UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO
ELONICE MELO DE SOUSA GONÇALVES
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA APLICAÇÃO LOCAL DE GEL DE CLOREXIDINA COM MICROBRUSH NO
TRATAMENTO DE BOLSAS PERIODONTAIS RESIDUAIS
BAURU 2015
ELONICE MELO DE SOUSA GONÇALVES
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA APLICAÇÃO LOCAL DE GEL DE CLOREXIDINA COM MICROBRUSH NO
TRATAMENTO DE BOLSAS PERIODONTAIS RESIDUAIS
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Oral do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Biologia Oral do Curso de Pós-Graduação em Biologia Oral, Nível de Doutorado, sob orientação da Profª. Drª. Beatriz Maria Valério Lopes
BAURU 2015
Gonçalves, Elonice Melo de Sousa. S725a
Avaliação clínica da aplicação local de gel de clorexidina com microbrush no tratamento de bolsas periodontais residuais / Elonice Melo de Sousa Gonçalves. -- 2015.
58f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Maria Valério Lopes.
Tese (Doutorado em Biologia Oral) – Universidade do
Sagrado Coração – Bauru – SP.
1. Periodontite. 2. Clorexidina. 3. Microbrush. 4. PCR. 5. Análise microbiológica. I. Lopes, Beatriz Maria Valério. II. Título.
ELONICE MELO DE SOUSA GONÇALVES
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA APLICAÇÃO LOCAL DE GEL DE CLOREXIDINA COM MICROBRUSH NO TRATAMENTO DE BOLSAS
PERIODONTAIS RESIDUAIS
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Oral do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade do Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do
título de Doutor em Biologia Oral do Curso de Pós-Graduação em Biologia Oral, Nível de
Doutorado, sob orientação da Profª. Drª. Beatriz Maria Valério Lopes.
Banca Examinadora:
________________________________________ Profa. Dra. Beatriz Maria Valério Lopes
Universidade do Sagrado Coração
____________________________________ Profa. Dra. Pâmela Leticia dos Santos
Universidade do Sagrado Coração
___________________________________ Profa. Dra. Luciana Monti Lima Rivera
Universidade do Sagrado Coração
___________________________________ Profa. Dr. Luiz Renato Paranhos Universidade Federal de Sergipe
__________________________________ Profa. Dra Thalitta Pereira Queiróz
Centro Universitário de Araraquara - UNIARA Bauru, 23 de fevereiro de 2015.
Dedico este trabalho A DEUS, por estar presente em todos os momentos da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Inicio os agradecimentos por meus pais. Minha mãe Direnice não se encontra mais
conosco, mas sei que de onde estiver, está feliz por mais essa conquista, que teve
início por ela, me alfabetizando em casa. Ao meu pai Elói, agradeço por tudo que
me proporcionou e ainda proporciona e por ser até hoje, com 75 anos, uma pessoa
batalhadora e não ter parado de estudar e trabalhar.
Agradeço ao meu esposo: José Francisco Gonçalves Júnior. Sem a sua
presença, a sua ajuda, o seu apoio, com certeza teria sido tudo mais difícil. Sei que
não existe o “Felizes para sempre" nas histórias de amor. Mas pode existir o "nem
sempre felizes", mas sempre juntos! Sempre parceiros! Sempre cúmplices! Sempre
companheiros! É isso que desejo para nós! Te amo. Obrigada por me deixar fazer
parte da sua vida!
Agradeço aos meus filhos: Camila e Theo. Nasceram em épocas completamente
diferentes. Mas são amados da mesma forma! Obrigada por existirem e por me
fazerem tentar todos os dias ser uma pessoa melhor.
A grande emoção é a sequência da vida. Agradeço ao Enzo, meu neto. A chegada
dele foi uma surpresa. Hoje a vida não faz mais sentido sem sua presença. Obrigada
por deixar minha vida mais leve!
Agradeço de forma especial à Bia. Obrigada pela orientação segura e palavras de
apoio dispensadas ao longo desta caminhada. Desejo sucesso e muitas felicidades.
Obrigada mais uma vez!
“Os dias prósperos não vem por acaso; nascem de muita fadiga e persistência”. (Henry Ford)
RESUMO
A aplicação tópica de antibióticos e antibacterianos no tratamento localizado de sítios não respondentes pode superar as deficiências da terapia de raspagem e alisamento radicular (RAR). O objetivo do presente estudo, de boca dividida, foi avaliar clínica e microbiologicamente o efeito, em curto período, do gel de clorexidina 0,2% no controle de placa subgengival em 20 pacientes portadores de periodontite crônica previamente tratados com RAR. Todos os pacientes apresentavam 4 bolsas periodontais residuais com profundidade de sondagem (PS) ≥ 5mm e sangramento à sondagem e foram divididos aleatoriamente em grupos: controle negativo (C), controle positivo (RAR), RAR+clorexidina (RARC) e clorexidina teste (CLX). Os parâmetros clínicos índice de placa visível (IP), índice de sangramento gengival (IG), profundidade de sondagem (PS), sangramento à sondagem (SS), recessão gengival (RG) e nível de inserção clínica (NI) foram avaliados por um pesquisador calibrado e treinado que realizou o acompanhamento periodontal no baseline, 30, 90 e 180 dias após os tratamentos. A presença dos periodontopatógenos Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis (Pg), Prevotella intermedia (Pi) e Tannerella forsythia (Tf) foi avaliada pela técnica de PCR. Os dados foram tabulados e analisados estatisticamente pelo software Bioestat 5.0. O nível de significância considerado foi de 5%. Cento e oitenta dias após os tratamentos, IP e IG reduziram para todos os grupos (p<0,05); os grupos RAR, RARC e CLX apresentaram redução no SS e ainda, reduziram significantemente o SS quando comparados ao C (p<0,05). A PS reduziu para os grupos RAR, RARC e CLX (p<0,05); o NI aumentou para RAR e RARC (p<0,05) e RG aumentou para RARC e CLX (p<0,05). Os grupos RARC e CLX demonstraram redução significante na porcentagem de sítios com presença de alguma bactéria (p<0,05). O grupo RARC foi o que apresentou menor prevalência de bactérias presentes quando comparadas as diferenças entre os grupos. O uso de gel clorexidina com microbrush, associado ou não a raspagem, como alternativa para o tratamento de bolsas periodontais residuais promove benefícios microbiológicos sem contudo apresentar alterações clínicas significativas.
Palavras-chave: Periodontite. Clorexidina. Microbrush. PCR. Análise Microbiológica.
ABSTRACT
Topical application of antibiotics and antibacterials in the treatment of non-responders located sites can overcome the shortcomings of scaling and root planing (SRP) therapy. The purpose of this split-mouth study, was to evaluate the clinical and microbiological effects, in short time, the chlorhexidine gel 0.2% in control of subgingival plaque in 20 patients with chronic periodontitis previously treated with SRP. All 4 patients had residual periodontal pockets with probing depth (PD) ≥ 5 mm and bleeding on probing and were randomly divided into groups: negative control (C), positive control (SRP), SRP + chlorhexidine (SRPC) and chlorhexidine test (CLX). The visible plaque index (PI), gingival bleeding index (GI), probing depth (PD), bleeding on probing (BOP), gingival recession (GR) and clinical attachment level (CAL) clinical parameters were evaluated by a calibrated and trained researcher who performed the periodontal monitoring at baseline, 30, 90 and 180 days after treatments. The presence of periodontal pathogens Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis (Pg), Prevotella intermedia (Pi) and Tannerella forsythia (Tf) was assessed by means of PRC. Data were statistically analyzed by softawe Boestat 5.0. The level of significance was 5%. Six months after treatment, PI and GI reduced for all groups (p <0.05); SRP, SRPC and CLX groups showed a reduction in BOP and also significantly reduced the BOP when compared to C (p <0.05). The PD was reduced to SRP, SRPC and CLX (p <0.05) groups; CAL increased for SRPC and SRP (p <0.05) and GR increased to SRP C and CLX (p <0.05). The SRPC and CLX groups showed significant reduction in the percentage of sites with presence of some bacteria (p <0.05). The RARC group showed the lowest prevalence of bacteria compared differences between groups. The use of chlorhexidine gel with microbrush, with or without the SRP, as an alternative for the treatment of residual periodontal pockets promotes microbiological benefits without providing significant clinical changes.
Keywords: Periodontitis. Chlorhexidine. Microbrush. PRC. Microbiological analysis.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA .................................................. 9
2 PROPOSIÇÃO .................................................................................................. 17
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 18
3.1 CÁLCULO DA AMOSTRA ................................................................................. 18
3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................. 18
3.3 DELINEAMENTO DO ESTUDO ........................................................................ 19
3.4 CALIBRAÇÃO DO EXAMINADOR .................................................................... 20
3.5 IP, IG E COLETA DO FLUIDO CREVICULAR .................................................. 20
3.6 EXAME CLÍNICO .............................................................................................. 22
3.7 TRATAMENTOS E RANDOMIZAÇÃO DOS SÍTIOS PERIODONTAIS ............ 22
3.8 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA ........................................................................... 23
3.9 SELEÇÃO E SÍNTESE DOS OLIGONUCLEOTÍDEOS ..................................... 24
3.10 PREPARO DAS AMOSTRAS E REAÇÃO DE PCR.......................................... 24
3.11 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO ..................................................................... 26
4 RESULTADOS .................................................................................................. 28
5 DISCUSSÃO......................................................................................................36
6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 47
ANEXO 1 – CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA ATENDIMENTO DOS
PACIENTES .................................................................................. 51
ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO .................................................... 52
ANEXO 3 – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ ÉTICA ...................... 54
ANEXO 4 – FICHA CLÍNICA PERIODONTAL DO PACIENTE ....................... 57
8
1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
As doenças periodontais são infecções multifatoriais iniciadas por um
complexo de espécies bacterianas que interagem com os tecidos e as células do
hospedeiro, causando a liberação de um grande conjunto de citocinas inflamatórias,
quimiocinas e mediadores, alguns dos quais levam à destruição de estruturas
periodontais, incluindo os tecidos de suporte dental, o osso alveolar e o ligamento
periodontal.1,2
O principal objetivo da terapia periodontal é a biocompatibilização da
superfície radicular, permitindo o restabelecimento da saúde do periodonto, por meio
da eliminação do biofilme dental, tendo em vista que este constitui a principal causa
da doença. Quando a terapia utilizada é eficaz em reduzir espécies bacterianas
periodontopatogênicas, ocorre a redução da inflamação, a redução da profundidade
de sondagem e a adesão epitelial, mantendo níveis de inserção clínica estáveis ao
longo do tempo3.
Os ensaios clínicos indicam que a meticulosa raspagem e alisamento
radicular (RAR) associada ao controle de placa é o tratamento de escolha para tratar
e controlar quase todos os tipos de periodontites4,5. A raspagem é um mecanismo
eficiente e consiste na remoção mecânica do biofilme e cálculo subgengival por meio
de instrumentos manuais, ultrassônicos ou rotatórios, com consequentes benefícios
em relação à composição da microbiota local e nos parâmetros clínicos periodontais.
Dahiya e Kamal (2012), compararam 3 formas de tratamento mecânico:
instrumentação manual, instrumentação ultrassônica e instrumentação rotatória com
uso de brocas. Todos os tratamentos foram efetivos no debridamento mecânico das
superfícies radiculares. Eles também contabilizaram o tempo gasto em cada um
desses tratamentos e concluíram que a forma de tratamento que requer mais tempo
é com o uso de brocas, seguida da raspagem com curetas e por último a raspagem
ultrasônica6. No entanto, outros trabalhos dizem que, em profissionais treinados,
parece não haver significativa diferença de tempo de tratamento (tempo utilizado
para conclusão da raspagem)7.
Porém, a efetividade da raspagem está na dependência da habilidade do
clínico para ter acesso a bolsas profundas ou bifurcações4. Além disso, alguns
pacientes não respondem adequadamente à terapia. Esta condição parece ser o
9
resultado de uma resposta inflamatória dos tecidos periodontais para a presença
continuada de determinadas espécies de microrganismos anaeróbios, incluindo
Aggregatibacter (Actinobacillus) actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis
e Treponema denticola8,9,10, particularmente nas bolsas que persistem após terapia
periodontal12-14.
Haffajee e cols. (1997)9 relataram que 32% dos sujeitos apresentaram pouco
benefício por meio da terapia não cirúrgica e que as bolsas periodontais continuaram
a ter níveis elevados de agentes patogênicos acompanhados por perda progressiva
de inserção. Devido à correlação direta entre o número cada vez maior de bolsas
residuais com PS>4 mm pós-tratamento e o número de Porphyromonas gingivalis,
Prevotella intermedia e Aggregatibacter actinomycetemcomitans, afirmou-se que há
uma relação altamente significativa com o sangramento à sondagem.5,10,15
Bolsas periodontais residuais são aquelas bolsas que não apresentaram boa
resposta após a fase de raspagem e alisamento radicular e permanecem profundas
(≥ 5 mm) e com sangramento à sondagem. Os estudos também chamam as bolsas
periodontais residuais de sítios não responsivos e demonstram que os mesmos
estão localizados predominantemente em regiões de difícil acesso e áreas de
bi/trifurcações. A presença dessas bolsas pode estar relacionada com a persistência
de patógenos nas bolsas após o tratamento, os quais produzem fatores de virulência
específicos que interferem na defesa do hospedeiro (por exemplo, produção de
leucotoxina, encapsulamento, etc). E pode ainda ser devido à recolonização dos
locais tratados por reservatórios bacterianos, como túbulos dentinários e tecidos
moles16. O certo é que a presença dessas bolsas residuais reflete a existência de
nichos ecológicos nos quais reinfecções poderão ocorrer, sendo preditivas para a
progressão da doença periodontal. Logo, nesses casos, medidas adicionais devem
ser utilizadas17.
Uma revisão sistemática feita por Matesanz-Pérez18 e colaboradores, em
2013, analisou os efeitos de antimicrobianos locais usados como adjuntos ao
debridamento subgengival, em comparação com debridamento subgengival sozinho,
no tratamento da periodontite crônica. 56 artigos foram selecionados. Todos os
estudos relataram alterações na profundidade de sondagem e no nível clínico de
inserção e muitos no índice de placa e / ou sangramento à sondagem. As meta-
análises foram realizadas com os dados recuperados a partir dos estudos que
10
preenchiam os critérios de inclusão. Os resultados mostraram que o efeito global da
aplicação subgengival de antimicrobianos foi estatisticamente significativa para
mudanças na profundidade de sondagem e nível clínico de inserção, com uma
diferença de média ponderada de 0,4 e 0,3 milímetros, respectivamente. Não
ocorreram diferenças significativas no sangramento à sondagem e no índice de
placa. A aplicação subgengival de fibras de tetraciclina, liberação controlada de
doxiciclina e minociclina demonstraram um benefício significativo na redução da
profundidade de bolsa (entre 0,5 e 0,7 mm), sendo os melhores resultados com a
aplicação de fibras de tetraciclina (redução de 0,727 mm), seguido pela doxiciclina
(redução de 0,573 mm) e minociclina (redução de 0,472 mm). A aplicação local de
clorexidina e metronidazol mostrou um efeito mínimo quando comparado com
placebo (entre 0,1 e 0,4 mm) com relação à profundidade de sondagem. Já no
ganho de inserção clínica o melhor efeito (0,9 mm) foi demonstrado pela aplicação
de gel de clorexidina xantano, embora estes dados sejam com base em apenas um
estudo. Por outro lado, a aplicação de metronidazol e outras formas de
administração de clorexidina não tiveram qualquer efeito adicional quando
comparados à raspagem e alisamento radicular sozinha. Os autores concluíram que
a evidência científica apoia o uso adjuvante de antimicrobianos locais para
debridamento em sítios periodontais profundos ou recorrentes, principalmente
quando se utiliza veículos com liberação controlada comprovada do
antimicrobiano18.
Portanto, embora a efetividade da raspagem e alisamento radicular esteja
bem documentada, a eficácia desse tratamento de forma isolada tem sido
questionada. Além disso, a smear layer que permanece após instrumentação
periodontal pode prejudicar a reparação periodontal. Dessa forma, há um interesse
considerável no uso da descontaminação química da superfície radicular. Agentes
químicos têm sido propostos também para facilitar a remoção do cálculo, remover
smear layer e endotoxinas associadas à raiz, expor matriz colágena de dentina e
cemento, tudo com o objetivo de promover uma superfície radicular aceitável para a
regeneração de uma nova inserção de tecido conjuntivo19.
Outro fato interessante e que também já foi demonstrado é que as
endotoxinas não penetram tão profundamente no cemento radicular e que saúde
periodontal pode ser alcançada polindo as superfícies radiculares. Isso significa que
11
a remoção do cemento radicular de forma vigorosa com o objetivo de eliminar
endotoxinas parece não ser necessária. De fato, existem evidências que mostram
que o cemento pode ser crítico para uma cicatrização apropriada do periodonto
durante a formação e regeneração do mesmo16.
Sendo assim, o uso de agentes químicos em associação com o tratamento
mecânico representa a possibilidade de um procedimento menos traumático,
prevenindo a perda excessiva de substância radicular, além de facilitar a remoção
mecânica19.
Consequentemente, tem-se defendido a utilização de agentes antimicrobianos
locais ou sistêmicos como adjuvantes, assumindo que os auxiliares químicos
compensariam limitações técnicas e impediriam recolonização microbiana precoce,
para finalmente dar mais chances para melhoras clínicas. Porém, uma limitação na
efetividade de agentes químicos de uso sistêmico é que eles não alcançam
facilmente bolsas periodontais profundas. Além disso, o risco de desenvolver
resistência bacteriana é uma contraindicação para o uso dos mesmos
rotineiramente4.
Dessa forma, a aplicação local de um agente antisséptico diretamente nas
bolsas periodontais seria uma ferramenta muito vantajosa para ser usada
juntamente com a raspagem. Como atinge o alvo e mantém a atividade, pode
também proteger contra efeitos sistêmicos colaterais. A alta concentração
conseguida localmente também é mais alta do que na via sistêmica e não há
dependência de cooperação do paciente para o sucesso da terapia20,21.
Diferentes soluções, tais como clorexidina, ácido cítrico, tetraciclina, EDTA,
são usadas como adjuntos à terapia de raspagem e alisamento radicular com o
objetivo de superar as limitações desse procedimento. Dentre essas soluções, a
clorexidina é considerada o antisséptico “padrão ouro”, com uma grande variedade
nas formas de administração, desde colutórios, gel, verniz, dentifrício, spray e
chips19,22.
Em 1970 foi demonstrado pela primeira vez que um bochecho de 10 ml de
clorexidina a 0,2% por 1 minuto duas vezes ao dia prevenia o acúmulo de placa e
subsequente gengivite23 (LÖE; SCHIOTT, 1970). A partir de então, esse composto
vem sendo aclamado como o agente mais efetivo para o controle químico da placa
bacteriana por diferentes décadas.
12
A estrutura química da clorexidina é de uma bisbiguanida dicatiônica, o que
lhe concebe atividade antimicrobiana de amplo espectro, agindo contra bactérias
Gram-negativas e Gram-positivas, fungos e alguns vírus. O mecanismo de ação da
clorexidina depende da sua concentração e da espécie bacteriana, podendo ser
bacteriostática ou bactericida. De maneira geral, seu efeito se dá na membrana
celular das bactérias. Como a membrana celular possui carga negativa, a molécula
catiônica da clorexidina se liga rapidamente à superfície bacteriana. Outra
característica interessante da clorexidina é sua alta substantividade. Isso se deve ao
fato dela ser uma molécula com duas extremidades com carga positiva. Uma das
extremidades se adere às superfícies com carga negativa presente na cavidade
bucal (mucosa, película e dentes) e também à saliva e a outra extremidade se adere
às bactérias24.
Goodson e colaboradores (1989)25 demonstraram que em uma bolsa
periodontal de aproximadamente 5 mm de profundidade, a troca de fluido crevicular
é feita cerca de 40 vezes por hora. Estes autores estimaram que a meia vida de um
agente farmacológico no sulco gengival é de aproximadamente 1 minuto. Assim, um
importante fator a ser considerado no tratamento com drogas locais é o tempo de
contato da droga com a microbiota subgengival. Portanto, para atividade efetiva de
uma droga aplicada localmente, é necessário um sistema de liberação lenta da
mesma, proporcionando concentrações acima da concentração inibitória mínima
para a inativação de patógenos periodontais, por adequado período de tempo.
Por isso alguns estudos que utilizaram a irrigação subgengival com soluções
de clorexidina ou mesmo géis da mesma mostraram resultados pouco eficazes no
tratamento de periodontite, presumivelmente devido à incapacidade de reter
concentrações biologicamente significativas do fármaco por quantidade de tempo
suficiente dentro das bolsas periodontais. Dessa forma, dispositivos de liberação
lenta foram desenvolvidos. Entre esses, estão os sistemas de liberação sustentada,
que liberam o fármaco em menos de 24 horas e os sistemas de liberação
controlada, que liberam o agente por um período maior de tempo4.
Soskolne, WA; Proskin, HM; Stabholz, A, (2003), apresentaram os resultados
de 2 anos de acompanhamento de 595 pacientes de clínica privada que estavam em
terapia de suporte. Foram feitos 2 grupos: os pacientes do grupo teste haviam se
submetido à raspagem um mês antes do início do estudo. E os pacientes do grupo
13
controle eram pacientes em terapia periodontal de suporte. Em todos os pacientes
foram colocados chips onde haviam bolsas ≥ 5 mm, 1 chip por dente, no início do
estudo. Durante 24 meses, a cada 3 meses esses pacientes eram chamados. Os
sítios onde tinham sido colocados chips eram sondados e se a profundidade da
bolsa fosse ≥ 5 mm, era feito raspagem e colocado outro chip. Os resultados
mostraram que em 73% dos sítios houve redução na profundidade da bolsa, 18,8%
não houve mudança e 8,2% houve aumento na profundidade da bolsa. Os autores
concluíram que o chip de clorexidina, reposto a cada 3 meses durante 2 anos é uma
opção efetiva e segura para tratamento de periodontite crônica26.
Cosyn, J. e cols. (2006), fizeram um estudo piloto para analisar os benefícios
clínicos de um verniz com alta concentração de clorexidina aplicado juntamente com
a raspagem em pacientes com periodontite crônica. Eles avaliaram 12 pacientes, os
quais tinham que ter pelo menos 20 dentes (dentes do siso excluídos). Cada
paciente deveria ter pelo menos uma bolsa por quadrante com uma profundidade de
sondagem de 6 mm, com sangramento à sondagem e evidência radiográfica de
perda óssea (1/3 terço do comprimento da raiz). Os grupos foram submetidos à
raspagem boca toda usando um instrumento ultrasônico e curetas periodontais. As
sessões de raspagem foram feitas pela manhã e à tarde, com duração de
aproximadamente 1 hora e meia cada. Em seguida, todos os dentes foram polidos
com uma pasta pouco abrasiva e foram dadas instruções de higiene oral, que incluiu
escovação manual e controle de placa interdental. O grupo teste, além da raspagem,
recebeu a aplicação do verniz de clorexidina, que foi colocado com uma agulha
romba. A aplicação do verniz durou 3 minutos e 15 minutos após foi removido. As
medidas clínicas foram repetidas 1 e 3 meses após. Os resultados mostraram que
ambas as estratégias de tratamento mostraram reduções nas profundidades de
bolsa comparadas às medidas de acompanhamento com as iniciais. Entretanto, aos
3 meses, os sítios do grupo teste mostraram significante reduções de bolsa
adicionais entre 0,70 e 1,37 mm. Além disso, um ganho de inserção clínica
significante de 1,17 mm foi encontrado no grupo teste para bolsas profundas no
início (≥ 7 mm). Estes resultados preliminares sugerem que administração
subgengival de um verniz de clorexidina altamente concentrado aplicado junto com a
raspagem pode beneficiar os pacientes27.
14
Feres e cols. (2009), avaliaram os benefícios clínicos e microbiológicos do
controle rigoroso da placa supragengival como parte da fase ativa da terapia
periodontal de pacientes com periodontite crônica generalizada comparando 3 tipos
de tratamento: apenas raspagem e alisamento radicular (RAR); RAR aliada à
controle de placa profissional 2 vezes por semana; e RAR aliada à bochechos com
clorexidina 2 vezes por dia por 63 dias. Os 2 últimos tratamentos foram mais efetivos
em melhoras na profundidade de bolsa e níveis de inserção clínica do que quando
se utilizou apenas a raspagem, mesmo em sítios intermediários e profundos. O
grupo que utilizou a clorexidina mostrou melhores níveis de inserção clínica (que foi
mantido por 6 meses) e mudanças microbiológicas mais benéficas, com uma
significante redução nas proporções de bactérias do complexo vermelho e laranja,
assim como aumento nas proporções de espécies bacterianas compatíveis com o
hospedeiro. Uma das hipóteses que os autores sugeriram para explicar os
benefícios do grupo que usou clorexidina sobre os outros seria o efeito do
antisséptico em reduzir reservatórios de patógenos periodontais em locais que não
são alcançados pela terapia mecânica, como língua, saliva e mucosa oral. Além
disso, o uso da clorexidina tem a grande vantagem de não precisar que o paciente
retorne semanalmente para o controle de placa, diminuindo o tempo e o custo do
tratamento28.
Gonzales e cols. (2011), analisaram os efeitos clínicos, microbiológicos e
sorológicos de chips de liberação controlada de clorexidina usados antes e
imediatamente após raspagem e alisamento radicular em pacientes com periodontite
crônica. Eles avaliaram 24 pacientes com idades entre 35 e 65 anos que tinham
mais de 12 dentes com profundidade de sondagem maior ou igual a 5 mm e os
dividiram em 2 grupos: o grupo teste recebeu um chip de clorexidina e o grupo
controle recebeu um chip placebo. Após profilaxia, foram colocados os chips. 10 dias
após foram feitas as raspagens e imediatamente após, colocação de outros chips.
Em seguida foram feitas avaliações com 1, 3 e 6 meses. Os resultados mostraram
que o tratamento com os chips de clorexidina colocados antes da raspagem
subgengival e imediatamente após resultou em melhor ganho de inserção clínica
comparada ao tratamento com raspagem e chip placebo. A maior redução no
número de bactérias do complexo vermelho indicou que a liberação subgengival de
15
clorexidina é efetiva na desinfecção de bolsas periodontais profundas também antes
do tratamento periodontal mecânico subgengival29.
Com o objetivo de avaliar clinicamente e radiograficamente a efetividade do
chip de clorexidina como terapia adjunta no tratamento da periodontite crônica,
Grover, V. e colaboradores (2011), analisaram 40 pacientes na faixa etária de 30 a
65 anos, que sofriam de periodontite crônica de leve a moderada, com
profundidades de bolsa que variavam entre 5 e 8 mm. Na consulta inicial, anamnese
completa, exame periodontal e raspagem supragengival boca toda foi executada
para cada paciente. 7 dias depois, todos os parâmetros clínicos e radiográficos
foram anotados nos sítios selecionados e os pacientes foram aleatoriamente
designados para o grupo controle (grupo A – 20 pacientes) ou grupo de tratamento
(grupo B – 20 pacientes). Todos os pacientes em ambos os grupos receberam
raspagem e alisamento radicular subgengival completos. Em seguida, no grupo B,
um chip de clorexidina contendo 2,5 mg de clorexidina (Periocol CG) foi inserido no
local selecionado. Pacientes foram chamados em 1 mês, 2 meses e 3 meses a partir
do baseline para os registros de dados clínicos e os parâmetros radiográficos foram
registrados no final do estudo. Os resultados mostraram que houve um ganho de
inserção clínica estatisticamente significante, redução nos escores de índice de
sangramento, diminuição da profundidade da bolsa e ganho ósseo em ambos os
grupos, porém o grupo B apresentou resultados melhores do que o grupo A, sendo
estas diferenças estatisticamente significativas. Os autores concluíram que o chip de
clorexidina (PerioCol-CG) é uma terapia adjuvante eficaz para raspagem e
alisamento radicular no tratamento de periodontite crônica30.
Kondreddy e cols. (2012), avaliaram um chip de clorexidina (PerioColTM-CG)
utilizado junto com a raspagem e alisamento radicular em pacientes com periodontite
crônica comparando com a raspagem e alisamento radicular como monoterapia. Os
parâmetros clínicos avaliados foram: índice de placa, sangramento à sondagem,
profundidade de bolsa e nível de inserção clínica. Essas medidas foram avaliadas no
início, 90 e 180 dias após o tratamento para ambos os grupos. Os resultados
mostraram que o uso adjunto do Periocol com a raspagem foi efetivo e resultou em
melhoras significativas no índice de placa, índice de sangramento gengival e nível
de inserção clínica31.
16
Portanto, a literatura é vasta e muitos estudos têm investigado o uso de
dispositivos de liberação lenta ou controlada e géis durante a terapia periodontal
inicial. Entretanto, poucos estudos têm abordado o uso de antibióticos e
antimicrobianos na reavaliação após a terapia periodontal inicial, quando os sítios
não respondem satisfatoriamente ao tratamento.32-35. Isto representa uma
oportunidade valiosa, antes da terapia periodontal de suporte.
E finalmente, levando-se em consideração que não há necessidade de
remoção vigorosa do cemento, a utilização do microbrush seria uma alternativa
interessante de aplicação do gel de clorexidina na bolsa periodontal por ser um
sistema capaz de debridar a superfície subgengival sem remover em demasia o
cemento periodontalmente envolvido e ao mesmo tempo levar o antimicrobiano até o
fundo da bolsa periodontal.
Logo, se faz necessário avaliar tanto a resposta microbiológica quanto os
parâmetros clínicos ao gel de clorexidina em pacientes com periodontite, quando
aplicado com um microbrush durante o tratamento de bolsas periodontais residuais.
17
2 PROPOSIÇÃO
Avaliar a condição dos tecidos periodontais antes e após o tratamento
periodontal utilizando o gel de clorexidina 0,2% aplicado com microbrush associado
ou não ao tratamento convencional de raspagem.
18
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CÁLCULO DA AMOSTRA
O cálculo da amostra foi baseado nos dados publicados em estudo prévio
com fibras de tetraciclina (BOSCO et al., 200936). Foi determinado que a diferença
clínica relevante para a redução na variável profundidade de sondagem entre os
tratamentos como sendo de 1,2 mm. Portanto, a diferença padronizada em 0,8, (1-
β=0,8) – poder do estudo e α=0,05 – intervalo de confiança - determinou uma
amostra de 15 pacientes para receber cada tratamento. Foram selecionados 20
pacientes para o estudo para evitar possíveis perdas.
3.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA
Todos os pacientes que chegaram na triagem da Clinica de Periodontia da
USC foram examinados para compor a amostra do presente estudo. Foram
selecionados 20 pacientes que tiveram diagnóstico de periodontite crônica avançada
(segundo American Academy of Periodontology, 200037) e que se enquadraram nos
seguintes critérios de inclusão:
idade entre 35 e 60 anos;
boas condições de saúde geral;
ausência de qualquer alteração sistêmica que interfira com a
progressão da doença periodontal ou que necessitasse de
antibioticoterapia profilática;
uso de antibioticoterapia nos três meses antecessores ao
estudo, ou durante o mesmo;
alergia à clorexidina;
uso de terapia com antiinflamatórios esteróides ou não-
esteróides nos três meses antecessores ao estudo, ou durante o mesmo;
história negativa de gestação, lactantes, uso de hormônios no
momento do estudo;
19
uso de cigarro;
uso de qualquer tipo de enxaguatório bucal durante o estudo.
presença de, no mínimo, quatro sítios periodontais não vizinhos,
com profundidade de sondagem maior que 5 mm e perda de inserção
maior que 4 mm com sangramento à sondagem, em dentes livres de cáries
ou próteses.
Foram respeitados também os seguintes critérios de exclusão:
pacientes que receberam tratamento periodontal há
menos de 2 meses;
pacientes ex-fumantes;
pacientes que não puderam comparecer aos retornos.
Os pacientes foram instruídos e motivados quanto à higienização bucal
correta por meio de ensino da técnica de escovação (método de Bass) e fio dental.
Foi realizado ainda o controle de biofilme supragengival semanalmente durante o
primeiro mês e depois mensalmente até a coleta dos dados finais.
O controle da placa supragengival foi feito da seguinte forma:
a) polimento dental com pasta profilática e taça de borracha;
b) reforço das instruções de higiene oral de forma individualizada para
motivação, orientação e monitoramento dos pacientes.
Os selecionados para o estudo confirmaram sua aceitação mediante a
assinatura do Termo de Consentimento (Anexo 2), previamente aprovado pelo
Comitê de Ética da USC (parecer de aprovação – anexo 3).
3.3 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Esse estudo foi desenvolvido como um ensaio clínico randomizado cego
controlado de boca dividida (Figura 1).
20
Figura 1- Cronograma do experimento, em dias.
Fonte: Elaborado pela autora.
3.4 CALIBRAÇÃO DO EXAMINADOR
Para calibrar o examinador do estudo, 140 sítios apresentando profundidade
de sondagem ≥ 5mm foram selecionados aleatoriamente em 7 pacientes (20 sítios
por paciente em dentes multi e uni radiculares). O examinador mensurou a
profundidade da bolsa periodontal em 2 ocasiões, em um intervalo de 48 horas. O
dados foram submetidos ao teste t de Student. Não havendo diferenças
estatisticamente significantes entre os exames o examinador foi considerado
calibrado.
Um único examinador calibrado e cego para os tratamentos examinou todos
os parâmetros clínicos e coletou o fluido gengival (BMVL). A raspagem (RAR) foi
realizada por dois operadores diferentes do examinador (MF / BLCI).
3.5 IP, IG E COLETA DO FLUIDO CREVICULAR
Identificadas as 4 bolsas periodontais foi realizado o Índice de Placa (IP)
(Ainamo & Bay, 197538). Esse índice baseia-se na presença/ausência de placa em
um padrão binominal (contagem dicotômica), ou seja, presença de placa visível
recebe grau 1, enquanto a ausência desta recebe grau 0. Os dentes foram corados
178 180
B A
Seleção Pacientes
Tratamentos
A = IP, IG, Coleta do Fluido crevicular / B = SS, PS, NIC e RG
Legenda: IP=Índice de Placa; IG=Índice de sangramento Gengival; PS=Profundidade de Sondagem; NIC=Nível de Inserção Clínico; RG= Recessão Gengival; SS=Sangramento à Sondagem; RAR = raspagem e alisamento radicular.
B
182 dias
A
B A
B A
-2 0 28 30 88 90 -60
21
com evidenciador de placa (verde de malaquita), aplicados com uma bolinha de
algodão. O uso do corante era para avaliar a presença ou ausência de placa sobre a
superfície dentária. Após anotação sobre a presença de placa, utilizou-se curetas
manuais específicas (Curetas Gracey, Hu- Friedy, Illinois, USA ) para remover a
placa supragengival delicadamente e evitar qualquer interferência da mesma
durante a realização da coleta do fluido crevicular. Em seguida as superfícies
dentárias foram lavadas com água para remoção do corante.
A coleta do fluido crevicular para o exame microbiológico foi realizada dois
dias antes dos exames clínicos para evitar interferência no sangramento devido à
sondagem.
O sítio a ser coletado foi isolado com roletes de algodão ou gaze estéril e a
região foi seca com jato de ar. Após 30 segundos o fluido crevicular foi coletado.
Para a análise microbiológica o fluido foi coletado com cones de papel
absorvente estéril (número 30); os mesmos foram introduzidos na bolsa periodontal
em direção apical até sentir uma pequena resistência, permanecendo no local por 30
segundos. Após a remoção, o cone de papel absorvente foi colocado em tubos
eppendorf estéreis contendo 500 l de solução de PBS (Figura 2) e imediatamente
congelados em freezer à -20oC.
NaCl ______________________________________________________8,0 g KCl _______________________________________________________0,2 g
Na2PO4 __________________________________________________1,15 g
KH2PO4 ___________________________________________________0,2 g
H2O ____________________________________________________1000 ml
pH _________________________________________________________7,3
Figura 2. Composição da solução de PBS (tampão salina fosfato).
Fonte: Elaborado pela autora.
Após a coleta do fluido, foi obtido o índice de sangramento gengival (IG)
(AINAMO & BAY, 197538). Esse índice também é dicotômico e baseia-se na
presença/ausência de sangramento marginal até 10 segundos após posicionar uma
sonda milimetrada (PCP-UNC, Hu-Friedy®, Chicago, IL, EUA) 1 a 2 mm no sulco
22
gengival, com inclinação de 60 graus em relação ao dente, percorrendo o espaço do
sulco de uma proximal a outra.
3.6 EXAME CLÍNICO
Dois dias após a realização do IP, IG e da coleta do fluido crevicular
(descritas anteriormente), os seguintes parâmetros clínicos foram avaliados:
a) Profundidade de sondagem (PS) – distância do fundo do sulco até
a margem gengival;
b) Sangramento à sondagem (SS) – determinado pela presença (+)
ou ausência (-) de sangramento observado, durante 30 segundos,
após a primeira inserção da sonda periodontal na bolsa;
c) Nível de inserção clínica (NIC) – distância do fundo de sulco até
um ponto fixo de referência determinado;
d) Recessão gengival (RG) – distância da margem gengival livre à
linha cemento/esmalte confirmada pela fórmula RG = NIC–PS.
As medidas de PS, NIC e RG foram realizadas pela sonda manual
milimetrada (PCP-UNC, Hu-Friedy®, Chicago, IL, EUA). O SS, como o IP e o IG, foi
avaliado de forma dicotômica, com relação à presença ou ausência (0/1). Os dados
foram anotados em ficha específica. (Anexo 4)
Os pacientes foram acompanhados por um período de 30, 90 e 180 dias,
períodos esses em que foram repetidos novamente todos os exames clínicos e a
coleta de fluído crevicular (semelhante ao inicial).
3.7 TRATAMENTOS E RANDOMIZAÇÃO DOS SÍTIOS PERIODONTAIS
Oitenta sítios não vizinhos foram divididos igualmente entre lados direito e
esquerdo. De um lado os sítios foram tratados com soro fisiológico associado ou não
à RAR (grupos C e RAR), enquanto os sítios contralaterais foram tratados com gel
de clorexidina 0,2% associado ou não à RAR (grupos RARC e CLX).
23
Os quatro sítios selecionados de cada paciente foram randomizados e
alocados usando uma tabela obtida no computador. A colocação inicial dos grupos
foi aleatória e a sequência dos procedimentos foi randomizada de maneira sempre
similar.
Os quatro sítios foram divididos em:
Grupo controle negativo (C): em um sítio foi aplicada uma solução salina
(NaCl 0,9%) embebida em um aplicador mini-brush autoclavado, friccionando-o de
encontro à raiz do dente até o fundo da bolsa, por dois minutos (embebido no soro a
cada 30 segundos);
Grupo Controle Positivo (RAR): em um sitio foi realizada uma sessão
tratamento de raspagem e alisamento radicular (RAR) subgengival seguida de
aplicação de soro fisiológico subgengival com micro brush por dois minutos,
semelhante ao grupo C;
Grupo RAR+ Teste (RARC): em um sitio foi realizada uma sessão tratamento
de raspagem e alisamento radicular (RAR) subgengival seguida de aplicação de gel
de clorexidina 0,2% subgengival com micro brush por dois minutos (embebido na
clorexidina a cada 30 segundos);
Grupo Teste (CLX): recebeu apenas a aplicação de gel de clorexidina 0,2%
subgengival com micro brush por dois minutos (embebido na clorexidina a cada 30
segundos).
Após 30, 90 e 180 dias da aplicação inicial dos tratamentos, foram realizados
novamente os exames clínicos e as coletas de fluido crevicular.
3.8 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
Para análise microbiológica foi utilizada a reação de polimerase em cadeia
(PCR), pela qual foi identificada a presença das seguintes bactérias: Actinobacillus
actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis (Pg), Prevotella intermedia
(Pi) e Tannerella forsythia (Tf).
Essa técnica baseia-se em reações enzimáticas cíclicas de desnaturação pelo
calor, hibridização dos oligonucleotídeos e síntese enzimática de DNA desejado,
permitindo a identificação de sequências de genes específicos, tais como genes de
espécies bacterianas.
24
3.9 SELEÇÃO E SÍNTESE DOS OLIGONUCLEOTÍDEOS
Os pares de oligonucleotídeos (5’ – 3’), ou seja, os primers específicos para
cada bactéria foram sintetizados pela Life Technologies do Brasil Ltda., São Paulo –
SP. As sequências utilizadas para as bactérias estão descritas na tabela 1 e foram
baseadas no estudo de Ashimoto et al. (1996)39.
3.10 PREPARO DAS AMOSTRAS E REAÇÃO DE PCR
As amostras foram descongeladas a temperatura ambiente e agitadas em
vortex por um minuto. Em seguida, foram fervidas por 10 minutos e centrifugadas a
10.000rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi colocado em um novo tubo contendo
100μL de TE e a extração do DNA bacteriano foi realizado com fenol/ clorofórmio/
álcool isoamílico (25:24:1), seguido da precipitação com sal/etanol.
Inicialmente a presença de bactérias foi confirmada através de uma reação de
polimerase em cadeia (PCR), realizada em termociclador convencional utilizando um
oligonucleotídeo inespecífico:
PC3mod = 5’ GGACTAHAGGGTATCTAAT 3’
POmod= 5’ AGAGTTTGATCMTGG 3’
As amostras positivas para a reação inespecífica foram, então, processadas
em reação de PCR, utilizando os oligonucleotídeos (tabela 1).
Os oligonucleotídeos foram dissolvidos em uma solução estéril contendo Tris
HCl (10mM – pH 7,6) e EDTA (1mM – pH 8,0) em volume calculado para
concentração final de 25μM.
As reações de PCR foram realizadas em tubos específicos e otimizadas para
cada oligonucleotídeo específico utilizado. A reação de PCR foi realizada em volume
final de 25μL, contendo aproximadamente 1μM de cada oligonucleotídeo (Invitrogen
Tech-LineSM), 100 μM de dntps (Invitrogen Tech-LineSM) e, para cada par de
oligonucleotidídeo foi utilizado uma quantidade especifica de Taq DNA polimerase
(Invitrogen Tech-LineSM).
25
Tabela 1– Oligonucleotídeos bacterianos para as espécies avaliadas.
Bactéria Oligonucleotídeos Fragmento
esperado
Porphyromonas
gingivalis
Actinobacillus
actinomycetemcomitans
Tannerella forsythia
Prevotella intermedia
5´ AAT CGT AAC GGG CGA CAC AC 3´
5´ GGG TTG CTC CTT CAT CAC AC 3´
5´ AAA CCC ATC TCT GAG TTC TTC TTC 3´
5´ ATG CCA ACT TGA CGT TAA AT 3´
5´ GCG TAT GTA ACC TGC CCG CA 3´
5´ TGC TTC AGT GTC AGT TAT ACC T 3´
5´ TTT GTT GGG GAG TAA AGC GGG 3´
5´ TAC ACA TCT CTG TAT CCT GCG T 3´
593 pb
557 pb
641 pb
575 pb
Fonte: Elaborado pela autora.
A amplificação dos fragmentos foi confirmada por eletroforese em gel de
agarose 1%, preparados com agarose ultra pura (Invitrogen Tech-LineSM) e solução
de TBE (Tris 1M; Acido bórico 0,9M; EDTA 0,5M) e brometo de etídio (0.5 μg/mL -
Invitrogen Tech-LineSM) para a visualização do fragmento de DNA.
26
As condições da reação de PCR para cada periodontopatógeno está descrita
na Tabela 2. Tabela 2 – Condições da reação de PCR.
Primer Condição da reação
Inespecífico 95 oC, 5minutos; 96 oC,30 seg, 45 oC, 30seg, 72 oC, 30seg (30 ciclos)
Porphyromonas
gingivalis
Tannerella forsythia
95 oC, 2minutos; 95 oC, 30 seg, 60 oC, 1minuto,
72 oC, 1minuto (36 ciclos)
Agregobacter
actinomycetemcomitans
Prevotella intermedia
95 oC, 2minutos; 94 oC, 30 seg, 55 oC, 1minuto,
72 oC, 1minuto (36 ciclos)
Fonte: Elaborado pela autora.
A corrida eletroforética foi realizada em cuba horizontal; foram utilizados 12μL
do produto de PCR e 2 μL de tampão de amostra (Invitrogen Tech-LineSM). As
corridas foram submetidas a uma corrente elétrica contínua de 100V por 90 minutos.
Para documentação e análise, foram obtidas imagens digitalizadas destes géis. As
fotografias obtidas foram armazenadas para análise da presença das bactérias
investigadas.
Em todas as reações houve um controle positivo para a bactéria especifica
sendo que, o DNA específico foi obtido a partir de cultura pura da espécie de
interesse.
3.11 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO
A análise estatística das variáveis quantitativas (PS, NIC, RG) em estudo foi
realizada em duas partes:
a) Verificação de diferença estatisticamente significante entre os
momentos de avaliação clínica (inicial, 30, 90 e 180 dias);
27
b) Verificação de diferença estatisticamente significante entre os
tipos de tratamentos, para cada um dos momentos de avaliação
(0, 30, 90 e 180 dias).
Para se tomar a decisão de quais métodos estatísticos foram apropriados à
análise dos dados obtidos, foi verificado, aplicando-se o Teste de Aderência de
Lilliefors, se os dados das variáveis quantitativas (RG, PS e NIC) se ajustam à
distribuição normal de probabilidades.
Os dados das variáveis que satisfizeram essa condição foram submetidos a
testes estatísticos paramétricos e os demais foram analisados utilizando-se testes
estatísticos não-paramétricos análogos a esses paramétricos.
A análise estatística das variáveis categóricas (IP, IG, SS e prevalência das
bactérias Aa, Pg, Pi e Tf) em estudo, também foi realizada em duas partes
verificando diferenças entre os períodos para cada grupo e diferenças entre os
grupos para cada período estudado.
Os dados obtidos para as variáveis categóricas dicotômicas (SS, IP, IG e
Presença de Bactérias) foram submetidos ao Teste de Cochran, teste não-
paramétrico apropriado à comparação entre proporções observadas em três ou mais
amostras correlatas (constituídas pelos mesmos elementos), cujos dados obtidos
são apresentados dicotomizados: Categoria da variável = 1 (“presente”) / Categoria
da variável = 0 (“ausente”).
Quando foi encontrado resultado estatisticamente significante para esse teste,
as amostras foram comparadas, duas a duas, utilizando-se o Teste Exato de
MacNemar, que é um teste não-paramétrico apropriado à comparação de duas
proporções correlatas.
Para todos os testes, foi considerado um nível de significância de 5%,
portanto, foram considerados estatisticamente significantes todos os resultados que
apresentaram valor de p < 0,05.
Os dados experimentais foram submetidos à análise estatística, utilizando-se
software (BioEstat 5.0 (BioEstat Software, Belém/PA, BRASIL) adequado e
específico para os diferentes testes, nas diferentes análises estatísticas realizadas.
28
4 RESULTADOS
Os 20 pacientes selecionados apresentavam-se na faixa etária de 35 a 60
anos (média de idade de 48 anos). Os pacientes foram distribuídos de acordo com o
gênero em 11 mulheres e 9 homens.
Na distribuição inicial dos 80 sítios (n=20 pacientes), 46 (57,5%) estavam
localizados em dentes uni ou birradiculares e 34 (42,5%) em dentes
multirradiculares. Oitenta (100%) sítios estavam localizados na região interproximal
dos dentes. Complicações pós-operatórias, abscessos ou infecções não foram
observados durante todo o período do estudo.
Na tabela 3 os dados iniciais para as variáveis clínicas não demonstraram
haver diferenças significantes entre os grupos (p>0,05).
Os dados das médias (±DP) referentes ao nível de inserção clínica (NIC),
profundidade de sondagem (PS) e recessão gengival (RG) estão demonstrados nas
tabelas 4 a 6, respectivamente;
A distribuição das proporções obtidas para as varíaveis: índice de placa (IP),
índice gengival (IG) e sangramento à sondagem estão demonstradas nas figuras 3 a
5.
Ao comparar os dados entre o baseline e 180 dias após os tratamentos, IP
reduziu para todos os grupos (p<0,05): C (42,9% para 21,3%), RAR (52,9% para
33,33%), RARC (43,9% para 23,8%) e para CLX (38,1% para 14,3%) (p<0,05). Após
30 dias, houve diferença estatisticamente significante no IP quando comparou-se os
grupos RAR com CLX (p<0,05; figura 3).
Para esse período, IG também diminuiu para todos os grupos (p<0,05): RARC
(45,4% para 23,8%),. C (47,6% para 23,8%), CLX (43,3% para 21,3%) e RAR
(42,7% para 22,4%). Após 30 dias, não foram observadas diferenças
estatisticamente significantes no IG quando comparou-se os grupos (p>0,05; figura
4).
Após os tratamentos foi observada uma redução significante de SS para os
grupos RARC (33,1%), CLX (32,3%), RAR (38,1%) e C (42,3%) (p<0,05). Na
comparação entre os grupos não foram observadas diferenças estatisticamente
significantes (p>0,05; figura 5).
29
A distribuição (em %) do número de sítios com prevalência das bactérias Aa,
Pi, Pg, e Tf podem ser observados na tabela 7.
Tabela 3 – Comparação entre os grupos no início do estudo.
Variáveis
Tratamentos (n= 20 pacientes por grupo) Diferença
entre
grupos RARC CLX RAR C
IP(%) 43,86 38,10 52,38 42,86 p>0,05*
IG(%) 45,42 33,33 42,68 47,62 p>0,05*
SS(%) 100 100 100 100 //
PS(mm) 6,481,2 6,421,1 6,871,1 6,280,9 p>0,05**
NI(mm) 6,711,4 6,611,1 6,861,3 6,801,5 p>0,05**
RG(mm) 0,240,7 0,190,4 0,290,7 0,251,0 p>0,05***
Fonte: Elaborado pela autora. Nota: * Teste Q de Cochran e Teste Exato de McNemar
**Análise de Variância de Medidas Repetidas (ANOVA) e Teste de Tukey. *** Teste de Friedman e Teste de Dunn.
Tabela 4 – Nível de Inserção Clínico (mm): média das medidas (± DP, n=20
pacientes) dos diferentes grupos e períodos.
Grupos Baseline 1 mês 3 meses 6 meses Diferença entre Períodos*
RARC 6,71,4 6,51,4€ 6,11,4€ 5,41,4€ p<0,05
CLX 6,61,1 6,41,3€ 6,21,3€ 6,01,3€ p<0,05
RAR 7,21,3 6,71,3€ 5,81,3€ 5,21,3€ p<0,05
C 6,81,5 6,91,4€ 6,61,4€ 6,21,4 p>0,05
Diferença entre grupos*
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
Fonte: Elaborado pela autora. Nota: *Análise de Variância de Medidas Repetidas (ANOVA) e Teste de Tukey.
Letras iguais significam grupos com diferenças estatisticamente significantes. Símbolos sobre os valores significa diferença significante com Baseline no mesmo grupo.
30
Tabela 5 – Profundidade de Sondagem (mm): média das
medidas (± DP, n=20 pacientes) dos diferentes
grupos e períodos.
Grupos Baseline 1 mês 3 meses 6 meses Diferença entre Períodos*
RARC 6,51,2 4,81,3*A 4,21,0*B 3,80,8*C p<0,05
CLX 6,41,1 5,31,2¥ 5,10,8¥ 4,81,0¥D p<0,05
RAR 6,91,1 5,21,4€ 4,80,8€ 4,21,0€E p<0,05
C 6,30.9 5,90,9A 5,70,7 B 5,51,1CDE p>0,05
Diferença entre grupos*
p>0,05 p<0,05 p<0,05 p<0,05
Fonte: Elaborado pela autora. Nota: *Análise de Variância de Medidas Repetidas (ANOVA) e Teste de Tukey.
Letras iguais significam grupos com diferenças estatisticamente significantes. Símbolos sobre os valores significa diferença significante com Baseline.
Tabela 6 – Recessão Gengival (mm): média das medidas (± DP, n=20
pacientes) dos diferentes grupos e períodos.
Grupos Baseline 1 mês 3 meses 6 meses Diferença entre Períodos*
RARC 0,20,70 0,91,1* 0,71,1* 0,51,11 p<0,05
CLX 0,20,40 0,90,91¥ 0,30,91 0,50,91 p<0,05
RAR 0,30,66 0,81,17$ 0,81,17* 0,51,10 p<0,05
C 0,30,98 0,61,02# 0,61,02* 0,51,01 P<0,05
Diferença entre grupos*
p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
Fonte: Elaborado pela autora. Nota: *Teste de Friedman e Teste de Dunn.
Letras iguais significam grupos com diferenças estatisticamente significantes. Símbolos sobre os valores significa diferença significante com Baseline no mesmo grupo.
31
Fonte: Elaborado pela autora. Figura 3. Distribuição das proporções (%) obtidas para a variável IP para os grupos no Inicial e após 180 dias. *Diferenças significantes quando comparado com o baseline no mesmo grupo. Teste Q de Cochran e Teste Exato de McNemar (p<0.05).
0
10
20
30
40
50
60
RARC CLX RAR C
% d
e pr
esen
ça
Grupos
Índice de sangramento gengival
Inicial
30 dias
90 dias
180 dias
Fonte: Elaborado pela autora. Figura 4. Distribuição das proporções (%) obtidas para a variável IG para os grupos no Inicial e após 180 dias. *Diferenças significantes quando comparado com o baseline no mesmo grupo. Teste Q de Cochran e Teste Exato de McNemar (p<0.05).
*
32
0
20
40
60
80
100
120
RARC CLX RARC C
% d
e pr
esen
ça
Grupos
Sangramento à Sondagem
Inicial
30 dias
90 dias
180 dias
Fonte: Elaborado pela autora. Figura 5. Distribuição das proporções (%) obtidas para a variável SS para os grupos no Inicial e após 180 dias. *Diferenças significantes quando comparado com o baseline no mesmo grupo. Teste Q de Cochran e Teste Exato de McNemar (p<0.05).
*
33
Tabela 7 – Porcentagem do número de sítios com prevalência das
bactérias específicas estudadas nos diferentes grupos e
períodos.
Grupos e Bactérias Baseline 1 mês 3 meses 6 meses ≠ entre T0 e T180
RARC A.actinomycetemcomitans 38,1 9,5*p 14,3* 14,3* p<0,05 Porphyromonas gingivalis 71,4 14,3*rs 23,8*F 28,6*N p<0,05 Prevotella intermedia 47,6 28,6 23,8* 28,6 p<0,05 Tannerella forsythia 76,2 0*vwy 4,8*HIJ 9,5*O p<0,05
CLX A.actinomycetemcomitans 28,6 19*C 28,6*M 33,3* p<0,05 Porphyromonas gingivalis 66,7 9,5€q 19,0 14,3€ p<0,05 Prevotella intermedia 42,9 19€tu 28,6€G 38,1 p<0,05 Tannerella forsythia 66,7 33,3 42,9 47,6 p<0,05
RAR A.actinomycetemcomitans 33,3 4,8€vzA 9,5HKL 14,3 p<0,05 Porphyromonas gingivalis 51,9 28,6€D 38,1 42,9 p>0,05 Prevotella intermedia 52,4 14,3¥ 23,8 19 p>0,05 Tannerella forsythia 71,4 38,1rt 42,9 52,4N p<0,05
C A.actinomycetemcomitans 23,8 19ce 19pq 23,8 p>0,05 Porphyromonas gingivalis 66,7 57,1gh 42,9su 61,9FG p>0,05 Prevotella intermedia 38,1 38,1 33,3 38,1 p>0,05 Tannerella forsythia 66,7 23,8ikl 23,8yAB 28,6 JL p>0,05
Fonte: Elaborado pela autora. Nota: *Teste Q de Cochran e Teste Exato de MacNemar; (p<0,05).
Símbolos sobre os valores significam diferença significante com Baseline no mesmo grupo. Letras iguais significam grupos com diferenças estatisticamente significantes.
34
Figura 6 - Visualização do fragmento de DNA para o Primer
Inespecífico.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 7 - Visualização do fragmento de DNA para Aa.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 8 - Visualização do fragmento de DNA para Pg.
Fonte: Elaborado pela autora.
.
35
Figura 9 - Visualização do fragmento de DNA para Pi
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 10- Visualização do fragmento de DNA para Tf.
Fonte: Elaborado pela autora.
36
6 DISCUSSÃO
Numerosos estudos clínicos demonstram que o debridamento mecânico
completo (isto é, raspagem e alisamento radicular) é muito eficaz para o tratamento
da maioria dos casos de periodontite. O princípio por trás disso é que o rompimento
do biofilme placa e a remoção de fatores locais que abrigam patógenos periodontais
resultam em uma redução na inflamação periodontal e na profundidade da bolsa –
facilitando o cuidado caseiro pelo paciente. No entanto, o debridamento subgengival
é um procedimento demorado e difícil, altamente dependente da habilidade do
clínico. E mesmo quando realizado meticulosamente não necessariamente elimina
bactérias patogênicas dos sítios subgengivais. Esta é a base para a lógica de que o
uso concomitante de agentes antimicrobianos pode beneficiar pacientes com doença
agressiva ou refratária, assim como aqueles com sítios de doença localizados. Além
disso, antimicrobianos locais são particularmente interessantes porque eles não têm
o risco de sensibilidade do paciente e de resistência bacteriana que estão
associados com os antibióticos sistêmicos, aliado ao fato de eliminarem a
necessidade de adesão do paciente5,18. No caso de periodontite generalizada, a
aplicação local de antimicrobianos pode tornar-se complicada e demorada. Mas no
caso de bolsas residuais ou sítios localizados é uma excelente alternativa.
Porém deve-se deixar claro que o uso de sistemas de antimicrobianos não
substitui a necessidade real da raspagem e alisamento radicular. A raspagem deve
ser feita antes ou durante a colocação do antimicrobiano e é importante para manter
a doença controlada. Esse fato é reconhecido na literatura e se justifica porque
sabe-se que o fenótipo bacteriano é diferente quando as bactérias se encontram na
forma livre daquele manifestado quando as bactérias estão associadas a um
biofilme, o que resulta em uma alteração na suscetibilidade aos agentes
antimicrobianos nessas duas formas40.
Portanto, apesar da heterogeneidade entre os estudos e os produtos
avaliados, a terapia antimicrobiana usada junto com o tratamento de raspagem
fornece um benefício adicional global sobre a raspagem sozinha, com uma redução
média na profundidade de sondagem de cerca de 0,5 mm, independentemente do
produto antimicrobiano avaliado.
37
Um estudo in vitro41 mostrou que o efeito da clorexidina 0,2% sobre a
vitalidade bacteriana em biofilme dental cultivado não era significante quando da
permanência de um a cinco minutos da solução no biofilme. Os autores só
verificaram uma redução significativa na contagem bacteriana após 60 minutos de
contato com a substância, mostrando a ineficácia da solução no biofilme organizado.
Esse resultado indica que para que haja previsibilidade de sucesso no controle do
biofilme e na redução da inflamação, faz-se necessária a desorganização prévia do
biofilme.
Um estudo clínico de gengivite experimental42 mostrou que em superfícies
recobertas por biofilme bacteriano, a clorexidina 0,12% apresenta limitado efeito
antiplaca e antigengivite havendo, portanto, mais inflamação gengival e maior
recobrimento da superfície dental por biofilme ao término do período experimental.
Mais uma vez, pode-se concluir que o uso da clorexidina deve ser coadjuvante e não
substitutivo da higiene oral e que há necessidade da ruptura estrutural da placa
bacteriana para que se tenha o efeito esperado.
O nosso trabalho foi de boca dividida (split-mouth) e foi separado em 4
grupos, de forma que foi possível avaliar o uso do antimicrobiano e da solução salina
associados ou não à raspagem. Esse tipo de estudo tem a proposta de remover
todos os fatores que possam interferir entre os sujeitos na comparação dos
tratamentos. A vantagem das comparações dentro do mesmo paciente (ao contrário
das comparações entre os pacientes) é que a variação do erro de confusão do
estudo pode ser reduzida, e dessa forma obtém-se um alto poder estatístico com um
menor número de pacientes selecionados para o estudo43. No entanto, para alguns
autores, nesse tipo de estudo os efeitos podem interagir entre os quatro métodos de
tratamento, principalmente na redução microbiológica. No presente estudo os
resultados não parecem ter sofrido esse problema44.
Na maioria dos estudos, o sítio selecionado para a aplicação local dos
agentes antimicrobianos é baseado na presença de bolsa profunda (5 mm). Estudos
com profundidades de bolsas inicialmente mais profundas demonstram uma
magnitude maior do efeito, com reduções de profundidades de bolsa acima de 2 a 3
mm, embora este efeito também ocorra nos sítios controle18. Por outro lado, em
sítios com profundidade de sondagem pequena, a técnica de raspagem pode
traumatizar o periodonto e causar perda de inserção. No nosso trabalho, um dos
38
critérios de inclusão foi a presença de, no mínimo, quatro sítios periodontais não
vizinhos, com profundidade de sondagem maior que 5 mm e perda de inserção
maior que 4 mm com sangramento à sondagem.
Por mais de 20 anos, várias classes de medicamentos e sistemas de
administração de fármacos têm sido investigados para complementar debridamento
mecânico18. O que se observa dos estudos são efeitos diferentes demonstrados
pelos vários compostos antimicrobianos aplicados topicamente. Essa diferença
depende não só da farmacologia, mas também da farmacodinâmica ou do veículo
em que são utilizados e que são responsáveis pela sua liberação. Este efeito é muito
claro quando se analisa, por exemplo, os resultados das três diferentes formas de
clorexidina. O melhor efeito é demonstrado pelo gel, seguido pelos chips e depois
pelo verniz, refletindo a capacidade do veículo de sustentar a liberação do produto
antimicrobiano. Logo, é importante não apenas selecionar o agente terapêutico, mas
o perfil farmacocinético resultante, principalmente devido ao veículo utilizado para a
aplicação tópica.
A clorexidina foi sintetizada na década de 1940 e foi inicialmente utilizada
como antisséptico para tratamento de lesões cutâneas, sendo somente
comercializada para fins odontológicos na década de 1970. Desde então, entre
todos os medicamentos existentes, a clorexidina é considerada gold standard ou
padrão ouro, não existindo mais dúvidas sobre a sua eficácia. Mas ainda assim ela
continua sendo extensivamente estudada, seja combinada com outros ingredientes
ou como um controle positivo. A clorexidina atinge seu efeito antimicrobiano através
de suas atividades bactericida e bacteriostática. Inicialmente, quando aplicada na
forma de solução, gel ou verniz, a concentração é tal que o agente é bactericida.
Todavia, a clorexidina liga-se às mucosas e superfícies dos dentes e,
posteriormente, é liberada de forma lenta, em concentrações bacteriostáticas,
durante várias horas. Diante do exposto, o que diferencia a clorexidina dos demais
agentes antimicrobianos é a sua substantividade. Sua duração de ação é
prolongada pela sua habilidade de adsorção às estruturas bucais e posterior
liberação lenta na forma ativa45.
Os pacientes desse estudo eram portadores de bolsas residuais e essas
tinham profundidade de sondagem > que 5 mm, por isso optamos por utilizar a
clorexidina, que é padrão ouro em antimicrobiano.
39
Diferentes formas de administração e aplicação da clorexidina têm sido
desenvolvidas, porém atingir o “alvo” não é tarefa fácil, devido às restrições
anatomofisiológicas inerentes às bolsas periodontais. Sabendo que a bolsa
periodontal tem um espaço reduzido e o acesso subgengival à superfície radicular é
difícil, sendo considerado inclusive um impedimento para a instrumentação
mecânica completa, pensou-se em utilizar um instrumento manual que é semelhante
em tamanho e forma à sonda periodontal e que pode ter valor como um mecanismo
para debridar superfícies radiculares subgengivais sem necessidade de remover o
cemento. O dispositivo utilizado foi um microbrush. O microbrush é um aplicador
descartável, flexível, de plástico, que termina em uma escova de nylon fina e é
utilizado para a aplicação de líquidos, tais como vernizes, adesivos e reveladores de
placa durante o tratamento odontológico46. A forma de administração utilizada foi o
gel, por ser mais fácil o transporte da mesma ao fundo da bolsa. O microbrush foi
utilizado embebido no gel de clorexidina e friccionando-o de encontro à raiz do dente
até o fundo da bolsa por 2 minutos (embebido na clorexidina a cada 30 segundos).
Optou-se por friccionar o gel porque a simples aplicação faria com que ele fosse
diluído na bolsa periodontal devido ao rápido turnover do fluido crevicular5.
Com relação à concentração de clorexidina utilizada para bochechos, as
concentrações usadas são variadas na literatura, comumente encontrando-se entre
0,2-0,1%, dependendo do grupo de pesquisa.
Keijser, J. A. M. e cols, em 2003, em um estudo clínico com 80 pacientes,
compararam as 2 concentrações de clorexidina quanto ao índice de placa,
alterações no paladar e duração do gosto da substância quando usadas da seguinte
forma: 10 ml em concentração de 0,2% (aproximadamente 20 mg) durante 60
segundos e 15 ml em concentração de 0,12% (aproximadamente 18 mg) durante 30
segundos, ambas em um período de 72 horas. Os resultados não mostraram
diferenças significativas entre as 2 concentrações, porém os pacientes desse estudo
foram mais favoráveis a realizarem bochechos por períodos reduzidos,
provavelmente porque a cooperação é maior quando o tempo é menor47.
Berchier, Slot e Van der Weijden, em 2010, fizeram uma revisão sistemática
com 10 trabalhos comparando 2 soluções de clorexidina em diferentes
concentrações (0,12 e 0,2%), utilizadas para bochecho, com relação ao acúmulo de
placa e parâmetros periodontais. Informações com relação ao efeito sobre
40
inflamação gengival foram escassos, com apenas 3 estudos fornecendo dados a
esse respeito. E o resultado não mostrou diferença no efeito de gengivite entre as 2
concentrações. Nenhum dos estudos avaliados comparou a profundidade de
sondagem da bolsa e / ou o nível de inserção periodontal. No que diz respeito à
inibição da placa, os resultados mostraram uma diferença pequena, mas significativa
a favor da concentração de clorexidina 0,2%. No entanto, concluíram que a
relevância clínica desta diferença é provavelmente insignificante48.
Portanto, como ambas as concentrações têm benefícios clínicos semelhantes,
deve-se preferir o uso da menor concentração para que os efeitos adversos da
substância sejam minimizados.
Quando se utilizou as diferentes concentrações (0,12 e 0,1%) em solução sob
a forma de irrigação subgengival, como mostrado no trabalho de Mohd Asari e
colaboradores, em 1996, em que foram avaliados 135 pacientes e 28, 56 e 84 dias
após, também não se encontraram diferenças estatisticamente significantes49.
Já quando se utilizou a forma de gel contendo 1% da substância nas
irrigações de bolsas periodontais, o procedimento se mostrou eficaz na melhoria
desses parâmetros50. A clorexidina em forma de gel é muito utilizada em
Endodontia. O gel deixa quase todos os túbulos dentinários abertos, porque sua
viscosidade mantém os detritos em suspensão, reduzindo a formação de smear
layer, o qual não ocorre com a forma líquida. Além disso, a formulação em gel pode
manter o “princípio ativo” da clorexidina em contato com os microrganismos por um
longo período, inibindo seu crescimento51.
O fato é que os estudos geralmente comparam as 2 concentrações diferentes
mais utilizadas (0,12 e 0,2%) em soluções para bochechos ou ainda como irrigação.
Como a concentração clássica é 0,2% e em virtude de termos nesse estudo bolsas
profundas, resolvemos avaliar o gel de clorexidina nessa concentração.
Quanto à localização dos sítios, 100% dos sítios desse estudo estavam
localizados nas regiões proximais. Isso está de acordo com a literatura, pois as
áreas interproximais apresentam o COL (união epitelial das papilas vestibulares e
linguais / palatinas), o qual apresenta na sua parede mole um epitélio pavimentoso
estratificado não queratinizado, com poucas camadas de células, ou seja, delgado,
com amplo espaço intercelular e, por isso, com grande permeabilidade. Por estas
características, somadas com a dificuldade de remoção da placa bacteriana de suas
41
superfícies, essa área torna–se um local preferencial para a instalação e
desenvolvimento da doença periodontal. Quando na presença de doença, o
sangramento ocorre devido às ulcerações sofridas no epitélio destas estruturas,
deixando exposto o córion gengival (tecido conjuntivo)52.
Assim como em outros estudos, também não foram observados efeitos
adversos significativos durante todo o período do estudo com o uso de
antimicrobiano local.
Ao compararem-se os grupos no início do tratamento não houve diferenças
estatisticamente significantes, observando-se que cada grupo do estudo tinham
áreas equivalentes a serem analisadas. Como nesse estudo os tratamentos
ocorreram no mesmo indivíduo, o erro de análise dos mesmos é diminuído,
possibilitando que estimativas mais precisas sejam obtidas.
O nível de inserção clínico (NIC) é o parâmetro que determina a extensão
da destruição dos tecidos periodontais. É o único parâmetro que pode determinar
com exatidão se está havendo perda progressiva no periodonto por conta da
doença. Para isso a verificação do NIC deve ser realizada em dois períodos
diferentes. Caso haja aumento do valor, está ocorrendo perda de inserção e
consequentemente atividade da doença periodontal. Os resultados dos níveis de
inserção clínica tiveram redução estatisticamente significante entre os períodos
(baseline para 180 dias) para os grupos RARC, CLX e RAR, podendo-se concluir
que todas as formas de tratamento levaram a resultados satisfatórios.
De fato, os estudos mostram que a raspagem e alisamento radicular é
eficiente para o tratamento da doença periodontal, em qualquer uma de suas
formas, seja manual, ultrasônica ou rotatória4,6. A raspagem associada ao uso de
antimicrobianos também mostra resultados satisfatórios26,28,29,30,31.
Mas por outro lado, existem estudos como o de Medaiah e colaboradores, de
2014, em que eles concluíram que o antimicrobiano local (nesse caso, o chip de
clorexidina) não proporcionou benefícios adicionais além do alcançado com o
tratamento convencional de raspagem e alisamento radicular, após um período de
três meses. Eles avaliaram 56 pacientes no baseline, 1 mês e 3 meses após,
dividindo esses pacientes em 3 grupos: um recebeu apenas raspagem, o segundo
raspagem mais chip de clorexidina e o terceiro apenas o chip. Porém, os autores
ressaltaram que as limitações do estudo precisam ser apreciadas, entre elas o
42
tamanho da amostra, onde uma amostra maior poderia ter dado outros resultados. E
a forma de inserção do chip, que deveria ser padronizada entre os estudos para que
se houvesse uma comparação fidedigna53.
O único grupo que não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05)
entre os períodos foi o grupo que se utilizou apenas a solução salina, que foi o
controle negativo, embora também tenha diminuído. Essa redução pode ser
explicada pelo “efeito de lavagem” da solução salina54.
Já entre os 4 grupos não houveram diferenças estatisticamente significantes.
Isso se explica pelos resultados no baseline. Também não houveram diferenças
estatisticamente significantes no início do estudo. Além é claro, do controle de placa
a que esses pacientes foram submetidos durante o período do estudo.
A profundidade de sondagem reduziu do inicio para o final do estudo (180
dias) e foi estatisticamente significante para os grupos de raspagem + clorexidina,
clorexidina e raspagem. Esses resultados estão de acordo com a literatura, pois a
raspagem com a desorganização do biofilme tem benefícios microbiológicos,
reduzindo espécies bacterianas periodontopatogênicas e benefícios clínicos,
reduzindo a inflamação, a profundidade de sondagem e a adesão epitelial,
mantendo níveis de inserção clínica estáveis ao longo do tempo3,55.
As diferenças observadas entre os grupos de raspagem associada à
clorexidina para o grupo controle negativo 30, 90 e 180 dias após a terapia também
era esperado, pois de acordo com a Academia Americana de Periodontia, 1997
(citado por Greenstein, 2000), o restabelecimento da saúde periodontal pode ser
evidenciado clinicamente a partir de 4 a 6 semanas após a instituição de terapia,
sendo às vezes necessário um período mais longo para que a melhora dos
parâmetros clínicos possa ser evidenciado (em torno de 90 dias)56.
A recessão gengival aumentou do ínicio para o final do estudo (180 dias) e
foi estatisticamente significante para todos os grupos. Esses resultados estão dentro
do esperado também, pois após a terapia inicial de raspagem e alisamento e/ou
instruções de higiene oral, espera-se que haja uma melhora nos parâmetros clínicos,
como redução da inflamação e redução na profundidade de bolsa. Entretanto deve-
se considerar que há a ocorrência de recessão gengival como decorrência do
tratamento e redução da inflamação tecidual. Sendo assim, quando a bolsa
periodontal apresenta pouca profundidade, a recessão gengival pode ser maior que
43
o benefício conseguido. Ao mesmo tempo bolsas mais profundas apresentam
ganhos de inserção maior que a recessão após a terapia. Nesse estudo, como as
bolsas eram profundas, observou-se aumento da recessão, mas houve melhora no
nível de inserção como mencionado anteriormente, sendo portanto considerados os
resultados como satisfatórios.
Há várias formas de se avaliar a presença de placa e inflamação gengival. A
escolha do índice de placa (IP) e do índice de sangramento gengival (IG) de Ainamo
& Bay, de 1975, ocorreram porque são bastante utilizados em diversos estudos e
são relativamente simples, onde os dados são anotados de forma dicotômica quanto
à presença e ausência. Estudos já mostraram que o uso de índices dicotômicos
possui precisão semelhante a métodos quantitativos, os quais trazem pouco ou
nenhum benefício clínico, não justificando o maior gasto de tempo no exame. Esses
índices foram propostos para descrever a inflamação da gengiva marginal,
demonstrando ser de fácil manipulação para o clínico e de rápido entendimento pelo
paciente.
O índice de placa (IP) é utilizado para determinar a presença do biofilme,
sendo relacionado com o grau de higiene do paciente. Nesse estudo o IP diminuiu
do ínicio para o final do estudo (180 dias) e foi estatisticamente significante para
todos os grupos. Acredita-se que o programa de controle de placa supragengival
realizado durante o estudo foi o responsável por essa redução no decorrer dos
períodos.
Após 30 dias, houve diferença estatisticamente significante no IP quando
comparou-se os grupos RAR com CLX (p<0,05). Isso explica-se porque a raspagem
desorganiza o biofilme placa e tem melhores resultados clínicos quando comparado
ao grupo com apenas clorexidina em que o biofilme não foi desorganizado.
O índice de sangramento gengival (IG) proposto por Ainamo & Bay35 (1975)
é realizado através de uma sondagem suave na entrada do sulco gengival (1 a 2
mm), com inclinação de 60 graus em relação ao dente, percorrendo o espaço do
sulco de uma proximal a outra. Esse índice foi adaptado a partir do índice de Loe
(1967) e tem sido bastante utilizado em pesquisas epidemiológicas. O objetivo desse
índice é analisar o comportamento do sulco gengival. Não existe a preocupação de
quantificar o sangramento, pois a noção básica é que se houver sangramento, existe
a doença periodontal e também a necessidade de tratamento.
44
À semelhança do índice de placa, também diminuiu do ínicio para o final do
estudo (180 dias) e foi estatisticamente significante para todos os grupos. Entre os
grupos não houve diferença estatisticamente significante.
O parâmetro clínico Sangramento à sondagem (SS) foi feito observando a
presença ou ausência de sangramento após 30 segundos da inserção da sonda
periodontal na bolsa. O sangramento após algum estímulo ocorre devido à micro-
ulcerações no epitélio sulcular e tem sido frequentemente utilizado como parâmetro
de avaliação da gengiva devido à sua objetividade e facilidade. Esse parâmetro deve
ser avaliado porque mesmo na ausência de alterações visuais, os sítios podem
apresentar sangramento, o que coloca a presença de sangramento como um sinal
que antecede as alterações visuais57. Por outro lado, em alguns casos o
sangramento à sondagem positivo não necessariamente indica a presença de
doença. Mas o sangramento à sondagem negativo é um excelente indicador de
saúde periodontal. Por isso esse dado deve ser sempre correlacionado com outros
dados clínicos, para que se chegue a um diagnóstico preciso.
O sangramento à sondagem diminuiu do ínicio para o final do estudo (180
dias) e foi estatisticamente significante para todos os grupos. Entre os grupos não
houve diferença estatisticamente significante.
A diminuição desses 3 parâmetros clínicos supracitados é perfeitamente
compreensível em virtude dos tratamentos de raspagem e controle de placa
realizados.
Com relação aos parâmetros microbiológicos, considerando-se que a doença
periodontal é causada por um desequilíbrio entre o biofilme placa e o sistema de
defesa do hospedeiro, monitorar o número de patógenos periodontais é interessante
antes e depois dos tratamentos. Dessa forma, optamos por utilizar a reação de
polimerase em cadeia (PCR), que é uma das tecnologias mais precisas atualmente
e fornece quantidade precisa de bactérias.
Embora mais de 500 microrganismos diferentes possam ser encontrados na
microbiota subgengival, apenas um número limitado de espécies bacterianas, os
chamados periodontopatógenos, como Aggregatibacter actinomycetemcomitans
(Aa), Porphyromonas gingivalis (Pg), Prevoltella intermedia (Pi) e Tannerella
forsythia (TF) são conhecidos como os principais patógenos encontrados nas
doenças periodontais. Dessa forma o tratamento da doença periodontal está
45
associado com sucesso na remoção e redução destes microorganismos. Nesse
trabalho, para avaliarmos os tratamentos, analisamos as 4 bactérias supracitadas.
Quanto aos resultados, os grupos RARC e CLX demonstraram redução
significante na porcentagem de todas as bactérias avaliadas do início para o final do
estudo (p<0,05).
Também no trabalho de Matesanz e colaboradores58, de 2013, houve
reduções significativas na contagem dos patógenos selecionados (P. intermedia, F.
nucleatum e P. Micra) quando foi comparado o uso do antimicrobiano (gel xantano
de clorexidina 1,5%) com raspagem e raspagem sozinha no tratamento dos
pacientes com periodontite crônica. Nesse estudo o grupo RARC foi o que
apresentou menor prevalência de bactérias presentes quando comparadas às
diferenças entre os grupos. Mas também houveram reduções significantes no grupo
da clorexidina para todos os patógenos. Esses resultados só confirmam o que a
literatura defende: que o uso de raspagem não deve ser negligenciado. Mas se for
associado ao uso de antimicrobianos pode mostrar resultados ainda melhores.
Reunidas todas as informações, pode-se dizer que a raspagem e alisamento
radicular associada ao uso de gel de clorexidina 0,2% aplicado com microbrush
mostrou-se eficiente na melhora dos parâmetros clínicos e microbiológicos em um
período de 6 meses.
46
7 CONCLUSÃO
Dentre as limitações deste estudo e de acordo com os resultados clínicos e
microbiológicos obtidos, concluiu-se que a utilização de gel de clorexidina 0,2%
aplicado com microbrush, associado ou não a raspagem, como alternativa para o
tratamento de bolsas periodontais residuais:
Na comparação com os outros tratamentos não apresenta alterações
clínicas significativas.
Promove benefícios clínicos e microbiológicos em um período de 6
meses.
47
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51
ANEXO 1 – CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA ATENDIMENTO DOS PACIENTES
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ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO
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ANEXO 3 – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE
ETICA
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ANEXO 4 – FICHA CLÍNICA PERIODONTAL DO PACIENTE
Ficha Clínica do Pesquisador / Paciente nº ____
Nome:______________________________________________________________ Endereço: _________________________________________________ nº________ Complemento: ___ Bairro: ____________ Cidade: ________________ Estado: ____ Telefones: (__) ___________res./(__)____________com. / (__) ______________cel. Idade: ___ anos - Data de Nascimento: ___/___/_____ Sexo: __________________
1º Exame: ____ /____ /_____
Inicial – Dia -2 Inicial – Dia 0 Tratamento Dente Sítio IP IG PS RG NIC SS
2º Exame: ____ /____ /_____ (Após 30 dias)
Inicial – Dia 28 Inicial – Dia 30 Tratamento Dente Sítio IP IG PS RG NIC SS
3º Exame: ____ /____ /_____ (Após 90 dias)
Inicial – Dia 28 Inicial – Dia 30 Tratamento Dente Sítio IP IG PS RG NIC SS
4º Exame: ____ /____ /_____ (Após 180 dias)
Inicial – Dia 28 Inicial – Dia 30 Tratamento Dente Sítio IP IG PS RG NIC SS
LEGENDA:IP - Índice de Placa (0/1) / IG - Índice Gengival (0/1) / PS - Profundidade de Sondagem (mm) / RG – Recessão Gengival (mm) / NIC - Nível de Inserção Clínico (mm) / SS - Sangramento à Sondagem (1/0)