Neoclássico no Brasil
• Em 1808, o Regente de Portugal, dom João, fugindo do imperador francês Napoleão Bonaparte, decidiu transferir a corte de Lisboa para o Rio de Janeiro, ocasionando grandes mudanças em nosso país, inclusive nas artes.
• Com dom João chegou ao Brasil o Neoclassicismo, um estilo artístico que começara a ser difundido na Europa na segunda metade de século 18 e que substituiria o barroco em nossa arte.
• O Neoclássico é um estilo artístico que se reporta à época clássica, ou seja, à antiguidade grega e romana.
• Características:- Presença de poucos ornamentos na arquitetura, com
colunas mais lisas e linhas retas, quase sem enfeites. - retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos
greco-latinos;- academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição
aos modelos e às regras ensinadas nas escolas ou academias de belas-artes;
- o artista não deve imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras, por meio da imitação dos clássicos, principalmente os gregos, na arquitetura e dos renascentistas, na pintura.
• O novo estilo ficou marcado em várias construções desse período, como o Teatro de Santa Isabel no Recife e o Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.
José Maria Jacinto Ribeiro - Palácio Itamaraty - RJ
A Família Real no Brasil
O grande avanço ocorreu com a vinda da família real. O centro das atenções e dos acontecimentos culturais e políticos, que antes tinha sido Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, passa a ser o Rio de Janeiro.
Durante as guerras napoleônicas, D. João VI transferiu-se com sua corte, de 15 mil pessoas para o Brasil
A sede da corte foi instalada no Convento do Carmo, no RJ. O prédio foi devidamente reformado e adaptado e sua capela foi transformada em teatro e sala de concertos.
• Igreja do Carmo e Paço Imperial- RJ
Essa mudança trouxe profundas transformações sociais, econômicas e culturais para o Brasil.Com a corte instalada, a vida sociocultural cresceu no país e a influência estrangeira chegou até o dia a dia das pessoas. As igrejas deixaram de ser os únicos locais para os quais os artistas trabalhavam. Começaram a surgir no Rio de Janeiro diversas instituições para resolver as questões políticas e econômicas e também para atender às necessidades culturais.
D. João VI, adaptado à nova sede do Reino, quis modernizá-la. Construiu o Teatro São João (1812), liberou o comércio, os portos, as fábricas, as tipografias e a importação de livros.
Organizou a Biblioteca Real, criou o Observatório Astronômico, o Jardim Botânico e o Museu Nacional.
Biblioteca Nacional
Museu Nacional Brasileiro
• Toda a arte produzida no período anterior foi considerada ultrapassada.
• Na Europa predominava a volta dos valores clássicos do renascimento, a busca do equilíbrio e da simplicidade na imitação das linhas greco-romanas.
A missão Francesa
• O Brasil não contava com mão de obra qualificada para promover a modernização desejada por D. João VI, por isso ele contratou artistas franceses que desejavam sair da França, pois tinham apoiado Napoleão, que, derrotado, estava preso em Santa Helena.
• A chamada Missão Artística Francesa ao Rio de Janeiro (1816) vem chefiada por Jacques Le Breton (1760-1819), que dirigia a Academia Francesa de Belas Artes.
• Ele trouxe pintores, escultores, arquitetos e músicos, além de artífices, ajudantes, mecânicos, serralheiro, ferreiros e carpinteiros.
• Embora os brasileiros tenham reagido desfavoravelmente à “invasão” de artistas estrangeiros, pois se tratava de uma nova colonização cultural, esses deixaram uma profunda influência na arte brasileira, principalmente na pintura, na paisagem urbana e na arquitetura.
• Durante o período colonial, a prática dos ofícios de pintor, escultor, ourives e outros era passada de pessoa para pessoa. Com a criação da escola real, podia-se estudar arquitetura, pintura, escultura, gravura, desenho. Até então, a arte portuguesa havia sido praticamente a única de destaque no Brasil colonial.
• Na Nova Escola Real buscou-se modificar a feição da arte brasileira, que naquela época produzia obras praticamente para as construções religiosas.
• A aristocracia e a nobreza passaram a consumir obras de arte, para a ornamentação dos seus palacetes, mas tudo no estilo neoclássico.
• Entre os vários artistas que vieram ao Brasil na Missão Artística Francesa, estavam Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antonine Taunay, que pintaram, em telas a óleo, pessoas e acontecimentos da corte imperial e paisagens.
• Debret, quando viajava pelo Brasil ou percorria as ruas da capital , fazia aquarelas e desenhava o cotidiano das pessoas, retratando como ninguém as atrocidades e os sofrimentos vividos pelos escravos. Registrou um panorama da vida no Brasil na primeira metade do século 18.
• Criou sua própria escola, já que a Academia de Belas-Artes demorava tanto a ser instalada. Produziu retratos da família real e cena de vida cotidiana dos nobres, burgueses e dos escravos. Publicou três volumes de textos e ilustrações a respeito da nossa terra: Viagem pitoresca e história ao Brasil
Chefe de bororenos partindo para uma expedição guerreira - Debret
Negras livres vivendo suas atividades - Debret
• Taunay chegou ao Brasil com a missão (1816) e retornou a Paris em 1821. Nesses poucos anos que ficou aqui, produziu inúmeros quadros com diversos temas: Bíblicos, mitológicos, históricos, paisagens e retratos infantis. Deixou mais de 30 paisagens do Rio de Janeiro. Seus dois filhos também artistas, Félix Émile Taunay e Adrien Aimé Taunay, ficaram no Brasil.
Largo dos cariocas, óleo sobre tela – 1816 - Taunay
Praia de Botafogo, 1816 – óleo sobre tela - Taunay
Baía de Guanabara, 1828, óleo sobre tela – Félix Taunay
Adrien Tauney – Agrupamento dos índios bororos do acampamento chamado Pau-Seco, entre os riachos Paraguay e Jauru, 1827, aquarela sobre papel
• Félix Chegou a dirigir a Escola de Belas-Artes e organizou a Exposição Geral Anual de Belas-Artes, enquanto Adrien se embrenhou pelas matas com as expedições dos naturalistas e desenhou nossos índios.
• O escultor Auguste-Marie Taunay, irmão do pintor Nicolas Antoine, além de diversas esculturas, ornamentou o Rio de Janeiro para as festas de Aclamação de D. João VI como Rei de Portugal, Brasil e Algarve.
Busto de Camões – Auguste Taunay
• Na Missão Artística Francesa também vieram o arquiteto Grandjean de Montigny e artífices para trabalhar com marcenaria, fazer estuque em gesso, enfim, os chamados ofícios artísticos.
• Grandjean é responsável por importantes construções do período neoclássico.
• A ideia de criação de uma Escola de Belas-Artes veio com a família real e levou algum tempo para ser realizada.
• Em 1881 funda-se a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, que vai sofrendo transformações no decorrer do tempo. Passa a ser chamada de Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil (1820) e Academia Imperial de Belas Artes (1824)
• Finalmente, com um projeto de Montigny, é instalada com esse último nome (1826), mas tarde mudado pra Escola de Belas-Artes.
• Sua influência estende-se por mais de um século nas artes plásticas do Brasil. Deu origem ao Museu Nacional de Belas-Artes, que hoje ocupa magnífico prédio – Construído em 1909 por Adolfo Morales de los Rios – no centro do Rio de Janeiro.
Montigny – Casa França – Brasil, Rio de Janeiro - RJ
O Nascimento da Fotografia
• Em 1820, os portugueses, insatisfeitos com a possibilidade de o Brasil transformar-se para sempre na sede e na metrópole do reino, fazem uma revolta no porto, em Portugal, e obrigam D. João VI a voltar a Lisboa.
• D. Pedro I fica como príncipe regente e em 1822 é proclamado a independência. Em 1831 é forçado a abdicar em favor de seu filho, Pedro II, ainda criança. Começa o período das Regências.
• Nesse período surge uma nova forma de registro de imagens que viria a influenciar a pintura. O francês HérculeFlorence (1804-1879), em campinas, imprime imagens a partir do efeito da luz em 1832. Em 1840 o Francês Louis Compte introduz a daguerreotipia no Brasil.
• O imperador Pedro II, com 15 anos, fica Entusiasmado e encomenda um equipamento em Paris, tornando-se assim o primeiro brasileiro nato a praticar a fotografia. Mais tarde, atribui títulos e honrarias aos principais fotógrafos atuantes do país, e por ser um grande colecionador, formou a maior coleção particular de fotografias e a mais diversificada do mundo na sua época.
Compte – Daguerreótipo do Rio de Janeiro
A presença dos cientístas.
• Além dos artistas que vieram na Missão francesa, outros estrangeiros trabalharam no Brasil.
• A arquiduquesa Leopodina que veio se casar com D. Pedro trouxe em sua comitiva diversos cientistas austríacos. Esses naturalistas eram interessados na natureza tropical, e além de desenharem, traziam outros artistas para registrar a paisagem, a fauna e a flora.
Entre eles estão os cientistas Karl Friedrich Phillip vonMartius e Johann Baptist von Spix, que deixaram diversos desenhos de suas expedições.
Outros cientistas foram o Alemão Georg Heinrich vonLangsdorff, que comandou viagens a Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, Amazonas e Pará. E junto delas participaram pintores como Hercule Florence, Adrian Aimé Taunay, Johan Moritz Ruendas, Edward Hildebrandt, entre outros.
Rugendas fez expedições independentes e publicou o livro Viagem Pitoreca no Brasil.
Litografia feita por von Martius de floresta na Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro
Índio flexando uma onça, óleo sobre tela - Rugendas
Negros no porão, litografia - Rugendas
Retrato de D. Pedro II, óleo sobre tela - Rugendas
• Então, a presença estrangeira define a produção artística no Brasil nesse período e o Rio de Janeiro é o centro cultural, o que causa insatisfação nas outras regiões. Ainda não existe uma arte genuinamente brasileira, mas o sentimento nacional e o desejo de autonomia inspiram alguns artistas locais.
• A imitação dos modelos clássicos começa a decair no gosto dos artistas e do público, e uma nova transformação se anuncia, mas a influência do academicismo ainda perdura por muito tempo, principalmente na pintura.
Referências Bibliográficas:
Tirapeli, Percival. Arte Brasileira. Arte Colonial,
Barroco e Rococó.
Explicando a Arte Brasileira. Garcez, Lucília e oliveira, Jô.