APLICAÇÃO DE CONCEITOS DE
LOGÍSTICA EM UMA EMPRESA DA
ÁREA TÊXTIL
Cassiano Rodrigues Moura (IFSC )
Luiz Veriano Oliveira Dalla Valentina (UDESC )
Diante do atual panorama em que se encontram as empresas nacionais
enfrentando crises econômicas e concorrência globalizada, se fazem
necessários a redução de custos e a melhoria da produtividade nas
atividades industriais. Entre os processsos que podem ser objeto de
avaliação, a logística destaca-se como uma alternativa para que as
organizações possam obter vantagens competitivas. Sob este aspecto, o
objetivo deste trabalho é otimizar o sistema de movimentação e
distribuição de materiais através de conceitos logísticos juntamente
com o Sistema Milk Run que podem trazer benefícios para a melhoria
do fluxo de materiais na cadeia de suprimentos. As atividades foram
realizadas em uma pequena empresa de confecção. Inicialmente é
apresentada uma revisão da literatura sobre os temas a serem
abordados e de um diagnóstico da real situação que a empresa se
encontra descrevendo suas principais necessidades. A seguir são
apresentadas as sugestões de melhoria baseadas na Logística Lean que
aborda alterações na logística interna, na movimentação e
armazenagem de materiais. Além da implantação de um sistema para
roteirização através do Milk Run na distribuição do processo
produtivo que a empresa utiliza. Este sistema implantado apresentou
uma melhoria significativa em relação ao tradicional utilizado pela
empresa têxtil. A quantidade de itens em transporte aumentou em 25%
e obteve-se uma redução de 40% no tempo de transporte semanal.
Além da diminuição em 18% da quilometragem semanal percorrida
pelos veículos da empresa.
Palavras-chave: Logística interna, Cadeia de suprimento, Lean, Milk
run
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Atualmente a forte concorrência imposta pelo mercado tem direcionado as empresas a
buscarem vantagem competitiva por meio da rapidez de transformação de materiais. Com isso
pode-se evidenciar a redução de custos e prazos, a maior flexibilidade de entrega, a redução
das perdas e, sobretudo, a melhoria do nível de atendimento aos clientes.
O objetivo das empresas é realizar as entregas e distribuir os materiais na quantidade
solicitada, na condição especificada, no local definido e no momento exato que foi
estabelecido. Isso é uma variável do número de clientes, da quantidade de produtos e do
número de fornecedores que estão na cadeia logística da empresa.
Com relação à distribuição física pode-se observar que as empresas vêm buscando aprimorar
o fluxo de seus sistemas de entrega e distribuição para torná-los mais eficientes e eficazes
contribuindo para os resultados da organização.
Com isso a logística vem se destacando como alternativa para aprimorar a cadeia de
suprimentos na busca por vantagens competitivas, através técnicas e ferramentas logísticas
podem ser aplicadas para melhorar o sistema de abastecimento das empresas.
O objetivo deste trabalho é a aplicação de técnicas e ferramentas da logística para aperfeiçoar
o sistema de movimentação e armazenagem de materiais, bem como a distribuição física em
uma pequena empresa da área têxtil.
2. Revisão da literatura
2.1. Logística
Conforme Ballou (2010) a logística é uma ferramenta corporativa, eficaz para controle dos
fluxos e componentes de competitividade das empresas, territórios e regiões que se utiliza de
diversas técnicas e ferramentas para aperfeiçoar sistemas logísticos.
Para Novaes (2001) a logística é um processo de planejar, implementar e controlar de maneira
eficiente o fluxo e armazenagem de produtos e materiais, bem como os serviços e
informações associados, sendo que o objetivo fundamental da logística é atender
adequadamente o consumidor final. Conforme Ballou (2010) A logística realiza sua
administração de forma integrada, agrupando as atividades de fluxo de produtos e serviços
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através da execução das atividades de transporte, estoques e comunicação. Esse alinhamento é
colocado como essencial para otimização dos negócios provendo um relacionamento entre
seus clientes, bens e serviços.
De acordo com Kohn et al. (2011) existem vários fatores que destacam a estratégia logística
das empresas, dentre eles a habilidade que a organização tem para responder com mais
rapidez e eficácia do que seus concorrentes em relação às necessidades dos seus clientes.
Conforme Filho (2006) a logística pode satisfazer as necessidades dos clientes e da empresa,
com relação a termos como lucratividade e rentabilidade. Isso considerando se conseguir
entregar seus produtos e materiais em determinadas condições:
Na qualidade esperada pelo cliente;
Com a forma desejada pelo cliente;
No custo adequado;
Com o preço esperado pelo cliente;
No local esperado pelo cliente;
Com prazo correto.
De acordo com Ballou (2010) a logística atende aos clientes através de atividades chave como
transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos e também com as atividades
de apoio. O Autor ainda relata que a logística integrada trata das atividades de movimentação
e armazenagem facilitando os fluxos de informação dos produtos do ponto de compra da
matéria-prima ao consumo final, com isso pode-se oferecer um nível de serviços adequado
com custo baixo.
As atividades logísticas descritas por Ballou (2010) consideradas primárias, direcionadas para
os objetivos logísticos são:
Transportes: Movimenta os produtos por meio dos modais aeroviários, aquaviário,
dutoviário, ferroviário, rodoviário e serviço intermodal;
Manutenção de estoques: Responsável por dois terços dos custos logísticos;
Processamento de pedidos: Um elemento crítico do tempo necessário para levar bens e
serviços aos clientes.
2.2. Gestão de Cadeias de Suprimentos
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O gerenciamento da cadeia de suprimentos vem do termo Supply Chain Management (SCM)
que vem se apresentando como uma tendência na busca por resultados sustentáveis pelas
empresas, pois é uma filosofia que propõe processos enxutos, eliminação de desperdícios e
minimização de estoques (STÉEN, 2006). Novaes (2001) define o Gerenciamento da Cadeia
de Suprimentos como uma integração dos processos industriais e comerciais, partindo do
consumidor final até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que
agreguem valor para o cliente.
Para Christopher (1999) Gestão da Cadeia de Suprimentos – GCS procura criar vínculos e
coordenação entre os processos de outras organizações existentes no canal, isto é,
fornecedores e clientes e a própria organização. A Gestão da Cadeia de Suprimentos de forma
integrada vem se representado uma nova e promissora fronteira para as organizações
interessadas na busca por vantagens competitivas de forma efetiva.
A Gestão da Cadeia de Suprimentos leva em consideração uma visão moderna e expandida,
atualizada da administração de materiais tradicional, abrangendo a gestão de toda a cadeia
produtiva de uma forma estratégica e integrada (DANKER; BECKEDORFF 2008).
De acordo Pereira et al. (2010) a Gestão da demanda na cadeia de suprimentos consiste em
criar um fluxo coordenado da demanda entre os membros da cadeia de suprimentos e o cliente
final, com o objetivo de equilibrar a oferta em relação à procura, calculando os estoques de
segurança necessários para o nível de serviço predefinido.
A variação da demanda dificulta a gestão de estoques e o gerenciamento e planejamento dos
pedidos de compra ao longo da cadeia. O fluxo de informações é um dos componentes que
influenciam a gestão da demanda. Um fenômeno conhecido como efeito chicote é a
variabilidade dos estoques normalmente decorrente dos problemas de comunicação, que
corresponde às distorções entre a demanda real e a prevista, que se propagam à montante da
cadeia de suprimentos (PEREIRA et al. 2010). A gestão do estoque contribui de maneira
muito importante para a gestão da cadeia de suprimentos. O objetivo desse gerenciamento é
assegurar que o produto esteja disponível no tempo e nas quantidades desejadas.
2.3. Gestão Fornecimento de materiais Just in Time
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O sistema Just in Time (JIT,) foi desenvolvido no início da década de 50 na Toyota Motors
Company. É conhecido como um método para aumentar a produtividade, apesar dos recursos
limitados (MOURA; BANZATO, 1994). Conforme Ohno (1997) na filosofia Just in Time em
um determinado processo de fluxo, as partes corretas necessárias à montagem alcançam a
linha de montagem exatamente no momento em que são necessários e somente na quantidade
necessária.
Conforme Bernardes e Marcondes (2006), a metodologia JIT prevê um sistema de gestão das
pessoas conforme o descrito para a Qualidade Total, apoiando-se em alguns elementos
básicos:
Kanban: Sistema para retirar as peças em processamento de uma estação de trabalho e
puxá-las para a próxima estação do processo produtivo de forma organizada;
Tempos de Preparação: O objetivo do JIT é produzir em lotes ideais de uma unidade;
Colaborador Multifuncional: Devido às nas mudanças rápidas e menores lotes, o
colaborador multifuncional é imprescindível;
Layout: O layout é otimizado dentro do sistema JIT, já que o estoque é mantido no
chão da fábrica entre as estações de trabalho e não em almoxarifados;
Qualidade: Fator essencial no sistema JIT;
Fornecedores: O relacionamento com os fornecedores é radicalmente alterado no
sistema JIT.
Atualmente o JIT procura não apenas eliminar os desperdícios, ela é considerada uma
filosofia gerencial que pode colocar o componente certo, no lugar certo e na hora correta, isso
com menores estoques, menores custos e com uma qualidade melhor que no sistema
convencional.
2.4. Milk Run
Conforme Fleury et al. (2000) o Milk Run é um sistema de coletas programadas de materiais
que utiliza um único equipamento de transporte, normalmente de algum operador logístico.
Para Greene (1997) Milk Run pode ser entendido como um planejamento de entregas,
exercido por uma empresa de transporte, onde para cada dia a empresa se realiza uma recolha
dos componentes de cada fornecedor em quantidades pré-determinadas com o objetivo de
entregá-los ao fabricante.
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O sistema Milk Run se baseia em uma concepção de trabalho com enorme ênfase na filosofia
Just in time, principalmente em relação a seus princípios básicos como: redução do estoque de
materiais, maior frequência de abastecimento de suprimentos e maior integração entre as
partes que compõem o sistema, montadora e fornecedor (PORTAL LOGÍSTICO 2016). A
figura 1 mostra o fluxo de operação do Milk Run, onde se observa a rota programada de
entrega entre fornecedores e clientes.
Figura 1 - Milk Run
Fonte: Adaptado de Pires (2004)
De acordo com Nogueira (2012) O Milk Run é considerado um trabalho entre cliente e
fornecedor, através de atividades coordenadas pela área de suprimentos. Dentre os benefícios
deste sistema pode-se destacar:
Embarques programados segundo a necessidade do cliente;
Redução na necessidade de espaço;
Redução na obsolescência e problemas com prazo de validade dos produtos;
Redução de estoques devido ao fracionamento de embarques;
Melhora nos serviços de manuseio de materiais;
Embalagens padronizadas e reutilizáveis, com isto redução de custo;
Agilidade no carregamento e descarregamento;
Redução dos custos de manutenção de inventário.
3. Metodologia
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A metodologia aplicada neste trabalho é de caráter qualitativo e quantitativo baseia-se em
uma revisão da literatura e um posterior estudo de caso exploratório. A sequencia de pesquisa
é mostrada na figura 2.
Figura 2 - Fluxo de trabalho aplicado neste trabalho
Apresentação da
empresa
Diagnóstico de
necessidades
Aplicação de
ferramentas de
melhoria
Apresentação
dos resultados
4. Desenvolvimento
4.1. Apresentação da empresa
A empresa fonte de estudo neste trabalho atua no ramo de confecção, mantendo sua linha
particular de produtos, principalmente camisetas e camisas masculinas básicas. A empresa
terceiriza alguns processos produtivos como o corte, costura, bordado, estamparia, revisão e
embalagem, sendo que seus principais fornecedores as fiações, tinturarias e malharias.
O foco desta empresa é fazer o gerenciamento das atividades através do fluxo de materiais
atuando extensivamente no setor administrativo e logístico. A tabela 1 apresenta o número de
funcionários e seus setores de trabalho.
Tabela 1 - Informações de alocação dos funcionários
Setor Quantidade.
Admistrativo 4
Vendas 2
Armazenagem e estoque 4
Distribuição 3
4.2. Diagnóstico de necessidades
Para realizar um levantamento de necessidades foi desenvolvido um Mapeamento de Fluxo de
Valor (MFV) que identificou os pontos de melhoria e descreveu o processo produtivo com
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clareza, conforme mostra a figura 3 (algumas informações referentes aos tempos de
processamento foram ocultas a pedido da empresa). Com isso pode-se observar as
deficiências e dificuldades no decorrer do processo para se propor alternativas de solução.
Figura 3 - MFV - Mapeamento de Fluxo de Valor
Uma das principais necessidades encontradas está na distribuição e preparação dos caminhões
para realizar a rota de processamento, uma vez que os produtos precisam passar pela empresa
e também pelos parceiros tercerizados que realizam algumas etapas do processo produtivo,
(corte, bordado, estamparia e revisão/embalagem). A empresa necessita que seja realizado o
sistema de roteirização semanal dos fretes entre a organização e os terceiros para se diminuir
o tempo de atravessamento e entregar os produtos mais rápidos para os clientes.
Foram observadas também necessidades internas com relação a ajustes no layout fabril para
se otimizar a entrada e saída de materiais, a desorganização é um fator preponderante
conforme mostra a figura 4. Este fluxo pode ser melhorado com um reprojeto fabril através da
alocação adequada das áreas e organização dos materiais.
Figura 4 - Layout - Armazenagem de materiais
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4.3. Sistema de roteirização – Milk run
Inicialmente foi necessário determinar a frequência de coleta entre fornecedores e terceiros, e
consequentemente, a quantidade coletada em cada viagem, em alguns casos esses valores
foram estimados. Para auxiliar, criou-se uma tabela que leva em consideração a distancia do
fornecedor, os custos de pedido, os custos de transporte e os custos de estoque de matérias-
primas na empresa têxtil, conforme a tabela 2.
Tabela 2 - Fornecedores
Fornecedor Distância
(km)
Quantidade.
(un)
Custo de transporte
(%)
Custo do estoque
(%)
A 2,5 1000 5 2
B 3.2 500 5,3 1
C 5.5 500 7,2 1
D 12 1000 7 2
E 14 1000 7,4 2
A tabela 3 apresenta a frequência de coleta estimada para cada fornecedor semanalmente,
juntamente com a soma da distância percorrida para efetuar as coletas.
Tabela 3 - Frequência estima de coleta entre parceiros
Fornecedor Distância (km) Frequência semanal
A 2,5 3
B 3.2 3
C 12 2
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A roterirização foi aplicada para aprimorar o sistema de coleta de materiais entre os
fornecedores e parceiros, esta otimização foi realizada de acordo com as distâncias previas de
cada local considerando fatores como quantidade de material e horários de pico.
A empresa possui 2 (dois) caminhões que estão disponíveis para realizar o transporte dos
produtos entre os parceiros. Com estes foram desenvolvidas rotas em determinados horários
para melhor atender os interesses da empresa e dos fornecedores. Neste momento foram
considerados critérios de trafego como horário de pico, semáforos e vias rápidas.
Foram utilizadas duas rotas, uma para cada veículo de tal forma que se otimizou o tempo de
viajem mantendo-se a quantidade de produtos necessárias para o trabalho da empresa.
Foi necessário utilizar o sistema de caixa padrão, com medidas 62 x 39 x 32 cm (largura x
comprimento x altura) em substituição ao sistema antigo realizado com caixas de papel e
tamanhos variados, conforme mostra a figura 5. Com isto pode-se padronizar a alocação dos
itens no interior do caminhão, maximizando a quantidade em transporte. Estas possibilitam
empilhamento ordenado e garantem qualidade no transporte facilitando o manuseio.
Figura 5 - Caixas padrão - Armazenagem de materiais
D 24 1
E 26 1
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4.4. Projeto de layout
Para se aperfeiçoar o fluxo interno de materiais foi desenvolvido um projeto de layout para
facilitar a entrada e saída dos produtos. Inicialmente foi realizado um levantamento do estado
inicial de arranjo produtivo, onde se verificou quais necessidades estavam relacionadas à
disposição de mobiliário, áreas de estocagem e produtos.
A figura 6 apresenta o layout proposto onde foram definidos os locais para entrada e saída de
materiais. Com esta definição os caminhões ao entrarem para receber ou descarregar já
possuem um local apropriado para se realizar o transbordo da carga. A área útil foi otimizada
com este novo arranjo fabril, uma vez que é possível se deslocar com facilidade no interior da
empresa agilizando o tempo de transporte.
Figura 6 - Layout proposto
4.5. Análise dos resultados
Antes de se aplicar os conceitos propostos foram realizadas algumas medições de tempo para
se estimar qual o potencial de melhoria que se pode obter com o sistema de roteirização
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através do Milk Run e a nova disposição fabril. A tabela 4 apresenta os resultados após 2
(dois) meses de implantação.
Tabela 4 - Análise de resultados
Quantidade em
transporte (semanal)
Tempo de transporte
(semanal)
Quilometragem
(semanal)
Sistema
tradicional 7500 un. 45h 91.1 km
Milk Rum 10000 un. 27 74,3 km
Melhoria + 25% - 40% -18%
5. Considerações finais
Este trabalho teve como objetivo aplicar conceitos de logística interna a fim de aperfeiçoar o
fluxo de materiais em uma empresa da área têxtil. Para se alcançar este objetivo foram
utilizados conceitos de layout fabril e a técnica de Milk Run. Com a utilização em paralelo
destas ferramentas pode observar melhorias significativas no sistema de distribuição da
empresa estudada.
O diagnóstico de necessidades aplicado com auxílio da ferramenta de Mapeamento de Fluxo
de valor (MFV) se mostrou importante para direcionar os pontos de melhoria, assim pode-se
aplicar as ferramentas para otimização do fluxo logístico com maior êxito.
Grande parte dos problemas encontrados no sistema logístico da empresa estudada estava
relacionado ao tipo de layout interno utilizado na organização. Com o reprojeto do setor pode-
se ajustar as entradas e saídas de materiais otimizando a distribuição interna, o que
possibilitou a redução no tempo de movimentação.
A aplicação do sistema Milk run foi imprescindível para ajustar a frequência de coleta entre
fornecedores, as informações de distancia e custo de transporte foram fatores preponderantes
para se alcançar resultados positivos.
Os resultados obtidos foram positivos para a empresa. Foi possível constatar a redução nos
percentuais de melhoria no sistema de transporte e armazenagem Pode-se observar melhora
significativa no sistema proposto em comparação ao tradicional utilizado pela empresa, sendo
que a quantidade de itens em transporte aumentou em 25% e obteve-se redução de 40% no
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tempo de transporte semanal. Além da diminuição de 18% na quilometragem semanal
percorrida pelos veículos da empresa têxtil.
É importante ressaltar que algumas correções podem ser realizadas para aprimorar o sistema
Milk run, uma vez que a demanda sofre oscilações faz-se necessário rever alguns conceitos
para se ajustar as rotas à nova realidade.
REFERÊNCIAS
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Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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GREENE, James Harnsberger. Production and Inventory Control Handbook. Nova Iorque: McGraw-Hill,
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