história da arte: arte brasileira 3
TRANSCRIPT
ARTE BRASILERASéc. XIX
Cri
stin
a P
ierr
e
A partir de transcrições de texto O Século XIX na curadoria da Exposição Brasil 500
de Luciano Migliaccio
• No século XIX o Brasil ainda era parte do universo colonial lusitano. A produção de maior importância estava vinculada à Igreja.
• O interesse português pela pintura de cavalete era escasso.
• Esse quadro mudou a partir do final do século XVIII quando houve uma ampliação das encomendas públicas, sobretudo por parte do vice-rei Luis de Vasconcelos e Souza.
Cri
stin
a P
ierr
e
Leandro Joaquim – Retrato do Vice-rei
Cri
stin
a P
ierr
e
• Por esta época havia uma retratística de caráter publico e monumental, a qual tinha a intenção de exaltar o papel cívico e/ou cristão na construção da cidade – e ser sinônimo de civilização.
• Esta civilização era traduzida em diversas obras que se faziam na cidade como: a remodelação do Paço Imperial e da Praça XV com a construção de uma fonte e do Passeio público, ambos atribuídos a Mestre Valentim da Fonseca e Silva.
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Mestre Valentim –
Planta do Passeio Publico
Mestre Valentim –
Fonte da Praça XV
Essas construções refletem a influencia da Ilustração com sua formas geometrizadas, são paradigmas da idéia de racionalismo e de civilização posta em voga pelo Iluminismo.
Segundo Manuel Araújo Porto-Alegre e as descrições do viajantes, no Passeio Público encontravam-se dois pavilhões decorados com material nativo e pinturas que retratavam as atividades econômicas como o cultivo do cacau, da cana-de-açúcar e as riquezas da fauna e da flora do país
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Leandro Joaquim – Pesca de Baleia
Cri
stin
a P
ierr
e
Leandro Joaquim – Vista do Outeiro da Glória
Cri
stin
a P
ierr
e
Leandro Joaquim – Procissão Marítima
• Os quadros do Passeio Público eram parte de programa erudito com finalidade didática evidente, oferecido em um local destinado ao divertimento publico.Neste projeto estava se consolidando a idéia do Rio de Janeiro como capital, como palco do poder nas instâncias política e cultural.
Cri
stin
a P
ierr
e
• Havia uma substituição do modelo colonial, fundado pela evangelização, por um outro, que dava primazia ao conhecimento.
• O programa do Passeio Público do Rio pressupõe uma reavaliação do conhecimento visual como descrição e catalogação a afirmação da função educativa, entregue ao Estado no processo civilizatório.
• As novas construções e remodelações integram um único programa que celebra o encontro da erudição
Cri
stin
a P
ierr
e
Posteriormente esse grupo de artistas recebem a denominação de
• O nascimento da paisagem deriva da prática de desenho dos cartógrafos, desenhistas e engenheiros militares a serviço do exército português.
• Havia a necessidade de documentar os resultados das explorações, para registrar o aspecto visual das cidades, da natureza e dos habitantes do país.
Cri
stin
a P
ierr
e
• Em 1800, o pintor Manuel Dias de Oliveira chamado de ‘o romano’, cria a primeira ‘Aula Pública de Desenho e Figura’. Termina a época em que os artista se educavam no interior dos ateliês de escultores e ourives.
• Adota-se assim a postura da tradição clássica européia, embora isto ainda estivesse longe de uma estrutura comparável às academias, que não existiam nem mesmo em Portugal.
Cri
stin
a P
ierr
e
• Em 1808 o povo do Rio de Janeiro, via desembarcar na cidade a Corte de D. João VI, uma corte absolutista que para salvar-se do Ancien Régime.
• Esse acontecimento determinou uma mudança no estatuto da cidade, um alargamento de suas atribuições e funções, uma necessidade de ampliação da vida cultural, mais de acordo com um ponto de vista iluminista que estava em voga na Europa desde o século anterior.
Cri
stin
a P
ierr
e
• O Brasil tornava-se o novo centro do império português.
• Dois partidos defrontavam-se no interior da Corte: um pretendia o retorno a Portugal e o outro a sua reconstituição com nova capital no Rio de Janeiro.
• É nesse quadro que devemos assinalar a vinda do grupo de artistas franceses.
• Composto por Joaquim Lebreton, Jean-Baptiste Debret, Grandjean de Montigny, Nicolas-Antoine Taunay e Auguste-Marie Taunay, Pradier e por alguns especialistas em mecânica.
• Esse grupo foi denominado de Missão Artística Francesa e entre suas tarefas estava a criação de uma Academia de Belas Artes, que só viria a ser efetivamente fundada em 1826.
Cri
stin
a P
ierr
e
• A esse grupo deve-se o surgimento no Brasil das modernas instituições artísticas de ensino acadêmico, das exposições , da crítica.
• O projeto de Lebreton tendia a criação de uma escola que articulasse a formação de artistas e dos artesãos
• A parte mais inovadora do projeto previa a criação de oficinas livres para a formação de quadros visando ao artesanato artístico, com recrutamento na França de determinado número de mestres especializados.
Cri
stin
a P
ierr
e
• A vinda da Missão Artística Francesa estava inserida no seio de outras medidas de caráter político e cultural concretizadas pelo governo português no Brasil, com o objetivo de civilizar a cidade. Nessa perspectiva fundam-se as “Academias da Marinha, de Medicina, Militar, de Belas Artes, as escolas do Comércio, de Agricultura e de Botânica além da Biblioteca e Museus.”
• O modelo parisiense era a base normativa que podia servir de modelo para a reforma do aspecto da antiga capital colonial, bem como para a criação da imagem da nova temporada da dinastia na inédita sede tropical. O ponto de partida desse processo pode ser considerado a chegada de D. Leopoldina, esposa prometida de D. Pedro, em 1817.
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a Pi
erre
Debret – Desembarque da Imperatriz D. Leopoldina no Brasil
• O matrimônio de D. Pedro com a filha do imperador austríaco significava o reconhecimento do novo império luso-brasileiro por parte das dinastias católicas reinantes.
• Sobre o Rio de Janeiro ainda marcado pelo passado colonial projetou-se outra cidade, efêmera, mas destinada a servir de modelo à reforma monumental e urbanística da nova capital
Cri
stin
a P
ierr
e
• Os cenógrafos desse empreendimento foram Grandjean de Montigny e Debret. Construíram-se obeliscos e arcos do triunfo que transformaram a cidade em um nova Roma, mesmo que por poucos dias.
• Debret foi solicitado a documentar os primeiros acontecimentos da história do novo estado. O pintor identificou-se com o seu papel de ilustrador e documentarista dos acontecimentos contemporâneos, descrevendo com seu lápis a realidade natural, social e etnográfica do país.
Cri
stin
a P
ierr
e
• Como pintor histórico retratou eventos contemporâneos e tinha consciência da importância da circulação das gravuras para a divulgação da imagem do novo Estado.
• Sua pintura é descritiva, retrata os detalhes do cerimonial e dos acontecimentos da corte, em formato modesto e apropriado a uma fácil compreensão.Se transforma no pintor comemorativo oficial, elaborando uma iconografia e determinando o caráter da pintura histórica brasileira.
Cri
stin
a P
ierr
e
• Os métodos acadêmicos de ensino impunham uma hierarquização de temas e de tratamento de imagens que se cristalizariam no país no decorrer do século XIX. Se antes a arte brasileira estava relacionada estritamente à esfera religiosa, os artistas ligados à Missão mantinham uma estreita relação com a esfera política oficial, com seus quadros históricos e retratos de personalidades ligadas à corte.
DEBRET
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a Pi
erre
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
• Nicolas-Antoine Taunay como paisagista também foi importante para a construção da imagem do Brasil.
• Sua pintura apresentava os aspectos característicos do ambiente brasileiro, tanto em seus aspectos naturais quanto em suas construções urbanas, que quase fazem parte de panoramas.
Cri
stin
a P
ierr
e
TAUNAY
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
GRANDJEAN DE MONTIGNY
Cri
stin
a P
ierr
e
• A abertura dos Portos e o primeiro casamento de D. Pedro despertaram o interesse do mundo científico europeu pelo Brasil, aconteceram diversas expedições cientificas com o objetivo de realizar uma pintura documental e de paisagem como base para a divulgação da imagem do novo Estado junto ao público culto europeu.
• Eram os chamados PINTORES VIAJANTES como Langsdorf, Rugendas, Spix entre outros.
• Segundo Migliaccio essa política de aproximação com a França tinha a intenção de distinguir essa sociedade ‘moderna’, ilustrada e liberal da anterior, de tradição colonial lusa.
• Assim um eixo da política cultural dos dirigentes brasileiros consistia em usar Paris e eventos como as exposições universais como vitrine do projeto de civilização.
• A abdicação de D. Pedro I, em 1831, inaugurou uma nova ênfase na produção de uma imagética nacional, ao invés de uma projeção transnacional envolvendo Brasil-Portugal, passou-se a criação de uma entidade estatal complexa com traços e colocação especificamente americanos.
• Dentre os alunos brasileiros da primeira geração de artistas brasileiros estudantes da Missão Francesa está Manuel Araújo Porto-Alegre – o primeiro diretor brasileiro da Academia de Belas Artes.
• Porto Alegre pronuncia um discurso em 1834 em que discute a situação da arte no Brasil, esse texto marca o início da crítica de arte brasileira e coloca as artes figurativas, juntamente com a literatura no centro do processo de construção de uma identidade nacional.
• Pode-se considerar que a partir daí a estética Neoclássica de caráter idealista dá lugar a estética Romântica, que no caso brasileiro é tributária do romantismo francês, particularmente do ideário de Rousseau, que vê na figura do índio seu ideal de ‘humanidade não corrompida’
• Outro tema caro ao romantismo é a representação da paisagem brasileira.
OS BRASILEIROS
ARAUJO-PORTO ALEGRE
• Com a maioridade de D. Pedro II, em 1840 a decoração para comemorar a data se traduzia pelo caráter nacional do Império e a unidade do grande Estado, garantida pela monarquia, o Brasil separado de Portugal, assumia o caráter de nação especificamente americana. O Rio tornava a ser a sede de uma nova Corte, destinada a ser o motor da política cultural do Estado. A academia finalmente podia assumir um papel determinante nos eventos da cultura figurativa brasileira.
• A academia acabaria se tornando o centro da elaboração de um projeto nacional
• Entre 1845 e 1850, Félix Taunay empenhou-se pessoalmente na produção de uma pintura de caráter nacional, criando um gênero de paisagem histórica capaz de superar os limites da ilustração científica e do panorama.
PEDRO AMERICO
VCTOR MEIRELLES
Estevão Silva
Fachinetti
Antonio Parreiras
Almeida Junior
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Cri
stin
a P
ierr
e
Agostinho da Mota
Batista da Costa
Timóteo da Costa
Belmiro de Almeida
Rodolfo Amoedo
Eliseu Visconti
BIBLIOGRAFIA
• Mostra do Redescobrimento: séc. XIX. Nelson Aguilar, Organizador./Fundação Bienal de São Paulo:Associação Brasil 500 anos Artes Visuais. 2000
• FRANÇA, Cristina Pierre. Estevão Silva e Hélio Oiticica. Brasilidade a Sensação Revisitada. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro. UFRJ,2002