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Contam que um guerreiro guarani, que pela
velhice não podia mais sair para as guerras, nem
Era cuidado por sua filha, a bela Yari, que o tratava com imenso
carinho, conservando – se solteira, para melhor se dedicar ao pai.
Um dia, o velho guerreiro e sua filha receberam a visita de um
viajante, que foi muito bem tratado por eles. A noite, a bela jovem
cantou suave e triste para que o visitante adormecesse e tivesse um
bom descanso .
Ao amanhecer, antes de recomeçar a caminhada , o viajante
confessou ser enviado de Tupã e para retribuir o bom trato recebido,
perguntou aos seus hospedeiros o que eles desejavam e que qualquer
pedido seria atendido.
O velho guerreiro, lembrando que a filha, por amor a ele para melhor
cuida – lo , não se casava apesar de muito bonita e disputada pelos
jovens da tribo, pediu algo que lhe devolvesse as forças, para que Yari,
livre de seu encargo afetivo, pudesse casar.
O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de arvores de
Caá (erva – mate) e ensinou a preparar a infusão, que lhe devolveria as
forças e o vigor e transformou Yari em “deusa dos ervais”, protetora da
raça guarani. A jovem passou a chamar – se Caá – Yari , a deusa da
erva- mate e a erva passou a ser usada por todos os componentes da
tribo, que se tornaram mais fortes, valentes e alegres.
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A LENDA DO MATE
para a caça ou pesca, porque suas pernas trôpegas não
mais o levavam, vivia triste em sua cabana.
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O uso da ILEX PARAGUARIENSIS – a erva –
mate é pré – colombiano . Foi bebida básica dos
índios guaranis. Os ervais se estendiam , então ,
nas regiões do Paraná, Uruguai e Paraguai.
Os Jesuítas, no século XVII, estimulavam o
plantio e a produção da erva – mate , ampliando seu comércio à
Bolívia , Chile e Peru.
A erveira chega até 8 metros de altura e se parece com a
laranjeira, o tronco de casca lisa , esbranquiçada e de folhas perenes
, com cachos de flores brancas de 4 pétalas.
O uso atual da erva – mate é incentivado por suas várias
qualidades revigorantes , não tendo contra - indicações
registradas.
Há cerca de 280 espécies de erva-mate , quase todas do gênero
Ilex.
O chimarrão é tônico e estimulante do coração e do sistema
nervoso , elimina estados depressivos , conferindo aos músculos
maior capacidade de resistência à fadiga .
Atua sobre os movimentos do tubo digestivo , favorecendo a
evacuação e a mictação e como eficaz cicatrizante.
Possui vitamina B, cálcio, magnésio, sódio, ferro e flúor : minerais
essenciais à vida.
O botânico francês Ausgust Saint – Hilaire afirma que:
“Há muitos méritos nessa bebida, dita diurética, própria para combater dores de
cabeça, para amenizar os cansaços do viajante e na realidade é provável que seu
amargor torne – a estomáquica e por conseguinte necessária em uma região onde se
come enorme quantidade de carne, sem os cuidados da perfeita mastigação.” *
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Erveira
Flor da erveira Fruto da erveira
* SAINT – HILAIRE, August de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte, Itatiaia, 1974, p.83
A ERVA MATE E OS ERVAIS
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Para o fabrico da erva – mate, há três operações:
I. SAPECO
II. SECAGEM – CARIJO OU BARBAQUÁ
II. CANCHEAMENTO
SAPECO - Após o corte, os ramos são passados por labaredas, para
abrir os vasos das folhas e provocar uma desidratação mais rápida .
CARIJO – Método de torrefação , usa o calor, direto de uma
fogueira, durante cerca de sete horas, até as folhas se tornarem
quebradiças .
BARBAQUÁ - Quase como o anterior , porém o calor é levado por
um conduto até onde se encontram os ramos. Esta operação leva
até 16 horas.
CANCHEAMENTO – É a trituração das folhas quando, os ramos
são golpeados com um pedaço de madeira – manguá - e , em seguida,
em um pilão. Completa – se assim o ciclo do preparo da erva – mate
artesanal .
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CancheamentoBarbaquáCarijo
FABRICO DA ERVA MATE
Sapeco
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O PORONGUEIRO é uma trepadeira de clima
tropical, rasteira com folhas largas e espalmadas.
Seu fruto, o porongo, depois de maduro, se torna
lenhoso e oco, com sementes soltas.
Em guarani, a cuia é chamada de CAIGUÁ ( caá = erva; i = água e
guá = recipiente ), portanto, recipiente para água da erva – mate.
A cuia é retirada da parte menor do porongo. Escolhido o local do
corte, desbasta – se o bocal com faca afiada dando – lhe uma forma
suave. Raspa – se com uma colher o seu interior, para a retirada do
bagaço e sementes.
Tendo a cuia pronta, é preciso curar ou curtir a cuia. Então,
coloca – se erva já usada e úmida, deixando assim por dois ou três
dias. É comum misturar cinza à erva, pois dá resistência ao porongo.
Porongueiro
Cuia - saco de touro Cuia – galleta ou bolacha
O PORONGO E A CUIA
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A bomba é um canudo metálico de cerca de 20 a 25
centímetros de comprimento, com uma extremidade
achatada e orifício longitudinal e na outra, um ralo com a
finalidade de coar a infusão.
Cada parte tem sua denominação:
1. Bico, biqueira, bocal, chupeta, ponteira;
2. Anel, respirador, pitanga, botão de rosa;
3. Haste, corpo da bomba, canudo;
4. Coador, ralo, bojo, colher, coco , apartador.
BICO
ANEL
HASTE
COADOR
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Tacuapi -
bomba primitiva
Bombas de prata
A BOMBA
* EU, Conde D’, Viagem Militar ao Rio Grande do Sul. ,Belo Horizonte, Itatiaia,1981, p42.
O uso da prataria religiosa e as melhorias econômicas da
população trouxeram influencias nos avios do mate.
Surgem os mates de cálice ou mates de pé, cuias com bocais de
prata, bombas de prata e de ouro ou com detalhes nesses materiais.
“Para o gaúcho a cuia e a bombilha são distrações tão indispensáveis
como o charuto ou o tabaco para a maioria dos europeus ” *
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Mate é palavra quéchua , designa a cuia,
recipiente para a infusão de erva – mate, passando
a designar o mate pronto.
Cada parte desse conjunto – cuia, erva e bomba – possui nomes
característicos:
A – Topete, respiro, morrete, barranco, crista...
B – Bomba, bombilha, tacuapi ( em guarani )
C – Beiço ou bocal
D – Pescoço
E – Cuia, mate , porongo ou caiguá ( em guarani )
F – Umbigo, cabo, bico
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BOMBA
TOPETE
CUIA
BEIÇO
PESCOÇO
CUIA
UMBIGO
O MATE
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Para aquecer a água , a chaleira média é a
mais usada, embora o tipo mais comum , até a
pouco tempo, era a chaleira preta de ferro.Usa-se também a cambona e a chicolateira.
A cambona é feita de qualquer lata, com um pedaço de arame
passado várias vezes junto ao bocal , deixando um rabicho para
segurar.
A chicolateira possui alça, tampa e um pequeno bico , é usada
também entre carreteiros e tropeiros. Os guaranis fabricavam um
recipiente de barro cozido, para aquecer a água do chimarrão.
Para preparar um bom mate, coloque uma cevadura de erva na
cuia, cerca de 2/3 de sua capacidade ; a seguir acomode a erva de
um só lado , tampando com uma das mãos a boca do porongo .
Colocar, então, água morna ou fria, deixando a cuia recostada ,
para inchar a erva. Ao introduzir a bomba, tape o bocal com o
polegar. O passo seguinte será sorver e cuspir fora o primeiro mate
(veneno). Já pode então servir o mate . Quando o mate deixou de
espumar , “ vira – se o mate ”. Com a bomba, troca – se de lado a
erva. Ou retira – se a parte esgotada e coloca – se erva nova.
Assim o mate é refeito.
“Quando o mate é de boa qualidade pode – se escaldá – lo até 10 ou 12 vezes
sem renovar a erva. Conhece – se que esta perdeu sua força e que é necessário
trocá – la quando ao derramar sobre ela a água fervente não se forma espuma à
superfície.
Os verdadeiros viciados do mate tomam – no sem açúcar e então tem – se o
chamado chimarrão.
A primeira vez que provei essa bebida achei – a muito sem graça, mas logo
me acostumei a ela e atualmente tomo vários mates, de enfiada, com prazer, até
mesmo sem açúcar. Acho no mate um ligeiro perfume, misto de amargor ,
que não é desagradável.” *
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Chicolateira Cambona
PREPARANDO O MATE
*Saint – Hilaire, Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte, Itatiaia, 1974 p.83
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Para o mate doce , habito feminino, as cuias
são menores que as usadas no chimarrão.
Aparecem as de porcelanas, de anjo ou não, a
partir do século XVIII, importadas da Europa, e as
cuias de barro cozido mais simples e populares.
Para o mate doce são também usadas canecas, xícaras, copos
de chifre , embora a cuia de porongo seja ainda a preferida como
recipiente para essa bebida.
Para cevar o mate doce segue – se o mesmo processo do amargo.
Quando está pronto o mate, cada vez que for servido, coloca – se
uma colherinha de açúcar na cuia.
Toma – se o mate com mel, açúcar queimado, leite fervido com
canela, ou casca de laranja seca.
Usa – se também um ferrinho. Em brasa, com cabo de madeira, com
o qual se queima o açúcar diretamente na cuia.
O mate acompanhado com rapadura é muito usual.
“ O mate é de si um pouco amargo ; mas é fácil fazer predominar na decocção o
gosto do açúcar, e assim é bastante agradável, uma vez que a pessoa se habituou às
partículas de matéria pulverizada que lhe sobem à boca pelo tubo.Quando estive no
Paraguai não deixava eu também de tomar meu mate, com muito prazer , antes de
pegar no sono” *
Cuia de porcelana - anjo
Cuias vidro, cerâmica e prata Porta erva e açúcar
O MATE DOCE
* EU, Conde D’. Viagem militar ao Rio Grande do Sul, Belo Horizonte, Itatiaia, 1981, p. 42
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A medicina campeira está também associada
ao mate, através do uso das ervas medicinais
agrestes.
O jujo - as ervas – deve ser colhido na lua cheia se for folha e ,
na lua minguante ou nova, se raiz, pois assim concentra maior poder
devido ao fluxo da seiva, que conforme a lua, está na folha ou na raiz.
As ervas não devem ser colocadas na cuia , pois impregna gosto na
suas paredes. O melhor lugar para colocar as ervas medicinais é o
recipiente da água.
O porta – cuia nada mais é que um descanso para o mate, pois nem
todas as cuias possuem formas que permitem, pararem de pé sem
apoio.
Há variados tipos de porta – cuia - o tripé, porta – cuia de
taquarembó - de nós de cana – de couro e outros bastante elaborados,
produzido por artesãos e artistas.
Há algumas maneiras improvisadas para descansar o mate: numa
caneca; entre o bico e o corpo da chaleira ou ainda acomodada na
cambona.
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Macela
Porta cuias – taquarembó e de couro
O MATE : MEDICINA E O
PORTA CUIA
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No Rio Grande do Sul, a tradicional hospitalidade é
constante na vida do gaúcho. O mate desempenha
uma importante função agregadora , harmonizando ,
através do calor humano , esta simbiose afetiva ,
pelo clima de respeito que floresce entre os mates
conversados.
O chimarrão tem a propriedade sagrada de unir os casais e
harmonizar os filhos, despertando a intimidade que solidifica o núcleo
familiar.
Nos galpões ou nas salas requintadas onde o homem simples, pela
autenticidade , cultiva a amizade desinteressada , aí ele estende o
braço para oferecer o mate , num gesto largo e franco de quem
demonstra hospitalidade e deposita confiança e se aprende, ali, o bem
– querer.
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Estatueta –
Getulio Vargas,
mateando
SENTIDO SOCIAL DO MATE
Aquarela de Rudolf Herman Wendrot- 1853
“E no ponto de vista de consumo temos nesse produto uma bebida
excelente, quer usada como chá, quer como mate chimarrão ou doce e quer
usada à moda indígena, como refrigerante, deitando – se – lhe água fria na
própria cuia e tomando – se por meio de bomba, com ou sem açúcar. O mate
doce com leite é uma bebida deliciosa.” *
JACQUES, João Cezimbra. Assuntos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Erus, 1979, p. 198.
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Reflexão...
Pouca coisa é tão popular ou democrática como o chimarrão ou
mate. Na região sul da América , desde o Brasil até a Argentina, o
uso dessa bebida , com pequenas variações , impregnou-se nas
gerações, imprimindo um dos elementos da identidade regional e
platina .
Presente nas grandes rodas e eventos, em todas as classes
sociais, difundido nas artes , o mate unifica a todos , quer como
benéfico à saúde , quer pelo simples prazer de matear solito.
Economicamente , os ervais do sul do Brasil concentram 97%
da produção nacional , contribuindo , assim , para a difusão desse
hábito tão salutar.
Cristina Kirchner e Papa FranciscoCharge
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O Rio – Grande extrahe de seus mattos nativos hum pouco de
herva – matte, applica ao seu consumo, ou exporta , herva –
matte, etc. Dreys
A erva-mate Ponche Verde, como empresa,iniciou em
1990, na cidade de Itapuca, RS, com os irmãos Edson e
Alécio Sassi.
Em função do crescimento da produção e buscando
melhores mercados e menores distâncias dos centros
distribuidores, a empresa transferiu-se, em 2003, para
Arvorezinha.
Com o aumento da demanda, foi necessária a
contratação de novos funcionários. Atualmente 28 pessoas
trabalham na empresa e representantes, em vários
municípios.
A erva - mate Ponche Verde , também é
comercializada em outros estados, como Bahia, Goiás,
Distrito Federal...
Atualmente, planta uma área de 100 ha. e produz
1.598.000 toneladas anuais.
Patrocinador CulturalFábrica da erva-mate Ponche Verde
Ervais, em Arvorezinha.
Embalagens da erva-mate Ponche Verde.
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• E no ponto de vista de consumo
temos nesse produto uma
bebida excelente, quer usada
como chá, quer como mate
chimarrão ou doce e quer usada
à moda indígena, como
refrigerante, deitando – se – lhe
água fria na própria cuia e
tomando – se por meio de
bomba, com ou sem açúcar. O
mate doce com leite é uma
bebida delicios