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NDICE ASSUNTO Ditadura ........................................................................................................... Democracia .................................................................................................... . Gabinete ...................................................................................................... Liberalismo........................................................................................................ Minorias ............................................................................................................ Princpios Constitucionais ............................................................................. Federao......................................................................................................... . Repblica .......................................................................................................... Democracia Representativa ............................................................................ Sistema Presidencial ......................................................................................... Liberdades Pblicas .......................................................................................... Ditadura Civil ................................................................................................... Governo Provisrio ........................................................................................... O Estado Novo ................................................................................................... A volta de Vargas .............................................................................................. A volta da Democracia ..................................................................................... O governo Kubitscheck ..................................................................................... O governo Jnio Quadros ................................................................................. O Plebiscito ........................................................................................................... Governo Joo Goulart ....................................................................................... Ditadura Militar ................................................................................................. A Represso ......................................................................................................... Governo Castello Branco .................................................................................. Governo Costa e Silva ........................................................................................ Governo Mdici ................................................................................................... Governo Geisel .................................................................................................... Governo Figueiredo ........................................................................................... Fim da Ditadura Militar Governo Sarney ................................................................................................... A nova ordem Constitucional ........................................................................... Reformulao e a Constituinte 88 .................................................................... Os planos econmicos .......................................................................................... A Nova Democracia Eleio para Presidente .................................................................................... Governo Collor ................................................................................................... Governo Itamar .................................................................................................. Campanha FHC ................................................................................................. Governo FHC ..................................................................................................... Governo Lula ...................................................................................................... Governo Dilma Roussef ..................................................................................... Concluso ........................................................................................................... PGINA 03 03 05 06 07 08 08 09 09 09 09 10 11 13 15 16 17 18 19 19 23 25 27 39 36 37 40 43 45 45 47 47 48 54 57 66 70 85 92

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PREFCIO

No meu dia a dia, pude observar como uma pessoa comum, andando e trabalhando junto ao povo, lidando com pessoas com todo tipo de cultura, educao, poder econmico, sem me envolver jamais em poltica, pude analisar como as pessoas ainda no tm noo nenhuma do que seja realmente uma democracia, ou uma ditadura. O meu objetivo reunir todos os assuntos relativos democracia, ditadura, forma e sistema de governo etc., num s livro, para que as pessoas mais carentes de escolaridade e poder aquisitivo, e at mesmo as pessoas que ignoram um pouco de histria, possam ler sem precisar comprar vrios livros, que por certo teria um custo elevado sem poder compr-los, tambm por muitas vezes no ter acesso s bibliotecas. No entanto, tento mostrar os dois lados da ditadura, que ao meu ver tambm tem um pouco de democracia, como a democracia tem tambm um lado de ditadura, aqui no Brasil. Esse livro tenta esclarecer e comparar os dois lados, para que o povo to sofrido com a forma e sistema de governo que tm, pense, entenda e analise melhor os tipos de governantes que escolhe. uma forma de contribuir com o pblico, um alerta para tentar diminuir a ignorncia, ou seja, aqueles que ignoram os fatos e no sabem o significado certo de Democracia e Ditadura. Livro baseado em historiadores e na minha experincia de vida. Devido a essa experincia, tento transmitir meus conhecimentos para pessoas menos esclarecidas que possam se aprimorar para cobrarem de nossos governantes, uma forma e sistema de governo moderno, sem ter duas faces; nem a ditadura com cara de democracia e nem a democracia mascarada, com cara de ditadura, s assim o Brasil ser um pas do futuro, e entrar no to esperado primeiro mundo, com ordem, disciplina para poder progredir, fazendo jus dos dizeres de sua Bandeira.

2 INTRODUO

O livro mostra as duas faces da Ditadura, tanto civil quanto a militar. Pois todos falam s da ditadura militar, no entanto se esqueceram de falar da ditadura civil, onde a maior parte dos nossos problemas tambm ainda conseqncia de que enfrentamos no Brasil, uma situao catica, irrisria, irritante e de uma utopia incrvel, chega a ser o pas do faz de conta. Escrevo tambm sobre os presidentes civis, aps as ditaduras Pois todos os Presidentes, do paliativos, mas nunca solucionam a doena, mais parece, cncer e AIDS, que no tm cura. No entanto, em jornais, televiso, rdio e etc., vivem sempre falando mal da Ditadura, pois s mostram um lado; o esquerdo, ou seja, o negativo; o lado direito esquecem sempre de falar, pois tambm existe um lado positivo. Estes dois lados sero relatados, devido a minha experincia, vivida nesta poca, embora ainda jovem, mas bastante lcida e matura, para co mpreender todos os detalhes vividos por mim e por jovens daquela poca. No vivi na poca da ditadura civil, mas essa deixou muito mais marcas do que a ditadura militar, embora muitos acreditem que tenha sido ao contrrio. Haja visto, que no s a revoluo de 1964 mudou a histria do nosso pas, como tambm uma revoluo no mundo. Foi a dcada que marcou o desenvolvimento do nosso planeta. No Brasil, movimentos populares, como a msica, a dana, festivais, estilos, moda, conjunto de Rocks, esporte, etc. Na Inglaterra, hbitos, costumes, conjunto de Rock, estilo de cabelo, homossexualismo, etc. No Estados Unidos, drogas, conjuntos de Rocks, a chegada do homem a lua etc. No Japo, a disciplina, tecnologia, inteligncia. Mediante tudo isso, porque ns s lembramos de coisas negativas, ou porque os historiadores, escritores, s falam ou escrevem esse lado feio. No a ditadura no to feia como pintam, vocs tero oportunidade, de lerem, e tirarem suas prprias concluses, sem causar nenhuma polmica, creio eu.

3 DITADURA

Termo derivado de Ditador (do Latim, dictador, aquele que diz), aplica -se modernamente ao governo absoluto de um indivduo ou grupo de indivduos que se mantm no poder sem obter o prvio consentimento dos governados, usa ndo de prerrogativas extralegais. Na Roma antiga, era a ditadura uma magistratura extraordinria, geralmente de carter militar, transitoriamente preenchida em pocas de crise, quando a iminncia do perigo exigia um comando unificado que se sobrepusesse ao dos cnsules. A represso de discrdia civil era um dos motivos para a instituio de uma ditadura. As ditaduras modernas so pessoais, ou de classe (partido, foras armadas, proletariado), mas mesmo neste ltimo caso tendem a concentrar o poder nas mos de um lder. Os ditadores contemporneos usam os poderes adquiridos para estabelecer um sistema governamental permanente, autocrtico e, s vezes, desptico. Freqentemente assumem o papel de defensores do povo e manipulam as instituies democrticas para consolidar seu poder. A histria poltica da Amrica latina, desde os primeiros anos do sec. XIX povoada por caudilhos e ditadores em tamanha quantidade que, antes do aparecimento das grandes ditaduras europias aps a I Guerra Mundial, esse sistema era considerado por muitos uma aberrao poltica latino-americana, j que nenhum dos pases dessa rea a ele escapou. O Brasil j teve duas experincias ditatoriais, uma civil por Getlio Vargas e outra militar, por militares do exrcito, que descreverei em captulo posterior.

DEMOCRACIA

Palavra de origem grega (demos, povo; kratos, poder) que tem diversos significados quando aplicada teoria poltica: no sentido original, uma forma de governo na qual o poder de deciso exercido diretamente pelos cidados, segundo o princpio da predominncia da maioria. neste caso, conhecida tambm por democracia direta. Pode ainda ser a forma de governo na qual os cidados exercem o direito de decidir atravs de representantes que escolhem e que so perante eles responsveis, caso em que se chama democracia representativa. ainda a forma de governo, geralmente representativa, na qual os poderes a maioria so exercidos dentro de um sistema de contrapesos constitucionais

destinados a garantir s minorias o exerccio certos direitos, individuais ou coletivos. Finalmente, a palavra democracia empregada em relao a qualquer sistema poltico ou

4 social que, seja ou no sua forma de governo democrtica em qualquer dos sentidos definidos acima, se proponha a diminuir os desnveis sociais ou econmicos existentes entre as diversas camadas da populao, principalmente aqueles que so resultantes da distribuio desigual de propriedade privada. A tradio poltica brasileira essencialmente democrtica. O artigo 1 da Constituio de 1946 enuncia: Todo poder emana do povo e em seu nome ser exercido. No entanto, apesar de estar em vigor h 140 anos, excetuando-se a breve interrupo ditatorial do Estado Novo (1937-45), nossa democracia continua em processo de aperfeioamento. O Congresso introduziu vrias modificaes positivas no sistema eleitoral e aprovou leis contra o abuso do poder econmico, medidas que visam a purificar cada vez mais o sistema poltico de escolha dos representantes do povo, eliminando, tanto quanto possvel, influncias e sua extenso s eleies proporcionais para a Cmara dos Deputados e assemblias legislativas foi a medida concreta mais eficaz entre as adotadas para acabar com os currais eleitorais e a compra de votos, ainda praticada em certas regies do pas. As constituies brasileiras sofreram influncias diversas. A primeira, outorgada por D. Pedro I a 25 de maro de 1824, era parlamentarista e bastante moldada pelo regime praticado na Inglaterra. No entanto, transferia ao Imperador, titular do Poder Moderador, algumas das atribuies que na Gr-Bretanha cabiam Cmara dos Lordes, como , p. ex. a capacidade de retardar a promulgao e entrada em vigor das leis por duas sesses legislativas, quando se recusasse a sancion-las. Quanto aos direitos polticos, a Constituio imperial subordinava seu exerccio a uma renda mnima anual de 100 mil ris nas assemblias paroquiais e 200 mil ris nas provncias. s eram elegveis para a Cmara os que dispusessem de renda anual superior a 400 mil ris e para o Senado e Conselho de Estado, de renda de 800 mil ris. Por outro lado, a Constituio de 1824 permitia a escravido e afastava as mulheres, os filhos de famlia, os criados de servir e os religiosos do exerccio dos direitos poltico s. Os libertos s podiam votar nas assemblias paroquiais e os estrangeiros naturalizados eram inelegveis para a Cmara e o Senado, embora pudessem ser Ministros de Estado. Como se v, a carta Magna do Imprio, embora incorporasse extensa declarao de d ireitos dos cidados, no atendia a alguns dos requisitos que hoje consideramos essenciais democracia. A Constituio de 1891, onde preponderava a influncia norte-americana, entre outras disposies inovadoras adotou o regime presidencialista, estabele ceu apenas trs poderes, fez da federao a forma do Estado, limitou a trs o nmero de senadores por Estado, previu a representao das minorias e instituiu o sufrgio universal masculino, excetuando -se os analfabetos, mendigos, praas de pr e religioso. No entanto, permitiu o voto a descoberto,

5 fonte de muitas das fraudes eleitorais da chamada Repblica Velha, esqueceu a Justia Eleitoral, o que dificultou enormemente o reconhecimento dos mandatos de congressistas da oposio, facilitando a instalao no poder de verdadeiras ditaduras partidrias, e nenhuma referncia fez as garantias sociais dos trabalhadores. A Lei Orgnica do Governo Provisrio (11 de novembro de 1930) e, posteriormente, a Constituio de 1934 foram as primeiras a tomar em considerao a posio social do operariado dentro da democracia brasileira estabelecendo garantias e a Justia Trabalhista. A Constituio de 1934 tomou como modelo a de Weimar, da Alemanha, e em muitos pontos serviu de base ao trabalho dos constituintes de 1946. A Constituio de 1937, outorgada por Getlio Vargas, rompeu com a tradio democrtica brasileira, j que ampliou o poder e o mandato do Presidente da Repblica, restringiu a autonomia do Poder Judicirio, dissolveu a Cmara, o Senado e demais assemblias legislativas e declarou o estado de emergncia. Enfim, baseada na Constituio da Polnia de 1935, serviu de estrutura legal nica ditadura civil da histria do Brasil. Deposto Getlio Vargas em 1945 recomeou o processo democrtico brasileiro. A constituio de 1946 procurou conciliar s diversas correntes doutrinrias representadas entre os constituintes. Garantiu o direito de propriedade tal como o entende a liberal-

democracia (art. 141, 16), mas condicionou seu uso ao bem-estar social (art. 147), idia nitidamente socialista. No ttulo V, Da Ordem Econmica e Social, determina dever ser ela organizada conforme os princpios da justia social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorizao do trabalho humano (art. 145), e prev o exerccio pela Unio de monoplios de indstrias e atividades, princpios estes tambm conformes aos da democracia -social. No entanto, muitas das determinaes de carter social da Constituio no entraram at hoje em vigor por no haverem sido regulamentadas por lei ordinria. A Constituio de 1988, no entanto sofreu um processo involutivo, no tendo leis regulamentadas, faltando uma reformulao, e prevalecendo os interesses de minorias e elites, nada acrescentou e est uma baderna tanto nos Governos Federal e Estadual, como na Cmara e Senado. Gabinete - O sistema de governo de gabinete um dos dois utilizados no Estado democrtico. contrape-se ao presidencial ou presidencialista vigente. Em 7 de setembro de 1961 adotou por curto perodo (at 23-1-63) um sistema parlamentarista hbrido do governo. No sistema de gabinete se distinguem o chefe do governo, que pode ser monarca ou presidente, e o chefe poltico do Executivo, o primeiro-ministro, que preside o ministrio, constitudo onde membros

6 dos partidos polticos majoritrios na Cmara dos Deputados. No sistema de gabinete o legislativo e o executivo so necessariamente dominados pelo mesmo partido ou coligao de partidos da maioria. No existe separao de poderes. Em geral, no sistema de gabinete, os ministros so ao mesmo tempo membros de uma das Cmaras. So legisladores, concomitantemente chefes administrativos, que coletivamente atuam como o executivo nacional. Nessa qualidade de corpo coletivo, o gabinete recomenda, projeta, inicia e aplica as leis do pas, nomeia, d ordens executivas, decreta, regulamenta, dirige a mquina administrativa, orienta a poltica exterior, negocia tratados, alguns dos quais no precisam ser previamente submetidos aprovao do legislativo. Em outras palavras: o gabinete na da mais do que uma Comisso permanente da Cmara, o seu corpo executivo. Uma das grandes qualidades tericas de sistema de gabinete a sua maior sensibilidade opinio pblica. Quando surgem divergncias entre o gabinete e o parlamento, a dissoluo deste ltimo remete o litgio ao eleitorado, sem ser necessrio esperar pela data fixa das eleies, como acontece no sistema presidencial. De fato, sob o sistema de gabinete, o eleitorado pode ser mais vezes consultado. No Brasil, este sistema um dos temas mais controvertidos da histria poltica do pas a existncia de um sistema de gabinete durante o Imprio. Uma corrente, que tem como mais eminente defensor Afonso Arinos de Melo Franco, sustenta que o chamado parlamentarismo imperial brasileiro nunca existiu, pelo menos o verdadeiro sistema

parlamentar de Governo, elaborado na Europa pela prtica inglesa e fixado no Continente pelo constitucionalismo do sec. XIX. No Brasil, a instituio constitucional do Poder Moderador - nico no mundo - fez do nosso chamado governo parlamentar algo sui generis, inteiramente diverso do que a doutrina conceitua com esse nome.

Liberalismo - crena na personalidade humana e convico de que a fonte de todo progresso est no livre exerccio da energia individual. Politicamente, disposio de usar o poder do Estado para florescimento do indivduo, quer a sociedade ordeira, estvel, mas progressista. Combina os ideais de livre associao e da organizao. O ideal poltico do liberalismo do sec. XIX era a democracia, definida como um mnimo de governo, com as leis e a constituio traadas voluntariamente por todo o povo, atravs de representantes responsveis. O liberalismo as vezes, empregado como sinnimo de individualismo. No sculo XX, todavia, encara a liberdade como resultado das oportunidades iguais que s podem ser oferecidas pela interveno do Estado. O novo liberalismo difere do velho em mais outro aspecto: enquanto este tinha como fundamento os direitos e as leis naturais, aquele mais emprico

7 e pragmtico na formulao dos princpios relativos aos negcios pblicos. Os antigos liberais so os conservadores de hoje: h vrias dcadas os novos liberais vm evoluindo para o coletivismo emprico e democrtico tipo new deal. No Brasil, o liberalismo refletido na Constituio de 1824 era do tipo antigo: anticolonialista proclamava a liberdade econmica mais ampla para as classes superiores e negava direitos polticos s classes inferiores. Durante a Maioridade e a primeira metade do Segundo Imprio s designaes liberal e conservador significavam realmente rtulos diferentes de um mesmo domnio poltico-social. Na metade final do Segundo Imprio, o liberalismo adquiriu significao progressista, corrente que abrigou o nascimento, em sua ala esquerda, do republicanismo. Seu programa: Senado temporrio e eletivo, sufrgio direto e generalizado, extino do poder moderador, substituio do trabalho servil pelo trabalho livre.

Minorias - so grupos ligados por laos, j de ascendncia comum ou de lngua, j de convico religiosa ou poltica, mas que diferem, nesse particular, da maioria dos outros habitantes de determinado Estado. Baseadas nessas diferenas e afinidades lutam politicamente para obter iguais direitos, tratamento especial, autonomia e, nos ca sos mais extremos, separao. Freqentemente, julgam-se prejudicados por ocuparem posio inferior; algumas vezes, porm, minorias numricas gozam de altos privilgios polticos e econmicos, como acontece atualmente no Brasil. Assim, os conceitos de maio ria e minoria tomaram carter mais poltico que numrico. Depois da I e II Guerras Mundiais. Os tratados de paz de 1919 criaram, uma nova Europa, mas verificou-se ser impossvel a realizao completa do princpio da autodeterminao nacional. realizaram-se vrios trados de proteo internacional das minorias, mas que no se estenderam aos Estados mais antigos, nem mesmo Alemanha. em 1922, a Liga das Naes proclamou que as pessoas pertencentes s minorias deviam corresponder proteo recebida do Estado e tinham o dever de cooperar, como cidados leais, com o estado a que pertenciam. As Naes Unidas no deram tanta ateno aos problemas das minorias, mas lhes proclamaram os direitos, assim como a proibio da poltica de hostilidade nacional, racial ou religiosa. A comisso de Direitos Humanos recomendou a observncia do direito de autodeterminao de todos os povos e naes. O maior problema das minorias em vrios pases, depois da II Guerra Mundial, foi o dos refugiados, pois se usava em larga escala a expulso como soluo. Tambm na Palestina ocorreu grave problema de minoria, quando a maioria rabe se sentiu ameaada pelo

8 crescimento da minoria judaica e pelo movimento sionista, que terminou com a criao do Estado de Israel. Nas duas Amricas, apenas os canadenses franceses, no Canad, constituem problema de minoria, no sentido europeu da palavra. No Brasil, grupos tnicos alemes e japoneses ofereceram alguns problemas de integrao, mas a poltica de nacionalizao, depois de 1937, afastou o perigo de sua constituio em minorias. Perigo este afastado temporariamente, pois a Democracia atual nada mais que inconstitucional com o favoritismo, mas mesmo assim est claro o ressurgimento de minorias, tanto no Governo Federal como no Senado e Cmara Federal, pois s visam os interesses deles, no os do povo com p. ex. troca de favores, somente para favorec-los, pois a grande maioria que o povo, os interesses deste no so a preocupao dos nossos governantes.

Princpios Constitucionais - O ordenamento jurdico dos Estados soberanos pressupe a existncia de uns tantos princpios fundamentais, implcitos ou expressos na Constituio, em conseqncia dos quais se estruturam e funcionam os rgos estatais. No sistema constitucional brasileiro, os aludidos princpios se agrupam em duas

categorias: os estruturais e os funcionais; aqueles, juridicamente inalterveis, e estes, suscetveis de modificao mediante reforma da Constituio vigente. So estruturais os princpios da Federao e da Repblica, cuja abolio no pode ser objeto de emenda constitucional. So funcionais os que dizem respeito ao regime e ao sistema de governo, isto , democracia representativa, quanto ao regime; e, quanto ao sistema, o bicameralismo, o presidencialismo e o chamado sistema de controle judicial. Tanto quanto os princpios estruturais da organizao federal e da forma republicana so tambm geralmente considerados fundamentais os princpios referentes ao regime democrtico -representativo, que, segundo alguns, esto implicitamente includos entre os juridicamente inalterveis, porque pressupostos necessrios da forma republicana. A inobservncia de alguns desses princpios e de outros deles decorrentes est expressamente referida na Constituio como motivo de int erveno da Unio nos Estados. Os princpios constitucionais vigentes sero, a seguir, enumerados com os respectivos desdobramentos, explcitos ou implcitos. Federao - A organizao federal pressupe a unio indissolvel de Estados autnomos e a existncia de municpios tambm autnomos, peculiaridade esta que distingue a federao brasileira da norte-americana, onde a questo da autonomia municipal; deixada livre regulao dos Estados Federados. Da o verificar-se que, no Brasil, a Federao juridicamente

9 se exprime pelo desdobramento da personalidade estatal, nacional, na trplice ordem de pessoas jurdicas de direito pblico constitucional: Unio, Estados e Municpios, figurando ainda, sem completa personalidade jurdica, os territrios, que eventu almente podem ser elevados, por lei, categoria de Estados, e, com carter especial, o Distrito Federal.

Repblica - O princpio da forma republicana, cujo desrespeito tambm motiva interveno, desdobra-se, no sistema brasileiro, em trs proposies: (a) temporariedade das funes eletivas, limitada sua durao, nos Estados e municpios, das funes federais correspondentes; (b) inelegibilidade dos rgos do Poder Executivo para o perodo imediato no passado, a partir de 1997 foi considerado legal a elegibilidade; e (c) responsabilidade pela administrao, com obrigatria prestao de contas.

Democracia Representativa - pela definio constitucional, democracia o regime em que todo o poder emana do povo e em seu nome exercido. O princpio fundament al da representao est assegurado pela adoo dos seguintes: (a) sufrgio universal e direto; (b) votao secreta e (c) representao proporcional dos partidos nacionais.

Sistema Presidencial - caracteriza-se o presidencialismo brasileiro, institudo com a Constituio de 1891, ampliado e mantido desde ento, salvo durante a vigncia do Ato Adicional n 4 (de 2 de setembro de 1961 a 23 de janeiro de 1963), pela absoluta independncia do Poder Executivo, exercido pelo presidente da Repblica, com o auxlio de ministros de Estado, por ele nomeados e demitidos livremente, os quais, embora pessoalmente

responsveis, so de sua exclusiva e pessoal confiana. Baseia-se o sistema presidencial no princpio da independncia e harmonia dos trs poderes, assegurado por expressas limitaes constitucionais.

Liberdades Pblicas - Conjunto de direitos inalienveis do cidado, independentes do arbtrio das autoridades. As constituies modernas costumam garantir os seguintes: liberdade religiosa; liberdade de imprensa e da manifestao do pensamento; liberdade de formar associaes, polticas ou no, e de reunir-se em domiclio e da correspondncia, garantia contra priso arbitrria, confisco e expropriao; liberdade de locomover-se dentro do territrio nacional e de sair do pas, etc. Todas essas prerrogativas de cidado so chamadas direitos individuais. Seu conjunto constitui a liberdade (no singular), que caracterstica do Estado do Direito, em oposio ao Estado -Polcia e ao Estado Totalitrio. As

10 liberdades (no plural) so, porm, prerrogativas, no da pessoa, mas de determinados grupos, classes, entidades. A Idade Mdia ignorou a liberdade individual, respeitando e incluindo, contudo, em suas constituies, as liberdades (da aristocracia, da igreja, das cidades, etc). Alguns partidos conservadores (Frana, Espanha) desejam at hoje a supresso da liberdade individual e sua substituio pelas liberdades coletivas. Enquanto isso, os mesmos princpios, privados de seu esprito religioso e formulados conforme os preceitos da filosofia da ilustrao, j tinham sido proclamados como direitos do Homem e do Cidado, pela Revoluo Francesa, passando a constar, a partir da, de todas as Constituies modernas. A Carta das Naes Unidas volta a proclamar os direitos individuais para todos.

DITADURA CIVIL GETLIO DORNELES VARGAS

Estadista brasileiro, chefe revolucionrio, ditador, presidente da Repblica, o nome de Getlio Vargas encheu um quarto de sculo da vida pblica brasileira. De sua chegada ao poder na crista da revoluo de 1930, a seu suicdio, como presidente da Repblica, Vargas ou simplesmente Getlio, como o povo sempre o chamou - foi o indiscutvel centro dos acontecimentos polticos. Mais sutil de esprito e muito mais humano do que o usual caudilho da Amrica espanhola, deixou uma trplice imagem. Primeiro, a imagem risonha dos que o celebravam at na msica popular (tenha calma, Geg) ou nas frases que lhe atribuam (deixa como est para ver como fica). Em seguida, a imagem patriarcal de pai dos pobres e finalmente a imagem trgica da sua carta testamento: nada mais vos posso dar a no ser o meu sangue. O ditador que Vargas foi de 1937 a 1945 deixou no esprito do povo lembrana menos viva de sua imagem dura, apesar de haver, no incio da guerra, favorecido o eixo Roma-Berlim, contra o sentimento aliadfilo da maioria dos brasileiros, apesar de haver destrudo a autonomia dos Estados e as liberdades pblicas e apesar de haver desfrutado o poder absoluto sem realizar reformas de base pelas quais at o hoje o Brasil anseia. Figura ainda a

11 ser estudada e colocada numa perspectiva correta e serena, Getlio Vargas nem foi o gnio poltico e o mrtir do nacionalismo brasileiro que seus correligionrios descrevem, nem o desfrutador egosta do poder que querem seus adversrios. A dignidade trgica do seu fim a 24 de agosto de 1954, firmou no entanto, o contrno de uma personalidade histrica de ao to viva e marcante que at hoje determina, em grande parte, os rumos da vida pblica do Brasil. Ingressou na poltica em 1909, quando foi eleito deputado estadual. Reeleito em 1913 renunciou, mas voltou a ocupar o cargo eleito em 1917, cumprindo o mandato. Em 1922, como deputado federal, foi lder de bancada e pertenceu Comisso de Constit uio e Justia, sendo mais tarde Ministro da Fazenda do presidente Washington Lus (1926/27). A indicao de Jlio Prestes como candidato situacionista sucesso do Pres. Washington Lus quebrando o eixo So Paulo -Minas (caf com leite), desgostou o governador de Minas Gerais. Surgiu o nome de Getlio Vargas como candidato oposicionista pela aliana Liberal. No se conformaram os partidrios da aliana com a vitria a bico de pena de Jlio Prestes. E, finalmente, o assassinato de Joo Pessoa, em Recife, companheiro de chapa de Getlio para a vice-presidncia, desencadeou o movimento revolucionrio a 3 de outubro de 1930. Apoiados pelos governantes do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraba os revolucionrios foram conseguindo rpidas adeses nos demais Estados e, por fim, na prpria capital da Repblica s foras armadas depuseram o Pres. Washington Lus a 24 de outubro de 1930. Poucos dias depois, a 3 de novembro, Getlio Vargas recebeu o governo da Junta Governativa composta do Alm. Isaas de Noronha, Gen. Tasso Fragoso e Gen. Mena Barreto, constituindo um Governo Provisrio.

O Governo Provisrio - instalado no Palcio do Catete e dissolvido o Congresso Nacional, comeou Vargas a governar no meio de grande entusiasmo popular. Os primeiros decretos foram de combate corrupo administrativa, um dos pontos mais repetidos na campanha revolucionria. Aprovou-se uma lei orgnica de governo. Criaram-se dois novos ministrios: Educao e Trabalho: entregues a Francisco Campos e Lindolfo Collor. Da resultou uma reforma do ensino elaborada por uma equipe de professores e uma notvel ampliao das leis trabalhistas. Onde foi criada a CLT (Consolidao das Leis Trabalhistas), porque em governos mais democrticos os trabalhadores eram bastante explorados. Na pasta das Relaes Exteriores conseguia Afrnio de Melo Franco, em pouco tempo, o reconhecimento do governo por todas as naes. Para a da Fazenda foi chamado o banqueiro paulista Jos Maria Whitaker que tentou voltar aos rumos clssicos de Murtinho; pa ra a Agricultura o

12 nome prestigioso de Assis Brasil; para a da Viao, Juarez Tvora, logo substitudo por Jos Amrico de Almeida. Na Justia, ficou Oswaldo Aranha, que pouco mais tarde substituiria Whitaker na Fazenda. Abandonando os princpios clssicos , elaborou Aranha um esquema de pagamento das dvidas exteriores e lanou-se a uma ousada poltica de valorizao do caf. Com o reajustamento das dvidas agrcolas, o chamado Reajustamento Econmico, o governo facilitou amplamente o crdito aos agricultores. A reconstitucionalizao pareceu muitos postergada, enquanto aumentava a influncia de uma ala de jovens militares, expoentes de tenentismo, organizados sob a forma de um clube poltico - Clube Trs de Outubro. A crise do governo em So Paulo, onde, ao interventor Joo Alberto, sucedera um magistrado, o Desembargador Laudo de Camargo, logo deposto e substitudo pelo

comandante da Regio Militar, criou no Estado um sentimento de humilhao. Tentou o Governo aliviar a presso com a nomeao de um interventor paulista e civil, como se exigia ento (e que foi antigo diplomata Pedro de Toledo), seguida dos primeiros atos visando constitucionalizao do pas. Mas era tarde. Em 9 de julho rompia um movimento em So Paulo, sob o comando do Ge n. Bertoldo Klinger. Esperava-se o apoio de outros Estados, especialmente Minas e Rio Grande do Sul. Mas nenhum dos dois aderiu. Desprezando a vantagem de uma rpida marcha inicial sobre o Rio de Janeiro, o governo revolucionrio deixou cercar-se e terminou vencido, seguindo-se uma srie de prises e cassaes de direitos polticos. O fato que a reconstitucionalizao processou-se sem mais interrupes. Uma nova lei eleitoral estabeleceu o voto feminino, o voto secreto, a representao proporcional dos partidos e a justia eleitoral. Como satisfao s idias corporativas em curso, estabeleceu, paralelamente representao popular, uma representao classista, eleita pelos sindicatos. Eleies foram realizadas e, a 15 de novembro de 1933, tomavam posse os deputados eleitos Assemblia Constituinte, reuniram-se 250 deputados eleitos pelo povo e 50 pelas representaes de classe e iniciaram a elaborao de uma nova constituio republicana, sendo a segunda constituio. A 16 de julho de 1934 foi promulgad a a Constituio. Era excessivamente minuciosa. A preocupao do compromisso entre as vrias correntes ideolgicas e de reagir contra a hipertrofia do Poder Executivo fez com que o novo cdigo poltico no desse nao o sentimento que buscava, de seguran a e tranqilidade. No dia seguinte da promulgao, a Assemblia elegeu Getlio Vargas, por voto indireto, Presidente da Repblica. A Segunda Repblica, como se chamou o perodo, caracterizou -se

13 por uma luta entre as correntes extremistas. Levados pelos exemplos europeus, direitistas e esquerdistas, iniciaram uma intensa propaganda. Os nimos entre os partidrios da extrema direita (especialmente os membros da Ao Integralista Brasileira, dirigidos por Plnio Salgado) e os comunistas (cuja ao foi pola rizada pela Aliana Nacional Libertadora, sob a presidncia de honra de Lus Carlos Prestes, j ento chefe ostensivo de comunismo no Brasil), atingiu o clmax em 1935. Em novembro desse ano estourou uma revoluo de carter comunista em natal e no Recife. Logo aps, levantavase no Rio de Janeiro o 3 Regimento de Infantaria, sediado na Praia Vermelha, aclamando como chefe da nao Lus Carlos Prestes. Prontamente dominada, a revolta provocou enorme fortalecimento da ala extremista da direita com a votao pelo Poder Legislativo de uma emenda constitucional equiparando ao estado de guerra, com as conseqentes suspenses de garantias, a comoo grave com finalidades subversivas das instituies polticas e sociais.

O Estado Novo - A nao conheceu de novo a agitao de uma campanha presidencial. Em torno do governador de So Paulo, Armando de Sales Oliveira, organizou -se a Unio Democrtica Brasileira, contra a qual se ergueu a candidatura de Jos Amrico de Almeida, ostensivamente apoiada pelos elementos governamentais. Ao aproximar-se, no entanto, as eleies o ambiente poltico foi-se tornando cada vez mais carregado, com boatos aterradores. Em outubro, o governador do Rio Grande do Sul, partidrio da candidatura paulista, forado pela presso militar, retirou-se do Brasil, empossando-se em Porto Alegre, como interventor federal, o comandante da regio militar. No mesmo ms, o Governo solicitou ao Congresso a decretao do estado de guerra baseado na existncia de um tenebroso plano de revoluo comunista que era o famoso Plano Cohen. Mais tarde, por declarao do General Gis Monteiro, ento chefe do Estado-Maior do Exrcito, ficou provado que tal plano no passava de um documento forjado. Decretado o estado de guerra, no tardou o Get lio, em 10 de novembro, dissolver o Congresso e declarar extinta a Constituio de 1934. Fez publicar ento uma nova Constituio, elaborada pelo ministro Francisco Campos. A Carta entrou imediatamente em vigor, a fim de ser submetida a um plebiscito nacional. Mas a consulta nunca chegou a efetivar-se, o que acentuaria as caractersticas antidemocrticas do golpe de Estado, instaurando um regime ditatorial. Como medida inicial, foram dissolvidos todos os partidos polticos, inclusive a Ao Integralista Brasileira, o que no impediu que o Governo procurasse depois obter a colaborao de seu chefe e de outros elementos de destaque.

14 A conjuntura internacional favorecia os regimes de direita, com a implantao de governos totalitrios na Itlia, Alemanha, Polnia, Japo, Portugal e Espanha, cuja guerra civil redundaria numa vitria do fascismo. A 11 de maio de 1938, um contragolpe ao ditador Getlio, fracassou. Ficaram comprometidos vrios chefes civis e militares, bem como integralistas que tomaram parte saliente no ataque armado ao Palcio Guanabara, residncia do Presidente. A faculdade conferida excepcionalmente na carta de 1937, ao Presidente, de expedir decretos-leis, foi ento exercida amplamente. Raros os setores da legislao brasileira que no sofreram ampla renovao. As leis trabalhistas sofreram forte influncia do fascismo, no sentido da unificao e controle dos sindicatos pelo Estado. Tendo sido unificadas as leis do processo, imps-se a expedio de cdigos nacionais sobre a matria, como tambm foi decretado novo cdigo penal. No campo da economia, mencione -se extensa legislao permitindo o desenvolvimento industrial. A conjuntura internacional, que permitira a instaurao do Estado Novo, obstar, noutras circunstncias, a permanncia do governo forte e discricionrio. A solidariedade PanAmericana fora reafirmada nas Conferncias de Lima (1938) e Panam (1939). Em maio de 1939, o Brasil recebeu a visita do Gen. Gis Monteiro aos Estados Unidos, marcando ambas o incio entendimentos para um programa de cooperao militar entre os dois pases. O Brasil havia declarado sua neutralidade na II Guerra Mundial, mantida mesmo depois dos arranhes sofridos nas questes do Graf Spee (dezembro de 1930) e do Wakama(fevereiro de 1940), quando naes beligerantes praticaram atos de guerra em nossas guas territoriais. Dentro do governo brasileiro, pressentia-se a existncia de duas correntes antagnicas: a neutral e a que procurava definies positivas contra o bloco nazi-fascista. Num clima de absoluta restrio liberdade de imprensa, o discurso de Vargas, logo aps a queda da Frana, num tom enigmtico, transmitiu por um momento a impresso de uma guinada espetacular para o lado alemo. A agresso de Pearl Harbor encontraria j o Brasil definitivamente enquadrado nos princpios da Declarao de Havana (1940), segundo a qual a agresso a qualquer das naes do Hemisfrio seria considerada extensiva a todas as demais integradas na Unio Pan -americana. Nesse sentido, pronunciouse Vargas, de modo inequvoco, em setembro e dezembro de 1941, sendo de notar-se o telegrama que endereou ao Presidente Roosevelt, no mesmo dia do atentado nipnico. O Brasil tomaria a iniciativa da convocao da reunio de consulta dos chanceleres americanos, reunida no Rio de Janeiro, que terminou com a comunicao feita por Oswaldo Aranha, a 28

15 de janeiro de 1942, de que o governo brasileiro havia rompido as suas relaes com as potncias do Eixo, porque a presso popular e a influncia do Presidente Roosevelt foram obrigando Getlio Vargas a passar para o campo aliado. Desde ento, passamos a colaborar ostensivamente com os Estados Unidos, na defesa do continente, com a transferncia ao governo norte-americano da concesso feita a Panair do Brasil S.A. para a reforma do s aeroportos do Norte e Nordeste (iniciativa tomada aps a visita de Marchall), incumbindo -se os Estados Unidos da construo das bases areas de Belm, Natal e Recife. Essa transferncia efetivou-se em maro de 1942. No tardou a represlia alem. Os submarinos nazistas passaram a atacar as unidades de nossa Marinha Mercante, at que a situao se tornou intolervel. O governo, premido pela opinio pblica, teve que reconhecer o estado de guerra com o III Reich, o que aconteceu a 21 de agosto de 1942. Foram postos a pique 37 navios brasileiros, num total de 126.535 toneladas. Inicialmente, o Brasil participou do patrulhamento areo e naval das nossas costas e da rota Natal-Dakar. O encontro entre os presidentes Roosevelt e Vargas, em Natal (janeiro 1943), marcaria, contudo, uma nova fase de nosso esfro de guerra. Em 1944, sob o comando do Gen. Mascarenhas de Morais, foi enviada Itlia a Fra Expedicionria Brasileira, que contribuiu valorosamente para a vitria aliada sobre os alemes e italianos na Pe nnsula Itlica, colhendo vitrias nos Montes Apeninos e no Vale do Rio P. Getlio Vargas, permaneceu cerca de oito anos como ditador, foi deposto por um golpe de Estado, a 29 de outubro de 1945, poucas horas aps ter nomeado seu irmo Benjamim Vargas para a Chefia de Polcia, numa ltima tentativa de deter as foras democrticas que, animadas pela vitria aliada, estavam determinadas a livrar o Brasil da longa noite ditatorial. Recolheu-se estncia Santos Reis, em So Borja, e recomendou que seus part idrios, os chamados queremistas, votassem no Gen. Dutra. Realizadas as eleies, foi eleito Dutra e promulgou-se a nova Constituio a 18 de setembro de 1946, sendo a quinta Constituio da Repblica. Vargas elegeu-se ento deputado e senador por diversos Estados, e somente em meados de 1947 voltou ao Rio de Janeiro para tomar posse de sua cadeira de senador pelo Rio Grande do Sul.

volta de Vargas - Em 1950, aos 68 anos de idade, retornou como presidente da Repblica, eleito por 3.849.040 votos. A situao financeira reclamou a ateno do segundo governo Vargas desde os primeiros momentos. Durante o governo, realizou profundas modificaes na vida pblica do pas, tendo criado os ministrios da Aeronutica, da Educao e do Trabalho

16 (que j havia sido criado em seu 1 governo) e diversas autarquias. Melhorou, sobremaneira, as condies sociais do operariado com a nova legislao trabalhista. Progrediram as indstrias urbanas, desenvolvia-se a siderurgia, inaugurando a usina Siderrgica de Volta Redonda, a Fbrica Nacional de Motores e a produo do petrleo, criando a 3 de outubro de 1953, com a Lei 2.004, a Petrobrs como soluo ao problema do petrleo brasileiro, esta em bases nacionalistas. Pertenceu Academia Brasileira de Letras e de suas obras d estaca-se A Nova Poltica do Brasil. Por outro lado a facilidade de crditos e a alta crescente de preos davam origem a profunda irritao da classe mdia, que se proletarizava: sintomas costumeiros do desajustamento social que acompanha a inflao. O esprito do Presidente Vargas ressentiase de fadiga e mostrava tendncia ao isolamento. A oposio crescia medida que se difundia a suspeita de que se preparava novo golpe do Estado. As denncias de escndalos administrativos foram subindo de tom. Quando a 4 de agosto de 1954, ao voltar de uma conferncia, o deputado e jornalista de oposio Carlos Lacerda foi vtima de um atentado no qual tombou morto um oficial da Aeronutica, Major-Aviador Rubens Florentino Vaz, a situao revelou que o assassino agira a mando de um fmulo do Presidente da Repblica. Este forneceu todos os elementos para a investigao e punio dos culpados. Na noite de 23 de agosto, pensou o Presidente que venceria a crise apresentando ao Gabinete um pedido de afastamento t emporrio, mas na manh seguinte, ao perceber que a soluo no satisfizera os adversrios e cedendo, ele prprio, ao nervosismo do ambiente, suicidou-se no Palcio do Catete desfechando um tiro no corao.

Comentrios - pelo lado positivo de sua ditadura, ele fez alguns benefcios para o povo como: criou o Ministrio do Trabalho, criando a CLT, que at ento os trabalhadores eram explorados, por seus patres. Criou o Ministrio da Aeronutica que ainda hoje uma das foras armadas que mais do lucro ao pas. Progrediu a agricultura com incentivo ao caf, que na poca se tornou um dos principais produtos brasileiros, mais exportados. Quando ele voltou como Presidente em 1950, como governo democrtico foi que deu desfecho em toda a situao em que vivemos at hoje. Comeou a crescer o olho, como todo governo civil, ento comearam as nomeaes de parentes, amigos, fantasmas, invaso comunista, o Brasil vendido ao Americano, que at hoje ainda no conseguimos nos livrar da tal dvida externa, presses do FMI, a classe mdia sempre sacrificada, etc.

17 Por tudo que a histria conta, mas valia a vida na poca da ditadura do que na poca da democracia. A VOLTA DA DEMOCRACIA O Brasil que ento j estava em crise desde de seu ltimo governo, como j foi dito, comeara a crise de tantos desacertos e uma srie de corrupo e interesses de elites, que ser relatado conforme conta a histria, o porqu da ditadura militar. Aps a morte de Getlio, assumiu o governo, o Vice-Presidente Joo Caf Filho presidiu a eleio do sucessor de Vargas, que foi a antigo Governador do Estado de Minas Gerais, Juscelino Kubstcheck de Oliveira, eleito pelo PSD, aliado ao PTB, a que pertencia o seu companheiro de chapa o Vice-Presidente Joo Goulart. O resultado das eleies levantou a reao dos inconformados, que penetrou no prprio governo. Agravou-se a delicada situao com a doena do Presidente Caf Filho, obrigado a recolher-se a uma casa de sade, passando o cargo ao substituto legal, o Deputado Carlos Luz, presidente da Cmara Federal. Foi quando a tenso poltica chegou a ponto agudo, pois o novo governante decidira substituir o Ministro da Guerra, depois do incidente criado com a punio disciplinar do Coronel Jurandir Mamede, pertencente ao denominado grupo golpista do Exrcito, por ter feito declaraes polticas. A atitude do Presidente Carlos Luz, nomeando um general reformado como substituto do General Teixeira Lott, que se colocava entre os partidrios da corrente chamada legalista, determinou o movimento que o prprio general chamou de retorno aos quadros constitucionais vigentes, ou seja, o antigolpe, sendo declarados impedidos, pelo Congresso Nacional, para exercer a Presidncia da Repblica, tanto o Vice -presidente Caf Filho como o Deputado Carlos Luz. Foi ento conduzido Presidncia da Repblica, na ordem imposta pela Constituio Federal, o vice-presidente do Senado Federal, Nereu Ramos, a quem caberia dar posse, a 31 de janeiro de 1956, ao novo presidente eleito Juscelino Kubitschek de Oliveira.

O Governo Kubitschek - O plano de desenvolvimento econmico do Presidente Kubitscheck, programando uma srie de metas a serem atingidas, deu ao seu perodo governamental

18 um ritmo inusitado, especialmente com a mudana da capital do Rio de Janeiro para o

Planalto Central. Era esta uma aspirao antiga, lembrada na Constituinte do Imprio (1823), consignada na Constituio republicana de 1891 e reiterada na de 1946. Em contraste com a sua audaciosa situao interna, foi tmida a poltica do govern o no campo internacional, que teve, contudo, um ponto alto na chamada Operao Pan -Americana, resultante de uma troca de cartas entre Juscelino e Eisenhower, propiciatria de uma mudana radical da posio dos EUA, em face dos demais pases integrantes da Organizao dos Estados Americanos. Essa nova poltica foi, mais tarde, definida com maior objetividade pelo Presidente John Kennedy, com o programa que denominou Aliana para o Progresso (1961). No fim do governo, que transcorreu num clima de completa liberdade, apresentaram-se trs candidatos sucesso: o Marechal Teixeira Lott, Ademar de Barros e Jnio Quadros. O primeiro contou com o apoio das chamadas foras situcionistas, do PSD e do PTB, mais das cpulas dessas agremiaes que de suas bases eleitorais. O segundo, do PSP de que era o presidente, mas o terceiro capitalizou todos os descontentes. No apenas os da oposio com UDN frente, como os das alas dissidentes dos partidos governistas. O

eleitorado deu maioria ao candidato oposicionista, com 48% da votao apurada. Como vicepresidente, venceu o candidato do PTB, Joo Goulart.

O Governo Jnio Quadros - Iniciando o seu governo, em janeiro de 1961, o Presidente Jnio da Silva Quadros promoveu uma srie de reformas nos mtod os da administrao, alm de numerosas investigaes. Prometeu estabelecer um clima de rigorosa austeridade no servio pblico, ao mesmo tempo que inaugurava uma poltica internacional mais agressiva. Jnio assume a Presidncia da Repblica em 31 de janeiro de 1961 herdando de Juscelino Kubitschek um pas em acelerado processo de concentrao de renda e inflao. Adota uma poltica econmica ditada pelo FMI (Fundo Monetrio Internacional): restringindo o crdito e congelando os salrios. Com isso, obtm novos emprstimos mas desagrada ao movimento popular e aos empresrios. No plano externo exerce uma poltica no alinhada. Apoia Fidel

19 Castro diante da tentativa fracassada de invaso da Baa dos porcos pelos norte -americanos. Em 18 de agosto de 1961 condecora o ministro da indstria de Cuba, Ernesto "Che" Guevara, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira. No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, denuncia pela TV que Jnio Quadros estaria articulando um golpe de estado. No dia seguinte, o presidente surpreende a nao: em uma carta ao Congresso afirma que est sofrendo presses de "foras terrveis" e renuncia a presidncia. Em quanto isso, o vice-presidente Joo Goulart est fora do pas, em visita oficial China. O presidente da Cmara, Ranieri Mazilli, assume a presidncia como interino, no mesmo dia, 25 de agosto. A UDN e a cpula das Foras Armadas tentam impedir a posse de Jango, por estar ligado com o movimento trabalhista. Os ministros da Guerra, Odlio Denys, da marinha, vice-almirante, Silvio Heck, e o brigadeiro Gabriel Grn Moss, da Aeronutica, pressionam o congresso para que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleies. O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, encabea a resistncia legalista apoiado pela milcia estadual. Em seguida, cria a Cadeia da Legalidade: encampa a Rdio Guaba, de Porto Alegre, e, transmitindo em tempo integral, mobiliza a populao e as foras polticas para resistir ao golpe e defender a Constituio. As principais emissoras do pas aderem rede e a opinio pblica respalda a posio legalista. Em 28 de agosto de 1961 o general Machado Lopes, comandante do 3 Exrcito, sediado no Rio Grande do Sul, tambm declara apoio a Jango. Em 2 de setembro o problema contornado: o congresso aprova uma emenda a constituio que institui o regime parlamentarista. Jango toma posse mais perde os poderes do presidencialismo. Foi investido no poder o presidente da Cmara Federal, Deputado Pascoal Ranieri Mazzilli, em vista de se encontrar ausente do pas, percorrendo pases da sia, o vice presidente Joo Goulart. perplexidade da renncia, seguiu -se uma declarao dos ministros militares, considerando perigosa a entrega do poder ao vice -presidente e pedindo ao Congresso a declarao do seu impedimento. Assumindo ento a chefia do Estado, a 7 de setembro de 1961, o Presidente Joo Goulart que indicou para presidente do Conselho de Ministros o poltico mineiro Tancredo Neves, do Partido Social Democrtico, mas que organizou um Gabinete com representantes de todos os partido. Nascido de uma crise poltica sem precedentes na histria republicana, como soluo de emergncia. O Plebiscito - Aps dez dias de apreenses, resolveu o Congresso convocar o vice presidente, mas aprovando, sob a forma de um Ato Adicional Constituio, uma reforma no

20 sistema de governo, instituindo o regime parlamentarista. Em 06/01/63, foi votado em plebiscito a forma de governo, se continuava o parlamentarismo ou a volta do presidencialismo. Nessa conjuntura definiam-se 2 grandes grupos o progressista e outro conservador. Os progressistas eram favorveis as mudanas, sendo bastante heterogneo, englobava desde polticos tradicionais, moderados at revolucionrios radicais (grupo s ou indivduos). Os conservadores eram a direita da sociedade, notadamente elites econmicas, composta pela burguesia (empresrios industriais, comerciais e financeiros e os grandes proprietrios de terra), pela alta oficialidade militar, pela alta hierarquia da Igreja Catlica e por amplos setores de classe mdia. Esses grupos temiam as reformas, que afetaria seus privilgios e tachavam-na de comunistas e subversivos. O novo regime foi posto prova em hora difcil e revogado em janeiro de 1963, com o plebiscito que aprovou a volta ao regime presidencialista.

Governo Joo Goulart - Jango assume a Presidncia em 7 de setembro de 1961, sob o regime parlamentarista, e governa at o golpe de 64, 1 de abril. Seu mandato marcado pelo confronto entre diferentes polticas econmicas para o Brasil, conflitos sociais e greves urbanas e rurais. O parlamentarismo derrubado em janeiro de 1962: em plebiscito nacional, onde 80% dos eleitores optam pela volta do presidencialismo. Enquanto durou, o parlamentarismo teve trs primeiros-ministros, entre eles, Tancredo Neves que renunciou para candidatar-se ao governo de Minas Gerais.

Campanha Reformista - Fortalecido pela vitria obtida no referendum popular e de posse dos amplos poderes conferidos pelo Presidencialismo, Joo Goulart colocou o problema das reformas de estrutura em termos de exigncia nacional. Contando na poca com o apoio de determinadas reas das Foras Armadas, o incentivo de certos grupos econmicos, o

21 beneplcito de alguns setores do pensamento catlico e, sobretudo, com a cobertura das classes trabalhadoras, o Presidente props ao Congresso, entre outras, as seguintes reformas de base: 1. Agrria - com a desapropriao do latifndio improdutivo, mediante pagamento em ttulos da dvida pblica; 2. Poltica - com a extenso do direito de voto aos analfabetos e s praas do pr; 3. Fiscal - com a modernizao do sistema tributrio, a fim de evitar a evaso de rendas; 4. Universitria, com a extino da vitaliciedade de ctedra. Sem contestar a necessidade de modificaes estruturais, a maioria oposicionista do Congresso discordava, contudo, de certos pontos de vista do Executivo relativos reforma agrria, passando a combater com nfase especial a tese que preconizava a desapropriao de terras com pagamento de ttulos da dvida pblica, com baixo ndice de correo monetria. Tal divergncia provocou, durante todo o ano de 1963, intensos debates entre governo e oposio, durante os quais fracassaram, uma aps outra, todas as frmulas conciliatrias. Estava , assim, aberto o caminho a um rpido processo de radicalizao poltica. Em 1961 a Confederao Nacional dos Trabalhadores na Indstria e o Pacto de Unidade e Ao, de carter intersindical, convocam uma greve reivindicando melhoria das condies de trabalho e a formao de um ministrio nacionalista e democrtico. O movimento conquista o 13 salrio para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizam, no mesmo ano, o 1 Congresso Nacional de Lavradores e trabalhadores agrcolas, em Belo Horizo nte, Minas Gerais. O Congresso exige reforma agrria e CLT (Consolidao das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com aprovao do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformam em sindicatos rurais. O Presidente estimulou a realizao, na Guanabara, no dia 13 de maro de 1964, de uma grande concentrao de trabalhadores, o chamado Comcio das Reformas, durante a qual no s proclamou a legitimidade das presses populares sobre o Congresso para a obteno das reformas como anunciou assinatura de dois importantes decretos:

22 1. O que dispunha sobre a desapropriao por interesse social de propriedades rurais situadas nas margens das rodovias, ferrovias e audes federais; e 2. O que nacionalizava as refinarias de petrleo particulares. Visando obteno urgente de dispositivos legais que garantissem as reformas, o Presidente, em sua mensagem anual ao Congresso Nacional, solicitou a delegao de poderes ao Executivo para elaborao legislativa, o plebiscito e a reforma da Constituio. Ante a frieza com que o Congresso recebeu sua mensagem, o Presidente, disps -se a ocupar toda a sua rea de atribuies. Baixou ento decretos relativos fabricao compulsria de tecidos e calados populares, ao monoplio estatal da importao de petrleo, regulamentao da lei de remessa de lucros para o exterior e ao tabelamento de aluguis. Alertada pelas manobras continuistas de Joo Goulart, cuja mensagem parecia preparar o terreno para a derrogao do captulo constitucional das inelegibilidades, a oposio passou a acusar o governo de atentar contra o sistema federativo, de permitir infiltrao comunista nos quadros da administrao pblica, de omitir-se ante o processo inflacionrio e de adotar uma poltica de crescente estatizao. Joo Goulart realiza um governo contraditrio. Procura estreitar as alianas com o movimento sindical e setores nacional-reformistas, mas paralelamente tenta implementar uma poltica de estabilizao baseada na conteno salarial. Seu Plano Trienal de Des envolvimento econmico e Social, elaborado pelo ministro do Planejamento, Celso Furtado, tem por objetivos manter as taxas de crescimento da economia e reduzir a inflao. Essas condies impostas pelo FMI so indispensveis, para a obteno de novos emprstimos, renegociao da dvida externa e elevao do nvel de investimento. O Plano Trienal tambm determina a realizao das chamadas reformas de base - reforma agrria, educacional, bancria e outras, necessrias ao desenvolvimento de um "capitalismo nacional" e progressista". O anncio destas reformas aumenta a oposio ao governo e acentua a polarizao da sociedade brasileira. Jango perde rapidamente suas bases na burguesia. Para evitar o isolamento, refora as alianas com as correntes reformistas: aproxima-se de Leonel Brizola, ento deputado federal pela Guanabara, de Miguel Arraes, governador de Pernambuco; da UNE e do Partido Comunista, que embora na ilegalidade, mantinha forte atuao no movimento popular e sindical. O Plano Trienal abandonado em meados de 1963, mas o presidente continua, implementando medidas de carter nacionalista: limita a remessa de capital para o exterior, nacionaliza empresas de comunicao e decide rever as concesses para explorao de minrios. As retaliaes

23 estrangeiras so rpidas: governo e empresas privadas norte-americanas cortam o crdito para o Brasil e interrompem a negociao da dvida externa. No Congresso se formam a Frente Parlamentar Nacionalista, em apoio a Jango e a ao Democrtica Parlamentar, que recebe ajuda financeira do Instituto Brasileiro de Ao Democrtica (Ibad), instituio mantida pela Embaixada dos Estados Unidos. No incio de 1964 o pas chega a um impasse. O Governo j no tem o apoio das classes dominantes e os prprios integrantes da cpula governamental divergem quanto aos rumos a serem tomados. A crise se precipita no dia 13 de maro, com a realizao de um grande comcio em frente Estao Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Perante 300 mil pessoas Jango decreta a nacionalizao das refinarias privadas de petrleo e desapropria, para fins de reforma agrria, propriedades s margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigao dos audes pblicos. Em 19 de maro realizada, em So Paulo a maior mobilizao contra o governo, a "Marcha da Famlia com Deus pela Liberdade", organizada por grupos da direita, com influncia dos setores conservadores da Igreja Catlica. A manifestao, que rene 400 mil pessoas, fornece o apoio poltico para derrubar o presidente. No dia 31, tropas mineiras sob o comando do general Mouro Filho marcham em direo ao Rio de Janeiro e Braslia. Depois de muita expectativa, os golpistas conseguem a adeso do comandante do 2 Exrcito, general Amaury Kruel. Jango est no Rio quando recebe o manifesto do genera l Mouro Filho exigindo sua renncia. No dia 1 de abril pela manh, parte para Braslia na tentativa de controlar a situao. Ao perceber que no conta com nenhum dispositivo militar e vem com o apoio armado dos grupos que o sustentavam, abandonam a capital e segue para Porto Alegre. Nesse mesmo dia, ainda com Jango no pas, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declara vaga a Presidncia da Repblica. Ranieri Mazzilli, presidente da Cmara dos Deputados ocupa o cargo interinamente. Exilado no Uruguai, Jango participa da articulao da Frente Ampla, um movimento da Redemocratizao do pas, junto com Juscelino e seu ex-inimigo poltico, Carlos Lacerda. Mas a Frente no se concretiza. Mediante esses fatos, a baderna era total, o povo tinha algum dinheiro e no tinha o que comer, a classe mdia comeara a se dividir em: classe mdia rica, classe mdia mdia e classe mdia pobre, os de classe pobre comeavam a ser miserveis, greves em cima de greves. O Brasil virou um caos. O Sr. Leonel Brizola que na poca era Deputado Federal pelo Estado da Guanabara, e por ser cunhado de Joo Goulart, sublevou as tropas do III Exrcito. Desenvolveu intensa atividade poltica, assumindo a liderana de seu partido, o PTB, e radicalizando a luta pelas reivindicaes nacionalistas. Apoiou a campanha reformista do Pres. Joo Goulart, tentando, sem xito, ocupara a pasta da Fazenda. Por ser considerado um poltico perigoso, aps

24 a revoluo de 31 de maro de 1964, teve seu mandato cassado e suspensos por dez anos os seus direitos polticos. Incurso na Lei de Segurana nacional e na iminncia de ser preso, Brizola asilou-se no Uruguai.

DITADURA MILITAR Revoluo de 31 de maro - a assinatura dos ltimos decretos de cunho reformista, somada disposio governamental de ampliar a ao do Executivo, agravou a crise poltica, com reflexo imediato na situao econmico-financeira do pas. Enquanto isso, sob o patrocnio do governo, organismos polticos e sindicais, como a Frente de Mobilizao Popular (FMP) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) agiam ostensivamente no sentido de pressionar o Congresso aprovao das reformas. Ante o crescente assdio das foras reformistas, a oposio empunhou a bandeira da defesa da legalidade constitucional, ameaada pelos propsito s continuistas do Presidente. E passou a acusar o governo de pactuar com a corrupo administrativa e a infiltrao comunista no aparelho do Estado, chegando a denunciar a conivncia do Presidente com um processo de guerra revolucionrio. Tais fatos justificavam a intensificao das articulaes que se vinham efetuando, no plano civil, entre os governadores Carlos Lacerda (Guanabara), Ademar de Barros (So Paulo) e Magalhes Pinto (Minas Gerais). atividade idntica era observada na rea militar, onde os generais Cordeiro de Farias, Nelson de Melo, Costa e Silva, Odylio Dennis, Olmpio Mouro Filho e Carlos Lus Guedes, alm de outros oficiais generais, montavam tambm seu esquema de ao. Em face da atitude de rebeldia adotada pela oposio, resolveu o Pre sidente renunciar ttica conciliatria, mudana que se definiu em dois episdios de repercusso nacional: a no punio dos responsveis por uma revolta de marinheiros, e a fala presidencial de 30 de maro aos membros da Associao dos subtenentes e Sarg entos da Polcia da Guanabara. Com isso, feria o Governo o princpio da hierarquia militar, iniciando um processo de desagregao as

25 Foras Armadas. Quase em resposta o Governador Magalhes Pinto acendeu o estopim da revolta, dirigindo nao, tambm a 30 de maro, um manifesto onde dizia que as foras sediadas em Minas Gerais consideravam seu dever entrar em ao, a fim de assegurar a legalidade ameaada pelo prprio Presidente da Repblica. A ao militar, marcada para 3 de abril, foi antecipada pela guarnio de Minas Gerais que, sob o comando dos Generais Olimpio Mouro Filho e Carlos Lus Guedes, se declarou em estado de rebelio e, na madrugada de 31 de maro, deslocou alguns contingentes em direo Guanabara. Em menos de 24 de horas, as foras rebeladas em Minas receberam a adeso dos Exrcitos sediados na Guanabara, So Paulo e Pernambuco (I, II e IV Exrcitos). Apenas o III Exrcito (Rio Grande do Sul) ainda no se definira. Na Guanabara, como em todo pas, depois de fracassarem os dispositivos sindicais, no obstante a ordem de greve geral nacional expedida pelo CGT, bandearam-se s faces militares que o governo julgava ter a seu lado. Sem apoio nas Foras Armadas, o Presidente, que se encontrava no Rio de Janeiro, a fim de articular a resistncia, partiu para Braslia, onde, aps lanar um manifesto nao, caracterizando o movimento como um golpe de Estado, seguiu para Porto Alegre, ltimo reduto da resistncia governista. Poucas horas depois, contudo, a ao conjugada dos generais Pope de Figueiredo, Cordeiro de Farias e Nelson de Melo selou a vitria final do movimento. Em Braslia, o presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, anunciou a vacncia da Presidncia da Repblica e convocou o presidente da Cmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, a assumir a chefia do governo, Joo Goulart fugiu para o Uruguai, onde solicitou asilo poltico. O Regime Militar - instaurado em 1 de abril de 1964, pelo golpe militar. O plano poltico marcado pelo autoritarismo, supresso dos direitos constitucionais, perseguio poltica, priso e tortura dos opositores, e pela imposio da censura prvia aos meios de comunicao. Na economia h uma rpida diversificao e modernizao da indstria e servios, sustentada por mecanismos de concentrao de renda, endividamento externo e abertura ao capital estrangeiro. Com a deposio de Jango, o presidente da Cmara, Ranieri Mazzelli, assume formalmente a presidncia e permanece no cargo at 15 de abril de 64. Na prtica, porm, o poder exercido pelos ministros militares de seu governo, entre eles, o general Arthur da Costa e Silva, da Guerra. Nesse, perodo institudo o Ato Institucional n1. Os Atos Institucionais so mecanismos adotados pelos militares para legalizar aes polticas no previstas e mesmo contrrias Constituio. De 1964 a 1978 sero decretados 16 Atos Institucionais e complementares que transformam a Constituio de 46 em uma colcha de retalhos . O AI-1, de 9 de abril de 64, transfere poder aos militares, suspende por dez anos os

26 direitos polticos de centenas de pessoas. As cassaes de mandatos alteram a composio do Congresso e intimidam os parlamentares. A ditadura militar foi caracterizada por 3 diretrizes bases: 1. A ruptura da normalidade institucional, com a interveno direta d os militares no estabelecimento e no funcionamento dos trs poderes bsicos executivo, legislativo e judicirio, eliminando assim o estado de Direito; 2. As restries e mesmo o bloqueio completo da participao da populao do processo poltico; 3. A opo pela forma capitalista de desenvolvimento com a dupla conseqncia - o afastamento (com uso da violncia) das manifestaes aproximada ao socialismo e a aceitao do papel hegemnico dos Estados Unidos. A Represso - Vitorioso o movimento armado regulamentou sua ao revolucionria pela outorga, a 9 de abril, do Ato Institucional. Com vigncia delimitada at 31 de janeiro de 1966, o Ato suspendeu, por seis meses, as garantias constitucionais ou legais de esta bilidade e vitaliciedade, investiu o Presidente da Repblica, pelo prazo de 60 dias, do poder de suspender direitos polticos e cassar mandatos legislativos, e determinou a instaurao de inquritos policial-militares para apurar a prtica de atividades subversivas e de corrupo administrativa no governo deposto. Com base em dispositivos do Ato Institucional, o Alto Comando Revolucionrio, integrado pelos Ministros Artur da Costa e Silva (Guerra), Francisco de Assis Correia de Mello (Aeronutica) e Augusto Hamann Rademaker Grunewald (Marinha) efetuou o expurgo na vida pblica do pas, cassando mandatos de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, e suspendendo os direitos polticos de dezenas de cidados, dentre os quais, os ex-presidentes Juscelino Kubitschek, Jnio Quadros e Joo Goulart, governadores Miguel Arraes (Pernambuco), Badger da Silveira (Estado do Rio), Plnio Coelho (Amazonas) e Aurlio do Carmo (Par); lder comunista Lus Carlos Prestes, economista Celso Furtado; escritores Josu de Castro, Nelson Werneck Sodr e Antnio Houaiss, alm de vrios ministros do governo deposto. Na rea militar, quase duas centenas de oficiais foram transferidos para a reserva ou excludos das foras armadas. Paralelamente, desenvolveu-se ampla represso policial em todo o pas, registrando-se prises de polticos, militares, jornalistas, intelectuais, lderes estudantis e sindicais.

27 Atos Institucionais: Ato Institucional N1 Permitiu que os militares que assumissem o comando poltico do pas, sem que o Congresso Nacional pudesse impedir. A Lei 4330 declarava toda a greve ilegal. Ato Institucional N 2 17 de outubro de 1965 Foram extintos os partidos polticos, surgindo a ARENA (Aliana Renovadora Nacional), que apoiava o governo, e o MDB (Movimento Democrtico Brasileiro), representando a esquerda e tinha sua ao muito limitada. Restabeleceu a eleio indireta para presidente. O presidente poderia baixar atos complementares e decretos -lei em matria de segurana nacional. Ato Institucional N3 Fevereiro de 1963 Eleio indireta dos Governadores dos Estados atravs das respectivas Assemblias estaduais Ato Institucional N 4 Convocou o Congresso Nacional extraordinariamente para aprovar a nova constituio. Ato Institucional N 5 13 de dezembro de 1968 " Os poderes atribudos ao executivo pelo Ato Institucional N 5, podem ser assim resumidos : 1) poder de fechar o Congresso Nacional e as assemblias estaduais e municipais; 2) direito de cassar os mandatos eleitorais de membros dos Legislativo e Execu tivo nos nveis federal/estadual e municipal; 3) direito de suspender por dez anos os direitos polticos dos cidados; 4) direito de demitir, remover, aposentar ou pr em disponibilidade funcionrios da burocracia federal/estadual e municipal; 5) direito de demitir ou remover juizes, e suspenso das garantias ao judicirio de vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade; 6) poder de decretar estado de stio sem qualquer dos impedimentos fixados na Constituio de 1967; 7) direito de confiscar bens como punio por corrupo; 8) suspenso da garantia de habeas corpus em todos os casos de crimes contra a segurana nacional; 9) julgamentos de crimes polticos por tribunais militares; 10) direito de legislar por decreto e baixar outros atos institucionais ou complementares; e finalmente 11) proibio de apreciao pelo judicirio de recursos impetrados por pessoas acusadas em nome do Ato Institucional N 5."

Governo Castello Branco Em 1 de Abril de 1964, o Congresso elege para presidente o chefe do estado maior do exrcito, marechal, Humberto de Alencar Castello Branco. Empossado em 15 de Abril de 1964, governa at maro de 1967. Usa atos institucionais como instrumentos de represso: fecha

28 associaes civis, probe greves, intervm em sindicatos e cassa mandatos de polticos. No dia 13 de junho de 64 cria o SNI (Servio Nacional de Informaes). Em 27 de outubro o Congresso aprova a lei Suplicy, que extingue a UNE e as unies estaduais de estudantes. O novo governo assina um acordo com os Estados Unidos com o objetivo de restaurar a educao pblica, chamado MEC-Usaid. Em 18 de outubro manda invadir e fechar a Universidade de Braslia pela polcia militar. As aes repressivas do governo so estimuladas por grande parte dos oficias do Exrcito. A chamada "linha dura" defende a pureza dos princpios "revolucionrios" e a excluso de todo e qualquer vestgio do regime deposto. Usando de presses consegue que o Congresso aprove vrias medidas repressivas. Uma das maiores vitrias a permisso dada justia militar de julgar civis por "crimes polticos". Em 27 de outubro de 1965 Castello Branco edita o AI-2: dissolve os partidos polticos e confere ao executivo, poderes para cassar mandatos e decretar o estado de stio sem prvia autorizao do Congresso. Estabelece tambm a eleio indireta para a Presidncia da Repblica transformando o Congresso em Colgio Eleitoral. O Ato Complementar n 04, de novembro de 1965, institui o sistema bipartidrio no pas. criada a Arena (Alina Renovadora Nacional), de apoio ao governo, reunindo integrantes da UDN e PDS, enquanto o MDB rene os oposicionistas. Prevendo uma derrota nas eleies para os governos de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro o estado baixa, em 05 de fevereiro de 66 o AI-3: as eleies para governadores passam a ser indiretas. Em novembro do mesmo ano, Castello Branco fecha o Congresso e inicia uma nova onda de cassaes. A 5 constituio do pas e 4 da repblica traduz a ordem estabelecida pelo regime e institucionaliza a ditadura, incorpora as decises institudas pelos atos institucionais, aumenta o poder do Executivo, que passa a ter a iniciativa de projetos de emenda constitucional, reduz os poderes e prerrogativas do Congresso e institui uma nova Lei de Imprensa e a Lei de Segurana Nacional. A nova carta votada em 24 de janeiro de 67 e entra em vigor no dia 15 de maro. Com apoio das foras polticas e militares que haviam realizado a revoluo foi eleito pela maioria do Congresso, para a Presidncia da Repblica, o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. O novo presidente tomou posse a 15 de abril para governar at o final do quinqunio constitucional, mas em julho teve o seu mandato prorrogado, por iniciativa do Congresso, at 15 de maro de 1967. No campo da poltica interna, comeou o Presidente Castello Branco por reformular a cpula do Ministrio do Planejamento. Em novembro foi divulgado o Programa de ao econmica do governo (PAEG), a ser executado at maro de 1967, e que assim resume os objetivos governamentais em matria econmica:

29 1. Acelerar o ritmo de desenvolvimento econmico do pas; 2. Conter gradualmente a inflao; 3. Melhorar as condies de vida a fim de atenuar as tenses geradas pelos desequilbrios sociais; 4. Assegurar, pela poltica de investimentos, a oportunidade de emprego produtivo mo-de-obra disponvel; 5. Corrigir a tendncia a dficits descontrolados do balano de pagamentos. Para assegurar a execuo do PAEG o Governo ps em prtica uma srie de medidas como incentivo s exportaes, consolidao da dvida externa (Ata de Paris), restaurao do crdito no exterior, estmulo entrada de capitais estrangeiros (nova lei de remessas de lucros), reformulao da poltica salarial, nova poltica habitacional com a fundao do Banco Nacional de Habitao, reforma agrria com aprovao do Estatuto da Terra, reforma bancria, com a criao do Banco Central da Repblica. O custo de vida continuou a subir, mas em princpios de 1965 j se podia observar sensvel desacelerao do ritmo de elevao dos preos. A poltica defla cionria, conjugada com severas medidas de conteno salarial, provocou recesso industrial, que teve como conseqncia o aumento moderado do desemprego e do nmero de falncias e concordatas. Refletindo os descontentamentos dos setores mais atingidos pela deflao, a partir de fins de 1964 os governadores Carlos Lacerda, da Guanabara e Magalhes Pinto, de Minas Gerais, passaram a criticar a poltica econmico-financeira, energtica (compra das empresas da american Foreign Power) e de minrios (concesso de porto privativo Hanna Mining Co., para exportao de minrios). Dando seqncia srie de reformas institucionais, iniciada em 1946 com a aprovao da emenda constitucional que estabeleceu a maioria absoluta para eleio do presidente e vice presidente da Repblica, o governo obteve no Congresso, durante a primeira metade de 1965, diversas leis, entre elas a Lei das Inelegibilidades, a que regulamentou o direito de greve, a que disciplinou o mercado de capitais e o novo Cdigo Eleitoral. A Lei das Inelegibilidades, que criou novas figuras de inelegibildades e incompatibilidades, foi seguida da lei ordinria que tornou inelegveis os ministros do Governo Goulart do perodo de Estado dos governadores depostos. O Governo assegurou a realizao das eleies a 3 de outubro para governadores de 11 Estados, mas a justia eleitoral negou registro aos candidatos oposicionistas da Guanabara e Minas Gerais, Marechal Henrique Teixeira Lott e Sebastio Pais de Almeida, respectivamente, ambos considerados pela situao como anti-revolucionrios. O pleito transcorreu em clima de

30 tranqilidade, mas a vitria das oposies em alguns Estados, principalmente em Minas Gerais e na Guanabara, onde Israel Pinheiro e Francisco Negro de Lima, candidatos da coligao PSDPTB foram eleitos, provocou reaes nos setores radicais das Foras Armadas. Agindo no sentido de conter a crise dentro dos quadros institucionais, o Presidente Castello Branco enviou ao Congresso emenda constitucional dispondo sobre a criao de novos casos de interveno federal nos Estados (inclusive a interveno preventiva) e um projeto de lei que regulamentava as atividades das pessoas pela revoluo. Face resistncia do Congresso em aprovar tais medidas, o Presidente outorgou, a 27 de outubro, o Ato Institucional n 2, o qual, com vigncia at 15 de maro de 1967 e enfeixando nas mos do Executivo uma soma de poderes excepcionais, alterou o quadro institucional do pas nos seguintes pontos: 1. Estabeleceu a eleio indireta para a presidncia da Repblica; 2. Extinguiu os partidos polticos; 3. Reformou o Supremo Tribunal Federal; 4. Permitiu a suspenso de direitos polticos e a cassao de mandatos legislativos; 5. Facilitou a interveno federal nos Estados e a decretao do estado de stio; 6. Suprimiu o foro especial por prerrogativa de funo. No mbito das relaes internacionais, o Governo Castello Branco retomou as tradies da poltica externa de estreita colaborao com os EUA. De acordo com as novas diretrizes, passou o Brasil a apoiar as posies norte-americanas, tanto na ONU, como na OEA. O rompimento de relaes com Cuba (1964) e o apoio interveno norte -americana na Repblica Dominicana (1965), seguida do envio de tropas brasileiras para este pas a fim de integrar a Fora Interamericana de Paz, constituram conseqncias prticas da nova doutrina que foi definida pelo ento ministro das Relaes Exteriores, Vasco Leito da Cunha, como poltica de interdependncia. O calendrio eleitoral do ano de 1966 foi cumprido integralmente: o Marechal Artur da Costa e Silva e o Deputado Pedro Aleixo elegeram-se a 3 de outubro para presidente e vicepresidente da Repblica, respectivamente. a 3 de setembro foram eleitos os governadores de 12 Estados e a 15 de novembro realizou-se o pleito para deputados Federal e estadual, prefeitos e vereadores em todo o pas. No final de 1966 o Presidente Castello Branco convocou o Congresso extraordinariamente, para aprovar a nova Constituio da Repblica, que foi promulgada a 24 de janeiro de 1967.

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Governo Costa e Silva O marechal Arthur Costa e Silva assume em 15 de maro de 1967 e governa at 31 de agosto de 1969, quando afastado por motivos de sade. Logo nos primeiros meses de governo enfrenta uma onda de protestos que se espalham por todo o pas. O autoritarismo e a represso recrudescem na mesma proporo em que a oposio se radicaliza. Costa e Silva, cria o Fundo Nacional do ndio (FUNAI) e o Movimento de Brasileiro de Alfabetizao (Mobral). Presidente Costa e Silva intimamente ligado aos ideais da Revoluo, p rocurou dar continuidade aos programas de seu antecessor. Tentou apenas suavizar o sistema de governo, mas paralelamente surgiam grupos armados ativos que agiam intensamente. Crescem as

manifestaes de rua nas principais cidades do pas, em geral o rganizadas por estudantes. Em 1968 o estudante secundarista dson Lus morre no Rio de Janeiro em confronto entre polcias e estudantes. Em resposta, o movimento estudantil, setores da Igreja e da sociedade civil promovem a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilizao do perodo contra o regime militar. Na Cmara Federal, o deputado Mrcio Moreira Alves, do MDB, exorta o povo a no comparecer s festividades do dia 7 da Independncia. Os militares exigem sua punio. A Cmara no aceita a exigncia e o Congres so decreta o AI-5, em 13 de dezembro de 1968, que restabelecia e ampliava os poderes da Presidncia. Assim pde restabelecer o controle do governo e executar os programas de governo da Revoluo. Mais abrangente e autoritrio de todos os outros atos institucionais, o AI-5 na prtica revoga os dispositivos constitucionais de 67. Refora os poderes discricionrios do regime e concede ao exrcito o direito de determinar medidas repressivas especficas, como decretar o recesso do Congresso, das assemblias legislativas estaduais e Cmaras municipais. O Governo pode censurar os meios de comunicao, eliminar as garantias de estabilidade do Poder Judicirio e suspender a aplicao do habeas -corpus em casos de crimes polticos. O Ato ainda cassa mandatos, suspende direitos polticos e cerceia direitos individuais. Atravs do Plano Trienal 1968-1970, atinge, entre outros, os seguintes objetivos: fortalecimento da empresa privada nacional, coibio dos abusos do poder econmico, expanso do mercado interno, fortalecimento da tecnologia nacional e criao de uma expectativa de

32 segurana poltico-social para os investimentos. Ampliou o sistema educacional obrigatrio, deu combate inflao e muito se empenhou no sentido de dar impulso ao desenvolvimento do Pas. Em 17 de abril de 1968, 68 municpios inclusive todas as capitais, so transformadas em reas de segurana nacional e seus prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente da Repblica.

33 1968, O ANO MGICO Reivindicavam mais verbas para as escolas e universidades. Para melhorar os espaos de estudo, as bibliotecas e laboratrios, a capacidade dos professores. Para modernizar o ensino e ampliar o acesso da populao ao nvel superior. Por uma poltica de auxlio aos estudantes mais pobres: bolsa de estudo, assistncia mdica, transportes e restaurantes mais baratos. A luta especfica dos estudantes do Calabouo seria um smbolo. Em sua bandeira cruzavam-se, sobre um livro, o garfo e a faca a dupla fome: do alimento e do saber. Em 1964, quando os militares derrubaram o governo constitucional de Joo Goulart, contaram com amplo apoio da classe mdia. Os estudantes assistiram passivos, ou respiraram aliviados frente nova situao. Na oposio, apenas alguns ncleos esboaram dbil resistncia, logo dominada. No dia seguinte vitria do golpe, os partidrios mais estremados do novo regime queimaram o prdio da Unio Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. O governo organizou inquritos policiais -militares nas faculdades, incentivando a delao. No final do ano, aprovou-se a Lei Suplicy com o objetivo e controlar as entidades representativas do movimento estudantil. Foram anos de perplexidade e dvida para a classe mdia. O arrocho salarial no penalizava apenas os operrios o que podia ser lamentado, mas compreendido alcanava todos os assalariados, inclusive os de classe mdia. A classe mdia sentiu-se trada. E sua amargura estimulou a luta e o protesto dos estudantes. A rebelio tomava corpo. Em 1965, houve os primeiros ensaios: uma vaia ao general presidente Castelo Branco na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um plebiscito nacional sobre a Lei Suplicy, no qual a ampla maioria dos estudantes decidiu manter suas entidades fora do controle do Governo. Uma pequena passeata contra o AI-2, tambm no Rio. E a luta dos estudantes de Braslia em defesa da sua Universidade ameaada pela poltica do Governo. No ano seguinte o movimento transbordou para as ruas. Em maro, em Belo Horizonte, uma passeata de calouros foi atacada

O ano 1968 um redemoinho de imagens atravessando a neblina do tempo. Um mundo em movimento, conflitos, projetos e sonhos de mudana, gestos de revolta, lutas apaixonadas: revoluo nos costumes, na msica, nas artes plsticas, no comportamento e nas relaes pessoais, no estilo de vida, e nas tentativas novas no apenas de derrubar o poder vigente mas de propor uma relao diferente entre a polcia e a sociedade. O que se questiona de modo confuso e vago a articulao da sociedade e suas grandes orientaes, seus propsitos, seu modo de ser: trata-se de mudar de sociedade e de modo de vida. No Brasil, 1968 foi tambm um ano de tormentas, com uma personagem central: a rebelio estudantil. Estudantes universitrios, pouco mais de 200 mil, menos de 0,5% da populao, quase todos filhos da classe mdia. Ao seu lado, o mais amplo e diferenciado contigente de estudantes secundaristas. Por que lutavam e se rebelavam os estudantes em 1968?

34 pela polcia. O movimento de solidariedade tomou os principais centros estudantis. Em meados do ano, a UNE se reuniu na clandestinidade e elegeu nova diretoria. No segundo semestre, foi a vez da "setembrada", seqncia de manifestaes que agitaram as principais cidades do pas em protesto contra a represso. Um fato provocou comoo: a invaso da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro por tropas da Polcia Militar que espancaram e prenderam centenas de estudantes. 1967 foi um ano de refluxo, mas o clima no era de derrota. Ainda na clandestinidade, a UNE conseguiu organizar seu congresso em So Paulo. Houve lutas de importncia regional. O movimento estendia-se em escala nacional, articulava-se melhor, tateando novos caminhos. 1968 amadurecia. Os estudantes j compreendiam que a poltica educacional do governo era o avesso de suas reivindicaes. universidade gratuita o governo antepunha a universidade paga. Em vez de solues originais para os problemas brasileiros, o governo preferia os assessores e acordos norte americanos. Um Conselho Nacional, promovido pela UNE, em comeos de 1968, tentaria definir novos caminhos. Todos desconfiavam do governo e se opunham poltica educacional, mas havia dvidas quanto s opes de luta: manter em primeiro plano as denncias polticas, tentando retomar as manifestaes de rua de 1966, ou concentrar as atenes nos interesses imediatos da categoria estudantil, evitando os enfrentamentos de rua e priorizando a luta nas escolas. A segunda posio venceu. Os estudantes foram personagens centrais nas lutas de 1968, mas no os nicos. Junto deles, formando uma nova comunidade de interesses, estiveram profissionais liberais, jornalistas, escritores, artistas e religiosos. Participaram da denncia do regime e das lutas sociais movidos pelo mesmo desencanto diante dos rumos que tomava o novo regime. Os msicos e compositores exprimiram a insatisfao generalizada. Os festivais de msica popular e os shows musicais divulgariam temas, indignaes, propostas que colocavam em questo o Brasil oficial, incentivando a crtica e a rebeldia. Em 1967, o lanamento de O Rei da Vela (Oswald Andrade e Jos Celso Martinez Correa) no teatro, de Terra em Transe (Glauber Rocha) no cinema e do movimento Tropicalistas (Caetano, Gil, Tomz e os Mutantes) desenham o perfil de uma intelectualidade inassimilada pelo discurso oficial. Os artistas no pareciam atemorizados, mantinham-se crticos e criativos. At quando o regime toleraria o desafio? No princpio de 1968, haveria no Rio o lanamento de Roda Viva (Chico Buarque e Jos Celso Martinez Corra) a proposta de um teatro corrosivo e agressivo, decidido a enfrentar preconceitos e a retirar o espectador de seu papel passivo e consumidor. Um ms depois, os artistas fechavam os teatros numa greve de protesto contra a censura. O pessoal do teatro voltaria greve com o assassinato de Edson Lus, em maro. Dali em diante, em todas as manifestaes estudantis estariam presentes atores, cineastas, msicos, escritores, jornalistas e profissionais liberais. Entre artistas e estudantes havia o intercmbio permanente de energias. Pode-se dizer que se estimulavam reciprocamente em suas buscas, indagaes e caminhos. O pblico estudantil compunha, em sua maioria, a platia participativa dos festivais de msica, das peas de teatro, dos filmes e dos shows. Alm disso, entre os estudantes, multiplicavam-se iniciativas que acompanhavam os passos dos artistas. 1968 assistiria ao crescimento do movimento de cines-clube, festivais de cinema e teatro estudantis, sem falar nos jornais e revistas dos diretrios acadmicos. Intelectuais e estudantes tambm formaram uma comunidade de gostos, inclinaes e interesses na divulgao e defesa de novos valores e comportamentos que se opunham s preferncias polticas do poder poltico. Distinguiam-se na aparncia das roupas (a revoluo das minissaias), na preferncia pelas cores, na comum hostilidade a rotinizao da vida, na procuro de novos horizontes musicais, de novas propostas de vida afetiva (a revoluo da plula) e de percepo da

35 vida (o consumo das drogas leves s e estendia suavemente entre os adeptos da paz e amor). Os artistas tiveram aqui um papel de vanguarda. A critica ao conservadorismo ultrapassava o domnio estrito do discurso poltico do poder para alcanar as razes do comportamento, das relaes afetivas, da vida cotidiana. A represso e o isolamento poltico alcanaria a todos artistas, escritores, professores, profissionais liberais, religiosos dentre outros.

Em agosto de 1969, Costa e Silva acometido de uma crise no sistema circulatrio deixou o governo vindo a falecer em dezembro do mesmo ano. Junta Militar - integrada pelos ministros da Marinha Augusto Rademacker, do exrcito, Lyra Tavares e da Aeronutica Mrcio de Souza e Melo. Governa por dois meses - de 31 de agosto de 1969 at 30 de outubro do mesmo ano. Em setembro, decreta, entre outras medidas o AI-14, que institui a priso perptua e a pena de morte em casos de "guerra revolucionria e subversiva", reforma a constituio de 1969 e impe a nova lei de segurana nacional. Decreta tamb m reabertura do Congresso, aps dez messe de recesso. Em 25 de outubro de 1967, os parlamentares elegem Emlio Garrastazu Mdici para a presidncia. Voc vai poder saber quem ficou calado na reunio que instituiu o AI-5 e quem queria mais represso. Alguns nomes e personagens so muito conhecidos, so eles:

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Costa e Silva Pedro Aleixo Augusto Rademaker Aurlio de Lira Tavares Magalhes Pinto Delfim Neto Mrio Andreazza Ivo Arzua Pereira Jarbas Passarinho Leonel Miranda Mrcio de Souza e Mello Tarso Dutra Jos Costa Cavalcanti Afonso Albuquerque Hlio Beltro Carlos Simas Emlio Mdici Orlando Geisel Adalberto Nunes Adalberto dos Santos Carlos Alberto Huet Rondon Pacheco Jayme Portella Gama e Silva Costa e Silva

Governo Mdici - O Gen. Emilio Garrastazu Mdici, foi eleito Presidente da Repblica, pelo Congresso Nacional, na vaga ocorrida com


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