Aprendendo o dinamismo do
mundo vivido
In.: CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da Geografia. São Paulo: DIFEL, 1985.
Anne Buttimer
Habitação na Floresta Negra, Sudoeste da Alemanha
Habitação,
arquitetura
e cultura
Habitação, arquitetura
e cultura
Sentir-se em casa...
“Habitar implica mais do que morar, cultivar ou
organizar o espaço. Significa viver de um modo pelo qual
se está adaptado aos ritmos da natureza, ver a
vida da pessoa como apoiada na história humana
e direcionada para um futuro, construir um lar que
é o símbolo de um diálogo diário com o meio
ambiente ecológico e social da pessoa.” (p. 166)
A terrae incognitae da mente
“Como muitos outros cientistas sociais temos
deficiências de ideias e linguagens para descrever e
explanar a experiência humana do espaço,
da natureza e do tempo. Muitos (...) argumentaram
que uma investigação tão ambiciosa
pertence somente ao poeta, ao filósofo
ou ao místico.” (p. 166)
Experiência
GREGÓRIO, S. B. Dicionário de Filosofia. Disponível em
https://sites.google.com/view/sbgdicionariodefilosofia/experi%C3%AAncia?authuser=0. Acesso em 17 de junho de 2019.
Experiência espacial: Geografia Humanística
O conhecimento
e a experiência vivida
A autora sugere reflexões em torno do “(...)
desenvolvimento de um tipo de pensamento
humanístico dentro da Geografia, mais
experiencialmente fundamentado”. (p. 169)
A Fenomenologia
“Uma preocupação central da ‘fenomenologia pura’ foi a
análise e a interpretação da consciência, particularmente a
cognição consciente da experiência direta. Esforça-
se para retirar as camadas sucessivas de um
julgamento a priori e transcender todas as
preconcepções a fim de se chegar a uma consciência da
essência pura.” (p. 169)
A Fenomenologia II
“No modo científico ou ‘naturalístico’ do
conhecimento, um indivíduo pode tornar-se tão envolvido
nos objetos de sua preocupação, que negligencia a si
próprio e as perspectivas que traz ao estudo
desses objetos. A noção fenomenológica de
intencionalidade sugere que cada indivíduo é o foco de
seu próprio mundo, ainda que possa esquecer de si
próprio como o centro criativo daquele mundo.” (p. 169-
170)
Fenomenologia - síntese
Método filosófico de busca pela essência pura das coisas;
Estudo das coisas como são percebidas;
Baseia-se no questionamento de preconcepções que orientam a construção do conhecimento;
Indissociabilidade entre sujeito e objeto de conhecimento;
Todo conhecimento é intencional;
Todo ser é “ser-no-mundo”.
Pare, pense e responda:
O que é a experiência, do ponto de vista da filosofia?
Para a fenomenologia, o que é conhecimento?
O que é necessário para se fazer uma Geografia
Humanística (Humanista)?
A existência e as sensações
“Os fenomenologistas existenciais tentaram usar
o método fenomenológico para penetrar neste
contexto do mundo vivido, dentro do qual a
experiência é construída.” Além da
compreensão cognitiva, “têm explorado a vasta
variedade de bases pré-conscientes,
orgânicas e sensoriais, que precedem o
conhecimento intelectual per s e.” (p. 171)
O mundo vivido
“... Deveria evocar uma sensibilidade à natureza,
som, cheiro e tato, tão embotados pelo nosso meio
físico tecnologicamente recoberto”. (p. 192)
A experiência e os sentidos
Modos de conhecer a experiência
“Enquanto o modo subjetivo concentra-se na
experiência individual única, e o modo objetivoprocura a generalização e proposições testáveis
acerca da experiência humana agregada, o modo
intersubjetivo ou fenomenológico esforçar-
se-ia para elucidar um diálogo entre pessoas
individuais e a subjetividade do seu mundo”.
(p. 175)
Espaço e mundo
“Os geógrafos estão conscientes do papel ativo do
meio – físico e cultural – na formação da
experiência e em consequência, o seu uso dos termos
‘espaço’ e ‘mundo’ é diferente”. (p. 171)
O mundo vivido
“’Mundo’, para o fenomenologista, é o contexto
dentro do qual a consciência é revelada. [...]
Está ancorado num passado e direcionado
para um futuro; é um horizonte
compartilhado, embora cada indivíduo possa construí-
lo de um modo singularmente pessoal”. (p. 172)
Espaço vivido e representacional
“Do ponto de visa fenomenológico, o espaço é um
conjunto contínuo dinâmico, no qual o
experimentador vive, desloca-se e busca um
significado. É um horizonte vivido ao longo do qual
as coisas e as pessoas são percebidas e valorizadas.
Descrever o espaço meramente em termos de sua
geometria é uma abordagem inadequada ao
entendimento da experiência humana”. (p. 174)
O sentido de lugar
“Cada pessoa é vista como tendo um lugar ‘natural’, que é considerado o ‘ponto zero do seu sistema pessoal de referência’” (...)
Para refletir:
Ora... “não poderia a gestalt ou padrão coerente de um espaço vivo de uma pessoa emergir da mobilidade (...)?”
(p. 178-179)
Mundo Vivido - Síntese
É o contexto onde a experiência humana acontece;
É o contexto que fornece o conjunto das experiências
que são a base para a constituição da identidade dos
sujeitos (não esquecer: sujeitos são seres sociais!);
É o espaço dos itinerários cotidianos;
É percebido por meio dos sentidos;
É um produto da cultura e um produtor de cultura;
Possui sentido de lugar, ou seja, é o “ponto zero de nosso
sistema de referência cultural” (...)