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do Estado de Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA
COMARCA DE CROMÍNIA, ESTADO DE GOIÁS.
03 09- 10
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O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por
intermédio da Promotora de Justiça signatária, em exercício nesta Comarca, com
alicerce nos artigos 129, inciso III, da CF/88, 5° da Lei n° 7-347/85 e 282 e seguintes
do Código de Processo Civil, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor
a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA
COM PEDIDOS ALTERNATIVOS DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
ESPECÍFICA
em face de
1. AGÊNCIA GOIANA DE TRANSPORTES E OBRAS CAGETOPL pessoa
jurídica de direito público interno, autarquia estadual criada através da Lei
Estadual n° 13.550/99, inscrita no CNPJ n° 03520933/0001-06, representada
por seu Presidente, Sr. José Américo de Sousa, e pelo Diretor de Operação
e Manutenção, Sr. Rogério Mendonça Uma, com sede na Av. José
Ludovico de Almeida, n° 20, Conjunto Caiçara, em Goiânia/GO, Cep 74623-
160;
2. Consórcio Construtora Caiapó Ltda./Teccon S/A - Construção e
Pavimentação: a primeira, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida
na Avenida São Francisco, n°27i, quadra 34, Bairro Santa Genoveva,
Goiânia/GO, CEP n° 74-670-010, inscrita no CNPJ (MF) sob o n°
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax; (64)3419-1344
Promoforia de Justiça de Cromínia - Goiás
00.237.518/0001-43, tendo como representantes legais PAULO RENATO
PANIAGO, JOSÉ RUBENS PANIAGO, AIRES SANTOS CORRÊA, e
responsáveis técnicos AIRES SANTOS CORRÊA, HUGO MENDONÇA
CARRIJO, JOSÉ RUBENS PANIAGO, PAULO RENATO PANIAGO,
ROBERTO DE LIMA ROLIN, VÍTOR LIMA PANIAGO. A segunda, pessoa
jurídica de direito privado, tendo como representantes legais ABEL DE MELO
SILVA, JOSÉ RICARDO DE SOUZA e WALDOMIRO AFONSO TARTUCE;
3. CCB - Construtora Central do Brasil Ltda.. pessoa jurídica de direito
privado, estabelecida na Rua 34, quadra Íl-i6, lotes oi e 25 n°29, esquina com
Rua 15, Setor Marista, Goiânia, Goiás, CEP n°74.i5O-220, inscrita no
CNPJ(MF) sob o n° 02.156.313/0001-69, tendo como representantes legais e
técnicos WILTON JOSÉ MACHADO, ÉLVIO JOSÉ MACHADO e
EDGAR DE ALMEIDA E SILVA JÚNIOR.
Expondo, para tanto, os seguintes fatos e fundamentos :
l -DOS FATOS
Quando se estuda o início da sociedade organizada, dirigida pelos
entes públicos que arrecada recursos dos contribuintes para o cumprimento das
obrigações que são previstas nos textos constitucionais, impossível se afastar da
noção do Contrato Social defendida por J. J. Rosseau.
As Instituições, por seu turno, dirigidas que são por seres humanos,
mostraram-se suscetíveis a infinitas situações e falhas. Na realidade, o imenso grau
de ineficiência trouxe a necessidade de que o Princípio da Eficiência fosse positivado
pela Emenda Constitucional n° 45, objetivando, com isto, fazer com que os direitos
dos cidadãos sejam respeitados e aplicados corretamente.
Tais direitos e objetivos constitucionais descritos do art. 3° da
Constituição Federal foram descritos com verbos no infinito ("construir", "erradicar"
etc), a indicar proposições futuras, a serem alcançadas gradativamente a a duras
penas, mas alcançadas.
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-0001-one/Fax: (64)3419-1344
Promoforía de Justiça de Cromínia - Goiás
Quando o Estado se mostra inerte e busca esconder sua dcsídia sob
argumentos de que "faz o possível" - quando este se mostra muito aquém do mínimo
necessário para que se alcance o direito posto - a atuação Ministerial em busca da
defesa de direitos sociais indisponíveis mostra-se extremamente importante.
Feita esta digressão, volta-se à situação fática que justifica o interesse
na prestação da tutela jurisdicional final, alternativamente, específica e antecipada, a
fim de que o direito do cidadão possa ganhar ares de respeito, situação distinta de
efetividade e concretividade, conforme cita Bruno Galindo1.
O Estado, direitamente, ou por suas autarquias, assume obrigações
quanto à correta manutenção de sua estrutura de funcionamento, a qual só se
justifica para atender ao cidadão, ou seja, o Estado só existe por que o cidadão existe.
O Estado não é, e nem pode ser, um fim em si mesmo, tornando-se extremamente
voraz na arrecadação de tributos e da mesma forma extremamente mínimo na
prestação de serviços sociais, denominados direitos de segunda dimensão na visão de
Ingo W. Sarlet2.
Ao descentralizar a sua estrutura de prestação de serviços para as
autarquias, cabem a estas, com base no planejamento de suas atribuições,
conhecimento prévio da realidade que procura interferir e dar correta atenção na
administração destes recursos, fazer cumprir os direitos dos cidadãos quanto à
segurança, transporte, vida e outros, garantindo-lhes dignidade e atento aos
princípios da continuidade, moralidade, eficiência e outros mais.
In casu, a responsabilidade pela manutenção das rodovias estaduais,
de acordo com a Lei n° 13.550/1999, regulamentada pelo Decreto 5.201/2000,
pertence à Agência Goiana de Transportes e Obras (AGKTOP).
No entanto, as Rodovias Estaduais GO-2iy (trecho de Mairipotaba,
Cromínia e Professor Jamil), GO 040 (trecho Oloana/Cromínia) e GO 215 (acesso à
cidade de Pontalina), objetos desta demanda, mostram-se muito danificadas. A GO-
217, especificamente, mostra-se quase completamente destruída, abandonada, sem
sinalização nem leito minimamente trafegável.
'GAUNDO, Bruno. Direitos Fundamentais. Análise de sua concretização constitucional.Curitibar.Juruá, 2003.SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 4. ed. rev., atual, e ampli. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
Pra<;a Antônio Parreira Duarte, s/na. Setor Castelo Hranvo - CE!' 75.635-000l-'one/Fax: (f>4)34'9-i344
MlnisiéfíQ Piibltcsdo Estado de GoíâS l Promotoria de Justiça de Crominia - Goiás
Com base nisto, e diante de unia simples verificação in loco, pode-se
constatar que a vida de uma quantidade enorme de pessoas, entre crianças, idoso,
doentes (que são levados diariamente para Goiânia), trabalhadores, estudantes e
outros, encontra-se diariamente em risco. Basta a existência de um impacto num
"simples buraco" - ou a colisão ou capotamento na tentativa de desviar dele - para
que inúmeras pessoas tenham suas vidas ceifadas, contando, para isto, com a
constante inércia do Estado-Administração, que por sua vez, descentraliza o serviço
para suas Agências.
Como já dito acima, o cidadão, diuturnamente atingidos em seus
direitos, não mais se contenta - nem deve fazê-lo - com a alegação de que o Estado
"faz o que pode". O Estado tem por dever atendê-lo, e não em condições mínimas,
chamadas pela doutrina de reserva do possível.
Ao contrário, o cidadão tem direito de exigir que o planejamento
previsto na lei (Plano Plurianual), os recursos destinados para fazer frente a este
planejamento (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e efetivamente arrecadados (Lei
Orçamentárias) sejam aplicados em condições probas, eficientes e transparente, não
se prestando as escusas de amplas dificuldades estratégicas, documentais e outros,
como justificativas para o não cumprimento de suas obrigações.
Conforme exposto, basta se utilizar do acesso da cidade de Professor
Jamil até a cidade de Mairipotaba (fotografias de fls. 03/09, 014/29, 033/36 do
Inquérito Civil Público n° 07/2009) do para se constatar que o risco de acidentes na
rodo\ia aumenta diariamente - com ou sem chuvas -, haja vista a quantidade de
buracos e deformações que a pista asfáltica apresenta, podendo-se falar em trechos
onde a via já deixou de existir.
Apesar disso, um lampejo de esperança se fez presente com a
chegada de pessoal e maquinário à cidade de Cromínia, com a afirmação de que iriam
"refazer a estrada'. Tal, entretanto, não perdurou, porquanto em menos de um mês
as máquinas interromperam os serviços e foram encostadas.
A esperança também durou pouco ao se notar - empírica e
tecnicamente - que o serviços que já haviam sido executados e aqueles que ainda o
seriam não estavam em consonância com o princípio da eficiência e da probidade.
Isso porque, oficiada a AGETOP (fls.3i/32 do ICP), a mesma
informou a fls.43/49, inicialmente, que teria dado início ao "Programa de
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344
Promotoria de Jusfiça de Cromínia - Goiás
Recuperação de Estradas Asfaltadas" (PREA), e que as rodovias GO-217, GO-O4O e
GO-215 seriam contempladas, oportunidade em que seriam
"executados, nos pontos críticos dos trechos, serviços de
reconstrução da camada de base e/ou recapeamento dependendo
das condições do pavimento de cada locai Os serviços incluem a
sinalização horizontal dos trechos."
Diz ainda o citado documento que a GO-217 foi contemplada no Lote
02 do PREA e a GO-O4O no Lote 06, e que as responsáveis seriam, respectivamente,
o Consórcio Caiapó/Teccon e a CCB, ora requeridas (cópia da Ordem de Serviço e dos
contratos firmados com a AGETOP a fls.46/47, 79/90, 91/102 e 104/110 do TCP),
com prazo de execução do contrato de 06 (seis) meses. Não foi informado o lote da
GO-215- Afirma-se no mesmo documento que
''As rodovias possuem vida útil em geral em torno de 10 anos, após
este período deve receber intervenções para preservar ou recompor
suas condições originais. A rodovia GO-217* por exemplo* teve
sua pavimentação concluída no ano de IQ&S, estando com
sua vida útil exaurida. Outros fatores, como o excesso de carga,
aceleram o processo de degradação do pavimento, mas no caso em
pauta, não é o principal f ator."
Afirma-se, ainda (05.48/49 do TCP), que o trecho da GO-217 ficou
praticamente sem sem conservação nos últimos anos, porquanto as empresas
contratadas pela AGETOP rescindiram, uma após a outa, os contratos licitados.
Além disso, questionada especificamente acerca da possibilidade de
serem tapados buracos no leito asfáltico usando-se terra e camada de asfalto
diretamente sobre cia, fazendo-o sem antes limpar e recortar o piso e sem posterior
compactação, o Gerente de Manutenção de Operação da AGETOP informou que
"os serviços citados por esta promotoria foram realizados pela
Geoserv, que seguindo as normas pertinentes realizou uma
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo íirunco - C K l* 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344
Ministéfte NMM _do Estada Se Gaias l Promotoria de Justiça de Cromima - Goiás
operação tapa buraco com utilização, primeiramente,, de soio-
cimento, e em seguida lançou-se uma camada de massa asfáltica,
mais especificamente Pré Misturado a Frio, sendo todos esses
serviços executados de acordo com as normas técnicas, sendo
inclusive, fiscalizados por engenheiro designado para o
acompanhamento da execução deste confrato."
Apesar de leiga, esta representante ministerial estranhou pudesse tal
forma arcaica e ineficiente de manutenção de rodovias estar embasada em norma
técnica, motivo pelo qual novamente oficiou a AGETOP (fls.53/55), buscando, além
da citada norma, identificar o responsável pela fiscalização da execução e a real
natureza das obras que seriam executadas, dentre outros questionamentos.
Novamente oficiada, a AGETOP informou, consoante documentos de
fls.ii3/n6 e H7/n8do ICP, as medidas a serem tomadas, em termos técnicos, quais
sejam, reconstrução, reforço, recapeamento, selagem e cape seal.
Além disso, gentilmente cedeu cópia do "Manual de Conservação
Rodoviária" editado pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte -
DNIT, que detalha o procedimento para a execução de tapa buracos, com ilustrações,
acostado a fls.H9/i25.
O Manual detalha, por exemplo, que no caso de defeitos conhecidos
como "FALHAS, PANELAS E BURACOS", deverá ser utilizado, na recomposição do
pavimento, brita graduada. Nada aduz com relação ao uso de solo cimento (mistura
de terra com cimento), já utilizada anteriormente nesta rodovia no ano de 2008, sem
sucesso.
Detalha ainda, com desenhos explicativos, que na execução dos
reparos nas "panelas ou buracos" deverão ser demarcados quadriláteros ao
redor dos buracos, fazendo corte e remoção do material comprometido e
deixando "bordas verticais", depois limpando perfeitamente a caixa
resultante. É o que segue:
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000
Q.
Ministério PúblíccÍQ gstado de Goiás JVomoforia de Justiça de Cromínia — Goiás
'.,.NÍXÍ
3.U
Pira i ííscuçãc das sanhas ceveia ser uüazga t • ü ;jja gfísstersfia ;p/e aíerceiíOfesOitcxi !ei5.1 ídaDS
3.2
cVÊ- a -t.:zaç3t> racc-iaí * a&^T-srce aprsnídcíseisksi a? conajêís bcâs s 3 i-scJv.c3ae exgida
São rasados cs ssBjíSKíjics áe sqy Krénts Ssfa a é/esaçtede «sara de tá r ae MÍJM PC MWKStu e>irer-f -ais^híes íq^asa COT
3' peí'ü!âDiies paes.-níícas í«n impleTento os cote. 'eir=iriüa-sp::aais,:.:,~ essatgtíe* w?.r jt•;.; KP í fctívib:ai':ú üi a-i.ü^c oe íinaíaçííi, carpcsi: de cones
4 Ol|«SSiÇaES DWRS*S
jwe-a «r dé-,icinen!t abst"va:s nc qv
5,1 P*i'!M£Nrcs CattêTnv.cos CE C8UQ
S.1,1 DEWRCÍCAO DO Pí̂ ^o w Asa >. SER T=.
sr.e ÍD i;.í acs isr/.:a KTHÜ ínísdai :,aarío-se
: " -ifi. dç q̂ ÜéíeDS A •na/açáe dí'
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5,1.2 CC*'E E REtOÇiÔEO MftTÈKW... CCMPRDWE'!OC
Pato a-ecarsr .ítequaòsmenie j í.i.̂ 3 ü'!dc vai ser apicado c 'emendo, corjféütB.JSÊia^ei":? T/!)!;.- - ..015 ,-a z m tone ca g-ga twa-.-_••. i: ,;,'.ica=s aueforTao ss mssda á'ea a w 'èpaiaca
1 de dreraoe^ sijpwfea! CJ profjrdi c..
Í.Í.3 LlWtZADAC*!»*
a dav*se^«"ix*ops|Boi<toi(aiKrtni*i.̂.r i- :-f- -:.,£:;;-f -̂:!''i,. .r ;.
f, '•
5.1,4
, c:í- -Í"DÍ*I ás &fc s iradas coírí̂ 3is ia-sces da cava.
•;;;-=:.-•;;"• aj í^-'0 -*s i i: C .! -M « caütò de tase• c I.nac aa cana
S.15 E
Após 3 3Dlica:ao 3a•Í-P/L ; àiDlardo-ss,
devrâ se; lançado, na caos. 5 üiaíeia cs-anK c'e-ítsisfeirtJ.3 a qjers cj ̂ •""^•^ s hc
::.w' Jc :.í
Consta também da Cláusula 07, item 07.3 do próprio contrato
assinado com a AGETOP (fls.84 e 96) que os serviços deveriam ter sido executados:
"obedecendo ao Projeto Básico, Especificações de Serviços
Rodoviários da CONTRATANTE e do DNIT, Manual de Execução de
Serviços Rodoviários da CONTRATANTE, Especificações de
Materiais para Serviços Rodoviários da CONTRATANTE e do
DNIT."
Praça Antônio Parreira Duarte, s/rt°, Setor Cosido Branca - CEP 75.63.5-000Fone/Fax: (64)3419-1^44
Publicctio Estado de Goiás i Promoforia de Justiça de Cromima - boias
O Manual acima citado é o mesmo já transcrito acima. E, analisando-
o, pode-se perceber claramente - mesmo não sendo técnico no assunto - que as
disposições nele contidas não foram cumpridas no ano de 2008 pela então
contratada (e que deveria ter sido fiscalizada pela AGKTOP), nem no ano de 2009,
cujos trabalhos foram executados pelos requeridas Consórcio Caiapó/Teccon e a
CCB.
De tudo o que fora inicialmente previsto a fls. 113/116, apenas parte
foi concluída. No trecho entre Cromínia e Professor Jamil da GO-217, foram previstas
intervenções em todos os 15,6 km de sua extensão (fls. 113 do ICP), tendo sido
detalhado que seriam feitos 3,3 km de reconstrução do piso, 0,4 km de recapeamento
PMF Polimer e 11,2 km de selagem, acrecido de outros 0,7 km de selagem para assim
totalizar os 15,6 km da rodovia.
No mesmo sentido, no trecho da GO-217 entre Cromínia e
Mairipotaba, com extensão total de 26,4 km, foram previstas intervenções em 13,6
km, ai incluídos 1,5 km de reconstrução do piso, 3,5 km de recapeamento com PMF
Polimer e 8.6 km de selagem (fls.H4 do ICP).
No trecho da GO-O40 entre Cromínia e Oloana, foram previstos 4,3
km de selagem (fls.ns do ICP), e nesta mesma rodovia, entre os trevos de ligação
com as rodovias GO-215 E 217, foi prevista intervenção em 5,3 km de extensão, sendo
1,2 km de recapeamento com PMF Polimer e 4,1 km de selagem (fls.nó do ICP).
A especificação técnica e o memorial descritivo - a indicar
especificamente em que constitui cada uma das soluções acima citadas, quais sejam,
reconstrução, recapeamento e selagem - foram requeridos pelo "Parquet" à
AGETOP e acostada a fls. 196/212.
entretanto, apesar de tantas soluções previstas para as rodovias, até a
presente data apenas quator/e trechos tiveram a reconstrução concluída (fls.130 do
ICP). Tratam-se de trechos esparsos, e entre eles outros trechos também em péssimo
estado de conservação, com o leito já desintegrado, não foram reconstruídos, nem
recapeados ou selados. No restante das rodovias houve apenas tapagem de buracos -
o que contraria o contrato firmado com a AGETOP.
A tapagem das "panelas e buracos" não seria de todo ruim, se ao
menos houvesse possibilidade técnica para tal medida, Mas não é o que se percebe ao
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branca - CEP 75.6,75-000Fone/Fax: (64)34i9-'344 f t a F U S S - ^ :
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Ministériodo Estada de Goiás Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
analisar as fotografias a seguir (feitas no local, antes, durante a após suposta
recuperação - fls, 140/193) e compara-las com as disposições do Manual:
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelu tiranco - CEP 75.635-000
nistério PüBItccEstado de Gciss Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
Frise-se, ainda, que os contratados pela AGETOP para a Reabilitação
dos Pavimentos Degradados - e ora também requeridas - não deram cumprimento
integral aos contratos, porquanto se limitaram à reconstrução (não tendo feito
recapeamento nem selagem), tendo a tapagem de buracos sido realizada pelos
Municípios, como se vê do documento acostado a fls. 216 do ICP.
E, como é sabido, tais municípios não possuem corpo técnico nem
maquinário apto para tais obras em estradas, tendo feito um serviço péssimo e sem
nenhum profissionalismo. Limitaram-se a tapar buracos com terra e a jogar um
pouco de asfalto, que era compactados pelos veículos particulares que utilizavam a
rodovia enquanto o serviço era feito.
E mais: os municípios fizeram algo que é de responsabilidade do
Estado, que havia contratado (e pago) empresas especializadas para tal.
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344
Ministério PúbticsdoCstailo tíe Goiás i Promoíoriu de Justiça de Cromima - Goiás
Assim, como se vê, os responsáveis pela reconstrução, recapeamento
e selagem não deram cumprimento às normas técnicas inseridas nos Manuais do
DNIT e AGETOP. No mesmo sentido, os Municípios não seguiram normas técnicas
para a correção dos buracos e nem era possível fazê-lo para a recuperação dessas
falhas, porquanto o piso asfáltico já estava totalmente fragmentado, praticamente
desintegrado, motivo pelo qual se previu reconstrução, recapeamento e selagem - e
não "tapa buracos".
Tais constatações podem ser alcançadas por qualquer leigo em
técnicas construtivas de estradas. Mas, visando uma melhor elucidação dos fato, o
"Parquet" solicitou de seu corpo técnico um análise das rodovias em questão.
Fez-se então Análise da Recuperação Parcial de Trechos das
Rodovias GO-2iy e GO-O40 (Laudo Técnico LTPE n°oio/2Oio, de fls.228/249 do
ICP), tendo o senhor Sérgio Botassi dos Santos, Perito em Engenharia do Ministério
Público do Estado de Goiás e Mestre em Engenharia constatado que, na data de 20 de
maio de 2010:
GO-217, trecho entre Professor Jamil e Cromínia:
j. "na sazda da Cidade de Professor Jamil para Cromínia, ainda
aparentemente dentro do perímetro urbano, não foi constatado
nenhum tipo de recuperação do pavimento visível, como
pode ser observado na Foto l. Segundo previsão da AGETOP
neste ponto deveria ter sido executada uma reabilitação
por selagem (Solução S-Q) com o acabamento do
revestimento por meio de Micro-revestimento."
2. "No km i./? da GO-217, onde estava prevista a
reabilitação do tipo S-Q, foi observado grande incidência
de buracos cobertos por massa asfáltica. não condizente
com a solução planejada (Foto 2). As condições atuais desse
trecho apresentam grande desconforto para o tráfego e
possivelmente no próximo período de chuva as situação local deve
piorar com o surgimento de novas depressões e buracos no
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,
Mlris ler lo Público _do Estadode Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
revestimento, podendo atingir a base do pavimento. Não foi
observado neste trecho sinalização horizontal e vertical,
tornando-o de alto risco aos usuários, principalmente à
noite quando a visibilidade fica prejudicada. O sistema de
drenagem superficial deficiente, quase inexistente,
potencializa os riscos de trafegabilidade neste trecho,"
3. "Foi observada a recuperação do trecho localizado no km 3,3 da
GO-217 com revestimento do tipo "tratamento superficial" sem
capa selante (solução 8-3), que implica em acabamento
mais áspero ao revestimento, facilita sua desagregação e
torna-o mais permeável à penetração de água no
pavimento." Frise-se que a solução 8-3 previa tratamento
superficial duplo na pista, ou seja, capa selante.
4. Neste mesmo trecho recuperado, "quanto à sinalização
horizontal a pintura das faixas aparentemente não é
retrorreflexiva, conforme descrito nas especificações
técnicas daAGETOP (autos, fls.i 92) e previsto no anexo II
do Edital".
5. Neste mesmo trecho recuperado, na legenda da Foto 3, o perito
indica já ter havido "(a) desagregação do reboco" e "(b)
Jissuras que indicam o desplacamento do revestimento da
estrutura". E aduz que "a presença de agregados 'soltos' no
acostamento pode ser um indicativo de falta de ligante
asfáltico na aplicação do revestimento."
6. "No km 13,4, junto a uma ponte da Rodovia GO-217
onde estará prevista a execução de reabilitação a partir
da solução S-a, não foi verificado nenhum tipo de
recuperação." No mesmo local, "foi presenciado um início de
erosão em uma das cabeceiras do aterro desta ponte (foto
Pra^a Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344
Público _ ^ .,doBladodeGetSf l Promotoria de Justiça ae Crominia - Goiás
6) necessitando que sejam tomadas providências de
contenção desse fenômeno para que nas próximas chuvas
não haja aumento do dano."
GO-217, trecho entre Cromínia e Mairipotaba:
7. Na saída da cidade de Cromínia, sentido Mairipotaba, "a
sinalização horizontal neste trecho foi insuficiente, uma
vez que apresenta alto grau de desgaste da pintura a
aparente fata de reflexão sob a incidência de luz. A
drenagem superficial por meio de sarjetas e meio fio não
foi observada".
8. "A solução tipo S-9 com micro-revestimento esperada
a partir do km 6,8, até o kjn 7,1 ao foi observada in loco."
o. No mesmo trecho, observou-se "indicio de exsudação de
material asfáltico aflorando em uma das faixas de
tráfego, enquanto que na outra faixa este mesmo fato não
ocorre", a demonstrar que "não houve o devido controle da
quantidade aplicada de material asfáltico no
revestimento TSD".
IO. "A seqüência de Fotos 13 e 14 demonstram que não foi
presenciada a reabilitação da GO-21? no trecho do km 7,1
ao 7,6, conforme previsto pela AGETOP, a partir da solução
8-5 com a execução de remendo profundo nos locais mais
degradados e a aplicação de PMF no revestimento. Este trecho
encontra-se em péssimo estado de conservação com forte
tendência da situação atual se agravar nas próximas
chuvas".
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n". Setor Custeio Branco - CEP 75-(->35-ooo PiNyP^Çf*^^Fone/Fax: (64)3419-1344
pró
Mlnlsiérlo Pétin _ , . .,doEstar»dtSoias l Promotoria ae Justiça de Cromínia ~ Goras
GO-O4O, trecho entre Cromínia e Oloana:
11. "a 1,6 km do trevo da GO-O4O com a GO-21?, foi veri/icada a
presença de micro-revestimento aplicada na pista, conforme
previsto na solução S-g, mas não se pode afirmai- se foi em toda sua
extensão (Foto 15). A sinalização horizontal neste trecho encontra-
se desgastada e com baixa visibilidade". A fotografia n°i5
demonstra perfeitamente a transição entre um trecho recuperado e
outro não recuperado.
GO-O4O, trecho entre a cidade de Cromínia e a GO-215:
12. "Logo na saída do trevo da GO-O4O no sentido para a GO-215,
a aproximadamente 400 metros, não foi observada
recuperação prevista com a solução £-5 (Foto 16). a grande
incidência de buracos aponta que neste local a necessidade da
reabilitação é iminente, pois no próximo período de chuvas
possivelmente surgirão novos buracos no pavimento em função da
série de trincas observadas no revestimento. Não houve também
a execução de serviços de drenagem superficial e
sinalização horizontal."
13. "Em outro trecho da GO-O4O, sentido GO-215 no km 6,3, onde
estava prevista a recuperação do tipo S-g foi notada a presença de
recapeamento sobre o revestimento antigo com Micro-
revestimento, porém com vários indícios de desplacamento do
mesmo. Esta camada de Micro-reveslimento foi executada
de maneira irregular em um curto trecho da pista, poi.s
percebe-se que não houve correta aderência do
revestimento antigo com o novo recapeamento (Foto 17).
Logo a frente deste trecho não há indícios de recuperação
(Foto 18) como estava previsto. A sinalização horizontal e
o sistema de drenagem superficial apresentam problemas
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Miflislèfio Publicc _ _ . ,coEstada de Goiás l Promotona de Justiça de Cromima - Gotas
de desgastem possivelmente em função de não execução
dos serviços previstos."
14. No mesmo trecho "há uma ponte onde apresenta um princípio
de erosão em um dos lados do aterro de sua cabeceira (Foto ig.a.)
Percebe-se que houve um interferência para tentar amenizar o
problema, mas que não se mostrou suficiente e adequada". Aduziu
ainda que "pelo estado que se encontra a erosão, nos próximos
períodos de chuva a situação deve se agravar uma vez que não há
sistema de drenagem no local e a superfície do talude está
desprotegida."
Em conclusão, e em resposta aos quesitos apresentados pelo
"Parquet" (fls.245/249 do Laudo), o senhor Perito aduz que:
"Foi observado que há trechos das rodovias GO-oqo e GO-21?
em que ocorreu a reabilitação aparente do revestimento, contudo,
em outros trechos que estava prevista a reabilitação, não foi
observado qualquer tipo de intervenção atual desta magnitude.
Nesses trechos não reabilitados presenciou-se grande quantidade
de serviços 'tapa-buracos' que foram executados deforma distinta
da preconizada pela AGETOP conforme autos (flsug a 124). A
solução 'tapa-buracos' adotada nos locais vistoriados não é a mais
recomendada, pois gera grande desconforto no tráfego, aumenta o
desgaste do veículo, dificulta o escoamento da água pluvial e não
garante o prolongamento da vida útil do pavimento.
Não foi contatada a presença de sinalização vertical
suficiente , por meio de placas, para a adequada utilização da
rodovia. Percebeu-se, por exemplo, vários trechos com incidência
de curvas com pequeno raios ('curvas fechadas') que necessitariam
de sinalização alertando os riscos locais de tráfego, A sinalização
horizontal encontra-se inadequada, pois não foi executada
aparentemente com tinta rétrorreflexiva e ainda elas foram
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B t f p ™ "
Ministério Piihlicc , ,doEstaíotís Goiás l Promotona de Justiça de Cromima - Goiás
realizadas somente nos trechos recuperados, ficando os outros
trechos sem uma suficiente sinalização horizontal. Quanto a
drenagem superficial, percebe-se eme nos trechos onde efetivamente
foi executada a recuperarão do pavimento, foram construídos
meios-fios e sarjetas para a condução adequada das águas
pluviais, porém em alguns locais específicos escolhidos
possivelmente com base no critério de maior acúmulo de água."
Assim, patente a incompleta execução dos serviços necessários à
recuperação das rodovias, cuja obrigação pertence diretamente à AGETOP e, por
contrato, também às demais requeridas.
Patente, ainda, que há um modo certo, há uma técnica que deve ser
seguida para a recuperação de estradas, não se podendo aceitar que qualquer tipo de
"tapa buracos" seja feito, aleatoriamente, pois corresponde a ferir de morte a
almejada eficiência e mesmo a probidade administrativa, já que nas chuvas seguintes
todo o "remendo" terá ser perdido e os recursos públicos terão sido desperdiçados,
voltando as estradas às condições anteriores.
Patente, finalmente, que a população de Professor Jamil, Cromínia c
Mairipotaba não mais pode aguardar a solução, pois as péssimas condições das
estradas tem vitimado seus parentes e amigos. Em última análise, o direito à saúde,
segurança e mesmo à vida de todos os usuários das rodovias estão diariamente sendo
feridos.
Cabe, portanto, ao Estado-Juiz, com base na necessária efetivação
dos direitos fundamentais de primeira, segunda e terceiras dimensões, substituir a
inércia dos demais titulares das outras funções que compõem o Poder Estatal, para
que o cidadão não seja prejudicado, nem tampouco relegado à mera condição de
litigante, aguardando a solução de demandas judiciais, as quais podem demorar mais
de uma vida.
Assim, busca-se - não deforma inédita - seja a AGETOP compelida
a cumprir o dever de manutenir rodovias, de acordo com as normas técnicas, não só
pelo necessário dever de conservação do patrimônio público, mas pelo dever de
garantir vida, segurança e dignidade aos cidadãos.
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Ministério Piiblrco ,E)Ô Estado úe Colai I Promotoria de Justiça de Crominia - Goiás
Por fim, as diversas fotografias providenciadas por esta Promotoria
de Justiça confirmam as alegações e evidenciam que os usuários das rodovias
estaduais GO-O4O, GO-215 e GO2iy estão sendo sobejamente prejudicados, sendo
violado ainda o direito ao trânsito seguro (art. 1°, § 3°, do Código de Trânsito
Brasileiro).
2-DODIREITO
O sistema viário, seja o urbano, seja o extra-urbano, constitui
condição obrigatória ao exercício da função urbana de circular - inclusive, segundo
José Afonso da Silva, de circulação econômica, sem deixar de ser meio de
comunicação. Acerca do assunto, aduz o respeitável jurista:
"O sistema viário é o meio pelo qual se realiza o direito à circulação,
que é a manifestação mais característica do direito de locomoção,
direito de ir e vir e também de ficar (estacionar, parar), assegurado
na Constituição Federal."3
Ordenando o sistema viário nacional, encerra o Código de Trânsito
Brasileiro (Lei n° 9-5O3/97), em seu art. 2°:
"Art. 2°. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as
avenidas, os logradouros, os cajninhos, as passagens, as
estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado
pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de
acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias
especiais." (Grifo nosso)
Na realidade, as estradas de rodagem modernas - as rodovias - são
bens públicos de uso comum do povo, segundo inteligência do art. 99, inciso I, do
Código Civil. Assim, as rodovias são bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno (art. 98, CC), mesmo quando sejam construídas por autarquias,
SILVA. José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 4a cd. São Paulo: Malheiros Editores, p.183.
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Minfitértfl PúbltccdoEstatioâe Goiás l Promoíoriu de Justiça de Crominia - Goiás
porque estas são simples executoras dos plano rodoviários ou concessionárias das
vias, que ficam sob sua administração.
Ao tratar dos elementos que compõem as rodovias, ensina de novo
Silva:
"As mais simples compreendem, no mínimo, pista de
rolamento, que é o leito carroçável da estrada, com duas
faixas de trânsito e, ainda, faixa de acostamento de cada
lado da pista de rolamento. As mais complexas,
especialmente as auto-estradas, compõem-se de duas
pistas de rolamento, com duas ou mais faixas de trânsito
cada uma, e faixa de acostamento do lado externo; [...Y'4
No caso em tela, ao tratarmos da inércia estatal, obrigatoriamente
adentramos na esfera ligada ao poder-dever de administrar. Os poderes e deveres do
administrador público são os expressos em lei, os impostos pela moral administrativa
e exigidos pelos interesses da coletividade, O poder administrativo, portanto, é
atribuído à autoridade para remover os interesses particulares que se opõem ao
interesse público. Nessas condições, o poder de agir se converte no dever de agir.
Assim, se no direito privado o poder de agir é uma faculdade, no
direito público é imposição, um dever para o agente que o detém, pois não se admite
a omissão da autoridade diante de situações que exijam a sua atenção. Eis porque a
Administração responde civilmente pelas omissões lesivas de seus agentes.
Sobre o tema, o saudoso professor Hely Lopes Meirelles já ensinava:
"Pouca ou nenhuma liberdade sobra ao administrador
público para deixar de praticar atos de sua competência
legal. Daí porque a omissão da autoridade ou o silêncio
da Administração, quando deva agir ou manifestar-se,
gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a
Idem.p. 190
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Ministério Públitcdo Estado de Goiás W- Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
obtenção do ato omitido, por via judicial..." (in Direito
Administrativo Brasileiro, Ed. RT, 11° edição, pg. 67)
Ao poder-dever de administrar alinha-se o dever de eficiência,
impondo-se a todo agente público realizar suas atribuições com presteza e
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já
não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados
positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da
comunidade e de seus membros.
Vale destacar que a omissão na manutenção da rodovia caracteriza
desvio do poder, passível de correção judicial. A responsabilidade do requerido c cristalina,
na medida em que à AGETOP eabe realizar a adequada conservação das vias cm testilha.
3 - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 127,
ao estabelecer que ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, deixou bem
clara a legitimidade para defender, também, direitos individuais e sociais
indisponíveis.
In casu, o principal direito que se busca garantir é justamente o
direito à vida, previsto na precisa redação do artigo 5° da magna carta:
Art. 5° - Todos são iguais perante à lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e a propriedade, nos seguintes termos."
Aclarando, ainda mais a legitimidade do Ministério Público, o artigo
129, da Magna Carta, em seus incisos II e III, dispôs:
"Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:
I - omissis;
Prai;u Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Kranco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344
MMr BB BBi ^™
do íslasio flc Goiás Promoforia de Justiça de Cromínia - Goiás
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta constituição, promovendo as medidas necessários à
sua garantia";
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos;"
Outras regras vertidas na Lei da Ação Civil Pública podem ser
destacadas no afã de confirmar a legitimidade Ministerial para o manejo da presente
demanda e, também, para delinear seus objetos5 (indenização e obrigações de fazer e
não-fazer):
"Art. 3°. A ação civil poderá ter por objeto a condenação em
dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 5°. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação
cautelar;
I - o Ministério Público:"
Colige-sc dos dispositivos supratranscritos que a Ação Civil Pública é
o instrumento adequado para a proteção, prevenção c reparação dos danos causados
aos interesses difusos (ai inserido o direito do usuário ao trânsito seguro e ao
resguardo do patrimônio público), coletivos e individuais homogêneos, estando o
Ministério Público legitimado a ajuizar mencionada ação.
4. DA COMPETÊNCIA
O artigo 2°, da Lei n° 7347/85, dispõe:
"(....) Embora o ait. 3" da Lei 7.347/85 disponha que a ação civil poderá ter por objeto a condenação emdinheiro 'ou' o cumprimento de obrigação de fazer ou nào fazer, pcrmite-sc a cumulação dos pedidos.pois a ação civil pública é instrumento que visa à tutela integral do meio ambiente e somente após a instruçãoprobatória c que será avaliada qual a modalidade ideal de reparação do dano ambiental. (...)•" (Apelação Cíveln° 1.0702.07.346580-0/001(1), 3a Câmara Cível do T J M G, Rei. Albergaria Costa, unânime, Publ.28.02.2008).
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/fax: (64)34^9-'344
°
Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
"Art. 2° - As ações pre\istas nesta lei serão propostas no foro do
local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa.
Parágrafo único - A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
juízo para todas as ações posteriores intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto".
É imprescindível asseverar que o escopo da Lei da Ação Civil Pública
em concretizar a jurisdição no foro do local do dano, determinando a competência
funcional do juízo, estava atrelada em permitir ao destinatário das provas, a
concretização, com maior clareza possível, sobre a extensão dos fatos e de suas
conseqüências.
A sistemática processual e a prerrogativa de foro de determinados
entes públicos, sofreram mudanças com a identificação de que o órgão jurisdicional
competente é aquele correspondente ao local do dano, prorrogando-se a competência
em sede de prevenção.
Cite-se, por oportuno, magistério do Prol Sérgio Ferraz, in "Ação
Civil Publica - Comentários 15 anos da ACP", Ed. Revista dos Tribunais, in verbis:
"De outro lado, cabe considerar que, muito embora a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal figurem em ação
civil pública na condição de autores, rés, assistentes ou oponentes,
ainda assim será competente a Justiça Estadual para processar e
julgar a causa em primeiro grau de jurisdição, se a Comarca onde
vier a ocorrer ou ocorrem dano não é sede de Vara de Juízo
Federal, porém, havendo recurso, competente para apreciá-lo será
o Tribunal Regional Federal com jurisdição na área do Juiz de
primeiro grau que proferiu a decisão recorrida, isso levando em
conta o disposto no artigo 2°, da Lei n° 7347/85, o artigo 109, § 3°,
infine e seu § 4°, da Constituição Federal"
/'raça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo / f ranco - CEP 75.635-000 ,- 3>ÍA ^Fone/Fax: (f>4)34i9-*344
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///í\Ministério PúbllccdoEStaiíOôe Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
5. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Baseado no princípio da efetividade do processo como
instrumento da jurisdição, o legislador tem se preocupado com a "tutela de urgência",
que, como é cediço, pode revelar-se através de variados instrumentos. É exatamente
por esse motivo que alguns diplomas legais têm contemplado a matéria com o
objetivo primordial de evitar a ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação
em virtude da demora do julgamento da demanda.
Nesse caminhar, importa destacar o instituto da antecipação dos
efeitos da tutela, o qual encontra previsão expressa no art. 273 do CPC, nos
seguintes termos:
Art. 273. O Juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e:
l - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;
Avançando sobre o tema, necessário colacionar a precisa lição de
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO sobre a previsão normativa vertida no art.
12 da LACP ("poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo"):
"A tutela preventiva tem por escopo impedir que possam consumar-
se danos a direitos e interesses jurídicos em razão da natural demora
na solução dos litígios submetidos ao crivo do «Judiciário. Muito
freqüentemente, tais danos são irreversíveis e irreparáveis,
impossibilitando o titular do direito de obter concretamente o
benefício decorrente do reconhecimento de sua pretensão.
(...) A simples demora, em alguns casos, torna inócua a proteção
judicial, razão por que as providências preventivas devem revestir-se
da necessária presteza."6
Ação Civil Pública - comentários por artigo. 6a cd. Rio de Janeiro: Lumcn Júris, 12007, p. 343.
Praça Antônio Parreira Duarte, -S/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000 r~~'C-~'-~'Fone/Fax: (64)3419-1344
Ministério PúbltcctíoEstatío de Goiás I Promoíoria de Justiça de Cromíma - Goiás
Nessa mesma toada, o artigo 84 (c seus parágrafos) da Lei n°
8.078/90, aplicável ao caso por força da conjugação dos artigos 21 da LACP e 90 do
CDC, estabelece objetivamente que:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação
ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.
§3°. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o
réu.
§4°. O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
para o cumprimento do preceito.
§5°. Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais
como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento
de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de
força policial.
Já a Lei n° 8.437/92, que dispõe quanto à concessão de medidas
cautelares contra atos do poder público, estabelece em seu artigo 2°, m verbis:
Art. 2° No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a
liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
APor sua vez, a lei n° 9.494/97, que disciplinou a aplicação da tutela
_u
antecipada, contra a Fazenda Pública, estabelece em seu artigo 1°, in uerbis:
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branco - CI-:P 75-f>35-(>ooFone/Fax: (64)341^-1344
Ministério Pübltcedo Eslatíode Goiás l Promoforia de Justiça de Crominia - Goiás
Art. 1° Aplica-se à tutela antecipada prevista nos artigos 273 e 461 do
Código de Processo Civil o disposto nos artigos 5° e seu parágrafo
único e 7° da Lei n° 9348, de 26 de junho de 1964, no artigo 1° e seu
§4°, da Lei n° 5021, de 9 de junho de 1966 e no artigo 1°, 3° e 4°, da
Lei n° 8437, de 30 de junho de 1992.
Neste aspecto, é imprescindível afirmar que a vontade do legislador
foi dificultar ou mesmo impossibilitar a concessão antecipada do pedido deduzido em
ação civil pública ou em mandado de segurança, quando o objeto da lide versar
questão patrimonial, envolvendo remuneração.
Tal desiderato se dera justamente em razão dos incontáveis efeitos
deletérios aos cofres públicos, face à possibilidade de não se obter a recomposição do
dano, caso a demanda proposta venha a ser julgada improcedente.
No entanto, versando a respeito de obrigação de fazer, em que o
objeto da lide seja outro que não remuneração de senador ou concessão de vantagens
pecuniárias, não há como se limitar a antecipação da tutela, quando verificados os
requisitos necessários à identificação desta.
E é exatamente isso que se observa no presente caso.
Para clarear o tema, mister seja feito um paralelo com as questões
ambientais, onde se adota o Princípio da Prevenção, mesmo quando o autor das
agressões é pessoa jurídica de direito público.
Nestes casos, há posição inconteste da necessidade de se evitar que o
dano atinja condições impossíveis de recuperação, servindo de fundamento para o
manejo, a pedido do autor ou de ofício, da tutela antecipada, com aplicação de multa
diária, em sede de obrigações de fazer ou não fazer.
Portanto, se no âmbito do meio ambiente tem-se a clara noção de se
prevenir (até porque protegendo-se o meio ambiente em última análise o que
resguarda é o direito à vida), com a mesma razão haverá de se resguardar o direito
difuso ao trânsito seguro, também previsto para o resguardo da vida.
Frise-se que os acidentes de trânsito estão entre as principais causas
de morte do Brasil7.
Em 2004, um total de 127.470 óbitos por causas externas foram notificados pelo Sistema de Informação deMortalidade (SIM). Deste total, 107.032 (84%) mortes ocorreram entre a população masculina e 20.368 (16
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Ministério Publtcc£f§ Istado ÚE Goiás l Promoforía de Justiça de Cromínia - Goiás
Diante dessas sumárias razoes, verifica-se que m casu estão
presentes os requisitos legais para a concessão liminar8 da antecipação dos
efeitos da tutela, no afã de impedir que a omissão, que se arrasta a décadas, com
flagrante violação de várias normas cogentes, constitucionais e legais (presente,
portanto, o relevante fundamento da demanda), traga ainda maiores danos aos
usuários das rodovias c ao patrimônio público.
Isso porque a natural demora no julgamento da presente Ação Civil
Pública poderá frustrar sua eficácia final, porquanto a omissão das requeridas poderá
tornar absolutamente impossível a recuperação do leito das rodovias, impondo ao
erário maiores gastos com a conseqüente reconstrução das vias públicas. Ademais,
enquanto perdurar a situação de afronta ao dever de dar condições de segurança no
trânsito, os riscos à saúde e vida dos utentes será intolerável.
Em suma: encontram-se preenchidos os requisitos para o
deferimento da medida liminar ora pleiteada, a saber: o relevante fundamento da
demanda (fumus boni júris) e o justificado receio de ineficácia do
provimento final (periculum m mora).
A tutela antecipada, no caso em tela, visa obrigar as requeridas a dar
cumprimento aos exatos termos dos contratos firmados com a AGETOP,
imediatamente, antes do início das chuvas.
entre as mulheres. A mortalidade por acidentes de transporte terrestre configura-se como asegunda causa de morte no conjunto das causas externas, representado 28% deste total, atrássomente das agressões. FONTIÍ: Portal da Saúde (www.saudc.gov.br).
No mesmo sentido, estudo da Organização Mundial da Saúde, publica no Jornal Estado de São Paulo, cujamanchete dispõe que "Acidente de trânsito é maior causa de morte de jovens, diz OMS". Aduz que "Acidentesrodoviários são a principal causa de morte de pessoas entre 5 e 29 anos, afirma a Organização Mundijil deSaúde (OMS) cm estudo divulgado nesta quarta-feira, 2. De acordo com a agência ligada à Organização dasNações Unidas (ONU), quase metade dos mortos em acidentes rodoviários no mundo são pedestres, ciclistas emotociclistas.
Por ano, 1,2 milhão de pessoas morrem no trânsito, segundo a OMS. Mais de 90% das mortes ocorrem nasnações em desenvolvimento. Nos países mais pobres, 80% das mortes no trânsito são de "usuáriosvulneráveis", ou pessoas que não estão nos carros. Ainda segundo a OMS, o número de pessoas feridas notrânsito se aproxima de 50 milhões. O relatório se baseia cm dados de 2008.
A divulgação do estudo, descrito pelos funcionários da OMS como a primeira análise ampla de segurançano trânsito em 178 nações, coincidiu como uma Assembléia Geral da ONU que declarou que os próximos dezanos serão de ações do órgão para o assunto.
"Não serão apenas puflVru 110 papel para unia hoa c burocrática resolução da ONU. Nós Urmu:» um planode ação, sabemos o que precisa sei' feito, c temos a intenção de colaborar com muitas outras agências", disseEtienne Krug, do departamento para redução de ferimentos e violência da OMS cm Genebra.
O objetivo, segundo os oficiais do órgão, é diminuir o índice de mortes na década em 50%, o que devesalvar 5 milhões de vidas.
"Por medida liminar deve-se entender medida concedida in limine litis, i. é, no início da lide, sem que tenhahavido ainda a oitiva da parte contrária. Assim, tem-se por liminar um conceito cronológico, caracterizado porsua ocorrência em determinada fase do procedimento, qual seja, o seu início (...)." (DIUIKR Jr., Fredie. Cursode Direito Processual Civil. vol. 2. Salvador: JusPODIVM, 2007, p. 529-530).
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O que se objetiva, portanto, é obrigar a requerida AGETOP a cumprir
com as suas funções institucionais, guarnecendo o cidadão com a segurança
necessária, permitindo-lhe o direito à vida, através de ações concretas, bem como
compelir as empresas por elas contratadas (Consórcio Caiapó/Teccon e CCB
Ltda.), a dar integral cumprimento aos contratos firmados.
Resta, portanto, apenas o cumprimento do prazo de 72 horas,
previsto pela Lei n° 8.437/92, para que a requerida AGETOP seja obrigada, através
de tutela jurísdicional antecipada, a arcar com o dever de manutenção das Rovías
Estaduais GO-217, GO-04O e GO-215.
Frise-se, por oportuno, posicionamento doutrinário, firmado pelo
Douto Prof. Humberto Theodoro Jr., a respeito, in verbis:
"Com relação à tutela antecipada, a Lei n° 9494, de 10.09.1997,
mandou aplicar-lhe as restrições da Lei n° 8437/92, sujeitando,
destarte, sua aplicação liminar ao mesmo regime restritivo traçado
para o mandado de segurança e as medidas cautelares. Isto, porém,
não representa uma vedação completa e irrestrita ao cabimento de
medidas antecipatórias contra o Poder Público. Ao contrário, o que
se deduz da Lei n° 9.494 é justamente a admissibilidade de
semelhantes medidas, as quais apenas nas hipóteses excepcionais
enumeradas pelo legislador sofreriam restrições ou impedimentos.
Logo, fora das limitações ao aludido diploma legal, as médias de
antecipação de tutela são normalmente aplicáveis também em face
da Administração Pública.
É importante ressaltar que o direito à antecipação de tutela, tal
como o direito às medidas cautelares, integra o direito à efetividade e
tempestividade da tutela jurisdicional, constitucionalmente
garantido.
"O Direito de acesso à Justiça, albergado no art. 5°, XXXV, da
Constituição Federal, não quer dizer apenas que todos têm direito a
recorrer ao Poder Judiciário, mas também quer significar que todos
têm direito à tutela jurisdicional efetiva, adequada c tempestiva".
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Quer isto dizer que, "se o legislador infraconstitucional está
obrigado, em nome do direito constitucional à adequada tutela
jurisdicional, a prever tutelas que, atuando internamente no
procedimento, permitam uma efetiva e tempestiva tutela
jurisdicional, ele não pode decidir, em contradição com o próprio
princípio da efetividade, que o cidadão somente tem direito à tutela
efetiva e tempestiva contra o particular. Dizer que não há direito à
tutela antecipatória contra a fazenda Pública em caso de 'fundado
receio de dano' é o mesmo que afirmar que o direito do cidadão pode
ser lesado quando a Fazenda Pública é ré."
Ante o exposto, com esteio nos arts. 12 da LACP e 84 (e parágrafos)
do CDC, o "Parquet" apresenta os seguintes pedidos de caráter liminar:
5.1 Seja determinado à AGETOP e às requeridas
"Consórcio Caiapó/Teccon" e "CCB Ltda.", que dêem
continuidade às obras nas Rodovias Estaduais GO-
217, GO-215 e GO-217, nos trechos inseridos nos
municípios de Cromínia, Mairipotaba e Professor
Jamil, nos exatos termos dos contratos firmados
entre elas, no prazo de 3O (trinta) dias» sob pena
de cominação de multa liminar diária no valor de
R$ 20.000,00 (Vinte mil reais) a cada unia delas.
quantia mínima necessária para que as requeridas sejam
compelidas a cumprir a l iminar , abstendo-se, outrossim,
de apenas "jogar" asfalto na rodovia. Em caso de
descumprimento, os valores deverão ser revertidos ao
Fundo Municipal do Meio Ambiente.
5.2 Diante da inércia das requeridas em dar início às
obras no pra/o estabelecido na liminar, e de forma
alternativa, pugna o "Parquet" pelo bloqueio de recursos esubstituição do sujeito constitucionalmente atribuído» ̂
Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°. Setor Castelo Branco - C K P 75.635-000 .^w
Pon*/Fax: (64)3419-1344 Ge< -^Ov*
Ministério Púhlícc iPromoforia ííc Justiça de Cromínia - Goiás
determinando-lhe, também, prazo para que cumpra a
obrigação e assim se assegure resultado prático
equivalente.
Bloqueados os recursos públicos previstos no orçamento da ré
AGETOP e mantida a sua movimentação mediante autorização
judicial, sejam intimados os Prefeitos Municipais de
Cromínia, Mairipotaba e Professor Jamil para que
assumam a condição de gestor da manutenção das
Rodovias GO-215, GO-O4O e GO-217, nos exatos termos
requeridos nesta ação, adotando os procedimentos previstos na Lei
n° 8.666/91 para a execução da obra, caso não o faça de forma
direta, concluindo-a no prazo de 6o (sessenta) dias;
5.3 Diante da não realização da obra diretamente pelas
requeridas ou através de terceiros, mediante contrato, como também
da não execução imediata nos termos determinados aos Prefeitos dos
Municípios de Cromínia, Mairipotaba e Professor Jamil, pugna o
"Parquet" que, havendo danos aos usuários das rodovias em questão,
seja indicada na decisão a responsabilidade da AGETOP e do
Estado de Goiás quanto aos prejuízos materiais e morais
causados a todos aqueles que utilizarem as rodovias no período que
as mesmas estejam cm condições inseguras ao trânsito, como
atestado nos documentos que instruíram a inicial.
6 - DOS PEDIDOS DEFINITIVOS
Na defesa de uma ordem jurídica justa, do direito fundamental à vida
e segurança, e ainda visando o resguardo do patrimônio público, e com estribo na
fundamentação fática e jurídica deduzida nesta peça inaugural, o MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer a prestação de uma tutela efetivamente .,.
protctiva e, para tanto, apresenta os seguintes pedidos e requerimentos:i.nOr *
Pruçu Antônio Parreira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fona/Fax: (64)34*9-1344
Mlnislcrio Públice • • * * * *ooEs ta t f9 íeGOÍÉS l ^romoíonti de Justiça de Cromima - Goiás
6.1. Seja a presente ACP recebida, autuada e processada de acordo
com o rito ordinário, com a observância das regras vertidas no
microssistema de proteção coletiva (arts. 21 da LACP e 90 do CDC);
6.2. Seja expedido ofício as requeridas "Consórcio
Caiapó/Teccon" e a "CCB Ltda., requisitando cópia dos contratos
sociais e de todas as alterações existentes;
6.3. A citação das demandadas, para, querendo, contestarem a
presente ação, sob pena de revelia e suas conseqüências jurídicas;
6.4. A publicação de edital em órgão oficial, a fim de que eventuais
interessados, querendo, possam intervir no processo como
litisconsortes, em conformidade com a previsão legal do art. 94 do
CDC;
6.5. Que as diligências oficiais sejam favorecidas pelo art. 172, § 2°,
do CPC;
6.6. A comunicação pessoal dos atos processuais, nos termos do
art. 236, § 2°, do CPC, e do art. 41, inc. IV, da Lei 8.625/93;
6.7. A concessão dos provimentos liminares pleiteados nos moldes
descritos no item "5" (Da Antecipação de Tutela};
6.8. Que seja apreciado também como pedido definitivo o pleito de
antecipação dos efeitos da tutela;
6.9. A condenação das requeridas ao pagamento das despesas
processuais.
Por fim, este Órgão Ministerial protesta, ainda, por provar o alegado
através de todos os meios de prova cm direito admitidos e, em especial, pela oitiva
Pruf;a Antônio Parreira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000 (•Fone/Fax: (64)3-119-1344
Ministério Pübliccrio fslade de Gaias Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás
testemunhas, realização de perícia, inspeção judicial e futura juntada de
documentos.
Embora inestimável (porquanto o que se busca é tutelar o direito à
vida), dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para fins legais.
Nesses termos, pede-se DEFERIMENTO.
Cromínia, 07 de julho de 2010.
Gertâil
Promotora de Justiça
Praça Antônio Parrvira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branca - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344