARA A ORDEM ECONMICA
Antes de adentrarmos no estudo da Lei Complementar n. 105/2001, sobretudo na polmica que envolve a possibilidade de acesso direto do Fisco a dados de operaes financeiras realizadas pelos contribuintes, e a fim de demonstrar a magnitude desta discusso, importante ter em mente que, atualmente, a quase totalidade dos negcios efetivada com intermediao bancria, de forma que o acesso a tais informaes permite conhecer no s a situao financeira da pessoa fsica ou jurdica a quem elas pertencem, mas tambm "sobre seus negcios, suas preferncias, seus gastos, ingressos, hbitos e
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aquisies"[6]. Deste modo, v-se que a importncia do sigilo bancrio se mostra ainda mais acentuada nos dias atuais.
Em se tratando de pessoa jurdica, a quebra do sigilo bancrio pode constituir uma forma de burla ao princpio da livre concorrncia (art. 170, IV, CF), na medida em que o conhecimento de seus dados pode determinar estrategicamente a atuao de seus concorrentes, fornecedores ou clientes[7].
Para o cenrio geral da economia de um dado pas, o grau de sigilo conferido s operaes financeiras tambm apresenta repercusses relevantes, uma vez que fator determinante do fluxo de capitais que ingressar ou permanecer em seu territrio. Isto porque o emprego de um aparato de fiscalizao menos incisivo pode ser utilizado como tcnica de captao de recursos, como fazem a Sua, Luxemburgo, Lbano e o Uruguai, entre outros pases chamados de parasos fiscais[8].
Percebe-se, portanto, que a razo da acentuada polmica envolvendo a relativizao do sigilo financeiro pela LC n. 105/01 que, alm de permitir ampla discusso no plano terico, a matria se refere a aspecto de grande importncia para a economia do pas, principalmente para as pessoas jurdicas.
3. O SIGILO FINANCEIRO NA LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001
Como visto, a LC n. 105/01 uma lei geral sobre o sigilo financeiro, regulamentada, em mbito Federal, pelos Decretos n. 3.724/2001 e 4.489/2009. Esta Lei foi aprovada em 13 de dezembro de 2000, aps amplos debates no Senado e na Cmara dos Deputados, especialmente no que toca ao contedo dos seus arts. 5 e 6[9].
Como regra geral, a LC n. 105/01 resguarda o sigilo das operaes financeiras, ao dispor em seu art. 1, que "as instituies financeiras conservaro sigilo em suas operaes ativas e passivas e servios prestados". Desse modo, recai sobre os seus dirigentes, empregados ou ex-empregados o dever de no divulgar as informaes que tiverem acesso em razo das suas atividades.
Tomando por base o rol de operaes financeiras elencado pelo 1 do art. 5, da LC n. 105/01, afirma Jos Paulo Baltazar Jnior que "a proteo da lei ampla, incluindo emprstimos, depsitos, descontos,
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locao de cofre, custdia de ttulos, valores recebidos por quem no correntista, ou no mantm contrato com o banco, e mesmo informaes pr-contratuais" [10].
Por outro lado, relativizando a regra do sigilo consagrada no art. 1, os arts. 5 e 6 da LC n. 105/01 preveem as seguintes possibilidades de acesso direto pelo Fisco aos dados das operaes financeiras realizadas pelos contribuintes:
"Art. 5 O Poder Executivo disciplinar, inclusive quanto periodicidade e aos limites de valor, os critrios segundo os quais as instituies financeiras informaro administrao tributria da Unio, as operaes financeiras efetuadas pelos usurios de seus servios".
"Art. 6 As autoridades e os agentes fiscais tributrios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios somente podero examinar documentos, livros e registros de instituies financeiras, inclusive os referentes a contas de depsitos e aplicaes financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensveis pela autoridade administrativa competente".
Nota-se, pois, que a fiscalizao fazendria pode se dar de duas maneiras: a) fiscalizao-vigilncia, continuada ou rotineira, que consiste no acompanhamento contnuo das atividades, como ocorre no art. 5, caput, LC n. 105/01; b) fiscalizao intermitente, que se destina a examinar documentos ou obter informaes sobre fatos delimitados, ou por amostragem, hiptese revelada no 4 do art. 5 e no art. 6 [11].
Neste contexto, percebe-se que a LC n. 105/01 no previu a necessidade de autorizao judicial para que o Fisco acessasse determinados dados referentes a operaes financeiras, na forma dos seus arts. 5 e 6, o que gerou a polmica abordada neste estudo.
Vale destacar que esta possibilidade j era admitida pelo art. 38 da Lei n. 4.595/64 (revogado pela LC n. 105/01). Porm, a partir do julgamento do Recurso Especial n. 37.556, em 1994, passou-se a
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entender que a quebra poderia se dar apenas em razo de autorizao judicial, posio que se consagrou na jurisprudncia ptria [12].
Frise-se que, a despeito do posicionamento acima citado, a jurisprudncia nunca abandonou a ideia de que, assim como qualquer outro direito fundamental, o sigilo financeiro no absoluto, podendo ceder diante de outros direitos, sobretudo em razo do interesse pblico, observada a regra da proporcionalidade [13].
Com o advento da LC n. 105/01, voltou tona a polmica acerca da possibilidade de quebra do sigilo financeiro pela autoridade fazendria sem autorizao judicial, em razo da expressa autorizao neste sentido levada a efeito pelos seus arts. 5 e 6.
Como dito, a polmica teve seu fim com o julgamento conjunto das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859, nas quais o Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade dos referidos arts. 5 e 6.
A anlise da Suprema Corte, para a soluo desta controvrsia, girou em torno das seguintes questes, que sero respondidas no decorrer deste estudo: H violao ao direito fundamental privacidade? A quebra do sigilo financeiro est coberta pela clusula da reserva de jurisdio?
4. DA AUSNCIA DE VIOLAO AO DIREITO FUNDAMENTAL PRIVACIDADE: TRANSFERNCIA DO SIGILO AO FISCO
Gilmar Ferreira Mendes e Ives Gandra Martins[14] entendem que a relativizao do sigilo financeiro e do direito privacidade deve se pautar pela existncia de um "direito organizao e ao processo", segundo o qual a quebra do sigilo financeiro dever observar regras procedimentais precisas, estabelecidas pelo legislador, a fim de evitar que essas informaes sejam desviadas do fim para o qual foram obtidas.
Neste sentido, buscando preservar a privacidade do contribuinte, o art. 198 do Cdigo Tributrio Nacional veda "a divulgao por parte da Fazenda Pblica ou de seus servidores, de informao obtida em razo do ofcio sobre a situao econmica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negcios ou atividades".
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Segundo Eduardo Sabbag[15], o art. 198 do CTN busca operar uma verdadeira transferncia do sigilo para o Fisco, preservando os direitos fundamentais privacidade e ao sigilo bancrio, embora resguardando igualmente a funo fiscalizadora da Fazenda Pblica.
Nessa senda, no julgamento das ADIs n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, o Supremo Tribunal Federal entendeu que somente haveria que se falar em quebra de sigilo se houvesse autorizao para circulao ou exposio dos dados das operaes financeiras, ou seja, se os dados obtidos pelo Fisco pudessem ser levados ao pblico.
De igual modo, a Ministra Carmem Lcia, em Voto exarado no julgamento do RE n. 389.808, entendeu que "no est autorizado por lei a dar a pblico, mas apenas transferir para um outro rgo da administrao, para o cumprimento das finalidades da Administrao Pblica, aqueles dados".
Com efeito, a LC n. 105/01 consagra expressamente a transferncia do dever de sigilo para o Fisco, ao determinar no art. 5, 5[16] que as informaes prestadas pelas instituies financeiras devem ser conservadas sob sigilo.
Inclusive, aplica-se tratamento rigoroso quebra indevida do sigilo financeiro, tipificando tal conduta como crime e responsabilizando pessoal e diretamente o servidor que se valer indevidamente destas informaes, assim como responsabilizando objetivamente a entidade pblica, no caso de o servidor ter agido conforme orientao oficial. Vejamos o teor dos arts. 10 e 11 da LC n. 105/01, ipsis litteris:
Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsveis pena de recluso, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Cdigo Penal, sem prejuzo de outras sanes cabveis.
Pargrafo nico. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar injustificadamente ou prestar falsamente as informaes requeridas nos termos desta Lei Complementar.
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Art. 11. O servidor pblico que utilizar ou viabilizar a utilizao de qualquer informao obtida em decorrncia da quebra de sigilo de que trata esta Lei Complementar responde pessoal e diretamente pelos danos decorrentes, sem prejuzo da responsabilidade objetiva da entidade pblica, quando comprovado que o servidor agiu de acordo com orientao oficial.
Vale dizer, ainda, que a LC n. 105/01 no promove uma devassa aos dados do contribuinte, na medida em que as informaes prestadas restringem-se a identificao dos titulares das operaes e aos montantes globais mensalmente movimentados, sendo vedada a insero de qualquer elemento que permita identificar a origem ou a natureza dos gastos efetuados [17].
Assim, concluiu o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, que trata-se de dados cadastrais genricos, aos quais a Fazenda Pblica j tem acesso em virtude da declarao anual de imposto de renda.
Apenas no caso de indcios de cometimento de ilcito fiscal, pode ser realizado um exame mais aprofundado das informaes financeiras de determinado contribuinte, exigindo-se, para tanto, a existncia de processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso[18].
Por fim, vale mencionar concluso no mesmo sentido alcanada pelo Ministro Ayres Britto, no RE n. 389.808, para quem a Constituio Federal, no seu art. 5, incisos X e XII, no vedou o acesso aos dados das operaes financeiras, mas o vazamento, a divulgao ao pblico destes dados. E no caso da LC n. 105/01, ao cuidar da transferncia dos dados financeiros, imposta ao rgo destinatrio destas informaes a clusula da confidencialidade, cuja quebra, como visto, gera responsabilizao civil, administrativa e criminal do responsvel.
Por tais razes, entendeu o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, que a LC n. 105/2001 no promove a quebra de sigilo das operaes financeiras, na medida em que transfere este dever para o fisco, resguardando o direito privacidade.
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5. DA AUSNCIA DE CLUSULA DE RESERVA DE JURISDIO
Segundo afirmou o Supremo Tribunal Federal, no mbito do julgamento das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, o fundamento constitucional da possibilidade do acesso direto do Fisco aos dados das operaes financeiras realizadas pelos contribuintes, encontra-se no art. 145, 1:
Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:
(...) 1 Sempre que possvel, os impostos tero
carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade econmica do contribuinte, facultado administrao tributria, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.
Consoante as razes consignadas no inteiro teor do Acrdo, tem-se, de um lado, os direitos fundamentais privacidade e ao sigilo bancrio (CF, art. 5, incs. X e XII), e, de outro, a autorizao dada pela prpria Constituio Federal (art. 145, 1) para que administrao fazendria identifique "o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte".
Segundo a Corte Suprema, ambos os dispositivos foram originariamente promulgados em conjunto. Portanto, no h razo para se defender a inconstitucionalidade da hiptese consagrada no art. 145, 1, CF, a qual deve ser encarada como uma limitao constitucional aos contornos dos direitos privacidade e ao sigilo bancrio.
Nessa linha de pensamento, Jos Paulo Baltazar Jnior defende que no possvel inferir do texto constitucional que a autoridade fazendria est impedida de obter acesso aos dados bancrios e fiscais dos contribuintes, no havendo, portanto, clusula da reserva de jurisdio no tocante privacidade e ao sigilo financeiro, o qual seria "garantido contra particulares ou concorrentes, mas no contra a Fazenda
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Pblica" [19]. Alis, observa o mencionado autor, a Constituio no somente deixa de proibir, mas autoriza expressamente, em seu art. 145, 1, que o Fisco identifique "o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte".
O Supremo invoca, ainda, o argumento de que o contribuinte j possui a obrigao legal de revelar anualmente Receita Federal o conjunto de todos os seus bens, para fins de declarao anual de imposto de renda. Ora, se a administrao fazendria j possui acesso ao conjunto maior, que a relao de todos os bens titularizados por determinada pessoa, sem que para isso tenha que se valer anualmente do Judicirio, por que no poderia ter acesso ao conjunto menor, que so as operaes financeiras realizadas pelo contribuinte?
A Corte Suprema lembra, por fim, que as instituies financeiras privadas, em razo de seu ofcio, possuem amplo acesso aos dados das movimentaes realizadas pelos seus clientes, no havendo que se considerar, que os auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, que tem todas as responsabilizaes e podem perder seu cargo se descumprirem a lei, so menos responsveis que os funcionrios das instituies financeiras privadas.
Desse modo, concluiu o Supremo Tribunal Federal, no multicitado julgamento, que as previses dos arts. 5 e 6 da LC n. 105/2001 no encontram bice em clusula de reserva de jurisdio.
6. DO DEVER FUNDAMENTAL DE PAGAR TRIBUTOS
Como visto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, entendeu que os dispositivos impugnados da LC n. 105/2001 no promovem a quebra de sigilo e tampouco ofendem a direito fundamental.
O supracitado julgamento teve como norte uma corrente de pensamento vigente no direito tributrio, que defende a existncia de um dever fundamental de pagar tributos. Por todos os defensores da apontada teoria, cite-se o professor portugus Jos Casalta Nabais, autor do livro intitulado "O dever fundamental de pagar impostos" (Editora Almeidina).
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Para entendermos a mencionada teoria, devemos ter em mente que a Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, segundo a doutrina, classificada como uma constituio dirigente, uma vez que estabelece metas a serem cumpridas pelo Estado, notadamente atravs de normas programticas [20].
Nesse sentido, a Constituio Federal de 1988 estabelece como objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidria, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais, alm de promover o bem de todos [21].
Consagra, ainda, um rol extenso de direitos sociais, impondo uma atuao estatal positiva no sentido de concretiz-los. So direitos sociais, que devem ser assegurados pelo Estado Brasileiro, a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados [22].
Para concretizar estes objetivos, evidentemente, o Estado Brasileiro precisa de vultosas fontes de arrecadao, o que se d, sobretudo, atravs da tributao.
Logo, correlato aos direitos individuais, sociais, econmicos e culturais, surge, como condio sine qua non, o dever fundamental de pagar tributos, sem o qual o Estado fica impossibilitado de cumprir as suas finalidades.
Com base nisso, entendeu o Supremo Tribunal Federal, no multicitado julgamento das ADIs n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, que este dever fundamental de pagar tributos justifica a declarao de constitucionalidade dos arts. 5 e 6 da LC n. 105/2001.
Isto porque, na viso da Suprema Corte, ao instituir mecanismos mais rgidos de fiscalizao, o Estado Brasileiro estar coibindo a ocorrncia de ilcitos na seara tributria, o que propicia um incremento da arrecadao.
Em ltima anlise, permite-se a concretizao dos objetivos traados na Constituio Federal, dos quais as camadas mais necessitadas da populao se beneficiam mais diretamente, como a sade e a educao. Isto, especialmente, em um contexto poltico-econmico que
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exige o reequilbrio das contas pblicas, as quais seriam impactadas positivamente com a inibio dos ilcitos tributrios.
7. CONSIDERAES FINAIS
Buscou-se, neste estudo, apresentar um contraponto aos argumentos contrrios Lei Complementar n. 105/2001, j amplamente explorados pela comunidade jurdica em geral, enriquecendo o debate sobre o tema.
Constatou-se, inicialmente, a existncia de grande polmica envolvendo a possibilidade de acesso direto do Fisco aos dados referentes s operaes financeiras realizadas pelos contribuintes, independentemente de deciso judicial, conforme previu a LC n. 105/2001.
Embora judicialmente a questo tenha se pacificado, atravs do julgamento das Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, no sentido da constitucionalidade dos arts. 5 e 6 da LC n. 105/2001, prevalece grande irresignao social e por parte da comunidade jurdica em geral, que entende que os aludidos dispositivos violam os direitos fundamentais privacidade e ao sigilo bancrio.
Primeiramente, evidenciou-se que no h que se falar em quebra de sigilo, conforme entendeu a Suprema Corte no referido julgamento. Isto porque a LC n. 105/2001 no autoriza a circulao ou exposio dos dados das operaes financeiras, na medida em que transfere o dever de sigilo para o Fisco, responsabilizando civil, criminal e administrativamente o servidor que der causa injustamente a divulgao dos dados.
Ademais, reconheceu-se que o acesso direto do Fisco aos dados das operaes financeiras no encontra bice em clusula de reserva de jurisdio, mas, ao contrrio, extrai seu fundamento do art. 145, 1, da Constituio Federal, que faculta administrao tributria "identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte".
Por fim, demonstrou-se que, acertadamente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existncia de um dever fundamental de
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pagar tributos, a justificar a constitucionalidade de mecanismos eficazes de fiscalizao e arrecadao de tributos, para permitir que o Estado brasileiro assegure os inmeros direitos sociais previstos na Constituio Federal.
Concluiu-se, nessa linha de pensamento, que as camadas menos abastadas da sociedade so as mais prejudicadas pela sonegao fiscal, posto que dependem especialmente das prestaes estatais que visam garantir os direitos sociais. Logo, o incremento da fiscalizao tende a favorecer principalmente as parcelas mais necessitadas da populao.
Finalmente, entendeu-se que a deciso do Supremo Tribunal Federal possui grande importncia no atual contexto de queda da arrecadao, que vem reduzindo a capacidade do Estado brasileiro de atuar em setores sociais de suma importncia, como a sade, a educao, a previdncia social, dentre outros.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado, 1988. Disponvel em: . Acesso em 25 mai. 2017.
BRASIL. Lei Complementar n. 105 de 2001. Dispe sobre o sigilo das operaes de instituies financeiras e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 10 jan. 2001. Disponvel em: . Acesso em: 25 mai. 2017.
BRASIL. Lei n. 5.172 de 1966. Dispe sobre o Sistema Tributrio Nacional e institui normas gerais de direito tributrio aplicveis Unio, Estados e Municpios. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 25 out. 1966. Disponvel em: . Acesso em: 25 mai. 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acrdo no Recurso Extraordinrio n. 389.808/PR. Relator: AURLIO, Marco. Publicado no DJ de 09-05-2011. Disponvel em Acessado em 25 mai. 2017.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acrdo nas Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. n 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859. Relator: TOFFOLI, Dias. Publicado no DJ de 21.10.2016. Disponvel em . Acessado em 25 mai. 2017.
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JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, 2005. 208 p. v. nico.
MARTINS, Ives Gandra da Silva; MENDES, Gilmar Ferreira. Sigilo bancrio, direito de autodeterminao sobre informaes e princpio da proporcionalidade. In Repertrio IOB de Jurisprudncia, 2 quinzena, dezembro, 1992.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributrio. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2015. 1432 p. v. nico.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 14. ed. So Paulo: Mtodo, 2015. 1028 p. v. nico.
NOTAS:
[1] Dispe sobre o sigilo das operaes financeiras e d outras providncias.
[2] Art. 5 O Poder Executivo disciplinar, inclusive quanto periodicidade e aos limites de valor, os critrios segundo os quais as instituies financeiras informaro administrao tributria da Unio, as operaes financeiras efetuadas pelos usurios de seus servios.
[3] Art. 6 As autoridades e os agentes fiscais tributrios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios somente podero examinar documentos, livros e registros de instituies financeiras, inclusive os referentes a contas de depsitos e aplicaes financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensveis pela autoridade administrativa competente.
[4] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acrdo no Recurso Extraordinrio n. 389.808/PR. Relator: AURLIO, Marco. Publicado no DJ de 09-05-2011. Disponvel em Acessado em 25 mai. 2017.
[5] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acrdo nas Aes Diretas de Inconstitucionalidade n. n 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859. Relator: TOFFOLI, Dias. Publicado no DJ de 21.10.2016. Disponvel em . Acessado em 25 mai. 2017.
[6] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 20.
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[7] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 20.
[8] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 20.
[9] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 72 e 73.
[10] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 77.
[11] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 148.
[12] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 150.
[13] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 152.
[14] MARTINS, Ives Gandra da Silva; MENDES, Gilmar Ferreira. Sigilo bancrio, direito de autodeterminao sobre informaes e princpio da proporcionalidade. In Repertrio IOB de Jurisprudncia, 2 quinzena, dezembro, 1992.
[15] SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributrio. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2015, p. 1136.
[16] Art. 5 O Poder Executivo disciplinar, inclusive quanto periodicidade e aos limites de valor, os critrios segundo os quais as instituies financeiras informaro administrao tributria da Unio, as operaes financeiras efetuadas pelos usurios de seus servios.
(...)
5 As informaes a que refere este artigo sero conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislao em vigor.
[17] Art. 5 O Poder Executivo disciplinar, inclusive quanto periodicidade e aos limites de valor, os critrios segundo os quais as instituies financeiras informaro administrao tributria da Unio, as operaes financeiras efetuadas pelos usurios de seus servios.
(...)
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2o As informaes transferidas na forma do caput deste artigo restringir-se-o a informes relacionados com a identificao dos titulares das operaes e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a insero de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados.
[18] Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributrios da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios somente podero examinar documentos, livros e registros de instituies financeiras, inclusive os referentes a contas de depsitos e aplicaes financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensveis pela autoridade administrativa competente.
Pargrafo nico. O resultado dos exames, as informaes e os documentos a que se refere este artigo sero conservados em sigilo, observada a legislao tributria.
[19] JUNIOR, Jos Paulo Baltazar. Sigilo Bancrio e Privacidade. 1. ed. Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2005, p. 153.
[20] PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 14. ed. So Paulo: Mtodo, 2015, p. 23.
[21] Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.
[22] Art. 6 So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 90, de 2015)
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CONSIDERAES SOBRE A ATUAO DAS ASSOCIAES EM JUZO
CLVIS DOS SANTOS ANDRADE: Advogado e jornalista. Formado, em ambos os casos, pela Universidade Catlica de Pernambuco. Ex-editor-assistente de Brasil/Internacional do Jornal do Commercio. Atualmente exerce a advocacia.
1. Consideraes gerais
A Constituio da Repblica, dentre os direitos fundamentais listados em seu art. 5 (incisos XVII a XXI), garante a liberdade de associao, instituto pelo qual indivduos que partilham de situaes anlogas no campo profissional, social, cientfico ou por qualquer outro fim legtimo se renem com o intuito de defender interesses em comum:
Art. 5 (...) XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos,
vedada a de carter paramilitar; XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de
cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento;
XIX - as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito em julgado;
XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Como se pode ver, a liberdade de associao possui duas faces principais, a liberdade objetiva (que se desdobra na liberdade para criar e para manter em atividade um ente associativo, mais evidente nos incisos XVIII e XIX acima) e a liberdade subjetiva, segundo a qual o sujeito, da mesma forma que livre para se associar, tambm o para deixar a associao quando bem entender (incisos XVII e XX).
As associaes tambm so regradas pelos artigos 53 a 61 do Cdigo Civil de 2002, que as classifica como pessoas jurdicas de direito privado, estabelecendo requisitos para sua criao, funcionamento e extino, sem, porm,
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jamais restringir a liberdade de associao informada pela Carta Poltica. Para os fins a que se prope o presente trabalho, importa conferir o que diz o art. 53 do diploma:
Art. 53. Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos.
Pargrafo nico. No h, entre os associados, direitos e obrigaes recprocos. As associaes, porm, no encerram sua finalidade na
prpria existncia. Isto , no so meros aglomerados de pessoas. Em verdade, se estas se renem, fazem-no no intuito de, juntas, terem mais fora para atingir fins comuns.
E o direito se preocupou em conferir atribuies a referidos entes. Dentre elas, a de atuar em juzo ou extrajudicialmente na defesa dos interesses de seus associados, desde que cumpram algumas formalidades, como a informada pelo inciso XXI do art. 5 da CF/88:
CF - Art. 5 (...) XXI - as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, tm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Ao interpretar o dispositivo, o Supremo Tribunal Federal,
em Recurso Extraordinrio submetido sistemtica da repercusso geral (portanto com efeitos vinculantes), entendeu que a modalidade de atuao da associao em defesa dos interesses de seus filiados a representao, mediante a qual ela age em nome dos associados, na defesa dos direitos deles. Para tanto, necessitam de autorizao expressa, concedida em assembleia ou individualmente por cada representado.
REPRESENTAO ASSOCIADOS ARTIGO 5, INCISO XXI, DA CONSTITUIO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5, inciso XXI, da Carta da Repblica encerra representao especfica, no alcanando previso genrica do estatuto da associao a revelar a defesa dos interesses dos associados. TTULO EXECUTIVO JUDICIAL ASSOCIAO BENEFICIRIOS. As balizas subjetivas do ttulo judicial, formalizado em ao proposta por associao, definida pela representao no processo de conhecimento, presente a autorizao expressa dos associados e a lista destes
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juntada inicial. (RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acrdo: Min. MARCO AURLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2014, REPERCUSSO GERAL - MRITO DJe-182 DIVULG 18-09-2014 PUBLIC 19-09-2014 EMENT VOL-02743-01 PP-00001) Trazendo a mesma lgica para as demandas ajuizadas
frente ao Poder Pblico, o Pargrafo nico do art. 2-A da Lei 9.494/97 prev essas e outras formalidades para que as associaes ajuzem aes coletivas:
Pargrafo nico. Nas aes coletivas propostas contra a Unio, os Estados, o Distrito Federal, os Municpios e suas autarquias e fundaes, a petio inicial dever obrigatoriamente estar instruda com a ata da assemblia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relao nominal dos seus associados e indicao dos respectivos endereos. de se observar que, alm da autorizao, no caso do
dispositivo acima, exige-se a apresentao da relao nominal dos associados poca da propositura. Isso auxilia na exata identificao dos beneficirios do ttulo, o que, por conseguinte, ajuda a garantir o exerccio da ampla defesa pelos entes pblicos.
Em tempo, vale esclarecer que a legitimidade das associaes para atuar em juzo distingue-se daquela que detm os sindicatos, tipo especial de associao talhado pelo constituinte para agir em defesa de direitos trabalhistas ou estatutrios de seus sindicalizados.
A estes ltimos, ao contrrio das associaes comuns, conferida pelo art. 8, III, da CF/88 legitimidade extraordinria para, agindo em nome prprio, resguardar em juzo os interesses trabalhistas individuais ou coletivos de parte ou da totalidade da categoria profissional, sejam os beneficirios sindicalizados ou no, desde que domiciliados na base territorial do ente sindical.
dizer, ao passo que os sindicatos atuam em juzo em substituio processual aos integrantes da categoria, as associaes o fazem na modalidade representao, necessitando sempre, conforme j sacramentaram as cortes superiores, da autorizao expressa de seus
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associados, e apenas em nome daqueles que o eram poca do ajuizamento da ao coletiva.
H, contudo, uma ocasio em que se entende que as associaes atuam em juzo na modalidade substituio processual, qual seja, aquela em que impetra Mandado de Segurana Coletivo na defesa de direitos lquidos e certos de seus associados, necessitando ter sido criadas h pelo menos um ano.
Art. 5 (...) LXIX - conceder-se- mandado de segurana para proteger
direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico;
LXX - o mandado de segurana coletivo pode ser impetrado por:
a) partido poltico com representao no Congresso Nacional;
b) organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Legitimidade essa reiterada pela Lei 12.016/2009, que
regula o procedimento do remdio constitucional heroico: Art. 21. O mandado de segurana coletivo pode ser
impetrado por partido poltico com representao no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legtimos relativos a seus integrantes ou finalidade partidria, ou por organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos lquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes s suas finalidades, dispensada, para tanto, autorizao especial. Nesse caso, diferentemente do que ocorre em aes
ordinrias, no exigido s associaes colher autorizao dos associados para atuar em juzo, entendendo majoritariamente os tribunais
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que a coisa julgada alcana a totalidade de seus filiados, independente de seu consentimento.
2. Da legitimidade para executar o ttulo formado em ao coletiva promovida por associao 2.1. Da Legitimidade da prpria associao
A execuo do ttulo formado em ao coletiva ajuizada por associao pode ser promovida tanto pela prprio ente associativo quanto pelos associados individualmente. Tal afirmao se ampara nos artigos 97 e 98 do Cdigo de Defesa do Consumidor, diploma que desempenha papel fundamental na formao do microssistema das aes coletivas. Eis o que dizem os dispositivos:
Art. 97. A liquidao e a execuo de sentena podero ser promovidas pela vtima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vtimas cujas indenizaes j tiveram sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. Vale acrescentar que, dentre os legitimados do citado art.
82, esto as associaes legalmente institudas h pelo menos um ano e que guarde pertinncia temtica com a demanda que encabea.
A exemplo do que ocorre na fase de conhecimento, as associaes, para atuar em defesa dos interesses de seus associados tambm na execuo, necessita de autorizao expressa. E, conforme entende o Superior Tribunal de Justia, a premissa vale mesmo para as ocasies em que o cumprimento de sentena advm de um Mandado de Segurana Coletivo:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO N 02/STJ. EXECUO DE SENTENA PROFERIDA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANA IMPETRADO POR ASSOCIAO DE CLASSE. LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAO PARA O FEITO EXECUTIVO. REPRESENTAO PROCESSUAL. AUTORIZAO
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EXPRESSA POR ASSEMBLIA. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO PRETRIO EXCELSO NO RE 573.232 RG/SC, REL. MIN. MARCO AURLIO. JUZO DE RETRAO. ART. 543-B, 3, DO CPC/1973. ACLARATRIOS ACOLHIDOS COM EFEITOS MODIFICATIVOS PARA DAR PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL, CONHECER DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA UNIO.
1. O Pretrio Excelso no julgamento do RE 573.232 RG/SC, rel. Min. Marco Aurlio, sob a sistemtica do art. 543-B do CPC/1973, firmou entendimento no sentido de que as balizas subjetivas do ttulo executivo judicial so definidas pela representao no processo de conhecimento, presente a autorizao expressa dos associados e a lista destes juntada inicial, ressalvada a hiptese de impetrao de mandado de segurana, ocasio em que atua como substituto processual de seus associados. 2. Contudo, no feito executivo detm legitimidade para atuar como representante processual dos associados, devendo estar expressamente autorizada, seja por autorizao individual, seja pela aprovao em Assemblia. Precedente. 3. O Tribunal de origem negou provimento ao agravo de instrumento manejado pela embargante, tendo concludo que "a hiptese dos autos no de substituio processual, mas sim de representao processual, ainda mais considerando que se trata de processo de execuo de ttulo judicial extrado de processo coletivo", de forma que "no necessria a autorizao individual de cada um dos associados para ajuizamento de ao por entidade associativa, bastando a conferida em assemblia geral da
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entidade, a qual consta fl. 73 destes autos" (fl. 88/89-e). O referido entendimento se coaduna com a concluso alcanada pelo Pretrio Excelso no julgamento do RE n. 573.232/SC, inclusive, quanto ao que consiste a "autorizao expressa". 4. Logo, tendo o acrdo recorrido assentado a existncia de autorizao expressa em favor da Associao, no h que se falar em extino do feito, por no ter sido apresentada a autorizao assemblear previamente ao ajuizamento da ao, posto que consoante o disposto no art. 13 do CPC/1973 - vigente poca da propositura da ao - e no art. 76 do CPC/2015, o juzo, no verificando a existncia de autorizao para demandar a execuo do ttulo executivo judicial, marcar prazo razovel para a correo desse defeito antes de extinguir o processo. 5. Contudo, antes de se prosseguir com o feito executivo, cabe a realizao de um juzo de instruo - que no pode ser realizado em recurso especial nos termos da Sm n. 7 do STJ - a fim de se aferir se os servidores nominados na execuo efetivamente so filiados Associao. 6. Dessa feita, a pretenso da Unio merece parcial acolhida para: I) declarar que as Associaes no tem legitimidade para substituir seus membros em execuo de sentena, mas sim para represent-los, desde que devidamente autorizada, seja por autorizao individual seja por aprovao em assemblia; II) remeter os autos origem para aferio quanto a efetiva filiao dos servidores Associao. 7. Embargos de declarao acolhidos com efeitos modificativos, dando provimento ao agravo regimental interposto, para fins de se conhecer do agravo e dar parcial provimento ao recurso especial da Unio. (EDcl no AgRg no AREsp 137.153/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
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MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 05/05/2017) Se j no restam maiores celeumas quanto legitimidade
das associaes para executar os ttulos formados nas aes por elas promovidas, o mesmo no se pode afirmar quando o cumprimento de sentena levado a cabo pelos prprios associados, individualmente.
2.2. Da necessidade de ser associado poca do ajuizamento da ao coletiva
Primeiramente, de se observar que todos os dispositivos constitucionais e infraconstitucionais que conferem s associaes legitimidade para atuar em juzo, afirmam que ela se limita aos seus associados.
Dito isso, e se existe a obrigatoriedade da autorizao expressa por parte destes, outra concluso no se pode tirar seno a de que a condio de associado deve ser verificada quando do ajuizamento da ao. Por conseguinte, o mais lgico seria limitar a titularidade do direito reconhecido na fase de conhecimento queles que eram associados poca do ajuizamento e que constam da lista apresentada junto inicial.
possvel, inclusive, ir alm. Conforme dito anteriormente, diferentemente do que ocorre nas aes coletivas, em que agem na condio de representantes, as associaes, ao impetrar Mandado de Segurana Coletivo, o fazem em substituio processual aos seus filiados, sem a necessidade de apresentar autorizao por parte destes.
Entretanto, embora no seja exatamente matria pacfica nos tribunais, em alguns precedentes, limitou-se a legitimidade executria queles associados que compunham a lista anexa inicial do Mandado de Segurana, como este proveniente do Tribunal Regional Federal da 1 Regio:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PBLICO. EXECUO INDIVIDUAL. TTULO EXECUTIVO ORIUNDO DE AO COLETIVA PROPOSTA POR SINDICATO. LEGITIMIDADE. LIMITAO SUBJETIVA EXPRESSA DOS EFEITOS DA CONDENAO. LISTA DE REPRESENTADOS. EXEQUENTES NO
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CONTEMPLADOS PELO TTULO EXEQUENDO. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. RESPEITO COISA JULGADA. 1. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 883.642 RG/AL, sob o procedimento da repercusso geral, formulou o entendimento no sentido da ampla legitimidade extraordinria dos sindicatos para atuarem na defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da respectiva categoria, independentemente de autorizao expressa dos substitudos, a includas as liquidaes e execues de sentena. 2. Inaplicabilidade do entendimento sufragado quando do julgamento do RE 883.642 RG/AL, sob o procedimento da repercusso geral, espcie, isso porque o caso em comento no se amolda mesma situao ftica ali enfrentada, sendo inadmissvel sustentar que o entendimento ali formulado pudesse atentar contra a coisa julgada. 3. A jurisprudncia desta Corte Regional, em casos anlogos, firmou o entendimento de que, havendo expressa limitao subjetiva dos favorecidos pela deciso judicial, quando da prolao da sentena em ao coletiva proposta por sindicato da categoria profissional, no possuem legitimidade ativa ad causam para pretender a execuo daquele ttulo executivo judicial os demais integrantes daquela categoria, mormente quando no tenha havido insurgncia quanto aquela limitao no momento processual oportuno, ainda na fase de conhecimento, at porque implica tal modo de agir em ofensa aos limites subjetivos da coisa julgada. 4. Hiptese em que a ao coletiva, proposta por sindicato, foi ajuizada, quando da fase de conhecimento, com o rol de representados pela entidade sindical, em cumprimento determinao do juzo processante, por fora da Medida Provisria n. 1.984-13/2000, sobrevindo sentena,
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posteriormente transitada em julgado, expressamente restringindo a condenao da Unio incorporao do percentual de 28,86% apenas aos servidores representados na lista de fls. 44/64 daquela ao, razo porque no merece censura a deciso ora agravada ao concluir pela ausncia de legitimidade ativa dos agravantes para postularem a execuo do julgado em relao ao qual no foram beneficiados, dado no estarem elencados naquela lista. 5. Agravo desprovido.
Contudo, ultimamente, tem-se observado uma tendncia das cortes federais a estender a todos os associados a legitimidade para executar sentena proferida em mandado de segurana coletivo, independentemente de figurarem na lista apresentada junto inicial ou no, conforme se observa no seguinte julgado:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO. EMBARGOS EXECUO DE SENTENA PROFERIDA EM MANDADO DE SEGURANA COLETIVO. GRATIFICAO DE INCREMENTO DA FISCALIZAO E DA ARRECADAO - GIFA. ANTIGOS AUDITORES FISCAIS DA PREVIDNCIA SOCIAL, APOSENTADOS E PENSIONISTAS. LIMITAO, NA ESPCIE, DOS BENEFICIRIOS NOMINADOS NA LISTA ANEXADA PETIO INICIAL. AUSNCIA DE DEMONSTRAO, PELO PRETENSO CREDOR, DA QUALIDADE DE BENEFICIRIO. LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAO IMPETRANTE PARA A EXECUO. SMULA N 629 DO STF. LIMITAO DOS CLCULOS IMPLANTAO DO SUBSDIO. PROSSEGUIMENTO DA EXECUO. 1. Execuo de sentena proferida em Mandado de Segurana Coletivo impetrado pela Associao Nacional dos Auditores-Fiscais da Previdncia Social (ANFIP) para o fim de assegurar, conforme consta na petio inicial, em favor dos seus associados (listagem no doc. 2), pensionistas, aposentados e em vias de se aposentar ...., a percepo da Gratificao de Incremento
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da Fiscalizao e da Arrecadao (GIFA), instituda pela Lei n. 10.910, de 2004. A ao mandamental foi proposta, em 13/12/2004, em favor de milhares de pensionistas e aposentados pertencentes antiga categoria funcional de Auditor-Fiscal da Previdncia Social, categoria ento representada pela ANFIP ao tempo da impetrao, tendo figurado inicialmente no polo passivo do mandado de segurana autoridade do INSS, autarquia que foi neste Tribunal excluda do processo, nele permanecendo apenas a Unio. 2. O mandado de segurana coletivo alcana todos os integrantes da categoria substituda, sem que destes se exijam autorizao, versando a hiptese substituio e no representao processual, pois os beneficirios poderiam ser identificados posteriormente, demonstrando-se que se enquadram exatamente naquela situao que deu origem ao direito assegurado na sentena, uma vez que nos termos do art. 22, caput, da Lei do Mandado de Segurana, a sentena far coisa julgada em favor dos substitudos pela atividade processual da entidade de classe. 3. A Constituio confere tratamento diferenciado ao mandado de segurana coletivo, cuja impetrao por parte de associao prescinde de autorizao dos substitudos, conforme inciso LXX do seu art. 5, e, portanto, de que se apresente lista de beneficirios - que, foi, porm, apresentada -, razo pela qual todos os servidores aposentados e que pertenciam antiga carreira de Auditoria Fiscal da Previdncia Social, e os pensionistas, na data da impetrao, conforme sentena irrecorrida nessa parte, so beneficirios da sentena, e podem executar o crdito dela decorrente, em nome prprio, assim como tem para esse fim legitimidade a prpria associao substituta. Precedentes do STF e do STJ declinados no voto. Nos termos da Smula n 629 do STF, a impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe
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em favor dos associados independe da autorizao destes. 4. Porm, afigura-se sem legitimidade para execuo da sentena coletiva o servidor aposentado que no demonstrou ter ocupado o cargo de Auditor Fiscal da Previdncia Social, ou dele ser pensionista, que ao tempo da impetrao (12/2004) era a nica categoria representada (lato senso) pela ANFIP, que congregava ento apenas os Auditores Fiscais da Previdncia Social, tanto que a petio inicial limitou expressamente os beneficirios aos constantes na listagem a ela anexada, o que no prejudicaria, porm, o interessado, se este efetivamente fosse integrante da categoria ento substituda, o que no sucedeu na hiptese dos autos. 5. Ademais, a circunstncia superveniente de a Lei n. 11.457, de 2007, ter transformado em cargos de Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB) os antigos cargos de Auditores Fiscais da Receita Federal (AFRF) e Auditores Fiscais da Previdncia Social (AFPS), razo pela qual a ANFIP alterou sua denominao e a categoria funcional que passou a representar, no faz estender a outros servidores os efeitos da sentena proferida em favor apenas da categoria funcional por ela efetiva e anteriormente substituda, conforme listagem expressamente referida na petio inicial, pois a sentena beneficia apenas a categoria em favor da qual foi a ao mandamental impetrada, pela entidade com a representatividade adequada. 6. No se qualificam como credores os apelantes, ou substitudos, que no demonstraram que ostentavam a situao jurdica de Auditor Fiscal da Previdncia Social aposentado, ou pensionista, ao tempo da impetrao (13/12/2004), categoria de servidores que foi ento substituda pela impetrante, que congregava apenas aqueles auditores. Assim, seja por no se incluir na lista apresentada pela impetrante na inicial da ao mandamental, o que poderia ser superado, seja por no ter demonstrado integrar a
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categoria ento substituda, condio essa incontornvel, a apelao dos que foram excludos da execuo, em nome prprio ou como substitudos, no merece provimento. 7. No que concerne limitao temporal do direito GIFA, enquanto no assegurada a completa isonomia entre ativos e inativos e pensionistas, o que no se completou com a Lei n. 11.356/2006 (converso da Medida Provisria n. 302/2006), mas apenas com a Lei n. 11.890/2008 (converso da Medida Provisria n. 440/2008), aps a adoo do regime de subsdio de remunerao, as diferenas de GIFA so devidas aos beneficirios da sentena. O que se determinou, quanto a essa limitao, foi que se aplicasse a legislao vigente em cada momento da relao jurdica entre servidor aposentado ou pensionista e a Unio, consoante a clusula rebus sic stantibus, prpria das sentenas da espcie. 8. A lei de instituio do subsdio dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, cargos nos quais foram transformados os de Auditores Fiscais da Previdncia Social, determinou a extino de vrias parcelas remuneratrias, de modo que no se pode trazer para o processo coletivo concernente GIFA toda discusso sobre eventual reduo de remunerao, caso em que deveria ser paga parcela complementar de subsdio, convertendo esse mandado de segurana coletivo juzo universal para soluo de todas as pendncias relativas aos proventos dos beneficirios. 9. Por igual, no cabe na execuo da sentena proferida no mandado de segurana coletivo determinar que a GIFA se inclua na base de clculo da vantagem auferida por algum aposentado ou pensionista, nos termos do art. 184, inc. II, da Lei n. 1.711, de 1952, assegurada pelo art. 250 da Lei n. 8.112, de 1990, porque na ao se discutiu apenas o direito de os beneficirios da sentena auferir a GIFA nas mesmas condies que os servidores em atividade. Eventual direito a essa vantagem e sua base de clculo devem ser objeto de ao prpria, e no de execuo de
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sentena, que dela no tratou. 10. Os clculos efetivados pela Contadoria, com a excluso dos casos da vantagem de que trata o art. 184, II, da Lei n. 1.711, de 1952, devem ser prestigiados, porque atentos aos parmetros fixados pelo juzo da execuo. 11. Correo monetria e juros de mora bem fixados, nos termos da jurisprudncia predominante, especialmente do REsp n. 1.270.439/PR, relator Ministro CASTRO MEIRA, adotado no regime de recurso repetitivo. 12. Tendo em vista a sucumbncia mnima da parte embargada, condeno a embargante nos honorrios advocatcios, de 10% (dez por cento) do valor pretendido excluir da execuo, observado o disposto no art. 85, 3 e 5, do Cdigo de Processo Civil. No que se refere aos apelantes excludos da execuo, a verba honorria permanece como fixada na sentena. 13. Apelao da Unio provida, em parte; apelao dos credores provida, em parte; agravo retido prejudicado. (APELAO 00271447520144013400, DESEMBARGADOR FEDERAL JAMIL ROSA DE JESUS OLIVEIRA, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 DATA:10/05/2017 PAGINA:.) Peo aqui vnias para discordar de tal posicionamento,
pois, na medida em que, a despeito da desnecessidade, a associao apresenta junto ao mandado de segurana lista de associados, ela acaba por, de certa forma, restringir o universo daqueles que tiveram direito lquido e certo desrespeitado. Alm disso, o ente pblico, ao impugnar o mandamus, exerce seu direito de defesa frente queles previamente identificados.
Permitir que aqueles que, ainda que integrantes da categoria, no eram filiados associao poca do ajuizamento do writ dele se beneficiem abre espao para o casusmo e para o oportunismo, levando a que eles se filiem ao ente associativo apenas para poder executar o ttulo.
Porm, desta feita de maneira acertada, como se pode aferir ainda do julgado acima, os tribunais tendem a no aceitar execues promovidas por quem no integravam a categoria poca do mandamus.
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2.3. Da limitao territorial O ordenamento jurdico, porm, encarregou-se de criar
restries aos efeitos do ttulo executivo de aes ou mandados de segurana coletivos impetrados pelas associaes.
Um deles advm do art. 2-A da Lei 9.494/97, in verbis: Art. 2o-A. A sentena civil prolatada em ao de
carter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abranger apenas os substitudos que tenham, na data da propositura da ao, domiclio no mbito da competncia territorial do rgo prolator. O caput do art. 2-A introduz no ordenamento o que se
chama de limitao territorial dos efeitos da coisa julgada rea de competncia do rgo judicirio prolator. Ele impede que, por exemplo, juzes de comarcas ou sees judicirias especficas decidam, no mbito de aes coletivas, conflitos existentes fora de sua rea de competncia, impedindo que a usurpem de outros rgos do Judicirio.
Costuma-se afirmar que a competncia a medida da jurisdio distribuda a cada rgo do Judicirio. Outra parte da doutrina, entretanto, por entender ser a jurisdio indivisvel, define-a como poder conferido pela Constituio ou pela legislao infraconstitucional a cada juzo ou tribunal para solucionar parcela dos conflitos apresentados pelos jurisdicionados ao Estado Juiz, sem as quais se tornaria invivel a organizao do Judicirio, pois todos os magistrados poderiam ser acionados para resolver qualquer litgio.
Assim, o dispositivo supratranscrito impede que uma pessoa filiada a determinada associao de mbito nacional e que more, por exemplo, em Belo Horizonte se beneficie de ttulo executivo formado no Rio de Janeiro, pois seu caso, bem como o de todos os que habitam na mesma cidade, de competncia das varas integrantes da comarca ou da seo judiciria da capital mineira.
Contudo, a questo no to simples assim. Principalmente quando referido artigo confrontado com dispositivo constitucional que institui o Distrito Federal como foro universal para aes movidas contra a Unio, parte dos tribunais ptrios tem afastado a incidncia do art. 2-A. Eis a letra do 2 do art. 109 da Constituio:
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Art. 109. (...) 2 As causas intentadas contra a Unio podero ser
aforadas na seo judiciria em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. Diante da possibilidade de qualquer pessoa domiciliada em
qualquer lugar do Pas propor ao em face da Unio no Distrito Federal, parte dos tribunais ptrios acaba por afastar a aplicabilidade da regra do art. 2-A nos casos em que associaes litigam contra o ente federativo central no foro universal do DF.
Repare-se, porm, que o dispositivo constitucional cria o foro universal sem, contudo, distinguir se seria ele aplicvel a aes individuais ou coletivas. Serve, portanto, como norma geral.
de se recordar, contudo, que a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB), em seu art. 2, 2, prev que a norma geral no revoga a especial, ou vice-versa, podendo ambas conviverem pacificamente no ordenamento ptrio.
Assim, com respeito s opinies em contrrio, acredito que ainda quando movida no Distrito Federal, contra a Unio, a ao coletiva proposta por associao s poder formar ttulo em