Anais do 4º Fórum Regional de Administração – 2017 – Faculdade Sete de Setembro – Paulo Afonso-Bahia – ISSN 2359-6279
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ISSN 2359-6279
ANAIS 2017
Parceria e desenvolvimento:
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ISSN 2359-6279
ANAIS DO FÓRUM REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
FACULDADE SETE DE SETEMBRO – FASETE
NÚCLEO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO - NPA
CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
2017
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ANAIS DO FÓRUM REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO 2017
NÚCLEO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO - NPA
Organização Sete de Setembro de Cultura e Ensino Ltda.
Faculdade Sete de Setembro - FASETE
Diretor Acadêmico – Prof. Me. Jacson Gomes de Oliveira
Diretor Administrativo – Prof. Me. Gilberto Sérgio Gomes de Oliveira
COMITÊ EDITORIAL
Samira Lopes Alves Pinto (Bibliotecária - FASETE)
Prof. Me. Vinícius Silva Santos (Revisor Convidado - UNEB)
CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Carolina Santana de Oliveira – FASETE
Profa. Ma. Daiany Macieira Varjão – FASETE
Profa. Ma. Maria Gilvanira Gomes da Silva – FASETE
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Profa. Dra. Carolina Santana de Oliveira – FASETE
EDITORAÇÃO
Eletrônica:
Edemilton Galindo Júnior – Núcleo de Desenvolvimento Web – FASETE
Revisão:
Prof. Me. Arivaldo Ferreira de Jesus
Capa e Publicação:
Edemilton Galindo Júnior – Núcleo de Desenvolvimento Web – FASETE
Faculdade Sete de Setembro – FASETE – Biblioteca Central
A55 Anais do Fórum Regional de Administração / Faculdade Sete
de Setembro - FASETE, Núcleo de Pesquisas em
Administração – NPA.
2017 : il.
Publicação periódica eletrônica
Anual
ISSN 2359-6279
1. Administração I. Faculdade Sete de Setembro -
FASETE II Núcleo de Pesquisas em Administração - NPA
CDD – 658
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SUMÁRIO
EDITORIAL. __________________________________________________________________________________________________04
NUBANK: UM ESTUDO DE CASO EM GESTÃO DA INOVAÇÃO DOS SERVIÇOS FINANCEIROS NO BRASIL. __________05
Maria de Fátima H. Campos André L. F. Fonseca
Francys P. S. Figueiredo
IMPACTO DA TECNOLOGIA PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES. _________________________18 Aricio Medeiros da Silva
Natanael Almeida Santos Silva Denise Fortes Xavier
DIMENSIONAMENTO ENTRE FATORES POLÍTICOS, LEGAIS E SOCIOAMBIENTAIS PROJETO DE
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. _____________________________________________________________________27
Fernando Diogo Cruz
Jacques Fernandes Santos Jeferson Augusto Fernandes Santos
CONCEPÇÕES SOBRE GESTÃO E AVALIAÇÃO ESCOLAR: UMA ANÁLISE SOBRE UMA ESCOLA
MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO – BAHIA. _______________________________________________________37
Vinicius Silva Santos
Elaine Cristina Gonçalves Lima
MICROCRÉDITO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO: UM ESTUDO DE CASO NO CEAPE/BA
DO MUNICÍPIO DE SERRINHA. _________________________________________________________________________________47
Wanderson Santana Cordeiro
Janúzia Souza Mendes de Araújo
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL. ______________________________58
Ruan Guimarães
ALIENAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA E OS PROCESSOS EDUCACIONAIS DE ALFABETIZAÇÃO. __________64
Jacques Fernandes Santos Vinícius Silva Santos
Naiane Costa de Jesus Santos
O MARKETING DE RELACIONAMENTO ENQUANTO FERRAMENTA PARA A CONSTRUÇÃO
DA EQUIPE DE VENDAS. ______________________________________________________________________________________71 Jacques Fernandes Santos Vinícius Silva Santos
Letícia Rodrigues dos Santos
A LOGÍSTICA REVERSA DO LIXO ELETRÔNICO: UM ESTUDO SOBRE BOAS PRÁTICAS
EXECUTADAS NO MERCADO. _________________________________________________________________________________77
Dalvan Góes
PRINCÍPIOS DA GESTÃO APLICADOS NO AMBIENTE ESCOLAR. _________________________________________________88
Vinícius Silva Santos Jacques Fernandes Santos
Bruna Santana de Oliveira
CRESCIMENTO DE EMPRESAS COM O USO DO BUSINESS INTELLIGENCE. ______________________________________ 97
João Pedro Lima da Silva
Jonathan Kelvin dos Santos Ferreira
Denise Xavier Fortes
PROCESSO DE MODELAGEM E VALIDAÇÃO ESTRATÉGICA ORGANIZACIONAL
BASEADA EM REDES DE PETRI. _______________________________________________________________________________101
Bruno Gleidson dos Santos
Paulo Romero Martins Maciel
Ronierison de Souza Maciel
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EDITORIAL
O Fórum Regional de Administração da Faculdade Sete de Setembro – FASETE traz em sua quarta
edição o centro das atenções para o debate da interdisciplinaridade na Gestão, com abordagens dos
desafios para um mundo Global. Considerado o maior evento de Gestão e Administração de Paulo
Afonso e região, o 4º Fórum Regional de Administração aconteceu no dia 05 de maio, em três turnos
seguidos com atividades na Faculdade Sete de Setembro (Fasete) e na Universidade do Estado da
Bahia (UNEB) – campus Paulo Afonso/BA. Com o tema abordado “A interdisciplinaridade na Gestão:
Desafios de um mudo plural”, o evento acolheu acadêmicos e profissionais não somente da Fasete e
UNEB, como também de diversas outras instituições de ensino superior das cidades de Salvador/BA,
Serrinha/BA, Maceió/Al e Aracaju/SE.
Dois workshops abriram o evento. Um deles foi o de Marketing de Relacionamento, com o professor
da Fasete e empresário local, Maciel Teixeira, abordando, principalmente, os meios como fidelizar os
clientes, não somente nas empresas, mas também, nas relações pessoais. Outro workshop foi o da
professora, Hélvia Almeida, sobre Direito e Legislação Ambiental. Ela abordou, principalmente, sobre
as mudanças nesta legislação e quais as possíveis consequências caso elas sejam aprovadas. Cerca de
13 artigos científicos sobre os diversos temas relacionados à Administração foram aprovados e
apresentados. “Eu não tinha noção do quanto precisamos ser responsáveis e cautelosos com a
apresentação de artigo nesse Fórum. Eu me surpreendi, foi um grande aprendizado”, disse Maria
Aparecida Matos, acadêmica do 5º período do curso de Administração da Fasete/Unit Ead. A palestra
magna do 4º Fórum, realizada no auditório da Fasete, trouxe o Prof. Me. da Universidade Tiradentes,
Mário Eugênio Lima. Ele levou a plateia a perceber a importância da interdisciplinaridade para as
organizações em tempos de crise.
Após a palestra, o coordenador do curso de Administração da Fasete, Jaques Fernandes, organizador
do Fórum, deu início ao Painel Integrado, composto pelos professores Arivaldo Ferreira, Caio Arruda
e Salomão Vergne, com o tema Rumos da Economia. Daí em diante, os professores trouxeram ricas
observações sobre a atual conjuntura do Brasil e expuseram o quanto boa gestão faz a diferença não
somente na vida dos empresários, mas, também, na vida política e social de um país. O coordenador
afirmou que a má gestão acaba com a sociedade. Já o professor Caio citou que o Brasil passa por uma
crise gestão. Arivaldo concordou com Caio e complementou dizendo que o país também passa por
uma crise social. Salomão finalizou o debate complementando que, em meio a todas essas crises,
podemos perceber que a Administração é a profissão do futuro e que os gestores podem mudar essa
realidade cheia de crises.
Profa Me. Maria Gilvanira Gomes da Silva
Membro do Comitê editorial dos anais 2017 e da comissão científica do 4º Fórum Regional de Administração
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NUBANK: UM ESTUDO DE CASO EM GESTÃO DA INOVAÇÃO DOS SERVIÇOS FINANCEIROS
NO BRASIL.
Maria de Fátima H. Campos
Doutora em História da Arte-Universidade do Estado da Bahia
André L. F. Fonseca
Mestre em Gestão Organizacional-Universidade do Estado da Bahia
Francys P. S. Figueiredo
Graduanda em Administração- Universidade do Estado da Bahia
RESUMO
Este estudo busca identificar como o Nubank realiza a gestão da inovação dos serviços financeiros no Brasil
através da oferta do cartão de crédito oferecido pela mesma. O interesse por essa temática surgiu a partir do
destaque que a organização tem alcançado após apresentação do produto inovador e pelo interesse da
pesquisadora em estudar a inovação no sistema financeiro. Desse modo, tem-se como problemática de pesquisa:
Como o Nubank, vem se destacando nos serviços financeiros no Brasil através da gestão da inovação? O
objetivo do presente artigo foi de analisara gestão da inovação no Nubank através do produto cartão de crédito,
tendo em vista os serviços financeiros no Brasil.A abordagem metodológica utilizada foi à qualitativa, e quanto
ao objetivo ocorreu de forma exploratória descritiva com escolha de um estudo de caso. Os procedimentos de
pesquisa foram, pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados da pesquisa apontaram que a organização
obteve resultados positivos, com a disponibilização do produto cartão de crédito e aplicativo Nubank, oferecendo
desse modo um produto que proporcionou mais facilidades e comodidades para os seus clientes. Vale ressaltar,
que esse estudo, teve enquanto conclusão que o Nubank vem buscando a partir das sinalizações de seus usuários,
a contínua melhoria dos seus serviços, procurando assegurar ao seu cliente maior conforto e segurança junto às
compras realizadas, para que seja possível alcançar seu objetivo primeiro, redefinir o padrão de serviços
financeiros no Brasil e no mundo.
Palavras-chave:
Gestão da inovação. Serviços financeiros. Tecnologia da informação. Aplicativo Nubank.
ABSTRACT
The present study seeks to identify how Nubank manages the innovation of financial services in Brazil through
its credit card service. The interest in this theme arose from the highlight position that the organization has
achieved after presenting the innovative product and from the researcher's interest in studying innovation in the
financial system. Thereby the research problemis:How is Nubank standing out in financial services in Brazil
through innovation management? The objective of this article was to analyze innovation management of Nubank
through the credit card product, in view of financial services in Brazil. The methodological approach used was
qualitative and the objective was explorative descriptive with a case study. The survey procedures were
bibliographic and documentary research. The results indicated that the organization obtained positive results,
with Nubank credit card product and application, offering a product that provided more facilities and amenities
for its customers. It is worth mentioning that this study concluded that Nubank has been seeking, through
communication with its users, the continuous improvement of its services, seeking to assure its customer greater
comfort and security with their purchases, so that could reach its First objective, to redefine the standard of
financial services in Brazil and in the world.
Key words:
Innovation Management. Financial services. Information Technology. NubankApp.
INTRODUÇÃO
A inovação nas empresas vem sendo adotada como uma estratégia de aprendizado e de sobrevivência no
mercado. Um dos pontos de destaque na inovação tem sido a adoção de novas tecnologias digitais que vêm
promovendo o crescimento das empresas e do ambiente econômico nacional e mundial. Pesquisar, trabalhar e
implementar a gestão da inovação não é tarefa fácil. Esse é um terreno que exige um vasto leque de estudos,
incentivos, e que deverá garantir credibilidade aos que vierem a aderir o produto ou serviço que seja oferecido,
em especial, no contexto dessa pesquisa, no qual a inovação encontra-se associada aos serviços financeiros. A
gestão da inovação tem por objetivo estimular processos de modernização tecnológica nas empresas e criar
ambientes institucionais favoráveis à inovação e cooperação entre os agentes. Pois dela dependerá o estilo de
desenvolvimento que teremos nas próximas décadas, na perspectiva dos serviços financeiros oferecidos e,
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consequentemente, no significado da inovação empresarial. Em geral, está se falando na criação de mercados
mais práticos e dinâmicos, de novos negócios, de formas de gestão das empresas e cadeias de produção.
Isso significa que, se o objetivo final é obter maior êxito nas políticas de apoio à inovação, os focos devem ser as
empresas e os mercados, a segurança, o conforto e a credibilidade que tais produtos e/ou serviços estarão
oferecendo aos seus demandantes. Nesse sentido, a organização Nubank vem ganhando adeptos ao serviço. Mas,
por tratar-se de um serviço on-line em sua totalidade, existe certa resistência (por não existir uma agência física,
organização nova, novo modelo de serviço...), porém o discurso dos usuários tem se apresentado como principais
divulgadores e disseminadores do serviço oferecido pela organização. Vale salientar, que a empresa surge com a
proposta de um serviço diferenciado (100% on-line, sem papelório, desburocratizado e sem custo de adesão) no
Brasil, tendo em vista, ser mais competitiva frente às demais organizações que prestam o mesmo serviço.
Será apresentada através desse trabalho, a nova geração de serviços financeiros do Brasil através do Nubank. A
organização é composta por um time global de engenheiros, desenvolvedores e designers, que está começando
uma jornada para reduzir a complexidade que é enfrentada todos os dias ao lidar com o dinheiro. A empresa vem
se destacando por usar tecnologia (aplicativos) mais moderna a favor do cliente, dando agilidade, comodidade e
segurança aos clientes que necessitam de serviços individualizados e que não dispõem de tempo para deslocar-se
e/ou estar em agências financeiras. Enquanto ambição, o Nubank tem como objetivo redefinir o padrão de
serviços financeiros no Brasil e no mundo. Desse modo, tem-se como problemática de pesquisa: Como o
Nubank, vem se destacando nos serviços financeiros no Brasil através da gestão da inovação?
O objetivo do presente artigo foi de analisara gestão da inovação no Nubank através do produto cartão de
crédito, tendo em vista os serviços financeiros no Brasil. Quanto aos objetivos específicos tem-se: a) identificar a
relação entre os dados obtidos e as teorias já consagradas pela literatura, no que se refere à gestão da inovação;
b) Verificar quais ações são realizadas pelo Nubank no âmbito da gestão da inovação; c) Apresentar possíveis
aspectos de inovação quanto aos serviços financeiros oferecidos pelo Nubank, em busca do aperfeiçoamento, da
autonomia e da tecnologia no cenário brasileiro. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo analisar como o
NuBank enquanto serviço financeiro inovador, realiza a gestão desses serviços no Brasil, buscando verificar
quais ações são realizadas no âmbito da gestão da inovação.
METODOLOGIA APLICADA
A abordagem metodológica utilizada foi à qualitativa, e quanto ao objetivo ocorreu de forma exploratória
descritiva com escolha de um estudo de caso. Os procedimentos de pesquisa foram pesquisa bibliográfica e
documental. O presente artigo foi desenvolvido a partir do referencial teórico: gestão da inovação e serviços
financeiros; a seguir tratou-se do estudo de caso da organização Nubank, e por fim, a conclusão.
1 GESTÃO DA INOVAÇÃO
O conceito de inovação vem sofrendo alterações ao longo do tempo. Inicialmente, a inovação era associada a
uma invenção, um ato isolado realizado por um inventor ou por uma grande empresa. Com o passar do tempo,
esse conceito de inovação foi ampliado, de modo a compreender todo um processo, desde a sua criação até sua
efetiva comercialização.
O economista Schumpeter (1982), pioneiro nos estudos da inovação, foi um dos primeiros autores a citar a
importância da inovação para as organizações, considerando-a como um fator de vantagem frente às firmas
rivais. O referido autor fez a distinção entre os conceitos de invenção e inovação. Para este, a invenção está
relacionada à descoberta que gera novo conhecimento, porém ainda não possui o aspecto econômico. Já a
inovação está relacionada a todo o processo de inovação desde a criação do conhecimento até a sua difusão, com
aplicação econômica e social da invenção (SCHUMPETER, 1982).
Introduziu também o conceito de “destruição criativa” para o desenvolvimento econômico, no qual novos
produtos competem e superam os antigos, gerando inovações a partir de uma invenção ou de uma tecnologia já
existente, conseguindo com isso uma posição monopolista temporária. Também considerou que a
responsabilidade por colocar as inovações em prática era do “empresário heroico”, através da sua postura
empreendedora, que conseguia transformar uma invenção em uma inovação, geralmente em grandes empresas.
Schumpeter (1982, p. 33) apresentou o seguinte conceito sobre inovação:
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As inovações estão, assim como a tecnologia, no centro do desenvolvimento
tecnológico e devem viabilizar-se à medida que atendam às necessidades sociais do
mercado, sendo que a tecnologia é determinada pela economia, pois só haverá
desenvolvimento tecnológico se existir uma demanda por novos produtos e métodos
produtivos.
Na mesma obra, Schumpeter (1982, p. 42) considerou a inovação como fenômeno fundamental do
desenvolvimento econômico e definiu cinco tipos de inovação:
i) Introdução de um novo bem;
ii) Introdução de novos processos de produção;
iii) Abertura de novos mercados;
iv) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou bens semimanufaturados; e
v) Estabelecimento de uma nova organização.
Como pode ser percebido, o conceito de inovação de Schumpeter é bastante abrangente, pois relaciona tudo o
que diferencia e cria valor para um negócio, incluindo produto, processos e também criação de novos mercados.
Tudo isso, na visão do autor, com o objetivo de aumentar a competitividade da empresa.
Para Drucker (2001), a inovação é um ato de atribuir novas capacidades aos recursos existentes na empresa,
gerando riqueza. Para ele, a Inovação Sistemática consiste na busca deliberada e organizada de mudanças, e na
análise sistemática das oportunidades que tais mudanças podem oferecer para a inovação econômica e social.
Assim, observa-se que a inovação não é resultante apenas da sorte ou de um processo sem sistematização. Para
realização de inovação é necessário que a empresa tenha em sua estratégia ações que conduzam comportamentos
inovadores. A definição de uma estratégia de inovação para uma empresa é muito importante para o
fortalecimento da sua competitividade. A partir de sua definição e implementação, a empresa poderá assumir
uma posição de liderança em preços ou diferenciação (PORTER, 1989).
Dessa maneira, de acordo com Klein (1998, p. 43), “o desafio dos grandes gerentes é escolher a forma
organizacional que melhor se adequa ao tipo de inovação que estão buscando”. Pois, sem as capacidades e
competências que requerem uma organização no contexto de mercado, e de internacionalização de bens e
serviços no mundo globalizado, torna-se inviável o desenvolvimento de inovação na empresa.
Tigre (2006) utiliza-se de ideias shumpterianas que afirmam os processos inovativos como propulsor de uma
nova economia de mercado, em que novos produtos destroem empresas velhas e antigos modelos de negócio.
Tidd corrobora com o surgimento de uma nova economia a partir da inovação. O autor afirma: “Dessa maneira, a
inovação está se transformando no elemento central da política econômica internacional. Novos produtos ajudam
a conquistar e a manter fatias de mercado e aumentam a lucratividade nesses mercados” (TIDD, 2015, p.7). Ou
seja, trata-se do motor que move a economia atual, que por sua vez, transforma conhecimentos adquiridos e
ideias em produtos e serviços com diferencial competitivo e de maior valor agregado.
Ainda segundo Tidd (2015, p.10) “É importante ressaltar que as vantagens geradas por essas medidas inovadoras
perdem seu poder competitivo a medida que outros a imitam. A menos que a organização seja capaz de progredir
para uma inovação ainda maior”. Sejam quais forem as condições tecnológicas, sociais ou mercadológicas
envolvidas, a chave para se criar e manter vantagem competitiva tende a pertencer àquelas organizações que
inovam continuamente. Tidd (2015, p. 14), sinaliza através do quadro abaixo as vantagens estratégicas pela
inovação, a saber:
QUADRO 1- Vantagens estratégicas pela inovação
Mecanismo Vantagem estratégica
Novidade no processo Mais rápido, barato e personalizado
Complexidade Oferecer algo que os outros têm dificuldade em
dominar
Reconfiguração das partes do processo Recriar interação, redes mais eficientes.
Fonte: Adaptação de Tidd, 2015.
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Como exposto acima, quando a organização apresenta os mecanismos de novidade de processo, complexidade e
reconfiguração das partes do processo, consequentemente estará agregando à empresa diferencial competitivo
frente às demais, ou seja, terá as vantagens estratégicas de ser mais eficiente e/ou mais rápido, poderá baratear
seus processos produtivos e repassar tal margem aos seus clientes, além de poder personalizar seus
serviços/produtos atendendo as especificidades dos solicitantes.
No que tange a complexidade que envolverá cada entrega, estará sendo oferecido algo que os concorrentes
desconhecem ou não dominam, sendo possível ainda recriar as interações e possuir redes mais eficientes. Assim,
além de existir maior possibilidade de fidelização dos clientes que procurem a organização que possua vantagens
de inovação estratégicas, a mesma conseguirá aumentar sua cartela de clientes, e consequentemente, sua
lucratividade.
No Brasil as iniciativas no campo da inovação datam da década de 80. Entende-se que os estudos e pesquisas, ou
até mesmo o incentivo ao empreendedorismo, estão apenas começando. A inovação, considerada como fonte de
valor, também para a vantagem competitiva no setor empresarial, nos dias atuais, baseia-se nos acontecimentos
do mercado que são aparentemente diversos e na necessidade de modelos “inovativos”, para permitir que as
empresas tenham a capacidade de mudar quando for necessário (FUZZETI, 2011).
As inovações envolvem processos dinâmicos, que estão presentes em constante interação com os ambientes.
Nesse dinamismo, podem ser considerados: os indivíduos, os gestores das organizações, os recursos disponíveis,
entre outros. Salazar apud Mañas & Santos (2004) explicam que a organização, de certa maneira, vem sendo
obrigadas a inovar para “sobreviver” e descrevem algumas razões:
[... os produtos e serviços ajudam a manter a participação da empresa no mercado
oferecendo oportunidade de abrir novos mercados; o aumento das vendas ocorre não
somente pelo oferecimento de preços baixos, mas pela disposição de outros
requisitos, como a qualidade, o design, a medida; a revisão dos produtos por se
tornarem obsoletos, como o computador, por exemplo; a alteração do ambiente
sócio econômico; as modificações da legislação; vantagens competitivas; a atração
dos clientes pela inovação, que criam novas necessidades](Mañas& Santos (2004,
p.3).
Segundo Tigre (2006), a gestão da inovação requer uma atuação de forma integrada, considerando que a empresa
é um sistema de aprendizado dinâmico, estruturada com base no conhecimento e comprometida, dentre outros,
com a inovação sustentável. A empresa deve, portanto, buscar empreender os objetivos previstos com base no
planejamento estratégico da inovação, que consiste na definição clara de estratégias, planos, objetivos,
investimentos a serem realizados e indicadores de desempenho.
De acordo com Coral; Ogliari e Abreu (2008), o primeiro passo para implementar um processo de gestão da
inovação na empresa é estabelecer uma estrutura organizacional adequada, tendo claro quais as principais
variáveis que afetam o potencial inovador da organização. Desse modo, a integração e o trabalho conjunto de
áreas distintas são fundamentais para o sucesso de um sistema de gestão voltado ao desenvolvimento de novos
desenvolvimentos. Assim, observa-se que a gestão da inovação trata da organização e do direcionamento de
recursos humanos e financeiros com o propósito de aumentar a geração de novos conhecimentos, ideias,
produtos e processos, bem como, a melhoria dos que já existem. Por isso, se faz necessário a realização de um
diagnóstico prévio na organização que se deseja inovar, para que a empresa possa planejar suas ações de modo
que sejam implementadas as práticas que, de fato, sejam potenciais melhorias para o contexto organizacional
analisado.
Para Coral; Ogliari e Abreu (2008), a sistematização da gestão da inovação em uma empresa, normalmente,
exigirá um esforço inicial significativo, e para tal, faz-se necessário o trabalho de uma equipe. A ampla
colaboração para transformar ideias em inovações lucrativas torna-se um dos aspectos mais críticos no processo
de inovação, construir uma estrutura com as pessoas certas nos lugares certos, no tempo certo é desafio
constante.
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2 SERVIÇOS FINANCEIROS
De acordo com a APB (2016), O sistema financeiro compreende o conjunto de instituições financeiras que
asseguram, essencialmente, a canalização da poupança para o investimento nos mercados financeiros, através da
compra e venda de produtos financeiros.
Estas instituições asseguram um papel de intermediação entre os agentes económicos que, num dado momento,
se podem assumir como aforradores e, noutros momentos, como investidores (APB 2016). Enquanto exemplos
de serviços financeiros têm-se: conta corrente, custódia de cheque, pagamento eletrônico de salário, cartão
empresarial, transferências bancárias, emissão de boletos, crédito, cartão de crédito, dentre outros.
Nesse sentido, os serviços financeiros vêm se ajustando aos diversos momentos da economia, e encontra o seu
maior desafio atualmente, o surgimento de uma era da informação e, já inserida na era do conhecimento,
passando a ser necessário no contexto organizacional, assumir desafios e criar possibilidades de gestão nesse
novo cenário que as organizações se encontram inseridas.
Desse modo, os serviços financeiros desenvolvem-se dentro de um ambiente complexo e com grande influência,
uma vez que, a globalização e as tecnologias nos permitem visões e alcance macro de mercado. Nesse contexto,
as organizações devem buscar melhores oportunidades e entender o funcionamento do mercado, para que seja
possível tomar decisões equilibradas frente aos riscos que envolvem cada decisão.
Assaf Neto (2010, p. 23) apresentou o seguinte relato sobre a teoria do serviço financeiro:
A teoria de finanças vem evoluindo em bases conceituais e práticas bastante
coerentes e estruturadas, permitindo dar um escopo mais consistente à administração
financeira. Em termos técnicos, inclusive, os modelos financeiros de avaliação têm-
se sofisticado, incorporado propostas bastante avançadas e criativas. As decisões
financeiras estão calcadas em diversos pressupostos que dão toda a sustentação a
seus enunciados e modelos. São observadas grandes preocupações em discutir o
relaxamento desses pressupostos e seus reflexos sobre a administração financeira. É
considerável o avanço que vem sendo feito nesse sentido, permitindo maior
aproximação entre a teoria financeira e a realidade do mercado e das empresas.
Ainda de acordo com Assaf Neto (2010, p. 18), “nesse processo a convivência da empresa com o mercado
financeiro é fundamental para a formação de uma estrutura de capital adequada as suas necessidades de
investimento e crescimento”. A partir das necessidades de crescimento, a economia muda, se adapta e se
reestrutura. No contexto histórico das finanças, pode ser mencionado desde o escambo até o novo contexto
mundial, o dinheiro eletrônico. Pois, com a globalização e a possibilidade do “encurtamento” das distâncias
oferecida pela mesma, às pessoas e as organizações tornaram-se sem fronteiras. Pois, ao ser necessário contratar
um serviço ou realizar a compra de um produto, tais ações podem ser realizadas independentemente do local
e/ou distância em que estes se encontrem, uma vez que, o dinheiro eletrônico/moeda digital é o instrumento
usado, e que permite criar correntes de comércio entre indivíduos e empresas de todos os cantos do globo. Vale
salientar, que a economia se encontra na Era da Inteligência em rede, ou seja, é uma “economia digital que
permite que as organizações percebam e reajam mais rapidamente às mudanças no ambiente, sua principal
função é acelerar o ciclo decisório” (DOMINGUES JR, 2016, p. 10).
Na economia tradicional, o fluxo de informações era físico: dinheiro, cheques, faturas, notas de expedição,
relatórios, reuniões face a face, mapas, fotografias etc. Na nova economia, a informação em todas as suas formas
torna-se digital - reduzida em bits armazenados em computadores e correndo na velocidade da luz através das
redes (ALBERTIN, 1998).
Desse modo, Albertin (1998, p.53) afirma que:
Através do tempo, o escopo da interação evoluiu de simples sistemas ligando
compradores e vendedores para mercados eletrônicos complexos integrando
fornecedores, produtores, canais intermediários e clientes, através de uma rede de
relacionamentos eletrônicos. A nova economia está criando tendências conflitantes,
exigindo que as organizações repensem suas missões. Ambientes virtuais e vários
outros fatores estão pressionando a estrutura de custo de grandes empresas. O tempo
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para alcançar o mercado é crítico, quando os produtos têm uma vida competitiva de
um ano, um mês, uma semana ou algumas horas, como no caso de produtos
financeiros. A inovação, mais que o acesso a recursos ou capital, tem se tornado
crítica. Os clientes têm mudado, criando a expectativa de que as empresas precisam
prover melhor qualidade, produtos adequados, rapidez, menor preço, com melhor
serviço e garantia de responsabilidade social.
Ainda de acordo com o autor, o mercado eletrônico não é irreal e teórico, ele é de fato inevitável. Sua contínua
proliferação e evolução altera toda a nossa economia. Nesse sentido, o Dinheiro Eletrônico, ou Moeda Digital, é
um dos instrumentos utilizados em transações que não utilizam papel-moeda. Ao invés disso, um valor
monetário é eletronicamente creditado ou debitado. Atualmente, a utilização do Dinheiro Eletrônico tem crescido
em detrimento da queda do uso de outros meios de pagamento e/ou recebimento do dinheiro.
Segundo pesquisa do Banco Central (BC, 2016), em 2015 foram gastos R$ 678 bilhões de reais em transações
com cartão de crédito e R$ 390 bilhões com cartão de débito, o que representou um aumento de 9% e de 12%,
respectivamente. A pesquisa mostra ainda que foram realizadas 5,7 bilhões de transações com cartões de crédito
no ano passado, o que representa um aumento de 3% frente a 2014. As operações com cartão de débito somaram
6,5 bilhões (incremento de 15%) (Portal Brasil, 2016).O comércio eletrônico torna-se um elemento cada vez
mais importante da economia globalizada do século. Permite aos usuários acessar informações armazenadas em
diversos locais. Dessa maneira, têm surgido inúmeras organizações no ambiente virtual, que visa ampliar o
alcance do seu público alvo e consequentemente a maximização dos lucros organizacionais. Assim, surgem
questionamentos sobre tal ação vista como diferencial competitivo. Isto nos leva a compreender: “Por que a ideia
da organização virtual é tão tentadora? Porque viemos a acreditar que a burocracia é ruim e a flexibilidade é
ótima. Portanto, decorre que uma empresa que investe no menos possível será mais responsiva a um mercado em
mutação e mais provável de alcançar vantagem competitiva global” (KLEIN, 1998, p.41).
De acordo com Klein (1998, p. 168),
“a internet tem sido o foco de tanta atenção por ser a maior e a mais rápida forma de
implementação de uma autoestrada da informação. A internet está tendo um enorme
impacto no mundo empresarial, esse impacto vem de sua capacidade de eliminar
praticamente muitas das barreiras de tempo e espaço, fazendo isso com baixo custo”.
Estudos sobre o sistema bancário, parte relevante do sistema financeiro, afirmam que a concentração bancária é
mais que uma sombra do grau de desenvolvimento econômico, representando também a concentração qualitativa
das atividades dinâmicas da economia.
Desse modo, de acordo com Tidd (2015, p.7),
A inovação é importante não apenas no empreendimento individualizado, mas cada
vez mais como a fonte do crescimento econômico em proporções nacionais. Pois,
enquanto a vantagem competitiva pode advir de tamanho ou patrimônio, entre outros
fatores o cenário está gradativamente mudando em favor daquelas organizações que
conseguem mobilizar conhecimentos e avanços tecnológicos e conceber a criação de
novidades em suas ofertas (produtos/serviços) e nas formas como as criam e as
lançam.
Fica explicita a necessidade da inovação no processo de crescimento organizacional, em especial nos serviços
financeiros, que a cada dia aponta para novas possibilidades de melhoria e/ou aperfeiçoamento. Nesse sentido,
buscando inovar ou amenizar alguns transtornos e até mesmo inseguranças para com a circulação de valores, o
uso do cartão de crédito apresentou-se como uma possibilidade e revolução no comércio, incentivando a
circulação da moeda e impulsionando o comércio, e consequentemente a economia. É representado por um
“cartão de plástico” emitido por uma administradora de cartões de crédito, cuja finalidade é servir como forma
de pagamento, sendo o emissor do cartão, o usuário e o estabelecimento comercial credenciado os envolvidos na
operação de crédito.
Segundo Figueiredo (2001, p.23), o conceito de cartão de crédito é:
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O cartão de crédito consiste em um cartão de plástico brilhante, colorido, retangular,
padronizado, medindo 85mm por 54mm, com tarja magnética e identificação do
usuário, emitido por uma administradora de cartões de crédito (fornecedora de
serviço) ao usuário do cartão (consumidor), que o utiliza para aquisições de produtos
e serviços ou para efetuar pagamentos em estabelecimentos comerciais conveniados.
Fazzio apud Teixeira (1972, p.121), já apontava que:
[...]os bancos começaram, então, no fim da década de 50, a compreender que o
campo estava aberto e o momento propício para a sua entrada maciça no novo
sistema de crédito. Passaram a ser os próprios emissores dos cartões
(bankcreditcards). Tinham a seu favor a possibilidade funcional – dada a sua
extensa rede de cobrança e de cadastro informativo – de controlar de certo modo
ambas as pontas da relação jurídico-mercantil os portadores dos cartões e os
comerciantes integrantes da rede vendedora de bens e de serviços.
Nesse sentido, a organização Nubank apresentou seu serviço financeiro inovador através de um cartão de crédito
de plástico (forma de pagamento eletrônico), com chip e identificações específicas para cada usuário, no caso
estudado, possui bandeira MasterCard, mostrando a possibilidade de não apenas baratear, mas inovar e
desburocratizar em um âmbito (financeiro) de desconfianças, instabilidades e inseguranças.
3 O NUBANK
O Nubank encontra-se registrado como NU Pagamentos, Sociedade Anônima (S.A.) de capital fechado com sede
em São Paulo - SP. Foi fundada em maio de 2013 por David Vélez, Edward Wible e Cristina Junqueira, iniciou
suas operações de forma mais restrita desde abril de 2014 com um beta para amigos e familiares; sendo lançado
ao público somente em setembro de 2014.
A organização é composta por um time global de engenheiros, desenvolvedores e designers, que de acordo com
o relato dos mesmos, buscam reduzir a complexidade que é encarada todos os dias ao lidar com o nosso dinheiro,
e tem como seus principais investidores Sequoia Capital, Kaszek, Tiger Global Management e FoundersFund, e
se orgulha dos pilares abaixo:
Tecnologia- Desenvolvem tecnologia própria com as mais modernas linguagens e usando projetos open
source;
Design - é usado para repensar como as coisas funcionam e reduzir a complexidade do universo
financeiro;
Data Science - as ideias são testadas e aprendidas rapidamente, usando modelos e tomando decisões
com base em dados (NUBANK, 2016).
Nesse contexto, o Nubank é o emissor e administrador de um cartão de crédito com a bandeira MasterCard®, e
tem como objetivo repensar a experiência dos clientes com cartão de crédito através do uso de novas tecnologias
e design. O cartão internacional oferecido aos seus clientes não possui nenhuma tarifa ou anuidade. Possui ainda,
as menores taxas de juros, e é controlado por um aplicativo para smartphone. Como a primeira empresa de cartão
de crédito sem canais físicos no Brasil, o Nubank reduziu a complexidade e os custos da sua operação para
devolver aos clientes o controle de suas finanças, pois tem como ambição redefinir o padrão de serviços
financeiros no Brasil e no mundo.
Usuários fazem a gestão dos seus gastos através de um aplicativo para smartphones e também podem contar com
um suporte 24 horas por dia através de chat, e-mail, Twitter, Facebook e telefone. Até hoje, o Nubank já
arrecadou mais de R$ 300 milhões em quatro rodadas de investimentos desde a fundação da empresa (NuBank,
2016 A- Informações cedidas pela ouvidoria de relacionamentos). O Cartão Nubank foi desenhado para todos
que desejam uma experiência mais simples, transparente e consistente para gerir os seus gastos. As únicas
restrições que a organização estabelece são: ter no mínimo 18 anos, ser residente do Brasil e ter um smartphone
que seja compatível com os aplicativos para Android (versão 4 ou superior), iOS (versão 8 ou superior) ou
Windows Phone (versão 8.1 ou superior). Para tanto, a organização tem como serviço financeiro oferecido, o
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dinheiro eletrônico, que é uma quantia de dinheiro computada, armazenada e usada como dinheiro vivo para
transações de comércio eletrônico.
Figura 1- Cartão NuBank
Fonte: https://www.nubank.com.br
Não obstante, no sistema financeiro convencional, o consumidor precisa abrir uma conta no banco e mostrar
algumas identificações para estabelecer identidade para obter dinheiro eletrônico. Esse processo acarreta
excessiva tramitação administrativa para se ter acesso aos serviços de crédito.
De acordo com Stair (2006, p.309) a mudança de procedimentos no oferecimento do serviço de cartão de credito
pressupõe riscos, e “do mesmo modo como ocorre com qualquer mudança revolucionária, diversas questões
devem ser consideradas para garantir que as transações por comércio eletrônico sejam seguras e os consumidores
fiquem protegidos. Muitas dessas questões representam ameaças significativas para o crescimento continuado”.
Vale ressaltar, que por se tratar de um serviço totalmente on-line, algumas pessoas ainda possuem receio desse
tipo de transação financeira, cabendo a organização (Nubank), utilizar meios de proteção para os seus clientes,
fortalecendo sua segurança junto ao ambiente virtual, pois dessa maneira, tal serviço ganhará cada vez mais
adeptos.
Desse modo, foi criada a Política de Privacidade para reafirmar o compromisso do Nubank com a segurança e a
privacidade das informações coletadas dos usuários de seus produtos e serviços, as seguintes normas e
regulamentos (NUBANK, 2016):
1. Qualquer informação fornecida pelos usuários é coletada e guardada de acordo com os mais rígidos
padrões de segurança e confiabilidade;
2. Todas as informações coletadas dos usuários trafegam de forma segura, utilizando processo de
criptografia padrão da Internet;
3. As informações pessoais fornecidas pelos usuários são coletadas por meios éticos e legais;
4. Os usuários são avisados que dados seus estão sendo coletados, ficando a critério do usuário fornecê-los
ou não, e são informados também sobre as consequências de sua decisão;
5. A menos que tenhamos determinação legal ou judicial, as informações dos usuários jamais são
transferidas a terceiros ou usadas para finalidades diferentes daquelas para as quais foram coletadas;
6. O acesso às informações coletadas está restrito a funcionários autorizados para o uso adequado desses
dados;
7. Os funcionários que se utilizarem indevidamente dessas informações, ferindo a Política de Privacidade,
estão sujeitos às penalidades previstas em processo disciplinar;
8. Será mantida a integridade das informações que forem fornecidas;
9. Os sites contêm links para outros sites externos cujos conteúdos e políticas de privacidade não são de
responsabilidade do Nubank;
10. Será exigida de toda organização contratada para prover serviços de apoio, o cumprimento dos padrões
de privacidade e segurança da informação;
11. Para fins operações de crédito e gerenciamento de riscos, pode ser trocadas informações sobre os
clientes com fontes respeitáveis de referência, órgãos reguladores e serviços de compensação;
12. Eventualmente, poderá ser utilizado cookies para confirmar a identidade, personalizar acesso e
acompanhar a utilização do website visando o aprimoramento da navegação e funcionalidade;
13. O Nubank coloca à disposição de seus usuários, canais de atendimento ao cliente, para esclarecer
qualquer dúvida que possa surgir.
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Assim, a partir das indicações e do bom desempenho dos serviços oferecidos pelo Nubank, tendo em vista
entender para atender seus clientes (KOTLER, 2010), cada vez mais pessoas conhecem o serviço, encantando-se
e tendo acesso a todos os benefícios oferecidos pelo mesmo.
Desse modo, a organização apresenta algumas peculiaridades nos processos de atuação no âmbito da gestão da
inovação nos serviços financeiros, e tem como diferenciais competitivos:
Quadro 2- Inovações tecnológicas/Benefício aos usuários.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA BENEFÍCIOS AO USUÁRIO
Uso de tecnologia mais moderna a favor do cliente. Traz soluções seguras e simples para resolver tudo
pelo celular, a qualquer momento.
Disponibilização de canais 100% digitais. Sem nenhum custo para o cliente.
Linguagem direta e objetiva em toda informação que é
compartilhada.
O cliente é tratado como UMA pessoa. A
individualidade é respeitada.
Uso de aplicativo sem custo. Zero anuidade, acompanhamento financeiro do uso do
cartão.
Fonte: Adaptado do Aplicativo Nubank/ouvidoria de relacionamento via chat.
O NuBank, também busca assegurar ao seu cliente maior conforto e segurança junto as compras realizadas.
No momento da compra você recebe a notificação, ela vai para a sua linha do tempo, e já entra na sua próxima
fatura, demonstrando seus gastos em tempo real (conforme figura 2) dando autonomia ao cliente para que o
mesmo possa realizar bloqueio e desbloqueio do cartão, maior detalhamento de taxa de câmbio e parcelamentos.
Figura 2- Apresentação das faturas. Figura 3- Tela principal.
Fonte: https://www.nubank.com.br Fonte: https://www.nubank.com.br
É válido ressaltar que, conforme as figuras 2, 3 e os dados mais específicos que constam no aplicativo, o Nubank
busca prestar um serviço para além de um cartão de compras, este funciona como um mini sistema financeiro,
pois os gastos são classificados e filtrados por categoria, o saldo, o limite e as faturas podem ser vistas em tempo
real. Desse modo, o usuário do cartão pode se planejar, de maneira simples, consistente e transparente. Trata-se
também de educação financeira, com planejamento, acompanhamento e controle de forma rápida, prática e,
sobretudo, fácil.
Até o momento, a organização Nubank tem ganhado cada vez mais adeptos, a propaganda positiva dos usuários
do cartão tem sido divulgada, e a cada dia, surgem novos interessados. Inclusive, sites e revistas de grande
circulação vêm mencionando o Nubank em suas matérias.
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Como mencionado anteriormente, alguns sites e revistas já se atentaram para o movimento que vem ocorrendo a
partir dos serviços oferecido, da repercussão e da aceitação que o cartão Nubank tem tido. Desse modo, tais
matérias acabam apontando desde os benefícios oferecidos aos usuários do cartão, até mesmo as possíveis
cautelas iniciais por se tratar de um serviço totalmente virtual. Não obstante, apontam também as seguintes
vantagens: simplicidade, transparência, solução dinâmica.
Além da observação da revista sobre as facilidades oferecidas através do serviço prestado, também foi publicado
sobre um prêmio já recebido pela organização e os motivos por tal sucesso:
O Nubank, startup brasileira que oferece um cartão de crédito sem anuidade gerido
através de um aplicativo, recebeu nesta semana o prêmio MarketersThatMatter, do
SageGroup do Vale do Silício.Para Desidério, outro ponto fundamental para o
sucesso da startup é a qualidade do serviço entregue ao cliente. “Tem também o
aspecto de entregar a promessa que estamos vendendo. Ter a expectativa do cliente
atendida ou superada é muito importante”, afirma.A satisfação do cliente Nubank
ajudou a criar o que Cristina chama de “crescimento viral”, através da propaganda
boca a boca. Atualmente a startup tem um índice de satisfação de 88% (medido
através do Net Promoter Score - NPS) e recebe elogios dos clientes a todo momento
(DESIDÉRIO,2016).
Revistas nacionais, sites de negócios, vêm apontando as curiosidades, dúvidas, inquietações, e agora, também o
sucesso e a grande aceitação que a organização vem alcançando. Por se tratar de uma organização totalmente on-
line, a comunicação e feedback organização x usuários também ocorrem através do ambiente virtual. Abaixo,
alguns relatos publicados por usuários do cartão no Nubank em rede social usada pela organização e que
concentra uma grande quantidade de seguidores:
Figura4- Comentários de usuários do Nubank. Figura5- Comentários de usuários do Nubank.
Fonte: https://twitter.com Fonte: https://twitter.com
A partir dos relatos acima, pode ser identificado que a organização vem não apenas ganhando mais adeptos, mas
fidelizando sua carteira de clientes através dos serviços oferecidos. Tendo em vista os discursos apresentados
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nesse recorte, a experiência positiva, a antecipação aos prazos e a qualidade no atendimento são constantemente
ressaltadas.
Assim, é possível apontar que a organização Nubank, possui diferenciais competitivos (fácil acesso,
compreensão e acompanhamento dos dados financeiros, agilidade para solucionar problemas e dúvidas,
comodidade – totalmente on-line-, maior controle financeiro dos gastos, dentre outros) frente as demais
organizações que oferecem o mesmo produto, o cartão de crédito. Todavia,o mesmo ainda precisa atentar-se e
aprimorar seus serviços no que tange ao pagamento da fatura de forma on-line, pois no cenário atual, é
necessário a existência de uma conta corrente/poupança em uma agência bancária.
Por ser pioneira e estar ganhando cada vez mais adeptos, organizações financeiras começaram a fazer parcerias
para se tornarem concorrentes do Nubank, e tentar capturar fatia de mercado que antes eram exclusivas dessa
organização.
Desse modo, o Banco do Brasil e Bradesco, se uniram para lançar o Digio, o cartão que foi colocado a
disposição do mercado no início de agosto de 2016 para concorrer com o Nubank. Deixo esse registro, para que
esse trabalho possa ser continuado, não apenas por mim, mas para que novos pesquisadores se questionem sobre
a temática, e que também possa instigar a curiosidade do leitor a futuramente buscar mais dados de como o
Nubank continuará se diferenciado do seu atual concorrente, e de outros que possam surgir no ramo do que está
sendo chamado de “FinTechs”, isto é, as novas tecnologias financeiras.
CONCLUSÃO
O objetivo desse estudo foi analisara gestão da inovação no Nubank através do produto cartão de crédito, tendo
em vista os serviços financeiros no Brasil.A partir dos dados expostos acima, é possível observar que a gestão da
inovação ainda tem muito que avançar, em especial, no cenário econômico, financeiro e tecnológico brasileiro.
Quanto aos objetivos específicos, foi proposto: a) Identificar a relação entre os dados obtidos e as teorias já
consagradas pela literatura, no que se refere à gestão da inovação; b) Verificar quais ações são realizadas pelo
Nubank no âmbito da gestão da inovação; c) Apresentar possíveis aspectos de inovação quanto aos serviços
financeiros oferecidos pelo Nubank, em busca do aperfeiçoamento, da autonomia e da tecnologia no cenário
brasileiro. Vale ressaltar, que todos os passos foram trilhados, buscando alcançar os objetivos aqui propostos,
que por sua vez, ocorreram de acordo com o planejamento e cronograma definidos durante o processo de
construção desse artigo.
Além de um estudo sobre a organização Nubank, o aplicativo e o produto cartão de crédito, foi buscado a
contextualização teórica a partir de grandes pensadores, tendo em vista atender o questionamento de
investigação.Como o Nubank, vem se destacando nos serviços financeiros no Brasil através da gestão da
inovação? Vale ressaltar que, para atender de maneira mais eficaz a temática pesquisada, ‘Nubank: um estudo de
caso em gestão da inovação dos serviços financeiros no Brasil’, existiu um olhar mais atento para a gestão da
inovação, serviços financeiros e o próprio Nubank. Nesse sentido, este estudo buscou identificar como a
organização Nubank vem se destacando frente as demais empresas que oferecem o mesmo produto, o cartão de
crédito. No processo de pesquisa foram encontrados registros e documentos que sinalizaram a gestão inovadora
da empresa. O destaque da empresa foi também citado em publicações realizadas por sites e revistas de grande
circulação, assim como relatos dos próprios usuários.
Dessa maneira, a gestão da inovação foi apontada como a integração e o trabalho conjunto de áreas distintas,
sendo fundamental para o sucesso da empresa. A necessidade de ampla colaboração é fundamental para
transformar ideias em inovações lucrativas, pois este é um dos aspectos mais críticos no processo de inovação, e
para tal, a criação de uma estrutura com as pessoas qualificadas é essencial. Quanto aos serviços financeiros,
identificou-se que o mesmo desenvolve-se dentro de um ambiente complexo e com grande influência, uma vez
que, a globalização e as tecnologias nos permitem visões e alcance macro de mercado. Nesse contexto, as
organizações devem buscar melhores oportunidades, entender o funcionamento do mercado, para que seja
possível tomar decisões equilibradas frente aos riscos que envolvem cada decisão. Levando em consideração que
cada decisão poderá vir a ser seu diferencial competitivo frente as demais organizações.
Assim, o Nubank vem buscando a partir das sinalizações de seus usuários, a busca contínua pela melhoria dos
seus serviços, procurando assegurar ao seu cliente maior conforto e segurança junto às compras realizadas, para
que seja possível alcançar seu objetivo primeiro, redefinir o padrão de serviços financeiros no Brasil e no mundo.
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IMPACTO DA TECNOLOGIA PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES.
Aricio Medeiros da Silva
Natanael Almeida Santos Silva
Graduandos em Sistemas de Informação pela Faculdade Sete de Setembro - FASETE
Denise Fortes Xavier
Mestranda em Tecnologia da Inovação pela Universidade Federal de Sergipe - UFS
RESUMO Na Era do capital Intelectual, as informações e o conhecimento são os maiores recursos competitivos para uma
organização. As empresas têm buscado novas formas de adquirirem conhecimento para que possam competir em
vantagem contra os seus demais concorrentes. É destacado a tecnologia com uma ferramenta ou instrumento que
contribuem fundamentalmente para a alavancagem dos processos de conversão do conhecimento para as
organizações, já que sem ela seria difícil de se trabalhar com a grande quantidade de volumes e diversidades de
informações, como também as tomadas de decisões empresariais. O estudo trabalho, procura demonstrar o uso
das tecnologias da informação como aliados ao processo de Gestão do conhecimento dentro das organizações.
Palavras – chave: Gestão do Conhecimento. Sistemas de Informações. Gerenciamento de Informações.
ABSTRACT In the Age of Intellectual Capital, information and knowledge are the greatest competitive resources for an
organization. Companies have been looking for new ways to acquire knowledge so they can compete against
their competitors. Technology is highlighted with a tool or instrument that contribute fundamentally to the
leverage of the processes of knowledge conversion to the organizations, since without it it would be difficult to
work with the great amount of volumes and diversities of information, as well as the Business decisions. The
work study tries to demonstrate the use of information technologies as allies to the process of knowledge
management within organizations.
Keywords: Knowledge Management. Information Systems. Information Management.
INTRODUÇÃO
As organizações têm passado por diversas modificações e avanços ao longo do tempo, principalmente após a
revolução tecnológica, modificações estas que visam melhorar o tempo de produção, minimizar custos, entregar
qualidade, agradar o cliente com preços competitivos e aumentar a produção com o objetivo final de obter
lucros. Para que tudo isso seja possível, se faz necessário no cenário atual, a organização trabalhar de forma
automatizada e com paradigmas diferentes dos tempos passados. É preciso enxergar novas perspectivas, analisar
tendências, prevê mudanças de mercado, dentre outros.
Não importa o tamanho da empresa, esta deve ser conhecida por seu gestor, visto que está cada vez mais difícil
se encaixar no cenário amplo e visionário que o rumo dos negócios tem tomado. Logo, se torna uma tarefa difícil
devido a tantos processos que estão inseridos em um ambiente organizacional. É nesse momento que o gestor
responsável pelo negócio necessitará do auxílio da tecnologia e dos sistemas de informações para controlar a
maioria, se não todos os processos organizacionais, sendo assim o mesmo irá obter um conhecimento amplo e
detalhado do seu negócio podendo a partir de aí melhorar este de forma significante. Sendo assim, percebe então
a importância pela qual os sistemas de informações têm para uma empresa, como a de melhorar os fluxos de
informações em todos os seus departamentos, e depois, para tirar proveito de todo esse fluxo de informações de
maneira mais eficaz para que o administrador possa tomar decisões aceradas e responder melhor ao mercado
essencialmente dinâmico e globalizado. (BATISTA, 2006).
A tecnologia atualmente está inserida em praticamente tudo ao nosso redor, como na comunicação, medicina,
instituições de ensino e sem dúvidas nas organizações contribuindo de forma expressa para grandes avanços
nesses setores. Dessa forma, será abordado como tema o impacto da tecnologia para gestão do conhecimento nas
organizações, destacando as principais características, benefícios e sua influência na tomada de decisões. O
artigo está organizado da seguinte maneira. A segunda sessão, será abordado de forma sucinta o que é
conhecimento e seus termos. A terceira sessão retrata sobre os Sistemas de Informações e a Tecnologia da
Informação como instrumentos de gestão estratégica e desempenho organizacional A quarta sessão se resume à
apresentação sobre Gestão do conhecimento, suas características e vantagens para a Organização. A quinta
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sessão, será explanado sobre o impacto da tecnologia para a (GC) nas organizações. A sexta sessão apresenta a
metodologia utilizada no estudo. A sétima sessão apresenta os resultados da pesquisa de campo elaborada. A
oitava e última sessão, apresentará as considerações finais do estudo.
METODOLOGIA APLICADA
De acordo com Gil (2007), pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Pensando nisso, a metodologia de
desenvolvimento deste trabalho constitui em uma revisão bibliográfica em livros, artigos, teses, dissertações e
sites na internet que abordam o tema Gestão do conhecimento, os Sistemas de Informação e os Impactos
lucrativos causados através das ferramentas tecnológicas para as organizações.
O segundo instrumento utilizado foi a pesquisa de campo, sendo desenvolvido um questionário contendo sete
perguntas objetivas ligadas a GC e às tecnologias implantada nas empresas onde atuam cada entrevistado. A
pesquisa de campo foi feita com 15 empresas situadas na cidade de Paulo Afonso Bahia, contando com um
profissional de cada empresa para responder o questionário elaborado. Foi utilizado como instrumento de coleta
de informações, uma das ferramentas da Gigante Google, o google forms. Ferramenta que permite formular
diversos tipos de questionário, contanto com uma excelente análise de dados e coleta de informações em tempo
real.
1 CONHECIMENTO
O sucesso de grandes empresas atualmente tem sido devido ao enfrentamento do que é chamado de paradoxo,
que sugere a ideia de algo ao contrário, principalmente porque estas organizações têm tirado proveito disso,
gerando inovações. Mais paradoxos existem quando os tempos são difíceis, e quando o mundo está mais
complexo.
O teste de uma inteligência diferenciada é a capacidade de manter duas ideias
opostas em mente, ao mesmo tempo, e ainda manter a capacidade de funcionar.
(FITZGERALD, apud TAKEUCHI; IKUJIRO, 2008).
Sendo assim nota-se as necessidades de as corporações adotarem o paradoxo como forma de inovar, em vez de
eliminá-lo e fracassar. O marco do sucesso de uma corporação está em sua habilidade de mudar rapidamente, se
adequando as novas formas de negócios e sabendo lhe dar com as complexidades envolvidas nesse processo. O
conhecimento poder ser classificado de suas formas: codificado ou explícito, capaz de ser transmitido por algum
meio, seja através de um livro ou um artigo na internet, e conhecimento tácito ou implícito, caracterizado pela
capacidade interna das pessoas, ou seja, experiência, relações pessoais, tornando-se uma transmissão mais difícil,
mas não possui menor validade.
O conhecimento e a intelectualidade eram considerados fatores externos na economia, mas esse conceito mudou
de forma extrema na economia moderna a qual tem o crescimento econômico e a produtividade baseando-se no
conhecimento e na informação. (MATTOS; GUIMARÃES, 2012).
A informação nos dias de hoje tem um valor altamente significativo e pode
representar grande poder para quem a possui, seja pessoa, seja instituição. Ela possui
seu valor, pois está presente em todas as atividades que envolvem pessoas, processo,
sistemas, recursos financeiros, tecnologias etc. (REZENDE, 2008).
A geração do conhecimento ocorre quando as informações são compreendidas, combinadas e analisadas por
pessoas ou quando a tecnologia da informação contribuir para um cenário nos processos decisórios da
organização. (REZENDE, 2008).
Diante disso, nota-se uma economia cheia de incertezas, variações e mudanças, sendo o conhecimento uma
forma estratégica de obter vantagem competitiva a longo prazo. Com as transformações do mercado a
quantidade de produtos aumenta significativamente, os produtos tornam-se obsoletos quase que
instantaneamente de forma a gerar uma corrida por inovação entre as organizações. As empresas que dominam o
conhecimento e o expande, inovando constantemente tendem a se manter atualizadas e até mesmo estão à frente
de outras que calcificam esse fator importantíssimo.
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2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Ao falar sobre sistemas de informação, não se deve apenas enxerga-los como programas de computadores. Os
sistemas de informações são muitos mais amplos pois abrange a tecnologia, processos organizacionais e
transações geradoras de dados. São ferramentas altamente eficientes para manipulação de dados gerados nas
organizações. De acordo com LAUDON (2004), os sistemas de informações se tornaram ferramentais
indispensáveis para as operações e decisões que ocorrem a cada minuto nas organizações. Um sistema pode ser
composto de três fases:
A entrada de dados: São todos os dados gerados na organização no desenvolvimento das atividades
cotidianas;
O processamento: É o processo de transformação dos milhares de dados em informações uteis para o
processo de tomada de decisões;
A saída de dados: É a exteriorização de tudo que foi processado e será o alicerce para as decisões
organizacionais.
Um sistema de informação pode ser definido tecnicamente como um conjunto de componentes
inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações
destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e o controle de uma organização.
Além de dar suporte à tomada de decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas
também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos
complexos e criar novos produtos. (LAUDON, 2004).
Um sistema de informação sendo visto do ponto empresarial, pode ser qualificado de acordo com a sua forma de
utilização e o tipo de retorno dado ao processo de tomada de decisões. São classificados por sete tipos de
sistemas, são eles:
Sistemas empresariais;
Sistemas de automação de escritório;
Sistemas de informação gerencial (SIG);
Sistemas de suporte à decisão (SSD);
Sistemas de suporte executivo (SSE);
Sistemas especialistas;
Sistemas de informação geográfica (GIS).
Hoje, todos admitem que conhecer sistemas de informações é essencial para os administradores, porque a
maioria das organizações precisam deles para sobreviver e prosperar. Esses sistemas podem auxiliar as empresas
a estender seu alcance a locais distantes, oferecer novos produtos e serviços, reorganizar fluxos de tarefas e
trabalho e, talvez, transformar radicalmente o modo como conduzem os negócios. (LAUDON, 2004).
Entre os benefícios que as empresas procuram obter por meio dos Sistemas de Informação estão:
Suporte a tomada de decisão;
Melhor serviço e vantagens competitivas;
Oportunidade de negócios e aumento da rentabilidade;
Mais segurança nas informações, menos erros, mais precisão;
Valor agregado ao produto
Aperfeiçoamento nos sistemas, eficiência, eficácia, efetividade, produtividade;
Carga de trabalho reduzida;
Redução de custos e desperdícios;
Produtos de melhor qualidade etc.
Sendo assim, fica claro que os Sistemas de informações são muito úteis tanto para as empresas como para as
pessoas vinculadas a esta empresa, tanto para o corpo interno da organização quando para o cliente.
3 GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES
A gestão do conhecimento (Knowledge Management), é uma disciplina que tem trazido uma atenção maior nas
últimas décadas. O conceito de gestão do conhecimento, teve seu surgimento nas organizações no início da
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década de 90, tratando-se de uma área de atuação transversal que possui diversas áreas relacionadas,
principalmente a gestão estratégica, teoria das organizações e sistemas de informação. Gestão Do Conhecimento
não é apenas um modo de eficiência operacional, mas sim parte da estratégia empresarial.
É necessário primeiramente entender os conceitos de dado, informação e conhecimento para uma melhor
compreensão do conceito de gestão do conhecimento:
Dado: Dado é o elemento que representa eventos ocorridos na empresa ou circunstâncias físicas, antes que
tenham sido organizados ou arranjados de maneira que as pessoas possam entender e usar. (Rossini &
Palmisano).
Informação: Dado configurado de forma adequada ao entendimento e à utilização pelo ser humano. (Rossini &
Palmisano).
Conhecimento: É a capacidade, adquirida por alguém, de interpretar e operar sobre um conjunto de
Informações. Essa capacidade é criada a partir das relações que ele estabelece sobre o conjunto de Informações,
e desse conjunto com outros conjuntos que já lhe são familiares (incluindo experiências, impressões, valores,
crenças, etc.), que lhe permitem compreende-lo e tirar conclusões sobre ele e a partir dele. (Davenport/Prusak).
Em épocas passadas, o valor de uma empresa se dava para os seus ativos tocáveis, como equipamentos,
instalações físicas, estoque etc. Hoje, na era da informação, as características dinâmicas impostas mudaram este
conceito de atribuição de valor, tornando as informações como um dos principais ativos possuintes de uma
organização. (BATISTA, 2006).
Em 1970, Zand já anunciava que o futuro da administração se daria e seria influenciado pelo desenvolvimento de
uma sociedade do conhecimento, e que os empreendimentos comerciais tornar-se-iam organizações de
processamentos de conhecimento. (ANGEOLI; MULBERT, 2008).
Sendo assim, para que uma empresa possa ter o seu devido sucesso, é necessária uma organização das
informações no sentido de coletar, organizar, acessar e tornar disponível toda informação no momento certo e
para o usuário correto, de maneira segura, confiável e de fácil acesso. Para aplicar conceitos de inteligência
competitiva e inteligência empresarial nas organizações, se torna fundamental a consideração da gestão do
conhecimento e os sistemas de conhecimentos. Mas como as empresas obtêm conhecimento? LAUDON (2004)
afirma que, da mesma maneira que as pessoas, as organizações criam e reúnem conhecimento usando diversos
mecanismos para auxiliar na aprendizagem organizacional. Por tentativa e erro, e cuidadosa medição de
atividades planejadas e um retorno obtido por clientes e do ambiente em geral, as organizações criam novas
maneiras operacionais e ainda processos padrões que refletem sua experiência. Isso então é denominado de
aprendizagem organizacional.
Concluísse que, Gestão do Conhecimento definisse em organizar e sistematizar os dados, a informação e o
conhecimento da organização. Tratando de uma forma simples, uma gestão que gira em torno da capacidade de
captar, gerar, traduzir, modelar, transformar, armazenar, disseminar e gerenciar as informações interna ou
externa. Essa informação deve ser transformada em conhecimento e distribuída para os colaboradores da
organização através dos sistemas e da tecnologia da informação como ferramentas.
4 IMPACTO DA TECNOLOGIA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES
As grandes organizações veem na tecnologia uma grande aliada para a administração dos volumes e formas
diversas desse recurso organizacional. A tecnologia proporciona, além da coleta à disponibilização do
conhecimento. (ANGEOLI; MULBERT, 2008).
A tecnologia tem desempenhado um papel de grande valor na Era do conhecimento, sendo uma ferramenta que
tem como objetivo facilitar a captação e estruturação do conhecimento anteriormente desestruturado e dispersos
nas organizações. Novas tecnologias estão continuamente sendo introduzidas, e a gestão do conhecimento deve
ser habilidosa em delas se beneficiar. A internet é um dos recursos tecnológicos que apoiam e tornam efetiva a
gestão do conhecimento. Na década de 1990, a internet rompeu barreiras e se tornou uma realidade para milhares
de pessoas e vem servindo como base para diversos programas e ambientes que proporcionam a captação, o
armazenamento e principalmente a difusão do conhecimento. O seu potencial de comunicação servindo por
meios de terminais on-line favorece e colabora para a criação do conhecimento. (ANGEOLI; MULBERT,
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2008). De acordo com MATTOS (2012), a tecnologia é provavelmente o fator mais importante para o aumento
de competitividade global de uma empresa. Existem vários estudos científicos que demonstram que as empresas
que investem e aplicam novas tecnologias tendem a ter situações financeiras mais sólidas do que as que não
fazem.
Um estudo com foque em tecnologias de processos, envolvendo mais de 1.300 fabricantes na Europa, no Japão e
na América do Norte, revelou forte ligação entre desempenho financeiro e inovação tecnológica. Um outro
estudo revela que empresas norte-americanas de grande porte mostrou que existe forte relação entre o
investimento em P&D e rentabilidade e frequência de novos produtos. Mesmo pequenas empresas podem
desfrutar de fortes posições competitivas quando têm mais conhecimento tecnológico e usam de forma intensiva
a tecnologia da informação. (MATTOS, 2012).Compreende-se que a tecnologia da informação tem significado
uma mudança muito profunda nas organizações, contribuindo fundamentalmente para a alavancagem dos
processos de conversão do conhecimento.
5 RESULTADOS
O resultado do questionário utilizado na pesquisa de campo com as 15 empresas através dos seus funcionários, é
demonstrado logo abaixo através de gráficos. É apresentado primeiramente a pergunta elaborada para o
entrevistado e logo depois o gráfico representativo com a quantidade total de respostas.
Quadro 1: Questão 1 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
Com base nos dados coletados e apresentados no quadro 1, compreende-se que algumas empresas na cidade de
Paulo Afonso BA, já utilizam a gestão do conhecimento como um fator positivo dentro de suas organizações.
Diante dos 15 entrevistados, 10 deles responderam que suas organizações já utilizam a gestão do conhecimento
contra 5, que responderam ao não uso.
Quadro 2: Questão 2 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
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O quadro 2, mostra que 93,3% dos entrevistados das 15 empresas, afirmam que às tecnologias têm de fato
trazido benéficos para dentro de suas organizações. Nota-se a grande importância da tecnologia para as
organizações.
Quadro3: Questão 3 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
O quadro 3, mostra que 93,3% dos entrevistados, afirmam que empresas ligadas com tecnologias, terão uma
maior vantagem contra empresas que não se faz a devida utilização da mesma no mercado. Uma pequena
porcentagem afirma que talvez.
Quadro 4: Questão 4 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
Nota-se no quadro 4 que, 80% dos entrevistados afirma que se a sua organização não possuísse um sistema de
informação, custos e desperdícios de produtividade e tempo seriam maior. Os 20% restantes dos entrevistados
dizem que talvez.
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Quadro 5: Questão 5 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
73% dos entrevistados dispostos no quadro 5, afirma que os sistemas de informações contribuem para a melhor
qualidade e o melhor produto dentro de suas organizações, contra 20% dos entrevistados que votaram que não,
os sistemas de informações não há nenhuma contribuição para isso. Uma outra pequena porcentagem, afirmam
que talvez isso seja possível.
Quadro 6: Questão 6 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
80% dos entrevistados apresentados no quadro 6, afirmam na pesquisa que se em suas empresas fossem
limitadas o uso das tecnologias da informação, seriam mais complicadas e difíceis as tomadas de decisões
empresariais. 20% responderam que talvez isso seria possível.
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Quadro 7: Questão 7 e resultado
Fonte: Silva; Silva, 2017.
No quadro 7, 60% dos entrevistados afirmam que as tecnologias da informação contribuem para o melhor
conhecimento da própria organização. 13% afirmam que isso não seria possível e 26% dizem que talvez. A
conclusão desse estudo de campo apresenta resultados satisfatórios. Nota-se que às empresas, tanto de grande e
pequeno porte entrevistadas, já utilizam a gestão do conhecimento como um fator positivo e competitivo dentro
de sua organização e afirmam que às tecnologias das informações contribuem e influenciam para isso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado do estudo feito através de pesquisas bibliográficas, livros e artigos, confirmam que ainda é escassa às
literaturas que abordem as interações entre sistemas de informações e a gestão do conhecimento. Isso se dar pelo
fato que empresas ainda confundem tecnologias da informação com gestão do conhecimento.
Há empresas no mercado que ainda acreditam que o simples fato de implantar às tecnologias da informação em
suas organizações serão o suficiente para qualifica-las como uma empresa voltada para a gestão do
conhecimento, sendo isso um grande equívoco. À tecnologia da informação desempenha papel de infraestrutura
para a gestão do conhecimento, são ferramentas de apoio a tomadas de decisões e análise de mercado, como
também, servem de instrumento facilitador para um rápido fluxo de conhecimento dentro das organizações. O
resultado deste trabalho, permite notar o papel da tecnologia da informação para a Gestão do Conhecimento,
como também o verdadeiro benefícios que o conhecimento hoje tem para as organizações. Vale lembrar que, não
basta apenas o apoio da tecnologia para a GC, somente as pessoas podem gerar e tirar proveito disso.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistemas de Informação: o uso consciente da tecnologia para o
gerenciamento / Emerson de Oliveira Batista – São Paulo: SARAIVA, 2006.
LAUDON, Kenneth C. Sistemas de informações gerenciais: administrando a empresa digital / Kenneth C.
Laudon – São Paulo: Prentice Hall, 2004.
MATTOS, João Roberto Loureiro. Gestão da tecnologia e inovação: uma abordagem prática / João Roberto
Loureiro de Mattos, Leonam dos Santos Guimarães – 2.ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.
LUCHESI, E.S.F. Gestão do conhecimento nas organizações. Disponível em:
<http://www.cetsp.com.br/media/117897/nota%20tecnica%20221.pdf >. Acesso em 9 de fevereiro de 2017.
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ANGEOLI, Maria Terezinha; MULBERT, Ana Luísa: Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas
e tecnologia / Maria Terezinha Angeoli; Ana Luísa Bulbert – 2.ed. – São Paulo: Saraiva, 2008.
REZENDE, Denise Alcides. Tecnologia da informação aplicada a sistemas de informação empresariais: o
papel estratégico da informação e dos sistemas de informação nas empresas / Denis Alcides Rezende, Aline
França de Abreu. – 5. Ed. – 2 reimpor. – São Paulo, 2008.
WAGNER W; ILVILI A.W. Gestão do conhecimento: ferramentas tecnológicas e portais do conhecimento
para empresas desenvolvedoras de tecnologias de médio e pequeno portes. Disponível em:
http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura/38/Terra%20e%20Cultura_38-15.pdf>. Acesso em 13
de fevereiro de 2017.
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DIMENSIONAMENTO ENTRE FATORES POLÍTICOS, LEGAIS E SOCIOAMBIENTAIS PROJETO
DE TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.
Fernando Diogo Cruz
Bacharel em Administração pela Faculdade Sete de Setembro – FASETE
Jacques Fernandes Santos
Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável pela Universidade de Pernambuco – UPE – FCAP
Jeferson Augusto Fernandes Santos
Graduando do Curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia - UNEB
RESUMO
A transposição do rio São Francisco, um dos principais projetos engajados pelo governo do partido dos
trabalhadores, nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, concomitantemente se
transformou em uma das principais ações geradora de problema para o governo, devido à constantes
alterações de projetos. O presente estudo monográfico tem por objetivo analisar a primeira etapa do
projeto de transposição do rio São Francisco no eixo leste entre as cidades de Floresta e Petrolândia.
Ambas as cidades interioranas do estado de Pernambuco receberam a referida obra de transpor a água
para outras localidades. Percebendo o impacto gerado pela obra, a pesquisa deste trabalho buscou
verificar quais os meios traçados para a gestão de planejamento que gerou benefício ocorrido pela
transposição e o que negativamente acarretou entre as cidades. Num primeiro momento, foi feito um
amplo estudo teórico para elucidar e ampliar o entendimento sobre o projeto, a execução das etapas, o
que suscitou em esforços conjuntos para gerar um referencial considerável. Quanto à execução dos
questionários para obtenção de dados que fomentassem ao estudo de responder os objetivos, os
administradores da obra, gestores públicos, empresários da cidade foram alvos da pesquisa para melhor
compreensão. Por fim, detectou-se que p projeto não seguiu o princípio da gestão estratégica, gerando
perdas e ônus para os municípios envolvidos, com falta de ações amplas e direcionadas para as
comunidades, gerando perdas financeiras devido à falta de planejamento.
Palavra-chave: Planejamento, transposição, Floresta e Petrolândia.
ABSTRACT
The transposition of the São Francisco River, one of the main projects engaged by workers´ Party
government, the managements of Luiz Inacio Lula da Silva and Dilma Rousself concomitantly turned
into a major generating actions of problem for the government because of the constant changes project.
This monographic study aims to analyze the first transposition stage of the project of the São Francisco
River in eastrn axis between cities of Floresta and Petrolândia. Both inner cities of the state of
Pernambuco received this work to transpose the water to other locations. Realizing the impact generated
by the work, research of this work which sought to verify the strokes means for planning management
that benefit generated by the transposition occurred and which aroused in joint efforts to generate
considerable reference. For the implementation of questionnaires to obtain data foment the study to
answer the objectives, the administrators of the work, public officials, city businessmen were targeted
research to better understanding. Finally, it was found that p project did not follow the principle of
strategic management, gerenating losses and burdens to the municipalities involved, whit lack of broad
actions, targeted to communities, generating losses due to lack of financial planning.
Keyword: Planning, implementation, Floresta and Petrolândia
INTRODUÇÃO
Uma das funções fundamentais da administração é o planejamento. Não obstante, e sem qualquer demérito para
as demais funções tais como: organizar, controlar, executar e avaliar. Pois, é no planejamento que os grandes
projetos e ações começam a ganhar mente, corpo e forma.
O planejamento se torna essencial em todos os setores da economia, e não poderia ser diferente com as instâncias
governamentais. O setor Governo, também denominado de 1º setor, ou estado, ou ainda setor público, é aquele
onde os orçamentos devem ser rigorosamente direcionados por planejamentos que preveem a correta execução
das ações, com vistas à economia de tempo, bom uso dos recursos, menor impacto geográfico e urbano, dando
em maior brevidade possível o retorno social esperado, sejam em obras, projetos, emendas, etc.
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Assim, planejar se consolida como além de uma tarefa, a base que dá alicerce para toda a área de administração.
Cobra (2003) verifica que para poder existir discernimento entre o que é um simples Gestor (Diretor,
Coordenador, Gerente) e um administrador, de fato, é o planejamento.
Com o início da execução das obras, em 2007, a perspectiva de finalização inicial era o ano de 2012, já
prorrogada três vezes, agora, a obra está prevista para finalização entre 2015 e 2016. Durante a execução do
projeto, várias cidades do entorno do rio São Francisco, foram envolvidas na chamada zona impactante, ou seja,
aquela em que, diretamente, os municípios são afetados pelos fatores de execução de uma obra como esta,
principalmente nos aspectos sociais e na economia. Com isso, os municípios de Petrolândia e Floresta,
localizados em Pernambuco, foram também um dos que serviram de base para as equipes do projeto, gerando
intensa movimentação econômica e alteração de quadros de investimentos em ambas as cidades. Partindo do
princípio do planejamento, todos os impactos e ações no entorno devem ser provisionados, tendo em vista a meta
de reduzir, ao máximo, transtornos e outros aspectos que possam ser levados a estas comunidades.
Assim, este trabalho abordará uma análise dos impactos sofridos pelas cidades citadas durante a execução da 1ª
etapa no eixo Leste – Oeste da transposição, verificando os principais fatores agregadores e desagregadores, e
como o Governo se posicionou, planejou e executou seu planejamento, de forma a evitar ou impedir que
prejuízos sociais pudessem ser causados à população.
METODOLOGIA APLICADA
Segundo Prestes (2002), pesquisa de campo corresponde ao pesquisador através de questionário, entrevista,
observações, protocolos verbais entre outros coletando dados e investigando em seu meio. E por essa finalidade
adequar a melhor prática de conter informações para um melhor aprofundamento da pesquisa.
Pretende-se como este estudo, expor informações de forma a serem compreendidas por todos os leitores, e
pautados em fundamentos teóricos com rigor cientifico da referida obra de transposição.
A respeito do questionário, este leva a possibilidade de uma serie ordenada de perguntas fechadas que devem ser
respondidos pelo pesquisado que está informando sua opinião sobre o tema pesquisado com o propósito de
contribuir com informações e dados sobre o assunto pesquisado (PUC, 2010).
Tabulados os dados dos questionários a serem aplicados, os resultados serão expostos em gráficos elaborados no
Microsoft Office Excel, onde analisados e interpretados através de gráficos e explicitados nesse estudo. Através
dos percentuais, índices, informações e dados obtidos, o pesquisador buscará responder as hipóteses,
questionamentos e indagações suscitados pelo estudo e obter melhor compreensão dos objetivos de pesquisa.
Segundo Lakatos & Marconi (2001, p. 167), declaram que, “tabulação é uma parte do processo técnico de
análise estatística, que permite sintetizar os dados de observação conseguida pelas diferentes categorias e
representa-los graficamente”. Nessa ótica as perguntas fechadas serão contempladas e apresentadas em gráficos
para a leitura e compreensão do assunto. Após a descrição e a interpretação dos dados, através do quadro de
tabulação referente aos valores do resultado da pesquisa monográfica, e com isso, pretende-se, como este estudo,
expor informações de forma a serem compreendidas por leitores, e pautas em fundamentos teóricos com rigor
científico. Num total de 23 entrevistados.
1 A TRANSPOSIÇÃO E O RIO SÃO FRANCISCO
Os agravantes da estiagem que houve no Nordeste no século XVIII entre os anos de 1777 a 1779 chamou
atenção da corte imperial. Em 1820 D. João VI sentiu a necessidade de abrir um canal que ligasse o rio São
Francisco para o Jaguaribe (FERREIRA, 2012).
Um dos marcos histórico sobre a preocupação da seca durante o governo imperial, Caúla e Moura (2006 apud
SILVA, 2011) menciona que as ideias de solucionar as secas, surgiram com as providências políticas que
marcaram o ano de 1831 na época da Regência Trina que autorizava a abertura de profundos poços artesianos.
Segundo Castro (2011) a primeira vez que a transposição do São Francisco foi aventada, situou em 1847, quando
o engenheiro e deputado do estado do Ceará, apresentou ao imperador Dom Pedro II a ideia de transpor a água
com o objetivo de amenizar os problemas da seca.
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O engenheiro Marcos de Macedo defende ao parlamento e também ao imperador Pedro II, mas não obteve apoio.
Na oportunidade Dom Pedro II contrata o engenheiro austríaco Henrique Halfeld para estudos mais detalhados e
propor uma solução (SILVA, 2011).
Castro (2011) informa que ideia foi mais uma vez foi mencionada no decorrer do Segundo Reinado (1840-1889),
quando em 1856 uma comissão científica, chefiado pelo engenheiro e físico Guilherme Schuch de Capanema
(Barão de Capanema), encarregado de estudar o problema agravante da seca, recomendou a abertura de um canal
que ligasse os rios São Francisco à Jaguaribe. Após três anos, em 1859 foi concluído os estudos e então
arquivado. Era uma época de difícil concentração na proposta em que todo o empreendimento houvesse força
tecnológica para a ousada obra e passasse a ser executado para amenizar a tragédia que ocorreu no último quartel
na indicativa de solucionar a morte de dois milhões de habitantes nordestinos. Essas medidas mitigadoras
puderam envolver todos os esforços de estudos para minimizar mais o agravante (LIMA, 2004).
Mais uma vez, a ideia de transpor a água veio a discursão por outro engenheiro cearense chamado Tristão
Franklin Alencar em 1886, que também foi esquecida. A partir de 1889, a transposição seria relembrada diversas
vezes. Uma delas em 1909, pela inspetoria de técnicos de obras contra a seca (IOCS), elaborou um plano
esquemático de ligar os dois rios. No Ano de 1919, o projeto foi reconsiderado por outro órgão denominado de
IFOCS- Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, que também foi arquivado por não conter apoio e
tecnologia suficiente (CASTRO, 2011).
Para o autor Castro (2011) na gestão de Getúlio Vargas, a transposição ficou em pauta com a criação do
DNOCS- Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, que não deu sequência. Em 1993, outro marco
histórico no governo de Itamar Franco propôs a construção de um canal na cidade de Cabrobó-PE com o
objetivo de retirar 150 metros cúbicos de água para beneficiar os estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
Silva (2011) informa que em 1994, anunciada a intenção de executar a obra, o documento do Tribunal de Contas
da União (TCU) enviou um parecer contrário ao projeto que não aprovou o projeto devido à previsão de gastos.
Como não obteve apoio do ministério da agricultura por não fazer parte do planejamento da administração
federal, isso evidenciou mais uma vez aos anteriores: arquivamento do projeto.
Castro (2011) relata que no mandato do presidente Fernando Henrique em 1995, novas versões foram debatidas
para evidenciarem a execução da obra em que foram propostos ao MI (Ministério da Integração) e a Companhia
de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), que por divergências técnicas os dois órgãos não
deram sequência ao andamento do projeto.
Viana e Burstyn (2006) informa que em abril de 2001, o governo federal ordenou a realização de audiências
públicas em Salvador e em Juazeiro na Bahia para discutir o Projeto, porém as audiências não chegaram a
acontecer. Em junho do mesmo ano, foi realizado o primeiro grande evento de oposição ao Projeto, o “Seminário
Rio São Francisco – questão de vida ou morte”. No âmbito da esfera federal, o governo mobilizou os demais
estados favoráveis por meio da assinatura do Pacto Federativo ou Política dos Governadores.
2 AVANÇANDO O DEBATE DA TRANSPOSIÇÃO
A discursão da obra começa a ter direção quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva em seu primeiro
mandato incumbiu o projeto junto ao ministro da integração para executar a obra e transpor a água. Revisada,
revista e anunciada em março de 2003, o projeto situa num empreendimento do MI, para assegurar água em
2025 e beneficiar cerca de 12 milhões na região semiárida nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte. Seu nome oficial passa a ser: Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional (CASTRO, 2011).
Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBH-SF) terminou a elaboração do seu Plano. Nas segunda
e terceira plenárias do CBH-SF, decidiu-se pela priorização da revitalização. O Plano decenal foi aprovado em
julho de 2004. Embora, um único ponto não foi acordado: a proposta de transposição do “velho chico”. Em
agosto, a ANA (agência nacional das águas) publicou a Nota Técnica nº 492/2004/SOC. Nela, está garantida a
disponibilidade hídrica para a transposição, diminuiu a vazão firme de água a ser transposta e renomeou o
Projeto (VIANA E BURSTYN, 2006).
Ao endossar o projeto regido pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi enviado ao Congresso
Nacional o plano de investimento do governo anexado ao PPA (Projeto Plurianual). Para reforço do projeto o
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vice-Presidente assume a responsabilidade de coordenação e articulações. Que no contexto social e político o
projeto denominado de Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional foi aprovado em janeiro de 2005 pelo conselho de recursos hídricos (SILVA, 2011).
Silva (2001) apresenta que este órgão foi criado em 1997 pela legislação brasileira que é uma entidade
normativa, consultiva e deliberativa vincula ao (CNRH) Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Como o CBH-SF não concordou com a nota técnica, o plano foi encaminhado para discussão e aprovação no
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) no mesmo dia, provocando forte reação da oposição ao
Projeto. Em 17 de janeiro de 2005, ocorreu em Brasília a reunião do CNRH que discutiu a nota técnica da ANA
e aprovou o Projeto de Integração. A obtenção da Licença Prévia (LP) concedida pelo IBAMA ocorreu em maio
de 2005 (VIANA E BURSTYN, 2006).
Silva (2011) mostra que o referido projeto incorporado ao PAC recebe o aval do IBAMA (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em março de 2007 sendo expedida a licença de instalação
das obras. Quanto a sua justificativa o MI destaca dois argumentos que consiste em: primeiro a região possui
apenas 3% da disponibilidade e abriga 28% da população brasileira, uma vez em que o Rio São Francisco
representa 70% da oferta regional. E segundo há uma discrepância nas densidades demográficas no semiárido
nordestino diante da divisão em relação à população que situa próximo ao rio (CASTRO, 2011).
Dessa forma, dividido a esses dois motivos a bacia hidrográfica apresenta abundância de água onde prevê a
construção de dois canais. Um deles no eixo norte, que levará água para os sertões do Pernambuco, Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte e o eixo leste, que beneficiará partes do sertão e agreste pernambucano e da
Paraíba (CASTRO, 2011).
Para Caúla e Moura (2006 p. 11) diz:
Há argumento de que a transposição do rio São Francisco deve ser realizada para
atrair também recursos financeiros, como atrativos que visem contribuir para a renda
dos estados beneficiários. A participação é a chave para definição das principais
dimensões da aceitabilidade social do projeto. O envolvimento da sociedade, nas
discussões e negociações, ajuda a incorporar, na análise dos conflitos de uso da
água, aspectos sociais e ambientais. Os lócus institucional, legal e legítimo para
dirimir esses conflitos (...) numa postura ética, transparente e de respeito mútuo
entre os envolvidos.
Oliveira (2006) demonstra que na configuração política do governo Lula, possivelmente a reconstrução do poder
baseado na ideia de “união nacional” duas matrizes estabelecem essa ascensão. A primeira pertence à
“financeirização” que articula financiamento externo cujo lucro depende de operações com títulos do governo e
segundo situa em provenientes do setor de exportações com expansão rápida do capital.
Quanto ao eixo leste, sua captação está situada no lago de Itaparica no município de Floresta-PE, onde percorrerá
cerca de 220 quilômetros até o rio paraíba. Transferindo água das bacias do Pajeú, Moxotó e da região agreste do
Pernambuco até a Paraíba. A justificativa para o projeto de transposição assenta-se sobre a garantia hídrica para
o abastecimento humano e animal na região receptora (CASTRO, 2011).
Ferreira (2012) informa que a água captada em Cabrobó-PE e no reservatório de Itaparica representa cerca de
3% do volume do rio que será bombeada por 591 quilômetros de canais e 20, 2 aquedutos com quilômetros e 12
túneis para atingir 26 açudes. A proposta política governamental é conseguir recursos financeiros criando
integração entre os governos regionais e empresas privadas.
Para Castro (2011) uma unidade de planejamento (UP) que compõe cada estado é definida na região hidrográfica
com características homogêneas para que a disponibilidade e demanda seja suficiente ao balanço hídrico
ofertado. Convém ressaltar que a curto e em médio prazo o projeto da transposição não prejudicará o
desenvolvimento da região da bacia do rio. O conflito pelo uso da água será no crescimento da área irrigada no
longo prazo superior a dez anos. Para a avaliação dos improváveis impactos ambientais o MI contratou as
empresas Ecology and Environment do Brasil e Agrar Consultoria junto a outros estudos técnicos.
Ferreira (2012) mostra que o eixo leste deveria ser parte considerável em todo o projeto por ser dependente dessa
água. Mas não ocorrera devido que todos os atributos a obra deriva de argumentos antigos e visa projeções para
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atender grandes latifundiários e empresários agrícolas em seus interesses. E nesta perspectiva aumentaria o polo
fruticultor e atenderia o mercado europeu para obter avanço financeiro.
Quanto as unidades de análises situam a área de influência direta (AID) e a área de influência indireta (AII) para
que ocorra melhores estudos no meio ambiente decorrente do empreendimento executado. Também foi realizado
um estudo do impacto ambiental (EIA) e o (Rima) relatório de impacto ambiental contendo 44 quesitos
negativos e positivos (CASTRO, 2011).
Pereira et al (2014) informa que esse estudo foi realizado entre os meses de dezembro de 2012 a junho de 2013.
O EIA/RIMA consiste em análises de impacto ambiental expresso no estudo que acarretará o meio ambiente.
Alguns diagnósticos intensificam melhores abordagens de uma série de procedimentos de estudos técnicos
elaborados pelos responsáveis do relatório contendo 44 impactos divididos em 23 de maior relevância, onde 11
situam como positivos e 12 como negativos. Mas a avaliação não enfatizou o meio social, antropológico,
patrimônio cultural e de subsídios da população da área afetada pelo empreendimento. Segundo Castro (2011) o
MI aponta que os benefícios para desenvolvimento econômico nos estados vulneráveis a seca. O custo a fazer a
integração entre as bacias é menor do que não fazer. E os 4,5 bilhões para a realização da obra equivalem ao
período de estiagem para gastos de emergência.
Há um argumento legal 9433/97 referindo-se em que o rio no âmbito federal sirva de equidade no
desenvolvimento econômico como um direito de dividir as águas e por ela servir de mercadoria para negociar e
vender a um valor significativamente baixo. Com a proposta de ser financiado pelo BNDS (Banco de
Desenvolvimento econômico), para que o Exército brasileiro inicie o projeto. Também há indícios de venda da
CHESF para tentativa de financiamento (ANDRADE, 2002).
Pereira et al (2014) destaca que as análises dos documentos EIA/RIMA possuem algumas considerações entre
elas: aspectos socioambientais; ecológicos; econômicos, no âmbito de perca temporária de empregos, introdução
de tensões e riscos sociais durante a fase de implementação de todo o empreendimento da obra e rendas por
causas e efeitos de desapropriações.
O projeto tem gerado grande mobilização social em todo o aspecto e formas de expressão entre as opiniões e
expectativas, sendo estas apresentadas em argumentos de reportagens, matérias científicas, questionamentos e
debates. Para as áreas receptoras há estimativa de empregos diretos e indiretos, retorno de atividades agrícolas e
até aumento de renda; na área doadora há insegurança, incertezas de atividades e manifestações para
reinvindicações (SILVA, 2005).
Silva (2011) relata que os defensores do projeto apontam três argumentos: primeiro que a obra é indispensável
para resolver a situação de milhares de habitantes; segundo, que a retirada de 3% não afetaria a utilização e
terceiro que o custo da obra é baixo em relação à economia do combate à seca. Castro (2011) mostra que os
opositores da obra da transposição do rio estão agrupados em organizações não governamentais (ONG´s),
representantes da sociedade civil, artistas, segmentos de igrejas, estudiosos intelectuais, senadores e
representantes dos governos dos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Sergipe.
Para Caúla e Moura (2006) os promotores do projeto que a obra da transposição constitui uma prática de
responsabilidade social, gerando diretamente cerca de 5 mil empregos na sua execução e após a conclusão 180
mil empregos no entorno da área rural que evitara aglomeração de centros urbanos e reformas agrárias. Um dos
grandes críticos ao projeto, o professor Ab´Saber (2006) expressa sua opinião informando que a região sertaneja
possui dificuldades em atendimento social e que para atender ao desenvolvimento de uma agricultura irrigada no
semiárido não se trata de investimento, pois todo o envolvimento requer análises criteriosas sobre especulações,
criticas contundentes, valorização de terras, desapropriação de terras férteis, reforma agrária justa e
empreguismo.
3 O DEBATE DA REVITALIZAÇÃO
Pereira Et al (2014) aponta que o desafio é perceptível e programas de intervenção na área tecnológica,
econômica e educativa devem construir o processo de instalação funcional da obra. Constantes repercussões
derivam de como será gerenciada a partir da engenharia que será executada.
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Esse planejamento foi apresentado no anexo do relatório do EIA/RIMA para o ministerio da integração. Com
isso, algumas considerações que permeiam toda a base de suporte ao impacto econômico em torno do projeto
requerem analises criteriosas para serem conclusas (CASTRO).
Quanto ao quesito de geração de empregos e renda durante a implantação é natural que a obra atraia um elevado
número de trabalhadores, principalmente local. Medidas mitigadoras para o período posterior à conclusão das
obras visto pelas experiências de construção no qual surgem alojamentos, formação de agrupamentos humanos
que muitas vezes, sem as condições humanas obrigatórias. Há uma previsão de 5000 empregos diretos no que
condiz no mínimo, um contingente de 10 mil pessoas, mesmo com a contratação de mão-de-obra local (LIMA,
2005).
Ferreira (2012) abordar que nessa circunstância do processo de revitalização é necessário o respeito entre a fauna
e a flora, comunidades locais situadas nas ribeirinhas e a qualidade da água transposta. Pois, resulta em
problemas da região doadora e ganhos para a receptora podendo até gerar conflitos.
No ano de 2008 especificamente, os gastos no projeto de transposição cresceram significativamente e um dos
fatores está relacionado ao programa de revitalização da bacia do São Francisco. Uma das ações de implantação,
ampliação ou melhoria dos sistemas públicos de esgotamento sanitário têm sido um dos quesitos que mais
indiciou esse aumento de gastos (CASTRO, 2011).
Figura 1: Gastos diretos do governo federal com a transposição
Fonte: Castro (2011) Portal da Transparência da Controladoria Geral da União
Para Andrade (2002) informa que o orçamento para a que se inicie a revitalização foi de 70 milhões para o MI, à
companhia de navegação do São Francisco, à ANA e à empresa CODEVASF. Mesmo que não esteja como pauta
de um plano diretor, esse planejamento deriva de fragmentos no projeto para revitaliza-lo; pois cada estado
possui sua própria legislação. O valor que estava na conta do ministério foi repassado para que houvesse a
revitalização, sendo que seis linhas de ação foram apresentadas como alta média e baixa prioridade e 19 milhões
situam no planejamento estratégico de gestão para que ocorra a melhor forma de trabalhar.
Para Castro (2011) os críticos ao projeto de transposição mencionam o uso de cisternas para disponibilidade de
armazenar a água para consumo humano e em atividades agrícolas. Pois seria comparado ao baixo investimento
entre o projeto de transposição.
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Figura 2: Gastos do programa cisternas na região nordeste
Fonte: Castro (2011)
Em análises mais detalhados e criteriosos cada construção das cisternas é de aproximadamente baixo se
comparado aos 4,5 bilhões em que o projeto de transposição foi destinado. Sendo que esse valor aplicado ao
sistema de implantação das cisternas possivelmente construiria 3 milhões de cisternas. (CASTRO, 2011).
Silva (2011) mostra que as consequências desde 2007 influenciaram todo o esforço de comunidades dependentes
do rio para a sua sobrevivência. Entre as comunidades estão as ribeirinhas, quilombolas, trabalhadores rurais
entre outros. Assim, toda a população seria dependente dos empresários do agronegócio pertencentes a outras
regiões que pertencem às classes dominantes econômica, social e política. Viana e Burstyn (2006) questionam se
o caráter fortemente econômico do projeto vai ser assumido promovendo uma discussão aberta sobre suas
prioridades do uso da água. Apesar de haver fundamentação técnico-científica para os dois lados, contrário e
favorável, o governo preferem utilizar-se de argumentação política implicando a perda de legitimidade de seu
discurso e determinando um caráter político dos processos de negociação. Entende-se o jogo político sobrepôs à
argumentação favorecendo eufemismos, apelações religiosas e crendices populares numa discussão onde o
interesse social deve ser priorizado sem que as realidades econômicas e política sejam isoladas.
Em todo o empreendimento há cerca de 14 canteiros de obras estão previstos, entre elas: Floresta e Petrolândia.
É uma demonstração territorial, somente na fase de implantação das obras. Dentre as medidas propostas, a ser
monitorada envolve também os governos locais de implementar medidas de gestão junto aos governos estaduais
beneficiados, procurando atender todos. Medidas propostas no estudo devem ser levadas a sério como: divulgar
as oportunidades de emprego para os moradores locais; recomendar às empreiteiras que contratem ao máximo a
mão-de-obra local durante a construção; discutir e divulgar os critérios para aquisição de terras e recolocação de
pessoas (LIMA, 2005).
Viana e Burstyn (2006) questionam se o caráter fortemente econômico do projeto vai ser assumido promovendo
uma discussão aberta sobre suas prioridades do uso da água. Apesar de haver fundamentação técnico-científica
para os dois lados, contrário e favorável, o governo preferem utilizar-se de argumentação política implicando a
perda de legitimidade de seu discurso e determinando um caráter político dos processos de negociação. Entende-
se o jogo político sobrepôs à argumentação favorecendo eufemismos, apelações religiosas e crendices populares
numa discussão onde o interesse social deve ser priorizado sem que as realidades econômicas e política sejam
isoladas.
Com relação às ideias antigas de retomar a obra de transpor a água para beneficiar outra parte da população que
sofre com a seca, uma das mais conhecidas obras se refere à da transposição do rio São Francisco; que em longos
períodos foi proposto em vários momentos, arquivados diversas vezes, reformulado, projetado e novamente
proposto, em contextos diferentes e com grandes intervalos de tempo entre uma apresentação e outra. Apesar da
grande polêmica gerada pelo Projeto de Transposição, o que resultou um elevado número de ações de
reivindicações, falta de consenso entre os estados que possuem oferta de água para disponibilizar outros, teve
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eventuais transtornos para com o poder judiciário contra sua execução. O Batalhão de construção e engenharia
do exército brasileiro iniciou a execução da obra, porém não obteve tecnologia suficiente para sua conclusão. E
isso, fez com que houvesse consorcio entre empresas privadas para gerir a obra de transpor o rio.
É provável que num futuro próximo à referida obra esteja concluída e neste momento, é preciso aderir
conhecimento existente sobre os impactos que sobrevirão ao projeto, exigido do poder público devidas ações nos
programas que potencializem o desenvolvimento da região. Em termos de geração de emprego e renda no
sentido mais amplo, a população do semiárido depende da água para sua existência e de desenvolvimento
econômico para a qualidade de vida. Através do referencial teórico deste trabalho foi constatado que diversas
vezes a obra de transposição tem se tornado alvo de pauta políticas para assegurar ações de combate à seca. E
isso, serviu de base estrutural para que a pesquisa em campo fosse detalhada em questões fechadas para chegar
nas conclusões desse estudo e compreender seu objetivo: Analisar o cumprimento do plano de gestão da primeira
etapa da transposição do rio São Francisco nas cidades de Petrolândia e Floresta em Pernambuco e os impactos
socioeconômicos gerados por esta.
Em objetivos mais específicos, as respostas sobre o cenário planejado da obra de transposição do rio São
Francisco, com foco no eixo leste sobre os impactos sociais e econômicos causados nas cidades de Floresta e
Petrolândia intensificaram comparativos que demonstram divisões de opiniões sobre a obra de transposição.
Pode-se observar que todo o processo que o governo estabeleceu para o cumprimento de prazo, estará sendo
reavaliado pelo planejamento devido as paralizações e poucos cumprimentos estabelecidos. E isso, diverge de
todo o esforço para a sua conclusão em seu término.
Sob esse critério de que a revitalização seja primordial na execução da obra de transposição do rio, os dados da
pesquisa demonstram que na sua maioria pesquisada, o projeto de revitalização deveria de fato ser prioridade e
efetivado conforme o desenvolvimento da obra. E isso, será pauta de discussão dos opositores que foram contra a
obra que também demonstra que há divergências com a sua finalidade. Pois, estava sendo prioridade para que o
início da obra fosse realizada e a revitalização fosse gerida junto à obra. Não há relação de emprego após a sua
conclusão devido às paralizações e informações que comprovem sobre toda a sua projeção, contemplando
empregos para a sociedade local. É preciso educar a sociedade para a busca da compreensão racional sobre ótica
crítica de que o empreendimento seja respeitando seu verdadeiro sentido: ação de combate à seca.
Lima (2005) observar que até o presente momento, profissionais de ciências exatas especificamente os
engenheiros e arquitetos, têm diversas opiniões acerca do assunto, porém estudiosos e técnicos ambientais
desconhecem as consequências que ocorrerão no meio ambiente e nem aqueles que defendem a obra sabem
avaliar e quantificar os impactos que realmente ocorrerão após seu término.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi avaliar os prováveis impactos do projeto de transposição do rio São Francisco no
eixo leste entre as cidades de Floresta e Petrolândia, verificando os possíveis impactos sociais e,
consequentemente, analisar sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico das cidades beneficiada
por ele. Parte considerável da região nordeste brasileira convive historicamente há um século com o problema da
seca, em especifico a região conhecida como semiárido, que abrange a maior parte do sertão. Ao longo do século
XX foram criados órgãos para lidar com a questão da escassez de água, através dos programas governamentais
em que foram elaborados os devidos projetos. Entretanto, seus resultados ficaram aquém das expectativas e a
vida pouco mudou nessa região.
É pertinente mencionar que foram encontradas dificuldades em obter informações entre o processo de
comunicação entre os órgãos que promovem a obra para com as prefeituras das cidades. Isso demonstra que o
processo de comunicação para idealizar a obra passa por burocracias desnecessárias para ter o acompanhamento
do processo da primeira etapa. Também houve dificuldade de encontrar motivos da paralização na primeira
etapa, já que todo o processo de planejamento não havia indícios de pausa. A contribuição que este trabalho pode
informar situa na estrutura básica de obter dados relevantes sobre as duas cidades, e por ela analisar com maior
conhecimento nos quais os verdadeiros impactos venham a acontecer por causa da não finalização do projeto.
Uma vez em que a cidade de Floresta pertence em seu território todo o empreendimento da obra, ainda não há
informações suficientes sobre o impacto gerado pela exploração do meio ambiente. Isso demonstra que o
planejamento da obra, não há contemplação de projetos para com o meio ambiente.
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Para futuros pesquisadores, este trabalho é indicado para relacionar com o tema abordado pelo presente estudo.
Pois, refere-se ao aumento de preços imobiliários das cidades, impacto do meio ambiente, planejamento da
revitalização do rio São Francisco, como foram os acordos entre o governo federal e municipal, quem são os
acionistas da obra e continuidade da pesquisa para avaliar o impacto gerado a pós sua conclusão, já que houve
paralizações. Essas indicações para estudos futuros servirão de apoio para o conhecimento dos interessados pelo
assunto de transposição em especifico nas cidades de Floresta e Petrolândia, devido contribuir com informações
do planejamento, execução da obra, capacidade hídrica de disponibilidade de oferta da água e gerenciamento de
distribuição.
Todos os estudos sobre a transposição baseiam-se no relatório do EIA/RIMA devido ser promissor de toda a
obra de transposição. Por isso, todos os autores apresentados, citam o relatório mostrando sua crítica. Por isso,
que a leitura desse documento se faz necessário para melhores compreensões do tema. Para complementar o
assunto, outros documentos vindos dos congressos que debatiam o tema, articulavam a sociedade para rever
conceitos sobre motivos de sua real existência. Em relação com a pesquisa realizada, os indicadores de que todo
o projeto de transposição do rio São Francisco contribuiu para que houvesse turismo nas cidades pesquisadas,
sendo que não havia argumentos e fundamentação onde houvesse esse novo indicativo para a nova expectativa
esperada para as cidades. Isso acarretou mudanças no cenário de obter circulação de economia e geração de
empregos diretos e indiretos. Contudo, a obra de transposição entre Floresta e Petrolândia trouxe
significativamente poucos avanços no âmbito de empregos e isso facilitou a circulação de economia, porém não
há indicadores negativos para apresentar por causa da não finalização da obra. E essa agravante deriva do meio
ambiente. O planejamento da primeira etapa está sendo progredida conforme a execução de empresas licitadas
para dar sequência ao andamento do projeto e sendo revista pelo ministério da integração. O que falta
comunicação no cumprimento de prazos para os órgãos interligados a obra e para as prefeituras das cidades. E
isso é fundamental ter o devido conhecimento sobre o aspecto de contribuir com a expectativa da sociedade local
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CONCEPÇÕES SOBRE GESTÃO E AVALIAÇÃO ESCOLAR: UMA ANÁLISE SOBRE UMA
ESCOLA MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO – BAHIA.
Vinicius Silva Santos
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe - UFS
Elaine Cristina Gonçalves Lima
Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo apresentar o processo de gestão e avaliação utilizado numa escola da rede
municipal de ensino de Paulo Afonso/Ba. Deste modo, o trabalho foi elaborado buscando analisar concepções
dos professores sobre a avaliação utilizada em sala de aula. Ainda nesse sentido, o estudo teve como finalidade
identificar os principais instrumentos de gestão utilizados pelos professores para avaliar a aprendizagem das
crianças na Educação Infantil na rede municipal da cidade de Paulo Afonso/Ba, de modo a revelar as práticas de
avaliação utilizadas por esses docentes. Desse modo, é possível antevê uma grande distorção entre o saber
teórico e prático, quando o assunto é a avaliação de crianças na educação infantil. O mesmo ocorre quando se
nota a fragilidade e/ou dificuldades dos pares na escola para trabalhar com ferramentas de gestão e de avaliação
no processo de ensino-aprendizagem. Muito embora o olhar do professor voltado para uma prática avaliativa de
qualidade seja de extrema importância pode-se perceber um distanciamento entre as práticas dos professores e
sua compreensão sobre o processo de avaliação na escola.
Palavras-chave: gestão, avaliação, aprendizagem, escola.
ABSTRACT
This paper aims to present the management and evaluation process used in a school of the municipal education
network of Paulo Afonso / Ba. In this way, the work was elaborated trying to analyze conceptions of the teachers
about the evaluation used in the classroom. The purpose of this study was to identify the main management tools
used by teachers to evaluate the learning of children in Early Childhood Education in the city of Paulo Afonso /
Ba, in order to reveal the evaluation practices used by these teachers . In this way, it is possible to foresee a great
distortion between theoretical and practical knowledge, when the subject is the evaluation of children in early
childhood education. The same occurs when one notes the weaknesses and / or difficulties of peers in school to
work with management and evaluation tools in the teaching-learning process. Although the teacher's view of a
quality evaluation practice is extremely important, it is possible to perceive a distancing between the teachers'
practices and their understanding of the evaluation process in the school.
Keywords: management, evaluation, learning, school.
INTRODUÇÃO
A avaliação começou a se estruturar no século XVIII com as primeiras escolas modernas. Ainda no século XX
usava-se a psicometria (testes). Após isto, a avaliação passou a ser trabalhada de forma a valorizar os alunos
como um todo, porém, isto custou muito tempo e estudo. Mesmo que no início tenha sido apenas utilizada como
gerencialista nos países onde o mercado de trabalho valorizava o bom desempenho dos trabalhadores e a boa
aprendizagem medida através de exames eliminatórios.
Em seguida foi denominada como “pedagogia do exame” que considera o aluno como apenas um sujeito que ao
receber informações é submetido a testes padronizados que tinha o objetivo de reprovar, apenas valorizando o
quantitativo e os resultados alcançados estatisticamente. Deste modo, a forma de avaliação totalmente voltada às
influências do positivismo tornou-se um processo avaliativo com objetivos: classificatório e excludente.
Segundo Martins (1985) as técnicas de avaliação utilizada pelo professor não deverão apenas ser limitadas a
provas, mas acrescentar outras técnicas avaliativas que possa abranger todas as informações que o professor
precisa saber a respeito de como a aprendizagem do seu aluno está fluindo para poder planejar como irá melhor
trabalhá-lo. Diz ainda ser impossível um professor ajudar seus alunos se somente forem avaliados com a prova
escrita.
Hofmann (2014) nos diz que as avaliações também é uma forma do sistema em inibir o pensar da criança. Nada
mais oportuno que reprovar aqueles que não conseguiram atingir a meta do estado. É como se a escola tivesse o
objetivo de bloquear os alunos a questionarem sobre determinados conteúdos como um processo de alienação. O
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problema a ser analisado em sala é o professor verificar o que o aluno tem aprendido e isto requer que o mesmo
construa uma relação mais próxima com seus alunos, os estimulando a pensar. Isto vai de encontro com que
consideramos da universidade, onde vemos estas instituições como uma oportunidade de tornar os discentes em
pessoas voltadas a pensar, enquanto isto nas escolas do ensino médio os alunos são preparados para o não pensar
e o professor pouco tem se dedicado a pesquisar sobre como avaliar em sala de aula.
Desse modo, o objetivo desse trabalho é discutir as principais concepções de gestão da avaliação mais utilizadas
pelos professores da educação infantil numa escola da rede municipal de Paulo Afonso – Ba, bem como
descrever os instrumentos utilizados pelos professores para avaliar a aprendizagem das crianças na Educação
Infantil na rede municipal da cidade de Paulo Afonso/Ba.
METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa é imprescindível na resolução de um problema, pois trata-se de um estudo com a finalidade de
ampliar o conhecimento acerca do que está sendo analisado. É, pois, o arremate daquilo que ainda não temos
respostas suficientes que nos leve ao real objetivo do problema. Desenvolver um estudo não é tão simples, exige
que o autor trace um planejamento desde a elaboração dos primeiros pressupostos, impasses, técnicas e meios
que possam ser profícuos na obtenção de soluções.
Esse trabalho foi resultado de uma pesquisa realizada na Universidade do Estado da Bahia – UNEB e se
fundamenta como sendo de abordagem qualitativa, que por sua vez tem como princípio estudar o ser humano de
acordo como um todo, é, pois, esta parte necessária para a compreensão do meio ao qual vivemos, sendo sujeitos
que transformam a sua própria realidade e não apenas espectador. Por este motivo é que a pesquisa qualitativa
difere da quantitativa que apenas averigua dados numéricos.
O tipo de pesquisa utilizada para o desenvolvimento deste estudo é a exploratória e pesquisa de campo. A
pesquisa exploratória tem como objetivo o conhecimento do assunto seja por meio teórico como também a
prática, que levará ao aprimoramento de novas ideias, ampliação de conceitos que será necessário para a
pesquisa bibliográfica, ajudando também na construção de hipóteses acerca do assunto.
Os sujeitos da pesquisa são: 10 professores, 1 gestor e 1 coordenador que auxiliarão a ir de encontro com todos
os questionamentos e hipóteses construídos durante toda a construção da pesquisa bibliográfica. O motivo para
entrevistá-los é por imediato saber que os mesmos através de suas experiências possibilitarão uma visão apurada
acerca de todo o desenvolvimento desta monografia e por se tratando do assunto ainda tão delicado para a
educação infantil onde muitos ainda têm um olhar voltado para o tradicional, não permitindo que as crianças
passem por desenvolvimentos próprios desde o que é natural, quanto as teorias/conteúdos. Estudar sobre
avaliação nesta modalidade contribuirá bastante para o desenvolvimento global da criança e os entrevistados
contém uma carga de informações pois estão em contato com seus alunos diariamente. Essa pesquisa foi
realizada numa escola da rede municipal de ensino do município de Paulo Afonso/Ba. A instituição funciona em
período integral, atendendo 544 crianças para a educação infantil.
O principal instrumento de coletas de informações utilizado foi a entrevista semidirigida. A entrevista, também
segundo o autor é ajustada conforme a necessidade que surgir. É feita no diálogo entre duas pessoas e mesmo
havendo a possibilidade de se distanciarem do foco do assunto o pesquisador terá que de imediato tornar ao
assunto principal. Durante a entrevista caso seja de interesse do pesquisador pode ser utilizado o questionário, as
perguntas podem ser memorizadas e/ou fazer tópicos para que possa se basear no processo de entrevista.
1 GESTÃO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: ALGUNS APONTAMENTOS
Pensar em avaliação é automaticamente refletir sobre as dificuldades de aprendizagem que os alunos enfrentam
durante todo o processo de ensino-aprendizagem. A avaliação sempre foi considerada como um instrumento de
monitoramento, onde o sistema oferece conteúdos idênticos e o mesmo modo de apreciar todos. Esta forma de
averiguar todo o conhecimento é considerada como: excludente e classificatória. Por ser desta forma, esta prática
torna-se insuficiente na execução do procedimento de ensino-aprendizagem, estando distante do propósito de
inclusão em sala de aula.
O meio utilizado para o controle social não surgiu na escola, mas foi um incentivo para que no século XIX venha
a ser institucionalizada de modo a reproduzir os “exames” em outros tipos de instrumentos aplicados no
cotidiano da avaliação escolar na época atual.
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Se pararmos para pensar na prova em si aplicada em sala de aula como um único método poderíamos
rapidamente perceber que está baseada no modelo de exame de antigamente, as respostas dos alunos ainda têm
que ser conforme o que o professor pede as notas/reprovação/aprovação ainda fingem medir capacidades, sendo
preferível aqueles que se impõem a decorar respostas prontas e tirar boas notas, desprezando toda as dificuldades
dos alunos, enquanto os que pensam sobre tudo o que lhe impõem não são aceitos, assim como os que não foram
aceitos/aprovados nos exames do século XVII, tornando-os excluídos e os desmotivando a ir em buscar do
prazer de aprender.
O problema da educação não está apenas voltado ao exame, há várias problemáticas que não são solucionadas
por estarem camufladas na pedagogia voltada ao teste, deixando a cargo desse único método o poder de tentar
solucionar toda a problemática que a educação tem em nosso país. Comenius foi um grande exemplo em usar
vários métodos na sua Didática Magna e incluir o exame como parte desses métodos. A prova era um dos meios
avaliativos e não o único, o que possibilitava os professores a rever os vários métodos em examinar o
aprendizado de seus alunos. Os testes tinham o objetivo de medir a capacidade de inteligência das pessoas, se
caso a sua inteligência fosse abaixo do normal era tido como um qualquer perante a sociedade.
Segundo Hoffmann (2014) a escolarização no Brasil tornou-se opressora/alienadora. A avaliação de fato é muito
importante no desenvolvimento de aprendizagem do aluno. Pensar em uma escola sem avaliar é pior do que ter a
prova como único instrumento. Contudo, é muito mais viável pensar a prática avaliativa, sendo assim, o
professor buscaria meios que garantissem a real alfabetização, do contrário, a educação forma vários analfabetos
funcionais.
Avaliar a partir do ensino-aprendizagem é o mesmo que concluir que através do ensino apresentado ao aluno o
possibilitará a uma assimilação eficaz que possa compreender os próximos conteúdos, fazendo uma ligação com
o que fora aprendido. No entanto, ensino-aprendizagem não é apenas considerar o desenvolvimento do aluno,
mas também este método possibilitará ao professor reavaliar todo o seu planejamento, ou seja, tanto o professor
quanto o aluno estarão sendo avaliado, o que nos leva a discernir que ambos erram e aprendem juntos, é, pois,
um processo de reavaliação para ambos.
Nesse sentido, testar e Medir podem ser utilizados ainda como instrumento. Todavia, não podem ser os únicos a
verificar a aprendizagem, pois os mesmos são insuficientes a investigação de todo o processo de sabedoria,
entretanto, o sistema exige que os alunos sejam avaliados somente com estes métodos que automaticamente o
professor prever os resultados. Segundo Haydt (1988) a avaliação é um processo contínuo e sistemático,
funcional, orientadora e integral. A autora ainda acrescenta:
(...) antes, ela tinha um caráter seletivo, uma vez que era vista apenas como uma
forma de classificar e promover o aluno de uma série para outra ou de um grau para
outro. Atualmente, a avaliação assume novas funções, pois é por meio de
diagnosticar e de verificar em que medida os objetivos propostos para o processo
ensino-aprendizagem estão sendo atingidos (...). (HAYDT, 1988, p. 14).
A avaliação tem três funções: diagnosticar, controlar e classificar. Tendo também três modalidades: diagnóstica,
formativa e somativa. A modalidade de avaliação diagnóstica tem como objetivo fazer com que o professor
investigue sobre os conhecimentos já adquiridos pelo aluno até aquela série, possibilitando ao discente as
informações necessárias para que o mesmo possa avaliar se o aluno está apto a ir de encontro com os novos
saberes que surgirão e os problemas de aprendizagens com seus avanços e/ou permanências dos mesmos, não
sendo somente necessário o professor fazer uma avaliação diagnóstica no início do período, mas também no
início de cada unidade, possibilitando ao mesmo um replanejamento em critérios de como trabalhar com a
criança, pois a mesma poderá ter evoluído/apto a receber uma nova informação e/ou ter retrocedido, sendo de
grande importância estratégias que estimulem o desenvolvimento de aprendizagem.
Assim sendo, as técnicas de avaliação são meios que os professores utilizam para obter um diagnóstico da
aprendizagem do aluno com muito mais eficácia, por isto é muito importante o mesmo fazer um estudo sobre
quais as melhores técnicas que se deve utilizar em sua sala de aula. Levando em conta a realidade que o aluno
vive, a quantidade de alunos, a faixa etária, dentre outros.
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2 INSTRUMENTOS DE GESTÃO PARA AVALIAÇÃO NA ESCOLA INFANTIL
Pensar em educação nesta modalidade de ensino possibilitará a entender os desafios em fazer a educação de fato
acontecer para as crianças com idade mais tenra. O que antes apenas estava voltado ao cuidar e assistencialismo
nos remete a implantação de tornar as creches em um local com o objetivo de preparar estas crianças para o
ensino fundamental.
Sendo assim, é necessário também na educação infantil proporcionar um conhecimento ao aluno que o faça estar
preparado também para a vida, ou seja, onde os ensinamentos devem estar de acordo com a realidade de cada um
e não ser apenas um saber que perdeu o sentido, o gosto, o prazer. Assim, também é feito nesta modalidade,
porém, deve-se avaliar de maneira diferente das outras modalidades de ensino.
Por isso mesmo, a proposta de uma escola infantil não oferece mais uma prática assistencialista apenas e que por
ser assim não existia uma forma de avaliar. O país exige desde na pré-escola uma instituição que ofereça uma
educação/preparação desde cedo, considerando também os desenvolvimentos das crianças. Dessa forma, é
preciso repensar a avaliação que busque atender este objetivo, disseminar que devemos fazer uma educação justa
com a avaliação mediadora que foi e é muito discutida por Hoffmann (2014) a qual descreve que para uma
avaliação mediadora o professor deve “olhar com atenção” cada processo e para isto torna-se investigador de
cada detalhe, nem que para isto seja considerado chato pelos alunos, mas sendo assim irá com certeza conhecê-
los melhor e saber onde, quando e como avaliá-los.
Se o professor se dedica a ensinar da mesma maneira com todos jamais irá saber o porquê de sua prática está ou
não dando resultados positivos, jamais irá reconhecer ou dar possibilidades destes alunos aprenderem de fato. O
mesmo ocorre com os alunos e automaticamente seguindo o erro de como é exposto os assuntos em sala de aula,
os mesmos ficam sem saber onde e porque estão errando, ou seja, jamais aprenderam com seus erros, pelo
contrário, terão medo de errar e os afastam de se ter uma relação professor-aluno, assim acontece com os pais
que temem a esse novo jeito de investigar as várias possibilidades de como chegar ao aprendizado eficaz. A
participação familiar quando deixar de fazer parte do âmbito escolar maquinalmente deixam de contribuir para
um processo de aprendizagem eficaz. Os pais e os familiares ainda não compreendem que o processo de
educação também ocorre em casa, separando as funções da escola com as funções das famílias, tentando de
alguma forma apenas sobrecarregar a escola e o professor.
Dessa forma, estando numa turma de pré-escola não é correto diante de seu planejamento tão-somente aguardar
que os resultados saiam da mesma forma, porque em relação a crianças tudo é improvável. Muitos dos
procedimentos terão que de imediato sofrerem alterações seja para avançar ou retroceder quando necessário
atendendo a real dificuldade que foi atenciosamente percebida. Principalmente porque a observação vai ser o
principal instrumento avaliativo para o professor de educação infantil, de acordo com a legislação que o art.31
nos explica e atribui que para avaliação na educação infantil é fundamental considerar as etapas do
desenvolvimento da criança e não a sua promoção. Desse modo, nessa etapa de ensino é necessário fazer uso de
variados instrumentos de avaliação, pautados modelos de avaliação formativas, sendo um deles a observação.
Sendo assim, para a realização de uma boa observação é preciso que o discente tenha compreendido como ocorre
cada aprendizado/processo e formular finalidades de acordo com o que conhece de seus alunos e das concepções
sobre o desenvolvimento, que poderá ser apresentado/discutido com a instituição e com os pais para que o
discente possa também acrescentar em sua prática. Essas práticas devem ser totalmente voltadas a estimular,
assim como Montessori propunha que para estimular é fundamental pensar nas várias maneiras que possa
colocar a criança em um contexto que desperte prazer pelo aprender e em se tratar da pré-escola este modo é
plausível porque em razão da necessidade de inúmeras formas de se trabalhar com estas crianças estas mesmas
formas desde o brincar ao contar uma história levará o incentivo positivo trazido pelo professor ao aluno de
modo discreto e cenarista que envolveria a criança motivações que depois se transformariam em atividades
naturais/assimiladas. Ao assimilar cada tarefa a criança passará a ter autonomia sobre aquilo que aprendeu.
Algumas pesquisas constatam que a criança que frequenta a pré-escola vai preparada para o ensino fundamental.
Sendo assim, os procedimentos aplicados a esta modalidade deverão seguir com as experiências que elas trazem
pré-construídas, buscando ampliar/melhorar de acordo com atividades que as mesmas percebam as significações
e desenvolvam sua autonomia perante as relações entre criança-criança e criança-adulto assim como na
sociedade e o conhecimento de si mesmo.
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Deste modo, o primeiro instrumento e o mais importante dentre os demais é a observação. Esta é fundamental
para que o professor, aluno, pais e instituição compreendam onde precisam avançar ou retroceder, é como uma
forma de buscar a reflexão de sua própria prática, assim como Hoffmann (2014) nos relata que as escolas desde a
pré-escola ao ensino fundamental e médio tende a cair no erro da avaliação classificatória e/ou no
disciplinamento tradicional.
O perigo é que a escola venha perdendo gradativamente o sentido crítico necessário
à vida que enfrentamos hoje. A criança e o jovem frequentam as escolas, mas não
“vivem” a escola. As perguntas da escola não estão para serem respondidas ou
descobertas no seu dia-a-dia, ou para lhes auxiliar a enfrenta-lo. “Escola é escola”
para eles, a vida é diferente. (Hoffmann, 2014, p. 33).
Mesmo com os objetivos da escola em específico da pré-escola esteja na legislação para ser colocada em prática
ainda sim muitos dos profissionais, pais e a própria instituição podem cair no erro na educação tradicional,
propondo a estas crianças um ensino precoce assim como a sociedade capitalista exige.
Outro instrumento avaliativo é o registro que pode ser articulado ao planejamento. Depois que observamos cada
processo, temos que registrar tudo aquilo que foi positivo e negativo, porque é através do registro que tornamos
o pensar em documento ao qual podemos recorrer sempre quando precisarmos de auxílio, registros do cotidiano
da sala de aula reorganizando nossos pensamentos.
Existem diferentes formas de registros: os escritos, fotografias, portfólios, relatórios diários e gerais, atividades
desenvolvidas pelas crianças e o que acharam da aula apresentando dificuldades/pontos positivos. Sendo também
uma forma eficaz de guardar tudo aquilo que foi vivido durante o processo da criança, este registro deve ser
entregue e/ou partilhado com o novo professor do próximo ano que irá conduzir a sala de aula e necessitará
conhece-los mais, não só a partir da aproximação, mas também através desses escritos e demais instrumentos de
registros que possa ajudá-lo a compreender como se deu e em alguns casos o porquê de algumas dificuldades de
aprendizagens dos alunos. Portanto, o registro não é apenas escrever sobre o vivido, mais rever memórias,
refletir sobre tais ações, não tendo somente o objetivo de guardar informações, mas de possibilitar a construção
de uma memória flexível.
É com o registro dos fatos, dos atos, dos acontecimentos do dia a dia que
aprendemos a ver o grupo em geral e cada criança em particular. Compreendendo,
assim, que lá estão meninos e meninas em busca de tempo para viverem a infância.
A busca de um tempo nem sempre sincronizado ou harmonizado com o tempo do
planejamento, do previsto pelo professor. (OSTETETTO, 2008, p. 23)
Segundo Lopes, Mendes e Faria (2006) deve-se fazer observação e registros de pontos particulares, como por
exemplo: Observação específica das atividades dos alunos, observação particular das crianças, da prática e
produções dos professores, dentre outras. Nesse aminho, o planejamento vem após a observação e o registro,
onde o professor irá construir as estratégias de ensino e as várias formas de instrumentos/recursos a serem
aplicados de acordo com a necessidade percebida. Sendo uma maneira de organizar o ensino em sala de aula,
denominando tempo e situações em que o aluno se sinta à vontade para também participar da aula.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO
A avaliação na educação infantil surge quando há um reconhecimento da educação de creches e pré-escolas, fato
ocorrido nos anos 70, porém, era totalmente assistencialista. Onde somente era considerado as necessidades de
higiene, alimentação e guarda. Neste caso, não haveria uma exigência burocrática sobre avaliação.
Entretanto, há ainda em algumas instituições de educação infantil uma herança de uma avaliação tradicionalista
do ensino regular que se preocupa em apenas classificar os alunos, não revendo seu fazer pedagógico e de
melhoria do seu aprendizado. Onde torna-se como Hoffmann (2000) confirmou, apenas um modelo burocrático.
Como a avaliação não é tida como obrigatoriedade neste período escolar, sendo mais uma possibilidade de não
seguir este modelo padronizado de avaliação.
Portanto, foi feito um questionário com professores e entrevista direta com o coordenador (a) e diretor (a) de
uma instituição municipal de educação infantil sobre o que pensam e como contribuem para colocar em prática
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uma avaliação propriamente adequada em sala de aula. Nesse sentido, foram feitas nesta categoria aos
professores, coordenador (a) e diretor (a). Inicialmente foi perguntado o que eles entendiam sobre avaliação.
“É um elemento muito importante no processo de ensino – aprendizagem, para obter
informações capazes de favorecer o desenvolvimento das crianças e ampliar seus
conhecimentos.” (PROFESSOR I).
“A avaliação não é algo meramente técnico, pois envolve a auto - estima, respeito a
vivência e cultura própria do aprendiz, é um conjunto de referências que faz desta
um procedimento necessário a qualidade de ensino em todos os centros
educacionais. ” (PROFESSORA II).
O ato de avaliar é uma aferição da absorção do conhecimento transmitido.
“(PROFESSOR III).
“Avaliar é um processo complexo, iniciando com a formulação de objetivos e requer
a elaboração de meios para obter evidências de resultados.”. (PROFESSOR IV).
De acordo com a primeira fala é notável que a professora entende o principal objetivo da avaliação na educação
infantil, onde nos diz que é fundamental para a construção do desenvolvimento global da criança e
principalmente quando a mesma cita sobre o processo de ensino-aprendizagem que nos remete a refletir em
como este instrumento não só ampliará o conhecimento do aluno quanto também o professor estará aprendendo e
repensando a sua prática pedagógica.
O que também chama a atenção na fala da professora é a importância do desenvolvimento da criança, Hoffman
(2000) nos diz que é preciso que o discente investigue todo o processo de aprendizagem da criança, pois é por
meio da compreensão, do fazer reflexivo acerca de todas as manifestações da criança que pode-se chegar a uma
hipótese e logo após o resultado. É necessário sempre está questionando tudo o que ocorre com a mesma, pois
um simples julgamento e incertezas jamais poderá ajudar ao aluno progredir naquilo que o impulsiona ao
aprendizado de qualidade.
Luckesi (2008) afirma que avaliar significa ir além do esperado, não é apenas chegar a uma certeza, um fim, mas
procurar compreender detalhadamente como se deu ou não determinados aprendizados, refletindo, questionando
de modo a proporcionar novas estratégias de ensino da forma como o aluno precisava, sendo que para isto foi
necessário estudar sobre a necessidade de cada um. Propor novas estratégias é essencial, por que isto vem trazer
e confirmar o que os autores falaram sobre avaliação que não é somente uma pausa para reflexão, mas a
necessidade de sempre está reconstruindo o fazer pedagógico.
Na segunda fala a professora vê a necessidade de que ao avaliar deve-se considerar todo o cotidiano do aluno,
seja família, condições sociais, cultura e vários outros fatores que levarão também ao porquê de muitas
dificuldades ao aprender. É necessário analisar toda a realidade do aluno, estudar a cada um conforme a sua
especificidade, porque ninguém jamais aprenderá da mesma forma, por isto é de grande importância observar
cada um de acordo com suas necessidades individuais, assim como a importância de criar estratégias de ensino
que atenda a estas necessidades individuais.
Vendo que as mesmas compreendem o sentido da avaliação para o processo de ensino-aprendizagem, não seria
diferente relacionar as opiniões da questão anterior com a pergunta seguinte: O que pensam sobre avaliação na
educação infantil. Sendo a área a qual está sendo investigada e que assegura à necessidade de preparar os alunos
matriculados nesta modalidade de ensino as modalidades consecutivas de modo prazeroso, eficaz e com
qualidade.
“Dará suporte para o meu planejamento, para que possa fazer ações pontuais para
atingir a aprendizagem das crianças.” (PROFESSOR I).
“Penso que a avaliação deve ser feita pela observação refletindo sobre as potências
registradas pela criança durante as práticas de atividades diárias.” (PROFESSOR II).
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“Vai além de olharmos para a criança como seres meramente observados, dando
condições para o professor criar objetivos e planejar atividades adequadas.”
(PROFESSOR IV).
Percebe-se que ao avaliar as professoras tentam sempre inovar em suas práticas e consideram a avaliação um
meio exploratório do conhecimento e por ser investigatória propõe uma escola voltada a democracia. O que leva
sempre ao professor está sempre refletindo sobre a sua prática docente e compreendem a importância de estarem
sempre inovando de acordo com o acompanhamento dos saberes, sendo, portanto, segundo Esteban (2001) uma
busca constante de análise e respostas, onde possam sentirem mais estimulados pelos desafios do cotidiano que
ver no erro pontos de partida para as novas possibilidades e que consideram seus alunos peça fundamental para a
mudança na educação. O autor ainda diz que é uma forma de garantir uma formação continuada, pois
aprendendo muito ao avaliar.
Deste modo e necessário por em reflexão tudo o que se é trabalhado em sala de aula, porque o processo
educativo requer examinar os resultados positivos e negativos dando continuidade e inovação ao que deu certo,
como também intervindo no que não proporcionou bons resultados diminuindo assim os objetivos de uma
avaliação que pense em penalizar, qualificar e classificar.
“Avaliação na educação infantil e o registro do desenvolvimento da criança, seja no
brincar, falar, responder ou fazer as tarefas propostas em cada eixo disciplinar. A
avaliação baseia-se na observação e julgamentos diários dos avanços e
possibilidades das crianças pelos professores, ou seja, todo o fazer da criança está
sendo observado e avaliado, a partir dos planejamentos das atividades e de situações
novas.”(COORDENADOR (A) e DIRETOR (A)).
Diante de todo o discurso é notável que o grande desafio da escola está em promover uma educação que fuja dos
padrões do estado, que não visa uma educação de qualidade, mas sim o aumento do capitalismo e o
desfavorecimento a maioria por medo de perder o posto em ser superior aos outros e é justamente por meio da
educação infantil que começamos a lutar por igualdade de oportunidades.
Referente a isto as professoras confirmaram em suas respostas da pergunta seguinte, onde foi perguntado sobre:
o objetivo da avaliação na educação infantil. Dando respaldo a tudo o que foi discutido nas perguntas anteriores.
São elas:
“Demonstrar a importância como instrumentos de repensar na prática pedagógica de
forma a favorecer o desenvolvimento infantil e sócio afetivos da criança e seu
conhecimento de mundo.” (PROFESSOR II).
“ O objetivo é tornar necessário ao educador construir conhecimentos e refletir sobre
o processo avaliativo formal e não apenas medir, comparar ou julgar. Sendo assim
avaliar é acompanhar a construção de conhecimento, é cuidar do aluno como ele
aprende. (PROFESSOR IV).
“Tem como objetivo analisar as habilidades desenvolvidas pelas crianças. É um
procedimento fundamental, pois permite identificar as conquistas alcançadas pelas
crianças.” (PROFESSOR V).
Dessa forma, a avaliação nesta modalidade de ensino não pode ser baseada na qualificação, mas na investigação
da evolução do aprendizado de cada criança em específico e assim como Arribas (2004) nos conta que não é
somente na sala de aula que poderá está observando, diagnosticando, mas é um conjunto de elementos que
podem auxiliar nesta busca, como por exemplo: família, comunidade, recursos e materiais e toda a equipe de
professores que discutirão sobre todo o processo avaliativo que levará a construção dos outros instrumentos que
irão ser trabalhados em sala de aula. O avaliar traz a importância de educar nesta fase, que antes não se tinha esta
preocupação por educar desde a idade mais tenra, devendo abranger os conteúdos de modo multidimensional que
garanta o processo evolutivo em todas ás áreas do conhecimento.
Há alguns instrumentos avaliativos na Educação Infantil que auxiliam o professor a analisar o processo de
ensino-aprendizagem e que possa proporcionar sempre ao objetivo do desenvolvimento das habilidades, sendo
isto o que diferenciou a educação infantil de ser apenas assistencialista, em que não se tinha um objetivo de
favorecer as crianças em seu desenvolvimento global. Não havia a cobrança em relação a aprendizagem dos
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mesmos. Por isto, não se utilizava instrumentos avaliativos e muitas instituições sentiram dificuldades em
estruturar o fazer pedagógico e é por este motivo que se há poucas experiências quanto aos instrumentos
avaliativos nesta modalidade de ensino.
A partir disto, é necessário compreender que todas as práticas avaliativas não poderão ser utilizadas de modo
classificatório, mas sempre acompanhá-los com observação, registros e planejamentos. Sendo assim, foram
elaboradas também questões em relação aos instrumentos que os mesmos utilizam em sala de aula.
“Fichas com indicadores de aprendizagem e o diário de classe específico para a
educação infantil.” (PROFESSOR I).
“Portfólio da criança, fichas avaliativas, diário escolar específico para a educação
infantil”. (PROFESSOR II).
“Observação, análise, comparação e progresso.” (PROFESSOR III).
De acordo com estas respostas é possível notar que muitas das técnicas de instrumentos avaliativos são ainda
tradicionais como por exemplo as fichas avaliativas, fichas com indicadores, comparação e diário escolar. Na
resposta do professor 3 (três) é notável que a observação e a sua análise irão conduzir a uma avaliação que possa
ir de encontro com as necessidades dos alunos, porém, ela cita comparação e progresso que dão uma ideia de
classificação.
De certo, o conhecimento aos instrumentos avaliativos nesta modalidade para estas professoras ainda é muito
restrito. Limitam-se a dedicar-se as questões burocráticas para o próprio professor, para a gestão e até mesmo
para os pais das crianças. O que nos leva a perceber que todas elas sabem que é preciso inovar na prática, ou
seja, tem um conhecimento eficaz sobre como avaliar de modo a garantir uma qualidade de ensino, porém, ainda
há uma resistência e inovar nesta prática em sala de aula. Logo em seguida, mais foi perguntado quais as
dificuldades encontradas em aplicar estes instrumentos na educação infantil.
“A falta de cursos para orientar e aprofundar mais a compreensão do processo
avaliativo.” (PROFESSOR I).
“A grande quantidade do número de alunos dificulta a observação e análises.”
(PROFESSOR III).
“Nós seguimos um planejamento padrão, mas trabalhamos muito com projetos
temáticos, contextualizando cada tema específico aos conteúdos propostos. ”
(COORDENADOR (A) E DIRETOR (A)).
Hoffmann (2014) relata com muita propriedade sobre o que mais me chamou a atenção nestas três respostas
acima descritas: a grande quantidade de alunos nas salas de aulas das redes públicas de nosso país para somente
um professor. Deste modo, vendo que a avaliação na educação infantil difere do modelo aplicado no ensino
fundamental e médio faz-se necessário saber dos entrevistados o que pensam sobre o que é e como avaliar na
educação infantil.
“Principal instrumento que professor tem para avaliar o processo de construção do
conhecimento.” (PROFESSOR I).
“Algo de suma importância pois tem a função de um norteador no processo de
aprendizagem” (PROFESSOR III).
Vejamos que as professoras têm consciência da importância da observação para a eficácia do planejamento de
aula e de como este instrumento servirá de ponto de partida para uma análise e estruturação das estratégias que
foram percebidas por meio da observação.
Segundo Freire (1996) como profissionais em educação temos que mudar o nosso modo de olhar o mundo.
Mudar tudo aquilo que nos conduz ao olhar limitado, que apenas leva a percepção artificial da aprendizagem.
Para colocar em prática este ponto tão importante para a avaliação da educação infantil é preciso reeducar o
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olhar que condiciona ao professor a não fazer de sua prática um modelo autoritário, onde somente o professor é
detentor do saber, não possibilitando aos alunos o pensamento crítico do mundo.
Levando em consideração todo o processo avaliativo das professoras e gestão na instituição, foi feita uma
pesquisa com o intuito de saber qual a tendência pedagógica que os mesmos consideram proporcionar um
desenvolvimento pleno da criança ao avaliar na educação infantil.
Gráfico I – Tendência Pedagógica Utilizada Pelo Professor
Fonte: Pesquisa de Campo realizada em Setembro de 2016.
As tendências pedagógicas deram sentido histórico às práticas educativas até os dias atuais e servem como
instrumentos de reflexão para a prática docente. Algumas tendências vêm trazer uma ideia de igualdade social, o
não analfabetismo, como também a não marginalidade social. Em outro momento apresenta a educação como
sendo marginalizada que tem o objetivo de discriminação social, por se tornar seletiva. Portanto, houve uma luta
através da educação em tentar reverter o quadro de uma sociedade capitalista, por outro lado o capitalismo
acabou também usando deste meio para ampliar as divisões de classes, assim como o analfabetismo funcional.
As maiorias dos professores viram que a pedagogia nova é a mais indicada para proporcionar o desenvolvimento
pleno da criança e a minoria compreendem que é com a pedagogia libertária que podemos contribuir com a
construção de novos saberes. De certo, tanto a pedagogia nova quanto a libertária lutaram por uma educação que
proporcionasse a igualdade social de forma a considerarem as especificidades dos alunos, já a pedagogia
tradicional também tinha boas intenções quando surgiu, porém, o ensino era totalmente voltado ao ser que tinha
autoridade em sala de aula era o único detentor do saber, onde o aluno era disciplinado não considerando os seus
conhecimentos prévios.
Portanto, com base em todo o processo de pesquisa é importante frisar que o avaliar na educação infantil levará a
criança a ter um bom preparo para os conhecimentos que surgirão nas outras modalidades de ensino assim como
na sua interação com o meio. Todavia, o fazer pedagógico que as professoras e gestores aplicam em sala de aula
e na instituição como um todo ainda é um grande desafio, onde as mesmas têm que conviver com as exigências
do sistema que são práticas totalmente tradicionais, porém, muitas das professoras e gestores tentam driblar
todos estes desafios no cotidiano escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as respostas das docentes conclui-se que os docentes compreendem o que é e qual o verdadeiro
sentido da avaliação, sendo assim, buscam estarem trabalhando em sala de aula de forma a proporcionar uma
educação com qualidade aos alunos. Mas, as dificuldades que enfrentam na instituição são muitas e deixam claro
que é preciso driblar/enfrentar todos os desafios que impedem de colocar em prática o que planejam.
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De fato, há muitos alunos em sala e somente um professor para atendê-los o que confirma tudo o que foi dito
pelos autores durante a pesquisa teórica que os professores sabem como trabalhar deforma criativa e qualitativa,
mas o estado dificulta muito esse trabalho ser posto em prática. O que leva aos mesmos irem buscar alternativas
que de fato o sistema não garante e muitos professores acabam por se deixar levar por comodismo e facilidade as
expectativas do governo, um exemplo disto foi a gestão responder que seguem um modelo pedagógico padrão e
que a única prática diferente que utilizam são os projetos temáticos.
Em todo o processo de pesquisa inclusive na observação é notável que as professoras sentem muita dificuldade
em avaliar as crianças de forma eficaz e qualitativa. Há uma grande sobrecarga de trabalho para com as mesmas,
o que dificulta muito terem tempo para poder planejar suas aulas. A maioria das professoras trabalham os dois
horários na instituição e como a maioria também são contratadas não tem o privilégio de horas para
planejamentos na escola (o que me intrigou muito) e assim só tinham tempo para planejar em casa no horário da
noite e mesmo assim com muitos bloqueios, pois são donas de casa e cuidam de estarem cumprindo seus
afazeres familiares.
Por sua vez, a gestão recebe um planejamento já pronto da secretária de educação, assim como todas as outras
instituições e justamente este modelo imposto pelo estado é que tenta impossibilitar o atendimento de qualidade
aos alunos. Pode-se ver que ainda falta muito para estabelecer uma educação competente. Ao longo de toda a
história é possível constatar que houve um empenho/dedicação por melhores condições, igualdades sociais,
dentre outros, e quem sempre carregou essa luta foi à educação, todavia, o capitalismo, as lutas de classes nunca
deixaram a igualdade social de fato acontecer, não seria diferente ver aquelas professoras lutarem também por
uma causa digna.
Por fim, infelizmente é possível identificar que a educação tradicionalista ainda prevalece como ferramenta de
gestão da aprendizagem na educação infantil, deixando de lado dimensões formativas que levem em
consideração a qualidade do espaço escolar, as relações entre alunos e professores e o planejamento de
instrumentos avaliativos que orientem o trabalho docente em sala de aula.
REFERÊNCIAS
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S.A, 1995. São Paulo/SP.
GIL, Antonio Carlos, 1946. Como elaborar projeto de pesquisa/ Antonio Carlos Gil. – 4. Ed. – São Paulo:
Atlas, 2002.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade/
Jussara Hoffmann. – 33. Ed. – Porto Alegre: Mediação, 2014.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação na pré-Escola: Um olhar sensível e reflexivo sobre a criança/Jussara Maria
Lech Hoffmann. – Porto Alegre: Mediação, 2000.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação / Cipriano Carlos Luckesi. – São Paulo, Cortez, 1994. –
(Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor).
MARTINS, José do Prado, 1941. Didática Geral: fundamentos, planejamentos, metodologia, avaliação/ José
do Prado Martins. – São Paulo: Atlas, 1985.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre
educação e política / Dermeval Saviani. – São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985.
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MICROCRÉDITO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO: UM ESTUDO DE CASO DO
CEAPE/BA NO MUNICÍPIO DE SERRINHA.
Wanderson Santana Cordeiro
Graduado em Administração pela Universidade do Estado da Bahia – Campus XI
Janúzia Souza Mendes de Araújo
Professora e Coordenadora do curso de Administração da Universidade do Estado da Bahia – Campus XI
RESUMO
O presente trabalho aborda o microcrédito como um instrumento para o desenvolvimento socioeconômico na
cidade de Serrinha, local marcado por poucas oportunidades de emprego e um número consideravelmente
elevado de famílias abaixo da linha de pobreza. Identifica-se ainda, o papel que as operadoras de microcrédito
realizam na disseminação do programa, sendo uma forma direta para o desenvolvimento empreendedor de
pessoas que “ganham a vida” na base da informalidade. Usa uma metodologia de pesquisa de natureza
qualitativa dividida em levantamento bibliográfico e análise de dados organizacional do Ceape/BA, organização
não governamental, objeto de estudo deste artigo, confrontados com indicadores sociais. O estudo destes dados
aponta que muitos empreendedores de baixa renda não possuem acesso ao programa, não atingindo a finalidade,
que fez surgir o microcrédito.
Palavras-chave: Microcrédito. Desenvolvimento Socioeconômico. Ceape.
ABSTRACT
This paper discusses microcredit as a tool for socio-economic development in the city of Serrinha, location
marked by few job opportunities, and a considerably high number of families below the poverty line. It identifies
also the role that microcredit operators perform in the dissemination of the program, and a direct way to the
entrepreneurial development of people who "make a living" on the basis of informality. Uses a qualitative
research methodology - quantitative divided into literature and analysis of business data CEAPE/BA, non-
governmental organization, the object of study of this article, faced with social indicators. The study, these data,
points out that many of these low-income entrepreneurs do not have access to the program, thus diverting the
initial purpose that brought about microcredit.
Key-words: Microcredit. Socio-economic development. CEAPE
INTRODUÇÃO
O Brasil vem passando por grandes mudanças socioeconômicas nos últimos anos. O impacto da crise econômica
é evidente, e vem afetando milhares de brasileiros fazendo com que haja um grande aumento do trabalho
informal no país. Com isso, reforça-se a importância do microcrédito produtivo e orientado, conduzindo esses
empreendedores que buscam uma nova alternativa de sustento.
Esse trabalho busca estudar as mudanças que o microcrédito traz aos cidadãos de baixa renda, investigando a
importância que as agências de microcrédito possuem, como promotoras de desenvolvimento econômico e
social, com ênfase especial nas atividades realizadas pelo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos do
Estado da Bahia, na cidade de Serrinha.
Diante da escassez de oferta de empregos e também da baixa qualificação profissional, o empreendedorismo
torna-se uma saída para muitos cidadãos trabalhadores como uma forma de inserção econômica. Contudo, esses
empreendedores em grande maioria, de baixa renda, possuem dificuldade para terem acesso ao crédito, uma vez
que muitas vezes as instituições financeiras não se interessam em atendê-los, em virtude da dificuldade de se
oferecer algo como garantia de pagamento a essas instituições.
Com base neste contexto, surgem às operadoras de microcrédito, instituições não governamentais, com a
finalidade de apoiar o empreendedorismo informal e oferecer um “crédito de confiança” a essas pessoas, através
de financiamentos e orientação empreendedora.
O estudo consiste na análise de dados fornecidos pela instituição, investigando a importância do trabalho
realizado na cidade de Serrinha, identificando, através de indicadores sociais, as reais necessidades que o
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município demanda. Portanto, trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativa de análise documental, pois
buscará compreender as informações empresariais e sociais com intuito de chegar à conclusão da pesquisa.
O Ceape/BA é uma organização não governamental, sem finalidade lucrativa e classificada como uma OSCIP -
Organização Social do Interesse Público. Com sede na cidade de Feira de Santana, possui 21 anos de atuação no
estado da Bahia e atende mais de sessenta municípios circunvizinhos em conjunto com mais quatro postos nas
cidades de: Alagoinhas, Camaçari, Salvador e Santo Antônio de Jesus. A ONG tem o compromisso da concessão
de crédito, tendo em vista a melhoria das condições de vida dos seus clientes e o desenvolvimento de seus
empreendimentos. Segundo a instituição, ao longo de sua experiência já foram atendidas cerca de 26.000 (vinte e
seis mil) empreendedores, fortalecendo cerca de 50.000 (cinquenta mil) empregos, são R$ 162.000.000,00 (cento
e sessenta e dois milhões de reais) liberados a mais de 100.000 (cem mil) beneficiados.
A cidade registra um número consideravelmente alto de pessoas abaixo da linha de pobreza e que sobrevivem
através de alguma atividade empreendedora informal. (IBGE, 2010). Contudo, a pesquisa aponta que essas
pessoas, não possuem acesso ao crédito emprestado pela organização, e sim outro perfil de empreendedores que
são devidamente atendidos pela mesma. Esse artigo está dividido em quatro partes: introdução, referencial
teórico, a pesquisa e os resultados e conclusão, que juntos, buscam desenvolver o tema de maneira sistemática,
didática e consistente.
1 O MICROCRÉDITO
Crédito é um termo que traduz confiança, e puxando para o âmbito financeiro é um ato onde os tomadores
obterão recursos monetários junto a uma instituição financeira, para alguma finalidade de consumo ou
investimento. Dessa forma, crédito é uma relação baseada na confiabilidade, onde o credor confiará que o
tomador efetuará os pagamentos nas datas estipuladas no ato de concessão.
Segundo Pereira (2003, p.63), “crédito, no sentido restrito, consiste na entrega de um bem ou de um valor
presente mediante a uma promessa de pagamento em data futura. ” Logo, crédito consiste em uma soma de
dinheiro que um banco ou entidade financeira empresta a uma pessoa física ou jurídica, todavia, o tomador
deverá pagar de forma remunerada, chamada por juro, por equivalência da disponibilização do dinheiro.
Já o microcrédito, como o próprio nome sugere, é uma linha de crédito pequena, destinada a um perfil
específico de cliente, neste caso, os microempreendedores. Em regra geral, entre R$ 100,00 (cem reais) a R$
15.000,00 (quinze mil reais), possuindo um prazo de amortização curto, que varia entre um a seis meses para
financiamentos de capital de giro e até doze meses em financiamentos de investimento fixo.
Em época de crise econômica, onde muitas pessoas por falta de oportunidades iniciam uma atividade
empreendedora para seu sustento e de sua família, o microcrédito surge como um importante instrumento de
financiamento de tais atividades, em sua maioria informais, por possuir um acesso menos burocrático, tornando-
se mais fácil a obtenção do recurso pelo tomador. Conforme demostra Aidar (2007, p.34):
Os empréstimos de curto prazo representam importante fonte de financiamento para
a maioria das micro e pequenas empresas, que têm menos acesso ao capital que as
empresas maiores. O capital de giro de uma empresa é formado pelos recursos
monetários, indispensável à sua operação, produção e comercialização representada
pelo dinheiro disponível, pelo estoque de produtos, matérias primas e pelos títulos a
receber.
Em um sistema capitalista, onde uma minoria é detentora de grande parte do capital, a maioria só dispõe de sua
força de trabalho, uma vez que o Estado já não consegue através de ações sociais, atender a vasta quantidade de
pobres no país. Diante da dificuldade de conseguir crédito, surge o microcrédito produtivo e orientado, uma
linha de crédito específica e com metodologia própria, destinado a atingir pessoas excluídas do sistema bancário
formal. Sendo assim, considerada como uma forma de democratização do crédito, por tentar inserir uma parcela
da população pobre e não atendida pelo sistema bancário tradicional. Segundo Barone (2002, p.13):
O microcrédito é a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos
empreendedores informais e microempresas sem acesso ao sistema financeiro
tradicional, principalmente por não terem como oferecer garantias reais. É um
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crédito destinado a produção (Capital de giro e investimento), e é concedido com
uso de metodologia especifica.
Gerando ocupação, renda e combatendo a pobreza, o microcrédito torna-se uma importante ferramenta para o
desenvolvimento econômico e social de qualquer país, pois auxilia os empreendedores de baixa renda a
transformar o empréstimo em riqueza para si e para o país.
O microcrédito surge com a finalidade de financiar atividades econômicas para micro e pequenos
empreendedores formais ou informais, ampliando seu capital de giro ou fixo. Dentre outros objetivos, a geração
de emprego e renda é destacada por muitos autores, pois a consideram como uma forma de diminuir as
desigualdades sociais e retirar uma parcela significativa da população da condição de pobreza ou extrema
pobreza. Conforme Lopes (2011, p.15):
Ao microcrédito, portanto, cabe fazer chegar às camadas mais pobres a oportunidade
de inserir social e economicamente os indivíduos, de tal modo que não só altere suas
vidas, mas progressivamente a vida econômica das comunidades que cercam de uma
maneira que criem vida própria e dependam muito mais da economia que gira e
cresce ao seu redor, e precisem cada vez menos da ajuda externa, e possam
contribuir de forma decisiva no desenvolvimento do seu locus.
O microcrédito é um empréstimo diferenciado e destinado a determinado seguimento: o pequeno negócio, formal
ou informal, em grande parte gerenciados por pessoas sem qualificação e entendimento teórico sobre o assunto.
Dessa forma, devemos frisar que essa linha de crédito não é destinada ao consumo, e sim ao investimento. Com
base nisso, entende-se que o microcrédito, aliado a uma boa orientação e acompanhamento, transforma-se em
uma alternativa, para ampliar as atividades destes pequenos empreendedores, causando impacto direto em seu
ganho e, consequentemente, resultando em crescimento econômico.
Segundo CORSINI (2007, p.30), obter renda na informalidade é uma opção para aqueles que só podem
participar do mercado pela venda da sua força de trabalho em condições sociais desfavoráveis e, ao que tudo
indica, o desemprego estimula o crescimento da economia informal.
Contudo, esses empreendedores de baixa renda, por não possuírem garantias reais, que os bancos exigem, em
suas linhas de crédito, ficam impossibilitados em realizar operações no sistema bancário tradicional. Embora
esses empreendedores costumem pagar o que tomam emprestado e o banco pudesse lucrar emprestando-lhes tais
recursos.
Em decorrência disso, o microcrédito entra como uma modalidade para enquadrar tais empreendedores, por ser
um empréstimo cuja garantia é baseada no aval solidário que nada mais é, que um ato cambiário pelo qual uma
pessoa (avalista) se compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que o devedor desse título
avalizado.
Para adquirir o microcrédito, é um processo simples e prático. O tomador interessado em obter tal crédito, terá
que encontrar outras pessoas que se interessem também em investir em algo e que possua uma atividade própria.
Todos os envolvidos conseguiram o crédito, logo, se algum deixar de pagar o restante terá que “assumir” o valor
do inadimplente, assim, cada um dos membros do grupo exerce pressão sobre os demais, tornando-se um avalista
do outro.
Também como critério para aprovação do crédito, os envolvidos na operação não podem possui restrição
cadastral (SPC e SERASA) e, devem possuir no mínimo seis meses de atividade empreendedora, e a formação
mínima de um grupo que é composto de pelo menos três integrantes. Segundo Lopes (2011, p.25):
As exigências para concessão do crédito se limitam a cobrar que a atividade possua
no mínimo seis meses de existência e que o proprietário não tenha problema
creditício (SPC e SERASA) e que assuma o aval moral ou solidário, sistema de aval
cruzado assumido voluntariamente pelos membros do grupo – no mínimo três
componentes e no máximo seis – como garantia colateral do crédito frente às
instituições de microcrédito.
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A concessão é realizada pelas operadoras de microcrédito, por meio de agentes de crédito, profissional treinado
para realizar levantamento socioeconômico dos interessados pelo crédito, através de visitas nos estabelecimentos
comerciais ou residências, explicando a finalidade do empréstimo e acompanhando a evolução de sua
aplicabilidade.
As informações coletadas, nesta entrevista com os clientes, são levadas para o posto de atendimento, onde será
realizada a próxima etapa do processo, o comitê de crédito: que é uma reunião onde estarão presentes os agentes
de crédito, gerente de posto e coordenadores, todos com o objetivo de analisar e discutir os dados coletados e
chegar a uma conclusão da viabilidade ou não de cada valor solicitado.
Realizadas essas etapas, se chegará à conclusão do valor inicial a ser disponibilizado a cada solicitante, daí o
agente de crédito retorna ao local e finaliza o processo de concessão. A partir desse momento, inicia-se o
acompanhamento orientado, onde o agente passará a analisar e monitorar a evolução da atividade deste
empreendedor. Os valores adequados à realidade do empreendedor, o acompanhamento e o monitoramento
sistemáticos das atividades realizadas pelo corpo técnico das instituições são fatores que fazem o sucesso do
microcrédito, devido aos baixíssimos índices de inadimplência de sua carteira de crédito. (DANTAS, 1999)
Para Dantas (2011), “o acesso ao crédito nas economias populares, tem a função de possibilitar aos “nanos”
(micro) negócios os recursos necessários para manutenção do que é básico para o funcionamento de suas
atividades. ” (...) O agente de crédito assume um papel importante no microcrédito, pois funciona como uma
ponte entre a instituição de microcrédito e o tomador, adotando uma postura onde suas atitudes, linguagem e
abordagem devem levar em consideração o perfil de seu cliente, facilitando a relação entre as partes.
Diante da recessão econômica que o país enfrentou entre as décadas de 1980 e 1990, quando o governo buscava
alternativas para combater a inflação e o déficit fiscal, houve um aumento significativo do número de
desempregados, ampliando dessa forma o mercado de trabalho informal.
A evolução do microcrédito se constitui basicamente em duas etapas, uma inicial – que percorre as décadas de
1970 até meados de 1990 – onde se caracteriza as ações pioneiras das ONGs e de algumas ações públicas
municipais e, um segundo momento, quando se define um marco legal e o governo federal entra no processo.
(LOPES, 2011, p.28)
A cooperação das organizações sem fins lucrativos na disseminação do microcrédito foi uma iniciativa de
extrema importância para o avanço desta metodologia no país. Logo, tal iniciativa não seria possível, sem o
apoio financeiro e a cooperação internacional, pois era necessária uma forma de financiar tais atividades, uma
vez que, os bancos não manifestavam interesse por essa linha de crédito, já que a mesma por apresentar um custo
operacional elevado e um risco alto diante da baixa rentabilidade que seria auferida para instituição financeira.
No ano de 1973, foi criada a União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações (UNO), a primeira
experiência de microcrédito no Brasil, realizado nas cidades de Recife-PE e Salvador-BA, esta foi uma iniciativa
da Accion International Tecnológica (AITEC) com participação de entidades empresariais e bancos de
Pernambuco e da Bahia.
O Programa Uno financiou milhares de pequenos empreendedores informais e formou dezenas de profissionais
na área do crédito. Sobreviveu por 18 anos, e por diversos fatores internos e externos, veio a encerrar suas
atividades no início da década de 90.
Apesar do êxito na área técnica, a UNO desapareceu, após dezoito anos de atuação, por não considerar a auto
sustentabilidade parte fundamental de suas políticas, o que poderia ter sido assegurado com base em duas
medidas. A primeira, transformar as doações recebidas em patrimônio financeiro que pudesse ser emprestado a
juros de mercado e, assim, gerar receitas e capitalizar a entidade. A segunda, negociar com parceiros a cobrança
de juros reais em todas as linhas de crédito que operava, de modo a ter ganho para capitalização. (BARONE,
2002, p.15)
Logo mais, no ano de 1987, apoiada pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) e pela Accion
International, iniciando através de uma experiência piloto, na cidade de Porto Alegre, implementado pelo Centro
Ana Terra, que no decorrer de seu desenvolvimento passou a chamar-se Centro de Apoio aos Pequenos
Empreendimentos (CEAPE), surge uma nova tentativa na experiência do microcrédito no país.
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Em 1990 é criada a Federação Nacional de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (FENAPE), com a finalidade
de manter uma conexão entre todos os Ceape’s, contudo, cada um com sua independência, porém com a mesma
política metodológica e possuindo como base o princípio da sustentabilidade econômica. A Rede Ceape tornou-
se um pioneiro nesta modalidade, responsável em multiplicar a experiência do microcrédito em outras cidades do
território brasileiro, possuindo uma presença mais forte na região do Nordeste, onde atua, até os dias atuais.
O Ceape é enquadrado na lei 9.790 de 23 de março de 1999, que permite que pessoas jurídicas do direito
privado, sem fins lucrativos, sejam qualificadas como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP), diante disso, possuem algumas isenções fiscais dentre outras vantagens previstas em lei.
A partir daí, vão surgindo outras iniciativas interessadas nesta problemática e no ano de 1989, com o apoio do
UNICEF e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), surge na cidade de Salvador-BA, o Banco da
Mulher, uma instituição de microcrédito voltada ao desenvolvimento humano e financeiro da população de baixa
renda. Sendo a segunda experiência de microcrédito na Bahia, o Banco da Mulher gradativamente foi se
espalhando no país, ganhando mais espaço.
Logo depois, em uma fase mais avançada, o setor púbico, passou a estimular o financiamento destes
empreendimentos da economia informal. Segundo Corsini (2007): “alguns setores da sociedade brasileira,
órgãos públicos e organizações de fomento e desenvolvimento mostraram-se interessadas em buscar alternativas
para enfrentar os reflexos sociais da pobreza”.
As instituições sem fins lucrativos, juntamente com a sociedade civil e organizações de cooperação internacional
constituíram no Brasil, juntas, esta alternativa de financiamento para população de baixa renda, objetivando
ampliar as oportunidades para aqueles que não encontravam ocupação nem renda. (LOPES, 2011, p.30)
Diante do sucesso destas experiências com microcrédito e a real percepção de sua eficácia, no desenvolvimento
socioeconômico, vão surgindo outros programas no país, com o apoio do poder público. Governos municipal,
estadual e federal se mobilizam na criação de novos programas para conceder crédito aos microempreendedores
de baixa renda, recebendo financiamentos internacionais e de bancos brasileiros.
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PELO MICROCRÉDITO
Como característica forte do microcrédito, podemos abordar o impacto econômico e social que ele é capaz de
causar, trazendo melhorias na qualidade de vida das pessoas e da comunidade a qual está inserida. A partir desse
contexto, o microcrédito produtivo e orientado passa a ser visto como um instrumento importante para solução
de problemas referentes à alta taxa de desemprego no país.
Entende-se como desenvolvimento socioeconômico a mudança do padrão social de uma população, atingindo
um determinado crescimento de sua renda (aumento da PNB perca capita) e consequentemente melhoria na
qualidade de vida.
PNB (Produto Nacional Bruto) per capita é o valor de riqueza produzida por cada indivíduo relacionado com
alterações profundas na estrutura econômica. Essas alterações estão diretamente ligadas com a maneira que os
recursos são distribuídos entre os diferentes setores da economia, atingindo uma melhoria nos indicadores de
bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, violência, saúde, alimentação, transporte, educação e
moradia).
Sob essa lógica, o microcrédito tem no desenvolvimento um papel complementar, à medida que inserem novos
atores no processo, e um papel de inclusão socioeconômica, daqueles milhões de indivíduos que se aventuram
diariamente na busca pela sobrevivência por meio de uma microatividade informal. (LOPES, 2011, p.34)
O Brasil é um país que historicamente obteve um crescimento acelerado, todavia, a distribuição de renda
permanece muito desigual, até os dias de hoje. Sendo um país em desenvolvimento, ocupando a sétima posição
no ranking das maiores economias mundial. (BANCO MUNDIAL, 2014)
Os empreendimentos existentes na economia informal urbana ajudam a dinamizar a geração de ocupação, de
emprego e de renda da população pobre nos países em desenvolvimento, demonstrando a sua relevância no
processo de inserção social de pessoas que se dedicam às atividades consideradas informais. O apoio financeiro
às iniciativas dessas pessoas, sob a forma de microcréditos, tem sido considerado como uma possibilidade de
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redução da pobreza. (CORSINI, 2007, p.17). Com isso concluímos que o microcrédito promove a inclusão
econômica e social, não somente da família do microempreendedor informal, mas de todos os envolvidos nesta
atividade, pois esses cidadãos passam a ser reconhecidos como uma categoria econômica, capaz de gerar riqueza
para si e para o país.
3 ANALISANDO O LOCI
A pesquisa para identificar a provável importância do microcrédito para o desenvolvimento socioeconômico na
cidade de Serrinha-Ba foi baseada na análise de dados fornecidos pela instituição de microcrédito Ceape/BA,
objeto de estudo deste artigo, e confrontados com outros estudos econômicos e sociais.
Foram coletados junto à instituição dados dos últimos cinco anos, para serem analisados desde o perfil de seu
cliente até os impactos causados aos mesmos. Portanto, trata-se, de uma pesquisa de caráter qualitativa de
análise documental, pois buscou por meio do estudo, destes dados, chegar a uma conclusão sobre o problema
proposto. Depois do analisar os relatórios gerenciais fornecidos pelo Ceape/BA foi realizada a tabulação dos
dados. Segundo Malhotra (2006) a análise de dados tem o propósito de interpretar com a pesquisa quantitativa,
onde produzimos os gráficos e/ou tabelas para demostrar os percentuais dos resultados obtidos.
Quadro 01 – Perfil do Município.
SERRINHA-BA CARACTERÍSTICAS
Localização Nordeste Baiano
Distância da Capital 173 km
População (2010) 76.762 habitantes
População Masculina 37.680 habitantes
População Feminina 39.082 habitantes
Urbanização (2010) 61,47%
Área 658,90 km²
Densidade Demográfica (2010) 116,50 hab/km²
IDHM (2010) 0,634
Índice Gini (2010) 0,561
PIB per capita (2013) R$ 8.335,94
Relevo Floresta Estacional
Clima Semiárido à subúmido
Hidrografia Rio Inhambupe
Fonte: ODM Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Serrinha possui 140 anos de emancipação política e o município é dividido em bairros e povoados, sendo 30
bairros e 78 povoados. Sua população, segundo o Censo 2010 do IBGE, era de 76.762 habitantes, sendo que
61,4%, deste total, residiam na área urbana, o que corresponde a 47.188 pessoas.
O município pertence à região do sisal, que é composto por vinte e cinco cidades, sendo a mais populosa entre
elas. A cidade é um dos município-sede do Nordeste Baiano e sua microrregião é formada por mais dezessete
cidades sendo elas: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Capela do Alto Alegre, Conceição do Coité, Gavião,
Ichu, Lamarão, Nova Fátima, Pé de Serra, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Santaluz, São Domingos,
Teofilândia e Valente.
Serrinha é marcada pelas poucas oportunidades formais que possui, sendo fator de migração populacional, tendo
como maior oferta de emprego, o comércio, que possui uma faixa salarial baixa, atingindo a média de um salário
mínimo nacional. Segundo a CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo, no ano de
2010, havia 2.336 empresas formais, sendo que deste total 56,5% representa o setor do comércio e apenas 7,3%
de indústrias de transformação. Segundo o IBGE, no mesmo ano, possuíam 5.631 empreendedores na
informalidade.
Possui um PIB per capita consideravelmente elevado (R$ 8.335,94), demostrando uma realidade presente em
todo país: a concentração de renda nas mãos de poucos. Na microrregião a qual está inserida, a cidade perde
apenas para Barrocas, que ocupa o maior PIB per capita da região (R$ 10.934,20), por possuir na cidade,
indústria de mineração, contribuindo diretamente para elevação deste número.
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Segundo dados do ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no ano de 2010, 33,3% da população
serrinhense, o que corresponde a 25.095 pessoas encontravam-se na condição abaixo da linha de pobreza, ou
seja, sobrevivem com uma renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (cento e quarenta reais) por mês.
Essas pessoas, em sua maioria, possuem uma atividade informal, na tentativa de adquirir uma qualidade de vida
mais digna, diante a escassez de oferta de emprego no município.
O IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, segundo o IBGE em 2010, foi de 0,634, ocupando a
58º posição estadual, não se tornando muito distante quando comparado com a capital baiana, que foi de 0,759.
Esse índice é de extrema importância, uma vez que reflete o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade
de vida oferecida à população. Serrinha ocupa a 4ª posição em relação a sua microrregião, ficando a sua frente às
cidades de São Domingos (0,640), Valente (0,637) e Retirolândia (0,636).
O Índice de Gini 1 na cidade, segundo o ODM, foi de 0,561, ocupando a 295º posição estadual, não ficando
também muito distante em relação à cidade de Salvador, que foi de 0,645. Esse índice é utilizado para medir a
desigualdade social e foi desenvolvido pelo estatístico italiano Corrado Gini no ano de 1912. Já neste quesito, em
um comparativo entre a sua microrregião, Serrinha fica empatada com a cidade de Biritinga (0,561), ambas
ocupando o 2º lugar no ranking, e em 1º lugar a cidade de Araci (0,567).
Com base nestes índices, podemos considerar que a cidade de Serrinha se encontra em um nível médio de
desenvolvimento econômico e desigualdade social. Contudo, muito precisa ser feito, para retirar uma parcela
ainda muito significativa que se encontra abaixo da linha de pobreza.
4 O PROJETO CEAPE/BA
O Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos do Estado da Bahia – Ceape/BA, foi constituído no dia 25
de novembro de 1994, na cidade de Feira de Santana, fruto de uma articulação de entidades e grupos sociais com
a missão de apoiar os pequenos empreendedores da zona urbana, através de financiamentos e capacitação
empreendedora.
A instituição atende mais de sessenta cidades, espalhadas por toda Bahia, e possui postos nas cidades de
Alagoinhas, Camaçari, Feira de Santana, Salvador e Santo Antônio de Jesus. Serrinha é atendida através da
matriz, posto de Feira de Santana, que atua em mais vinte e sete municípios circunvizinhos, conforme ilustra o
Quadro 02, a seguir.
Quadro 02 – Cidades atendidas pelo posto Feira de Santana.
POSTO DE SERVIÇO CIDADES ATENDIDAS
Feira de Santana
Água Fria, Amélia Rodrigues, Anguera, Biritinga,
Cachoeira, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe,
Coração de Maria, Cruz das Almas, Feira de Santana,
Ipecaetá, Ipirá, Irará, Lamarão, Muritiba, Riachão do
Jacuípe, Santa Barbara, Santo Estevão, São Felix, São
Gonçalo, São Sebastião, Serrinha, Teofilândia, Teodoro
Sampaio, Terra Nova, Tucano e Valente.
Fonte: Ceape/BA. 2016
Não há registros formais do ano que o Ceape iniciou suas atividades em Serrinha, o que se sabe, é que a partir do
ano de 2010, a instituição começou a ganhar força e o conhecimento da população, começando a desenvolver
algumas atividades no município.
Crediamigo, Ascoob, Sicoob, são os concorrentes diretos do Ceape na cidade. Utilizam da mesma metodologia
de concessão, desenvolvendo também o programa de microcrédito no município. Contudo, enquanto o seu
concorrente leva até quinze dias para efetuar uma análise e liberação, o Ceape promete em 48 horas finalizar
uma concessão com um atendimento personalizado sem a necessidade de deslocar o cliente de seu
estabelecimento ou local em que realiza suas atividades.
1 O índice ou coeficiente de Gini é uma medida de concentração ou desigualdade. É comumente utilizada para
calcular a desigualdade da distribuição de renda. O índice de Gini aponta a diferença entre os rendimentos dos
mais pobres e dos mais ricos. (ESCÓSSIA, 2009)
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Foi realizada coleta de dados, junto à instituição de microcrédito Ceape, com a finalidade de chegar à conclusão
deste artigo, estudando sua atuação nos últimos cinco anos. Com isso, foram analisados valores liberados ano a
ano, número de clientes atendidos e o perfil destes clientes.
Quadro 03 – Valores Liberados, número de clientes e ticket médio.
Ano Créditos Liberados Número de Clientes Ticket Médio
2011 R$ 71.400,00 42 R$ 1.700,00
2012 R$ 263.600,00 158 R$ 1.668,35
2013 R$ 164.300,00 85 R$ 1.932,94
2014 R$ 205.600,00 78 R$ 2.635,90
2015 R$ 263.900,00 92 R$ 2.868,48
Fonte: Ceape/BA. 2016
É possível observar no quadro 03, a evolução dos últimos cinco anos dos valores liberados em Serrinha. No ano
de 2011, quando a instituição ainda ganhava fôlego na cidade e conhecimento de sua marca, perante o público-
alvo, registra-se o menor valor liberado em um ano e um número de clientes relativamente pequeno. Já no ano de
2012, foi utilizada como estratégia de expansão, a contratação de um estagiário da área de administração para
promover à marca e consequentemente captar novos clientes. Fruto dessa iniciativa, o valor liberado, neste ano,
quase quadriplica em relação ao ano anterior.
Contudo, no ano de 2013, o Ceape sofre com a inadimplência na cidade, registrando uma diminuição do volume
emprestado. A instituição recupera-se nos anos seguintes o se valor de carteira de crédito, porém com uma queda
acentuada ainda com relação ao número de clientes. Observa-se o crescimento do ticket médio2, possuindo uma
relação direta com a queda do número de clientes.
Segundo manual de microcrédito, os usuários do programa são classificados em: subsistência, acumulação
simples e acumulação ampliada. A interpretação do quadro 03 também revela que os clientes da cidade
investigada enquadram-se na categoria de acumulação ampliada, ou seja, são clientes mais estruturados, possui
ponto comercial fixo próprio ou alugado, registro de CNPJ, controles financeiros e criam postos de trabalho no
município.
Segundo relatórios disponibilizados pelo Ceape, até o dia 01 de março de 2016 a carteira ativa de Serrinha era de
R$ 106.789,00 (cento e seis mil, setecentos e oitenta e nove reais), 61 clientes e um ticket médio de R$ 1.750,00
(um mil, setecentos e cinquenta reais). O posto de Feira de Santana possuía, na mesma data, R$ 2.187.828.00
(dois milhões, cento oitenta e sete mil, oitocentos e vinte e oito reais) de carteira ativa e 1492 clientes espalhados
nas vinte e sete cidades atendidas, Serrinha corresponde apenas a 4,9% deste valor.
Quadro 04 – Sexo dos clientes nos últimos cinco anos.
Ano Feminino Masculino
2011 30 12
2012 108 50
2013 58 27
2014 56 22
2015 62 30
Fonte: Ceape/BA. 2016
No quadro 04, observou-se o sexo dos clientes atendidos pelo Ceape na cidade e é possível perceber que o
número de mulheres é sempre maior em relação ao número de homens, uma diferença que chega a mais de
cinquenta por cento. Segundo o (Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e
Microfinanças - Abcred) as mulheres representam 60% das tomadoras de microcrédito. Acredita-se que a renda
2 Ticket médio: refere-se a uma média que cada cliente tomador de microcrédito obteve emprestado em um
determinado intervalo auferido. Encontra-se o valor do ticket médio dividindo o numero de cliente com o valor
da carteira de crédito.
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nas mãos das mulheres torna-se uma “garantia” que a mesma será distribuída entre os membros da família, com
isso maximizando a qualidade de vida familiar, através da atividade empreendedora.
Quadro 05 – Faixa etária nos últimos cinco anos.
Ano 18-24 anos 25-34 anos 35-44 anos
45-54 anos
55 anos acima
2011 02 09 13 16 02
2012 18 26 83 25 09
2013 12 13 44 10 06
2014 14 11 37 12 04
2015 12 16 51 10 03
Fonte: Ceape/BA. 2016
Ao analisar o quadro acima, que demostra a faixa etária dos clientes, percebe-se que o intervalo entre 35 a 44
anos é sempre maior, nos últimos cinco anos analisados. A maioria destas pessoas são empreendedores já
consolidados, pais e mães de família, com tempo de atividade igual ou maior há um ano e possuem um
conhecimento mais amplo da atividade que desenvolvem. Segundo o SEBRAE (2015), entre os empreendedores
que tinham “35 anos ou mais”, havia uma proporção, maior de pessoas que trabalhavam gerando postos de
trabalho, auxiliando no combate as desigualdades de renda e criando oportunidades de trabalho.
Quadro 06 – Estado Civil nos últimos cincos anos.
Ano Solteiro Casado Viúvo
Divorciado
Relação Estável
2011 12 21 06 03 00
2012 44 88 17 04 05
2013 20 56 06 03 00
2014 14 52 06 04 02
2015 09 72 05 04 02
Fonte: Ceape/BA. 2016
Segundo a pesquisa GEM - Global Entrepreneurship Monitor (2014): 62% dos empreendedores iniciais, que são
aqueles que administram seu próprio negócio, pagam salários, geram pró-labore ou outra forma de remuneração
ao proprietário por mais de três meses e por menos de quarenta e dois meses, são casados ou estão em uma união
estável. Percebemos na tabela acima, que a cidade possui um significativo número de empreendedores na
situação de casados e possuem um perfil empreendedor de sucessão familiar.
Quadro 07 – Setores das atividades nos últimos cincos anos.
Ano Comércio Produção Serviços
2011 39 00 03
2012 127 18 13
2013 67 06 12
2014 60 05 13
2015 57 19 16
Fonte: Ceape/BA. 2016
A atividade desenvolvida por uma organização deve ser bem definida e segmentada, a fim de atingir o sucesso
organizacional. No quadro 07, observamos os setores dos clientes tomadores de microcrédito na cidade de
Serrinha, e notamos que o comércio é o segmento mais atendido pela instituição. Comércio é caraterizado pela
compra e revenda de produtos, mercadorias ou outros bens, visando o ganho nestas transações, atingindo o lucro.
Esses comerciantes são em sua maioria estruturados, com um ponto comercial e possuem funcionários na
realização de suas atividades, sendo classificados pela instituição como clientes com perfil de acumulação
ampliada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a literatura aqui revisada e os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se afirmar que o
microcrédito é um instrumento importante no desenvolvimento econômico e social, revelando-se um grande
gerador de renda, contribuindo assim para inserção social de uma parcela da população de baixa renda, no ciclo
econômico.
O propósito inicial desse artigo foi identificar as contribuições que o Ceape/BA traz no munícipio de Serrinha,
através do programa de microcrédito, desenvolvido pela ONG, aos empreendedores de baixa renda, observando
a evolução destes, após terem acesso ao crédito. Contudo, o estudo dos dados revela que a parcela considerada
de baixa renda, não vem sendo atendida pela instituição, tornando-se impossível realizar o estudo de sua
evolução.
O perfil dos empreendedores identificados na pesquisa afasta-se bastante da originalidade descrita na base
teórica do microcrédito, são empreendedores mais definidos e encaminhados, possuem ponto comercial já
estruturado e um comércio mais voltado para o formal do que informal. Grande parte possui pelo menos um
empregado na realização de suas atividades.
Todavia, é possível afirmar que a linha de crédito oferecida a este grupo, de empreendedores, traz benefícios aos
mesmos e a sociedade, pois passam apresentar um fluxo de caixa maior após o financiamento concedido pela
instituição, com isso, registram crescimento de suas atividades e contribuem para geração de emprego e renda.
Por outro lado, a retenção destes clientes torna-se baixa, uma vez que os mesmos, com pouco tempo deixam de
tomar o crédito, e passam a andar com as “próprias pernas”, não precisando mais do apoio da organização.
Acredita-se que um impacto socioeconômico seria bem maior se os grupos de pessoas atendidos pelo programa
de microcrédito oferecido pelo Ceape fossem de cidadãos de baixa renda. Porém, esse grupo não necessita
apenas do crédito, mas também de capacitação e acompanhamento empreendedor, a fim de alcançarem um
resultado mais sólido.
Financiar empreendedores na condição de baixa renda ou extrema pobreza é algo que requer uma análise e
acompanhamento muito grande e contínuo, além de um risco de inadimplência relativamente maior. Talvez, seja
fator que gere um custo alto para as operadoras de microcrédito, que precisam manter o princípio da auto
sustentabilidade econômica, para sobreviverem no mercado, sendo um grande desafio a ser enfrentado.
Por fim, torna-se necessário buscar mecanismos que possibilitem a formação empreendedora de cidadãos
serrinhenses de baixa renda, que necessitam de apoio metodológico e financeiro para promover e desenvolver
suas atividades na economia local, contribuindo para diminuição do nível de pobreza do município.
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A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Ruan Guimarães
Bacharel em Administração pela Universidade de Santo Amaro - UNISA
RESUMO
Este artigo destina-se a explicar de forma clara e objetiva a importância da comunicação dentro das
organizações. Entende-se a comunicação como um processo interativo em dados, informações, consultas, e
orientações tracionadas entre as pessoas, unidades organizacionais e agentes externos a empresa. Visto que a
comunicação é vital para a empresa na sua estrutura e através dela se aprimoram conhecimentos e estratégias
para transmitir da melhor maneira a importância de seus serviços e produtos para o mercado de trabalho de
modo geral, este trabalho terá como metodologia a apresentação do início da comunicação organizacional no
período do fayolismo, abordando seus processos e o uso da comunicação como ferramenta de marketing. Os
gestores reconhecem a comunicação como um fator competitivo e conseguem transformá-la em uma arma
positiva para a organização. Desse modo, alavanca-se a imagem institucional e credibilidade comercial para o
mercado atuante, estreitando um relacionamento entre empresa, colaborador e cliente final.
Palavras-chave: Comunicação. Organização. Gestão de Pessoas.
ABSTRACT
This article is intended to explain clearly and objectively the importance of communication within organizations.
Communication refers to an interactive process in data, information, inquiries, and guidance drawn between
people, organizational units and agents outside the company. Since communication is vital for the company in its
structure and it allows knowledge and strategies to be improved to better transmit the importance of its services
and products to the labor market in general, this work presents the methodology of describing the beginning of
organizational communication in the period of Fayolism, approaching its processes and the use of
communication as a marketing tool. Managers recognize communication as a competitive factor and manage to
make it a positive feature for the organization. Therefore, the institutional image and commercial credibility for
the active market is strengthened, increasing a relationship between company, collaborator and final customer.
.Keywords: Communication. Organization. People management.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa à compreensão da importância da troca de informações no ambiente institucional,
apontando à comunicação como um dos fatores essenciais para o desenvolvimento do comportamento humano.
O engenheiro Francês Henry Fayol, ao dá início a Teoria Clássica abordou persistentemente essa importância,
ele aponta que para o êxito da organização é necessário que todos os colaboradores tenham em mente que os
objetivos da empresa também são seus objetivos, fazendo com que todos busquem utilizar seus melhores
recursos para aplicar em suas atividades. Desta maneira Fayol afirma “...que para o sucesso de uma empresa é
necessário o envolvimento de todos colaboradores” (HENRY FAYOL APUD CHIAVENATO, 2014, p. 85).
Os autores Marques e Caldas complementam que “A imagem que os funcionários têm da organização que
trabalham é a base da imagem externa. Não existe melhor estratégia de comunicação do que transformar seus
funcionários em verdadeiros embaixadores de sua empresa”. (MARQUES, 2004, p. 01).
Uma empresa pode alcançar o diferencial competitivo quando focar seus esforços na comunicação estabelecida
com seus colaboradores, e conseguir estimular a motivação destes ao fazer com que se sintam importantes, se
sintam partes do processo (CALDAS, 2010, p. 02). No entanto, a falta de comunicação ou sua utilização de
maneira incorreta pode trazer grandes transtornos dentro e fora deste ambiente, afetando de maneira direta e
indireta as pessoas que fazem parte da equipe e toda a produção na qual elas são responsáveis, podendo ainda
causar atrasos e inconformidades nos serviços e com isso gerando a insatisfação do cliente e afetando o processo
de fidelização.
A comunicação interna tem grande importância para o bom andamento do trabalho nos diversos setores de uma
empresa. Quanto mais informados acerca do cotidiano da corporação onde atuam estiverem os profissionais,
mais eles estarão envolvidos com a missão da empresa e, consequentemente, a produtividade será cada vez
maior. Assim como o aproveitamento do tempo, antes dispensado em conflitos gerados pela falta de informação.
(LIMA, 2009, p. 01)
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O autor Martiniano (2007, p. 156), afirma que a “má comunicação traz desgaste nas relações, agressões verbais,
perda de tempo com retrabalho, mal-entendido, suscetibilidade afetada, perca de motivação e estresse...” sendo
capaz de causar um ambiente desagradável e insustentável para equipe. A esse proposito o autor Tavares afirma:
Funcionários insatisfeitos com as condições de trabalho e com os próprios produtos
lançados, irão fazer uma contrapropaganda cada vez que multiplicam fora da
empresa a sensação de descontentamento que os dominam. E, caso estejam
satisfeitos com a empresa, poderão vendê-la para o cliente externo. Liderar é
comunicar para atingir os objetivos da empresa. (TAVARES, 2005, p. 22)
Martiniano também aponta diversas deficiências que a má comunicação pode causar, e ainda reafirma que esse
fator prejudica toda companhia. Portanto, é fundamental que as organizações reconheçam cada vez mais o papel
que a comunicação tem como estratégia em gerar vantagens competitivas capaz de aumentar a vitalidade da
empresa, buscando a união de todos os colaboradores, fazendo com que eles estejam envolvidos e juntos sejam
capazes de alcançar os melhores resultados.
Falconi acrescenta que a comunicação é também um processo de gerenciamento. È através desse processo que
se é possível traçar e indica-las para equipe orientando para que todos busquem melhor caminho para alcança-
las. Gerenciar é essencialmente atingir metas. Não existe gerenciamento sem metas [...] as funções operacionais
ocupam muito tempo das pessoas de uma empresa e são centradas na padronização. Não pode haver nada mais
importante! [...] para se atingir metas padrão é necessário cumprir os padrões existentes [...], portanto, gerenciar
é estabelecer novos padrões, modificar os padrões existentes ou cumpri-los. A padronização é o cerne do
gerenciamento. (FALCONI, 2004, p. 26).
O autor Bueno complementa afirmando que “Hoje não se pode imaginar uma empresa que se pretenda ser líder
de mercado e volte às costas para o trabalho de comunicação” (BUENO, 1995, p. 9).Todavia, este artigo
constitui-se na apresentação da comunicação organizacional partindo dos princípios da administração criado por
Henry Fayol na busca de consolidar esta ferramenta no ambiente institucional, ainda tendo em vista o enfoque
nos processos comunicativos e uso desta ferramenta como estratégia de marketing empresarial.
METODOLOGIA APLICADA
Este trabalho busca afirmar a importância da boa comunicação no ambiente interno das organizações, assim a
metodologia utilizada nesta pesquisa foi feita a partir de pesquisas bibliográficas, de cunho documental que
foram realizadas em diversos livros que abordam o tema, também foi feito pesquisas em artigos para entender a
visão dos vários autores que abordam o assunto. Desta forma, houve a necessidade de realizar práticas de
vivencia em campo para atingir os melhores resultados e apresentar uma pesquisa enxuta, objetiva e de fácil
compreensão. Espera-se que este trabalho possa servir como suporte para um melhor entendimento das questões
que permeiam a comunicação organizacional e que possa suscitar novas discussões que propiciem um maior
entendimento sobre o assunto.
1 EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO E GESTÃO
Anteriormente, o homem não era visto como um colaborador, mas como uma máquina que deveria ter todos os
seus recursos esgotados para adquirir os lucros esperados. Assim, a visão de que se tinha do homem na
organização era que: O homem é visto como maquina, onde a empresa visa apenas o trabalho e o lucro
(CHIAVENATO, 2014).
Henri Ford, conhecido como pai da teoria clássica, assumiu a direção de uma mineradora em falência, fazendo
uso de suas pesquisas criou quatorze princípios gerais de administração, que trazia o homem como um fator de
grande importância para a organização, agregando valores e responsabilidades ao colaborador dentro da
empresa. Segundo Fayol apud Chiavenato:
A administração deve se basear em leis ou princípios, Fayol definiu os principiais da
administração, sistematizando sem muita originalidade, porquanto os coletou de
diversos autores de sua época. Ele adota a denominação princípio, afastando dela
qualquer ideia de rigidez, pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria
administrativa (FAYOL apud CHIAVENATO 2014, p. 85).
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Ele ainda afirma que tudo em administração é questão de medidas, ponderação e bom senso (CHIAVENATO,
2014). Os quatorzes princípios da administração segundo Fayol são:
1. Divisão de trabalho;
2. Autoridade e responsabilidades;
3. Disciplina;
4. Unidade de comando;
5. Unidade de direção;
6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais;
7. Remuneração do pessoal;
8. Centralização;
9. Cadeia escalar;
10. Ordem;
11. Equidade;
12. Estabilidade do pessoal;
13. Iniciativa;
14. Espirito de equipe.
Fayol ainda entendeu uma outra necessidade e criou a departamentalização. “Fazendo com que cada setor existe
um responsável onde os demais colaboradores respondessem a ele os resultados obtidos diariamente, e em
seguida o responsável pelo setor se dirigia ao seu superior para passar as informações obtidas. Assim, criando
uma inteira comunicação entre gerentes, supervisores e operários. ” (HENRY FAYOL apud BOTELHO, 2013,
p. 01).
Para um bom desempenho dentro da organização, um dos fatores de alta relevância é a comunicação. Visto que a
comunicação se tornou um ativo fundamental para desenvolver ideias e gerir equipes, sem ela não haveria outro
modo sensato e prudente para a tomada de decisão. Para que cada um saiba sua função dentro de uma
organização é necessária clareza na transmissão das informações evitando assim possíveis erros que possam
ocorrer pelo caminho, ocasionando dificuldades na compreensão dos dados tracionados entre as pessoas.
O autor Dubrin (2003) expôs oito fatores de alta relevância que representa o processo de comunicação dentro das
empresas de maneira objetiva. São eles:
Fonte ou transmissor;
Mensagem;
Canal;
Receptor;
Feedback;
Ambiente;
Ruído;
Comunicação não verbal.
Em 2007, Rebouças de Oliveira reafirmou o conceito de Dubrin (2003) porém de maneira simplificada. Ele
aponta sete componentes que fazem parte da comunicação no cotidiano organizacional e compreende a
importância desses processos representa. São eles:
O que deve ser comunicado;
Como deve ser comunicado;
Quando deve ser comunicado;
De quem deve vir à informação;
Para quem deve ir à informação;
Por que deve ser comunicado; e
Quanto deve ser comunicado.
A comunicação é um fator de grande importância para o resultado final de uma organização, é necessário manter
uma a interação entre todos os setores através de uma ampla conversação sobre as metas, e as estratégias que
serão traçadas para que ocorra atingimento da mesma. Oliveira (2007) indica a existência de três níveis da
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comunicação que são capazes de influenciar a estrutura organizacional. São eles o nível estratégico, nível tático e
nível operacional, sendo que o fluxo da comunicação possa vim a ocorrer em diversas posições. Oliveira
apresenta os níveis de influência para organização.
Figura 01 – tipos de planejamento nas empresas
Fonte: oliveira (2007)
O nível estratégico ou gerência enxerga a operação ao longo prazo, o tático ou intermediário em médio prazo, e o
nível operacional enxerga em curto prazo. No entanto, para o sucesso da operação se faz necessário um cuidado
especial de como o planejamento é feito e passado para os demais colaboradores, pois é importante ressaltar que
a linguagem deve ser clara e coesa para que todos os níveis possam compreender e repassar as informações para
seus subordinados fazendo com que a empresa mantenha foco e tendência de crescimento ocasionando o mínimo
de erros. O fluxo da comunicação segundo Oliveira:
Horizontal, realizado entre unidades organizacionais diferentes, mas do mesmo nível hierárquico;
Diagonal ou transversal, realizado entre unidades organizacionais e níveis diferentes; e
Vertical, realizado em níveis hierárquicos diferentes, mas na mesma área de atuação (OLIVEIRA, 2007 p.
81).
2 MARKETING COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO
O Kotler (2016) afirma que marketing tem como conceito um conjunto de técnicas e métodos destinados ao
desenvolvimento das vendas, mediante quatro possibilidades: preço, distribuição, comunicação e produto.
É através do marketing que a empresa consegue manter uma relação de interação com seu cliente, esta
ferramenta, ao longo de tempo, tem se destacado de forma crescente como estratégia de comunicação, criando
mecanismos capazes de incrementar o processo gerencial. Segundo Souza et al. (2009, p. 6); e Souza “o
marketing tático organizacional vem sendo utilizado para influenciar as percepções das pessoas, promovendo a
transmissão clara das mensagens, baseando-se na ideologia, que toda empresa assume um papel de
comunicadora perante a sociedade, seus colaboradores e fornecedores”.
O autor Matos acrescenta que a relação da empresa com seu público interno e externo, envolvendo um conjunto
de procedimentos, técnicas e estratégias, destinados à intensificação do processo de comunicação e à difusão de
informações sobre as suas atuações, resultados, missão, objetivos, metas, projetos, processos, normas,
procedimentos, instruções de serviço etc. É um recurso estratégico de gestão, que, quando bem aproveitado pode
garantir o funcionamento coeso, integrado e produtivo da empresa. Informar é favorecer a formação de opinião e
consolidar princípios e valores da empresa. (MATOS, 2009, p.72)
Portanto é fundamental que as organizações reconheçam a interligação dos processos de comunicação e
marketing como estratégia, agregando o marketing organizacional como uma ferramenta persuasiva com um
retorno a médio e longo prazo, assegurando a identificação das ameaças e benefícios que o macro ambiente pode
trazer.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo foi possível compreender a importância da comunicação, dentro e fora do ambiente
empresarial. Como também a auto relevância em seguir seus processos para que a troca de informação aconteça
de maneira integra, clara e objetiva do início ao fim da atividade organizacional. Também foi observado que a
comunicação é uma forte estratégia de abrangência de mercado, fazendo uso da interligação da ferramenta
comunicação e marketing para que aconteça um feedback entre a organização e o público alvo no período de
médio a longo prazo.
Portanto, conclui-se que o comportamento organizacional não é somente visto por todos os colaboradores, mas,
por toda a sociedade. Um clima harmonioso demostra a qualidade e o prazer em colaborar com a organização.
Assim, a interação entre pessoas é fundamental para cumpri com os objetivos, mas também para novas
prospecções de mercado.
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Anais do 4º Fórum Regional de Administração – 2017 – Faculdade Sete de Setembro – Paulo Afonso-Bahia – ISSN 2359-6279
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ALIENAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA E OS PROCESSOS EDUCACIONAIS DE
ALFABETIZAÇÃO.
Jacques Fernandes Santos
Mestre em Gestão do Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Pernambuco – UPE/FCAP
Vinícius Silva Santos
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe - UFS
Naiane Costa de Jesus Santos
Graduanda em Arqueologia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VIII
RESUMO
Este artigo busca compreender os processos de aprendizagem vivenciados no cotidiano escolar por alunos e
professores, sobretudo, nos processos de alfabetização. Relacionando aprendizagens individuais e partilhadas
pelos sujeitos humanos como formas fundamentais e fundantes na construção de autoafirmação e/ou
diferenciação de si. Destaca-se nesse trabalho a importância da linguagem no processo de hominização e
humanização do homem na propagação de sua cultura, sendo também elemento de comunicação e interação
pedagógica. Conclui-se que as aprendizagens vivenciadas e partilhadas estão relacionadas à aquisição de
conhecimentos e a significação que a criança usa para se autoafirmar ao diferenciar-se de si e do outro (colega
e/ou professor). Por isso mesmo, tais reflexões são necessárias enquanto provocação epistemológica sobre o
lugar da aprendizagem na escola contemporânea, atravessada por uma série de processos que cabem como
análise para o campo da educação.
Palavras-chave: Aprendizagem. Cultura. Escola. Conhecimento.
ABSTRACT
This article seeks to understand the learning processes experienced in school life by students and teachers,
especially in literacy processes. Relating individual learning and shared by human subjects as fundamental and
foundational forms in the construction of self-affirmation and / or differentiation of self. In this work, the
importance of language in the process of humanization and humanization of man in the propagation of his
culture is emphasized, being also an element of communication and pedagogical interaction. It is concluded that
the experiences experienced and shared are related to the acquisition of knowledge and the meaning that the
child uses to assert himself by differentiating himself and the other (colleague and / or teacher). For this reason,
such reflections are necessary as an epistemological provocation about the place of learning in contemporary
school, crossed by a series of processes that fit as an analysis for the field of education.
Keywords: Learning. Culture. School. Knowledge.
INTRODUÇÃO
A pesquisa enquanto processo para a produção de conhecimento finalizando proporcionar respostas a
problemáticas pré-concebidas, desenvolve-se a partir da utilização de métodos, técnicas e procedimentos
científicos. Considerando que produção do conhecimento e os instrumentos teórico-metodológicos utilizados
para a interpretação do mundo passam por uma evolução e transformação constante no decorrer da história da
ciência.
Desse modo, ressalta-se a necessária atenção dos intelectuais para as formas invisibilizadas de poder que
permeiam o lócus de produção do conhecimento, mesmo fazendo parte dos sistemas de poder, que são capazes
de proibir e deslegitimar o discurso e o saber. A práxis cientifica requer renovação, interativa que remonta ao
nascimento do pensamento científico, numa postura contra hegemônica, com reações e inovações teóricas-
metodológicas rupturas paradigmáticas imprescindíveis no exercício de um intelectual que se imponha contra
essa sutil trama da sociedade, principalmente no campo acadêmico. É nesse contexto que este estudo busca-se
compreender as relações que permeiam o ambiente escolar, analisar as aprendizagens dos alunos, seus conflitos
com esses processos, suas afirmações e negações de si e dos novos conhecimentos, bem como do sujeito
professor.
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O texto foi estruturado em tópicos, no primeiro utilizamos Macedo (2000) e Larrosa (2006) como aporte teórico,
onde convergem na ideia de autonomia e alteridade do ser, afirmando a relação dos sujeitos nesse processo de
transformações contínuas. Buscamos um aprofundamento nos conceitos com os autores Larraia (2009), Cagliari
(1997, 2003), relacionando-os num sentido a deixa claro que a linguagem se desenvolve não apenas num sentido
semântico, mas também num sentido psicossocial, mudando assim a sua forma de pensar a realidade, em um
processo sócio-histórico-cultural, ou seja, a linguagem e o homem se adaptam a evolução.
Pode-se então afirmar que, a transformação social do indivíduo passa pela escola, é na escola que aprendemos a
viver em sociedade, aprendemos e ensinamos que somos diferentes, o educador é por assim dizer, herdeiro de
tradições, e transmite a sua cultura.
1 EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
Somos seres em constante trans/formação, enquanto educadores, enquanto pais, alunos, cidadãos, enquanto seres
autônomos da nossa história. Sabe-se assim que podemos inventar e reinventar os nossos desejos e projetos.
Então por que quando se trata do “outro”, não consideramos algumas dessas questões, desconsiderando a
autonomia do aluno e a sua capacidade criadora, como se pudéssemos inscrever neles uma “verdade absoluta”,
negando então a sua verdade, a sua alteridade, considerando-o como alguém onde os saberes, os conhecimentos
podem ser depositados, achando que “A infância é algo que nossos saberes, nossas práticas e nossas instituições
já capturaram: algo que podemos explicar e nomear, algo sobre o qual podemos intervir, algo que podemos
apreender” (LARROSA, 2006, p.184). Pois foi dessa forma que nós também aprendemos um dia.
Esta é a sociedade do eu, que sustentou por muitos anos à subordinação inferiorizante como prática significativa,
transformando consciente ou inconscientemente aluno e professor em reféns do sistema alienador do
conhecimento, sugerindo ser o professor o detentor do saber, então somente ele tem voz na sala, passando então
o aluno a se autonegar.
Sendo assim, a criança em sua relação com o meio, perpassa as nossas apreensões, pois cada um é um ser
individual. Estas considerações não são vistas como importantes, e aceitas facilmente pelos educadores, pois
tornam-se algo que escapa ao nosso saber a medida que o sabemos. “Seres estranhos dos quais nada se sabe,
esses seres selvagens que não compreendem a nossa língua”. (LARROSA, 2006, p.186), algo conhecido que se
torna estranho, pois diferenciamos aluno e professor, até mesmo pelas questões de poder que se institui em todas
as relações, considera-se que somente aqueles que estão ali para aprender é que de fato aprendem, e que o
professor detém todo o conhecimento.
Não se trata de igualar aluno e professor, mas afirmamos que os dois estão em processo de aprendizagem
continua devendo considerá-las e vivenciá-las de fato no cotidiano escolar, consideramos o pensamento como
algo inacabado no ser humano tanto aluno quanto professor, estando em processo de construções, onde através
das representações inventam e reinventam a realidade na qual se inserem. Não havendo mais estranheza entre os
agentes do conhecimento.
A invenção do outro é a mediação sobre a identidade e a diferença, sendo que este “não é uma entidade
independente daqueles que a representam, ou uma força autônoma que é exercida sobre a mente dos indivíduos”
(MACEDO, 2000, p.54). Sendo este outro a minha diferença inventá-lo é compreender-me a mim mesmo.
Desde a antiguidade busca-se nos explicar, nos significar, assim estudamos as diferenças de comportamento
entre os homens ao longo da história, ressaltamos então, a força da cultura presente nessas construções de si e do
meio, sendo vista como uma força que age e que também é resultante de ações, projetando-se acima dos atores
sociais e guiando suas ações, ao analisar sobre a cultura e a sociedade do outro, o eu refleti sobre si.
A natureza do homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e
transmissão da sua forma particular e exige organizações físicas e espirituais, ao conjunto das quais damos o
nome de educação. (BRANDÃO, 2007, p.14)
O professor nessa perspectiva deve analisar o ambiente escolar como um todo cultural, onde não haverá mais
afastamento entre aluno e professor, deixando de ser dois seres estranhos vindos de mundos e realidades
diferentes, pois este passa a compreender as construções e mediações de culturas que permeiam o ambiente
escolar que estão intimamente ligados na história e no tempo, e são indissociáveis da realidade do educador,
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podendo este outro (aluno), até mesmo transformar a cultura do eu (professor), num exercício de sair de si
mesmo para que a sociedade do outro se mostre tal, como ela é:
O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que
chamamos de endoculturação. Um menino e uma menina agem diferentemente não
em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.
(LARAIA, 2009, p.19-20).
Só haverá uma transformação coletiva, através de uma transformação individual, e está só se dará por meio de
uma autoconsciência de si, da sua cultura e do seu papel na sociedade, essa autoconscientização individual será
possibilitada por meio de uma educação democrática, uma educação que vise à autoafirmação do sujeito, como
sendo autor de sua história.
A vocação do homem é ser sujeito de sua história, é preciso tomar consciência de sua realidade, de sua condição
sociocultural para que lhe seja possível uma mudança, tal processo é importante, vivenciado pelo ser durante a
sua formação. Focamos aqui a alfabetização, por ser o momento em que a criança está mais aberta, daí a
importância de um método que busque a conscientização do indivíduo presente nesse momento, “alfabetizar-se
não é aprender a repetir palavras, mas a dizer a sua palavra, criadora de cultura” (FREIRE, 2008, p. 19), sendo
esses processos fundamentais na perspectiva de alfabetização, dizer a sua palavra é saber falar de si, ter o seu
pensamento formado (e em formação) não por alguém, mas pelo seu processo criador natural e fundamentado
pelo educador.
Para Goleman, (2007) a aprendizagem emocional visando o controle das emoções, faz parte de uma
aprendizagem de si, penso que, ao passo que controlamos as nossas emoções, os nossos impulsos, passamos a
perceber os nossos limites e potencialidades, isto acarreta em uma autoconsciência de si, do seu próximo e da
realidade que o cerca. Esta autoconsciência por sua vez gera uma autoafirmação de si, onde este passa a aprende
a gostar do que faz pelo ato de fazer, e não mais por que lhe foi imposto. Para que a criança aprenda a criar e não
a reproduzir. “A criança vê, entende, imita e aprende com a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a
coisa” (BRANDÃO, 2007, p.18). A imitação do outro faz parte da aprendizagem, mas que não permaneça
apenas nesse sentido, pois pensar a educação é compreender que nem tudo são normas e homogeneização, sendo
a outra condição irremediável para a construção do conhecimento.
2 PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO LINGUISTICO E SUSTENTABILIDADE
Pensando nas ciências enquanto campo de conhecimento discursivamente formado, é imprescindível discorrer
sobre discurso. Inicialmente as ideias de Chauí (1980, p.07) informam “o discurso competente é aquele que pode
ser proferido, ouvido e aceito como verdadeiro ou autorizado [...] por que perdeu os laços com o lugar e com o
tempo de sua origem”.
O método de produção do conhecimento linguístico prescinde um corpus discursivo de análise. O toque no
objeto é realizado através da análise semântica, sintática e pragmática da linguagem em suas dimensões
expressas na tipografia material do texto. As analises textuais se manifestam e nos ocultam como sujeitos
próprios que expressam práticas circunstanciais.
Sendo assim, através das relações sociais estabelecidas pela linguagem é que foi possível ao homem ultrapassar
os limites da experiência sensorial, passando a organizar-se de formas mais complexas de comportamento e
ação, são tais fatos que nos tornam seres históricos e cívicos, homem e sociedade formam uma totalidade. O
poder da palavra para o ato educativo significa a liberdade da classe oprimida, “Não há dialogo [...] se não há
humanidade”. (FREIRE, 2005, 92).
O desenvolvimento do pensamento, assim foi determinado pela fala, através dela o homem reflete a sua
realidade, conhece os significados da sua geração e de suas características únicas e válidas para aquele momento
histórico.
A linguagem se desenvolve não apenas num sentido semântico, mas também num sentido psicossocial, mudando
a sua forma de pensar a realidade, em um processo sócio-histórico-cultural. Assim se dá o desenvolvimento da
importância da educação para formalizar o saber, passar para as próximas gerações o conhecimento adquirido e
desenvolvido na geração atual, a linguagem e o homem se adaptam a evolução. O homem é a sua história.
Sabemos que a Educação não se realiza somente através da comunicação, e nem sempre nos fazemos
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compreender quando pronunciamos palavras, o nosso discurso mesmo que por muitas vezes seja eloquente e
cheio de verdades, não servirá muito se os ouvintes não estiverem compreendendo o que exatamente estamos
dizendo.
O que é importante para quem ensina pode não ser importante para quem aprende. A ordem da aprendizagem é
criada pelo indivíduo, de acordo com sua história de vida, e raramente acompanhada passo a passo a ordem de
quem ensina (CAGLIARI, 1994, p.37).
Mas que este seja um meio pelo qual, nos utilizamos para verbalizar e potencializar os meios educacionais. Há
muitas maneiras de aprender, que não estão somente centrados no que o professor faz ou deixa de fazer, mas
também é preciso deixar o aluno usar a sua imaginação, sua criatividade.
Alguns professores desconsideram a capacidade do aluno, não levam em consideração a aprendizagem que eles
já tinham antes de ingressarem na escola, pois todos sempre sabem alguma coisa, não passam a aprender a partir
do momento que começa a sua vida acadêmica, no entanto nesse processo de aprendizagem segundo Cagliari
devemos levar em consideração que “o aluno só pode ter certeza que de fato aprendeu algo, quando, por
iniciativa própria, conseguir utilizar adequadamente os conhecimentos que são objeto do seu processo de
aprendizagem”. (CAGLIARI, 1994, p.40). Compreender a linguagem do outro é fundamental para que haja
aprendizagem.
Compreender a natureza da produção do motivo e da finalidade nos atos de linguagem, sendo esta uma
competência e o discurso um fenômeno social, que constitui um dos veículos mais importantes da produção de
sentidos, num sistema ideológico, ou seja, a vida social se constitui através da linguagem do dia-a-dia.
(MACEDO, 2000, p. 60).
Esse fato ocorre, sobretudo, na Alfabetização, pois é o encontro de diversas formas de expressão e novas formas
de aprendizagens, expressão de crianças de culturas diferentes, de formas de pensar e expressar-se
diferentemente, cada um aprende no seu tempo. E como lidar com tantas idiossincrasias? Este é um exercício
diário, pois a educação é diária e não pode ser considerada como um processo acabado.
Considera-se sempre o caráter inacabado do pensamento nas diversidades das práticas humanas, onde
reinventam a realidade via as interações criadas. Assim pode se desenvolver trabalhos na construção da
autonomia do indivíduo a partir do diálogo, justamente pelas diferenças, é possível tirar grandes benefícios
dessas idiossincrasias, mostrando as potencialidades de cada um, justamente por cada um ser único.
A educação democrática então, não seria aquela que envolve todos em um sistema de aprendizagem válido para
todos, onde todos pudessem aprender da mesma forma, pois sabemos que tal fato, não seria possível, pois nem
todos aprendem da mesma forma, nem todos acompanham da mesma maneira o mesmo exercício, assim
estaríamos trabalhando com a homogeneização e sabemos que esta pretensão não é considerada principalmente,
nos métodos de linguagem. Cagliari defende que “sem a linguagem oral sequer poderia haver linguagem escrita”
(CAGLIARI, 1997, p.87) e Macedo também nos fala sobre este mesmo pressuposto.
Não há homogeneização semântica, pois os contextos são impregnados de sentido e significados diferentes a
cada locutor, bem como a linguagem representa e constitui poderes significantes apenas a sociedade que o
constituiu (MACEDO, 2000, p.61).
É importante observarmos como essas palavras são utilizadas, pois devem existir considerações semânticas e
sintáticas. Fazer-se compreender não consiste simplesmente em incorporar dados já feitos ou constituídos, mas
oportunizar momentos para que os alunos criem, reinventem, usem a sua palavra vinda da sua própria realidade,
através da própria atividade do sujeito.
3 A ESCRITA
Os métodos que utilizados aqui como exemplo são os de Cagliari (2003) e o de Freinet (1998). Ambos
convergem na ideia de que a escola não considera a fala natural do aluno, desejando impor-lhe um conhecimento
“a escrita”, que muitas vezes não lhe é própria, sendo de difícil assimilação.
A fala natural assim é descaracterizada pelo processo de silabação, para ler é preciso silabar, aprendendo
separadamente letra por letra, sendo contraditório desejar que esse mesmo aluno aprenda a lê com fluência.
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Desejando que “os alunos interpretem os fenômenos fonéticos da fala, tendo como modelo a forma da escrita e
não a realidade fonética” (CAGLIARI, 1997, p.85), porém a fala funciona diferente da ortografia, levando-os a
confundirem fatos da fala com fatos da escrita, os professores acabam por julgá-los como possuindo algum tipo
de dificuldade de aprendizagem, este espera que o aluno aprenda a função da linguagem e da escrita, num
sistema em que não se sente motivado, pois essa técnica não traz nenhuma significação para a sua realidade.
A leitura é realizada por meio de decifração da escrita, obrigando os alunos a acompanharem com os olhos letra
por letra, e quando acabam de ler não são capazes de lembrar o que leram, a cartilha prefere leituras coletivas
para testar se os alunos aprenderam, levando-os a realizarem uma leitura artificial, “[...] um insulto a
racionalidade da pessoa”. (CAGLIARI, 1997, p.95).
Então esse aluno aprende apenas a dominar e reproduz o que o professor passou, não precisa pensar por que
acertou ou errou apenas saber que acertou ou errou, por este fato, focalizam-se nas notas que obterão com a
avaliação e não (com) na aprendizagem que está sendo agregada aos seus conhecimentos já existentes. Sem uma
visão clara do que seja um sistema alfabetizador com propostas sérias, interessadas no desenvolvimento
intelectual do aluno, com visão no conhecimento e não na mecanização do conhecimento, este aluno passa por
este sistema alfabetizador sem ser alfabetizado. Deste modo, esses alunos crescem preocupando-se sempre em
serem aprovados, em realizar o que os outros iriam gostar que realizassem, e deixando de lado o verdadeiro
sentido do processo escolar, a aprendizagem, a busca do conhecimento, a busca pelo novo, pois ficam
condicionados e não percebem que estão condicionados.
Esse processo é tão forte em cada pessoa que são capazes de carregar essas marcas para o resto da vida e em
todo o âmbito de sua existência, e até reproduzindo esse comportamento sem a devida percepção. É nesse
contexto que percebo a importância da significação nos processos de aprendizagem que seja válida para o aluno,
onde os professores estejam preocupados com a formação integral deste, que futuramente estará envolvido
diretamente na sociedade, levando o aluno a sua autonomia através do seu autoconhecimento, da sua
autoafirmação como um ser completo envolvido com as problemáticas da sociedade, levando-o a perceber que
ele é um ser formador e transformador dos processos existentes. Os métodos que foram mostrados por Cagliari
(2003) levam-nos a perceber a importância dos processos para a aprendizagem; centrados na reflexão e
utilizando-se da linguagem como expressão do pensamento, para que o professor conheça a potencialidade dos
seus alunos, ele deverá dá liberdade para que esse se expresse, participe em sala de aula, façam desenhos livres,
incentivar o aluno em todos os aspectos de alfabetização.
Os métodos podem ser tanto alienador focado apenas no ensino, ou de aprendizagem válida para o aluno durante
toda sua vida. O método da cartilha, é muito antiquado e não leva nenhum tipo de crescimento para o aluno, leva
apenas ao condicionamento deste a fazer apenas o que o professor manda, a pensar o que o professor quer que
seja respondido, o que o professor quer que seja pensado, é um verdadeiro “adestramento cerebral”, fazendo-o a
esquecerem-se de sua autonomia e liberdade, o aluno fica sempre condicionado ao que o professor quer e não
realiza assim a sua criatividade, a sua liberdade de expressão, deixando o aluno num verdadeiro sistema
alienador.
A alfabetização deve procurar potencializar a expressividade do aluno através de métodos efetivos para a sua
aprendizagem e autoconscientização como um ser cidadão, e não podemos concordar com métodos que apenas
concorrem para a reprodução do conhecimento. O conhecimento é um processo de criação do novo que
promovem rupturas e reconstruções. Porém é preciso a implantação de políticas públicas efetivamente
envolvidas com os problemas escolares, para que tais pretensões sejam realizadas e professores comprometidos
com o seu trabalho, percebendo que o seu papel é também político, social e, sobretudo humano.
Freinet (1998) apresentando-nos as suas formas práticas de educação, desenvolvidas em passeios ou estudos de
campo, cantinhos pedagógicos e as correspondências entre as escolas que, a partir destes, o aluno sentia-se mais
livre para expressar o seu aprendizado e, partilhar com seus colegas e professor, fazendo com que o professor
saísse de seu mundo individual. Revela-nos que é possível trabalhar a livre expressão do aluno na escrita,
colocando no papel as suas vivencias; assim sendo, de maneira prazerosa, possibilitando ao professor observar o
desenvolvimento social do aluno, através da interação deste com seus colegas e com o professor, possibilitando
uma dialogicidade de partilhas e vivencias em comum, refletindo num empenho em aprender por prazer,
aprendendo de forma prática, facilitando a aprendizagem teórica. "Freinet sempre acreditou que é preciso
transformar a escola por dentro, pois é exatamente ali que se manifestam as contradições sociais" (ELIAS,
2001).
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Pois qual o sentido da escrita para a criança? Que sentido tem para ela fazer o que o professor lhe manda fazer,
se estas atividades educacionais não estiverem voltadas para o seu interesse? De nada adiantará ficar horas
sentado olhando o professor alfabetizador lhe falando de coisas que nada fazem sentido, este aprendizado deve
estar voltado, sobretudo para as suas práticas vivenciadas cotidianamente em sala de aula ou não,
potencializando a sua criatividade. A alfabetização focando a expressividade da criança, que se dá pela
motivação, cooperação e a afetividade, desenvolve laços numa relação de confiabilidade entre aluno e professor,
sendo este método de Freinet de grande importância para um novo olhar do professor alfabetizador sobre o
universo individual de cada criança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A transformação social do indivíduo passa pela escola, é na escola que aprendemos a viver em sociedade,
aprendemos e ensinamos que somos diferentes, o educador é por assim dizer, herdeiro de tradições, e transmite a
sua cultura, seus valores, suas crenças, transmite também o seu amor pelo seu trabalho, através da educação, pois
Freire nos diz que “educar é um ato de amor”, e quando procura-se vivenciar a educação, de maneira efetiva e
afetiva, o ensino/aprendizagem torna-se natural, deixando de ser obrigatório, “quando as ideias são entendidas e
são apropriadas de forma encarnada por aqueles que procuram compreende-las, edifica-se uma abertura e o
fenômeno da educação tende a se mostrar” (MACEDO, 2000, p.43).
A partir da valorização da cultura do outro, podemos compreender que não há transmissão social sem o processo
de educabilidade desvinculado de vivências, assim como a educação constitui-se em bases para mostrar um
conjunto de transformações sociais e individuais, onde o homem encontra-se nessa incessante busca de
aprimorar-se cada vez mais às exigências da sociedade e exigências individuais. Comprometer-se com a
educação que está transmitindo e também com a educação que está recebendo, sabendo e percebendo que todos
têm o direito de uma educação de qualidade, em uma visão humanista, respeitando o outro por suas diferenças e
limites, pois todo o homem está num processo de permanente construção. O educador deve estar capacitado para
perceber que “cabeça e coração precisam um do outro” (GOLEMAN, 2007), e que o educando é um ser
completo, não podendo aprender apenas pela inteligência racional e desconsiderando a inteligência emocional.
Para que o professor consiga realizar um bom trabalho ele deve considerar a realidade do aluno e trazer
significações para a sua prática envolvendo o aluno, pois desconsiderar essas questões, é desconsiderar que o
aluno é um ser completo, é desconsiderar que a aprendizagem pode ser apreendida pelo aluno ou não se este não
desejar. Percebemos que a significação na vida do indivíduo deve ser levada em consideração para que este
consiga manter o equilibrado entre razão e emoção, e possa aprender não apenas por questões sociais, mas
também pessoais.
Sabe-se que as motivações que levam os indivíduos a sentirem-se estimulados a aprenderem algo podem ser
variadas e individuais a depender da situação de cada pessoa. De todas essas colocações, as que usamos em sala
de aula é sem dúvida o prazer. Enquanto educadores tentamos chamar a atenção das crianças com coisas
interessantes, engraçadas, histórias teatrais, jogos, desenhos, pinturas, etc. para que as crianças sintam prazer em
conhecer algo diferente, até mesmo diferente de sua vida particular, no caso de crianças que nunca tiveram
contato com a leitura antes de ingressarem na escola. Então o professor deve estimular a imaginação da criança
por meio do prazer, para que este sinta-se estimulado a aprender, pois as crianças aprendem mais por meio da
experiência sensitiva, e não ficam quietas sentadas ouvindo o professor um dia inteiro, sem ter se distraído ou se
levantado inúmeras vezes. Por tanto, em sala de aula tudo deve estimular o sorriso, a descoberta, a alegria de
novas emoções.
Ensinar, nem sempre significa aprender, ensinar pode ser simplesmente transmitir informações, sobretudo nas
aulas exaustivas de matemática, com suas inúmeras fórmulas decorativas, no entanto se o aluno compreender o
que está sendo ensinado, o motivo das fórmulas por meios claros e envolvendo a sensibilidade do aluno, através
da experiência, de métodos experienciais tocando pegando, sentindo ficará muito mais fácil para o aluno lembrar
as fórmulas posteriormente. Levar essas considerações como prática educativa em sala de aula e refletir sobre
seus processos e metodologias é de grande importância para que não psicologizem problemas individuais por
não saberem lidar com um aluno considerado indisciplinado.
Sendo alunos e professores sujeitos da ação educativa, participes do processo de construção do conhecimento,
portanto, atores sociais que constroem a epistemologia escolar comprometidos e envolvidos numa perspectiva
educacional construtora de significados em comum, através, sobretudo do diálogo, pois a palavra é ação e somos
seres de linguagem, assim também seres de cultura, construtores do amanhã firmados em uma perspectiva
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evolutiva. Estamos em constante processo de transformação. Processos de construção de identidades, em todos
os ambientes em que vivemos, por isso a escola não é nem deve ser a única interessada na educação do aluno,
mas tem papel de grande importância na formação da identidade ou identificação do mesmo. O professor pode
assim enxergar além do que vê, além do que se apresenta, pois dentro de todos existe a busca pelo novo, pelo
desconhecido, a busca pelo conhecimento, e instigar esse desejo no aluno para que este saiba encontrar por si as
respostas para as questões que procura. Aquilo que o aluno vai desejar irá depender do que ele vê no outro,
devendo haver trocas constantes de aprendizado para que haja evolução no pensamento e na ação educativa.
Desse modo, pensar no processo de construção do conhecimento vai muito além da adaptação daquilo já posto
na estrutura da escola. Mais que isso, é arte, é criatividade possível em sala de aula, é surpreender a si mesmo
diante dos obstáculos que a vida lhe apresenta. Evolução é olhar o infinito e desejar alcançá-lo, é caminhar sem
olhar para trás para contar os passos dados, ou se arrepender dos passos perdidos no meio do caminho. Por fim,
pensar numa epistemologia escolar compreende pensar nos processos de construção da linguagem na escola,
sendo necessário pensar em espaços capazes de cultivar o imprevisto, impreciso, o seu destino seja “o infinito”,
com o objetivo de tornar a escola como espaço favorável à aprendizagem e produção de saberes.
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ELIAS, Maria Del Cioppo. Célestin Freinet: Uma pedagogia de atividade e cooperação. 5 ed. Petrópolis, RJ.
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LARRAIA, Roque de Barros, (1932), Cultura: um conceito antropológico, 23. ed, Rio de Janeiro, Editora Jorge
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LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana. 4 eds. Editora: BL Autentica, 2006.
MACEDO, Roberto, Sidnei, A Etnopesquisa Multireferencial nas Ciências Humanas e na Educação. In
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TEIXEIRA, A. Elson (1998). Aprendizagem e Criatividade emocional. Rio de Janeiro, RJ. Editora Makron
books do Brasil LTDA.
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O MARKETING DE RELACIONAMENTO ENQUANTO FERRAMENTA PARA A CONSTRUÇÃO
DA EQUIPE DE VENDAS.
Jacques Fernandes santos
Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Pernambuco – UPE
Vinícius Silva Santos
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe - UFS
Letícia Rodrigues dos Santos
Bacharel em Administração pela Faculdade Sete de Setembro – FASETE
RESUMO
Este artigo apresenta um olhar direto e técnico sobre a contribuição do marketing de relacionamento como
instrumento de mobilização e comprometimento da equipe de vendas, sendo fator substancial para o sucesso do
processo. Ele foi desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas que buscaram compreender algumas
ferramentas como o Endomarketing, Marketing Direto, Mix de Marketing e Fidelização de Clientes. Por fim,
conclui-se que o Marketing de relacionamento amplia as oportunidades de capilaridade e motivação da equipe de
vendas sendo um fator agregador para sua manutenção.
Palavras-Chave: Marketing, Liderança, Treinamento & Desenvolvimento.
ABSTRACT
This article presents a direct and technical look at the contribution of relationship marketing as an instrument of
mobilization and commitment of the sales team, being a substantial factor for the success of the process. It was
developed based on bibliographic research that sought to understand some tools like Endomarketing, Direct
Marketing, Marketing Mix and Customer Loyalty. Finally, it is concluded that Relationship Marketing extends
the opportunities of capillarity and motivation of the sales team being an aggregating factor for its maintenance.
Keywords: Marketing, Leadership, Training & Development.
INTRODUÇÃO
O mercado atual vive uma era de ampla concorrência e competição dentro de um ambiente globalizado,
concorrência essa que cresce não somente entre os adversários tradicionais, mas também em segmentos
específicos de negócios. Com isso, as empresas não podem ficar confiantes em sua participação no mercado,
tampouco em sua posição competitiva.
Nessa análise, faz-se necessário que as organizações criem estratégias de mercado que possibilitem melhor
relacionamento entre cliente e organização, pois os clientes estão cada vez mais exigentes e obtendo mais
produtos e serviços na forma de valor agregado.
O desafio do marketing é decodificar o modo de pensar, de compreender e lidar com a realidade, oferecendo as
informações necessárias para que os executivos possam tomar decisões, com base no conhecimento do ponto de
vista do cliente.
O diálogo e a construção de relacionamentos estáveis e duradouros com os clientes surgem como resposta ao
desafio imposto ao marketing pelas mudanças no ambiente competitivo, no comportamento do consumidor e,
principalmente, pela expectativa de como deseja ser “atendido”. (BRETZKE, 2000)
Nesse contexto, observa-se que a globalização “forçou” uma reestruturação nos setores de negócios das
organizações, fazendo com que as empresas deem maior atenção no segmento de tecnologia da informação e do
marketing, não apenas por conta da concorrência, economia ou ambiente de negócios, mas também para obter
um conhecimento mais profundo sobre cada cliente em sua individualidade, analisando seus processos de
compra, necessidades e expectativas não atendidas.
Dessa forma, o vendedor possui um papel muito importante nesse relacionamento, pois a sua maneira de atender,
entender e reconhecer o cliente é de fundamental importância para iniciação do processo de fidelização, de modo
que um cliente satisfeito acaba estabelecendo um relacionamento duradouro e gratificante, mas para isso é
necessário que se tenha, não somente, excelência do diálogo ou oferecer produtos e serviços, mas também é
preciso que a empresa (vendedor) realmente se importe e cuide de seu cliente.
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1 MARKETING
Marketing nada mais é do que a relação de entender e atender as necessidades dos consumidores, através de um
sistema total de atividades de negócios desenvolvidos para planejar, dar preço, promover e distribuir produtos
que satisfaçam os desejos dos mercados-alvo e atingir objetivos organizacionais.
Nessa perspectiva, observa-se que o surgimento do marketing aconteceu quando houve a necessidade da
promoção de seus produtos, tendo como exemplo o feudalismo, de modo que as pessoas faziam a troca de
produtos para sobreviver.
Um dos assuntos mais abordados na administração de marketing se refere aos 4 P´s. Qualquer que seja o ramo de
negócio em que a empresa esteja envolvida, a estratégia adotada por ela baseia-se no estudo de localização para
que seus mix de produtos tenham benefícios, devido serem considerada como parte importante de suas
vantagens.
No ramo de novos empreendimentos, as empresas adquirem, uma estratégia clara para que seu negócio seja
pautável na postura da empresa em relação ao mix de produtos, gerando assim credibilidade para com eles. As
empresas buscam sempre ser uma referência no mercado, e se tomando mais forte em sua área de atuação.
Focalizando sempre nos seus consumidores, e se diferenciando das demais. (KOTLER, 1998)
E por fim, para proporcionar conveniência ao cliente constitui para o diferencial, visto que um local isolado
necessita de maior atratividade para buscar o cliente quando comparado a um local de fácil acesso. E se estiver
ofertando um mix, mostrar como será vendido.
As empresas que buscam grande participação e rápido crescimento de mercado preferirão linhas mais extensas.
Aquelas que enfatizam a alta lucratividade adotarão linhas mais reduzidas que consistirão em itens
cuidadosamente selecionados.
É normal que as linhas de produtos tendam a se expandir com o tempo, como forma de melhor satisfazer o
consumidor. Entretanto, a introdução de novos itens representa mais custos. Logo, alguns dos novos produtos
serão abandonados.
2 NECESSIDADES, DESEJOS E DEMANDAS
Os aspectos de avaliações que as empresas devem ter como fonte norteadora os seguintes critérios, entre eles: se
é uma instituição líder no seu setor, é muito admirada por seus clientes, deixou uma marca indelével no mercado,
teve vários desenvolvimentos, e foi fundada com a visão original desde que começou.
A demanda também pode ser esperada por novos clientes, quando eles esperam a qualidade, sendo eles
considerados pelo setor da pesquisa e pela aceitação de novos parceiros, aderindo os produtos da empresa. Eles
fornecem toda uma gama de serviços podendo ser de sobreviver no mercado devido possuir fornecedores
distantes.
Figura 1: Estágios do processo de compra
Fonte: Kotler (1998)
Na figura 1 não é a implantação tangível de uma grande ideia, mas sim, uma gama de possibilidades que serão
inseridas periodicamente no seu implante de mix de produtos, entre eles se destaca o lançamento de um
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acompanhamento avaliado antes de ser lançado, surge no projeto de pesquisa que se refere ao fortalecimento da
marca e a gestão futura de seus planos, que induzem um crescimento significativo da empresa no ramo varejista.
O comportamento do consumidor envolve o entendimento das ações tomadas pelas pessoas em situações de
compra e consumo. No entanto, nem só de comportamento faz-se a pesquisa do consumidor.
É preciso entender, também, dos fatores que levam as pessoas a essas ações. A pergunta principal é porque
entender o comportamento do consumidor? O primeiro objetivo deste trabalho consiste em fazer uma revisão de
alguns fatores que exercem influência na formação de atitudes da compra perante esses novos mixes.
O estudo sobre o composto de marketing tem como base seus “pilares” fundamentais para a sobrevivência da
empresa. Portanto, tanto a linha de produto, o preço, a promoção, a apresentação e o pessoal compõem o
conjunto de variáveis com função de auxiliar na tomada de decisão, visando a uma melhor satisfação das
necessidades do seu cliente com crescimento e lucratividade para o lojista. Sempre diferenciando a sua marca
das demais, definindo o foco e o nicho de mercado onde irá se estabelecer para se destacar das demais
organizações Fazer marketing é satisfazer os desejos e necessidades dos clientes de modo a fornecer valor ao
consumidor mediante lucro. Vivendo em uma sociedade cada vez mais racional perante uma diversidade de
produtos e serviços, uma empresa só irá crescer e se consolidar no mercado utilizando estratégias que ajustem a
entrega de valor e selecionem, proporcionem e comuniquem um valor superior no produto que está sendo
ofertado.
Diante disso, observa-se que um dos pilares do marketing é o relacionamento, ferramenta que pode ajudar ou
prejudicar uma organização se não utilizada da maneira correta. Estabelecer um relacionamento familiarizado
com o consumidor possibilita um entendimento melhor do comportamento do consumidor e consequentemente
satisfazer sua necessidade torna-se uma tarefa mais fácil.
Existe uma certa diferença entre necessidade e desejo, diferença essa que precisa ser entendida e analisada pelos
profissionais de marketing para direcionar de maneira correta a entrega de valor para o consumidor. Necessidade
nada mais é do que algo indispensável na vida do ser humano, que possui utilidade. Já o desejo é algo que pode
ser criado e induzido por algo ou alguém.
O marketing possui princípios que definem clientes e mercados, de modo a nortear as empresas de como agir
diante de um mercado competitivo. O primeiro afirma que o cliente é o centro de tudo, onde os objetivos das
organizações só serão atingidos se os clientes estiverem extremamente satisfeitos.
Dando sequência, o segundo mostra que os clientes não compram produtos, mas sim o que o produto faz para
eles. O terceiro mostra que o marketing é uma coisa importante demais para ser deixado a cargo apenas do
departamento de marketing, pois toda e qualquer ação dos outros departamentos impactam de alguma forma o
cliente final, afetando na sua satisfação. O quarto aborda sobre os mercados heterogêneos, de modo a existir uma
infinita variedade de produtos a serem ofertados. E por fim, o quinto mostra que os mercados e clientes mudam
constantemente, de modo que isso acontece devido à rapidez que a informação chega nesse mundo globalizado.
3 ENDOMARKETING
Endomarketing nada mais é do que o marketing que é trabalhado internamente nas organizações, de modo a
servir como uma ferramenta que as auxilia a aprimorar a comunicação com seus colaboradores, surgindo como
um elemento que possibilita um elo maior entre empresa e funcionário, desenvolvendo uma melhoria na
produtividade e no contato com o cliente externo.
Comunicação interna pode ser definida como sendo um meio de promover a interação entre a empresa e seus
colaboradores, de modo a permitir a circulação de informações e troca de conhecimentos. Brum (2005, p.42),
afirma que “comunicação interna é algo que toda empresa faz. A partir do momento em que uma empresa
repassa uma informação através de um e-mail ou de um documento qualquer para seus empregados, está fazendo
comunicação interna.”
Existe certa diferença entre repassar as informações e se comunicar. A simples transmissão de informações não
significa que houve uma troca de conhecimentos, de modo que uma comunicação eficiente precisa ter o
feedback, ter comprovação de que a mensagem está sendo ouvida, necessitando de uma resposta, seja positiva ou
negativa, onde esse processo dinâmico possibilita um crescimento individual e organizacional.
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Devido à globalização, o produto deixou de ser o foco principal da empresa, passando a prioridade para o cliente
externo e o interno, no caso o empregado. O que faz a diferença na concorrência entre as organizações são as
pessoas, de modo que a qualidade dos profissionais e o comprometimento são essenciais nesse contexto.
É possível notar que o endomarketing auxilia as lideranças nos processos de mudanças que são exigidas nessa
era de globalização, contribuindo nas técnicas de inovação, pois à medida que as informações são repassadas
elas se transformam em conhecimento, gerando resultados positivos para a empresa.
A comunicação interna tem que ser um meio de propagar os planos, objetivos e visão da empresa, de modo a
apresentar as características dos serviços ou produtos ofertados pela companhia. Para se atender e entender as
expectativas e percepções dos clientes é necessário que haja uma comunicação constante entre funcionário e
empresa.
Brum (2000, p. 34) diz que o marketing interno é “dar ao funcionário educação, carinho e atenção, tornando-o
bem preparado e bem informado para que possa tornar-se também uma pessoa criativa e feliz, capaz de
surpreender, encantar e entusiasmar o cliente”.
O processo de comunicação é viável para toda e qualquer organização, seja ela grande, média ou pequena, de
modo que a comunicação em empresas menores é bem mais fácil e rápida. As empresas devem buscar, através
do endomarketing, a excelência, inovando, o que irá ajudá-las a crescer e lucrar cada vez mais.
A qualidade do serviço interno transforma-se em satisfação dos funcionários
tornando-os envolvidos e motivados na organização que, por sua vez, é responsável pela qualidade do
produto/serviço externo resultando na satisfação e na retenção de clientes, orientação principal de uma
organização.
4 MARKETING DE VENDAS, RELACIONAMENTO E FIDELIZAÇÃO
As vendas ocorrem quando as empresas disponibilizam seus produtos e serviços no mercado por meio de seus
pontos de distribuição. Em um processo de fazer com que os produtos saiam da empresa em direção seus
consumidores finais, é necessário que haja uma atividade de persuasão, negociação, acordos, enfim, critérios que
o vendedor utiliza para convencer o comprador que seu produto é a melhor opção de escolha.
Para saber como se posicionar para as vendas, é essencial que as organizações procurem entender como as
pessoas compram, ou seja, entender o comportamento do consumidor. Quando nos referimos ao marketing de
vendas, o comportamento do consumidor que é relevante é o desenvolvido no momento da compra, de modo que
as empresas precisam se organizar para atender as expectativas ligadas a esse comportamento.
Pancrazio (2000, p. 104): “O consumidor é uma pessoa física, identificada mercadologicamente pela classe
socioeconômica a que pertence. O comprador empresarial é uma pessoa jurídica, constituída de pessoas físicas,
identificadas mercadologicamente pela função que exercem na empresa.”.
Assim, a partir do momento que se conhece e entende as características que diferenciam os diversos tipos de
públicos potenciais da empresa, a organização poderá definir diferentes formas de atender seus consumidores
através das vendas.
O Marketing de Relacionamento é a área do marketing que tem como foco principal o cliente, de modo a fazer
um estudo sobre as estratégias que possibilitem a satisfação do mesmo, atrelando essas estratégias com o
processo de fidelização de clientes.
Conforme Las Casas (2013), ao contrário do marketing tradicional que se preocupa com transações comerciais
direcionadas à satisfação dos clientes, o marketing de relacionamento procura manter um cliente em situações de
pós-venda, procurando manter um perfeito casamento entre clientes e fornecedores, não se tratando apenas para
uma vez, mas para o maior tempo possível, rendendo-se às vontades dos clientes, procurando fazer o melhor que
podem para conquistá-lo e mantê-lo.
O Marketing de Relacionamento é uma ferramenta que busca criar valor pela intimidade com o cliente e tornar a
oferta tão adequada, de modo que o cliente prefira manter-se fiel à empresa. Ou seja, a empresa conhece o
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cliente tão profundamente, tornando desinteressante para ele buscar novos fornecedores, fazendo com que o ele
voluntariamente reduza suas opções de fornecedores.
Na contemporaneidade, a expressão marketing de relacionamento não se aplica apenas na relação entre empresa
e cliente, é importante que esta visão e estratégias sejam aplicadas para toda a rede de relacionamentos que a
empresa tem, tanto internamente, com seus colaboradores, quanto com os parceiros, que são os fornecedores,
intermediários, acionistas, formadores de opinião, dentre outros.
Como a competição está cada vez mais intensa entre as organizações, a conquista e, especificamente, a
fidelização de clientes se tornou algo de extrema importância. Para isso, as organizações necessitam identificar
quais são as reais necessidades e desejos dos seus clientes, buscando sempre satisfazê-los. Como as
organizações, oferecem serviços e produtos muito semelhantes, é de fundamental importância ter uma certa
diferenciação que precisa ser percebida por parte do cliente.
Em um mercado extremamente competitivo torna-se ainda mais difícil tornar clientes fiéis às organizações. A
fidelização está intimamente relacionada com a satisfação e encantamento do cliente, de modo que os
consumidores têm níveis variados de fidelidade à marcas, loja e empresas.
Nesse contexto, a satisfação e o encantamento estão diretamente relacionados com a superação da expectativa do
cliente por parte do vendedor, de modo que quando essa expectativa não é superada o cliente fica insatisfeito e o
processo de fidelização torna-se ainda mais difícil.
Vantagens conquistadas pelas empresas que investem em fidelização de clientes:
Os custos de marketing serão reduzidos devido à conscientização e à fidelidade do consumidor em
relação à marca;
Em muitos casos, a empresa terá mais poder de negociação com distribuidores e varejistas porque os
consumidores esperam que eles tenham a marca;
A empresa pode cobrar um preço maior do que o de seus concorrentes porque a marca tem maior
qualidade percebida;
A empresa pode lançar extensões de linha mais facilmente, porque o nome de marca possui alta
credibilidade;
Quanto mais fiéis, maior a vida útil da carteira de clientes da empresa, menor o custo de recuperação de
clientes e maior valor financeiro agregado à marca;
A fidelidade do cliente oferece à empresa certa defesa contra a concorrência por preço;
A fidelização dá à empresa um diferencial e cria barreiras de confiança tornando inconveniente a
migração para um concorrente, porque o novo relacionamento começaria do zero, sem nenhum conhecimento de
ambas as partes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao se tratar de fidelidade, é possível notar que existem os graus de fidelidade, de modo que existem clientes que
são mais fiéis que outros. Assim, a fidelidade geralmente é desenvolvida através de comportamentos associados
a um estado mental positivo que o consumidor tem perante a empresa.
As organizações não devem ter como objetivo tornar todos os clientes fiéis, mesmo porque, é praticamente
impossível agradar a todos na mesma proporção, mas sim buscar aumentar a fidelidade daqueles consumidores
mais favoráveis a reagir positivamente à forma de atendimento ofertado pela empresa.
Os clientes geram uma expectativa de valor e agem baseados nelas, de modo a comprarem na empresa que lhes
oferecem maior valor. Assim, faz-se necessário que as empresas estejam atentas quais são as reais necessidades e
desejos de seus consumidores, para que possa atendê-los da melhor maneira possível, gerando valor e satisfação
de forma positiva.
Assim, a estruturação da fidelização dos clientes pode refletir para a empresa uma fonte de renda durante um
determinado período, porém essa vantagem não pode ser tomada como única, pois a fidelidade dos clientes só
permanecerá a partir do momento que o mesmo achar que suas expectativas estão sendo atendidas.
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Na contemporaneidade o cliente preza por um bom atendimento, de modo que um bom relacionamento cria um
conceito dele para com a empresa, até mesmo por telefone o cliente sente o quanto é bem ou mal atendido. Um
vendedor atencioso e que demonstra ter conhecimento sobre a mercadoria, passa mais credibilidade ao cliente,
de modo que o cliente sentirá mais segurança em pedir opinião e ficará mais satisfeito com sua compra.
Os clientes precisam ser reconhecidos, porque fica difícil estabelecer um relacionamento com quem não
conhece, onde, é a partir daí, que irá se aprender sobre eles, suas necessidades e desejos, de modo que será
utilizada essas informações para estreitar o relacionamento e compreende-los cada vez mais.
A fidelidade se conquista a longo prazo, por meio de atitudes que transmite confiança, cuidado e atenção para
com o outro. Assim, o processo da retenção de clientes, além de ser um investimento, irá garantir redução das
despesas e aumento das vendas, de modo a evitar que o consumidor migre para a concorrência, criando uma
vantagem financeira diante dos concorrentes.
REFERÊNCIAS
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pequenas empresas. Tese (Doutorado). São Paulo, FEA-USP.
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estrategicamente recursos humanos? Revista de Administração de Empresas, v. 33, p.12-24, mar/abr.
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BETHLEM, A. (1998). Estratégia empresarial: conceitos, processos e administração estratégica. São Paulo,
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Administração. São Paulo, Nova Cultural, v. 9, p.7-34.
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A LOGÍSTICA REVERSA DO LIXO ELETRÔNICO: UM ESTUDO SOBRE BOAS PRÁTICAS
EXECUTADAS NO MERCADO.
Dalvan Góes
Pós-graduado em Gestão de Operações e Logística / Educação Ambiental - Uniasselvi
RESUMO
Este artigo apresenta em seu conteúdo a logística reversa de equipamentos eletrônicos e procura por meio do
exemplo de empresas, deixar o leitor a par da importância que deve ser dada ao descarte correto de equipamentos
como tablets, celulares, pilhas, baterias, televisores etc. O artigo procura em seu curso responder a seguinte
indagação: O que fazer com o computador que não serve mais? Como e onde descartar uma pilha usada? Seus
objetivos são: expor algumas ações desenvolvidas por diferentes empresas para o reaproveitamento do lixo
eletrônico fabricado por elas mesmas e o descarte correto de equipamentos diversos; informar os leitores de
como e onde podem ser descartados equipamentos eletrônicos; contribuir para o estado de arte da Logística
Reversa. Para tanto, o presente artigo, que tem como característica principal a revisão bibliográfica, parte de
livros, artigos, monografias e dissertações de mestrado para embasar de modo teórico o tema proposto, dando
destaque para os trabalhos de Silva (2011) e Moreira (2014). Os resultados obtidos com esse estudo deixam em
evidência: a relevância do tema para a minimização dos resíduos sólidos urbanos; a logística reversa como uma
ferramenta útil no alcance do chamado desenvolvimento sustentável; as empresas como setores que podem e
devem colaborar com a minimização do lixo eletrônico (LT) e que, por fim, o próprio consumidor deste tipo de
resíduo também tem meios para ajudar, fazendo com que toda a sociedade (empresa, governo e cidadãos civis)
seja responsável e capaz de dar uma destinação adequada aos resíduos eletrônicos.
Palavras-chave: de Logística Reversa. Lixo Eletrônico. Descarte. Empresas.
ABSTRACT
This article presents in its content the reverse logistics of consumer electronics and looking through the example
of companies, let the reader aware of the importance to be given to the proper disposal of equipment such as
tablets, mobile phones, batteries, televisions etc. The article tries on course to answer the following question:
What to do with the computer that no longer serves? How and where to dispose of a used battery? Its objectives
are to: expose some actions developed by different companies for the recycling of electronic waste produced by
themselves and the correct disposal of various equipment; inform readers of how and where electronic
equipment can be disposed of; contribute to the state of the art Reverse Logistics. Therefore, this article, which
has as main feature the literature review, part of books, articles, monographs and master's theses to support
theoretical way the theme, highlighting the work of Silva (2011) and Moreira (2014). The results obtained with
this study highlight: the relevance of the theme to the minimization of urban solid waste; Reverse logistics as a
useful tool in achieving so-called sustainable development; Companies as sectors that can and should collaborate
with the minimization of electronic waste (LT) and that, finally, the consumer of this type of waste also has the
means to help, making the entire society (business, government and civil citizens ) Is responsible and capable of
giving an appropriate destination to electronic waste.
Keywords: Reverse Logistic. Junk. Discard. Companies.
INTRODUÇÃO
O lixo é um dos grandes problemas ambientais em todo mundo, principalmente nos grandes centros urbanos, e o
consumismo aliado ao crescimento populacional, tem contribuído para que esta problemática se agrave ainda
mais. Nesse sentido é necessário apresentar soluções para esta circunstância, e este artigo se propõe ao longo do
seu conteúdo, de tratar especificamente do lixo eletrônico, suas consequências, bem como as saídas/resoluções
para que seja possível minimizar seus impactos. Os fabricantes de produtos eletrônicos, por exemplo, apresentam
algumas possibilidades de descarte correto dos resíduos, muitas vezes por força da lei (como a lei 12.305/2010,
que instituiu a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos e a própria Logística Reversa), e a vezes como um
instrumento de divulgar para consumidores e o governo que o empreendimento está se preocupando com os
problemas ambientais, em especial o lixo, e não apenas com o lucro, fazendo, a partir dessas ações, sua
Responsabilidade Social e/ou o seu Marketing Verde.
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O avanço da tecnologia possui dois lados: um bom, pois permite acesso fácil e rápido a informação e
entretenimento, agiliza tarefas profissionais e educacionais entre outros benefícios que o homem e a sociedade
em que ele está inserido extraem de impressoras, computadores, celulares. Já seu lado ruim envolve sua rápida
obsolescência, pois em pouco tempo de uso (e às vezes com o produto ainda em pleno funcionamento), surgem
novos produtos, novas atualizações daquela mesma tecnologia, fazendo com que o produto anterior venha a ser
descartado com maior frequência, provocando assim, excesso de lixo eletrônico. Talvez não exista, ou não seja
apropriado no vocabulário tecnológico o uso do termo ‘velho’, pois não dá para considerar um smartphone de
2013 ou 2014 velho, mas ele é tido pelos consumidores como velho no sentido ultrapassado/obsoleto (termos
que melhor definem essa situação), fazendo com que o cliente deseje ter a versão mais atualizada do mesmo
modelo de aparelho celular que ele possui.
Baterias, computadores e pilhas não devem ser descartados de qualquer modo ou junto de outros tipos de resíduo
porque são tóxicos (são compostos de cádmio, berílio, mercúrio e do chumbo, por exemplo) e trazem riscos à
saúde do homem e ao meio ambiente em geral. Computadores, celulares e tablets são produtos que possuem uma
considerável vida útil, pois com certas exceções, os consumidores não compram, por exemplo, um notebook a
cada dois anos. Contudo, esses equipamentos tornam-se ultrapassados a cada ano, e um dia serão trocados para
dar lugar a novos. Portanto, o que fazer com aquele pen drive mais antigo, com pouca memória interna e que já
não suporta mais o conteúdo nele inserido ou a pilha do controle remoto que já está gasta? Até mesmo para as
embalagens nas quais os produtos eletrônicos são colocados, cabe uma indagação: o que fazer com o papelão e
com o plástico que guardam a mais nova TV que foi comprada? Como e aonde descartar esses produtos de uma
maneira tal que minimize a sua agressão ao meio ambiente?
São perguntas como essas que este trabalho procura responder, oferecendo em seu conteúdo algumas alternativas
de descarte do produto que não se quer mais, dando destaque para a Logística Reversa como parte desse
processo, como uma ferramenta útil na gestão dos resíduos eletrônicos. O corpo deste artigo também buscou em
suas seções/tópicos ser um breve referencial para estudantes universitários, em especial para aqueles que nunca
tiveram contato com a temática da Logística Reversa (LR), pois apresenta seus conceitos básicos e
características, deixando o (a) leitor (a) familiarizado com o assunto. Além disso, essa proposta de trabalho busca
divulgar as diferentes alternativas existentes para que os consumidores possam descartar corretamente seus
resíduos eletrônicos, participando ativamente na diminuição da quantidade de lixo/resíduo que ele gera. Assim,
tantas empresas, fabricantes dos produtos, quanto os consumidores finais, podem e devem trabalhar para
exercerem práticas benéficas no que tange ao lixo eletrônico.
METODOLOGIA APLICADA
A metodologia aplicada para elaborar este artigo se resume em uma pesquisa de revisão bibliográfica baseada
em trabalhos acadêmicos (livros, artigos, monografias e dissertação de mestrado) que serviram para fornecer ao
seu autor um prévio conhecimento sobre o tema em questão. De acordo com Barros (2002, p.34), “a pesquisa
bibliográfica procura adquirir conhecimentos sobre um objeto de pesquisa a partir da busca de informações
provindas de material gráfico, sonoro e informatizado”.
Para Silva e Menezes (2005) a revisão de literatura contribui para que se tenha informações importantes sobre a
situação do tema ou problema pesquisado; contribui no conhecimento das publicações existentes sobre o tema e
os aspectos que já foram abordados por outros autores/pesquisadores, além de servir para verificar as opiniões
similares e divergentes que estes autores possam ter.
A revisão bibliográfica ou da literatura da área “[...] Não se trata [...] de simplesmente resumir, parafraseando o
que está escrito nos livros, mas sim de fazer considerações, interpretações e escolhas, explicando e justificando
essas escolhas, sempre em função do problema posto pela pesquisa” (SANTAELLA, 2001, p. 172).
Leite (2003), Pires (2010), ganham destaque neste artigo no momento de conceituar e apontar as características
da LR. Já Natume & Sant’anna (2011), Rodrigues (2007) e Silva (2011) apontarão os problemas causados pelo
lixo eletrônico. Mas, os principais referenciais acadêmicos utilizados resumem-se no trabalho de monografia de
Silva (2011) e no artigo de Moreira (2014). Essas autoras pesquisaram os sites das empresas para saber o que as
mesmas estão fazendo para minimizar os resíduos eletrônicos oriundos da fabricação e venda de seus produtos.
Existem também referências eletrônicas, nas quais se destacam os sites de algumas empresas que estão
relacionadas com a Logística Reversa (LR) do Lixo Eletrônico (LT). Estas referências, embora, não sejam de
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âmbito acadêmico, são importantes para este artigo, pois apresentam o que as empresas estão fazendo para
minimizar os impactos do LT.
1 LOGÍSTICA REVERSA
A logística reversa (LR) pode ser definida como um conjunto de ações que tem como objetivo fazer retornar (por
meio de um fluxo reverso) algum produto ou parte dele. Fazer retorná-lo, a um destinatário, seja o seu fabricante,
um centro de distribuição, outra empresa que irá revender os produtos que estão retornando; ou uma empresa de
reciclagem que irá reaproveitar tal produto, ou ainda em último caso, o destino dos produtos acabam sendo o seu
descarte em lixões ou aterros sanitários.
Kroon (apud MIGUEZ, 2010, p. 7) afirma que:
A logística reversa se caracteriza pelas habilidades de gerenciamento logístico e
atividades envolvidas na redução, no gerenciamento e no descarte de resíduos,
perigosos ou não, de embalagens ou produtos. Isto inclui distribuição reversa, que
faz com que os produtos e informações fluam no sentido oposto das atividades
logísticas normais.
Para uma melhor compreensão, tomemos como exemplo a LR de embalagens de vidro de refrigerantes. Elas, ao
invés de serem jogadas fora gerando ainda mais resíduos, podem retornar aos fabricantes que, após um processo
de higienização, acaba sendo possível o reaproveitamento da mesma em até 30 vezes (higienizando a embalagem
a cada retorno). As embalagens também podem ir para uma recicladora que irá reaproveitar seu material.
Segundo Pires (2010, p. 14) “A logística reversa consiste no processo de movimentar um produto do seu ponto
de consumo para outro destino, objetivando recuperar o valor ou descartá-lo de maneira apropriada [...]. ”
A Logística Reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo de produtos e
terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou de disposição final. [...] esse processo
reverso é formado por etapas características, envolvendo intermediários, pontos de armazenagem, transporte,
esquemas financeiros, etc. (NOVAES, 2004, p.54).
A logística reversa engloba vários processos com o intuito de dar um destino correto aos produtos não mais
utilizados pelos consumidores para serem colocados em lugares adequados, dando a esse resíduo o tratamento e
um destino correto. Ela tem o papel de gerenciar os canais de distribuição da empresa, sendo responsável pela
entrega dos produtos que depois de usados deverão voltar para empresa por intermédio de coleta. (AGUIAR;
FURTADO, 2010, p. 4)
Nota-se que a LR tem o propósito de viabilizar o retorno (daí o nome reverso) dos produtos, seja para cumprir a
legislação ambiental, seja para agregar valor econômico ou para, por meio dessa ferramenta divulgar a imagem
de uma empresa comprometida com o reaproveitamento dos seus produtos ou em última análise, quando não se
reaproveita o produto, ocorre seu descarte adequado.
[...] a logística reversa, por meio de sistemas operacionais diferentes em cada
categoria de fluxos reversos, objetiva tornar possível o retorno dos bens ou de seus
materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios. Agrega valor econômico,
ecológico, legal e de localização ao planejar as redes reversas e as respectivas
informações e ao operacionalizar o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou
de pós-venda, por meio de processamentos logísticos e de consolidação, separação e
seleção, até a reintegração do ciclo. (LEITE, 2003, p.17).
De acordo com Leite (2003), a LR pode ser dívida em LR de pós-venda e pós consumo. Autores como Guarnieri
(2011), e Pereira et al. (2012) também adotam essa diferenciação ou classificação.
A logística reversa de pós-venda refere-se aos produtos que irão retornar depois que foram vendidos e não
chegaram ao fim de sua vida útil. Geralmente isso ocorre quando um produto veio com defeitos, erros de
expedição de pedidos, recall de um produto ou peça automotiva. Pires (2010) apresenta alguns dos motivos que,
de acordo com o que seja LR de pós-venda, se relacionam com a mesma devido às circunstâncias de devolução
relacionadas à qualidade do produto ou por motivos comerciais:
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Garantia/Qualidade: os produtos apresentam defeitos de fabricação ou de funcionamento (verdadeiros ou não),
avarias (no produto ou na embalagem), etc. Poderão ser submetidos a consertos ou reformas que lhes permitam
retornar ao mercado primário ou a mercados diferenciados (secundários), agregando-lhe valor comercial
novamente. Comerciais: os retornos ocorrem devido a erros de expedição, excesso de estoques no canal de
distribuição, mercadorias em consignação, liquidação de estação de vendas, pontas de estoque, etc., que devem
retornar ao ciclo de negócios por meio da redistribuição desses produtos em outros canais de vendas. Devido ao
término da validade ou a problemas observados após a venda, os produtos serão devolvidos por motivos legais
ou por diferenciação de serviço ao cliente. (PIRES, 2010, p. 36-37) Guarnieri et al. (2006, p. 124), corroborando
com a citação acima, destacam como motivos de retorno desses bens de pós-venda: “devoluções por problemas
de garantia, avarias no transporte, excesso de estoques, prazo de validade expirados, entre outros”.
Já a LR de pós consumo são os retornos que ocorrem depois que o produto é consumido em sua totalidade, sendo
assim, encontram-se no fim de sua vida útil e precisam ser descartados de maneira adequada. No entanto, antes
mesmo de haver o descarte, deve-se entrar em cena os 3Rs – reciclagem, reuso e manufatura – pois, dependendo
do produto, ele pode se encaixar em uma dessas três ferramentas. As garrafas PET podem ser recicladas, os
cartuchos de tinta depois de secos (consumidos) podem ser reaproveitados e peças de computador podem ser
desmontadas, limpas e servir para outro uso diferente do seu original ou até o mesmo o original (remanufatura).
2 LIXO ELETRÔNICO
Esta seção se divide em apresentar: o conceito, o problema e a solução do tema estudado. Os produtos
eletroeletrônicos, eletrodomésticos e até mesmo os eletro portáteis, possuem mais semelhanças do que
diferenças, embora se distinguem devido a existência ou a falta de componentes e circuitos eletrônicos e
elétricos. Além disso, não existe ainda na literatura trabalhos que contribuíram para que se chegasse à definição
de ambas. Porém é possível encontrar boas conceituações do que sejam os resíduos ou o lixo eletrônico.
Lixo eletrônico, também chamado de resíduos computacionais ou lixo tecnológico são equipamentos
eletroeletrônicos, eletrodomésticos e os eletroportáteis descartados pelas pessoas e empresas e se caracterizam
pela rápida obsolescência, pois de maneira rápida produtos relacionados à tecnologia, por exemplo, ficam
ultrapassados (mesmo que ainda esteja em pleno funcionamento) e trocados pelo mais moderno.
As câmeras fotográficas e os aparelhos de mp3 e mp4 são tipos de lixo eletrônico bastante presente em nossos
dias devido ao fato dos smartphones terem tudo isso em um único aparelho. Os smartphones possuem câmeras
de alta resolução para fotografar e filmar, programação para tocar arquivos em mp3 e mp4, fazendo com que seja
desnecessário que alguém tenha uma câmera fotográfica, uma câmera filmadora e os aparelhos de mp3 e mp4
separados do seu smartphone (somente aí, quatro produtos ficam obsoletos e logo serão descartados), algo
comum nas décadas de 90 e início dos anos 2000. Guerin, 2008 (apud Natume & Sant’anna, 2011, p. 2) afirma
que:
Lixo eletrônico é o nome dado aos resíduos de rápida obsolescência de
equipamentos eletrônicos, que incluem computadores e eletrodomésticos, entre
outros. Tais resíduos, descartados em lixões, constituem-se num sério risco para o
meio ambiente, pois possuem em sua composição metais pesados altamente tóxicos.
Após a rápida conceituação do que seja o lixo eletrônico, é preciso identificar os problemas gerados pelo seu
descarte incorreto e para isso, este artigo contará com a colaboração dos trabalhos de Natume & Sant’anna
(2011), Rodrigues (2007) e Silva (2011).
Introduzindo essa problemática, Natume & Sant’anna (2011), associam a elevada quantidade de lixo eletrônico
ao desenvolvimento tecnológico que aumentou nos últimos anos. Ainda de acordo com os mesmos autores, por
um lado o acelerado avanço tecnológico provoca maior rapidez no cotidiano das pessoas, facilitando suas
atividades diárias, por outro lado o mesmo avanço tecnológico tem provocado mudanças no meio ambiente,
principalmente quando os equipamentos eletrônicos são descartados de modo errado, lançando no solo e no ar
substâncias químicas e componentes diversos, que antes desse chamado avanço, não existiam (ou ao menos não
em grande quantidade), como o chumbo, fibras, zinco, platina etc. Rodrigues (2007) corrobora com Natume &
Sant’anna (2011), pois a autora afirma que:
O desenvolvimento tecnológico das três últimas décadas tem trazido incontestáveis benefícios à sociedade, mas
também tem seus efeitos indesejáveis, pois constantemente transforma produtos duráveis, recém lançados, em
obsoletos, gerando prematuramente grandes volumes de resíduos, resultado entre outros da velocidade de
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inovação tecnológica largamente utilizada como estratégia competitiva do setor industrial. (RODRIGUES, 2007,
p. 24). Natume & Sant’anna (2011), citando indiretamente o trabalho de uma autora, continuam a fazer esse
dualismo entre os benefícios (facilitar a vida moderna) e os malefícios (aumento no descarte) do
desenvolvimento tecnológico:
Rodrigues (2003) ressalta a quantidade de televisores, rádios, celulares, eletrodomésticos portáteis, todos os
aparelhos de microinformática, DVD’S, luminárias fluorescentes, brinquedos eletrônicos e milhares de outros
produtos que foram idealizados para facilitar a vida moderna e que hoje são descartados na medida em que ficam
tecnologicamente ultrapassados em um ciclo de vida cada vez mais curtos ou então devido à inviabilidade
econômica de conserto, em comparação com aparelhos novos. Com isso, houve um crescimento dos resíduos
eletroeletrônicos, comumente chamado de lixo eletrônico, englobando vários tipos de equipamentos, desde os
eletrodomésticos de grande porte às peças pequenas como celulares e as contidas em computadores. (NATUME
& SANT’ANNA, 2011, p. 2). Rodrigues (2007, p.25) ainda cita outras circunstâncias que contribuem para o
aumento do lixo eletrônico como “[...] a velocidade da inovação tecnológica, a diversidade de produtos, a
massificação do consumo e a tendência à miniaturização são fatores de produção exponencial de resíduos. ”
Como consequências do aumento do lixo eletrônico a ser lançado no meio ambiente é possível citar a
contaminação do solo, dos lençóis freáticos bem como as doenças oriundas do contato direto que as pessoas
possam vir a ter com os resíduos expostos a céu aberto, como de fato ficam nos lixões do Brasil, além de que os
resíduos eletrônicos e seus pequenos componentes (pequenas peças) levam décadas e mais décadas para se
degradar, já que não são biodegradáveis como os resíduos orgânicos. Isso significa dizer que uma televisão
quebrada quando é jogada fora não irá desaparecer sozinha, mas permanecerá durante séculos no terreno baldio
que fora lançada; pilhas e baterias também não iram se degradar e permanecerão inertes no solo, até que estes
equipamentos entrem em contato com pessoas e animais e devido a metais pesados nele contidos possam causar
doenças.
O lixo eletrônico constitui o problema de coleta de resíduos de maior crescimento no mundo. É uma questão que
tende agravar cada vez mais na medida em ocorre o desenvolvimento industrial. Nos locais onde esse lixo é
descartado, muitos dos catadores tem contado direto com o produto sem ter noção do que ele pode lhe causar, é
um problema de saúde pública. O lençol freático é contaminando na medida em que as substâncias tóxicas que
compõem esses eletrônicos penetram no solo e o alcança, o que pode causar danos a partir do momento em que a
água seja utilizada. (SILVA, 2010, p. 29)
É importante enfatizar que o LT [lixo tecnológico] além de causar impactos ambientais, se descartado em lixões
ou aterros sanitários, expostas ao sol e à chuva, atingem os lençóis freáticos, córregos e riachos, e entram em
contato com a cadeia alimentar humana através da ingestão da água ou de produtos agrícolas irrigados através da
água contaminada, prejudicando assim o meio ambiente e a saúde da população. (MOREIRA, 2014, p. 3)
Por isso se faz necessário que exista mecanismos que busquem diminuir essa problemática, pois seu resultado
tem sido devastadores ao meio ambiente e a LR é uma alternativa de solução a contribuir. Miguez (2012, p.37)
ainda acrescenta que, “a logística Reversa não pode ser encarada apenas como o recolhimento dos produtos, mas,
sim, como o gerenciamento de todo o caminho que este produto percorre até o descarte adequado do mesmo.”
O problema da tecnologia e a demasiada quantidade de lixo tecnológico descartado diariamente têm criado
novos conceitos voltados para uma tecnologia mais limpa e juntamente com o processo de logística reversa,
retornam à cadeia produtiva todos os produtos obsoletos e inutilizados a fim de minimizar os impactos
ambientais causados pelas toneladas de lixo tecnológico descartado diariamente. (MOREIRA, 2014, p. 3)
3 SOLUÇÕES VIÁVEIS
Os principais fabricantes de produtos de informática já estão tomando as suas providências para a redução dos
resíduos eletrônicos. Informações sobre suas iniciativas podem ser vistas nos seus próprios sites, os quais
esclarecem dúvidas frequentes sobre a responsabilidade ambiental da empresa, informam como o cliente deve
agir caso deseje encaminhar aparelhos e/ou componentes inservíveis, entre outras. (SILVA, 2011, p. 40)
Moreira, (2014, p.3) cita algumas medidas para minimizar o descarte do lixo eletrônico, (chamado pela autora de
lixo tecnológico) como a [...] “utilização da tecnologia para soluções reciclagem, descarte, reuso e "centros de
gestão de lixo eletrônico" bem como cumprimento das normas e regulamentações específicas, atualmente em
vigor em diversas partes do mundo. ”
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Este artigo se propôs a apresentar de modo breve soluções praticadas no mercado para minimizar os problemas
gerados pelo descarte incorreto dos resíduos eletrônicos citados acima. Para isso as pesquisas de Silva (2011) e
Moreira (2014), serão utilizadas, abordando as soluções apresentadas por diferentes empresas para o melhor
reaproveitamento dos resíduos eletrônicos ou, em última instância, seu descarte adequado. Mas, apesar das
soluções que serão apresentadas:
No Brasil existem poucas empresas especializadas em recolher e fazer a descaracterização dos resíduos
eletrônicos e para dar a destinação final adequada. Isso tem dificultado as atividades reversas do e-lixo, já que os
usuários não sabem como fazer o descarte de maneira correta, esses resíduos acabam indo para o lixo doméstico.
(SILVA, 2011, p. 31)
Entre essas poucas empresas especializadas, está a Descarte Certo, que coleta o lixo eletrônico na porta da
residência do consumidor e também trabalha em parceria com empresas como bancos e supermercados,
coletando seus resíduos. Existem outras empresas como a Oxil e a Reúno.
A Descarte Certo oferece um serviço de coleta, manejo de resíduos e reciclagem de produtos eletroeletrônicos
velhos ou sem condições de uso. Por meio dele, qualquer pessoa ou empresa pode se desfazer de seu aparelho da
maneira correta.
Para o consumidor final, a Descarte Certo oferece um serviço que vai até a residência para recolher o que não é
mais utilizado e garantir a correta destinação e manejo dos resíduos. Para o fabricante, além das mesmas
facilidades, ele ainda pode ser incluído como um serviço diferenciado na sua linha de produção, assim ao
comprar um produto que contenha o selo da Descarte Certo, o consumidor tem a garantia do serviço de descarte
desde o momento da sua aquisição.
A Descarte Certo trabalha para grandes empresas como Santander, Carrefour, Cybelar, Porto Seguro, e outras
tantas empresas, que têm um compromisso com o futuro do planeta e mostram que grandes empresas não
pensam só no presente. Por meio dos nossos diversos fornecedores de Logística e Manufatura Reversa, fazemos
uma coleta com baixo custo ambiental e, posteriormente, a desmontagem, reciclagem e destinação final de
resíduos. (DESCARTE CERTO, 2016)
O trabalho de Silva (2011) buscou verificar o processo da LR de pós consumo do lixo eletrônico
(especificamente do setor de informática) e apresentou em seu conteúdo soluções elaboradas por diferentes
empresas da área. Destas empresas pesquisadas, a autora obteve informações contidas em seus respectivos sites.
Após isso, Silva (2011), comentou os resultados obtidos no recolhimento das informações.
Já a pesquisa de Moreira (2014) apresenta algumas empresas com diferentes práticas adotadas para minimizar o
descarte do lixo eletrônico ou ainda outros problemas ambientais. A autora levou em conta o posicionamento em
um ranking do Guia de Eletrônicos Verdes (GEV) do Greenpeace, na qual essas empresas são avaliadas levando-
se em conta a “redução de substâncias tóxicas na fabricação dos aparelhos eletroeletrônicos; responsabilidade
sobre os resíduos na produção; programas de recolhimento e reciclagem e adoção de políticas corporativas. ”
(MOREIRA, 2014, p. 9)
Em ambos os artigos, Silva (2011) e Moreira (2014), as empresas pesquisadas foram quase que as mesmas,
diferenciando-se que a principal fonte de Silva (2011) foi o endereço eletrônico das empresas e o de Moreira
(2014), além dos sites das empresas, houve também o GEV. Vejamos o que cada autora relatou.
Desde 2006, a Acer tem revisto, de uma forma abrangente e completa, suas ações para um desenvolvimento
sustentável. Integrando e implementando a Responsabilidade Social Corporativa – CSR, programa através do
qual a empresa estabelece como objetivo, atingir um equilíbrio global que integre recursos humanos, ambientais
e comunitários, nas suas operações de negócios [...] (ACER, 2011 apud SILVA 2011, p. 41)
Acer – A empresa divulga em seu site que assume a responsabilidade ambiental em todas as operações e
produtos como, economia de energia, tratamento adequado dos resíduos, redução dos impactos ambientais ao
longo de cada fase do ciclo de vida do produto e proporciona canais de reciclagem. (MOREIRA, 2014, p. 8-9)
Segundo Moreira (2014), utilizando o GEV do Greenpeace, a Acer está em 4º colocado, com 5,1 pontos e tem
como política e prática adotada a melhoria nos critérios de Energia e gestão de produtos químicos. “A empresa
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continua sem marcar nenhum ponto no ciclo de vida do produto por não divulgar a duração da garantia e
disponibilidade de peças de reposição para as suas principais linhas de produtos.”
Líder mundial em telas LCD (TV‘s e monitores), a AOC sabe que seu compromisso vai além de levar produtos
de alta tecnologia até o consumidor. A AOC tem honrado seu compromisso ambiental e sugere que os
consumidores dos produtos da marca AOC que porventura tenham interesse em descartá-los, entrem em contato
com o Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC, através do telefone 0800.10.9539 ou por e-mail enviando
mensagem ao endereço [email protected] a fim de obter maiores informações sobre o descarte ambientalmente
adequado. É necessário informar corretamente o número de série e o modelo do equipamento AOC, bem como a
localidade do produto a ser descartado.
Outra preocupação do fabricante é em relação às embalagens utilizadas para conter, proteger, manusear, entregar
e apresentar qualquer tipo de mercadoria, através da Diretriz 94/62/EC para embalagens e resíduos de
embalagens, segundo a mesma, a embalagem deve atender aos padrões de volume e peso mínimos para garantir
a segurança e a aceitação do consumidor. Em 2004 foram adicionadas novas exigências para a reutilização dos
resíduos de embalagens (mínimo de 60% dos resíduos de embalagens devem ser recuperados para uso posterior)
e reciclagem de energia (55% a 80% de todos os resíduos de embalagens devem ser reciclados). As embalagens
dos monitores AOC são desenvolvidas com base nesses padrões. (AOC, 2011 apud SILVA, 2011, p. 41).
Uma das principais práticas adotadas pelas empresas é a de manter comunicação com o consumidor, seja por
email ou telefone, o informando de qual o ponto de coleta mais próximo de sua residência para que o próprio
cliente se desloque até este local e por lá descarte o produto. Segundo Nobel Matsubara, coordenador de
sustentabilidade da AOC:
A ação de logística reversa surgiu através da consciência ambiental da empresa e da necessidade de contribuir de
forma significativa para o reaproveitamento de materiais, evitando impactos que os produtos da AOC pudessem
causar ao serem descartados pelos nossos consumidores de maneira incorreta. (REVISTA LOGWEB, 2012)
A Apple é uma das maiores empresas de tecnologia do mundo e produz os produtos de tecnologia mais
desejados pelos consumidores como o Iphone, iPad e o macbook. Os mesmos tem uma longa duração de vida
(característica dos produtos da empresa), mas um dia até mesmo os equipamentos da Apple, bem como seus
componentes viram resíduos eletrônicos, portanto, diante disto o que a empresa faz?
O enfoque da Apple com relação à reciclagem começa na fase de projeto, onde são criados produtos compactos e
eficientes como menos material, até mesmo a embalagem dos produtos utiliza material reciclável, sempre que
possível.
Todo o lixo eletrônico coletado pelos programas voluntários da Apple e programas de regulamentação em todo o
mundo é processado na região onde o mesmo é coletado. Nada é enviado para outro local de descarte.
Assim que um produto Apple chega ao final de sua vida útil, é possível ajudar o consumidor a reciclá-lo de
forma responsável. A Apple institui programas de reciclagem em 95% dos países onde os produtos são
comercializados, impedindo desde 1994, que mais de 38 milhões de quilos de equipamentos fossem parar em
aterros. (Para calcular esse valor, é usada uma medida proposta pela Dell que assume vida útil de sete anos para
um produto. O peso dos materiais que são reciclados anualmente é comparado com o peso total dos produtos
vendidos nos sete anos anteriores.) (APPLE, 2011 apud SILVA, 2011, p. 42).
Apple – a empresa divulga que a sua energia é 100% renovável, cujo sua linha de produtos supera as normas
exigidas pela Energy Star. A Apple informa em seu site que não há substâncias perigosas em seus produtos e
nem processos e que utiliza produtos reciclados em toda cadeia produtiva. Utiliza tecnologias para aumentar a
vida útil dos aparelhos eletrônicos, e quando do seu descarte, em seu programa de reciclagem, todas as Apple
Stores do mundo aceitam produtos para fazer a reciclagem gratuita e responsável, inclusive de eletrônicos de
outros fornecedores, o que representa 90% desse programa. (MOREIRA, 2014, p. 12)
Assim como a AOC, a Apple, também possui meios de contato para que o consumidor saiba como descartar os
produtos da marca, por meio do 0800-772-3126, ou utilizando o email [email protected]
Dell – em cumprimento com a legislação de sustentabilidade, mantém a Responsabilidade Corporativa tanto com
a comunidade, o ambiente - por meio de inovações com pegada ecológica, como para as pessoas e toda a cadeia
de suprimento - responsável pelo fornecimento de inovações tecnológicas voltadas para a sustentabilidade.
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Através do programa de Logística Reversa Dell, disponível no próprio site da empresa, permite que os usuários
preencham um formulário para coleta dos aparelhos não mais desejados, sem custo. (MOREIRA, 2014, p. 12)
Segundo matéria da revista Época Negócios (2012) a HP, por meio da reciclagem, reutiliza o plástico de seus
produtos para formular novos produtos, oriundos do equipamento original, através da chamada readitivação do
plástico, processo químico que visa recuperar parte dos plásticos de impressoras e cartuchos e, a partir disso
fazer novas impressoras e cartuchos.
A HP possui programas de reciclagem para oferecer aos seus clientes, produtos e serviços que sejam
ambientalmente responsáveis, mantendo seu compromisso na gestão sustentável de suas soluções. Para tanto,
oferece programas estruturados a seus clientes para o descarte de equipamentos obsoletos, baterias, cartuchos e
toners de seus produtos e reintegram os materiais reciclados em sua própria cadeia produtiva, gerenciando todo o
ciclo de vida e garantindo soluções sustentáveis. Para obter mais informações o cliente pode enviar um e-mail
para: [email protected]. (HP, 2011 apud SILVA, 2011, p. 42-43)
A SEMP TOSHIBA disponibiliza, mediante solicitação, um serviço de logística reversa para retorno dos
produtos e/ou acessórios por ela comercializados, ao final de sua vida útil, conforme a legislação em vigor. Tal
serviço permite o tratamento dos mesmos, visando um descarte ambientalmente apropriado, ou mesmo, sua
recuperação e/ou reciclagem, de forma a assegurar uma adequada destinação final. Empenhada em estimular e
apoiar ações voltadas à preservação ambiental, a SEMP TOSHIBA recomenda não descartar produtos
eletrônicos e/ou seus acessórios no lixo doméstico, na rua, em terrenos baldios, aterros sanitários e tampouco em
córregos ou riachos. A SEMP TOSHIBA mantém mais de 100 pontos de coleta em todo o país, devidamente
treinados para atividades relacionadas à logística reversa. Para devolver um equipamento, o cliente deve fazer o
download do termo de doação, imprimir e levar preenchido junto com o produto em uma das assistências
técnicas autorizadas para esse serviço. Se preferir o cliente pode entrar em contato com o Serviço de
Atendimento ao Consumidor através de e-mail. (SEMP TOSHIBA, 2011 apud SILVA, 2011, p. 43)
A Nokia tem ampliado sua atuação de LR para o reaproveitamento e/ou descarte de seus produtos eletrônicos.
Essa ampliação acontece por meio do aumento de pontos de coletas aonde os consumidores se deslocam para
neles depositarem celulares e baterias. A empresa voltada para fabricação de celulares firmou uma parceria com
o grupo Pão de Açúcar (programa Alô Reciclagem) para que nos estabelecimentos do grupo houvesse os pontos
de coleta e que a Nokia ficaria responsável para recolher o lixo eletrônico de seus produtos. Para saber os locais
de coleta e o que pode ser levado, acesse: <http://www.grupopaodeacucar.com.br/landing/alo-recicle.htm>
Nokia – a empresa perdeu algumas posições na última edição do GEV, mas informa que mantém a política
sustentável de “Ser Verde e Limpo” com o compromisso de inovar sua tecnologia, que inclui o uso de recursos
naturais de forma mais eficientes para reduzir as emissões do GEE. Em seu site, a Nokia informa que mantém a
política de minimizar a quantidade de resíduos depositados em aterro, captação de energia a partir de resíduos e
reutilização de materiais. Mantém canal de contato com seus consumidores com os programas de coletas para
reciclagem e divulga um link voltado para “pessoas e planeta”, onde são apresentados os relatórios de
sustentabilidade. (MOREIRA, 2014, p. 11)
Assim como a Nokia, a Claro, por meio do Instituto Claro, também disponibiliza pontos de coleta para que os
consumidores possam descartar baterias e celulares. O nome desse programa é o “Claro Recicla” que tem o
propósito de conscientizar a população sobre o descarte correto do lixo eletrônico e ser mais uma alternativa para
a minimização dos resíduos eletrônicos. Em 2012 a Claro fez uma promoção, por meio do “Claro Clube”
(programa de fidelização de clientes), no qual os consumidores, ao depositarem celulares e /ou baterias
ganhariam bônus de até 200 pontos que posteriormente poderiam ser trocados por prêmios. Além disso, fazendo
uso da Educação Ambiental, o Instituto Claro disponibiliza uma cartilha sobre o perigo dos resíduos eletrônicos
e as soluções para seus problemas, buscando responder a perguntas como “O que fazer com seu celular antigo?”
Essa cartilha não está voltada apenas para celulares e baterias que foram comercializados pela Claro, mas
também orienta seus leitores e clientes sobre como descartar uma geladeira ou televisão. A cartilha completa está
disponível no site do instituto e pode ser baixada em: <https://www.institutoclaro.org.br>
A Samsung fez recentemente (nos dias 28/03 a 15/05/2016) uma promoção intitulada “UHD 4K – Troca
Consciente”, na qual o consumidor comprava uma TV Samsung modelo UHD 4K e poderia descartar sua TV
antiga sem sair de casa, pois a Samsung faria a coleta do produto. Após essa coleta ocorreria o desmonte da
antiga TV para que fosse possível reciclar alguns de seus componentes, e aquilo que não era reaproveitado seria
descartado de modo adequado. Outro detalhe é que qualquer pessoa que desejasse descartar de modo correto sua
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antiga TV (e qualquer outro produto eletrônico) pode fazê-lo mesmo sem comprar a TV Samsung modelo UHD
4K, para isso precisa entrar em contato com o CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. Acesse:
<http://cempre.org.br/>
O processo de reciclagem dos televisores começa com a desmontagem do equipamento, seguida da separação
manual dos diferentes tipos de materiais que o compõem, tais como: plásticos, ferros, metais, alumínios, placas,
cabos elétricos e outros. Depois de separados, cada componente é enviado para empresas de reciclagem
especializadas, que são responsáveis por processar o material, de modo a tornar possível sua reutilização como
matéria-prima na cadeia produtiva de diversos produtos. Com isso, contribuímos para a preservação dos recursos
naturais, ao evitar que novos recursos sejam extraídos da natureza, além de preservar o meio ambiente, por meio
da destinação ambientalmente adequada de todos os resíduos gerados no processo de reciclagem dos televisores
usados. Para tanto, contamos com prestadores de serviço devidamente qualificados e homologados junto aos
órgãos ambientais competentes. (SAMSUNG, 2016)
Samsung – a empresa informa em seu site que pratica a responsabilidade ambiental em todas as suas operações,
integrando a gestão corporativa com o desenvolvimento sustentável, exercendo gestão da cadeia de suprimentos
e ciclo de vida dos produtos e instalações responsáveis. Porém, a página que consta o último Relatório de
Sustentabilidade não está disponível. (MOREIRA, 2014, p. 12)
E o que fazer com as embalagens (papelão, plásticos isopores) dos produtos eletrônicos como lavadoras,
purificadores de água, fogões etc.? A Whirlpool Latin America, dona das marcas Brastemp, Consul e
KitchenAid, através do programa de logística reversa Brastemp Viva! Recicla mais de 70% das embalagens de
seus produtos comercializados na Grande São Paulo e baixada santista (existe a possibilidade dela ser expandida
para outras regiões), pois procura combinar com o próprio consumidor que no momento da entrega do seu
produto, o motorista retorne com as embalagens, para que a mesma possa ser reciclada.
A coleta, que pode ser combinada com o consumidor previamente, é feita por motoristas e entregadores, no
momento da entrega do produto. Para incentivá-los a trazer de volta as embalagens, a transportadora contratada
promove treinamentos para conscientização. A meta de cada um é voltar com todas as embalagens, mas a maior
dificuldade que enfrentam é o fato de que nem sempre o consumidor que adquiriu o produto é quem o recebe.
Muitas vezes, é um funcionário do prédio, por exemplo, sem autorização para desembalar. “O desenvolvimento
sustentável é um compromisso da Whirlpool e buscamos sempre contribuir com a gestão ambiental do começo
ao fim. Com o programa de logística reversa das embalagens de venda direta, praticamos a responsabilidade
compartilhada, em que todos os atores da cadeia, desde a produção até o consumidor final, estão envolvidos no
processo. E o alto retorno de embalagens que conquistamos revela maior consciência e comprometimento de
todos com a preservação do meio ambiente”, ressalta Vanderlei Niehues, gerente-geral de Sustentabilidade,
Saúde, Segurança e Meio Ambiente e Assuntos Regulatórios da Whirlpool Latin America. (WHIRLPOOL
LATIN AMERICA, 2015)
As empresas possuem diferentes motivações para trabalharem a LR de seus equipamentos eletrônicos como
exigências da legislação, vantagens mercadológicas e ambientais. Mas independentemente de quais sejam suas
intenções, é verídico pelo que foi exposto no presente artigo, uma variedade de possibilidades que o consumidor
final, seja ele pessoa física ou jurídica, tem de descartar corretamente seus produtos eletrônicos e espera-se que
este artigo tenha contribuído com informações relevantes sobre isso, já que muitos ainda se perguntam como e
aonde devem jogar fora seus equipamentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da oportunidade de ler e analisar trabalhos acadêmicos – em especial a monografia de Silva (2011) e o
artigo de Moreira (2014) – , e as informações contidas nos endereços eletrônicos das empresas citadas, foi
possível construir este artigo, dando ênfase à Logística Reversa como uma das alternativas que contribuem para
o reaproveitamento dos resíduos eletrônicos ou em última instância, seu descarte correto, minimizando por meio
de sua atividade, os impactos negativos do lixo tecnológico no meio ambiente e na sociedade.
Das boas práticas executadas no mercado diante da problemática do lixo eletrônico, foi notório neste trabalho de
revisão bibliográfica que existem algumas soluções comuns adotadas por diferentes empresas como: manter
contato com o consumidor (seja por e-mail ou telefone) para que o cliente final pudesse se informar de como e
aonde descartar o produto que não quer mais; manter pontos físicos de coleta dos resíduos localizados de
maneira estratégica, como em redes de supermercados, por ser um ambiente de muita movimentação de pessoas;
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coletar na residência do cliente os resíduos eletrônicos; fazer promoções como o “Claro Recicla”, e a “Samsung
Troca Consciente”, onde o consumidor, ao contribuir no descarte correto da bateria, do celular ou da televisão
antiga, ganhava pontos que serviriam seja para descontos em alguma compra ou para serem trocados por
prêmios. Sendo assim, diante do que foi apresentado nesta pesquisa, fica em evidência diferentes formas de o
consumidor final dar uma destinação mais limpa e sustentável para aquilo que ele considerar como inutilizável.
Quanto às empresas, que se empenham em colaborar com a diminuição dos impactos prejudiciais ao meio
ambiente causados pelas suas atividades, em especial do acúmulo de produtos eletrônicos descartados, é preciso
parabenizá-las e desejar a continuidade de suas boas práticas adotadas bem como sua extensão, para que de fato,
possa-se alcançar o chamado desenvolvimento sustentável. Estes empreendimentos possuem papel essencial para
isso. No mais, que este artigo possa contribuir para o estado de arte da Logística Reversa e incentivar novos
trabalhos que possam ampliar o tema aqui exposto, incluindo também a verificação da continuidade ou não das
práticas supracitadas pelas empresas, já que tais ações podem-se findar, sofrer alterações e outras novas
atividades surgir.
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PRINCÍPIOS DA GESTÃO APLICADOS NO AMBIENTE ESCOLAR.
Jacques Fernandes Santos
Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável pela Universidade de Pernambuco – UPE
Vinícius Silva Santos
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe – UFS
Bruna Santana de Oliveira
Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB
RESUMO
O objeto desse trabalho é analisar os principais desafios da gestão escolar na cena contemporânea, mais
especificamente na realidade do ensino fundamental. Primeiramente, faz-se uma descrição sobre o processo de
universalização do sistema de ensino e as mudanças ocorridas na estrutura escolar, a saber, a formação de
professores, o ensino, o planejamento pedagógico e etc. Em seguida, são problematizados desafios relacionados
ao ensino, tais como e insuficiência da leitura, cálculo, escrita e interpretação como sendo graves problemas no
interstício do ensino associados à repetência, fracasso escolar, entre outros. A metodologia adotada nesse estudo
foi de cunho qualitativo, baseada em levantamento bibliográfico em livros e artigos acerca do assunto. Por fim,
para alcançar a excelência na educação, é preciso investir na formação permanente do professor, ofertar
condições efetivas de infraestrutura e capacitar toda equipe diretiva na premissa de ofertar uma educação de
qualidade.
Palavras-chave: Gestão Escolar; Desafios; Ensino Fundamental, Educação.
ABSTRACT
The object of this work is to analyze the main challenges of school management in the contemporary scene,
specifically the reality of school. First, it is a description of the process of universalization of education system
and the changes in school structure, namely, teacher training, teaching, educational planning and so on. Then are
problematized challenges related to education, such as insufficiency and reading, calculation, writing and
interpretation as in the interstitium of the serious problems associated with school failure, school failure, among
others. The methodology used in this study was a qualitative one, based on literature in books and articles on the
subject. Finally, to achieve excellence in education, we must invest in continuous training of teachers, offering
effective conditions of infrastructure and empower all staff policy on the premise of offering a quality education.
Keywords: School Management; Challenges; Elementary School Education.
INTRODUÇÃO
A Constituição determina o dever do Estado e da família em zelar pela educação de crianças e jovens. Mesmo
antes de chegarem à escola as crianças já recebem de seus pais, irmão, vizinhos e amigos informações sobre essa
nova experiência. A escola é por excelência, o espaço de garantia da aprendizagem, mas será que esta
aprendizagem está sendo adquirida na sala de aula brasileira? Crianças permanecem na escola para os pais
trabalharem e alunos adolescentes buscam firmar a identidade no convívio com os colegas. Os pais apostam na
formação dos filhos através do ensino dos educadores. Os professores ensinam conteúdos programáticos. Logo, a
aprendizagem tornou-se o grande desafio, meio a tantos desafios que perpassam o sistema educacional brasileiro.
São diversos os pensamentos, teorias, teses, congressos, fóruns, seminários, sobre Educação, escola, ensino-
aprendizagem. Em um mundo onde a informação é divulgada com extrema rapidez em diversos meios, não é
mais concebível que as escolas continuem insistindo em conteúdos densos e uma prática tradicional. Não adianta
transmitir o que a geração de outrora aprendeu. É preciso ensinar para o futuro. Aprender para o futuro inclui
aprender a pensar criativamente, aplicar o conhecimento de modo flexível em situações variadas, colaborar
efetivamente com outras pessoas, para que o mundo seja um espaço de convivência significativa dentro de uma
perspectiva transformadora.
Dessa forma, o objeto desse trabalho é analisar os principais desafios da gestão escolar na cena contemporânea,
mais especificamente na realidade do ensino fundamental. Primeiramente, faz-se uma descrição sobre o processo
de universalização do sistema de ensino e as mudanças ocorridas na estrutura escolar, a saber, a formação de
professores, o ensino, o planejamento pedagógico e etc. Em seguida, são problematizados desafios relacionados
ao ensino, tais como e insuficiência da leitura, cálculo, escrita e interpretação como sendo graves problemas no
interstício do ensino associados à repetência, fracasso escolar, entre outros.
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1 A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA E CONSTRUÇÃO DO SUJEITO SOCIAL
O espaço escolar tornou-se o principal meio de educação dos jovens na atualidade. Criança e jovens passam
maior parte do tempo em contato com professores e colegas do que com os próprios pais. Nesse contexto social,
a instituição escolar ganha destaque como importante espaço de aprendizagem e socialização das gerações.
Mesmo com os grandes problemas comuns a sua organização, é reconhecida como espaço de construção,
convivência e aprendizagem. Vejamos:
A Educação é um processo coletivo e permanente. Educar é lidar com pessoas que
têm diferentes níveis de conhecimento e aprendem de maneiras distintas. A Escola é
regida por políticas públicas, que deveriam ter como objetivo a realização do bem
comum para responder às demandas da sociedade. (GENTILE, 2006, p.39)
Estudos comprovam que a riqueza de uma nação depende da qualidade da instrução ofertada ao seu povo. Um
país só pode ser considerado independente e desenvolvido, se suas crianças e jovens têm acesso à educação de
qualidade. Sendo assim, no imaginário social, temos a visão de que sem uma boa educação uma sociedade não
prospera.
Entretanto, se quisermos fazer com que a escola seja parte da vida da criança, do adolescente, do jovem, é
necessário que se eduque para a vida, que se oferte um ensino com sentido voltado para o presente rumo ao
futuro. É preciso trabalhar com professores competentes e valorizados; com uma família presente e participativa,
com profissionais da assistência social e da saúde, e com um governo comprometido com o desenvolvimento da
educação do seu povo.
Nas últimas décadas, o acesso à Educação cresceu, resultado da universalização do ensino, porém a qualidade da
oferta não vem seguindo os mesmos patamares. Por exemplo, os resultados do Inaf (Indicador do Analfabetismo
Funcional) indicam dados alarmantes sobre as atuais políticas públicas para educação, bem como os índices e
incipiência na qualidade em todas as modalidades de ensino. Antigamente, metade da população fracassava na
Escola porque ela não era para todos.
Escola nos anos de ouro era pública, gratuita, de qualidade, mas apenas para os
filhos da elite, os fazendeiros, os coronéis. Se não fossem de classe média ou alta, as
crianças eram tratadas como não-ensináveis. (Weiz, 2012, p.36).
Hoje a realidade não é tão diferente, apesar das mudanças ocorridas no panorama social, novas nomenclaturas,
portarias a cumprir, os alunos ainda são vistos como desinteressados. Existem alunos que não leem, mas
escrevem com fluência, outros que mantêm baixo rendimento e têm um histórico de repetências. Adolescentes
criativos, mas que tiram notas baixas ou que não querem produzir. E há aqueles sem limites, sem perspectivas.
Não se pode esquecer ainda das regiões mais carentes, sobre tudo na zona rural, a principal causa do não
comparecimento à escola é a pouca importância que as famílias dão à educação.
É uma questão de falta de informação, comodismo, pais que não valorizam o ensino nem apoiam os filhos. Já
nas grandes cidades, a realidade que as crianças mais pobres vivem (condições mais duras, violência doméstica,
trabalho infantil, drogas, prostituição, desemprego) faz com que elas prefiram fugir, morar embaixo de viadutos.
Se o contexto social não colabora, a escola deve proporcionar as oportunidades necessárias para reverter esse
panorama. Não é mais admissível culpar o aluno pelos fracassos históricos acumulados.
Sendo assim, as escolas vêm historicamente assumindo diferentes funções e formas de organizações, tanto em
termos físicos quanto curriculares, porque são distintas e influenciadas pela cultura e costumes de cada região e
assim exercem funções sociais que se adéquam ao seu contexto cultural, histórico e organizacional. Nem sempre
a função social da escola foi clara, isso porque essa instituição tem mais de uma função, além de formar para o
trabalho tem que humanizar e formar cidadãos que poderão procurar seus direitos, conhecer e cumprir seus
deveres. Isso causa incompreensões na sua forma de organização, exigindo dos sujeitos da prática educativa
reflexões sobre real função da escola.
Dermival Saviani (2000) destaca as teorias da educação, concedendo à escola a função de promover o homem, e
nesse panorama, propõe melhorias profundas na formação do educador e no ensino do educando. Para Libâneo
(1996), a escola atende a interesses sociais com objetivos antagônicos, preocupando-se em formar o educando
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para o mercado capitalista e diminuindo situações que favoreçam o aprendizado. Gómes (1998) vê na escola um
espaço que pode quebrar a função reprodutivista através da priorização da função educativa, ou seja, acredita que
a escola pode ser um espaço de transformação por meio da socialização. Portanto, a escola pode propor e
incentivar a interação entre as diversas ciências, derrubando as barreiras existentes na educação através da
modificação das práticas pedagógicas reprodutoras, estimulando de forma global a construção do conhecimento
do educando.
2 GESTÃO ESCOLAR E SUA RELAÇÃO COM A AVALIAÇÃO E DESEMPENHO DO ALUNO
De acordo com Luck (2000) a gestão escolar pode ser entendida como sendo uma dimensão, um enfoque de
atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem efetiva e
significativa dos alunos, onde o foco de aprendizagem está em realizar um trabalho que permite uma melhoria da
qualidade de ensino através da participação de todos.
Já para Menezes & Santos (2002) a gestão escolar é como uma expressão relacionada à atuação cujo objetivo é
promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias
para garantir o avanço dos processos sociais educacionais dos estabelecimentos de ensino orientados para a
promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos. Nesta linha de pensamento Boa Ventura (1996) defini a gestão
escolar como um pressuposto a gestão democrática, ou seja, a participação efetiva de todos que estejam
envolvidos direta ou indiretamente no cotidiano escolar seja ele professor, diretores coordenadores ou a
comunidade em volta da escola que se dá o processo de afirmação da democratização da educação. De acordo
com Luck:
Gestão escolar é o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as
diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto
político-pedagógico e compromissado com os princípios da democracia e com os
métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo
(...) constitui uma dimensão e um enfoque de atuação em educação, que objetiva
promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições
materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos
socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção
efetiva da aprendizagem dos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar
adequadamente os desafios da sociedade complexa, globalizada e da economia
centrada no conhecimento. Por efetividade entende-se, pois, a realização de
objetivos avançados, em acordo com as novas necessidades de transformação
socioeconômico-cultural, mediante a dinamização do talento humano,
sinergicamente organizado (2009 p 24).
Ainda segundo o autor;
(...) à gestão escolar estabelecer o direcionamento e a mobilização capazes de
sustentar e dinamizar a cultura das escolas, para realizar ações conjuntas, associadas
e articuladas, sem as quais todos os esforços e gastos são despendidos sem muito
resultado, o que, no entanto, tem acontecido na educação brasileira, uma vez que se
tem adotado, até recentemente, a prática de buscar soluções tópicas, localizadas,
quando, de fato, os problemas são globais e inter-relacionados. [ela] constitui uma
dimensão importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela, se observa a
escola e os problemas educacionais globalmente e se busca, pela visão estratégica e
as ações interligadas, abranger, tal como uma rede, os problemas que, de fato,
funcionam e se mantêm em rede (LÜCK 2009, p. 24).
No ponto de vista de Oliveira (2007) a gestão escolar deve ser vista como uma participação democrática,
abordando aspectos políticos e pedagógicos, uma vez que a função social da escola é de socializar, de fornecer a
melhor informação e método possível para o processo de aprendizagem do aluno. Já de acordo com Conceição et
al. (2006, p. 1), a gestão escolar passou a ser entendida por alguns críticos como uma gestão democrática a qual
se define como “a participação consciente do coletivo escolar em busca de uma identidade para a instituição
educativa que responda aos anseios da comunidade.
O conceito de gestão democrática aparece, aqui, para dar ênfase à descentralização que a gestão escolar faz
acontecer na escola. Trazendo para o seu convívio todas as comunidades, participes do processo de educação.
Deste modo, o conceito de gestão democrática para a Secretaria de Educação Básica, envolve a garantia de
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mecanismos e condições para que espaços de participação, partilhamento e descentralização do poder ocorram.
(BRASIL, 2004, p. 20). Nesse caso, as práticas emancipadoras, enquanto processo voltado para a formação
humana constitui-se a partir da concepção do aluno como sujeito do processo.
(...) a articulação entre os diversos segmentos que compõem a escola e a criação de
espaços e mecanismos de participação são fundamentais para o exercício do
aprendizado democrático que possibilite a formação de indivíduos críticos, criativos
e participativos. (BRASIL, 2004, p. 32)
Este processo de democratização da escola garante espaços para que todos os segmentos da comunidade possam
participar do processo de ensino-aprendizagem, partindo deste pressuposto observa-se que na sociedade atual, a
democratização da gestão da escola é uma necessidade decorrente da própria evolução da sociedade, podendo ser
constatado também no caso das escolas situadas no município estudado.
Meio as transformações, tanto nos processos de produção de conhecimento, como na acessibilidade a novas
fontes de tecnologia e informação ocorridas através da modernização, surgem também uma nova forma de ver e
fazer a educação através da gestão escolar, possibilitando à escola, comunidade e sujeitos sociais novos
conceitos e formas de organização das práticas pedagógicas, estando incluso aí, o processo de ensino-
aprendizagem.
De algum modo, as escolas são convidadas a buscar em novos mecanismos sociais e educacionais, permitindo
rever métodos de ensino, priorizando conteúdos que permita o aluno interação entre escola e sociedade,
buscando informações que possam complementar a sua formação.
De acordo com Cabral Neto (2009) nas últimas décadas o Brasil colocou na agenda da política educacional a
necessidade de modernizar a gestão educacional em todas as instâncias, abarcando os níveis macro,
intermediário e micro do sistema de ensino. Desse modo, a gestão passou a ser considerada uma importante
estratégia para garantir o sucesso escolar e garantia de qualidade do ensino e da aprendizagem, e, que por
consequência, melhores resultados de acordo com as avaliações da educação nacional.
Seguindo esta ideia Geraldi (1996), relata implicações para o modo de compreender o aprendizado e desenvolver
estratégias no processo de aprendizagem, antes pensado como processo natural e espontâneo ou com base em
outra perspectiva, resultante de treinamento e associações mecânicas, passa a ser compreendido como processo
resultante de interações entre sujeitos e os contextos sociais.
Ao pensar e estudar os possíveis caminhos para a melhoria da educação, frequentemente, nos deparamos com a
necessidade de pensar também nas condições como os professores, alunos e gestores lidam com os mecanismos
que movimentam a organização escolar. Nesse sentido, é recorrente nos meios escolares e nos dispositivos legais
a defesa de uma maneira de trabalhar que contemple os princípios democráticos, pautada no ideal coletivo de
responsabilidade em relação ao desenvolvimento da escola, ajudando a superar os obstáculos e fazendo do
dirigente o responsável por mediar à equipe, e não apenas aquele que concentra poderes de responsabilidade e
decisão sobre a instituição.
Assim sendo, a democratização do ensino faz surgir novas formas de penar a escola, emergindo dos alunos um
novo desempenho escolar. Hoje, passa-se a cobrar mais dos alunos, isto porque, as consequências do seu
desempenho passam também a ser monitoradas. Antes da democratização da educação não havia tanta
preocupação com o desempenho, seja ele considerado fraco ou médio, já que poderia se tentar recuperar o aluno
em anos seguintes, hoje fica evidente que o baixo desempenho passou a ser um problema para todos, desde o
aluno até a comunidade onde o aluno está inserido.
Assim ao democratizar a educação tornou-se necessário pensar novos mecanismos para observar, acompanhar o
desempenho dos alunos e das escolas públicas no Brasil. Isso fica evidente quando surge a necessidade de adotar
uma avaliação como eixo de suas políticas educacionais, por meio de instrumentos de avaliação para a educação
básica (SAEB, ENEM, IDEB, PROVA BRASIL). (CONAE, 2009)
A função da avaliação é, na verdade, fazer um levantamento e prover informações de como se dá a educação ao
mesmo tempo em que propicia condições de os resultados ser vistos como forma de detectar e solucionar os
problemas, com vistas na articulação para melhorar o desempenho escolar através, por exemplo, de buscar
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articulação do currículo a ser ensinado nas escolas, a melhor maneira de desenvolver habilidades e competências
desses indivíduos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394, de 20 de dezembro de 1996 é bastante clara em seu
artigo 9º inciso VI:
Assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino
fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino.
(BRASIL, 1996 s/p).
Segundo Freitas (2007, p. 102-103), o governo federal vem promovendo várias iniciativas de consolidar a
regulação educacional. Em 1996, além da criação da LDBEN 9394/96, também promoveu a reforma do
Ministério da Educação (MEC) e criou através do Decreto nº 1.917, de 27 de maio de 1996 a Secretaria de
Desenvolvimento, Inovação e Avaliação Educacional (SEDIAE) que incorporou a Serviço de Estatística da
Educação e Cultura (SEEC) com a seguinte competência:
I. Planejar, orientar e coordenar o desenvolvimento de sistemas de avaliação
educacional, visado ao estabelecimento de parâmetros e indicadores de desempenho
nas atividades de ensino do País;
II. Subsidiar a formulação de políticas e o monitoramento do sistema de ensino,
com os dados gerados pelos sistemas de estatísticas e informações educacionais;
III. Realizar diagnósticos baseados em pesquisas, avaliações e estatísticas
educacionais, objetivando a proposição de ações para a melhoria do sistema
educacional;
IV. Articular-se com instituições nacionais estrangeiras e internacionais,
mediante ações de cooperação institucional, técnica e financeira, bilateral e
multilateral. (BRASIL, 1996, artigo 22)
A avaliação educacional e a avaliação escolar têm se mostrado como instrumento relevante quando se quer
elencar melhores condições de ensino pautadas em ações efetivas que possibilitem alteração no panorama atual
das escolas. Em suma, pode-se afirmar categoricamente que uma boa gestão escolar traz melhorias nas condições
de ensino assegurando uma melhoria na avaliação da escola pelo MEC
Nos dias atuais, quando fala-se em educação, a palavra chave é mudança. Não adianta melhorar a situação aqui,
contornar os problemas ali, mas promover uma mudança estrutural em todo o sistema, tendo como foco
prioritário, a valorização da carreira docente e o aprendizado dos alunos. Segundo Garcia (2011):
Nossos governantes parecem estar mais preocupados em manter intocáveis os
orçamentos e organogramas da secretaria das escolas, em vez de traçar planos
objetivos e eficientes para reorganizar as contas e o uso do tempo pedagógico. (p.21)
Capacitações, melhoria na infraestrutura compra de computadores, aumento de salário dos professores não
resolvem sozinhos as demandas educacionais. São apenas investimentos sem o devido planejamento. A
formação escolar é essencial para conduzir nossa vida pessoal, familiar, social e profissional pelos
conhecimentos resultantes do aprendizado. Como nosso aluno poderá se transformar em um sujeito crítico,
reflexivo, leitor, capaz de atuar na sociedade? Continuaremos com o método classificatório, ou seria interessante,
voltar o olhar para os saberes adquiridos, as habilidades, as deficiências dos alunos, reproduzindo um dos velhos
problemas na educação brasileira, o fracasso escolar e a repetência. Sobre isso, vejamos o que nos diz Civita
(2012):
Muitas vezes, o fracasso escolar é atribuído a problemas emocionais ou psicológicos
dos alunos. Porém a principal causa dele são condições inadequadas de
aprendizagem em sala, conforme RUFINI (2011, p.43). Mas para MENEZES
(2011), Qual seria nosso resultado médio nos exames gerais se quem se submetesse
às provas fossem os professores, coordenadores e dirigentes da nossa educação. (p.
72)
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Professores, diretores e dirigentes políticos precisam dar satisfações à sociedade sobre porque os alunos não
estão aprendendo, ou porque os índices educacionais ainda permanecem abaixo do esperado. Toda essa
discussão perpassa pela gestão escolar em seus diferentes níveis de responsabilidade, secretária, direção,
professores, pais e etc.
Segundo um questionário realizado pela Unesco para compor um “ Perfil do Professor Brasileiro” : 63% dos
docentes têm outros membros da família na profissão; 81% concordam que são muito importantes para a
sociedade; 78% dizem ter orgulho de ser professor(a); 57% trabalham apenas em uma escola; 28% lecionam
quarenta horas por semana, 63% estão satisfeitos com a profissão, só 10% dizem querer abandonar a carreira.
Essa satisfação é curiosa porque os professores estão falhando na sua tarefa mais simples, que é
transmitir conhecimentos e desenvolver capacidades cognitivas de seus alunos: 32% dizem
meus alunos aprendem de fato. Dois terços dos professores admitem que só conseguem
desenvolver 40 e 80% dos conteúdos previstos no ano. Somente 34% dos professores
acreditam que sua formação está adequada à realidade do aluno. O que significa esse
insucesso? IOSCHE (2011, p. 33)
Todavia, a profissão de educador traz consigo uma grande responsabilidade, pois tem o poder de transformar a
sociedade. Dentro da escola, a criança precisa receber um bom ensino, ser acolhida, respeitada em suas
limitações e estimulada nas habilidades. O envolvimento não só dos gestores federais, técnicos especialistas, mas
também dos governos estaduais e municipais, professores, diretores, funcionários, consultores, sociedade
organizada, pais e dos estudantes e imprescindível para que as mudanças aconteçam. O professor não pode ser
responsabilizado sozinho pelos casos de fracasso escolar; alguns acabam desistindo diante dos constantes
desafios que a missão impõe.
Como superar as dificuldades existentes (baixo rendimento, repetência, evasão, analfabetismo, exclusão,
formação incompleta do docente, práticas pedagógicas tradicionais, infraestrutura precária, desmotivação do
aluno/professor, condições inadequadas de trabalho, falta de acompanhamento familiar, permuta constante dos
docentes, indisciplina, inabilidade do professor, aulas perdidas, faltas abonadas resistência ao novo, falta de
limites dos alunos, uso ineficiente do tempo escolar, falta de autonomia, currículo e prática desassociados da
realidade social e cultural dos alunos, avaliações seletivas, salários defasados, desvios de verbas, excesso de
burocracia, políticas públicas ineficientes distorções idade/série, estratégias de ensino inadequadas) no sistema
educacional, nas salas de aula de tantas escolas pelo Brasil a fora? De que forma o aluno atingirá êxito em sua
formação acadêmica, tomando como ponto de partida as condições insuficientes.
É necessário investir corretamente na Educação Básica de nosso país, preencher as lacunas do currículo,
capacitar o docente afim d que o nosso aluno não seja produto do ensino de má qualidade, para que não se
transforme em um cidadão incompleto, um profissional fragilizado e incompetente. A vida e o mercado de
trabalho querem mais do que mediocridade.
É preciso que a escola se pergunte todos os dias se o que está ensinando está sendo
aprendido e se pode se relevante para a vida do aluno no presente e no futuro.
Assim, se o objetivo é educar todos os alunos para que alcancem seu potencial, as
escolas precisam buscar um modelo centrado no estudante, criar um ambiente
agradável em que todos os alunos consigam avançar. Então, as questões é definir o
que ensinar na sociedade do conhecimento e estabelecer quais são as aprendizagens
imprescindíveis, das quais ninguém devia ser excluído” (MELLO, 2004, p.26).
Melhorar a qualidade do ensino é o desafio crucial. Os últimos resultados do programa Internacional de
Avaliação (PISA) mostram que o desempenho dos alunos brasileiros não foi suficiente para nos tirar do vexame
na pontuação baixa. Por isso, é essencial capacitar o docente, priorizar a sua formação, valorizando o seu
trabalho. É preciso ouvir o docente com seus sonhos e anseios, pois ele é o responsável direto por executar na
prática as decisões dos políticos. Muitos professores têm dificuldade de passar o discurso pedagógico do papel
para a prática. Outros reconhecem não estão preparados para a realidade de sala de aula. Todos os anos há
mudança no quadro docente das escolas, ficando difícil organizar e implantar um projeto em conjunto que, seja
inovador e contextualizado. O professor ao ser removido quebra o vínculo; atônito, não se sente nem pertencente
à escola, nem à comunidade, nem ao sistema.
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Um trabalho docente requer estudo, planejamento, foco na aprendizagem, procedimentos cuidadosos, respeito às
diferenças, atividades desafiadoras, avaliações contínuas, garantia de infraestrutura e apoio pedagógico a fim de
que se atinjam as metas do trabalho proposto.
Sabe-se que o Ensino Fundamental regular (1º ao 9º ano) terá duração mínima de 800 (oitocentas) horas,
distribuídas por um mínimo de 200(duzentos) dias letivos com 4(quatro) horas de trabalho efetivo em sala de
aula. O Ensino Fundamental tem por objetivo, como consta na Lei de Diretrizes e Base (LDB) art. 32: a
formação básica do cidadão mediante:
I. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura,
da escrita e do cálculo;
II. A compreensão do ambiente natural e social do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
em que fundamenta a sociedade;
III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimento e
habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV. O fortalecimento dos vínculos de famílias, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca
em que se assenta a vida social.
Os Currículos são formados pela Base Nacional Comum, complementada pela parte diversificada, em sintonia
com o Projeto Didático- Pedagógico, observando preservar as características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia, dos valores dos alunos, de forma contextualizada, flexível e progressista.
Os currículos do Curso estão organizados com a seleção dos conteúdos, objetivos e recomendações elaboradas
pelos docentes com a finalidade de formar um cidadão integrado, participativo, reflexivo, crítico, autônomo,
livre de preconceitos, construtor de sua realidade com atividades produtivas. Os conteúdos Curriculares da
Educação Básica observarão as seguintes diretrizes:
I. A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres do cidadão, do respeito ao
bem comum e à ordem democrática;
II. Orientação para o trabalho;
III. Promoção do disposto educacional e apoio às práticas não formais.
O Ensino Fundamental Regular (1º ao 9º ano) é obrigatório, gratuito, presencial e contextualizado, apresentando
as seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Arte, Língua estrangeira Moderna (Inglês), História, Geografia,
Ensino religioso, Matemática, Ciências e Educação Física.
Nesse contexto, um grupo de empresários e líderes políticos, preocupados com a real situação da Educação
Brasileira, lançaram o compromisso Todos Pela Educação, com cinco metas a serem atingidas até sete de
setembro de 2022, o ano do bicentenário da Independência. Há muito que ser atingido, modificado, trabalhado,
porque está mais que evidente que um país só pode ser considerado independente, se crianças e jovens usufruem
uma educação plena, equitativa, libertadora, transformadora como lembra nos lembra Paulo Freire.
Nesse sentido, o “Todos Pela Educação” é um movimento social que tem como objetivo ajudar o Brasil a
garantir Educação de qualidade para todas as crianças e jovens, porém, não se muda a educação estabelecendo
apenas metas, mas a partir de instituições, pessoas e serviços e não adianta mais ficar só atribuindo culpas para o
professorado desqualificado ou na família e etc.
Conforme Sllva (2011) o governo precisa ajudar a escola na responsabilidade de ensinar bem, sendo provedor de
políticas públicas, da infraestrutura e das condições gerais para que a aprendizagem ocorra verdadeiramente.
Portanto, não é suficiente aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE) se as condições de trabalho ofertadas ao
professor não condizem com a realidade do alunado. Enquanto não houver responsabilidade e desejo por
mudanças consistentes, efetivas, as reformas continuarão burocráticas, fantasiosas e distantes daquilo que
realmente precisamos, quer seja no ensino fundamental ou em qualquer outra modalidade de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso priorizar a Educação para que o país avance. É fundamental empregar e fiscalizar as ações e os
recursos destinados à Educação. Os professores precisam de qualificação, tanto na área pedagógica, como nos
campos específicos do conhecimento. Garantir a formação inicial e continuada e investir nela para que
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finalmente, eles se sintam seguros e plenos, capazes de ajudar o aluno a avançar. É preciso continuar estudando,
discutir e trocar ideias com colegas, pedir orientações, aprender sobre novas práticas (contextualização,
interdisciplinaridade, avaliação, tecnologia), atualizar conhecimentos, ver os novos procedimentos das didáticas
específicas. Acima de tudo, planejar a prática para tornar a aula mais interessante e produtiva.
Sendo, assim, fazer a transposição didática dos conteúdos que serão ensinados em sala de aula, transformando-os
em conhecimentos significativos através da prática contextualizada e dinâmica. Adquirir competências para
ensinar a todos, em clima de acolhimento e confiança, com amor e bom humor. Utilizar metodologias interativas
que auxiliem o estudante no processo de ensino-aprendizagem. Mesmo com deficiências, o Sistema Escolar
Brasileiro têm condições necessárias para proporcionar as experiências educacionais e culturais que os alunos
necessitam, fortalecendo assim, a formação básica.
Portanto, coexiste a preocupação da realização da educação capaz de exprimir aos alunos e a organização escolar
a premissa de desenvolver as capacidades de ensino-aprendizagem, socialização, participação e construção
coletiva da escola contemporânea. Por fim, pensar numa escola pública de qualidade, pressupõe em primeiro
lugar, realizar mudanças na estrutura política, vislumbrar a educação de qualidade como sendo o ponto de
partida, dentre outros, para uma profunda mudança social. Em segundo lugar, convida a todos os envolvidos
direta ou indiretamente com a gestão da educação, sejam políticos, profissionais de educação, pais e interessados
a olharem com responsabilidade para a realidade educacional, os problemas e desafios que se multiplicam num
panorama social complexo que sugere com urgência uma postura efetiva de mudança na educação.
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CRESCIMENTO DE EMPRESAS COM O USO DO BUSINESS INTELLIGENCE.
João Pedro Lima da Silva
Jonathan Kelvin dos Santos Ferreira
Graduandos do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação da Faculdade Sete de Setembro - FASETE
Denise Xavier Fortes
Mestrando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Sergipe- UFS
RESUMO
Com o avanço tecnológico cada vez mais constante, as empresas buscam se modernizar para que consigam se
manter no mercado, tendo que trabalhar de maneira rápida, eficaz e lucrativa. Deste modo, aplicação do Business
Intelligence (BI) no ramo empresarial está em constante crescimento, que ajuda na tomada de decisões corretas
através da coleta de dados, garantindo a precisão nas informações. Para este estudo torna-se satisfatório, foi
realizada uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso com a implantação do Business Intelligence numa
empresa localizada na cidade de Paulo Afonso-BA. O objetivo deste artigo é evidenciar que o BI pode ser uma
solução para as empresas que estão indo à falência devido à crise econômica, além de mostrar que as
problemáticas de uma determinada empresa e o seu insucesso no mercado podem ser solucionadas através do
uso desse recurso tecnológico, principalmente no ramo comercial. Os resultados referentes ao estudo de caso
comprovam que a empresa conseguiu os objetivos propostos pelo BI, porém, é necessário um prazo maior de
tempo para que possa obter maiores benefícios e total rendimento na implantação desse recurso tecnológico na
empresa, assim trazendo satisfação ao cliente.
Palavras-chaves: Tecnologia; Business Intelligence; Tomada de decisões; Empresas; Crescimento.
ABSTRACT
With technological progress increasingly constant, companies seek to modernize so they can stay in the market,
working quickly and effectively. In this way, Business Intelligence (BI) application in the business sector is
constantly growing, which helps in making the right decisions through the data collection, guaranteeing the
accuracy in the information. For this study to become satisfactory, it was made a bibliographic research and a
case study with the implementation of Business Intelligence in a company located in the city of Paulo Afonso-
BA. The objective of this article is to highlight that BI can be a solution for companies that are going bankrupt
due to the economic crisis, besides showing that the problems of a certain company and its failure in the market
can be solved through the use of this resource Technology, mainly in the commercial field. The results of the
case study prove that the company has achieved the objectives proposed by BI, but it takes a longer period of
time before it can obtain greater benefits in the deployment of this technological resource in the company.
Key-words: Technology; Business Intelligence; Decision-making; Business; Growth.
INTRODUÇÃO
Com o crescimento contínuo da tecnologia a coleta de dados pode ser obtida de várias formas, por isso, é crucial
obter uma informação de qualidade para uma tomada de decisão dentro de uma empresa. É cada vez mais visível
a quantidade de empresas que não conseguem manter-se no mercado devido à crise econômica, no entanto, esse
devaneio não deve ser visto de forma que justifique a falência ou o insucesso, é na crise que surge a
oportunidade de se tornar grande e com isso em mente vê-se a aplicação do BI como uma fonte do sucesso e
crescimento do negócio empresarial, que não é exclusivamente usada apenas por grandes empresas, o BI se
adequa a quem usa.
Pequenas e médias empresas que usam o BI na sua gestão têm em mãos uma poderosa arma e quanto mais
recursos tiver torna-se mais fácil para resolver os problemas do dia-a-dia, contribuir com situações difíceis,
ajudar a manter o equilíbrio do orçamento da empresa ou até mesmo alavancar patamar da mesma através do
arranque que o BI proporciona, sendo por vendas e também pela otimização dos custos, ou seja, quanto mais
tecnologia estiver ao seu dispor melhor será a sua administração, correndo menos risco de a empresa venha a ter
insucesso no mercado. Essas são umas das várias vantagens que o uso da inteligência empresarial proporciona a
uma empresa.
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Este estudo também objetiva entender e comprovar a eficácia das soluções que o Business Intelligence pode
agregar ao negócio, ajudando a empresa a se manter no mercado, com um alto índice de rendimento e
competitividade
O presente artigo classifica-se, quanto aos meios, documental, bibliográfico e estudo de caso. Este estudo está
embasado em SANTOS, Marcos Y. e RAMOS, Igor, KOTLER, P. e ARMSTRONG, G. (2007), PIEDADE,
Maria B. de G. (2011). Diante disto, foi realizada uma análise de uma pequena empresa comercial localizada no
centro de Paulo Afonso-BA, a fim de mostrar os avanços da mesma, decorrente à aplicação do BI.
1 BUSINESS INTELLIGENCE
O termo “BI” é uma sigla que se refere a duas palavras “Business Intelligence”, podendo ser traduzido para o
português como “Inteligência dos Negócios”. Business Intelligence possui inúmeros conceitos e definições,
resumidamente, BI faz a coleta e o uso dos dados de uma determinada empresa, analisa, realiza uma tomada de
decisão com base nesses dados transformando-as em informações precisas e importantes, para que se possa
perceber o que está dando certo ou não no negócio, satisfazendo cada vez mais os clientes e cliente satisfeito é
sinônimo de mais vendas, quanto mais vendas, maior será o lucro final, aumentando rendimento. De forma mais
detalhada pode-se conceituar o termo assim como Angeloni e Reis (2006, p. 3) que relatam:
O conceito de Business Intelligence com o entendimento de que é Inteligência de Negócios ou Inteligência
Empresarial compõe-se de um conjunto de metodologias de gestão implementadas através de ferramentas de
software, cuja função é proporcionar ganhos nos processos decisórios gerenciais e da alta administração nas
organizações, baseada na capacidade analítica das ferramentas que integram em um só lugar todas as
informações necessárias ao processo decisório. Reforça-se que o objetivo do Business Intelligence é transformar
dados em conhecimento, que suporta o processo decisório com o objetivo de gerar vantagens competitivas.
Segundo Piedade (2011), os sistemas BI estão ligados ao gerenciamento da organização, ajudando o gestor a
monitorar e controlar o desempenho da empresa dentro de suas metas, fornecendo informações sobre diversos
indicadores do desempenho atual e do desejado. No nível estratégico as ferramentas de BI mostram como a
organização está se comportando com uma decisão e ainda obter informações sobre as novas tendências de
negócio. Em nível operacional, os sistemas de BI fornecem informações que permitem conseguir respostas a
diversas questões relacionadas com a atividade diária da empresa, do negócio ou dos clientes.
Como já mencionado neste artigo, as empresas estão cada dia mais competitivas e aquelas que não possuem uma
maior coleta de informações necessárias para tomada de decisões, são passadas para trás deixando de atingir o
sucesso.
2 FERRAMENTAS E TECNOLOGIAS
A Gestão do Relacionamento com o Cliente visa analisar cada cliente que a corporação possui e gerenciar o
contato direto. Neste quesito, o marketing identifica as necessidades e desejos de cada cliente, buscando alcançar
a fidelização e, com isso, o cliente se torna o centro das estratégias. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007)
CRM (Customer Relationship Management)
O principal objetivo do CRM que em português significa “Gestão de relacionamento com o cliente”, é gerenciar
os clientes e mudar a visão de clientela para parceria com a organização, o qual, os dois lados ganharão com
futuros empreendimentos.
Partindo deste pressuposto, o CRM é uma importante ferramenta que irá alimentar o BI com informações
importantíssimas sobre os clientes sendo possível a criação de estratégias e produtos personalizados para cada
grupo criado pelo CRM, gerando uma vantagem competitiva. (NEWEL,2000)
ERP (Enterprise Resource Planning)
Os sistemas ERP é a evolução de sistemas de gestão das necessidades de materiais, MRP – Material
Requirement Planning, que necessariamente calculava a necessidade de compra de matérias primas e produção
de componente a partir de previsão de vendas e de uma situação de estoque. (ZANCUL,2000)
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Os sistemas MRP têm importante contribuição para o planejamento das empresas, contudo, quem vive no chão
de fábrica percebe que apenas calcular a viabilidade da produção não é o suficiente para garantir que os prazos
não serão ultrapassados. É necessário também colocar na conta os recursos humanos e equipamentos, o que nem
sempre é levado em consideração. (CORREA et.al, 1997)
Partindo dessa premissa, ao observar que fatores importantes estavam ficando de fora, os sistemas MRP foram
atualizados e incorporaram novas funções abrangendo outros setores da organização, aumentando sua eficácia de
prever o tempo gasto da produção com base em todas as áreas da empresa.
Nessa evolução os MRP passaram a se denominar MRP-II, sendo chamados de Manufacturing Resources
Planning, ou, para tradução livre, de Planejamento de Recursos de Manufatura. (SLACK et.al., 198)
Data Warehouse (DW)
O Data Warehouse, também conhecido popularmente como banco de dados, é usado em grande escala para
elaboração de estratégias com as informações guardadas ao longo da historia da empresa, tem papel fundamental
no ambiente BI, já que é dessa base que os dados serão filtrados e agrupados para que os gestores tenham acesso.
Data Mining (DM)
O Data Mining é um processo que se utiliza de diversos algoritmos que processam os dados e encontram padrões
válidos e valiosos para a organização. Porém, necessita da interação com analistas humanos, que são os
responsáveis para a criação desses padrões. Além do mais, o direcionamento e exploração destes dados é uma
tarefa primordial confiada aos analistas humanos. (NAVEGA, 2002).
3 IMPLANTAÇÃO DO BUSINESS INTELLIGENCE EM UMA EMPRESA
A organização onde foi elaborado o estudo de caso em uma empresa localizada no Centro da cidade de Paulo
Afonso no estado da Bahia, é um empreendimento que atende a uma demanda de público de classe média-alta
em sua sede e classe média em suas filiais, comercializa diversos produtos, possuindo um status de empresa
normal (NO), mas desde do início, a direção da empresa se preocupou em utilizar conceitos de administração,
ou seja, evitar tomar decisões baseadas apenas na intuição do proprietário, esse caráter dinâmico de gestão
reforça a estratégia utilizada na empresa. Com a implantação do Business Intelligence procurou melhorar a
gestão organizacional, tendo em vista que a empresa realizava apenas anotações no papel, como também, na
gestão estratégica, buscando uma tomada de decisão vantajosa com relação ao aumento do faturamento.
Visando planejar uma melhoria nos setores estratégicos e organizacional da empresa, a diretoria almejava um
software de apoio à decisão. O banco de dados MySQL foi escolhido por possuir informações rápidas e
confiáveis. Portanto, a empresa analisada poderia ter acesso a informações que fossem ao encontro às estratégias
da mesma.
O diferencial na implantação do BI foi a integração do ERP e CRM consolidando as informações do banco de
dados empresarial. Após ter sido realizada a busca de dados para que se pudesse obter todas as informações
necessárias, objetivando uma tomada de decisão eficaz, as quais, foram armazenadas em um Data Warehouse.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo de caso permitiu à empresa alcançar os objetivos propostos pelo BI, assim como, outros que não
estavam postos em vigor, na área estratégica e funcional da empresa. Dentre eles pode-se citar:
Monitoramento das decisões tomadas;
Melhor atendimento ao cliente;
Previsão de problemas;
Agilidade de resolução de problemas;
Controle das ações.
Uma das problemáticas para maior obtenção de benefícios da introdução do BI na empresa foi a análise em curto
prazo. Observa-se que com o passar do tempo e a estabilidade do recurso tecnológico utilizado, a empresa pode
alcançar outros objetivos, já constatados em outras análises, tais como:
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Respostas rápidas às alterações do mercado;
Maior receita;
Redução dos custos;
O poder de análise do porquê e o efeito entre os indicadores;
Redução no prazo para a disponibilização das informações;
Obtenção de informações estratégicas.
Ao analisar a implantação do Business Intelligence independentemente de qualquer empresa é necessário se
questionar por várias questões, para submeter a possíveis decisões, por exemplo:
A estimação do custo financeiro para esta iniciativa;
Identificar as propostas de curto a longo prazo do BI;
Estabelecer um programa com informações definidas por parâmetros;
Clareza nas informações;
Além disto, é necessário o monitoramento e ajustamento do sistema com o intuito de proporcionar os benefícios
do Business Intelligence, para que o mesmo possa manter-se com eficácia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o avanço tecnológico se faz necessário às empresas se adequarem rapidamente as mudanças que o mercado
sofre, assim, prevenindo-se de prejuízos sem o aumento de custos. Ao permitir que uma empresa usufrua desses
ativos tecnológicos que estão dispostos ao ramo de negócios para obtenção de informações e assim poder tomar
uma decisão na realidade dessa empresa são meios que contribuem para o aumento de lucro.
A tomada de decisão para a implantação do Business Intelligence (BI) em uma empresa é uma postura de quem
quer ter um planejamento dos possíveis rumos que a empresa está seguindo.
Através dessa pesquisa, conclui-se a importância da ferramenta Business Intelligence (BI), que incorporada com
eficácia pode identificar os impactos que uma decisão errada acarretará em uma empresa, fazendo um
planejamento das decisões corretas para o sucesso da mesma.
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Conhecimento. Editora FCA2ª. Edição
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ZANCUL, E.S. Análise da Aplicabilidade de um Sistema ERP no Processo de Desenvolvimento de
Produtos. São Carlos. 192p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo 2000.
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PROCESSO DE MODELAGEM E VALIDAÇÃO ESTRATÉGICA ORGANIZACIONAL BASEADA
EM REDES DE PETRI
Bruno Gleidson dos Santos
Bacharel em Sistemas de Informação pela Faculdade Sete de Setembro – FASETE
Paulo Romero Martins Maciel
Pós-Doutorando em Ciências Exatas e da Terra pela Duke University – DUKE
Ronierison de Souza Maciel
Mestrando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
RESUMO
Toda empresa tem a necessidade de uma estratégia, não importa o seu porte, pois é o único meio de sobreviver e
se diferenciar dos seus concorrentes. A estratégia é a forma de orientação para que as organizações possam
buscar novas oportunidades de negócio. Objetivos somente funcionam quando existem estratégias bem
elaboradas, para que se tenha uma visão futura em relação a investimentos e outros impactos empresariais. As
redes de Petri oferecem apoio com auxilio de software para esse tipo de tarefa, o Mercury Tool foi utilizado para
demonstrar graficamente os modelos das redes apresentados neste estudo, foram também aplicadas simulações
por causa da sua maior aproximação com o mundo real. A realização deste trabalho se fez através de
levantamento bibliográfico, os materiais utilizados foram livros, dissertações e artigos científicos. O principal
objetivo deste artigo é a facilitação e validação dos processos de planejamento estratégico organizacional, dessa
maneira às redes de Petri são úteis para oferecer a capacidade necessária para antecipar mudanças e minimizar
erros de tomada de decisão.
Palavras-chave: RdP. Estratégia Empresarial. Mercury Tool. Estocástico. Determinismo.
ABSTRACT
Every company has a need for a strategy, no matter its size, as it is the only way to survive and differentiate itself
from its competitors. Strategy is the form of orientation so that the organizations can look for new opportunities
of business. Objectives only work when there are well-developed strategies for future vision for investments and
other business impacts. Petri nets offer software-assisted support for this type of task, the Mercury Tool was used
to graphically demonstrate the network models presented in this study, and simulations were also applied
because of their greater approximation to the real world. The work was done through a bibliographical survey,
the materials used were books, dissertations and scientific articles. The main objective of this article is the
facilitation and validation of strategic organizational planning processes, so Petri nets are useful to provide the
necessary capacity to anticipate changes and minimize errors of decision making.
Keywords: RdP. Business strategy. Mercury Tool. Stochastic. Determinism.
INTRODUÇÃO
No mercado cada vez mais competitivo, existe um caminho para sobreviver e para isso é necessário diferenciar-
se dos possíveis concorrentes através de estratégia organizacional. O presente trabalho apresenta como elaborar,
conduzir e avaliar sua estratégia. Para uma melhor perspectiva as redes de Petri foram utilizadas para o processo
de modelagem estratégico com o auxilio da ferramenta Mercury Tool. O inicio da teoria das redes de Petri foi
apresentada na tese de doutorado de Kommunikation Mit Automaten do Dr. C. A. Petri em 1962 na faculdade de
Matemática e Física da Universidade de Darsmtadt na Alemanha, (MACIEL et al., 1996). As redes de Petri são
representadas por dois componentes, lugar (circulo) e transição (barra), iguais aos grafos, os lugares representa
os estados, às transições as ações efetuadas pelo sistema (MACIEL et al., 1996). Os dois componentes podem ser
ligados através dos arcos, os quais podem ser únicos ou múltiplos. As RdP podem utilizar duas técnicas para
modelagem simulação, matemática ou a junção das duas técnicas para modelagem inclusive para planejamento
estratégico de negócios.
O retorno de investimento e outros impactos devem ser analisados, e para se obter resultados com maior
precisão, usam-se técnicas de simulação (BANKS et al., 1999). Existem vários programas que apoiam a
execução dessas tarefas. A vantagem da simulação é sua proximidade com a realidade, desde que o modelo de
simulação seja devidamente elaborado (BANKS et al., 1999). Existe a análise matemática que também traz
resultados consistentes, contudo pode apresentar grande dificuldade no momento da sua aplicação. O projetista
deve escolher qual dessas duas usar, ou mesmo mesclar as duas. Para avaliar quais estratégias podem trazer
melhor retorno, uma análise deve ser realizada baseada no tempo necessário para o resultado ocorrer ou o seu
retorno, permitindo, assim sua priorização, pois nem sempre uma estratégia é de implantação imediata. Para que
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organizações tenham sucesso duradouro é necessário que cada empresa não somente planeje estrategicamente,
mais possa administrar suas estratégias de maneira inteligente. Hoje no mercado competitivo aumentou bastante
à necessidade de pensar em estratégia.
O diferencial hoje esta ligado diretamente com a estratégia empresarial adotada pela organização. Vasconcelos
Filho e Pagnoncelli (2001) explicam que os objetivos da empresa são resultados que a organização ou instituição
deve alcançar, em prazo determinado, para concretizar sua visão sendo competitiva no ambiente atual e futuro.
Para elaboração do plano estratégico, algumas perguntas referentes à estratégia precisam ser respondidas (check-
list).
O objetivo das redes de Petri é dar o suporte necessário para elaboração do plano estratégico, tendo em vista que
cada organização pode criar diferentes estratégias, mas não pode violar algumas regras como, por exemplo, a
estratégia precisa ser compatível com os recursos da empresa, como também é necessário ter um ou mais
objetivos para que se possa criar um plano. As empresas que produzem bens ou fornecem serviços, necessitam
de estratégias completas. Suas decisões em termos de produtos e mercados possuem longos períodos de
desenvolvimento, por isso, necessitam de orientação para atividades de pesquisa e desenvolvimento, e
necessitam ter capacidade de antecipar mudanças.
Muito dos investimentos organizacionais são irreversíveis, pois se destinam a pesquisa e desenvolvimento que
não podem ser recuperados, e ativos físicos, cuja venda é difícil. Portanto, deve minimizar a probabilidade de
tomar decisões erradas.
A representação gráfica das redes de Petri tem mostrado bastante utilidade em muitos campos e áreas de atuação,
pois permite visualizar os processos e a relação entre eles (MACIEL et al., 1996). Utilizando as RdPs como
ferramenta é possível modelar diversas estratégias para um mesmo objetivo fazendo com que se tenha um
ambiente com um alto grau de versatilidade, dessa forma é possível minimizar a probabilidade de tomar decisões
errôneas e obtém-se um ambiente configurável, facilitando a tomada de decisão mesmo com a estratégia em
curso, ou seja, a teoria dos jogos de Nash pode ser aplicada nas RdPs de forma simultânea ou sequencial a qual é
baseada na decisão do concorrente. O presente trabalho tem como principal objetivo validar e facilitar os
processos de elaboração do plano estratégico, bem como minimizar erros de tomada de decisões e oferecer um
ambiente flexível.
METODOLOGIA APLICADA
Para alcançar os objetivos propostos, foi realizado um levantamento bibliográfico por meio de artigos científicos,
dissertações e livros pertinentes aos tópicos da pesquisa, para modelagem, o software Mercury Tool foi utilizado.
1 A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS REDES DE PETRI
As redes de Petri (Figura 01) são graficamente constituídas por dois componentes básicos, lugar e transição, os
lugares representam os estados, e as transições realizam as ações pelo sistema (MACIEL et al., 1996).
Figura 01: Componentes básicos
Fonte: Maciel et al. (1996).
Os lugares concentram às variáveis de estado e as transições são por onde às ações realizam suas tarefas pelo
sistema (MACIEL et al., 1996). Esses componentes básicos são ligados através de flechas ou simplesmente arcos
dirigidos do grafo associados às redes de Petri.
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Figura 02: Grafo e seus componentes básicos
Fonte: Maciel et al. (1996).
2 DEFINIÇÕES
As redes de Petri podem focalizar através de três fundamentações distintas. O primeiro fundamento usa a teoria
de bag como alicerce. A segunda utiliza as definições da álgebra matricial. A terceira e última está fundamentada
na estrutura por relação.
Fundamentos para redes de Petri
- Definição 1: uma rede de Petri R é uma quíntupla R = (P, T, I, O, K), onde P = {p1, p2,...,pn} é um conjunto
finito não-vazio de lugares, T = {t1, t2,..., tm} é um conjunto finito não-vazio de transições. I : T → P é um
conjunto de bags 1 que retrata o mapeamento de transições para lugares de entrada. O : T → P é um conjunto de
bags que simboliza o mapeamento de transições para lugares de saída. K : P → N é o conjunto da capacidades
associadas a cada lugar, podendo assumir um valor infinito (PETERSON 1981). Bag é uma universalização do
conceito do conjunto de partes que admite a repetição de elementos. Na marca de bags, utiliza-se [ ], enquanto
que para indicar conjuntos, utiliza-se { } (MACIEL et al., 1996).
Para exemplificar a definição 1, supõe-se representar uma jornada diária de trabalho com dois expedientes. A
jornada começa com o primeiro horário (expediente), seguido do horário de descanso do dia (meio do dia), logo
após, tem-se o segundo horário, e finalizando o descanso no final do dia. Assim a jornada de trabalho diário pode
ser representada de acordo com a figura 03.
Figura 03: Rotina de trabalho diário com dois turnos
Fonte: Autor (2017).
A figura 03 pode ser descrita da seguinte forma, utilizando-se a definição 1.
RJornada_Trabalho = ( P, T, I, O, K ), onde
o conjunto de lugares P é
P = {1° Horário, 1° Descansar, 2° Horário, 2° Descansar};
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o conjunto de transições T é
T = {1° Descanso, 2° RetornarHorário, 2° Descanso, 1° RetornarHorário};
o conjunto de bags de entrada I é
I = { I (1° Descanso) = [1° Horário], I (2° RetornarHorário) = [1° Descansar],
I (2° Descanso) = [2° Horário], I (1° RetornarHorário) = [2° Descansar] };
o conjunto de bags de saída O é
O = {O (1° Descanso) = [1° Descansar], O (2° RetornarHorário) = [2° Horário],
O (2° Descanso) = [2° Descansar], O (1° RetornarHorário) = [1° Horário] };
E o conjunto de capacidades dos lugares é
K = {K 1° Horário = 1, K 1° Descansar = 1, K 2° Horário = 1, K 2° Descansar = 1}.
- Definição 2: o arcabouço de uma rede de Petri, segundo o ponto de vista da álgebra matricial, é uma quíntupla
R = (P, T, I, O, K), onde P é um conjunto finito de lugares. T é um conjunto finito de transições, I : P x T → N é
a matriz de pré-condições. O : P x T → N é a matriz de pós-condições. K é o vetor das capacidades associados
aos lugares (K : P → N) (PETERSON, 1981).
Tomamos novamente o exemplo da figura 03, temos:
Os conjuntos dos lugares e transições são iguais aqueles visto na definição 1.
A matriz I (pré-condições) é
Figura 04: Matriz de pré-condições (I)
Fonte: Autor (2017).
A matriz O (pós-condições) é:
Figura 05: Matriz de pós-condições (O)
Fonte: Autor (2017).
É importante frisar que as matrizes I e O (Figura 04 e 05) representam as pré-condições e pós-condições, na
devida ordem, de todas as transições da rede.
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- Definição 3: a estrutura de redes de Petri, usando-se as relações, é formada por uma quíntupla R = (P, T, A, V,
K), onde P é o conjunto de lugares, T o de transições, A o conjunto dos arcos e V corresponde ao conjunto de
valorações desses arcos. Os elementos de A são arcos que conectam transições a lugares ou lugares a transições
(A⊆ (P x T) ∪ (T x P)). Assim, os membros de A podem ser agrupados em dois subconjuntos - o conjunto das
entradas às transições e o de saída às transições, I = {(pi, tj)} e O = {(tj, pi)}, na devida ordem (MURATA,
1989).
Ainda como referência da figura 03, tem-se que os conjuntos de lugares (P), de transições (T) e de amplidão (K)
permanecem não alterados. Entretanto, no registro que usa as relações, emerge dois novos conjuntos: o conjunto
de arcos (A) e o conjunto de valores para esses arcos (V).
o conjunto de arcos A
A = {(1° Horário, 1° Descanso), (1° Descanso, 1° Descansar), (1° Descanso, 2° RetornoHorário), (2°
RetornoHorário, 2° Horário), (2° Horário, GozarFérias2), (2° Descanso, 2° Descansar), (2° Descansar, 1°
RetornarHorário), (Retornar1oPeríodo, 1oPeríodo)} o conjunto de valores dos arcos V
V = {1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1}
3 MERCURY TOOL
Como mencionado anteriormente à validação da modelagem dos sistemas são feitas de duas formas, por
simulação ou através de análise matemática utilizando software específico. Para apoio da execução de
modelagens, o software Mercury Tool foi utilizado neste trabalho (Figura 06). O sistema apresenta
autodesempenho, confiabilidade e modelagem de fluxo de energia de uma maneira fácil e forte. A ferramenta
oferece interfaces gráficas para criar e analisar redes estocásticas de Petri (SPN), Diagramas de Bloco de
Confiabilidade (RBD), Modelos de Fluxo de Energia (EFM) e Correntes de Markov Contínua (CTMC).
Figura 06: Mercury Tool ferramenta de apoio para modelagem de sistemas
Fonte: Autor (2017).
O Mercury é uma ferramenta desenvolvido pela MoDCS Research Group
[http://www.modcs.org/?page_id=2392], no Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) no Brasil desde 2009, mostra-se aqui uma visão extensa das características, bem como etapas para a
construção, edição e avaliação dos modelos suportados por este software.
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4 VALIDAÇÃO E ANÁLISE
Para exemplificar a representação através de simulação, supõe-se que se deseje apagar (Figura 07) e ascender
uma lâmpada (Figura 08).
Figura 07: Lâmpada apagada
Fonte: Autor (2017).
Como mostra a figura acima o lugar apagado contém uma marca (ponto) indicando que a lâmpada permanece no
estado apagado.
Figura 08: Lâmpada acesa
Fonte: Autor (2017).
A figura 08 mostra que o botão ligar foi pressionado, assim a lâmpada passou do estado apagado para acesa, os
arcos indicam a direção do fluxo das informações, as transições representam as ações que levam as mudanças de
estado (acesa ou apagada).
Alguns autores indicam soluções levando em conta a arquitetura do software, outros propõem redes modulares,
alguns consideram análise matemática sem se preocupar com arquiteturas e, dessa forma, cada trabalho contribui
de uma perspectiva mais focalizada (MARTINS, 2005; ARAUJO, 2006).
5 CHECK-LIST
Para formular a estratégia é necessário que se responda algumas questões antes de implementá-las, é prudente
fazer a checagem. Assim, para cada plano estratégico devem ser respondidas tais perguntas:
1 – Se trata de tomada de decisão?
2 – Torna concreta a visão?
3. Está de acordo com os princípios organizacionais propostos?
4. É formado por mais de um objetivo?
5. É um Objetivo ou Ação?
6. Cumpri a missão dentro da organização?
7. Está clara para todos que a lerem?
8. É uma Estratégia ou Ação?
9. Apresenta competitividade duradoura?
10. É compatível com os recursos disponíveis da empresa?
11. Existe coesão entre as demais estratégias?
12. Motiva os colaboradores?
13. Respeita o limite dos riscos da empresa?
14. É criativa e inovadora?
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Bethlem (2004) explana que o primeiro passo do planejamento estratégico é estipular os objetivos e estratégias
que a organização ou grupo desejam aceitar.
O papel das redes de Petri neste contexto é a validação dessas questões através da modelagem entre cada uma
das partes que compõem o diagrama esquemático, dessa forma é possível verificar o curso do fluxo de
informações. Para exemplificar a (Figura 07 e 08) apresentam um esquema para ascender e apagar uma lâmpada,
dessa maneira é possível responder a pergunta de número 5, as transições representam as ações, que são os
botões ligar e desligar, os objetivos são ascender e apagar. Para cada objetivo existe uma ação, contabilizando
duas ações e dois objetivos, melhorando a visibilidade e simplificando a quantificação das características da rede
modelada.
6 GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO TEMPORIZADO
A (Figura 09) apresenta o gerenciamento temporizado de um plano estratégico com o objetivo de matricular 240
alunos por mês nos cursos de informática de uma escola.
Figura 09: Validação do plano estratégico
Fonte: Autor (2017).
P = {Estrategia, V.Externo 5, Call Center 4, Atendente 2, Matricula, Finalizado, Gerenciamento}
T = {Inicio, Passo I, Passo II, Fim}
M0 = {1, 10, 250, 0, 0, 240, 1}
O objetivo estratégico de uma organização é obter retorno sobre o seu investimento, se em algum caso particular
o retorno em longo prazo não for realizado ou satisfatório, então a falha deverá ser corrigida, ou a atividade
excluída em troca de outra que ofereça ópticas mais favoráveis (ANSOFF, 1977).
Uma escola de informática é composta por 8 salas com capacidade para 30 alunos cada classe, os cursos tem
duração de 6 meses, com 3 horários e 2 duas horas aula por dia de forma simultânea. É visto que a cada mês 8
turmas concluem o curso de maneira sequencial, ou seja, 8 turmas precisam ser repostas a cada mês, com base
nestas informações foi possível modelar uma estratégia para venda de cursos como mostra a (Figura 09). O
inicio se da com o plano estratégico para os 5 vendedores externos e os 4 colaboradores do call center, para que
haja o sincronismo entre as partes o seguinte modelo foi proposto. O total de ligações mês que o call center
precisa efetuar somam 4000 mil ligações, por hora são necessárias que cada call center faça 31 ligações com
jornada de trabalho de 8h, somam-se 248 ligações dia. É necessário que cada vendedor externo convença 1
pessoa a cada hora para cursar informática, como são 5 vendedores por hora se tem 5 pessoas sendo passadas
para o atendente na escola com o total de 40 pessoas em 8h diárias.
Para alcançar o objetivo no mínimo 10 pessoas por dia devem se matricular somando os esforços dos vendedores
externos e do call center, o objetivo é alcançar 60 alunos por semana que totaliza 240 alunos por mês. Em cada
mês 8 turmas concluem o curso, por esta razão precisam ser repostas. Todas as vezes que se finaliza o processo a
analise é feita no gerenciamento para verificar o desempenho de cada uma das partes envolvidas. A modelagem
facilita a identificação de problemas, onde estratégias podem ser substituídas com base no nível de satisfação
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exigido. Para exemplificar a (Figura 09) mostra o processo para busca de novos alunos a serem inseridos no
curso de informática.
Através das redes de Petri é possível obter um melhor planejamento estratégico validado para alcançar as metas
com base na modelagem como apresenta a (Figura 09), a seguir veja o cálculo do retorno financeiro:
a (alunos) = 30;
t (turmas) = 24;
m (mensalidade) = 100,00;
r (resultado) = 72.000,00
É possível observar o tempo que cada atividade deve ocorrer para que metas e objetivos sejam atingidos podendo
também verificar o desempenho de cada colaborador envolvido no plano estratégico traçado.
7 CAPACIDADE DE MUDANÇA E VISIBILIDADE
As organizações que terão sucesso serão aquelas que encontrarem suas vantagens competitivas (THOMPSON;
STRICKLAND, 2000). A (Figura 10) apresenta as mesmas características da (Figura 09), ocorreu apenas uma
modificação estratégica, para alunos que conseguirem convencer dois amigos a se matricularem ambos ganham
desconto na mensalidade. A seguinte atividade pode ser integrada na estratégia, tanto para meta não satisfatória,
quanto para alcançar um maior número de alunos, dependendo das mudanças recorrentes. Vejamos os impactos
causados por esta simples mudança.
Figura 10: Capacidade de mudança
Fonte: Autor (2017).
P = {Estrategia, Aluno, V.Externo 5, Call Center 4, Atendente 2, Matricula, Finalizado, Gerenciamento}
T = {Inicio, Passo I, Passo II, Desconto, Fim}
M0 = {1, 2, 10, 250, 0, 0, 240, 1}
Se 240 alunos conseguissem convencer 1 amigo a se matricular o número de alunos seria de 480, ambos ganham
20% de desconto nas mensalidades, ou seja, os alunos passam a pagar 80 ao invés de 100 reais mensais.
a (alunos) = 30;
t (turmas) = 24;
m (mensalidade) = 80,00;
r (resultado) = 57.600,00
Isso significa que a instituição perdeu 14.400,00 reais por outro lado dobrou com a nova estratégia, obtendo um
novo resultado. Com as RdPs é possível mudar o plano estratégico mesmo com a estratégia em curso com as
varias definições oferecidas pelas redes de Petri.
a * t * m = r
a * t * m = r
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Para exemplificar o termo junção em redes de Petri a figura 11 apresenta um modelo com duas estratégias, como
é bastante amplo o uso da modelagem, ou seja, é possível criar estratégias de diferentes formatos de acordo com
as necessidades da empresa. A estratégia (A e B) neste caso pode ser utilizada como exemplo de maneira
sequencial programada, para fins de teste de eficiência de cada estratégia, o plano A é executado e ao seu
termino a estratégia B entra em ação. Ao termino das às atividades de B, a estratégia C tornasse uma junção das
anteriores (modelagem prévia) ou pode ser modelada no momento do feedback dos resultados (modelagem em
tempo de execução) como mostra a (Figura 10).
Figura 11: Junção
Fonte: Autor (2017).
Para explanar o conceito de junção de duas estratégias um modelo genérico foi criado, com base nas explicações
anteriores é possível perceber que diferentes estratégias podem ser criadas inclusive com este conceito.
8 EFEITO ESTOCÁSTICO E DETERMINÍSTICO
As atividades que compõe o plano estratégico podem ter características como estocástica (chance) e
determinística (certeza). As estocásticas tem probabilidade de ocorrer, ou seja, uma chance de ocorrer como
mostra à (Figura 12).
Figura 12: Gráfico da função com efeito estocástico
Fonte: Autor (2017).
f(x) = ax + b
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Para exemplificar o eixo y = chance e o eixo x = quantidade de estratégias, quanto mais estratégias maiores
serão as chances do êxito, porém não a garantia de vencer, pode-se ganhar com uma única estratégia, o efeito
estocástico é semelhante a um jogo de loteria. A (Figura 13) apresenta o determinismo que ocorrera sempre de
maneira proporcional, o efeito determinístico pode ser comparado com investimento em conta poupança. O eixo
y = retorno e o x = investimento, quanto maior o investimento em menor tempo maior será o retorno obtido.
Figura 13: Gráfico da função com efeito determinístico
Fonte: Autor (2017).
f(x) = ax + b
Na modelagem da rede, quanto mais atividades forem determinísticas mais se tem garantia do retorno esperado,
ou seja, cada atividade em parte que tem essa característica com certeza trará o retorno investido no tempo
esperado.
9 APLICAÇÃO DA TEORIA DOS JOGOS DE NASH
A teoria dos jogos é como mecanismos de quebra-cabeças para defender-se dos ataques dos possiveis
concorrentes (WANG; REITER, 2003). A teoria dos jogos de Nash pode ser aplicada baseada nas decisões
tomadas pelo concorrente (sequencial), ou seja, cada estratégia é formada a partir das decisões tomadas baseada
na anterior, a (Figura 14) apresenta apenas um modelo genérico da aplicação da teoria. A outra técnica é
executar suas decisões junto com a decisão tomada pelo oponente (simultâneo).
Figura 14: Aplicação sequencial
Fonte: Autor (2017).
Cada defesa ou ataque é baseado na decisão do adversário, (Figura 14) a Empresa X tomou uma decisão e com
base na decisão tomada a Empresa Y resolveu criar duas opções e a partir das decisões de Y outras escolhas por X
foram criadas, sejam opções de defesa ou contra-ataque. Quando tomada uma decisão uma ou mais opções de
escolhas podem ser criadas baseada na opção anterior, ou seja, quando (Ex>=1, Ey>=Ex, Ex>=Ey...), ou
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quando (Ex>=1, Ey>=0...) com base na decisão anterior Ex>=1, ou seja, a empresa x tomou uma decisão à
empresa y pode tomar ou não tomar nenhuma decisão se melhor for à opção. A técnica de modelagem com
aplicação simultânea consiste em lançar cada plano estratégico ao mesmo tempo em que o inimigo. Não se
alcança vantagens sobre o outro somente baseando-se na quantidade de decisões mais também pela eficiência
das decisões traçadas no plano estratégico, principalmente quando as atividades apresentam características
estocásticas.
Tipos Estratégia
Browne descreve como estratégias podem ser usadas para analisar ataques complexos e heterogêneos. De acordo
com o equilíbrio de Nash, poderíamos saber sobre as melhores estratégias contra o oponente.
Dominante ou ótima;
Dominada;
Equilíbrio.
A estratégia dominante é aquela que tem o domínio do seu concorrente, ou seja, obtém vantagem sobre uma
determinada decisão tomada ou não pelo seu oponente sendo assim uma ótima opção. A dominada é o oposto da
dominante onde um perde a vantagem sobre o seu oponente. O equilíbrio se da através do empate onde nenhuma
das duas ou mais partes tem vantagem sobre a outra, onde todos ganham.
Figura 15: Matriz com opções
Fonte: Autor (2017).
A figura 15 apresenta uma matriz com opções onde uma empresa pode optar por investir ou não em uma nova
tecnologia de TI para atrair possíveis clientes. A construção das estratégias de forma sequencial consiste em
tomar decisões baseadas na anterior antes colocada pelo concorrente, às empresas tem a opção de tomar decisões
combinadas, mas isso geralmente não acontece o chamado cartel. No quadro 1 da matriz as duas empresas
optaram por investir juntas na mesma tecnologia por isso estão em equilíbrio, na parte 2 B investiu 8 e A não
investiu nesse caso B tem vantagem sobre A por essa razão tem a estratégia dominante, já no quadro 3 A investiu
e B não, a empresa A é dominante, na 4 e última A e B tomaram a decisão de não investir por isso estão em
equilíbrio A = 6 e B = 6. Quando duas ou mais empresas combinam o que será feito o cartel chamasse
cooperação como no caso do quadro 1, já na parte 3 da matriz temos o que podemos chamar de concorrência
entre as partes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estratégia hoje é uma necessidade para empresas de qualquer tamanho, pois, a única maneira de sobreviver é
diferenciar-se dos seus oponentes. É fundamental que todo colaborador saiba quais são os objetivos da empresa,
para que se possa contribuir com seu trabalho da melhor maneira possível. O planejamento é bastante
importante, pois, com as mudanças constantes do mercado competitivo, informações entram em obsolescência
em um período de curto tempo. As redes de Petri dão uma visão clara sobre quais decisões devem ser tomadas
tanto em sequencia quanto de forma simultâneas com simulações, analisadas matematicamente ou a junção das
duas técnicas. Com as RdPs é possível também utilizar a junção de duas ou mais estratégias como também
realizar a aplicação das definições propostas no presente trabalho, aplicando as técnicas propostas é possível
minimizar erros de tomada de decisão organizacional e flexibilizar o ambiente.
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