Download - Blog
Leitura do texto “A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares” de Rui
Canário.
Eixos de análise:
1. Transformações ocorridas durante as últimas décadas, no campo da Educação, decorrentes
de um processo acelerado de integração económica supranacional.
2. Crescente esbatimento de fronteiras (institucionais, temporais, etárias) entre a educação
escolar e não escolar, entre a educação e o trabalho, entre a educação e o lazer.
3. Repercussões das mudanças em curso na recomposição das “famílias profissionais” que
operam no campo educativo, com particular incidência na profissão docente.
Após uma leitura do texto supramencionado podemos revelar que Rui Canário, observador e
participante dos trabalhos científicos do colóquio, divide o texto em cinco ideias fortes que
atravessaram o conjunto de contribuições presentes nas conferências, comunicações e debates do
colóquio.
A primeira ideia foca essencialmente a importância do trabalho teórico, a segunda ideia reside
na explicitação das manifestações dos processos de internacionalização da educação, a terceira ideia
consiste na necessidade de um conceito amplo de educação/formação, a quarta ideia diz respeito a
um processo de recomposição dos ofícios da educação e por fim a última ideia assenta na
imprescindível renovação metodológica do campo científico da educação comparada.
Seguidamente de uma análise detalhada do texto de Rui Canário deparamo-nos com algumas
transformações no campo da educação, a criação de uma nova ordem que altera e torna obsoletos os
sistemas educativos concebidos num quadro nacional, a construção de uma coesão nacional que
concede lugar a uma subordinação funcional de carácter económico inerentes a um mercado global e
único. Também se junta a estas mudanças o surgimento de apoio à investigação e ao
desenvolvimento através de programas de cooperação técnica e que sugerem ou impõem
diagnósticos, técnicas e soluções, igualmente existiu a necessidade de um processo de regulação
transnacional dos sistemas educativos que não pode ser entendida se for dissociada do recuo político
do Estado-Nação.
Segundo Martin Lawn “A construção do espaço educativo europeu (…) transformou-se numa
expressão simbólica de legitimação do poder do capital, libertado dos limites do Estado-Nação”.
A transformação que abarca todo o sistema educativo é o surgimento e sucesso de um novo
vocábulo que designa o processo de construção de novas regras, o que implica uma adaptação e este
procedimento.
Relativamente ao crescente esbatimento de fronteiras estas têm separado a educação escolar da
educação não escola, a educação e o trabalho, a educação e o emprego e a educação e o lazer, assim
sendo estamos perante uma aprendizagem contínua, ou seja, uma espécie de concretização dos ideais
do movimento de Educação Permanente. As políticas e práticas de educação escolar alistam-se num
conjunto vasto e coerente de políticas de educação/formação funcionalmente subordinadas aos
imperativos da racionalidade económica.
Existe uma indispensabilidade de um novo paradigma educativo em que a “uma nova visão”
corresponde um “vocabulário específico” em que se fala cada vez mais de competências e muito
menos de cultura. Existe também uma melhoria da eficácia da acção educativa, através do
aperfeiçoamento da formação de professores e educadores e da optimização da utilização de recurso,
ou seja, há uma aposta na carreira educativa.
As mudanças em curso no campo educativo têm naturalmente consequências na recomposição
das “famílias profissionais” que operam no domínio educativo, assim sendo a promoção do modelo
profissional dos professores é produtora da injunção de natureza paradoxal e faz com que os
docentes sejam autónomos.
O estatuto social do professor tende a diminuir pois a sua identidade profissional começa a
desaparecer, a legitimidade do seu trabalho passa a ser questionada e a eficácia dos seus métodos e
dos seus resultados é contestada. Com tudo isto o professor acaba por se tornar o “bode expiatório”
dos problemas e tensões que marcam de forma negativa o mundo, ou seja, é entrega a culpa ao
campo educativo. A crise da profissão docente relaciona-se com a crise de um modelo de regulação
burocrático/profissional, concomitante com a emergência de lógicas de mercado, com a dissociação
entre as lógicas de acção profissional e as lógicas externas aos estabelecimentos de ensino.
Achamos que nesta altura é pertinente questionar: Para quê apostar na formação de docentes?
Com o passar do tempo a carreira de professor parece estar cada vez mais desvalorizada.
Para finalizar, o texto elucida-nos que a educação comparada tem permanecido prisioneira da
materialidade do Estado-Nação, como unidade de análise, e nem uma definição física do espaço nem
uma definição cronológica de tempo servem adequadamente os propósitos da investigação
comparada.