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  • AVALIAO HEMATOLGICA E DE FUNO HEPTICA EM CANINO COM LPUS ERITEMATOSO DISCIDE RELATO DE CASO

    Priscila Andriely Bosak (acadmica/UNICENTRO), Felipe Lopes Campos (Orientador), e-mail: [email protected]

    Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Cincias Agrrias e Ambientais

    Palavras-chave: Lpus Eritematoso Discide, co, prednisona.

    Resumo

    O complexo Lpus Eritematoso enquadra-se entre as doenas imunomediadas estudadas em medicina veterinria. O presente trabalho tem por objetivo relatar a avaliao clnica e laboratorial de um canino, sem raa definida, atendido na Clnica Escola Veterinria da UNICENTRO, com diagnstico de Lpus Eritematoso Discide (LED). Estipulou-se tratamento com prednisona e os exames preconizados foram hemograma e bioqumica heptica.

    Introduo

    O complexo lpus eritematoso pode ser dividido em Lpus Eritematoso Sistmico (LES) e Lpus Eritematoso Discide (LED), tambm denominado lpus eritematoso cutneo (Lawall et al, 2008). O LED considerado uma variante benigna do LES, porm, sem o envolvimento sistmico (Rosenkrantz, 2000; Fenner, 2003).

    O lpus eritematoso discide uma dermatose imunomediada em que, devido a uma resposta imunolgica anormal contra o prprio tecido, ou um componente tecidual, ocorrem reaes de hipersensibilidade do tipo II e III que se manifestam no tegumento (Lawall et al, 2008).

    O LED acomete ces e raramente gatos (Rosenkrantz, 2000), e no possui predileo etria (Rosenkrantz, 2000; Fenner, 2003). Caracteriza-se por despigmentao, eritema, eroso, ulcerao e formao de crostas principalmente no plano nasal, podendo envolver tambm reas perioculares, pina da orelha, lbios e membros, sob forma de pododermatite generalizada. As leses so exacerbadas pela exposio luz solar (Fenner, 2003; Rosenkrantz, 2000; Lawall et al, 2008; Larsson e Otsuka, 2000).

    O diagnstico se d por realizao de cuidadosa anamnese, dados do exame fsico (Nelson e Couto, 2001; Lawall et al, 2008; Larsson e Otsuka, 2000), e exame histopatolgico da pele (Lawall et al, 2008; Larsson e Otsuka, 2000).

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  • Com o tratamento adequado, a remisso das leses ocorre na maioria dos casos (Rosenkrantz, 2000). O tratamento inclui aplicao de filtro solar e evitar exposio ao sol (Fenner, 2003), administrao de vitamina E (Fenner, 2003; Rosenkrantz, 2000), glicocorticide em doses imunossupressoras associado ou no a azatioprina (Rosenkrantz, 2000; Lawall et al, 2008), e niacinamida combinada com tetraciclina (Rosenkrantz, 2000; Fenner, 2003; Lawall et al, 2008).

    Glicocorticides so agentes antiinflamatrios e imunossupressores amplamente utilizados na Medicina Veterinria, e seu mecanismo duplo faz com que sejam os medicamentos de escolha no tratamento de doenas auto-imunes, como as do complexo lpus (Bonamin e Paulino, 1999). A prednisona um glicocorticide de ao intermediria, o que a torna adequada s terapias crnicas. Sua biotransformao se d no fgado, onde utiliza as vias metablicas hepticas para se tornar ativa (Jeric, 1999).

    Deve-se avaliar a resposta clnica da doena ao tratamento, e como este , na maioria das vezes, vitalcio (Lawall et al, 2008), destaca-se o monitoramento do animal, principalmente quando institudo o uso de drogas imunossupressoras (Rosenkrantz, 2000).

    Materiais e Mtodos

    Um co sem raa definida, fmea, com um ano e trs meses de idade, foi encaminhado Clnica Escola Veterinria (CEVET) da UNICENTRO, com histrico de feridas e prurido em coxins, regio abdominal, face (regio periocular, perinasal e ponte nasal) e orelhas. Para fins de diagnstico foi preconizada a bipsia para exame histopatolgico, que confirmou a suspeita clnica de Lpus Eritematoso Discide.

    Com o objetivo de monitorar a funo heptica desse paciente, para o qual foi estabelecido tratamento com prednisona, foram realizados exames de bioqumica srica ao longo do tratamento. As enzimas analisadas para o trabalho foram a FA (fosfatase alcalina) e GGT (-glutamiltransferase). Tambm foram realizados hemogramas para o monitoramento do padro eritrocitrio e leucocitrio.

    Resultados e Discusso

    No exame bioqumico realizado no dia 03 de setembro de 2008, antes de se iniciar o tratamento com prednisona, no foram encontradas anormalidades, sendo os valores de FA e GGT, respectivamente, 34 UI/L e 7 UI/L. O hemograma tambm se apresentou com valores de hemcias e leuccitos dentro da normalidade.

    A administrao de prednisona foi iniciada no dia 28 de setembro de 2008, na dose de 2,0 mg/kg, duas vezes ao dia.

    O prximo hemograma e exame bioqumico foram realizados no dia 11 de maro de 2009, onde tambm no houve alteraes, exceto o nmero

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  • de hemcias pouco abaixo do limite inferior (5,4x106/L). Na ocasio, a dose de prednisona foi aumentada para 2,2 mg/kg.

    Em 13 de abril, foi tambm receitada a azatioprina, na dose de 2 mg/kg, uma vez ao dia.

    No dia 02 de junho, ao ser realizado o terceiro exame, o valor de GGT estava aumentado (38 UI/L), assim como o valor da ALT (alanina aminotransferase). Porm, segundo Meyer, Coles e Rich (1995), ces recebendo corticosterides podem apresentar, eventualmente, aumento na atividade srica dessas enzimas. Novamente, o hemograma no apresentou alteraes.

    A azatioprina foi suspensa dia 9 de junho, tendo sido utilizada por 58 dias. Ao final do ms, no dia 30, foram realizados novos exames, que apresentaram resultados dentro da normalidade.

    Apesar de o co ser sensvel ao aumento da FA, secundria a utilizao de frmacos como os corticosterides (Meyer, Coles e Rich, 1995), nenhuma alterao na atividade srica dessa enzima foi notada em nenhum dos exames realizados.

    Concluses

    Todos os medicamentos causam, em maior ou menor grau, efeitos colaterais aos pacientes. Quando a terapia prolongada, ento, a probabilidade de alteraes ainda maior. Nesse ponto, faz-se necessrio o acompanhamento clnico do animal, para minimizar ou at mesmo evitar possveis complicaes que o tratamento possa oferecer. No caso descrito, o animal continua em tratamento por no ter apresentado alteraes decorrentes da terapia administrada, e por ter havido melhora de 90% em relao s leses apresentadas inicialmente.

    Referncias

    1. Rosenkrantz, W. S. (Cutaneous (Discoid) Lupus Erythematosus) In The 5-minute Veterinary Consult. Canine e Feline, Tilley, L. P; Smith, F. W. K. Ed.: Lippincott Williams & Wilkins (2 ed). Baltimore, 2000; 910, 911.

    2. Fenner, W. R. Consulta Rpida em Clnica Veterinria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003; 370, 371.

    3. Jeric, M. M. (Antiinflamatrios Esteroidais) In Farmacologia Aplicada Medicina Veterinria, H. S. Spinosa; L. S. Grniak; M. M. Bernardi. Ed.: Guanabara Koogan (2 ed). Rio de Janeiro, 1999; 228, 231.

    4. Bonamin, L. V.; Paulino, C. A. (Imunofarmacologia) In Farmacologia Aplicada Medicina Veterinria, H. S. Spinosa; L. S. Grniak; M. M. Bernardi. Ed.: Guanabara Koogan (2 ed). Rio de Janeiro, 1999; 517, 518.

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  • 5. Lawall, T.; Ghiorzi, V. R.; Witz, M. I.; Pinto, V. M.; Esmeraldino, A. T.; Rodrigues, N. C.; vila, V. P. F.; Fischer, C. D. B. (Lpus Eritematoso Discide em Ces Estudo de Trs Casos Clnicos no Hospital Veterinrio da Universidade Luterana do Brasil nos anos de 2002 a 2008) In Anais do Congresso Brasileiro de Medicina Veterinria, Gramado, 2008.

    6. Larsson, C. E; Otsuka, M. (Lpus Eritematoso Discide LED: Reviso e Casustica em Servio Especializado da Capital de So Paulo). Rev. Educ. Contin. CRMV-SP. 2000, 3, 29-36.

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