XXIV SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL
Belo Horizonte – MG – 21 a 24/09/2016
Avaliação da presença de marcadores químicos e eficácia de uma infusão de
romã (Punica granatum L.) indicada popularmente para o tratamento de aftas
*Bruna de A. Martins1 (IC), Fátima de C. O. Gomes1 (PQ), Ildefonso Binatti1 (PQ), Rodinei Augusti2
(PQ), Mariana de L. A. Vieira1 (PQ), Esther Mª. F. Lucas1 (PQ). *[email protected]
1 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Av. Amazonas, 5253, Nova Suíça, 30421-169, Belo
Horizonte, MG, Brasil. 2 Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, 31270-901, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras Chave: romã, fitoterápico, antifúngico
Introdução
Os fitoterápicos, além de uma alternativa aos medicamentos sintéticos, representam a cultura popular, difundida em gerações. Entretanto, estes podem ser ineficazes ou até mesmo tóxicos ao homem, sendo fundamental o desenvolvimento de pesquisas que busquem garantir a segurança e eficácia1 em seu uso como medicamento.
As úlceras aftosas (aftas), são lesões que afetam a cavidade bucal de cerca de 20 a 60% da população2. Tal lesão é agravada quando colonizada por microrganismos oportunistas, como a levedura Candida albicans3. O emprego de agentes antifúngicos é um dos tratamentos recomendados para o tratamento destas ulcerações.
O emprego de infusões 10 g/L de espécies vegetais para o tratamento de aftas foi indicado por raizeiros do Mercado Central de Belo Horizonte, em uma entrevista informal. Dentre estas espécies, destacou-se, pelo número de indicações, a casca da romã (Punica granatum L.), rica fonte de taninos4.
As cascas de romã foram obtidas já desidratadas e fragmentadas. A partir deste material, preparou-se uma infusão 1% (p/v), cuja ação antifúngica sobre C. albicans (ATCC 60193) foi avaliada por teste de difusão em disco5. A identidade botânica do material foi verificada através da comparação do fingerprint obtido por espectrometria de massas com ionização por electrospray (ESI-MS), em modo positivo, com dados da literatura.
Resultados e Discussão
Verificação da atividade antifúngica: A amostra preparada nas condições indicadas
pelos raizeiros não foi ativa sobre C. albicans – Figura 1 –, evidenciando a ineficácia do fitoterápico.
Figura 1. Resultado do teste de difusão em disco. (R = infusão de romã; falso (+) = nistatina)
Verificação da identidade botânica: O fingerprint da amostra de casca de romã obtido
é apresentado na Figura 2.
Figura 2. Espectro obtido por ESI(+)-MS para a amostra das cascas de romã.
Observou-se perfil químico semelhante ao obtido
por Anibal et al. (2013)6, com compatibilidade de seis sinais, dentre estes, os referentes aos metabólitos pedunculagina ([M+K]+ = 823) e punicalagina ([M+K]+ = 1123), principais marcadores químicos da romã7, confirmando assim a identidade botânica do material vegetal.
Conclusões
Embora tenha sido confirmada a identidade botânica do material vegetal adquirido como sendo de fato cascas de Punica granatum L., o fitoterápico preparado conforme indicação popular não apresenta eficácia na inibição do fungo C. albicans.
Agradecimentos
Ao CEFET-MG e a UFMG.
Referências
1 KLEIN, T. et al. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl. 2009, 30, 241-248.
2 REGEZI, J. A. et al. Patologia oral. 6ªed. Rio de Janeiro: Elsevier,2012.
3 OJHA, D. et al. J. of Appl. Microbiol 2013, 115, 1317-1328.
4 MENA, P. et al. J. Sci. Food Agric. 2011, 91, 1893-1906.
5 BAUER, A. W. et al. Am. J. Clin. Pathol. 1966, 45, 493-496.
6 ANIBAL, P. C. et al. Braz. J. of Microbiol. 2013, 44, 839-848.
7 WERKMAN, C. et al. Rev. Bras. Pl. Med. 2008, 10, 104-111.