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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1) RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL AGRAVADO : ARIADNE MOLAS DE SOUZA ADVOGADO : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES. : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE TERCEIRO. IMÓVELPENHORADO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, DIANTE DO ACERVOFÁTICO DOS AUTOS, RECONHECEU O IMÓVEL COMO BEM DE FAMÍLIA. REEXAME
DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. PRECEDENTES DO
STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.I. Consoante a jurisprudência pacífica nesta Corte, "a finalidade da Lei nº 8.009/90 não éproteger o devedor contra suas dívidas, tornando seus bens impenhoráveis, mas, sim,reitera-se, a proteção da entidade familiar no seu conceito mais amplo" (STJ, REsp1.126.173/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJede 12/04/2013).II. No caso concreto, a Corte a quo, diante do contexto fático-probatório dos autos,
reconheceu o imóvel como sendo bem de família, porquanto: a) o imóvel penhorado eraefetivamente utilizado como residência, pelas terceiras embargantes, que detinham66,66% da sua propriedade; b) uma das embargantes – ARIADNE MOLAS DE SOUZA –não possuía qualquer outro imóvel de sua titularidade.III. Nesses termos, os argumentos utilizados pela parte recorrente, relativos à nãoconfiguração do imóvel como bem de família, somente poderiam ter sua procedênciaverificada mediante o necessário reexame de matéria fática, não cabendo a esta Corte, afim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o conjunto probatório dos autos, emconformidade com a Súmula 7/STJ. Nesse sentido: STJ, AgRg no AREsp 692.728/SP,Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de 06/08/2015; AgRg no AREsp 506.878/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de28/05/2014; AgRg no REsp 1.226.033/SC, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,PRIMEIRA TURMA, DJe de 1º/03/2011.IV. Agravo Regimental improvido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra.
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Ministra Relatora.Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Og Fernandes
(Presidente) e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Brasília (DF), 13 de outubro de 2015 (data do julgamento)
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃESRelatora
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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1)
RELATÓRIO
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES: Trata-se de Agravo Regimental,
interposto pela FAZENDA NACIONAL, contra decisão de minha lavra, in verbis:
"Trata-se de Recurso Especial, interposto pela FAZENDA NACIONAL,
com base na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado:
'EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA. IMÓVEL BEM DE
FAMÍLIA. É impenhorável o imóvel de propriedade dasembargantes, no qual elas residem. Aplicação do art. 1º da Lei
8.009/90' (fl. 274e).
Opostos Embargos de Declaração, foram rejeitados (fls. 293/298e).
Alega-se, nas razões do Recurso Especial, violação ao art. 535, II, do
CPC e ao art. 1º da Lei 8.009/90. Sustenta a Fazenda Nacional,
inicialmente, a existência de omissão não suprida em sede de
Embargos Declaratórios. Destaca, de outra parte, ser 'incontroverso
que o devedor não utiliza o imóvel como sua residência, assim como
não há qualquer elemento que indique que o referido bem concorre
de alguma forma para a subsistência do recorrido e de sua família'
(fls. 316e).
Apresentadas as contrarrazões (fls. 322/334e), foi o Recurso
Especial admitido pelo Tribunal de origem (fl. 342e).
A irresignação não merece prosperar.
Em relação ao art. 535, II, do CPC, não existe a omissão
apontada, uma vez que o voto condutor do acórdão recorrido
apreciou, fundamentadamente, todas as questões necessárias
à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da pretendida pela recorrente.
Vale ressaltar, ainda, que não se pode confundir decisão
contrária ao interesse da parte com ausência de
fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Nesse
sentido: STJ, AgRg no AREsp 408.492/PR, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 24/10/2013;
STJ, AgRg no AREsp 406.332/MS, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 14/11/2013; STJ, AgRg no
REsp 1360762/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDATURMA, DJe de 25/09/2013.
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De outra parte, no que tange à caracterização do imóvel
penhorado como bem de família, manifestou-se o Tribunal a
quo, sobre o tema, nos seguintes termos, in verbis:
'Trata-se de embargos de terceiro opostos por Ariadne Molas
de Souza e Andreia Alexsandra Molas Toppi contra a União, emrazão de penhora levada a efeito em imóvel de sua propriedade
nos autos de Execução Fiscal n. 2007.70.02.003040-7.
'Cuida-se de embargos de terceiro ajuizados por Ariadne
Molas de Souza e Andreia Alexsandra Molas Toppi emrazão de penhora levada a efeito em imóvel de sua
propriedade nos autos de Execução Fiscal n.
2007.70.02.003040-7.
Alegam que o referido imóvel, descrito na Matrícula n.18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis desta cidade,
é de sua propriedade, além de sua mãe, Deborah Ormay
Molas, na proporção de 33,33% cada.
Requerem, em suma, seja declarada a nulidade da
penhora do imóvel, pelos seguintes motivos: a) a
embargante Andreia era menor púbere à época da
penhora, b) não foram as embargantes intimadas da
constrição realizada, c) O bem penhorado é indivisível, o
que não permite seja levado a hasta pública.
Requererem, ainda, antecipação de efeitos da tutela para
fins de suspender leilão designado nos autos da
Execução Fiscal.
O pedido de antecipação de tutela foi negado no evento
3.
A Fazenda Nacional apresentou impugnação no evento
11, refutando os argumentos expendidos na inicial.
Foi realizada audiência de instrução (evento 32), onde
foram ouvidas testemunhas arroladas pelas embargantes,
além de Deborah Ormay Molas, ouvida na condição detestemunha do Juízo.O Ministério Público manifestou-se no evento 43,
favorável à pretensão das embargantes.'
Sobreveio sentença que julgou procedente em parte o pedido
para determinar que seja reservada a cota parte das
embargantes, na hipótese da arrematação do bem. A parte
embargante foi condenada ao pagamento de honorários
advocatícios, fixados em R$ 500,00.
Apela a parte embargante, repisando os argumentos da inicial
quanto ao mérito.
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(...)
O magistrado prolator da sentença reconheceu que as
embargantes residem no imóvel objeto da penhora. Entendeu,
porém, que o imóvel não é bem de família, ' posto que o núcleofamiliar a que pertencem possui outro bem de natureza
residencial '.
Tenho que assiste razão ao ilustre representante do Ministério
Público Federal que emitiu parecer na origem. Transcrevo emparte os seus fundamentos:
'Inicialmente, o quê decidido na execução fiscal é
irrelevante, pois as embargantes não são partes do
processo de execução fiscal e as decisões lá proferidas
não podem ser opostas contra as embargantes,
estranhas que são à referida relação processual.
Portanto, podem as embargantes discutir a legalidade da
penhora que sobre seu imóvel incide, pois contra elas não
há decisão transitada em julgado.
No mérito, a penhora é nula. A s emba rgan t e s a legam,
sem im p ug nação po r par te d a Un ião Federal , d e que o
im óve l ébem d e fam íli a. A in s tru ção r elev o u que, de
fa to , as emba rgan t e s r es i dem no imóve l c om sua mãe.
O art. 1º da Le i nº 8.009/901 é expresso, e ao ca so em
ques tão não s e ap l i ca nenhuma das ex c eções doart.
3º, t ampou co ex is te a má-fépr ev is ta no art. 4º .'
Há, ainda, uma circunstância relevante a ser
considerada: as embargantes são proprietárias de 66,66%do imóvel e não são responsáveis pelas obrigações
tributárias da executada.
Cumpre assinalar que a embargante Ariadne Molas de
Souza não é proprietária de nenhum outro imóvel. E o
fato de a embargante Andréia Molas Toppi ser
proprietária de 50% de outro imóvel não afasta o seu
direito de postular a desconstituição da penhora sobre oimóvel em que reside.
A hipótese dos autos atrai a incidência da proteção
prevista na Lei 8.009/90.
Os embargos de terceiro devem ser julgados procedentes para
que seja desconstituída a penhora incidente sobre o imóvel
matrícula nº 18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis de Fozdo Iguaçu.
(...)" (fls. 270/272e).
Depreende-se, do excerto, que a reforma do acórdão
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impugnado exigiria, por certo, revolvimento do quadro
fático-probatório dos autos, providência veada pelo Súmula 7
do Superior Tribunal de Justiça.
Nesse sentido:
'AGRAVO REGIMENTAL NO AG RAVO (ART. 544 DO CPC) -
EXECUÇÃO DE SENTENÇA - DECISÃO MONOCRÁTICA
NEGANDO PROVIMENTO AO RECLAMO. IRRESIGNAÇÃO DO
DEMANDANTE.1. Violação do art. 535 do Código de Processo Civil não
configurada. É clara e suficiente a fundamentação adotada pelo
Tribunal de origem para o deslinde da controvérsia,
revelando-se desnecessário ao magistrado rebater cada um
dos argumentos declinados pela parte.2. A análise dos fundamentos que ensejaram o
reconhecimento de que o bem penhorado enquadra-se
no conceito de bem de família, exige o reexame
probatório dos autos, inviável por esta via especial, ante
o óbice do enunciado da Súmula 7 desta Corte.
3. Agravo regimental desprovido' (STJ, AgRg no AR Esp68.875/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, DJede 20/04/2015).
'AGRAVO REGIMENTAL NO AG RAVO EM RECURSO
ESPECIAL. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. VULNERAÇÃO DO
ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DECISÃO DEVIDAMENTEFUNDAMENTADA. ACÓRDÃO FUNDADO EM FATOS E
PROVAS. SÚM. 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
COMPROVADO. AG RAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Inexistência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o
acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia comclareza as questões essenciais ao julgamento da lide.
2. A tese defendida no recurso especial, em quedemonstrado o intuito de desconstituir a índole do bem
de família, demanda o reexame do conjunto
fático-probatório dos autos, vedado pelo enunciado n. 7
da Súmula do STJ.3. Não há falar em conhecimento do recurso pela alínea "c" do
permissivo constitucional, pois este Tribunal Superior entende
que julgados fundados em fatos e provas (Súm. 7/STJ) ou emsintonia com a jurisprudência desta Corte (Súm. 83/STJ) não
apresentam os requisitos necessários à demonstração da
divergência jurisprudencial.
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reconhecer a incidência da norma protetiva sobre o segundo
imóvel do executada, uma vez que a legislação aplicável exige
como requisito a comprovação de existência de um único bem
de propriedade do devedor.Em suma, a Executada possui dois imóveis e a Fazenda
Nacional não consegue penhorar nenhum deles. A equivocada
interpretação da Lei 8.009/90 perpetrada pelo acórdão recorrido não
pode prosperar, pois se trata de uma proteção excessiva ao
patrimônio do devedor tributário, que vai além do regime legal, emmanifesto prejuízo à coletividade, representado pela impossibilidade
de recuperação do crédito público.
(...)" (fls. 376/377e).
Por fim, requer "a reconsideração da decisão agravada ou,alternativamente, a remessa do presente recurso à Turma, para o seu regularprocessamento, na forma regimental, a fim de que seja dado provimento ao agravo emrecurso especial da Fazenda Nacional, nos termos da fundamentação acima declinada"(fls. 376/377e).
É o relatório.
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VOTO
MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES (Relatora): A decisão agravada não
merece censura.Cinge-se a controvérsia a analisar o enquadramento, ou não, do bem,
objeto da penhora, como bem de família.Com efeito, consoante a jurisprudência pacífica nesta Corte, "a finalidade da
Lei nº 8.009/90 não é proteger o devedor contra suas dívidas, tornando seus bensimpenhoráveis, mas, sim, reitera-se, a proteção da entidade familiar no seu conceito maisamplo" (STJ, REsp 1.126.173/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, DJe de 12/04/2013).In casu, o Tribunal de origem, ao analisar a controvérsia, assim consignou:
"O magistrado prolator da sentença reconheceu que as embargantes
residem no imóvel objeto da penhora. Entendeu, porém, que o imóvel
não é bem de família, 'posto que o núcleo familiar a que pertencem
possui outro bem de natureza residencial'.
Tenho que assiste razão ao ilustre representante do
Ministério Público Federal que emitiu parecer na origem.
Transcrevo em parte os seus fundamentos:
'Inicialmente, o quê decidido na execução fiscal é irrelevante,pois as embargantes não são partes do processo de execução
fiscal e as decisões lá proferidas não podem ser opostas contra
as embargantes, estranhas que são à referida relação
processual. Portanto, podem asembargantes discutir a
legalidade da penhora que sobre seu imóvel incide, pois contra
elas não há decisão transitada em julgado.
No mérito, a penhora é nula. As embargantes alegam, sem
impugnação por parte da União Federal, de que o imóvel
é bem de família. A instrução relevou que, de fato, as
embargantes residem no imóvel com sua mãe. O art. 1º
da Lei nº 8.009/901 é expresso, e ao caso em questão não
se aplica nenhuma das exceções do art. 3º, tampouco
existe a má-fé prevista no art. 4º.'
Há, ainda, uma circunstância relevante a ser considerada: as
embargantes são proprietárias de 66,66% do imóvel e não são
responsáveis pelas obrigações tributárias da executada.
Cumpre assinalar que a embargante Ariadne Molas de Souza
não é proprietária de nenhum outro imóvel. E o fato de a
embargante Andréia Molas Toppi ser proprietária de 50% deoutro imóvel não afasta o seu direito de postular a
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desconstituição da penhora sobre o imóvel em que reside.
A hipótese dos autos atrai a incidência da proteção prevista
na Lei 8.009/90.
Os embargos de terceiro devem ser julgados procedentes para queseja desconstituída a penhora incidente sobre o imóvel matrícula nº
18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis de Foz do Iguaçu.
(...)" (fls. 271/272e).
Partindo-se da moldura fática delineada pela Corte a quo, constata-se,
portanto, que: a) o imóvel penhorado era utilizado como residência, pelas terceirasembargantes, que detinham 66,66% da sua propriedade; e b) uma das embargantes – ARIADNE MOLAS DE SOUZA – não possuía qualquer outro imóvel de sua titularidade.
Assim, considerando a fundamentação do acórdão objeto do RecursoEspecial, os argumentos utilizados pela parte recorrente, relativos à não configuração dobem de família, somente poderiam ter sua procedência verificada mediante o necessárioreexame de matéria fática, não cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusãodiversa, reavaliar o conjunto probatório dos autos, em conformidade com a Súmula7/STJ.
Outra não é a doutrina do jurista Roberto Rosas:
"O exame do recurso especial deve limitar-se à matéria jurídica. Arazão dessa diretriz deriva da natureza excepcional dessa
postulação, deixando-se às instâncias inferiores o amplo exame da
prova. Objetiva-se, assim, impedir que as Cortes Superiores entrem
em limites destinados a outros graus. Em verdade, as postulações
são apreciadas amplamente em primeiro grau, e vão,
paulatinamente, sendo restringidas para evitar a abertura em outros
graus. Acertadamente, a doutrina e a jurisprudência do Supremo
Tribunal abominaram a abertura da prova ao reexame pela Corte
Maior. Entretanto, tal orientação propiciou a restrição do recurso
extraordinário, e por qualquer referência à prova, não conhece do
recurso" (in Direito Sumular - Comentários às Súmulas do SupremoTribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, 6ª Edição
ampliada e revista, Editora Revista dos Tribunais, p. 305).
A propósito:
"PROCESSO CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. AGRAVO REGIMENTAL.
IMPENHORABILIDADE RECONHECIDA PELAS INSTÂNCIAS
ORDINÁRIAS. SÚMULA 7 DO STJ.1. A análise dos fundamentos que ensejaram o
reconhecimento de que o bem penhorado enquadra-se no
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conceito de bem de família, exige o reexame probatório dos
autos, inviável por esta via especial, ante o óbice do
enunciado da Súmula 7 do STJ.
2. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no AR Esp692.728/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,DJe de 06/08/2015).
"PROCESSO CIVIL. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. EXISTÊNCIA DEOUTRO IMÓVEL COM FINALIDADE RESIDENCIAL. FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ.
1. O Tribunal de origem não se manifestou sobre a existência de
outro imóvel com finalidade residencial, tampouco foram opostos
embargos declaratórios para suprir eventual omissão. Portanto, à
falta do necessário prequestionamento, incide o óbice da Súmula282/STF.
2. A alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem
quanto à natureza do bem penhorado, tal como colocada a
questão nas razões recursais, demandaria, necessariamente,
novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos,
providência vedada em recurso especial, conforme o óbice
previsto na Súmula 7/STJ.
3. Agravo Regimental não provido" (STJ, AgRg no AR Esp506.878/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJede 28/05/2014).
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE
TERCEIRO. IMÓVEL PENHORADO. BEM DE FAMÍLIA.INCARACTERIZAÇÃO. ALEGAÇÃO EM SENTIDO CONTRÁRIO.REEXAME DE PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Reconhecido no acórdão impugnado que o imóvel sobre o
qual recaiu a penhora não é utilizado como residência da
família, nem há comprovação da sua locação e de que a renda
auferida era destinada à manutenção da família, a alegação emsentido contrário, a motivar insurgência especial, requisita
exame do acervo fáctico-probatório, vedado na instância
excepcional.
2. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial." (Súmula do STJ, Enunciado nº 7).
3. Agravo regimental improvido" (STJ, AgRg no REsp 1.226.033/SC,
Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe de
1º/03/2011).
Assim, não tendo a parte agravante logrado êxito em infirmar os
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fundamentos que nortearam a decisão ora agravada, impõe-se a sua manutenção, emtodos os seus termos.
Pelo exposto, nego provimento ao Agravo Regimental.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2014/0149988-1 REsp 1.462.484 / PR
Números Origem: 200770020030407 50038167620124047002 78615320084047002 PR-200770020030407PR-50038167620124047002 TRF4-00078615320084047002
PAUTA: 13/10/2015 JULGADO: 13/10/2015
Relatora
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro OG FERNANDES
Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA
SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALRECORRIDO : ARIADNE MOLAS DE SOUZAADVOGADO : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES. : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Dívida Ativa
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONALADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALAGRAVADO : ARIADNE MOLAS DE SOUZA
ADVOGADO : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES. : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe nasessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos dovoto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Og Fernandes (Presidente) eMauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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