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Page 1: Aumenta número de cursos da PUC-SP com 5 estrelas · duação da PUC-SP, referentes ao primeiro semestre de 2010. Veja a lista completa das áreas ofereci-das e conheça os editais

Jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Ano 1 Número 111ª quinzena

outubro - 2009

www.pucsp.br

Mestrado e doutoradoInscrições abertas para 2010

Até 13/11, estão abertas as ins-crições para os cursos de pós-gra-duação da PUC-SP, referentes ao primeiro semestre de 2010. Veja a lista completa das áreas ofereci-das e conheça os editais de seleção pelo site www.pucsp.br/pos. Infor-mações: (11) 3670-8526 ou pelo e-mail [email protected].

Aumenta número de cursos da PUC-SP com 5 estrelas Instituição ainda concorre ao prêmio Melhores Universidades 2009

Docente tornou-se o único do país a ter o título pela PUC-SP e pela USP

A premiação Melhores Universi-dades 2009, do Guia do Estudante (Ed. Abril), concedeu estrelas para 25 cursos da PUC-SP (um a mais que na avaliação do ano passa-do). Este ano, sete graduações tiveram a pontuação máxima de cinco estrelas (dois a mais em rela-ção a 2008): Ciências Contábeis,

Guia do Estudante 2009

Conselho Universitário

Cátedra

Ex-alunoRe

prod

ução

Thiago Pacheco

Gravura

Projeto Giclée traz artistas plásticos ao Tuca Artistas consagrados e novos

expõem e vendem suas peças a preços mais acessíveis no Tuca, até 12/11.

A ação ocorre dentro do projeto Giclée, uma técnica de gravura moderna e inovadora de impres-são digital a jato, de alta resolu-ção, que reproduz originais com fidelidade.

Paulo de Barros Carvalho recebe título de professor emérito

Entrevistamos Rafael Cortez

Na noite de 21/9, o Conselho Universitário (Consun) realizou ses-são solene no Tuca para entrega do título de professor emérito a Pau-lo de Barros Carvalho, docente do Departamento das Relações Tribu-tárias, Econômicas e Comerciais e coordenador do Pós-Graduação em Direito. A homenagem foi proposta pela Associação de Pós-Graduandos (APG).

Paulo de Barros Carvalho dá aulas na PUC-SP há 39 anos. Em junho, também recebeu o título de professor emérito pela USP, tornando-se assim o único a ter a honraria pelas duas principais escolas jurídicas do país.

Ambos representam o coroamento de uma longa e frutífera carreira nas áreas de Direito Tributário e Direito Público.

Repórter do CQC, programa exibi-do às segundas-feiras pela TV Ban-deirantes, Rafael Cortez concedeu entrevista exclusiva ao jornal PUC em Notícias.

Nesta edição, o jornalista de 32 anos, formado pela PUC-SP, conta

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IDireito, Geografia, Jornalismo, Pe-dagogia, Psicologia e Serviço So-cial; com quatro estrelas, ficaram: Administração, Ciências Atuariais, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Comunicação das Artes do Corpo, Enfermagem, Filosofia, Fonoaudiologia, História, e Publi-cidade e Propaganda; com três: Ciências da Computação, Comu-nicação em Multimeios, Engenha-ria Elétrica, Física, Medicina, Rela-

Semana Acadêmica divulga saber produzido pelos alunosDireito dos

refugiados

De 19 a 24/10, se realiza a 6ª Semana Acadêmica, com o tema Pesquisa: Direitos Humanos, Tecnologias e Inserção Social. A semana reúne o 3º Congresso de Pesquisa Discente e o 18º En-contro de Iniciação Científica (dia 21/10).

Durante o 3º Congresso de Pes-quisa Discente, haverá apresen-tação de estudos de graduação e de pós-graduação.

Os simpósios são abertos para

A Cátedra Sérgio Vieira de Mello promoveu, no último dia 23/9, a exibição do filme Sérgio Vieira de Mello – A caminho de Bagdá, de Simone Duarte, seguida de deba-te com a professora Eloisa Arruda (Fac. de Direito).

A docente, que trabalhou com Vieira de Mello no Timor Leste em 2001, falou sobre aspectos do di-reito internacional dos refugiados na atualidade.

Criada pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Re-fugiados (ACNUR) para aproxi-mar as universidades da temática dos refugiados, a Cátedra Sér-gio Viera de Mello tem objetivos acadêmicos (ensino e difusão do tema) e sociais (auxílio e apoio à integração local de refugiados na comunidade).

A Cátedra presta ainda uma ho-menagem ao diplomata brasilei-ro que, depois de dedicar parte de sua vida à causa dos refugia-dos, morreu em atentado terro-rista contra o escritório da ONU, em Bagdá (Iraque), em agosto de 2003. |pág.4

alunos ouvintes.Já o 18º Encontro de Iniciação

Científica reunirá 349 pesquisas. Participarão do evento 485 estu-dantes expositores e 282 docen-tes orientadores. A abertura do evento acontece às 9h, no Tuca. Os alunos apresentarão os resul-tados das pesquisas, desenvolvi-das no período 2008-2009, em pôsteres no Prédio Novo (campus Monte Alegre) e em 47 sessões coordenadas. |pág.4

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ções Internacionais, Secretariado Executivo Trilíngüe e Turismo. Além das estrelas, a PUC-SP é finalista de duas categorias da premiação Melhores Universidades 2009. Em As melhores por área de conheci-mento – escolas privadas, a Uni-versidade concorre nas sub-cate-gorias Administração e Negócios e Ciências Sociais e Humanas. Os vencedores serão anunciados dia 27/10). |pág.4

Livre-docente e pós-doutorado pela PUC-SP, Paulo de Barros Carva-lho é autor de inúmeros livros, artigos e pareceres, além de ser fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários.

Além da carreira profissional do professor, aspectos de sua persona-lidade foram exaltados durante a ce-rimônia, marcada por homenagens.

“Sigo sempre um lema que me foi passado pelo professor Lourival Vilanova, ‘a estratégia do respeito’. O respeito pelo próximo realiza um princípio ético fundamental. Quando ouvimos alguém, nos credenciamos para ser ouvidos também”, afirmou o professor.

Ao longo de sua história, a PUC-SP já concedeu 14 títulos de professor emérito. |pág.3

Ao todo, participam 36 artis-tas que estiveram na OFF Bienal 2008 e foram selecionados pelo curador e crítico de arte Carlos von Schmidt.

Entre outros, será possível ter acesso a obras de Ivald Grana-to, Antonio Peticov, Cláudio Tozzi, Guto Lacaz e Gustavo Rosa. A en-trada é gratuita. |pág.7

como fez para entrar no programa, por que escolheu a Universidade para estudar, sua paixão pela música e, sobretudo, se define: “sou verbor-rágico, inquieto, prolixo, inconstante, investigativo, enfim, um cara tomado de coisas”. |pág.8

Jornalista ouve alunas para matéria da TV PUC, no final de setembro

Encontro de Iniciação Científica de 2008

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Dia 21/10, às 18h30, o professor Antonio Marcio da Cunha Guimarães lança o livro Tratados internacionais (editora Aduaneiras), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073).

Direito

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02

Reitores se reúnem no Chile Editorial

Rafael Cortez está insatisfeito. Aos 32 anos, o repór-ter do programa CQC revelou em entrevista exclusiva às jornalistas Priscila Lacerda (texto) e Bete Andrade (fotos) que se sente feliz com o que conquistou, mas não quer se acomodar. “Em cada fase da minha vida sou insatisfeito com alguma coisa. Enquanto eu for angustiado, inquieto e agitado vou estar num bom caminho”, afirma o jovem, formado em jornalismo pela PUC-SP. Rafael revela que escolheu a Universidade porque “queria estudar num lu-gar com pessoas legais, história e tradição”. Além da en-trevista publicada nesta edição, vale a pena consultar um álbum de fotos do jornalista no blog http://blog.pucsp.br/pucemnoticias.

A inquietação que move Rafael Cortez é uma caracterís-tica dos alunos da PUC-SP, seja na vida profissional, aca-dêmica e até mesmo política. Tal sentimento se revela, por exemplo, na 6ª Semana Acadêmica, que se realizará entre os dias 19 e 24/10. O evento reúne a pesquisa produzida pelos alunos e professores da Universidade e tem como tema Pesquisa: Direitos Humanos, Tecnolo-gias e Inserção Social. A Semana Acadêmica integra o 3º Congresso de Pesquisa Discente (de 19 a 24/10) e o 18º Encontro de Iniciação Científica (dia 21/10).

Outro tipo de inquietação, a política, marcou profunda-mente o movimento estudantil durante o regime militar (1964-1985), levando alunos da PUC-SP a lutar por um país mais justo. No último dia 22/9, o ministro Paulo Vannuchi (Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República) esteve na Universidade para homenagear cinco ex-alunos que pagaram com suas próprias vidas a insatisfação com os rumos do país na-quela época. Vannuchi inaugurou um memorial em ho-menagem aos estudantes, que pode ser visto no saguão do Tucarena.

Ainda nesta edição, é possível conferir a história vito-riosa de um bacharel em Direito pela PUC-SP que há quase 40 anos é docente da Universidade: o ex-aluno Paulo de Barros Carvalho, que acaba de receber o título de professor emérito.

Boa leitura!

Grão-Chanceler: Dom Odilo Pedro SchererReitor: Dirceu de Mello Vice-reitor: Antonio Vico Mañas Pró-Reitores: André Ramos Tavares (Pós-Graduação) Haydee Roveratti (Educação Continuada)Hélio Roberto Deliberador (Cultura e Relações Comunitárias) José Heleno Mariano (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão) Marina Graziela Feldmann (Graduação)Chefe de Gabinete: Cláudio José Langroiva Pereira Diretora da Divisão de Comunicação Institucional: Eveline Denardi (MTb 27.655)Edição: Thaís Polato (MTb 30.176) Reportagem:Bete Andrade Eveline Denardi Priscila Lacerda Thaís Polato Thiago Pacheco Assistente-administrativa: Vera LucasProjeto Gráfico e Editoração: Núcleo de Mídias Digitais Impressão: Artgraph Tiragem: 2 mil exemplares Redação: Rua Monte Alegre, 984, sala T-34 Perdizes, São Paulo, SPCEP 05014-901Tel.: (11) 3670-8196E-mail: [email protected]

1ª quinzena de outubro - 2009 A melhora qualitativa da educação brasileira nos ní-veis fundamental e médio é o principal desafio apontado para as universidades comu-nitárias durante a 16ª edição do Fórum Nacional de Exten-são e Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comuni-tárias (ForExt), realizado em conjunto com a XI Assembléia Nacional, em Porto Alegre, de 21 a 23/9.

Organizado pela PUC-RS, o evento contou com a par-ticipação do professor Hélio Deliberador, pró-reitor de Cultura e Relações Comunitá-rias da PUC-SP e teve como tema Marco Regulatório da Extensão: contribuições das IES Comunitárias. “A ex-periência foi muita rica. É im-portante estabelecer contato com o que as outras universi-dades comunitárias têm reali-zado em sua principal interfa-ce com a sociedade, que é a área de extensão, e assim es-

As orientações da encíclia Caritas in veritate serviram este ano de mote para o XV Encontro de Reitores de Universidades Católicas da América Latina e do Caribe. Realizado na Universidade Católica do Norte, em Anto-fagasta, no Chile, entre 14 e 16/9, o evento contou com a presença do reitor Dirceu de Mello. “Pude perceber o res-peito que as instituições têm

No dia 18/9, às 20h40, a PUC-SP recebeu multa de R$ 792,50 após agentes do Procon terem flagrado pessoas fumando no campus Monte Alegre, em frente às sa-las 109, 222-E, 316 e 502 do Prédio Novo. Os fiscais (que vieram à Universidade após terem recebido quatro de-núncias) localizaram também bitucas em diversos locais do Prédio Novo. “A maioria dos fumantes respeita a lei. A Uni-versidade pagou pela falta de cidadania de alguns integran-tes da comunidade. A respon-sabilidade de zelar para que nossa Universidade não fique vulnerável a novas sanções é de todos”, afirmou Hélio Deli-berador, pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias.

Caso a Universidade seja autuada novamente, o valor da multa dobra. A sanção se-guinte seria fechar a Institui-ção por dois dias seguidos e, em caso de outra reincidên-cia, por um mês.

Thaís Polato

Universidades comunitárias

Instituições católicas

Lei Antifumo

tabelecer metas em comum”, considera Deliberador. Para o professor, a extensão univer-sitária se dá em duas frentes. Uma delas ocorre pela inova-ção do conhecimento, com a produção e o resultado de pesquisas acadêmicas. A ou-tra por meio dos serviços que a instituição oferece.

“No primeiro caso, em que a interface com a sociedade se dá com os órgãos públicos e privados, há uma tendência a parcerias para fomento de tecnologia, questões ambien-tais e pesquisas em biome-dicina, áreas em que nossa Universidade ainda precisa avançar”, afirmou Delibera-dor, ressaltando que o projeto PUC Inovação, da Vice-Rei-toria, surge justamente para buscar suprir tais necessi-dades. “No que diz respeito aos serviços, estamos bem encaminhados, temos gran-de tradição e respeito, mas isso não deve nos impedir de avançar”, considera.

pela PUC-SP”, disse o pro-fessor.

O encontro contou com 78 participantes, entre dirigentes e professores de diversos paí-ses, que abordaram questões de interesse das escolas su-periores católicas para fixar rumos, orientações e manei-ras de proceder, com base na encíclica publicada este ano pelo Papa Bento XVI (leia re-portagem sobre o documen-to na pág. 5).

Entre as diretrizes retiradas

Professor Dirceu de Mello esteve em Antofagasta entre 14 e 16/9

PUC-SP é multada

Fórum na PUC-RS debate extensão e serviços

Inovação

do encontro, estiveram duas sugeridas pelo reitor Dirceu de Mello. “A primeira diz res-peito ao fato de que, para sensibilizar o jovem para a encíclica, é preciso que seus postulados básicos sejam tra-duzidos para uma linguagem mais acessível”, disse o pro-fessor.

EXPERIÊNCIA - A outra sugestão foi uma maior aber-tura das instituições católicas. “Neste caso, levei mais do

que uma sugestão, mas uma experiência bem-sucedida. Na PUC-SP, temos a diver-sidade de credos presente e respeitamos isso, mas sem perder de vista que somos uma universidade católica, sem agredir aqueles postula-dos que orientam a organiza-ção”, afirmou o reitor.

O próximo Encontro de Rei-tores de Universidades Cató-licas da América Latina e do Caribe ocorre em 2010, em El Salvador.

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ção

Encontro reuniu dirigentes e professores de países da América Latina e do Caribe

No 13/10, PUC-SP e Pre-feitura de São Paulo dão continuidade ao seminá-rio Planejamento, produção, distribuição e avaliação de cursos para capacitação de servidores públicos, no Tuca. Das 13 às 18h, haverá a con-solidação de propostas para direcionar a implementação de projetos conjuntos.

O evento teve início no dia 2/10, com o objetivo de firmar um protocolo de intenções entre a PUC-SP e a Secretaria Municipal de Modernização, Gestão e Desburocratização. A idéia é que a Universidade con-tribua na implantação de educação a distância volta-da à capacitação de servi-dores públicos municipais. O evento é organizado pela Vice-Reitoria, no âmbito do projeto PUC Inovação, e a programação, destinada aos gestores de treinamento da Prefeitura. Participam os pro-fessores Antonio Vico Mañas (vice-reitor), Eduardo Naka-miti (equipe da vice-reitoria) e Maria Elizabeth Almeida (pós em Educação: Currí-culo), além do secretário de Gestão Rodrigo Garcia.

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A profa. Rosa Nery foi a vencedora da categoria Direito do Prêmio Jabuti 2009, com o livro Introdução ao pensamento jurídico e à Teoria Geral do Direito Privado (Editora Revista dos Tribunais).

Prêmio Jabuti

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03Conselho Universitário

Paulo de Barros Carvalho é professor emérito da PUC-SP. Na noite de 21/9, o Con-selho Universitário (Consun) realizou sessão solene no Tuca para entrega do título ao professor do Departa-mento das Relações Tribu-tárias, Econômicas e Co-merciais e coordenador do Pós-Graduação em Direito.

Docente tornou-se o único do país a ter o título pela PUC-SP e pela USP

Paulo de Barros Carvalho é professor emérito

Thaís Polato

A homenagem foi propos-ta pela Associação de Pós-Graduandos (APG).

Paulo de Barros Carva-lho começou sua história na PUC-SP há quase meio século, se somados aos 39 anos de magistério os dois anos em que foi assistente do prof. Geraldo Ataliba e os outros cinco em que cursou a graduação. “Nessa cami-nhada participei de muitos acontecimentos importantes da vida da PUC-SP. Alguns feitos de apreensão e an-siedade, mas muitos outros de satisfação e alegria. Se pensarmos que dos instan-tes difíceis podemos tirar lições preciosas e aumen-tar o cabedal de nossa ex- periência, não seria exces-sivo dizer que aproveitei intensamente desse longo intervalo de tempo, que se confunde não só com a evo-lução da minha vida, mas também com a própria tra-jetória existencial da Facul-dade de Direito”, afirmou durante a cerimônia.

Professor emérito também pela Universidade de São Paulo, desde junho deste

ano, Paulo de Barros Carva-lho tornou-se agora o único docente a ter o título pelas duas principais instituições de ensino jurídico do Brasil. Ambos representam o coroa- mento de uma longa e fru-tífera carreira nas áreas de Direito Tributário e Direito Público.

Livre-docente e pós-dou-torado pela PUC-SP, Paulo de Barros Carvalho é autor de inúmeros livros, artigos e pareceres, além de ser fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Estu-dos Tributários. “Sua obra o consagra. Trabalhador incansável, ainda que sem as aflições da pressa, Paulo de Barros Carvalho soube empregar generosamente o tempo. Por esse motivo, tornou-se dono de uma obra admirável que inclui dez livros, traduzidos para vários idiomas, obras em co-autoria, centenas de ar-tigos, conferências e pare-ceres publicados nas mais prestigiosas revistas jurídi-cas do Brasil e do exterior”, afirmou o professor Roque Antonio Carrazza, chefe do

Depto. de Direto das Rela-ções Tributárias, Econômi-cas e Comerciais. Carrazza considera três as obras de-finitivas de Paulo de Barros Carvalho: Direito Tributário: fundamentos jurídicos da incidência; Curso de Direito Tributário; e, mais recen-temente, Direito Tributário, linguagem e método.

Além da carreira profissio-nal do professor, aspectos de sua personalidade foram exaltados durante a cerimô-nia. Paulo de Barros Carva-lho foi definido pelos que o homenagearam como um homem paciente e cordial. “Afável, polido, gentil, cor-dato e sensível aos proble-mas de seu ciclo acadêmi-co, pessoal e profissional, Paulo de Barros Carvalho se caracteriza pela temperan-ça dos sábios e não pelos arroubos dos brutos. É um verdadeiro cavalheiro. Sabe que dirigir colegas signifi-ca tolerar, ouvir e decidir”, afirmou o professor Marcelo Figueiredo, diretor da Facul-dade de Direito e integrante do Consun.

Paulo de Barros Carvalho

A outorga do título de professor emérito a Paulo de Barros Carvalho contou com a presença de professores, funcionários, alunos, familiares e amigos do docente. Tam-bém compareceram autoridades como Antônio Soares da Costa Neto (Delegado de Polícia de Botucatu), Bernardo Cabral (consultor da presidência da Confederação Nacional do Comércio), Eutálio Porto (Desembargador), Mário Sérgio Duarte Garcia (Membro Honorário Vitalício da Ordem dos Advogados do Brasil), Natalia de Nardi Dacomo (presidente do Conselho Municipal de Tributos do Município de São Paulo), Núncio Theophilo Neto (Diretor da Faculdade de Direito do Mackenzie) e Roberto Se-nise Lisboa (Promotor de Justiça do Consumidor do Ministério Público de São Paulo).

A mesa de outorga do título foi composta pelos professores Dirceu de Mello (reitor), Vidal Serrano (docente da Faculdade de Direito, na cerimônia representando o grão-chanceler Dom Odilo Pedro Scherer) e Marco Antonio Marques da Silva (vice-coorde-nador do pós em Direito, representou na cerimônia o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Roberto Antonio Vallim Bellocchi).

O professor também recebeu homenagens dos professores Marcelo Figueiredo (dire-tor da Faculdade de Direito e integrante do Consun), Thiago Matsushita (representante dos proponentes do título) e Roque Antonio Carrazza (chefe do Depto. de Direto das Relações Tributárias, Econômicas e Comerciais).

Leia a seguir trechos dos depoimentos em homenagem ao professor Paulo de Barros Carvalho:

“Rendo a minha homenagem particular a esse grande professor. O Tuca tem sido palco de grandes acontecimentos e o evento dessa noite ficará na nossa lembrança para todo o sempre como um dos mais significativos.”

Dirceu de Mello, Reitor

“Se há uma marca indelével que deve ser ressaltada na biografia do nosso home-nageado, essa diz respeito à sua atuação como pesquisador, doutrinador e pensador verdadeiramente original de nossa ciência jurídica. O professor Paulo de Barros Car-valho sabe escolher seus objetivos e trabalha incansavelmente para alcançá-los. Por isso, conta com muitos amigos e colaboradores como os que estão aqui hoje.”

Marcelo Figueiredo, Diretor da Faculdade de Direito

PUC-SP já concedeu 14 títulos de professor emérito

1985 - Joel Martins - Humberto Cerruti - Aniela Mayer Ginsberg1989 - Haroldo Eurico Browne Campos1990 - Walter Edgard Maffei1994 - Marcello Damy de Souza Santos1996 - Suzana A. Rocha Medeiros

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Paulo de Barros Carvalho

Platéia aplaude coroamento da carrerira do jurista

afirmou: “sigo sempre um lema que me foi passado pelo professor Lourival Vi-lanova, ‘a estratégia do res-peito’. O respeito pelo pró-

ximo realiza um princípio ético fundamental. Quando ouvimos alguém, nos cre-denciamos para ser ouvidos também”.

“O professor Paulo de Barros Carvalho é titular das duas melhores faculdades de Direi-to do Brasil (PUC-SP e USP). Até hoje o único a conquistar as duas cátedras por concurso e ainda por cima na mesma disciplina. Mas com a certeza que a amizade de quase 40 anos me funde sei que seu amor intelectual está na PUC-SP. Aqui se formou, aqui galgou todos os degraus da carreira universitária, aqui continua lecionando. Aqui influiu para que uma de suas filhas, Priscila, se graduasse em Direito, e aqui tem um neto, Bruno, que ora cursa o primeiro ano da mesma graduação. Aqui, em resumo, mora o seu coração.”

Roque Antonio Carrazza, Chefe do Depto. de Direto das Relações Tributárias, Econômicas e Comerciais

“Para mim é uma honra muito grande ter sido escolhido pelo grão-chanceler para representá-lo nesta cerimônia. Os nossos grandes ícones, como Paulo de Barros Carva-lho, precisam ser de fato engrandecidos porque são referências para as futuras gerações sobre quais caminhos devem ser trilhados e como o conhecimento deve ser construído numa universidade.”

Vidal Serrano, professor da Faculdade de Direito, na cerimônia representando Dom Odilo Pedro Scherer

“Quando nós, da Associação dos Pós-Graduandos da PUC-SP, fomos instados pelos alunos a encaminhar ao digníssimo prof. Roque Carrazza, juntamente ao prof. Lauro Ishikawa, a petição inicial de pedido de outorga do título de professor emérito, vi ali a possibilidade de, mesmo que minimamente, retribuir um pouco daquilo que ele havia feito por mim e por todos os seus alunos.”

Thiago Matsushita, representante dos proponentes do título.

1997 - André Franco Montoro - Pedro Augusto da Cunha2002 - Carmen S. de Alvarenga Junqueira2003 - Maria Antonieta Alba Celani2004 - Salma Tannus Muchail2007 - Celso Antonio Bandeira de Mello2009 - Paulo de Barros Carvalho

Cerimônia é marcada por homenagens

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Dia 20/10, às 20h, o Núcleo Artístico DR apresenta o espetáculo de dança Ensaio, no Tucarena. Saiba mais em www.teatrotuca.com.br. Informações: (11) 3670-8462.

Dança

www.pucsp.br

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José Wilson Lessa Sabbag – “Presente!”; Maria Augus-ta Thomaz – “Presente!”; Luiz Almeida Araújo – “Pre-sente!”; Carlos Eduardo Pires Fleury – “Presente!”; Cilon da Cunha Brum – “Presente!”. É claro que José Wilson, Maria Augusta, Luiz Almeida, Carlos Eduardo e Cilon não estavam presen-tes no Tucarena, na noite de 22/9. Os cinco ex-es-tudantes da PUC-SP foram mortos durante o regime militar (1964-1985). Mas, a cada chamada de seus nomes, um coro respondia por eles – um perseverante esforço para manter vivas, na memória popular, essas cinco histórias de luta pela redemocratização do país.

“Já perdemos quatro ba-talhas, ao longo de nossa história. Deixamos de pre-servar a memória do geno-cídio indígena, da escravi-dão, do Estado Novo e da época do coronelismo”, de-clarou o ministro Paulo Van-nuchi (Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República). “Esta batalha de recuperar e divulgar as violações aos direitos humanos duran-te o regime militar ainda está aberta, sem resultado definido. Não queremos revanche, mas saber o que houve, quem fez e definir as responsabilidades de cada um. O que não podemos é deixar essa memória no passado”, completou.

Um dos instrumentos usa-dos nessa batalha é o pro-jeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria, que além de exposições fotográficas e seminários prevê a instalação dos me-moriais (foto acima) Pes-

Uma semana para reunir o conhecimento construído na PUC-SP, refletir e trocar experiências sobre as pes-quisas realizadas na institui-ção. É com esse espírito que a Universidade promove a 6ª edição da Semana Aca-dêmica. Este ano o tema é Pesquisa: Direitos Humanos, Tecnologias e Inserção So-cial. Ele integra dois eventos distintos: o 3º Congresso de Pesquisa Discente (de 19 a 24/10) e o 18º Encontro de Iniciação Científica (dia 21/10).

Pela primeira vez, a Se-mana Acadêmica envolve-rá três Pró-Reitorias. Para o professor André Ramos Tavares, pró-reitor de Pós-Graduação, ela deverá ser uma amostra do potencial de desenvolvimento e inte-gração da PUC-SP por meio da pesquisa. Ele ressalta que os dois grandes even-tos da Semana Acadêmica reúnem tanto as diversas gerações de pesquisadores

Thiago Pacheco

Thiago Pacheco

Guia do Estudante

A premiação Melhores Uni-versidades 2009, do Guia do Estudante (Ed. Abril), conce-deu estrelas para 25 cursos da PUC-SP – uma graduação a mais em relação à avalia-ção do ano passado. Aumen-tou também o número de graduações da Universidade com a pontuação máxima de cinco estrelas: neste ano, fo-ram sete; em 2008, haviam sido cinco cursos.

PUC-SP recebe mais estrelas na graduaçãoThiago Pacheco

VEJA QUE CURSOS RECEBEREM ESTRELAS

Cinco estrelas: Ciências Contábeis, Direito, Geografia, Jornalismo, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social

Quatro estrelas: Administração, Ciências Atuariais, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Comunicação das Artes do Corpo, Enfermagem, Filosofia, Fonoaudio-logia, História, e Publicidade e Propaganda

Três estrelas: Ciências da Computação, Comunicação em Multimeios, Engenharia Elétrica, Física, Medicina, Relações Internacionais, Secretariado Executivo Trilíngüe e Turismo

Inauguração marcou também os 32 anos da invasão do campus Monte Alegre por tropas da Polícia Militar

6ª edição do evento se realiza entre 19 e 24/10

Memorial recorda alunos da Universidade mortos durante a ditadura

Semana Acadêmica reúne pesquisa discente

medida em que é mais um dos indicadores da qualida-de dos cursos da PUC-SP.

DIFERENCIAIS – Ela aponta cinco fatores que qualificam as graduações da instituição.

“Entre nossos diferenciais, temos o trabalho dos coor-denadores no cotidiano dos cursos, em conjunto com professores, funcionários e alunos. Também temos a compreensão de que a pes-quisa é um dos componen-tes do ensino e, portanto, deve ser incentivada desde a graduação. Considero importante, ainda, o olhar pedagógico focado no alu-no, ou seja, o diálogo cons-tante entre os professores e alunos, e a inserção dos estudantes em trabalhos co-munitários. Além, é claro, da qualificação de nosso corpo docente e seu com-promisso com a formação discente e a transformação da sociedade”.

soas Imprescindíveis. Foi a inauguração de um destes painéis (já são 12, em sete cidades), com a trajetória dos cinco alunos da PUC-SP mortos durante a ditadu-ra, que trouxe o ministro à Universidade.

Estiveram na mesa de homenagens o professor Marcelo Figueiredo (diretor da Faculdade de Direito, representando o reitor Dir-ceu de Mello), o ex-ministro da Justiça José Gregori (representando o prefeito paulistano Gilberto Kas-sab), o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, e o presidente do CA 22 de Agosto (Direito PUC-SP), Marco Antonio da Costa. “A marca destes cinco nomes é a coragem que tiveram”, declarou Gregori. “Em al-gum momento eles con-cluíram por si mesmos que não valia a pena viver em um país onde não impera-va a democracia. O com-promisso a esses valores é fundamental à democracia que estamos construindo”, concluiu.

Na platéia, autoridades, políticos e militantes de di-reitos humanos, além de fa-miliares dos cinco estudan-tes da PUC-SP: uma delas, Amparo Araújo, falou da

época em que seu irmão, Luiz Almeida, estudou na instituição. “É gratificante ver que esta Universidade não se esquece das pessoas que aqui passaram”, obser-vou. “A memória tem muito a ver com a construção da identidade de um povo. Te-mos que manter viva essa lembrança para não deixar que aqueles fatos se repi-tam”.

22 DE SETEMBRO – A própria data escolhida para a inauguração do memorial carrega um for-te simbolismo em relação ao período militar – e faz parte, também, da história da PUC-SP. No dia 22/9 de 1977, tropas da Polícia Mi-litar, chefiadas pessoalmen-te pelo então Secretário de Segurança Pública Erasmo Dias, invadiram o campus Monte Alegre sob o pretex-to de reprimir o 3º Encon-tro Nacional de Estudantes, que estava proibido pelos militares e ocorrera na Universidade. Os policiais atiraram bombas sobre os manifestantes e prenderam professores, alunos e fun-cionários. A invasão causou inúmeros danos à PUC-SP e a seus alunos: além dos detidos, quatro delas sofre-ram queimaduras.

“Esta data é símbolo da redemocratização do país. Depois da repercussão deste ato, não houve mais nenhu-ma grande investida contra os estudantes, que em 1979 reorganizaram a UNE”, ar-gumentou Chagas, presiden-te da entidade. Trinta e dois anos depois do episódio, o diretor Marcelo Figueiredo ressaltou o compromisso da PUC-SP: “Nossa Universida-de, com espírito democrático, segue de portas abertas para viver e conviver com tudo o que significar um avanço para a democracia”.

Além das estrelas, a PUC-SP é finalista de duas catego-rias da premiação Melho-res Universidades 2009. Em As melhores por área de conhecimento – escolas privadas, a Universidade concorre nas sub-categorias Administração e Negócios e Ciências Sociais e Huma-nas. Os vencedores serão anunciados dia 27/10.

A professora Marina Gra-ziela Feldmann, pró-reitora de Graduação, considera o resultado “significativo”, na

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como as diferentes tendên-cias de pesquisa.

No Encontro de Iniciação Científica, de acordo com ele, “poderemos apreciar com calma os viveiros, cui-dadosamente nutridos por nossos professores, onde jovens estudantes dão seus primeiros passos em pes-quisa”. Em relação ao Con-gresso de Pesquisa Discente, o pró-reitor avalia que ofe-rece um mapeamento signi-ficativo das pesquisas reali-zadas pelos estudantes de graduação e pós-gradua-ção (lato e stricto sensu).

A professora Marina Gra-ziela Feldmann, pró-reitora de Graduação, enfatiza que a Semana Acadêmica, nessa nova configuração estrutural da Universidade, representa um “trabalho articulado entre as três Pró-Reitorias voltado para a im-plementação, promoção e divulgação interna e externa da qualidade acadêmica da PUC-SP no que tange a articulação ensino-pesqui-sa-extensão”. Marina afir-ma que a pesquisa é parte

constituinte da formação do aluno na Universidade, uma vez que os seus professores são reconhecidamente pro-fessores/pesquisadores de renome nacional e interna-cional. “A Semana Acadê-mica é o lugar onde as tro-cas, as diferentes interfaces do conhecimento em suas formas diversificadas de produção ocorrem, expres-sando o lugar que a pesqui-sa ocupa na formação dos nossos alunos”.

Já a professora Haydée Roveratti, pró-reitora de Edu-cação Continuada, conside-ra que “a ciência, o saber e o entendimento nutrem-se com o diálogo, a troca de experiências e as reflexões produzidas entre aqueles que freqüentam ou venham a fre-qüentar os espaços universi-tários. Se a Semana propiciar esses encontros, produzirá idéias, questões para exame, soluções para problemas, fa-zendo o intercâmbio criativo e permanente”.

Gregori destacou coragem dos alunosSaiba mais: www.pucsp.

br/semanaacademica.

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O ex-aluno André Dalpicolo (mestre em Filosofia) é um dos compositores do samba-enredo da escola Águia de Ouro para o Carnaval 2010. Acesse www.pucsp.br para conhecer a letra da música.

Carnaval 2010

www.pucsp.br

05

Lançar luzes às interroga-ções que o mundo vive hoje, proclamando a visão da Igreja sobre a vida em so-ciedade: segundo o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, este é o principal objetivo da encíclica Caritas in veritate. No documento, divulgado em junho deste ano, o papa Bento XVI trata das novas questões sociais resultantes do processo de globaliza-ção. “A última encíclica de teor social tem quase 20 anos. Havia temas novos à espera de uma palavra da Igreja”, justificou o cardeal. “O texto deveria ter sido di-vulgado em outubro do ano passado, mas a crise [finan-ceira], iniciada em setembro, exigiu novas considerações. Por isso, o documento saiu apenas recentemente”.

As considerações de Dom Odilo a respeito de Caritas in veritate abriram as dis-cussões a respeito da encí-clica, em evento promovido pela PUC-SP, Arquidiocese de São Paulo, Faculdade de Teologia Nossa Sra. Assun-ção (PUC-SP), Núcleo Fé e Cultura e Pastoral Universi-tária, no Tuca, na manhã de 19/9. Em sua interpretação, o cardeal retomou alguns dos momentos em que a Igreja, desde sua fundação, produziu reflexões sobre a vida humana em sociedade. Caritas in veritate, segundo ele, parte de uma encíclica específica, a Populorum pro-gressio (1967), de Paulo VI.

A PUC-SP integra um se-leto grupo de universidades brasileiras que, pelo seu perfil acadêmico e comuni-tário, pode contribuir com a causa dos refugiados no mundo. A Universidade faz parte de uma rede latino-americana de instituições que trabalham pela aplica-ção dos princípios e diretri-zes do Direito Internacional dos Refugiados.

Thiago Pacheco

Priscila Lacerda

Dom Odilo apresenta encíclica Caritas in veritatePapa Bento XVI

Profa. Eloisa Arruda falou sobre Direito Internacional dos Refugiados

Cátedra Sérgio Vieira de Mello promove debate

Segundo o Cardeal, documento discorre sobre a vida em sociedade a partir do novo contexto econômico, político e social

“Em meio àquele contexto de desenvolvimento do pós-guerra, Paulo VI dizia que o crescimento não poderia ser unilateral, focado ape-nas na Economia e na bus-ca do bem estar material. A pessoa humana deveria estar no centro, e a justiça e a eqüidade social deve-riam impedir que alguma pessoa ficasse sem os frutos do avanço econômico. Só assim, considerava, o de-senvolvimento poderia ter bons fins e levaria à paz”, esclareceu. “Este é o pon-to de partida de Bento XVI: naquele momento de júbi-lo, não se levou em conta o aviso de Paulo VI e os pro-blemas sociais persistiram. Agora, vivemos no contexto da globalização e das mu-danças culturais, políticas, de gestão financeira, cien-tíficas e ambientais que ela acarretou. E então o papa se pergunta: do modo como está sendo conduzida, a

globalização terá efeitos positivos?”, completou Dom Odilo.

GRANDE FAMÍLIA – De acordo com o cardeal, a resposta de Bento XVI con-sidera que a globalização explicita o fato de que a humanidade é uma grande família, em que há os mais fortes e os mais fracos. Para o papa, os mais capazes de-vem olhar a seu redor e tra-zer a seu lado os excluídos, aqueles que não têm acesso aos benefícios do progres-so. Nesse sentido, critica o modo de agir em voga no mundo globalizado, com a criação de barreiras prote-cionistas e a falta de acesso, pelos países menos desen-volvidos, às descobertas téc-nicas e científicas.

“Bento XVI afirma que nes-sa forma de ação o bem é buscado de maneira distor-cida, e seus efeitos danosos não tardarão a aparecer;

ele defende que o bem deve ser procurado na verdade. A Economia e os mecanismos precisam de referenciais éti-cos que levem em conta a verdade e a integralidade da pessoa humana. O ser humano deve ser visto como um todo, não apenas como uma unidade de produção e consumo”, afirmou o car-deal. Dom Odilo enumerou dois critérios éticos funda-mentais apontados pelo papa na encíclica: a colabo-ração (em oposição à con-corrência), que garante a soma e não a contraposição dos interesses; e a solidarie-dade, que avalia que o bem é para todos ou para nin-guém. “A solução deve ser global, caso contrário, não há como garantir o bem a ninguém”, explicou.

Esta saída global, decla-rou o cardeal, passa pela reformulação dos organis-mos internacionais, como a Organização das Nações

Unidas (ONU) e a Organi-zação Mundial do Comércio (OMC). Para Bento XVI, é preciso coragem para mu-dar e aumentar a participa-ção dos países menos de-senvolvidos nas discussões e decisões sobre assuntos su-pranacionais, assegurando o bem comum para todos. “A idéia de um poder mun-dial voltado a questões glo-bais não é uma idéia nova”, afirma Dom Odilo. “Mas hoje essa proposta pode ter uma acolhida melhor. O Tribunal Penal de Haia, na esfera do Judiciário, é uma amostra de que isso é pos-sível.”

MESA-REDONDA – Além da apresentação do car-deal, o evento contou com uma mesa-redonda sobre o a encíclica Caritas in ve-ritate; participaram deste debate o sociólogo argenti-no Juan Esteban Balderrain, do Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento, Integração e Cooperação (Celadic), o teólogo Mat-thias Grenzer (professor da Faculdade de Teologia) e o economista Antonio Carlos Alves dos Santos (coorde-nador do curso de Ciências Econômicas com ênfase em Comércio Internacional).

Para Balderrain, a princi-pal contribuição da encícli-ca é o fato de que Bento XVI convida a pensar não em modelos, mas no comporta-mento dos atores mundiais: “As mudanças precisam de outra lógica de ação eco-nômica, política e social, e não de modelos voltados à maior ou menor presença

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do estado na Economia. Para resolver as desigual-dades, é preciso trocar a maximização dos lucros por princípios de caridade”. Já Grenzer afirmou que, para Bento XVI, “a caridade é a síntese de toda a lei no en-sinamento de Jesus”. O teó-logo recorreu à Bíblia para citar os dois mandamentos mais importantes, de acor-do com Jesus: “amar a Deus” e “amarás o próximo como a ti mesmo”, o princí-pio da caridade. “Ao juntar os dois mandamentos, há uma síntese da visão social da Igreja. O amor a Deus e a vivência caridosa com o necessitado ganham caráter de insuperabilidade”, decla-rou. “E Bento XVI enfatiza a caridade como a maior ver-dade para nós”.

Santos exaltou a possibili-dade de diálogo entre Teo-logia e Economia aberta a partir das considerações do papa.

“O inimigo das relações sociais não é a economia de mercado, mas o agir huma-no guiado pelo pecado. Foi a má-fé de políticos e eco-nomistas que só pensavam na maximização dos lucros o que levou instituições à bancarrota. Essa má-fé obs-truiu a visão de pessoas que tinham conhecimento técnico para agir em busca do bem comum e da justiça social”, considerou.

A encíclica Caritas in veri-tate pode ser lida na íntegra no site www.vatican.va; uma apresentação resumida es-tará disponível para down-load no site www.pucsp.br/fecultura.

Tal atuação ocorre no âmbito da Cátedra Sérgio Vieira de Mello que, no últi-mo dia 23/9, promoveu no campus Monte Alegre a exi-bição do filme Sérgio Vieira de Mello – A caminho de Bagdá, de Simone Duarte. Em seguida houve deba-te com a professora Eloisa Arruda, da Faculdade de Direito. A docente, que tra-balhou com Vieira de Mello no Timor Leste em 2001, fa-lou sobre aspectos do direito internacional dos refugiados

na atualidade (foto ao lado). Criada pelo Alto-Comis-

sariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-NUR) para aproximar as universidades da temática dos refugiados, a Cátedra Sérgio Viera de Mello tem objetivos acadêmicos (en-sino e difusão do tema) e sociais (auxílio e apoio à integração local de refugia-dos na comunidade). Presta ainda homenagem ao di-plomata brasileiro que, de-pois de dedicar parte de sua

vida à causa dos refugia-dos, morreu em atentado terrorista contra o escritório da ONU, em Bagdá, em agosto de 2003.

“A Cátedra tem por objeti-vo cooperar na solução dos graves problemas enfrenta-dos pelos migrantes e refu-giados e incentivar os estu-dos do direito internacional, neste âmbito, e dos direitos humanos em geral”, afirma Wagner Balera, presidente da comissão coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de

Mello e professor da Facul-dade de Direito. A comis-são instituída para dar an-damento aos trabalhos da cátedra conta ainda com a participação dos professo-res Antonio Carlos Malhei-ros, Eloisa Arruda e Pietro Alarcon, todos da Faculdade

de Direito. Em novembro, a Cátedra celebra os 25 anos da Declaração de Cartage-na e, em março, promove um simpósio sobre Direitos dos Refugiados. Para saber mais acesse www.brasilia.unesco.org/comunidades/catedras

Dom Odilo: “Havia temas novos à espera de uma palavra da Igreja”

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www.pucsp.br

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Pós-Graduação

Mestrado, Doutorado e Mestrado Profissional

A melhor Universidade particular do Estado de São Paulo e a segunda melhor Universidade particular do Brasil.

1º semestre de 2010

Administração (M) Ciências Contábeis e Atuariais (M)Ciências da Religião (M/D)Ciências Sociais (M/D)Comunicação e Semiótica (M/D)Direito (D)Economia (M*)Educação: Currículo (M/D)Educação: História, Política, Socie-dade (M/D)Educação Matemática (M/MP/D)Educação: Psicologia da Educação (M/D) Filosofia (M/D)Fonoaudiologia (M/D)Gerontologia (M)

Geografia (M)História (M/D)História da Ciência (M/D)Língua Portuguesa (M/D)Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem (M/D)Literatura e Crítica Literária (M)Psicologia Clínica (M/D)Psicologia Experimental: Análise do Comportamento (M/D)Psicologia Social (M/D)Serviço Social (M/D)Tecnologias da Inteligência e Design Digital (M)

Inscrições: 05 de outubro a 13 de novembro de 2009

Informações

Secretaria Acadêmica da Pós-Graduação da PUC-SPRua Ministro de Godoy, 969 - 4º andar – sala 4B/0305015-000 - Perdizes - São Paulo - SP

(11) 3670.8526 (11) 3670.8642 (fax)

www.pucsp.br/[email protected]

Layout por: DTI - NMD

* Os candidatos que pretenderem se inscrever no processo seletivo do curso de mestrado em economia, deverão comprovar a aprovação no exame da ANPEC realizado entre 01/06/09 e 03/08/09.

M - MestradoMP - Mestrado Pro�ssionalD - Doutorado

Stricto Sensu

Reconhecimento, apoio e �nanciamento:

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O projeto Giclée, uma técnica de gravura moder-na e inovadora, apresenta no espaço cultural do Tuca obras de 36 artistas, todos participantes da última OFF Bienal 2008. Eles foram selecionados pelo curador e crítico de arte Carlos von

É possível acompanhar a agenda de defesas de dissertações e teses da PUC-SP. Basta acessar o site www.pucsp.br e clicar no link “Defesas da semana”.

Agenda

www.pucsp.br

07

Obras de artistas consagrados e novos serão vendidas a preços mais acessíveis

Tuca tem exposição de arte com técnica inovadora

Schmidt para participar do projeto que traz obras as-sinadas e numeradas pelos artistas, por um preço mais acessível.

“Para definir em rápidas pinceladas, a giclée é im-pressão digital a jato, uma tecnologia super elaborada,

sofisticada, de alta resolu-ção, que reproduz originais com fidelidade absoluta. Isso em papel, tela ou ou-tros suportes. Dizem que são tão perfeitas que alguns museus, por segurança, es-tão mantendo originais em cofres enquanto expõem

Giclée

Teatro e loucura

Simpósio de futebol Cotidiano escolar

Monografias

O Núcleo Lacaniano de Cultura, a Escola de Atores do Tuca, o Teatro Escola Cé-lia Helena e o Grupo Cone-xión Latina de Teatro, com o apoio da PUC-SP, rea- lizam uma série de leituras dramáticas seguidas de de-bate, com o tema Teatro e Loucura.

Confira a programação, que acontece sempre às segundas-feiras, às 20h, no auditório superior do Tuca:

19/10O homem da areiaE.T.A. Hoffmann(Alemanha)Debate: Oscar Cesarotto

26/10Dois perdidos numa noite sujaPlínio Marcos (Brasil)Debate: Oswaldo Mendes

A PUC-SP, a USP e o Museu do Futebol promovem, entre 10 e 14/5 de 2010, o 1º Simpósio de estudos sobre futebol, com o tema Futebol, sociedade e cultura: pesqui-sas e perspectivas. Primeiro encontro nacional acerca da produção acadêmica brasi-leira mais expressiva sobre o futebol, o evento reunirá pesquisadores já renoma-dos e terá apresentações de pesquisas concluídas ou em andamento em todo o Brasil – fornecendo, assim, condições para um balanço das tendências, problemas metodológicos e perspecti-vas para o estudo do fute-bol no âmbito das Ciências Humanas. As inscrições de trabalhos estão abertas até 30/11. Para saber como participar acesse www.mu-seudofutebol.org.br.

Dia 20/10, às 18h30, a professora Marina Graziela Feldmann (pró-reitora de Graduação) lança o livro Formação de professores e escola na contemporanei-dade (Editora Senac), na editora Martins Fontes (av. Paulista, 509).

Além de organizadora, Marina é autora de dois dos artigos do livro, que traz tex-tos de sete docentes e cinco

Estão abertas até 1º/2 de 2010 as inscrições para o 1º Concurso de monogra-fia em Direitos Humanos e Controle do Tabaco, promo-vido pela Aliança de Con-trole do Tabagismo (ACTBr) e pelo Instituto Brasileiro de

Obras de Gustavo Rosa: “Colagem” (acima) e “Banhista” (ao lado)

Notas

giclées em seus lugares. Na realidade a função da giclée não é essa, é muito mais ampla. Ela possibilita a aquisição de reproduções de alta qualidade por va-lores menores comparados aos dos originais”, afirma von Schmidt.

A exposição acontece no saguão do Tucarena. A abertura se realiza no dia 14/10, somente para convi-dados. No dia seguinte abre para o público em geral e segue até 12/11.

ARTISTAS – A exposição traz à PUC-SP artistas reno-mados e novos. Veja quem participa: Ivald Granato, Antonio Peticov, Luiz Pau-lo Baravelli, Cláudio Tozzi, Guto Lacaz, Gustavo Rosa, Gregório Gruber, Juan Este-ves, Fausto Chermont, Alex Orsetti, André Vasarelly, Caciporé Torres, Dácio Bi-cudo, Duda Rosa, Fernando Durão, Guilherme de Faria, Heloize Rosa, Ju Corte Real, Lorena Hollander, Luiz Ca-valli, Luiz Martins, Camilla Pallavicini, Margherita Le-oni, Margarita Farré, Érico Santos, Melo Witkowski Pin-

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to, Neno Ramos, Rejeane Cayres, Roberto Silva, Eliza Ramos, Sou Kit Gon, Cláu-dioTakita, Tania Boutaud de la Combe, Virginia Costa, Vera Café Silvia Tittoto e An-

tonio Miranda. Mais informações podem

ser obtidas pelo site www.teatrotuca.com.br ou pelo telefone (11) 3670-8453. A entrada é gratuita.

TEATRO INFANTIL

doutores do Pós em Educa-ção: Currículo.

A obra é resultado do tra-balho do grupo de pesqui-sas “Formação de profes-sores e cotidiano escolar” e apresenta três temas aos quais os artigos se vincu-lam: Educação e crise de paradigmas, Políticas públi-cas de formação de profes-sores e Escola, currículo e formação.

Div

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ção

Política e Direito do Consu-midor (BrasilCon). Podem participar graduandos e profissionais já formados em Direito. Confira as in-formações sobre o concurso nos sites www.actbr.org.br ou www.brasilcon.org.br.

O espetáculo infantil O mágico de nós está em cartaz novamente no Tucarena, aos sábados e domingos, às 16h. A questão central da peça criada pela Cia. Jogando no Quintal é “como superar um imprevisto?”.

No início do espetáculo o público é levado pela menina Dorothy para o Mundo de Oz, mas encontrar o caminho de volta para a casa não se mostra tão fácil. A platéia tem que entrar em cena e alçar um vôo coletivo. Cada gesto, cada palavra, cada idéia sugerida, passa a ser funda-mental para que o espantalho, o leão, o homem de lata, Dorothy e seu cão cumpram suas jornadas.

Informações em www.teatrotuca.com.br.

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Estarão abertas de 19/10 a 24/11 as inscrições para o vestibular unificado PUC-SP 2010. A prova acontece dia 29/11. Inscrições custam R$110. Informações em www.vestibular.pucsp.br.

Vestibular

www.pucsp.br

08

Rafael Cortez fala sobre carreira, família e música

“Sou um cara muito agita-do, insatisfeito, hiperativo, mas muito batalhador. Tenho orgulho de ter conseguido algumas coisas, mas tenho uma ambição tão grande por conseguir outras, que me pego de novo insatisfeito, agitado, angustiado, hipera-tivo...”, assim começou nossa entrevista com Rafael Cor-tez, jornalista formado pela PUC-SP, 32 anos, repórter do programa CQC (que vai ao ar às segundas-feiras pela Band). Durante uma hora, Rafael falou sobre sua carrei-ra, a escolha pela PUC-SP, os bastidores do CQC, sua fa-mília e mais uma porção de coisas que você lê a seguir.

PUC em Notícias – O que te deixa tão insatisfeito?

Rafael Cortez – Cada fase da minha vida sou insatisfeito com alguma coisa. Quando criança, porque não tinha as coisas todas que gostaria, não digo nem materiais, mas eu queria criar e ter possibi-lidades que não tinha. Eu ti-nha referenciais de crianças idealizadas, “de Hollywood”, não que quisesse ser famo-so, queria ser independente. Adolescente, era fã de pesso-as como Nara Leão e Andres Segovia, gente que aos 18 anos já tinha feito milhares de coisas, gravado, viajado o mundo. Adulto, essas an-gústias e inquietações come-çaram a se dividir. Uma hora era “quero chegar a algum lugar”, depois “consegui, cheguei!”. E, agora, “como eu administro o que tenho?”. E por aí vai. Acho que en-quanto eu for angustiado, inquieto e agitado vou estar num bom caminho.

PN - Onde quer chegar? RC – Estou tentando por o

pé no chão e ficar focado no presente. Tenho um contrato com o CQC e enquanto es-tiver nesse programa quero fazê-lo sem me acomodar. Todas as vezes em que es-corregamos num trabalho é porque nos convencemos que a fórmula está domina-da. Mas o que quero mesmo é buscar uma velhice digna, esta é minha meta na vida. Não quero depender de pre-vidência, não quero depen-der de governo, sei que vou ser esquecido quando for velho, aliás, que posso ser esquecido a qualquer mo-mento. O meu maior medo é viver uma velhice como a de algumas pessoas que vi, especialmente nesse meio artístico, miserável, de ano-

Priscila Lacerda

Entrevista

nimato, de ingratidão. Espe-ro um dia não depender do mercado de trabalho e de al-guém querer publicar ou não meu livro, lançar ou não meu CD. Queria ter uma reserva de dinheiro suficiente para que pudesse bancar todos os meus ideais e ainda ser um mecenas dos amigos.

PN - Como começou a tra-balhar no CQC?

RC – Minha formação pro-fissional é uma soma de vá-rias áreas de conhecimento.Quando o CQC entrou na minha vida eu estava saindo de um grupo de teatro que in-tegrei por qua-tro anos, como ator infantil. Na época, fa-zia também um trabalho de produção de textos jornalísti-cos para SMS, pela Editora Abril, e estava resgatando um trabalho de música, porque estudei violão muito tempo e queria lançar um CD. Fazia três ou quatro coisas dife-rentes, mas nenhuma delas estava sendo desenvolvida de verdade ou me realizando acima de tudo. Então decidi que queria voltar a traba-lhar com televisão, porque entre os anos de 98 e 2000 fui produtor. Estava louco para trabalhar na televisão como ator, fazia testes, mas ninguém me queria. Peguei meu currículo, mandei para emissoras e produtoras e a Cuatro Cabezas, produtora argentina que é responsá-vel pelo CQC, me chamou para uma entrevista para uma vaga de produtor, mas não queria revelar para qual projeto. Fiquei muito angus-tiado, tive o pressentimento que poderia ser alguma coisa legal e que eu devia chegar mais preparado na entrevis-ta. Consegui descobrir que o tal projeto era o CQC. Vi uns vídeos do programa argen-tino na internet para saber o que eu iria possivelmente produzir, mas vi também um repórter que tinha muito a ver comigo, o Andy, e pensei: sou um repórter do CQC, por-que vou pleitear uma vaga de produtor? Na entrevista, antes mesmo deles come-çarem a dizer como seria o trabalho, falei que sabia do que se tratava o projeto e que me interessava pela vaga de produtor, só queria se fosse para repórter. Joguei... chutei o balde. O Diego Barredo,

que é o diretor do CQC, me achou ousado e cara de pau, que é umas das coisas que mais se pede de um repórter do CQC, e me deixou fazer os testes. Mas me alertou que se eu fosse mal não teria ne-nhuma vaga, nem de produ-tor, nem de assistente, nem de nada. Vieram os testes e eu realmente me apliquei, es-tudei muito, vi muito material do CQC na internet, fiz os testes e passei.

PN – O que mudou na sua vida depois do programa?

RC – Tudo. Para melhor e para pior. Ganho mais di-

nheiro, sem dúvida, mas também pago muito mais impostos, o que eu odeio... Em relação à convivência no programa, é como se fosse fazer a quinta série de novo, com aquelas piadinhas de gueto, um que alfineta o ou-tro, pega alguma coisa que incomoda, extrapola nessa piada até o fim para ver se irrita. Segundo o (Marcelo) Tas, por exemplo, uma hora eu posso ser o gay da turma, depois o galanteador, outra hora o bobalhão. Ultima-mente, tenho questionado o Tas, achando que ele está chato comigo, pegando mui-to no meu pé. Na vida tudo vai se desmistificando, os ídolos vão deixando de ser ídolos. Mas não deixo de ter carinho e respeito por ele, só não acho mais engraçado como antes.

PN - Porque escolheu a PUC-SP para estudar?

RC – Sempre achei que a Universidade tinha uma coi-sa bacana no sentido de nos levar para caminhos menos caretas. A PUC-SP é desco-lada, tem um ambiente con-vidativo, jovem, moderno, para frente. Queria estudar num lugar assim, com pes-soas legais e com história, tradição. A luta da PUC-SP pela democracia durante a ditadura e tudo o que ela já representou na nossa so-ciedade também dariam o embasamento político de que

eu precisava. Pelo jornalismo optei porque sempre fui ver-borrágico, inquieto, prolixo, inconstante, investigativo, um cara tomado de coisas. São raros os espaços hoje consa-grados e as faculdades boas que ainda autorizam os alu-nos a ousar, que dão a eles o espaço de experimentação que a PUC-SP me deu. No segundo ano da graduação eu já estava trabalhando. A PUC-SP é um nome que abre portas, traz um diferencial. Até artisticamente me encon-trei muito depois de ter feito jornalismo. No meu trabalho de conclusão de curso, orien-

tado pelo p r o f e s s o r Júlio Wai-ner, eu la-vava a alma num vídeo de 12 mi-nutos em que falava da minha frustração pessoal por não ter me tornado um v io lon i s ta de concerto. O profes-

sor me deixou fazer em for-mato de depoimento, uma brincadeira com palavras e meu coração aberto. Foi um trabalho bacana, tirei dez e aquilo ainda funcionou como uma terapia. No ano seguin-te, lancei um CD de música instrumental, viajei com o violão e comecei a encontrar uma linha de trabalho em que estou até hoje. Só sou um músico porque fiz um tra-balho como esse na PUC-SP.

PN - Qual a reportagem mais bacana que você fez no CQC?

RC – A cúpula dos presi-dentes no Peru foi impres-sionante porque foi logo no começo do CQC. Fui para Lima numa estratégia muito arriscada de tentativa e erro. Conseguimos furar um cerco muito forte de seguranças e falar com figuras que para mim só existiam nas pági-nas dos jornais, como Hugo Chaves, Evo Morales, Cristina Kirschner e o pre-sidente Lula. Foi a primeira vez que ele falou com o CQC. Eu fui para o Peru sem falar nada de espa-nhol, usando um inglês ca-fona, mas me valendo da minha cara de pau e do

meu feeling. Além disso, ha-via produtores extremamen-te competentes, com anos de CQC da Argentina, nos orientando. Foi sensacional. Depois fiz matérias melhores do que essa, mas foi ines-quecível. Acho que nenhu-ma outra experiência dentro do CQC vai conseguir tirar aquela impressão do primei-ro grande furo.

PN - E o maior fora que você deu?

RC – Faço isso o tempo todo. Por exemplo, eu acha-va que o Sérgio Cabral bió-grafo e estudioso da MPB não fosse o pai do Sérgio Cabral governador do Rio de Janeiro, então fiz uma piada quando o entrevistei. Falei assim “você, telespectador, não sabe, mas esse aqui é somente um homônimo do Sérgio Cabral governador”, ele disse “eu discordo, tenho tudo a ver, sou o pai dele”. Foi ao ar e não foi uma coisa inventada, uma piada. Aliás, nosso critério é que mesmo que seja uma gafe horrível, se foi engraçado, vai ao ar. Então, agora eu sou humo-rista também, o primeiro a torcer para que a coisa seja engraçada.

PN - Existe rixa entre o CQC e o Pânico?

RC – Hoje não, mas a com-paração sempre existe. Nos assistimos mutuamente para saber o que o outro está fa-zendo e que pegadas fun-cionam. O Pânico mudou muito depois que o CQC entrou no ar, melhorou. É bom que exista rivali-dade saudável. Além disso, os caras são nos-sos amigos, já tomei várias vezes cer-veja com o

Vesgo (Rodrigo Scarpa).

PN - De onde veio sua histó-ria com a música?

RC – Desde os 17 anos, eu precisava de alguma arte para me aquietar. A família da minha mãe tem muitos artistas, uma tia atriz, um tio pintor, minha mãe chegou a ser bailarina clássica, uma avó pintora também e um avô das artes plásticas. O Raul Cortez era meu primo de segundo grau e meu ir-mão é ator. Eu queria fazer uma coisa que tivesse minha identidade e comecei a ver que gostava muito de violão. Comecei a estudar, achava que ia ser músico de bar-zinho, até que vi um primo tocando música instrumental no violão e fiquei maluco.

PN - O que você ouve? RC – Escuto muito violão

clássico, jazz, MPB e tenho algumas predileções. Nara Leão é minha deusa e adoro Maria Bethânia e Chico Buar-que. Da nova geração, meu ídolo é Arnaldo Antunes, que está cada vez melhor.

PN - Você é romântico? RC – Se estiver muito apai-

xonado eu sou. Minhas me-lhores composições para violão foram feitas para ex-namoradas que amei. Sou mão aberta, carinhoso, gen-til, solícito, mas também sou possessivo, ciumento, inten-so, um grude. Mas acho que sou melhor quando estou

apaixonado, porque se é para viver

na base do “oba oba”

sou muito egoísta.

Bete

And

rade

/ D

CI

A PUC-SP é descolada, tem um ambiente convidativo, jovem, moderno, para frente. Queria estudar num lugar as-sim, com pessoas legais e com história, tradição.

Comente e veja mais fotos em http://blog.pucsp.br/pucemnoticias


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