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Page 1: Belle Ploc

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No Pará, a palavra PLOC é sinônimo de

prostituta, PUTA, , » aquela que trabalha com

seu corpo se pondo ao risco e ao prazer. Aos

sentidos normativos e preconceituosos, o termo

PLOC é associado à pratica de vadiagem,

vagabundagem, de não ter um relacionamento

sério, ficar com vários homens, ser

despudorada, vestir roupas curtas...

Me sinto uma ploc

A belleépoque tropical, a belle époque no

Pará, foi o período no qual, muitos dos poucos

que enriqueceram devido o ciclo de exploração

da borracha, desfilaram de carruagem

imponentes, brindavam com suas taças de cristal

os seus lucros em libras e o seu nada pra fazer

em Belém > > é o período que muitos dos

imponentes e históricos prédios, mercados,

casarões foram erguidos sob o calor e vento,

exploração e umidade amazônica > um deles é

o palacete e a vila Bolonha que fora construído

com influencias do barroco e rococó; a belle

époque ou a cafonagem da burra burguesia só

existiu para um ínfima população paraense que

esbanjava os seus símbolos de modernidade e

seus desejos de ser cosmopolita. Os bondes

elétricos, a energia elétrica era a menina dos

olhos, no entanto, a população pobre, à beira

do rio, em palafitas, sem saneamento, não

habitava essa ``moderna cidade brasileira``

que passou a incorporar e ser governada nos

modos europeus pelo intendente e higienista,

Antonio Lemos.

Reza uma lenda que Francisco Bolonha

construiu o palacete que fica no centro da

cidade para sua esposa e na vila de casas

ao lado do Palacete, onde os

empregados moravam, colocou sua

amante, ou seus amantes. Esses

empregados eram pertencente a

população pobre,mestiça, cabocla, estes

são os invisíveis dessa suposta bela época.

A possível amante de F. Bolonha que

morava ao lado da esposa é um dos

ruídos na `limpa` burguesia que enviava

suas roupas para serem lavadas em Paris.

Hoje, nas ocorrências do sec. XXI, os

vestígios de uma era de ostentação e

poder, de uma esquizofrenia cultural de

não pertencimento e relação a uma cidade

na Amazônia e de todas as

complexidades e desníveis sociais

existentes na região, startados com

grande potência na belle époque pela

elite da borracha, ainda são visíveis e

perseguidos pelas elites que compõem o

cenário da capital do Pará e de todo o

Estado.

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Esse eu-corpo que é ruído, Q está fora da

belle époque, Q é cafuso, confuso, cabloco,

Q também é ploc, criou durante horas num

domingo chuvoso, num domingo qualquer,

imagens de gozo e fantasmagoria na

sacada deste símbolo da belle époque no

estado do Pará, o palacete Bolonha. Esse

corpo-meu-teu, corpo erro, corpo que vem

da periferia para o centro da cidade, que

tem barba e usa batom, corpo repelido

pelos corpos institucionais e aristocráticos de

Belém, grafa uma dança, um risco vulgar,

fugaz, busca incorporar e exportar gestos

pornográficos com o ar: atenuar a deprava

cidade da polis, emitir um viva à amante do

Bolonha! viva à todas as ploc`s! E iniciar uma

vivência noutra belle époque, a belle ploc, a

bela puta.

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Belle Ploc

Texto e Performance : Romário Alves

figurino + Maquiagem : karlana Cordovil

Fotos: Yasmin Alves + Lucas Gouvea

Palacete Bolonha, Belém, Setembro de 2013.

+ fotos

http://oitocafebar.blogspot.com.br/2013/08/belle-e-

ploc-ensaio-fotografico.html


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